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Micronutrientes
Funções, alimentos fonte, formas de administração,
interação droga-nutriente e suplementação
DANIELA SEIXAS
JESSICA REIS
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Autoras
Daniela Seixas
Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestrado e doutorado em
Bioquímica pela UFPR. Pós-doutorado pelo laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado pelo Scripps
Research Institute – SD – CA – Estados Unidos. Pós-doutorado pelo Depto. de Alimentos e
Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Autora do livro
“Compostos bioativos dos alimentos”.
Jessica Reis
Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo. Especialista em Oncologia pelo
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e Mestre em Ciências pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Nutricionista da Oncologia D'or - Rede São Luiz de
hospitais.
CÁPSULAS ............................................................................................................................................ 20
PÓ – sachê ........................................................................................................................................... 22
BIOSDISPONIBILIDADE NA NUTRIÇÃO.................................................................................................. 25
MINERAIS QUELATOS........................................................................................................................... 29
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 35
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 36
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 41
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 42
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 42
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 47
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 49
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 52
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 54
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 55
CONSUMO DE ALIMENTOS PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE VITAMINA K (90 – 120 mcg):
............................................................................................................................................................ 57
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 65
BIODISPONIBILIDADE ........................................................................................................................... 66
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 67
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 67
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 73
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 74
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 75
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 80
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 81
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 82
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 87
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 88
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 94
BIODISPONIBILIDADE ........................................................................................................................... 95
DEFICIÊNCIA ......................................................................................................................................... 95
TOXICIDADE ......................................................................................................................................... 96
CONSUMO DE ALIMENTOS PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE VITAMINA B 3 (5mg - AI): ... 97
FUNÇÕES ............................................................................................................................................. 99
CONSUMO DE ALIMENTOS PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE VITAMINA B 7 (30mcg): .... 110
CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE COBRE (900mg): .. 147
CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE FERRO (8-18mg): . 168
CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE IODO (150mg): .... 177
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CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE SELÊNIO (55mcg): 212
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CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE PARA ATINGIR A RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE ZINCO (8-11mg): .. 226
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POSSO MANIPULAR UMA FÓRMULA PARA 60 OU 90 DIAS EM VEZ DE 30? ........................................ 244
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ADEQUAÇÃO NUTRICIONAL
c) AI (Adequate Intake): é também o valor médio de ingestão diária de um nutriente, mas que
ainda não existem evidências científicas suficientes para o estabelecimento de uma RDA/EAR.
“A AI representa uma ingestão (não uma recomendação), que provavelmente excede a atual
(mas não conhecida) necessidade de quase todos os indivíduos saudáveis em um mesmo estágio
de vida e sexo. Frequentemente é maior do que a RDA seria. Se a ingestão habitual de um
indivíduo excede a AI provavelmente está adequada, se estiver abaixo não se pode estimar
quantitativamente essa inadequação”.
d) UL (Tolerable Upper Intake Level): é o limite máximo de ingestão diária total de um nutriente,
pelo consumo de alimentos, alimentos fortificados, suplementos e a água. As ULs foram
estabelecidas em função dos efeitos adversos à saúde dos indivíduos e referem-se à ingestão
total de nutrientes ou à ingestão dietética conforme o caso.
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O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou no Diário Oficial da União, a Resolução CFN
nº 656, que trata sobre a prescrição dietética pelo nutricionista de suplementos alimentares e
dá outras providências.
Com a atualização do marco regulatório dos suplementos alimentares pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o CFN, no exercício das competências previstas em lei, verificou a
necessidade de alinhamento de terminologia ao novo marco regulatório. A Anvisa adotou a
denominação suplementos alimentares para enquadrar seis categorias de alimentos e uma de
medicamento: suplementos de vitaminas e minerais; substâncias bioativas e probióticos; novos
alimentos e novos ingredientes; alimentos com alegações de propriedades funcionais e de
saúde; suplementos para atletas; complementos alimentares para gestantes e nutrizes e
medicamentos específicos sem prescrição médica.
A Resolução CFN nº 656 já está em vigor, revogando a Resolução CFN nº 390, de 27 de outubro
de 2006 e a Recomendação CFN nº 004, de 21 de fevereiro de 2016. A prescrição elaborada
pelo nutricionista pode incluir nutrientes, substâncias bioativas, enzimas, prebióticos e
probióticos, produtos apícolas (mel, própolis, geleia real e pólen), novos alimentos e novos
ingredientes autorizados pela Anvisa para comercialização. Podendo ser
acabados/industrializados ou manipulados. Além disso, a administração deve ser feita
exclusivamente por via oral e enteral (inclui mucosa, sublingual e sondas enterais) apresentados
em formas farmacêuticas.
II. realizar triagem e avaliação nutricional sistematizadas, envolvendo critérios objetivos e/ou
subjetivos que permitam a identificação de deficiências ou riscos nutricionais;
IV. considerar que a prescrição dietética de suplementos alimentares não pode ser realizada
de forma isolada, devendo fazer parte da adequação do consumo alimentar e ser avaliada
sistematicamente;
V. considerar os nutrientes e não nutrientes que possam contribuir para a redução do risco
e para o tratamento de doenças relacionadas à nutrição;
VI. considerar as possíveis interações entre nutrientes, não nutrientes, fármacos e plantas
medicinais, bem como reações adversas potenciais, toxicidade e contraindicações;
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Além disso, a resolução reforça que a prescrição de fitoterápicos deve ser feita somente por
profissionais habilitados, isto é, nutricionistas com título de especialista em fitoterapia,
conforme a resolução CFN nº 556, de 11 de abril de 2015. Portanto os fitoterápicos,
apresentados na forma isolada ou na forma de extrato são de prescrição exclusiva de
profissionais com título reconhecido pela Associação Brasileia de Nutrição (ASBRAN).
Por fim, o profissional deve respeitar as listas de constituintes autorizados para uso em
suplementos alimentares (anexos I e II da IN Anvisa nº 28/2018 e atualizações) e os insumos
autorizados pela Anvisa para comercialização. Para prescrição de enzimas deve-se indicar a
atividade enzimática em Unidades (Ui) e para probióticos deve-se indicar as Unidades
Formadoras de Colônia (UFC). Também é importante considerar a biodisponibilidade e
segurança na prescrição de substâncias que podem ser encontradas em diferentes formas
químicas.
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→ Estilo de vida
→ Uso de medicamentos
→ Patologias
→ Genética (quando conhecida – polimorfismos)
→ Preferências e restrições alimentares
→ Exames laboratoriais
→ Dieta atual/padrão alimentar
→ Biodisponibilidade
1. Coadjuvante terapêutico: auxilia na ação do princípio ativo, seja por sinergismo, reduzir os
efeitos adversos ou aumentar a absorção ou tempo de meia vida do suplemento;
Quando o nutricionista não especifica nada, quem irá determinar qual o melhor excipiente é a
farmácia de manipulação. Caso haja alguma restrição (ex: intolerância à lactose), o nutricionista
deve informar à farmácia para que esta o substitua por outra substância.
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EXCIPIENTES CARACTERISTICA
Conforme mencionado na resolução CFN nº 656, o nutricionista está apto a prescrever formas
farmacêuticas para administração via oral. Dentre as opções para essa categoria, incluem-se as
formas sólidas, semissólidas e líquidas, conforme descrito na tabela abaixo:
FORMA CARACTERISTICA
Cápsulas
Comprimidos
SÓLIDAS
Pó: sachês ou pote com dosador
Pó efervescente
Gomas
SEMISSÓLIDAS
Gel
Solução
LÍQUIDAS Suspensão
Xarope
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As capsulas são formas farmacêuticas sólidas no qual o princípio ativo e os excipientes estão em
um invólucro de diferentes tamanhos, que conforme a composição pode ser rígido ou mole.
Dentre as desvantagens:
Vcaps são cápsulas de origem vegetal, ideais para formulações que contenham extratos secos
como fitoterápicos e aminoácidos. Possuem menor quantidade de água em sua composição (em
comparação às cápsulas tradicionais de gelatina).
TAPIOCAPS
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SPRINKLE CAPS
Em sua tradução, Sprinkle Caps quer dizer “cápsulas de fácil abertura”. Esse tipo de cápsula é
indicado especificamente para o mercado pediátrico, geriátrico ou pacientes com dificuldade de
deglutição. A Sprinkle Caps é uma alternativa à formulação em sachê e estão disponíveis em
polímeros de origem animal e vegetal.
Normalmente a farmácia escolhe o tamanho da cápsula para que o desdobramento não seja
muito alto. Mas é possível informar à farmácia, caso o paciente tenha dificuldade com
deglutição, que faça a escolha por cápsulas menores, mesmo que essa escolha implique em um
número maior de cápsulas.
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PÓ – sachê
PÓS-EFERVESCENTES
Dentre as vantagens de se utilizar essa forma de apresentação, está a melhora do sabor, como
por exemplo, pode-se adicionar um sabor limão à solução, mascarando possíveis sabores dos
nutrientes usados. Além disso, o pó apresenta rápida absorção pois não é necessário a
desagregação da forma farmacêutica e o gás carbônico no epitélio intestinal facilita a
permeabilidade do princípio ativo devido à alteração causada nas junções paracelulares através
do aumento da absorção.
Além disso, com o pó efervescente é possível administrar altas de doses de um composto, pois
nessa forma podem ser colocadas quantidades superiores as que seriam colocadas em cápsulas.
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Dentre suas desvantagens estão o custo mais elevado. Para manufatura do pó são necessárias
quantidades elevadas de matéria prima e condições especiais de manipulação. Além disso, os
materiais utilizados não podem ser os convencionais uma vez que estes são sensíveis à
humidade, que conduz à degradação dos suplementos.
Pacientes renais e/ou com restrições de sódio e potássio, não são indicados para receber essa
forma de manipulação pois em sua composição há um elevado teor desses nutrientes.
FORMAS LÍQUIDAS
SOLUÇÃO
Dentre as desvantagens das formas líquidas destacam-se uma menor estabilidade dos
componentes da formulação, pois estes estão mais susceptíveis à hidrólise, influenciando
diretamente na estabilidade de prateleira, e adicionalmente é um meio propício para a
proliferação de micro-organismos.
Um exemplo pode ser dado através da suplementação líquida de vitamina B12. Quando
administrada na forma líquida, ocorre uma maior degradação da vitamina e dentre os fatores
que favorecem essa degradação estão: tempo de armazenamento, exposição à luz, temperatura
e vitamina C.
SUSPENSÃO
Já a suspensão é uma forma farmacêutica que apresenta duas fases: uma líquida e uma sólida,
também chamada de dispersa ou descontínua. As partículas sólidas são insolúveis na fase
líquida, tendendo a sedimentar. Esse sedimento formado deve ser facilmente redisperso com
agitação vigorosa.
23
XAROPE
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BIOSDISPONIBILIDADE NA NUTRIÇÃO
1984: “Proporção do nutriente nos alimentos que é absorvida e utilizada, por meio de processos
de transporte, assimilação e conversão para a forma biologicamente ativa”.
1997: “Fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas
fisiológicas em tecidos-alvo”.
Para melhor compreendermos, o ferro se faz um bom exemplo: ao observamos que a DRI para
o ferro é de 8mg para homens com mais de 18 anos; dentro dessas 8mg já está considerada a
sua biodisponibilidade, ou seja, dos 8mg, considera-se que o total absorvido seja de
aproximadamente 2mg. Dessa forma, quando respeitamos essas recomendações, podemos
assegurar que, pela alimentação, esse homem receberá o ferro suficiente para manutenção de
sua saúde.
