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Rafael H.F.

Valverde
valverde@biof.ufrj.br
Laboratório de Biomembranas G-37

Fisiologia Celular para Psicologia


IBCCFº UFRJ

Novembro – 2021
Propriedades Fundamentais

 Barreira semi-permeavel seletividade

estocagem,
 Compartimentalização tráfego

 Suporte para reações reações


simultâneas

 Proteção

 Movimento, comunicação diapedese,


intercâmbio
A migração do linfócito requer extensões de membrana
e reconhecimento de proteínas de superfície
carboidratos permitem ao
linfócito “rolar” pelas paredes
do endotélio

aumento da adesão no local da


inflamação: selectinas e integrinas
“tunneling nanotubes” permitem a troca de substâncias

Intercâmbio de
substâncias: ions,
nutrientes e até organelas

duas linhagens
neuronais estabelecendo
TNTs
A Bicamada Lipídica

diferentes funções organela-específicas bicamada lipídica forma revestimento


extremamente dinâmico onde se inserem
filme relativamente fino de 5 nm mantido proteínas (bloqueio da passagem de
por interações não-covalentes substâncias hidrossolúveis)
Figure 10-1 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Composição Estrutural das Membranas Biológicas

filme muito fino de 5-8 nm de


espessura, composto por:

LIPÍDIOS GLICÍDIOS PROTEÍNAS

glicerofosfolipídeos
monossacarídios ou periféricas
esfingolipídios oligossacarídios de
glicolipídios integrais
glicolipidios

colesterol oligossacarídios das


glicoproteínas de (~50%)
(~50%) membrana
maior parte dos lipídeos da membrana
plasmática são glicerofosfolipídeos

lipídios são anfipáticos: uma extremidade polar uma das cadeias tem uma ou mais ligações
e duas cadeias de ácidos graxos apolares duplas (insaturação) (importância estrutural)
Quatro Fosfolipídeos Principais em Mamíferos

longa cadeia
de ácido
graxo e OH
livre!

outros fosfolipideos importantes por suas


glicerol possui três carbonos que servem de propriedades biológicas são esfingolipídeos
suporte para o fosfato e um grupamento variável (esfingosina no lugar do glicerol, OH
(colina, serina, etanolamina, etc) livre!!)
Figure 10-3 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Esfingolipídios

além das formas naturais, esfingolipídios


podem ser encontrados fosforilados

diferentes propriedades biológicas!!


A Estrutura do Colesterol

bicamadas lipídicas de animais possuem além de cabeça polar (hidroxila) e anéis esteróides de alta
fosfolipídeos uma grande quantidade de rigidez que se intercalam entre os lipídeos na
colesterol (até 1 para cada lipídeo)
Figure 10-4 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
membrana
Colesterol em uma Membrana

confere maior rigidez a


membrana (menor
deformação) (importante
em tipos celulares
expostos a stress)

esta interação acontece em uma das monocamadas


da membrana celular
Figure 10-5 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Os Rearranjos Lipídicos em Solução

cabeça polar em
contato com a água e
cadeias de ácidos
graxos protegidas
internamente

domínios hidrofóbicos e hidrofílicos se uma cadeia de ácidos graxos: forma cônica


comportam de forma semelhante, formando levando a formação de micelas
estruturas que dependem da forma dos duas cadeias de ácidos graxos: forma cilíndrica
lipídeos levando a formação de bicamada lipídica
Figure 10-7 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Fechamento da Bicamada
em um Compartimento

fosfolipídios formam bicamadas


espontaneamente (arranjo mais estável
energeticamente)

capacidade de auto-reparo (re-arranjo para


livrar arestas do contato com a água)

formação de vesículas (importância vital)

outra característica que torna a bicamada


lipídica ideal para formar o envoltório
celular: fluidez

Figure 10-8 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Os Lipossomas

durante décadas se imaginou as nos anos 70: estudos com membranas sintéticas
membranas como estruturas (lipossomas e folhas planares)
estáticas!!
lipídeos se difundem pela membrana (marcação de
lipídios com molécula fluorescente)
Figure 10-9a Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Bicamada Lipídica Sintética