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Nesse cenário, alguns pontos podem ser mais bem explorados, como a interação que ocorre
entre os próprios nutrientes. Algumas interações, especificamente entre os micronutrientes são
bem discutidas, como por exemplo, a presença de cálcio é capaz de diminuir a biodisponibilidade
do ferro, cobre e zinco; e o magnésio diminui biodisponibilidade do ferro.
Além disso, a forma química como esses nutrientes são administrados, também é de extrema
importância; um bom exemplo é o zinco. O zinco quando administrado na forma óxido é menos
biodisponível quando comparado a forma de citrato de zinco, que apresenta maior
biodisponibilidade. Ocorre que, o zinco na forma óxido apresenta massa molar pequena, isto é,
sua massa corresponde a 81,38g/mol, quando comparada a massa do citrato (574,338g/mol).
Nesse cenário, ao utilizar o zinco na forma óxido, a indústria consegue otimizar sua presença
dentro do suplemento, garantindo assim, a presença de praticamente todos os micronutrientes
em apenas uma cápsula.
a. b.
O zinco possui diferente massa dependendo da forma química: a) zinco na forma citrato; b)
zinco na forma óxido de zinco. O zinco na forma óxido é mais barato e ocupa um menor
volume, entretanto possui biodisponibilidade menor quando comparado à forma citrato.
Por essa razão, se faz importante conhecer e aprender a manipular um suplemento da maneira
correta, levando em consideração a biodisponibilidade dos nutrientes e a forma química a ser
administrada, para garantir assim, o sucesso da suplementação conforme as necessidades e
particularidades do paciente.
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Outro ponto muito importante é compreender as diferenças entre as formas químicas pelas
quais os nutrientes podem ser administrados, uma vez que sua forma de apresentação implica
diretamente em sua biodisponibilidade.
MINERAIS INORGÂNICOS
A forma inorgânica são os minerais na forma de sais metálicos como por exemplo: sulfato (SO4),
óxido (O2), carbonato (CO3) e cloreto (Cl-). Os minerais apresentados nessa forma não estão
ligados a intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs), ou acoplados à
aminoácidos.
A forma inorgânica é mais barata, além de ocupar um volume menor devido a sua massa. Em
contrapartida, essa forma também apresenta menor biodisponibilidade. Vale destacar que,
conforme objetivo a ser alcançado, a forma inorgânica pode ser administrada em maior
quantidade ao paciente, uma vez que sua biodisponibilidade pode ser menor.
Quando na forma inorgânica os minerais devem aparecer como: cloreto de magnésio, sulfato
ferroso, carbonato de cálcio, óxido de zinco etc. Nota-se que em suplementos prontos, a
informação da forma química, em sua maioria, não consta no rótulo. Muitas vezes, é possível
observar que o suplemento apresenta uma boa quantidade do nutriente, no entanto, a forma
química pode apresentar menor biodisponibilidade, o que torna o suplemento pouco
biodisponível.
MINERAL ELEMENTAR
Essa forma consiste em demonstrar quanto há de mineral na massa total do suplemento. Isso
está intimamente ligado a forma química pela qual o nutriente/mineral se apresenta, como por
exemplo o cloreto de magnésio (MgCl2). Essa forma apresenta um átomo de magnésio associada
a dois átomos de cloro. Através da tabela periódica, conseguimos ver a massa de cada elemento
químico. Quando somada as massas dos minerais, é possível obter o valor final do cloreto de
magnésio (MgCl2 = 95,2g/mol). A partir desse cenário pode-se determinar a porcentagem real
de magnésio elementar no composto.
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Quando avaliamos essa forma, pode-se observar que a porcentagem presente de magnésio
elementar é ainda menor, quando apresentado na forma de cloreto de magnésio hexahidratado.
Deve-se observar ainda que, suplementos administrados na forma de sais/sachês (por exemplo
33g de cloreto de magnésio hexahidratado em um sachê), a quantidade real de magnésio
elementar seria de 3,96g. Desta forma, ao diluir todo o conteúdo do sachê em 1 litro de água
(1000mL), teremos uma concentração final de 3,96mg de Mg elementar/mL
Por essa razão, caso seja necessário a suplementação na forma de sal, é necessário especificar
de maneira adequada a farmácia de manipulação.
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MINERAIS QUELATOS
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O fator de correção deve ser aplicado pois, ao prescrever um composto quelato, deve-se
considerar a presença do aminoácido a qual o composto será associado (formando assim a
forma quelato). Cada mineral tem um fator de correção e este pode variar também dependendo
do fornecedor. Quando o prescritor coloca a quantidade de mineral elementar que ele quer
prescrever, a farmácia deve aplicar o fator de correção, conforme sugerido pela tabela abaixo:
Ao prescrever dessa forma, a farmácia irá aplicar o fator de correção de 5%. Dessa forma a
fórmula irá apresentar 200mg do quelato correspondentes à 40mg de ferro. Quando prescrito
da forma a seguir:
A farmácia pode interpretar que o profissional está solicitando 40mg de quelato. Nesse cenário,
em 40mg de ferro quelato o paciente receberia apenas 8mg de ferro. Para evitar erros, caso
não se conheça a farmácia ou a diferença de preço entre farmácias seja muito grande, conversar
com o farmacêutico responsável para esclarecer que a dose prescrita é do mineral elementar.
TEOR FATOR DE
MINERAL
ELEMENTAR CORREÇÃO
Ferro 20% 5
Manganês 10% 10
Boro 5% 20
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Nos alimentos, as vitaminas estão em contato com antioxidantes naturais que as estabilizam,
tais como bioflavonóides e outras vitaminas. As vitaminas sintéticas são muito instáveis quando
incorporadas em preparações farmacêuticas, principalmente nas formas líquidas como
suspensões e soluções.
A degradação das vitaminas é acelerada pela presença de oxigênio, luz, pelo aumento da
temperatura, presença de água e metais catalisadores de reações de oxidação e redução, como
por exemplo o ferro e cobre. Além disso, também ocorre interação química entre algumas
vitaminas quando associadas entre si, levando à sua degradação. Na tabela 4 estão descritas as
principais instabilidades e incompatibilidades entre os nutrientes.
Se faz de extrema importância o conhecimento dessas reações para que a prescrição seja feita
da maneira correta, e consequentemente, seja capaz de suprir as necessidades do paciente. Vale
destacar que as interações podem ser (1) positivas, onde um nutriente aumenta a
biodisponibilidade do outro; ou (2) negativas, quando um nutriente diminui a biodisponibilidade
do outro. Essas interações, podem ocorrer ainda, (a) dentro do suplemento, quando
administradas em conjunto em uma mesma cápsula, por exemplo; (b) Durante o processo de
absorção, como por exemplo, o cálcio reduz a absorção de nutrientes como ferro, cobre e zinco;
(c) durante o metabolismo, como em pacientes com níveis adequados de vitamina D, há uma
melhor absorção do cálcio.
Interações entre nutrientes podem ser comuns como por exemplo, altas doses de zinco
(superiores a 50mg/dia), aumenta a síntese da metalotioneína. As metaloproteínas tem a
capacidade de “segurar” o cobre nas células intestinais, consequentemente, diminuindo sua
absorção. Isto não significa que sempre que for feita a suplementação de zinco é necessário
suplementar o cobre também. O mais importante é avaliar o estado nutricional: em pacientes
com cobre alto, a redução dos níveis via suplementação de zinco pode ser um efeito colateral
benéfico. Adicionalmente, a interação é dose-dependente: em doses baixas, o zinco não
interfere com o estado nutricional do cobre.
A interação entre vitaminas antioxidantes (agentes redutores) e metais de transição (como ferro
e cobre) é potencialmente prejudicial. O ideal é separar vitaminas com potencial antioxidante,
como a vitaminas C e a vitamina E, dos metais de transição, como o ferro e o cobre. Nesse
cenário, deve-se administrar esses compostos em cápsulas separadas e administração deve ser
feita em horários diferentes, evitando assim, interações negativas no trato gastrointestinal,
como aumento do estresse oxidativo.
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A vitamina C (ascorbato) cede elétrons para o ferro ou para o cobre, reduzindo o ferro de férrico
(Fe3+) para ferroso (Fe2+) ou o cobre de cúprico (Cu2+) para cuproso (Cu1+). Na forma reduzida,
esses minerais catalisam reações como as reações de Fenton e de Haber-Weiss, formando assim,
radicais livres, como o peroxido de hidrogênio (H2O2) e o radical superóxido (O2-), levando a uma
ação pró-oxidante. A formação de radicais livres é extremamente negativa uma vez que facilita
danos teciduais e celulares, podendo em longo prazo, favorecer o aparecimento de doenças
como o câncer.
Se por um lado a vitamina C aumenta a biodisponibilidade do ferro não heme, por outro lado,
esse mesmo mecanismo também aumenta o estresse oxidativo. Para evitar esse efeito adverso,
o ideal é suplementar uma forma de ferro que não necessite da ação da vitamina C, como por
exemplo o ferro aminoácido quelato (bisglicinato). Se for necessário suplementar a vitamina C,
esta deve ser feita em outro horário.
Em relação à associação de ferro não heme (exemplo: feijão) com fonte de vitamina C (exemplo:
suco de laranja), apesar da falta de estudos, a interação provavelmente não é prejudicial tendo
em vista que no alimento fonte (suco de laranja por exemplo) também estão disponíveis outros
antioxidantes como os polifenóis, com efeito na redução do estresse oxidativo.
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FUNÇÕES
Os glóbulos vermelhos (eritrócitos), como todas as células do sangue, são derivados de células-
tronco pluripotentes na medula óssea. A vitamina A parece facilitar a mobilização de ferro dos
locais de armazenamento para os glóbulos vermelhos em desenvolvimento para incorporação
na hemoglobina.
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INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
(1) a deficiência de zinco resulta na diminuição da síntese da proteína de ligação ao retinol (RBP),
que transporta o retinol através da circulação para os tecidos periféricos e protege o organismo
contra o potencial toxicidade do retinol; (2) a deficiência de zinco resulta na diminuição da
atividade da enzima que libera retinol de sua forma de armazenamento, palmitato de retinila,
no fígado; (3) o zinco é necessário para a enzima que converte o retinol em retinal.
DEFICIÊNCIA
A deficiência de vitamina A é uma das principais causas de cegueira evitável no mundo. É mais
prevalente entre crianças e mulheres em idade reprodutiva. A deficiência de vitamina A está
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TOXICIDADE
O consumo crônico de álcool resulta na depleção das reservas hepáticas de vitamina A e pode
contribuir para danos hepáticos induzidos pelo álcool (cirrose). No entanto, a toxicidade
hepática da vitamina A pré-formada (retinol) é aumentada pelo consumo crônico de álcool,
estreitando assim a janela terapêutica para a suplementação de vitamina A em alcoólatras.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Por outro lado, a ingestão de grandes doses de vitamina A pode diminuir a absorção de vitamina
K. Retinóides ou análogos de retinóides, incluindo acitretina, ácido trans-retinóico, bexaroteno,
etretinato e isotretinoína, não devem ser usados em combinação com suplementos de vitamina
A, pois podem levar à toxicidade.
RECOMENDAÇÕES DE VITAMINA A
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A
A vitamina A, apresenta característica lipossolúvel, o que torna o uso de óleos, o veículo mais
adequado para sua suplementação. Além disso, uma matriz oleosa protege contra a oxidação
da vitamina A durante o armazenamento, melhora a estabilidade do retinol e facilita a absorção
da vitamina pelo corpo. Embora a vitamina A pré-formada seja altamente instável, as técnicas
de esterificação usando ácido palmítico e acético produzem ésteres mais estáveis na forma de
palmitato de retinol e acetato de retinol, respectivamente.
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40
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel que regula a homeostase do cálcio e é vital para a
saúde óssea. Embora também possa ser obtida a partir de fontes dietéticas ou suplementos, a
vitamina D3 (colecalciferol) é sintetizada na pele humana a partir do 7-dehidrocolesterol após a
exposição à radiação ultravioleta-B (UVB) da luz solar.
FUNÇÕES
ALIMENTOS FONTE
*Não é seguro usar o óleo de fígado de bacalhau como fonte de vitamina D devido às altas
concentrações de vitamina A, que tem efeitos potencialmente tóxicos.
41
Embora se saiba há muito tempo que a deficiência grave de vitamina D tem consequências
graves para a saúde óssea, pesquisas sugerem que estados menos óbvios de deficiência de
vitamina D são comuns e aumentam o risco de osteoporose e vários outros problemas de saúde.
TOXICIDADE
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
42
RECOMENDAÇÕES DE VITAMINA D
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D
A diferença principal entre ambas as formas é a fonte, como descrito no início do capitulo.
Quanto à estrutura química, as formas D2 e D3 diferem apenas pela presença de uma ligação
dupla adicional e um grupo metil incorporados à longa cadeia lateral da forma biológica
denominada D2. As duas formas possuem potências biológicas equivalentes e são ativadas de
modo igualmente eficientes pelas hidroxilases em seres humanos.
43
44
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45
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A vitamina E é composta por oito isoformas lipossolúveis: α-, β-, γ- e δ-tocoferol e α-, β-, γ- e δ-
tocotrienol. No fígado, o α-tocoferol é a forma de vitamina E que se liga preferencialmente à
proteína de transferência do α-tocoferol (α-TTP) e é incorporada às lipoproteínas que
transportam o α-tocoferol no sangue para entrega aos tecidos extra-hepáticos. Nesse cenário,
é a forma predominante de vitamina E encontrada no sangue e nos tecidos.
FUNÇÕES
O α-tocoferol atua como antioxidante, evitando a propagação de radicais livres nas membranas
e nas lipoproteínas plasmáticas. O α-tocoferol também está envolvido no fortalecimento de
certos aspectos da imunidade mediada por células, ou seja, desempenha papel na proteção do
sistema imunológico contra os radicais livres.
As gorduras, que são parte integrante de todas as membranas celulares, são vulneráveis a danos
por peroxidação lipídica ocasionada pelos radicais livres. O α-tocoferol é capaz de interceptar
radicais peroxila e, assim, prevenir a oxidação lipídica. Quando uma molécula de α-tocoferol
neutraliza um radical livre, ele é oxidado e sua capacidade antioxidante é perdida.
Interessantemente, outros antioxidantes, como a vitamina C, são capazes de regenerar a
capacidade antioxidante do α-tocoferol.
Outras formas de vitamina E, além do α-tocoferol, também são conhecidas por serem potentes
antioxidantes. Acredita-se que os tocotrienóis e o γ-tocoferol sejam melhores neutralizadores
de radicais peroxila e espécies reativas de nitrogênio.
ALIMENTOS FONTES
As principais fontes de α-tocoferol na dieta incluem óleos vegetais (azeite de oliva, girassol e
óleo de cártamo), nozes, grãos integrais e vegetais de folhas verdes. Diferentes formas de
vitamina E ocorrem naturalmente na maioria dos alimentos vegetais, mas em quantidades
variáveis.
47
Avelã (68g) 16
Ácidos graxos: o mecanismo de digestão e absorção da vitamina E pelos enterócitos não está
claro, mas sabe-se que requer ácidos biliares, enzimas pancreáticas e interagem com os
quilomícrons. Por ser uma vitamina lipossolúvel, a eficiência da absorção da vitamina E aumenta
quando consumido com alimentos ricos em gordura. Na circulação, todas as lipoproteínas (isto
é, VLDLs, LDLs e HDLs) estão envolvidas no transporte e distribuição do α-tocoferol aos tecidos.
Um exemplo desse mecanismo se dá pelo estresse oxidativo causado pelo tabagismo que
acelera a depleção de α-tocoferol plasmático em fumantes em comparação com não fumantes.
Em um estudo duplo-cego controlado por placebo em 11 fumantes e 13 não fumantes que
receberam α-tocoferol e γ-tocoferol marcado com deutério, a suplementação com vitamina C
reduziu a taxa de perda de vitamina E no plasma, muito provavelmente regenerando os radicais
tocoferil de volta às formas não oxidadas (tocoferol).
Um estudo em adultos com estado normal de coagulação verificou que a suplementação diária
com 1.000 UI (670 mg) de RRR-α-tocoferol por 12 semanas diminuiu a γ-carboxilação da
protrombina, um fator dependente da vitamina K na cascata de coagulação.
48
Deficiência: Excesso:
Vitamina E - Aumento da hemólise - Dores de cabeça
- Miopatia esquelética - Fadiga
- Disfunção neurológica (neuropatia - Diarreia
periférica, ataxia espinocerebelar)
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
49
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA E
Vale destacar que, caso não seja possível chegar à recomendação por meio do uso de alimentos
fonte, sugere-se optar por baixas doses de vitamina E, e se possível, como mistura de tocoferóis
e não α-tocoferol isolado.
Alimento Quantidade mg
Semente de girassol 33g Total: 17
Castanha do Brasil 35g 2,5
Amêndoas 39g 2,15
Azeite de oliva extra virgem 50mL 13
Total: 19
50
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51
A vitamina K é uma vitamina solúvel em gordura e foi identificada originalmente por seu papel
no processo de coagulação, por essa razão, ela se tornou essencial para o funcionamento de
várias proteínas envolvidas em processos fisiológicos que abrangem a regulação nesse processo.
Embora a vitamina K seja uma vitamina lipossolúvel, o corpo armazena quantidades muito
pequenas que são rapidamente esgotadas sem uma ingestão alimentar regular. Em decorrência
de capacidade limitada de armazenamento, o corpo a recicla a vitamina K por meio de um
processo chamado ciclo da vitamina K. O ciclo da vitamina K permite que uma pequena
quantidade de vitamina K seja reutilizada várias vezes para a carboxilação de proteínas,
diminuindo assim as necessidades dietéticas.
FUNÇÕES
O papel mais conhecido da vitamina K, está relacionado com a sua ação no processo de
coagulação sanguínea. Ela é fundamental para síntese hepática de proteínas envolvidas neste
processo, como os fatores II (pró-trombina), VII, IX e X (fatores de coagulação) e as proteínas C,
S e Z (inibidoras da coagulação). A hidroquinona, forma reduzida e ativa da vitamina, atua como
cofator para uma enzima carboxilase, responsável pela reação de carboxilação de resíduos de
ácido glutâmico (Glu) presentes em proteínas dependentes de vitamina K. A carboxilação do
Glu, por sua vez, leva à formação do ácido γ-carboxiglutâmico (Gla), tornando as proteínas
biologicamente ativas.
Uma parte importante do metabolismo de vitamina K está relacionada a sua via de recuperação,
denominada de ciclo da vitamina K. Quando um resíduo de glutamato é carboxilado, a vitamina
K sofre oxidação, gerando 2,3-epoxi vitamina K. Esse metabólito é convertido novamente à sua
forma ativa, pela ação da enzima microssomal, epoxi redutase de vitamina K e uma ou mais
quinona redutases de vitamina K. Alguns anticoagulantes, como a warfarina e o dicumarol
atuam bloqueando a redução do epóxido de vitamina K, impedindo o processo de reutilização
da vitamina.
Outra função da vitamina k está relacionada com a regulação do íon cálcio na matriz óssea como
parte da osteocalcina (proteína do osso), uma vez que aminoácido Gla também se apresenta
52
ALIMENTOS FONTE
A filoquinona (vitamina K1) é a principal forma dietética de vitamina K na maioria das dietas.
Vegetais com folhas verdes, como couve de Bruxelas e brócolis, e em alguns óleos vegetais (soja,
canola, oliva). Além disso, o conteúdo de filoquinona de vegetais verdes depende de seu
conteúdo em clorofila (pigmento verde), de modo que as folhas externas têm mais filoquinona
do que as internas. A eficiência da absorção intestinal da filoquinona varia entre as fontes
vegetais e é aumentada com a adição de uma fonte de gordura à refeição.
53
Um estudo em adultos com estado de coagulação normal descobriu que a suplementação com
1.000 UI / dia de vitamina E por 12 semanas diminuiu a γ-carboxilação da protrombina, uma
proteína dependente da vitamina K.
DEFICIÊNCIA
Adultos: a deficiência de vitamina K é incomum em adultos saudáveis por uma série de razões:
(1) a vitamina K é amplamente difundida nos alimentos; (2) o ciclo da vitamina K conserva a
vitamina K; e (3) bactérias que normalmente habitam o intestino grosso sintetizam
menaquinonas (vitamina K2), embora não esteja claro se quantidades significativas são
absorvidas e utilizadas.
54
TOXICIDADE
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
55
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA K
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA K
Em sua maioria, a suplementação de vitamina K ocorre pela sua forma sintética, conhecida como
MK-1, no entanto, essa forma química apresenta baixa biodisponibilidade, tornando sua
suplementação ineficiente. Em suplementos alimentares, podem ser encontradas 3 formas de
vitamina K:
Quando avaliamos suas estruturas moleculares, a forma K1 e MK-4 são comparáveis (ambas
contêm 4 resíduos isoprenóides, 3 dos quais são saturados em K1, mas contêm uma ligação
dupla em MK-4), suas características físico-químicas são muito semelhantes. Já as
menaquinonas, como a MK-7, são muito mais hidrofóbicas. Interessantemente, em estudos in
vivo a forma MK-7 apresenta meia-vida mais longo, e na circulação são incorporadas a
lipoproteínas de baixa densidade (LDL).
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58
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As vitaminas lipossolúveis competem, muitas vezes, pelo mesmo transportador celular, pois são
absorvidas em regiões muito próximas no intestino. Por essa razão, quando há uma dose muito
alta de alguma dessas vitaminas, isto é, vitamina A, D, E K, isso pode prejudicar a absorção das
demais.
Para melhor ilustrar essas interações, seja na forma de alimento, suplemento ou até mesmo,
em dose farmacológica (acima da UL), vejamos abaixo:
60
61
Resumindo:
Para garantir absorção ótima de todas as vitaminas a partir da suplementação para um paciente
que vai receber diversos suplementos, uma abordagem possível seria:
Vale lembrar que estas recomendações são para otimizar a biodisponibilidade! Caso não seja
possível separar devido ao custo ou mesmo à organização do paciente, a administração conjunta
62
63
64
A vitamina C é representada em sua forma ativa pelo ácido ascórbico. O ácido ascórbico é um
agente redutor, o que significa que doa elétrons para as moléculas receptoras (normalmente
radicais livres). Suas principais funções são como antioxidante e cofator enzimático.
FUNÇÕES
O papel da vitamina C como cofator está relacionado ao seu potencial redox. Ao manter os
metais ligados às enzimas em suas formas reduzidas, a vitamina C auxilia as oxidases de função
mista na síntese de várias biomoléculas, como as monooxigenases e/ou dioxigenases,
apresentados na Tabela 5. Várias dioxigenases estão envolvidas na regulação da expressão
gênica e na manutenção da integridade do genoma, mecanismos estes que requerem vitamina
C como cofator. Pesquisas recentemente descobriram o papel desempenhado por enzimas,
como as dioxigenases e as histonas demetilases contendo o domínio de Jumonji, para a
regulação epigenética da expressão gênica catalisando reações envolvidas na desmetilação do
DNA e histonas.