estudos com membranas sintéticas


determinaram as propriedades de
permeabilidade da membrana

permeabilidade seletiva para íons e outras


moléculas (aa, glicose, etc)
Figure 10-10 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Composição Iônica dos Meios Intra e Extracelular

permeabilidade da membrana é
maior para substâncias
hidrofóbicas e apolares de
pequeno tamanho

pequenas moléculas polares


como glicerol e ureia atravessam
lentamente e grandes moléculas
demoram muito

qualquer íon: não atravessa a


membrana

Figure 11-1 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


A Mobilidade dos Fosfolipídios em Bicamadas

lipídio raramente
muda de monocamada
(“flip-flop”)

troca de posição entre


lipídeos em um mesmo
folheto: 107 vezes/seg

alta difusão lateral: 10-8


cm²/seg (extensão de
uma bactéria!)

alta mobilidade em
torno do próprio eixo e
das cadeias de ácidos
graxos
bicamada é uma estrutura altamente
dinâmica e desordenada

Figure 10-11 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


O Movimento Entre e Intra-bicamadas

características físico-químicas dos lipídios aumento do tamanho e polaridade da cabeça


influenciam a taxa de transferência entre ou diminuição da hidrofobicidade do
monocamadas e entre membranas diferentes esqueleto aumentam taxa de transferência
entre membranas mas diminuem flip-flop
saturação e longas cadeias de a.graxos
aumenta interação entre lipidios e diminuem
ambos os movimentos (rafts!)
Holthuis & Levine, Nature Rev. Mol. Cell Biol., 6 2005
Assimetria é Gerada por Proteínas
se o movimento entre uma
monocamada e outra é muito
lento de que forma ocorre a
síntese da bicamada?!

scramblases no RE:
distribuição aleatória

flipases na membrana
plasmática: construção da
assimetria

assimetria requer dispêndio de


energia (flipases são
dependentes de ATP!!)
Sinais para Fagocitose da Célula Apoptótica
exposição da fosfatidilserina na monocamada externa
sinaliza a morte celular programada (apoptose)

durante a apoptose scramblases são ativadas na


membrana plasmática ou flipases são inativadas

Orrenius et al., Nature Rev. Mol. Cell Biol. 4, 2003


Composição da membrana afeta a fluidez
cadeias curtas e
insaturadas: menos
interações (mais fluida
em baixas temperaturas!)

fluidez da membrana está associada a sua baixas temperaturas: aumento da viscosidade


composição fosfolipídica (estado gel que altera o funcionamento de
algumas proteínas)
funcionamento das proteínas inseridas
depende do nível de viscosidade da “mudança de fase” (temperatura requerida é
membrana mais baixa se fosfolipideos forem curtos e
insaturados!!)
Figure 10-12 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Composição Lipídica de Diferentes Membranas
colesterol modula as propriedades da
membrana tornando-a menos deformável
(menor permeabilidade). bactérias não contém colesterol e
tem apenas um tipo de fosfolipídio
alto colesterol impede a cristalização (PE)

fosfolipídios pouco concentrados podem ter


eucariotos possuem alto colesterol e
papel importante em processos de
diferentes fosfolipídios
sinalização

Table 10-1 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Dispersão Lipídica Lateral em Membranas

forças de van der waals não


mantem lipídios unidos por
muito tempo (distribuição
randômica na monocamada)

determinada mistura
fosfolipídios: interação
prolongada!!

esfingolipídios: longas
cadeias de ácidos graxos
(mais interações de baixa
energia)

colesterol é importante
nestas regiões de composição fosfatidilcolina,
lipídica mais homogênea fosfatidilcolina,
esfingomielina e
esfingomielina
colesterol

Figure 10-13 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Microdomínios Lipídicos (rafts)

rafts: microdomínios da membrana com composição diferenciada acomoda melhor


composição diferenciada, rica em atividade de alguma proteínas de
esnfingolipídios e colesterol!! membrana

rafts são mais espessos e que o resto da ilhas de organização da atividade


membrana enzimática (sinalização celular) e
endocitose

Figure 10-14b Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


domínios citosólicos da caveolina
interagem (distorção da
membrana) (forma de
ômega/cálice)

interação com outras proteínas


(complexos proteicos com
importância na sinalização)