Enzimas
Monooxigenases: Função:
1. Dopamina β-monooxigenase 1. Biossíntese de norepinefrina (noradrenalina)
2. Monoxigenase de peptidilglicina α-amidante 2. Amidação de hormônios peptídicos
Dioxigenases: Função:
1. isoenzimas de prolil 4-hidroxilase 1. Hidroxilação do colágeno
2. isoenzimas de prolil 3-hidroxilase 2. Hidroxilação do colágeno
3. Isoenzimas de lisil hidroxilase 3. Hidroxilação do colágeno
4. isoenzimas de fator indutível por hipóxia (HIF) 4. Hidroxilação de HIF
5. Trimetilisina hidroxilase 5. Biossíntese de carnitina
6. γ-butirobetaína hidroxilase 6. Biossíntese de carnitina
7. 4-hidroxifenilpiruvato dioxigenase 7. Metabolismo de tirosina
8. Família dez-onze translocação (TET) de dioxigenases 8. Desmetilação do DNA
9. Demetilases de histona contendo domínio de Jumonji 9. Desmetilação de histonas
Além disso, a vitamina C afeta vários componentes do sistema imunológico através do estímulo
para produção e a função de leucócitos (glóbulos brancos), especialmente neutrófilos, linfócitos
e fagócitos. Medidas específicas de funções estimuladas pela vitamina C incluem motilidade
celular, quimiotaxia e fagocitose. Neutrófilos, fagócitos mononucleares e linfócitos acumulam
vitamina C em altas concentrações, o que pode proteger esses tipos de células do dano
oxidativo. Em resposta aos microorganismos invasores, os leucócitos fagocíticos liberam toxinas
não específicas, como radicais superóxido, ácido hipocloroso e peroxinitrito; essas espécies
65
No estômago, o ácido ascórbico pode prevenir a formação de nitrosaminas por meio de reações
com diversos compostos nitrosos. A vitamina C reage com esses compostos, que são
potencialmente carcinogênicos, e os converte em oxido nítrico e dióxido de nitrogênio.
ALIMENTOS FONTES
BIODISPONIBILIDADE
66
DEFICIÊNCIA
O oxalato é um metabólito da vitamina C que está relacionado a cálculos renais. Por essa razão,
existe a preocupação de que a ingestão elevada de vitamina C possa aumentar a formação de
oxalato de cálcio. Estudos relataram que a doses de vitamina C acima > 1000mg/dia, podem
favorecer o aparecimento de cálculos renais.
- Sangramento subcutâneo
Vitamina C - Má cicatrização
- Hematomas
- Perda de cabelo e dentes
- Dores e inchaço nas articulações
TOXICIDADE
Uma série de possíveis efeitos adversos à saúde de doses muito altas de vitamina C (> 10g/dia)
foram identificados, principalmente com base em experimentos in vitro ou relatos de casos
isolados, e incluem mutações genéticas, defeitos de nascença, câncer, aterosclerose, cálculos
renais, "escorbuto de rebote", aumento estresse oxidativo, excesso de absorção de ferro,
deficiência de vitamina B12 e erosão do esmalte dentário. No entanto, nenhum desses efeitos
adversos à saúde foi confirmado em estudos subsequentes.
67
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
O uso crônico de alguns medicamentos, como a aspirina, pode prejudicar o status de vitamina
C. Além disso, anticoncepcionais contendo estrogênio podem reduzir as concentrações
plasmáticas da vitamina C.
Além disso, a vitamina C é secretada pela mucosa gástrica no estômago saudável e suas
concentrações no suco gástrico são superiores à plasmática. Especificamente na saliva, há uma
concentração significativa de nitrito, que quando engolido, entra em contato com o suco
gástrico, e através do pH ácido do estômago, é convertido em uma variedade de compostos
nitrosados, alguns potencialmente carcinogênicos. O ácido ascórbico (forma ativa), em
concentrações normais, compete como esses compostos convertendo-os em óxido nítrico (ON).
Dessa forma, a vitamina C presente no suco gástrico apresenta efeito protetor contra o câncer
gástrico e em indivíduos saudáveis há muito pouco nitrito no suco gástrico. Essa propriedade
da vitamina C é dependente do pH do estômago. Quando o pH do estômago apresenta-se maior
que 4 grande parte do nitrito engolido pela saliva não sofre modificações, aumentando suas
concentrações tornando o meio potencialmente carcinogênicos. Importante ressaltar que em
pacientes que utilizam antiácidos o pH do estômago pode ficar > que 7,0.
Por essa razão, o uso de inibidores da bomba de prótons (antiácidos), como o omeprazol, têm a
capacidade de aumentar o pH do estômago, consequentemente há uma menor da concentração
de íons H+. Consequentemente ao seu uso, o aumento do pH modifica a absorção de
micronutrientes essenciais, levando a uma interferência no estado nutricional de diversos
micronutrientes como a vitamina C, ferro e vitamina B12.
Por outro lado, há relatos de casos sugerindo que a vitamina C (> 1000mg/dia) pode reduzir as
concentrações sanguíneas de alguns medicamentos, como a flufenazina, um antipsicótico
(Prolixin), e o indinavir, um o antirretroviral (Crixivan). Existem algumas evidências, embora
controversas, de que a vitamina C interage com medicamentos anticoagulantes como a
varfarina (Coumadin). Altas doses de vitamina C podem bloquear a ação da varfarina e, assim,
diminuir sua eficácia. Indivíduos em uso de anticoagulantes devem limitar sua ingestão de
vitamina C a < 1 g / dia e ter seu tempo de protrombina monitorado após a terapia
anticoagulante.
68
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA C
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA C
O ácido ascórbico, é a forma reduzida da vitamina C; essa forma química deve ser priorizada
para pacientes sem queixas gastrointestinais ou uso de medicamentos.
Vitamina C revestida, cuja dissolução ocorre no intestino, e não no estômago. Esse fato, pode
favorecer sua indicação para pacientes com hipocloridria ou que fazem uso de inibidores de
bomba de prótons, uma vez que alteração do pH estomacal inviabiliza a biodisponibilidade da
vitamina C. Em sua forma revestida, há a possibilidade de que ela passe pelo estômago sem
sofrer alterações significativas e chegue ao seu principal sítio de absorção.
69
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71
72
A síntese de TPP ocorre no fígado a partir da tiamina livre, magnésio e adenosina trifosfato (ATP)
através da enzima tiamina fosfoquinase. A TPP está envolvida em várias funções enzimáticas e
desempenha papel como coenzima em quatro complexos enzimáticos multicomponentes
associados ao metabolismo de carboidratos, aminoácidos de cadeia ramificada e ácidos graxos.
FUNÇÕES
FONTES ALIMENTARES
Dentre as inúmeras fontes de vitamina B1 estão a levedura de cerveja seca, a carne (porco,
cordeiro, vaca), aves, cereais de grãos integrais e leguminosas. Nos grãos de cereais, a tiamina
é removida durante a produção da farinha branca e do arroz integral para produzir o arroz
branco.
73
DEFICIÊNCIA
A excreção de tiamina induzida por diuréticos, como a furosemida, também pode levar a
deficiência. Além disso, o consumo crônico de álcool é a principal causa da deficiência de tiamina
nos países industrializados em decorrência do prejuízo da absorção e metabolismo da tiamina
pela inibição do transportador de membrana THTR-1.
74
TOXICIDADE
Até o momento não há efeitos tóxicos bem estabelecidos do consumo de tiamina em excesso
por meio dietético ou por meio de suplementação oral de longo prazo (até 200 mg / dia). Um
pequeno número de reações anafiláticas com risco de vida foi observado com grandes doses
intravenosas de tiamina.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
75
Redução nos níveis sanguíneos de tiamina foram relatados em indivíduos com distúrbios
convulsivos (epilepsia) em uso de medicamentos anticonvulsivantes, fenitoína, por longos
períodos.
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B1
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B1
Atualmente, há três formas de suplementação disponíveis para vitamina B1, são elas:
a) cloridrato de tiamina
b) tiamina mono ou pirofosfato
c) benfotiamina
A tiamina monofosfato e pirofosfato são formas naturais da vitamina B1. Apesar da tiamina
pirofosfato ser a forma ativa, não há vantagem em utilizar essa forma pois seu grupo fosfato é
clivado no intestino por fosfatases, e sua forma ativa não é, de fato, absorvida; a
biodisponibilidade da tiamina cloridrato, monofosfato ou pirofosfato é igual. Curiosamente, a
tiamina pirofosfato, produzida pela microbiota (no cólon), é absorvida em sua forma ativa por
transportadores TPPT-1, expressos na membrana apical dos colonócitos.
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78
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Os organismos vivos obtêm a maior parte de sua energia de reações redox, que são processos
que envolvem a transferência de elétrons. O FAD faz parte da cadeia transportadora de elétrons
(cadeia respiratória), que é fundamental para a produção de energia. Além disso, a riboflavina
atua como cofator em diversas reações catalisadas pela família do citocromo P450, envolvida
no processo de detoxificação de xenobióticos.
FUNÇÕES
O FAD ainda atua como cofator para enzima glutationa redutase que participa do ciclo redox da
glutationa. O ciclo redox da glutationa desempenha um papel importante na proteção de
organismos de espécies reativas de oxigênio, como os hidroperóxidos.
FONTES ALIMENTARES
80
Junto com outras vitaminas do complexo B, uma maior ingestão de riboflavina tem sido
associada a níveis diminuídos de homocisteína no plasma. Níveis elevados de riboflavina
plasmática também foram associados com níveis diminuídos de homocisteína no plasma,
principalmente em indivíduos homozigotos para o polimorfismo C677T no gene MTHFR e em
indivíduos com baixa ingestão de folato.
Na falta de B2, o metabolismo e absorção do ferro também é afetado. O ferro, para ser
transportado pela transferrina, necessita estar na forma de ferro férrico (Fe3+). Para que essa
mobilização ocorra, isto é, biotransformação do ferro de ferroso (Fe2+) para férrico (Fe3+), é
necessária uma enzima dependente de flavina e na falta de B2 o ferro fica retido na ferritina e
acaba sendo eliminado pelas fezes ao invés de ser transportado para os tecidos via transferrina
(deficiência funcional).
Além disso, o consumo crônico de álcool foi associado à deficiência de riboflavina. Em ratos
alimentados cronicamente com álcool, a inibição dos transportadores de riboflavina causou
prejuízo na absorção intestinal e recaptação renal da vitamina.
- Dores de garganta
- Estomatite angular
Vitamina B2
- Inflamação e vermelhidão na língua
- Dermatite
- Vascularização da córnea
- ↓ na contagem de hemácias
81
Verificou-se que a terapia com altas doses de riboflavina intensifica a cor da urina para um
amarelo brilhante (flavinúria), mas este é um efeito colateral inofensivo. Doses farmacológicas
(> 100mg) tem o potencial de reagir com a luz e se transformar em poderoso pró-oxidante
formando peróxidos potencialmente tóxicos e outras espécies reativas com efeitos citotóxicos
e hepatotóxicos.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Vários relatórios iniciais indicaram que as mulheres que tomavam anticoncepcionais orais em
altas doses diminuíram o estado nutricional da riboflavina.
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B2
82
A B2 está presente para suplementação através de sua forma química, isto é, na forma de
riboflavina. Sua suplementação se apresenta bem eficaz mesmo em baixas doses. Um estudo
em 124 indivíduos saudáveis com idade de média de 69 anos e em indivíduos com EGRAC ≥ 1,20
(coeficiente de ativação da glutationa redutase eritrocitária), foram suplementados com
1,6mg/dia de riboflavina ou placebo; a suplementação levou a um aumento da riboflavina tanto
no plasma quanto nos eritrócitos.
No entanto, alguns cuidados são necessários na hora de suplementar a riboflavina, como por
exemplo, utilizar capsulas vegetais, pois a vitamina B2 é fotossensível, havendo a necessidade
de armazenamento em local escuro. As capsulas vegetais irão conferir maior proteção à
vitamina.
83
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85
O termo niacina é frequentemente usado para se referir ao ácido nicotínico (ácido piridina-3-
carboxílico) apenas, embora outras vitaminas com um anel de piridina, incluindo nicotinamida
(piridina-3-carboxamida) e ribosídeo de nicotinamida, também contribuam para a formação de
NAD.
FUNÇÕES
O NAD é substrato para pelo menos quatro classes de enzimas: duas classes de enzimas com
atividades de mono adenosina difosfato (ADP), ribosiltransferase e/ou polimerases que
catalisam reações de transferência de ADP e está envolvida na regulação da sinalização do cálcio
intracelular.
A NAD quinase catalisa a fosforilação de NAD em NADP usando adenosil trifosfato (ATP) como
doador de fosforil. As propriedades de oxidação-redução do dinucleotídeo não são afetadas
pela fosforilação, de modo que os pares redox NAD+/NADH e NADP+/NADPH apresentam
potenciais redox semelhantes. A oxidação e a redução da posição C-4 da porção nicotinamida
do NAD e sua forma fosforilada são essenciais para as reações de transferência de elétrons que
dão suporte às funções metabólicas e bioenergéticas vitais em todas as células. Assim, NAD e
NADP são reciclados para frente e para trás entre as formas oxidadas (NAD+ e NADP+) e reduzidas
(NADH e NADPH).
86
FONTES ALIMENTARES
Boas fontes de niacina incluem carne, aves, peixes vermelhos (por exemplo, atum, salmão),
cereais (especialmente cereais fortificados), legumes e sementes. Leite, vegetais de folhas
verdes, café e chá também fornecem um pouco de niacina. Em plantas, especialmente grãos de
cereais maduros como milho e trigo, a niacina pode ser ligada a moléculas de açúcar na forma
de glicosídeos, o que diminui significativamente sua biodisponibilidade.
DEFICIÊNCIA
O estágio final da deficiência grave de niacina é conhecido como pelagra. Os primeiros registros
da pelagra seguiram-se ao cultivo generalizado de milho na Europa nos anos 1700. A doença
geralmente está associada às classes sociais mais pobres, cujo principal alimento básico consistia
em cereais como milho ou sorgo.
Indivíduos em diálise, pacientes com câncer e pessoas com HIV, encontram-se em populações
de risco para deficiência de niacina.
87
- Dermatite
- Diarreia
Vitamina B3
- Depressão
- Apatia
- Cefaleia
- Fadiga
TOXICIDADE
Ácido nicotínico: Os efeitos colaterais comuns do ácido nicotínico incluem rubor, prurido
(coceira intensa na pele), erupções cutâneas e distúrbios gastrointestinais, como náuseas e
vômitos. Episódios transitórios de pressão arterial baixa (hipotensão) e dor de cabeça também
foram relatados. Hepatotoxicidade, incluindo enzimas hepáticas elevadas e icterícia, foi
observada com ingestões tão baixas quanto 750 mg / dia de ácido nicotínico.
Foi observado que grandes doses de ácido nicotínico prejudicam a tolerância à glicose,
provavelmente por causa de uma diminuição na sensibilidade à insulina. A tolerância diminuída
à glicose em indivíduos suscetíveis (pré-diabéticos) pode resultar em concentrações elevadas de
glicose no sangue e diabetes mellitus tipo 2.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
88
O risco de miopatia pode aumentar naqueles que tomam ácido nicotínico e sequestrantes do
ácido biliar (por exemplo, colestiramina, colestipol) ou medicamentos antilipêmicos
(hipocolesterolemiante) como o gemfibrozil (Lopid).
O risco de hepatotoxicidade observado com ácido nicotínico pode ser aumentado por
medicamentos como paracetamol (analgésico e antipirético), amiodarona um
antiarrítmico/vasodilatador (Cordarone) ou carbamazepina, um antiepilético (Tegretol). Além
disso, grandes doses de ácido nicotínico podem reduzir a excreção de ácido úrico, opondo-se à
ação de agentes uricosúricos como a probenecida (Probalan).
Vários outros medicamentos podem interagir com a terapia com niacina ou com a absorção e o
metabolismo da vitamina. Estrogênio e contraceptivos orais contendo estrogênio aumentam a
eficiência da síntese de niacina a partir do triptofano, resultando em uma diminuição da
necessidade dietética de niacina.
Pessoas com função hepática anormal ou história de doença hepática, diabetes, úlcera péptica
ativa, gota, arritmias cardíacas, doença inflamatória intestinal, enxaqueca ou alcoolismo podem
ser mais suscetíveis aos efeitos adversos da ingestão excessiva de niacina do que a população
em geral.
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B3
89
A niacina (vitamina B3) está disponível como suplemento na forma de ácido nicotínico,
nicotinamida e na forma de hexanicotinato de inositol. Para otimizar a suplementação de
niacina, é importante estabelecer de modo claro, qual objetivo queremos atingir.
É importante ressaltar que doses entre 1 e 3g de de ácido nicotínico, são usadas como agente
hipolipemiantes, isto é, doses consideras farmacológicas que atuam no tratamento das
dislipidemias e nutricionistas não podem prescrever doses farmacológicas.
Vale destacar que indivíduos com boa ingestão proteica raramente irão apresentar déficits nos
níveis de vitamina B3. Em contra partida, pacientes idosos, desnutridos ou em dialise, por
exemplo, podem se beneficiar de sua suplementação.
90
91
92
93
FUNÇÕES
A coenzima A reage com grupos acil, dando origem a derivados tioéster, como acetil-CoA,
succinil-CoA, malonil-CoA e 3-hidroxi-3-metilglutaril (HMG – CoA). A coenzima A e seus
derivados acil são necessários para reações que geram energia a partir da degradação da
gordura, isto é, via β- oxidação, carboidratos e proteínas da dieta. Além disso, a coenzima A na
forma de acetil-CoA e succinil-CoA está envolvida no ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs), na
síntese de gorduras e colesterol, hormônios esteroides, vitaminas A e D, e do neurotransmissor
acetilcolina. Os derivados da coenzima A também são necessários para a síntese do hormônio
melatonina e para um componente da hemoglobina, chamado heme. Além disso, o
metabolismo de uma série de drogas e toxinas pelo fígado requer a coenzima A.
A coenzima A foi nomeada por seu papel nas reações de acetilação. A acetilação de proteínas
altera a carga geral das proteínas, modificando sua estrutura tridimensional e, potencialmente,
sua função. Por exemplo, a acetilação é um mecanismo que regula a atividade de hormônios
peptídicos, incluindo aqueles produzidos pela glândula pituitária. Além disso, a acetilação de
proteínas, como outras modificações pós-traducionais, demonstrou regular a localização
subcelular, a função e a meia-vida de muitas moléculas de sinalização, fatores de transcrição e
enzimas.
As bactérias que normalmente colonizam o cólon são capazes de sintetizar ácido pantotênico.
Um transportador especializado para a absorção de biotina e ácido pantotênico foi identificado
em células cultivadas derivadas do revestimento do cólon, sugerindo que os humanos podem
ser capazes de absorver o ácido pantotênico e a biotina produzida por bactérias intestinais. No
entanto, não se conhece até que ponto a síntese bacteriana contribui para o estado nutricional
de ácido pantotênico em humanos.
94
BIODISPONIBILIDADE
Os grãos integrais também são boas fontes de ácido pantotênico, mas o processamento e o
refino dos grãos podem resultar em uma perda de 35 a 75%. O congelamento e o enlatamento
de alimentos resultam em perdas semelhantes.
DEFICIÊNCIA
Ácido pantotênico está amplamente distribuído nos alimentos, recebeu esse nome porque
“pantothen” significa “de todo lugar”. Por essa razão, a deficiência de ácido pantotênico é muito
rara e foi observada apenas em casos de desnutrição grave.
95
TOXICIDADE
O ácido pantotênico não é conhecido por ser tóxico em humanos. O único efeito adverso
observado foi diarreia resultante de uma ingestão muito elevada de 10 a 20 g/dia de D-
pantotenato de cálcio.
A vitamina B5 é geralmente bem tolerada em doses de até 1.200 mg/dia. No entanto, efeitos
colaterais gastrointestinais, como náuseas e azia, foram relatados.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B5
96
No entanto, não há indicação para o ácido pantotênico isolado. Devido a sua ampla distribuição
nos alimentos e aos pouquíssimos estudos clínicos, não há justificativa para a suplementação
isolada de B5. Nesse cenário, a suplementação do ácido pantotênico em associação à outras
vitaminas do complexo B, com objetivo de garantir estado nutricional adequado, como em pós
cirurgia bariátrica, dietas muito restritivas, diarreia crônica etc., não há contraindicações.
97
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98
FUNÇÕES
Devido sua atividade como cofator, a vitamina B6 apresenta um conjunto de enzimas que
dependem de sua presença para desempenhar suas funções, são elas:
99
FONTES ALIMENTARES
A vitamina B6 é encontrada com maior frequência em alimentos de origem animal, como carnes,
de porco principalmente, leite e ovos. Entre os alimentos de origem vegetal, as principais fontes
são: batata inglesa, aveia, banana, gérmen de trigo, abacate, levedo de cerveja, cereais,
sementes e nozes.
DEFICIÊNCIA
A deficiência grave de vitamina B6 é incomum. Acredita-se que os alcoólatras correm maior risco
de deficiência devido à baixa ingestão alimentar e ao metabolismo prejudicado da vitamina.
Além disso, a deficiência de B6 é comum em pacientes com artrite reumatoide e outras doenças
inflamatórias. O quadro inflamatório desenvolvido em decorrência da doença, causa depleção
de B6.
100
- Dermatite seborreica
- Anemia microcítica (diminuição de HCM e VCM)
Vitamina B6 - Convulsões (provavelmente devido aos aumentos
níveis de metabólitos do triptofano que se acumulam
no cérebro de animais deficientes em B6)
- Depressão e confusão
- Aumento de homocisteína
TOXICIDADE
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
101
A biodisponibilidade de piridoxal fosfato também pode ser reduzida por metilxantinas, como a
teofilina usada para tratar certas doenças respiratórias. O uso de longo prazo de
antiinflamatórios não esteroidais (AINEs; por exemplo, celecoxibe e naproxeno) também pode
prejudicar o metabolismo da vitamina B6. Por outro lado, descobriu-se que altas doses de
vitamina B6 diminuem a eficácia de dois anticonvulsivantes, fenobarbital e fenitoína, e de L-
Dopa.
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B6
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B6
Quando falamos em formas químicas disponíveis para suplementação da vitamina B6, a forma
mais eficiente parece ser a forma ativa da piridoxina, na forma piridoxal fosfato (ou piridoxal 5'-
fosfato). No entanto, é preciso destacar que quando administrada nessa forma, o grupamento
fosfato da molécula é clivado no intestino, isto é, há uma conversão da piridoxal fosfato em
piridoxina. Nesse cenário, a forma mais efetiva e com melhor custo-benefício para vitamina B6
é na forma de piridoxina.
102
103
104
FUNÇÕES
A biotina atua como coenzima para quatro enzimas da família das carboxilases:
Biotinilação
105
Além disso, a maioria das bactérias que normalmente colonizam o intestino delgado e o cólon
sintetizam biotina. Se a biotina é liberada e absorvida por humanos em quantidades
significativas permanece desconhecido. A captação de biotina livre nas células intestinais
através do transportador multivitamínico dependente de sódio humano (hSMVT) foi
identificada em células cultivadas derivadas do revestimento do intestino delgado e cólon,
sugerindo que os humanos podem ser capazes de absorver biotina produzida por bactérias.