Razani & Lisanti (2001). Exp. Cell. Res. 271, 36-44


Os Microdomínios de Membrana

cavéolas: microdomínios
formados pela caveolina

rafts podem tanto agregar quanto


segregar proteínas de membrana

Parton & Simons, Nature Rev. Mol. Cell Biol. 8, 2007


A Membrana Plasmática: Modelo do Mosaico Fluido
(Singer & Nicholson)
modelo do
mosaico fluido foi
adotado no final
da década de 70

membrana seria
como um “mar”
de composição
complexa
lipídico/proteica
semi-permeável e
de grande fluidez
Atualizando o Modelo do Mosaico Fluido...

modelo do mosaico fluido não leva em


consideração a existência de rafts
lipídicos
Edidin, Nature Rev. Mol. Cell Biol. 4, 2003
A Quebra do Dogma do Mosaico Fluido

membrana “mais mosaica do que fluida”

complexidade na sua composição


molecular mas com “ilhas” de fluidez
diferenciadas
Engelman et al., Nature 438, 2005
Modelo para a Formação das Droplets

células armazenam lipídios em


gotículas lipídicas (droplets)
(fonte de energia e biosíntese da
membrana)

adipócitos são especializados no


estoque de lipídios

armazenam triglicerídeos e colesterol sintetizados


no RE
proteínas controlam o acesso aos lipídeos
contidos nas gotículas
não possuem grupamento hidrofílico!! envoltos por
apenas uma monocamada fosfolipídica
Distribuição dos Fosfolipídios é Assimétrica nas
Monocamadas

composição da bicamada é assimétrica


entre as monocamadas

ex: eritrócitos: alocam toda a


fosfatidilcolina (PC) na camada externa e
fosfatidilserina (PS) e etanolamina (PE) na PS é negativamente carregada na sua cabeça
interna polar conferindo diferença de cargas entre
monocamadas
assimetria é importante nos mecanismos
de sinalização intra e extracelular proteína cinase C (PKC) é ativada por PS que tb
Figure 10-16 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
ativa apoptose no meio extracelular
Composição Lipídica das Membranas Biológicas

lipídeos diferentes nas


Scramblase!! membranas de compartimentos
diferentes

lipídeos diferentes em
monocamadas diferentes da
mesma membrana

lipídeos sinalizadores que


derivam destes lipídeos
estruturais na monocamada
interna

Meer et al., Nature Rev. Mol. Cell Biol., 9 2006


Alguns Lipídios Podem Ser Modificados

lipídios podem sofrer modificações


(papel biológico)

fosfatidilinositol (PI) pode receber fosfato


(lipídio-cinases!!)

PI3K (cinase que fosforila PIP2)


Figure 10-17a Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
fosfatases podem defosforilar
fosfatos específicos mudando
o significado da mensagem

inositol da cabeça polar do fosfatidilinositol (PI)


pode ser fosforilado em diferentes posições

PI3K reconhece PIP2 (2 fosfatos, nas posições 4 e 5) e


fosforila a posição 3: forma PI(3,4,5)P3

presença de PIP3 na membrana atrai proteínas de


sinalização
Alguns Lipídios Podem Ser Modificados
DAG!! (ativa
PKC)

PI pode também ser


metabolizado gerando
produtos com papéis
biológicos distintos

fosfolipase C (PLC) cliva


uma das formas do PI
gerando dois metabolitos
bioativos!!

IP3!! (libera
Ca2+ estocado
Figure 10-17b Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
no RE)
A Ação das Fosfolipases

sítios onde PIP2 pode ser clivado por diferentes


fosfolipases gerando metabólitos com papéis
biológicos distintos

fosoflipase A1 (PLA1), fosfolipase A2 (PLA2)


fosfolipase C (PLC), fosfolipase D (PLD)

Figure 10-17c Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)

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