FONTES ALIMENTARES
A biotina é encontrada em muitos alimentos, seja como a forma livre diretamente absorvida
pelos enterócitos ou como biotina ligada às proteínas da dieta. Gema de ovo e fígado são fontes
ricas em biotina.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Vitamina B5: grandes doses de ácido pantotênico têm potencial de competir com a biotina pela
captação intestinal e celular pelo transportador multivitamínico dependente de sódio humano
(hSMVT).
A biotina também compartilha o hSMVT com o ácido α-lipóico. Descobriu-se que doses
farmacológicas de ácido α-lipóico diminuem a atividade de carboxilases dependentes de biotina
em ratos, mas tal efeito não foi demonstrado em humanos.
106
Embora a deficiência severa de biotina seja muito rara, ela pode ser encontrada em (1)
indivíduos com nutrição parenteral sem suplementação de biotina em sua composição; (2) em
bebês alimentados com uma fórmula elementar desprovida de biotina; e (3) consumo de altas
quantidades de clara de ovo crua por um período prolongado.
A clara de ovo crua contém uma proteína antimicrobiana conhecida como avidina, que pode se
ligar à biotina e impedir sua absorção. Cozinhar a clara de ovo desnatura a avidina, tornando-a
suscetível à digestão e, portanto, incapaz de prevenir a absorção da biotina da dieta. Além disso,
a deficiência de vitamina B7 pode ocorrem em indivíduos com desnutrição proteico-energética
severa.
Além disso, outros fatores como o tabagismo, tem sido associado ao aumento do catabolismo
da biotina, levando a deficiência. Certos tipos de doença hepática podem diminuir a atividade
da biotinidase e, teoricamente, aumentar a necessidade de biotina. E por fim, o uso de
anticonvulsivantes aumentam o risco de depleção de biotina.
107
- Queda de cabelo
Vitamina B7
- Vermelhidão ao redor dos olhos, nariz,
boca e genitais
- Depressão, letargia, alucinações
TOXICIDADE
Não é conhecida toxicidade por biotina. Em pessoas sem distúrbios do metabolismo da biotina,
doses de até 5 mg/dia por dois anos não foram associadas a efeitos adversos.
A suplementação oral de biotina foi bem tolerada em doses de até 200mg/dia (quase 7.000
vezes a AI) em pessoas com distúrbios hereditários do metabolismo da biotina. A suplementação
diária com uma formulação altamente concentrada de biotina (100-600mg) por vários meses
também foi considerada bem tolerada em indivíduos com esclerose múltipla progressiva.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
108
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B7
Enquanto a suplementação de biotina é elogiada pelo público em geral por sua contribuição
para o cabelo crescimento, crescimento das unhas e pele, há uma escassez da literatura que
apoia a eficácia da biotina para esses fins. No entanto, sabe-se que sua administração é segura,
onde não foram relatados efeito adversos para doses de até 5mg/dia durante 2 anos.
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112
• 5-metil-tetrahidrofolato (5-MTHF)
• 5-formiltetrahidrofolato (5-FTHF ou folínico)
• 10-formil-THF
• 5,10-metileno-THF
• Tetrahidrofolato (THF)
FUNÇÕES
As coenzimas de folato desempenham um papel vital no metabolismo do DNA por meio de duas
vias diferentes: (1) A síntese de DNA a partir de seus precursores, timidina e purinas; (2) uma
coenzima de folato é necessária para a síntese de metionina a partir da homocisteína, e a
metionina é necessária para a síntese de S-adenosilmetionina (SAME). O SAME é um doador de
grupo metil usado na maioria das reações de metilação, incluindo a metilação de uma série de
locais no DNA, RNA, proteínas e fosfolipídios. A metilação do DNA desempenha um papel no
controle da expressão gênica e é crítica durante a diferenciação celular. Aberrações na metilação
do DNA têm sido associadas ao desenvolvimento de câncer, por exemplo.
113
Os folatos são encontrados numa grande variedade de alimentos. As fontes mais ricas são o
fígado, os vegetais de folha verde escura, os feijões, o gérmen de trigo e a levedura. Outras
fontes são a gema de ovo, a linhaça, o suco de laranja e o pão de trigo integral.
A absorção intestinal de folatos dietéticos é um processo de duas etapas que envolve a hidrólise
de folato-poliglutamatos em derivados monoglutamil, seguida de seu transporte para as células
intestinais. Lá, o ácido fólico é convertido em um 5-metiltetrahidrofolato (5-MTHF), a principal
forma de folato em circulação no corpo humano.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
114
Riboflavina: embora menos conhecido, o folato tem uma importante interação metabólica com
a riboflavina. A riboflavina é um precursor do dinucleotídeo de flavina e adenina (FAD), uma
coenzima necessária para a atividade da enzima metabolizadora do folato, 5,10-metilenotetra-
hidrofolato redutase (MTHFR). O MTHFR dependente de FAD, por sua vez, catalisa a reação que
gera 5-metiltetrahidrofolato. Esta forma ativa de folato é necessária para formar metionina a
partir da homocisteína.
DEFICIÊNCIA
A gravidez é uma época em que a necessidade de folato é muito aumentada para sustentar a
demanda por rápida replicação celular e crescimento do tecido fetal, placentário e materno.
Condições como câncer ou inflamação crônica também podem resultar em taxas aumentadas
de divisão celular e metabólica, causando um aumento na demanda corporal por folato.
115
A saturação metabólica da enzima dihidrofolato redutase (DHFR) por doses orais de ácido fólico
vindas dos alimentos enriquecidos, foi associada ao aparecimento de ácido fólico não
metabolizado no sangue. Um estudo conduzido no Brasil com 144 indivíduos, identificou a
presença ácido fólico não metabolizado em todos os participantes através da dosagem
sanguínea de UMFA (Unmetabolized Folic Acid). Acredita-se que o padrão alimentar ocidental
e o consequente aumento no consumo de alimentos fortificados com ácido fólico é o principal
responsável por esse excesso. No entanto, ainda não se sabe até que ponto esse excesso é
potencialmente prejudicial, o que reforça o cuidado com suplementação adicional de ácido
fólico sintético.
TOXICIDADE
Nenhum efeito adverso foi associado ao consumo de folato em excesso nos alimentos. As
preocupações com a segurança limitam-se à ingestão de ácido fólico sintético.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
116
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
O metotrexato é um antagonista do folato usado para tratar várias doenças, incluindo câncer,
artrite reumatoide e psoríase. Alguns dos efeitos colaterais do metotrexato são semelhantes aos
da deficiência grave de folato. Além disso, vários outros medicamentos mostraram ter atividade
antifolato, incluindo trimetoprim (um antibiótico), pirimetamina (um antimalárico), triamtereno
(um medicamento para pressão sanguínea) e sulfassalazina (um tratamento para colite
ulcerosa).
RECOMENDAÇÃO DE VITAMINA B9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B9
O folato é umas das vitaminas mais versáteis quando a tematica é forma química para
suplementação. No entanto, ter uma variedade de formas disponíveis para apresentação não
garante que elas apresentem o mesmo papel, tampouco o mesmo efeito.
117
Além disso, vale destacar que é necessário observar se indivíduo candidato à suplementação
consome alimentos fortificados com ácido fólico e alimentos fonte de folato em excesso, pois
muitas vezes não será necessário suplementá-lo, salva exceções como aumento nos níveis de
homocisteína, indivíduos diagnosticados com artrite reumatóide, e em uso de antidepressivos,
por exemplo.
118
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119
120
A cobalamina, também conhecida como vitamina B12, apresenta uma molécula de cobalto no
centro de sua estrutura, conferindo assim, propriedades singulares, quando comparada a outras
vitaminas do complexo B.
FUNÇÕES
Dentre suas funções, está sua participação como cofator da enzima dependente do folato, a
metionina sintase (MS). Esta enzima é necessária para a síntese do aminoácido metionina a
partir da homocisteína. A metionina, por sua vez, é necessária para a síntese de S-
adenosilmetionina, um doador de grupo metil usado em muitas reações de metilação, incluindo
a metilação de DNA, RNA e proteínas. Padrões aberrantes de metilação causam alteração da
cromatina e alteram a expressão gênica, além de que, quando desempenha uma função
inadequada, a MS pode levar ao acúmulo de homocisteína, associada ao aumento do risco de
doenças cardiovasculares.
FONTES ALIMENTARES
A vitamina B12 está presente em boas quantidades nos alimentos de origem animal,
especialmente nos peixes de águas frias e profundas, como salmão, truta e atum, fígado, carne
de porco, leite e derivados, ovos e ostras.
121
A vitamina B12 também pode ser absorvida por difusão passiva, mas esse processo é muito
ineficiente - apenas cerca de 1% da absorção da dose de vitamina B12. As causas prevalentes da
deficiência de vitamina B12 são condições autoimunes, como por exemplo a anemia perniciosa
e distúrbios de má absorção.
Acredita-se que a gastrite atrófica é uma causa comum de deficiência de B12. A função gástrica
diminuída em indivíduos com gastrite atrófica pode resultar em crescimento excessivo de
bactérias no intestino delgado e causar má absorção de vitamina B12, como por exemplo, os
níveis de vitamina B12 no soro, plasma e fluidos gástricos são significativamente diminuídos em
indivíduos com infecção por H. pylori, e a erradicação da bactéria demonstrou melhorar
significativamente as concentrações séricas de cobalamina.
Má absorção: a má absorção da vitamina B12 ligada a alimentos é definida como uma capacidade
prejudicada de absorver B12 ligada a alimentos ou proteínas; indivíduos com essa condição
podem absorver a forma livre. Embora a condição seja a principal causa do baixo status de
vitamina, geralmente ela está associada à gastrite atrófica, uma inflamação crônica do
revestimento do estômago que acaba resultando na perda de glândulas do estômago (atrofia)
e diminuição produção de ácido estomacal. Como o ácido do estômago é necessário para a
liberação da vitamina B12 das proteínas dos alimentos, a absorção da vitamina B12 é prejudicada.
122
Além disso, a vitamina B12 é encontrada em alimentos de origem animal, uma dieta vegetariana
estrita (vegana) pode resultar em casos de deficiência de vitamina B12. Os alcoólatras também
podem experimentar redução da absorção intestinal de vitamina B12, e os indivíduos com
síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) parecem estar em maior risco de deficiência,
possivelmente relacionado a uma falha do receptor IF-B12 em captar o IF- Complexo B12.
TOXICIDADE
Nenhum efeito tóxico ou adverso foi associado à grande ingestão de vitamina B12 em alimentos
ou suplementos em pessoas saudáveis. Doses de até 2mg (2.000μg) por dia por via oral ou 1mg
por mês por injeção intramuscular têm sido usadas para tratar a anemia perniciosa sem efeitos
colaterais significativos. Quando altas doses de vitamina B12 são administradas por via oral,
apenas uma pequena porcentagem pode ser absorvida, o que pode explicar a baixa toxicidade.
123
Deficiente: < 200 Deficiente: < 0,4 µmol/L Deficiente: < 10 µmol/L
O exame de cobalamina sérica representa um total de 3 frações da vitamina B12, são elas:
A dosagem sérica de vitamina B12 sofre algumas restrições pelos problemas de sensibilidade e
especificidade, podendo ocorrer sintomas de deficiência mesmo com vitamina B12 sérica dentro
dos níveis normais ou, de outro modo, ocorrendo baixos níveis de vitamina B12 sérica sem,
contudo, apresentar baixos níveis da fração de vitamina realmente disponível para as células
(transcobalamina) e sem apresentar sintomatologia.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Outros medicamentos que inibem a absorção de vitamina B12 dos alimentos incluem
colestiramina (uma resina de ligação aos ácidos biliares usada no tratamento do colesterol alto),
cloranfenicol e neomicina (antibióticos) e colchicina (medicamento para o tratamento da gota).
A metformina, um medicamento para indivíduos com diabetes tipo 2 também diminuiu a
absorção de vitamina B12 ao reduzir a disponibilidade de cálcio para a absorção do complexo IF-
B12. No entanto, o significado clínico disso não é claro. Não se sabe se a suplementação de cálcio
de forma crônica pode reverter a má absorção de vitamina B12; portanto, a suplementação de
cálcio não é atualmente prescrita para a prevenção ou tratamento da deficiência de vitamina
B12 induzida por metformina.
O óxido nitroso, um anestésico é capaz de oxidar e inativar a vitamina B12, inibindo assim ambas
as enzimas dependentes de B12 e pode produzir muitas das características clínicas da deficiência,
como anemia megaloblástica ou neuropatia.
124
125
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127
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VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS
Nutriente Medicamentos Consequência
Anti-inflamatórios não esteroides
↓ Vit. C
(aspirina, ibuprofeno)
Contraceptivo oral
↓ Vit. C
(estrogênio)
Inibidores da bomba de prótons
↓ Vit. C
(omeprazol, lansoprazol)
Vitamina C
Antipsicótico
↓ fármaco
(prolixin)
Antirretroviral
↓ fármaco
(crixivan)
Anticoagulantes
↓ fármaco
(varfarina)
Diuréticos
↓ Vit. B1
(furosemida)
Anticonvulsivante
(dilantin, cerebyx, luminal, tegretol e ↓ Vit. B1
Vitamina B1 rimactane)
5-Fluorouracil
↓ Vit. B1
(antimetabólico)
Diuréticos
↓ Vit. B1
(furosemida)
Contraceptivo oral
↓ Vit. B1
(estrogênio)
Anticonvulsivante
(dilantin, cerebyx, luminal, tegretol e ↓ Vit. B1
rimactane)
Antipsicóticos inibe a incorporação da B2 no
(clorpromazina) FAD
Vitamina B2 inibe a incorporação da B2 no
Antidepressivos tricíclicos
FAD
inibe a incorporação da B2 no
Antimaláricos
FAD
Antibióticos inibe a incorporação da B2 no
(quinacrina) FAD
Adriaminicina inibe a incorporação da B2 no
(quimiot) FAD
Estatinas
risco de rabdomiólise
(lipitor, zocor, lovasterol, pravacol)
Sequestradores de ácido biliar
risco de miopatia
(colestiramina, colestipol)
Vitamina B3 Antilipêmico
risco de miopatia
(lopid)
Analgésicos e antipiréticos
risco de hepatotoxicidade
(paracetamol)
Antiarrítmico/vasodilatador risco de hepatotoxicidade
129
130
131
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano. Cerca de 99% do cálcio do corpo é
encontrado nos ossos e dentes, enquanto o outro 1% é encontrado no sangue e nos tecidos
moles. As concentrações de cálcio no sangue e no fluido extracelular devem ser mantidas dentro
de uma faixa estreita para o funcionamento fisiológico normal.
FUNÇÕES
As funções fisiológicas do cálcio (Ca) são tão vitais para a sobrevivência que o corpo estimula a
reabsorção óssea (desmineralização) para manter as concentrações normais de cálcio no sangue
quando a ingestão é inadequada. Assim, a ingestão adequada de cálcio é um fator crítico na
manutenção de um esqueleto saudável.
As concentrações de cálcio no sangue e nos fluidos que circundam as células são rigidamente
controladas para preservar a função fisiológica normal. Uma ligeira queda na concentração de
cálcio no sangue (por exemplo, no caso de ingestão inadequada de cálcio) é detectada pelas
glândulas paratireoides, resultando na secreção aumentada de paratormônio (PTH). Nos rins, o
PTH estimula a conversão da vitamina D em sua forma ativa, a 1,25-di-hidroxivitamina D, que
diminui rapidamente a excreção urinária de cálcio, e aumenta a excreção urinária de fósforo.
Elevações do PTH também estimulam a reabsorção óssea, resultando na liberação de mineral
ósseo (cálcio e fosfato) - ações que também contribuem para restaurar as concentrações séricas
de cálcio.
Células excitáveis, como o músculo esquelético e as células nervosas, contêm canais de cálcio
dependentes de voltagem em suas membranas celulares que permitem mudanças rápidas nas
concentrações de cálcio. Por exemplo, quando um impulso nervoso estimula a contração de
uma fibra muscular, os canais de cálcio na membrana celular se abrem para permitir que os íons
de cálcio entrem na célula muscular. Dentro da célula, esses íons de cálcio se ligam a proteínas
132
Além disso, o cálcio é necessário ainda para estabilizar diversas proteínas otimizando suas
atividades. A ligação dos íons de cálcio é necessária para a ativação dos sete fatores de
coagulação dependentes da vitamina K na cascata de coagulação. O termo "cascata de
coagulação" refere-se a uma série de eventos, cada um dependente do outro, que para o
sangramento por meio da formação do coágulo.
FONTES ALIMENTARES
Dentre suas fontes, o cálcio apresenta-se em sua maioria, disponível em alimentos de origem
láctea, como leite e iogurtes. Além disso, podemos encontrá-lo em algumas oleaginosas, e em
menor quantidade em peixes.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Vitamina K: a vitamina K interage com o cálcio através da proteína GLA de matriz (forma
carboxilada). Na presença de níveis adequados de vitamina K não há calcificação de tecidos
moles, protegendo assim, tecidos como o miocárdio.
Sódio: o sódio dietético é o principal determinante da perda urinária de cálcio, conhecida como
calciúria. A ingestão elevada de sódio resulta em maior perda de cálcio na urina, possivelmente
devido à competição entre o sódio e o cálcio pela reabsorção renal ou por um efeito do sódio
133
Proteínas: outro ponto importante a ser avaliado é o teor proteico da alimentação. O consumo
excessivo de proteínas está associado à acidose metabólica e consequente aumento da calciúria
(ocorre retirada de carbonato de cálcio dos ossos para tamponar o sangue). No entanto, dados
mais recentes, sugerem um efeito neutro, uma vez que o consumo de proteínas também
aumenta a expressão de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1), que
apresenta efeito benéfico na massa óssea. Portanto, o ideal é equilibrar um consumo proteico
adequado com alimentos fonte de precursores alcalinizantes como frutas e vegetais, evitando
assim, a calciúria.
De fato, no lúmen intestinal, os sais de cálcio podem se ligar ao fósforo para formar complexos
que são excretados nas fezes. Isso forma a base para o uso de sais de cálcio como ligantes de
fósforo para diminuir a absorção de fósforo em indivíduos com insuficiência renal. Além disso,
o aumento da ingestão de fósforo em refrigerantes à base de cola (alto teor de ácido fosfórico)
e aditivos alimentares (alto teor de fosfatos) pode ter efeitos adversos na saúde óssea.
Zinco: embora a alta ingestão de cálcio não tenha sido associada à absorção reduzida de zinco,
ou ao estado nutricional do zinco, um estudo inicial em 10 homens e mulheres demonstrou que
600mg de cálcio consumidos com uma refeição reduziram pela metade a absorção de zinco
daquela refeição. Adicionalmente, o cálcio suplementar (500mg na forma de carbonato de
cálcio), preveniu a absorção de licopeno da pasta de tomate em 10 adultos saudáveis
randomizados em um estudo cruzado.
DEFICIÊNCIA
A hipocalcemia, isto é, baixo nível de cálcio no sangue, geralmente implica em função anormal
da paratireoide, uma vez que o esqueleto fornece uma grande reserva de cálcio para manter os
níveis sanguíneos normais.
134
TOXICIDADE
A suplementação com cálcio, de 0,6 -2 g/dia por dois a cinco anos, foi associada a um maior risco
de eventos gastrointestinais adversos como constipação, cólicas, distensão abdominal, dor,
diarreia.
A hipercalcemia leve pode ser sem sintomas ou pode resultar em perda de apetite, náuseas,
vômitos, constipação, dor abdominal, fadiga, micção frequente (poliúria) e hipertensão. A
hipercalcemia mais grave pode resultar em confusão, delírio, coma e, se não tratada, morte.
135
Medidas de avaliação:
• Cálcio iônico - Do ponto de vista nutricional, o melhor é avaliar o
• Cálcio total sanguíneo consumo dietético de cálcio e outros minerais
• Cálcio urinário importantes para o metabolismo ósseo, como
• PTH magnésio e vitamina K.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
RECOMENDAÇÃO DE CÁLCIO
136
O consumo adequado de cálcio na infância e adolescência tem efeito positivo no pico de massa
óssea, que é atingido em torno dos 18 anos nas mulheres e aproximadamente 20 anos nos
homens. Do mesmo modo, a perda de massa óssea com o envelhecimento é em média de 0,5-
1,0% ao ano. Nesse cenário, em idosos com redução ingestão de cálcio, a suplementação
associada de cálcio com vitamina D, é capaz de prevenir a redução de massa óssea, torando
assim, a suplementação desse mineral, uma estratégia importante nessa faixa etária.
Uma metanálise dos estudos clínicos que compararam a biodisponibilidade do cálcio carbonato
com o cálcio na forma citrato em 184 indivíduos (15 estudos clínicos), observou que a maior
biodisponibilidade (de 22 a 27% superior) é encontrada no cálcio citrato, quando administrado
com estômago vazio ou junto com as refeições.
Ainda não há na literatura, um estudo que compare todas as formas de administração do cálcio
suplementar, por essa razão, vale observar a necessidade individual (condições clínicas) e o
objetivo da suplementação. Por exemplo, pacientes gastrectomizados pela técnica Y de Roux,
absorvem menos cálcio nas formas carbonato ou citrato. Um estudo ofereceu 400mg de cálcio
elementar na forma citrato de cálcio (PCC) efervescente ou citrato de cálcio na forma tablete
(Citracal Petite). De modo interessante, a forma efervescente na forma de citrato de cálcio (PCC)
parece ser a melhor opção pois apresento maior biodisponibilidade e maior redução dos níveis
de PTH. Infelizmente até o momento não foram encontrados trabalhos avaliando a
biodisponibilidade do Ca quelato em pacientes gastrectomizados.
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140
O cobre (Cu) é um oligoelemento essencial para humanos. No corpo, o cobre se desloca entre
as formas cuproso (Cu1+) e cúprico (Cu2+), embora a maioria do cobre do corpo esteja na forma
Cu2+. A capacidade do cobre de aceitar e doar elétrons facilmente explica seu importante papel
nas reações de oxidação-redução (redox) e na eliminação de radicais livres. O cobre é um
componente funcional crítico de várias enzimas essenciais conhecidas como cuproenzimas que
desempenham diferentes funções.
FUNÇÕES
A enzima dependente de cobre, citocromo C oxidase (ou complexo IV), desempenha um papel
crítico na produção de energia celular. Ao catalisar a redução do oxigênio molecular (O 2) em
água (H2O), a citocromo c oxidase gera um gradiente elétrico usado pela mitocôndria para criar
ATP.
Outra cuproenzima, a lisil oxidase (LOX), é necessária para a reticulação de colágeno e elastina,
que são essenciais para a formação de tecido conjuntivo. A ação da LOX ajuda a manter a
integridade do tecido conjuntivo do coração e dos vasos sanguíneos e desempenha um papel na
formação óssea.
A ceruloplasmina pode funcionar como antioxidante de duas maneiras diferentes: (1) Os íons de
cobre e ferro livres são catalisadores poderosos dos danos dos radicais livres. Ao se ligar ao
cobre, a ceruloplasmina impede que os íons de cobre livres catalisem o dano oxidativo; (2) a
atividade da ferroxidase da ceruloplasmina (oxidação do ferro ferroso) facilita o carregamento
de ferro em sua proteína de transporte, a transferrina, e pode impedir que íons ferrosos livres
(Fe2+) participem de reações geradoras de radicais livres prejudiciais. Além disso, a superóxido
dismutase (SOD) atua como um antioxidante catalisando a conversão de radicais superóxido
(radicais livres ou ROS) em peróxido de hidrogênio (H2O2), que pode ser posteriormente
reduzido a água por outras enzimas antioxidantes.
141
Por fim, os níveis de cobre celular podem afetar a síntese de proteínas, aumentando ou inibindo
a transcrição de genes específicos. O cobre pode regular a expressão de genes, aumentando o
nível de estresse oxidativo intracelular. Diversas vias de transdução de sinal são ativadas em
resposta ao estresse oxidativo e podem levar a um aumento na expressão de genes envolvidos
na desintoxicação de espécies reativas de oxigênio.
FONTES ALIMENTARES
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Ferro: o estado nutricional adequado de cobre é necessário para o metabolismo normal do ferro
e formação de glóbulos vermelhos. A anemia, por exemplo, pode ser um sinal clínico de
deficiência de cobre. A deficiência de cobre pode levar à deficiência secundária de
ceruloplasmina e sobrecarga hepática de ferro, consequentemente. A suplementação oral de
cobre restaurou os níveis normais de ceruloplasmina e a atividade da ferroxidase plasmática e
corrigiu o distúrbio do metabolismo do ferro em um sujeito com deficiência de cobre. Além
disso, bebês alimentados com uma fórmula com alto teor de ferro absorveram menos cobre do
que bebês alimentados com uma fórmula com baixo teor de ferro, sugerindo que a alta ingestão
de ferro pode interferir na absorção de cobre em bebês.
Zinco: a alta ingestão de suplementos de zinco (50 mg/dia ou mais por longos períodos) pode
resultar em deficiência de cobre. Além disso, a alta ingestão de zinco na dieta aumenta a síntese
de uma proteína celular intestinal chamada metalotioneína, que se liga a certos metais e evita
sua absorção, prendendo-os nas células intestinais. A metalotioneína tem uma afinidade mais
forte com o cobre do que com o zinco, então altos níveis de metalotioneína induzidos pelo
excesso de zinco causam uma diminuição na absorção do cobre. Em contraste, a alta ingestão
de cobre não afetou o estado nutricional do zinco.
142
DEFICIÊNCIA
Um dos sinais clínicos mais comuns de deficiência de cobre é uma anemia que não responde à
terapia com ferro, mas que é corrigida com a suplementação de cobre. Embora se acredite que
a anemia resulte da mobilização deficiente de ferro devido à atividade diminuída da
ceruloplasmina, a ausência da glicoproteína em indivíduos com aceruloplasminemia hereditária
nem sempre está associada à anemia evidente.
Indivíduos de alto risco incluem bebês prematuros, especialmente aqueles com baixo peso ao
nascer, bebês com diarreia prolongada; bebês e crianças em recuperação de desnutrição; e
indivíduos com síndromes de má absorção, incluindo doença celíaca e síndrome do intestino
curto devido à remoção cirúrgica de grandes porções do intestino.
Indivíduos recebendo nutrição parenteral total intravenosa sem cobre ou outras dietas restritas
também podem precisar de suplementação com cobre e outros oligoelementos. A deficiência
de cobre em bebês com colestase foi associada à nutrição parenteral de longo prazo com falta
de cobre. Relatos de casos indicam que pacientes com fibrose cística também podem apresentar
risco aumentado de insuficiência de cobre. Finalmente, a ingestão excessiva de zinco levou à
143
Uma síndrome neurológica foi descrita em adultos com deficiência de cobre adquirida. Os
sintomas incluem desmielinização do sistema nervoso central, polineuropatia, mielopatia e
inflamação do nervo óptico. A etiologia é desconhecida na ausência de fatores de risco
proeminentes; relatos de casos descrevem aumento no conteúdo de cobre intestinal sugerindo
uma síndrome de má absorção como a doença de Menkes, mas as mutações no gene ATP7A não
foram associadas à doença. A reposição oral de cobre (2mg/dia de cobre elementar) normaliza
as concentrações séricas de cobre e ceruloplasmina, estabiliza a condição e melhora
significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados. No entanto, a duração da
suplementação de cobre ainda não foi estabelecida, e incrementos de dosagem podem ser
necessários em casos de recidiva.
A doença de Menkes é uma deficiência de cobre herdada. Nesses casos, o tráfego de cobre
dentro da maioria das células, exceto hepatócitos, é facilitado por uma ATPase de transporte de
Cu1+, chamada de ATP7A. Mutações no gene ATP7A prejudicam o transporte de cobre
intracelular, que se acumula no citosol de enterócitos e células endoteliais vasculares. Isso
resulta em deficiência sistêmica de cobre e diminuição da atividade da cuproenzima. O
transporte do cobre para o cérebro também é afetado, levando ao acúmulo de cobre na barreira
hematoencefálica e à redução da atividade da cuproenzima nos neurônios.
Nesse cenário, ainda é muito complexo identificar parâmetros objetivos para justificar a
suplementação do cobre, principalmente pela falta de marcadores bioquímicos e falta de sinais
e sintomas na deficiência moderada.
- Neutropenia
Cobre - Osteoporose e outros problemas ósseos
- Sintomas neurológicos
- Prejuízo do crescimento
- Perda da pigmentação da pele
TOXICIDADE
144
Existe alguma preocupação de que a UL de 10mg/dia possa ser muito alta. Um estudo
demonstrou que indivíduos adultos que consumiram 7,8mg/dia de cobre por 147 dias
acumularam cobre durante esse tempo, e alguns índices de função imunológica e status
antioxidante sugeriram que essas funções foram adversamente afetadas pela alta ingestão de
cobre. No entanto, outro estudo não relatou quaisquer efeitos adversos em indivíduos
suplementados com 8 mg/dia de cobre por seis meses.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
- Ceruloplasmina não é um marcador específico pois pode
↑ de 2 a 3 vezes na doença crônica inflamatória e nas
infecções aguda e crônica;
• Cobre eritrocitário
- Cobre eritrocitário teoricamente reflete melhor os
estoques corporais (mas há pouquíssimos estudos com este
marcador).
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Pouco se sabe sobre a interação do cobre com drogas. A penicilamina, um quelante, é usada
para ligar o cobre e aumentar sua eliminação na doença de Wilson, uma doença genética que
resulta em sobrecarga hepática de cobre.
Além disso, há relatos de variações séricas de cobre durante o ciclo menstrual, especificamente
há um aumento nos níveis séricos durante a menstruação e uma diminuição nos níveis durante
o período ovulatório. Não se conhece exatamente o mecanismo, mas os anticoncepcionais
parecem aumentar os níveis de cobre através de seus transportadores ATP7A e ATP7B. Uma
metanálise com 26 estudos clínicos mostrou que mulheres que usam anticoncepcional
apresentavam níveis séricos de cobre entre 1,5 e 2mg/L, que são níveis acima dos valores de
referência. Esse nível acima da referência pode indicar um aumento do estresse oxidativo nessas
mulheres. Por essa razão é necessário observar realmente se há uma necessidade de
suplementação ou não.
145
SUPLEMENTAÇÃO DE COBRE
O Cobre é ainda é um mineral pouco estudado, apesar da recomendação para adultos ser 900
mcg/dia a fim de se evitar a deficiência. Em conta partida, ainda não se sabe a quantidade
necessária para otimizar o estado nutricional desse mineral devido à falta de biomarcadores
confiáveis na prática clínica.
Estudo in vitro com fatias de jejuno de ratos comparou a biodisponibilidade do cobre quelato
com as formas sulfato e carbonato, cujas formas apresentam mesma quantidade de cobre
elementar. De modo significativo, o cobre na forma quelato apresentou maior
biodisponibilidade nesses animais de 35 mg/kg, quando comparada as outras formas 8 mg/kg
e 12 mg/kg, respectivamente.
Nesse cenário, nos casos em que a suplementação se faz necessária, como por exemplo, pós
cirurgia bariátrica ou no caso de pacientes com dietas muito restritivas, pacientes com
suplementos com altas doses de zinco e/ou ferro, anemia não responsiva à suplementação de
ferro, é interessante optar por doses baixas, tendo em vista que altas doses podem
potencialmente aumentam o estresse oxidativo, além da ausência de evidencia cientificas de
biomarcadores clínicos.
146
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148
149
Cromo (Cr) foi descoberto em 1797. No ambiente encontramos o cromo em sua forma
hexavalente (Cr6+). O cromo hexavalente é derivado do cromo trivalente por aquecimento em
pH alcalino e é usado como fonte de cromo para fins industriais. O cromo hexavalente é
altamente tóxico e é classificado como carcinógeno humano quando inalado. No ambiente ácido
do estômago, o cromo hexavalente pode ser prontamente reduzido a cromo trivalente pela
redução de substâncias presentes nos alimentos, o que limita a ingestão de cromo hexavalente.
Em sistemas biológicos, a forma mais comum e estável de cromo é o cromo trivalente (Cr3+), que
forma complexos relativamente inertes com proteínas e ácidos nucléicos. A forma trivalente
está presente nos alimentos e suplementos, é a mais estável e com menor risco de toxicidade,
além de inibir o estresse oxidativo e a secreção de citocinas inflamatórias.
FUNÇÕES
Foi proposto que o cromo trivalente seja o cofator de uma molécula biologicamente ativa que
pode potencializar os efeitos da insulina nos tecidos-alvo. A insulina é secretada por células
especializadas do pâncreas em resposta ao aumento dos níveis de glicose no sangue, como após
uma refeição. A insulina se liga aos seus receptores na superfície das células, ativando-os e
estimulando a captação de glicose pelas células.
Para que o cromo participe de forma efetiva desse processo, postula-se que o cromo trivalente
atue como cofator da cromodulina (ou LMWCr), e encontra-se nas formas apocromodulina (sem
cromo) e cromodulina (ligada a 4 íons de Cr3+). Acredita-se que a cromodulina aumente a cascata
de eventos de sinalização induzidos pela ligação da insulina à subunidade α extracelular do
receptor de insulina (RI). Após a ligação à insulina, o domínio tirosina quinase da subunidade β
intracelular do IR torna-se ativado e causa a fosforilação de resíduos de tirosina na própria
subunidade β. Posteriormente, a ativação de RI desencadeia uma série de reações de
fosforilação rápidas resultando, eventualmente, em um aumento na captação e
armazenamento de glicose.
Além disso, o cromo estimula a captação de carboidratos através do fator de tolerância à glicose
(GTF), que possui Cr3+ em sua composição, além de ácido nicotínico, glicina, cisteína e ácido
glutâmico. Quando a insulina se liga ao receptor associado a presença e biodisponibilidade do
cromo, nosso corpo amplifica os sinais dos receptores localizados na membrana, otimizando a
translação de GLUT4 do citoplasma para a membrana celular, com a consequente entrada de
glicose na célula.
150
Por outro lado, o cromo também se liga à transferrina, atuando no metabolismo do ferro. O
excesso de ferro, por exemplo a hemocromatose, pode interferir no transporte do cromo, por
competição, deixando assim, o cromo “livre”. No entanto, os dados em relação à suplementação
de cromo e estado nutricional do ferro são controversos.
FONTES ALIMENTARES
A quantidade de cromo nos alimentos é variável e foi medida com precisão em relativamente
poucos alimentos. Atualmente, não existe um grande banco de dados para o conteúdo de cromo
dos alimentos. Carnes processadas, produtos de grãos integrais, cereais com alto teor de farelo,
feijão verde, brócolis, nozes e gema de ovo são boas fontes de cromo. Alimentos ricos em
açúcares simples, como sacarose e frutose, geralmente são pobres em cromo e podem
promover a excreção de cromo.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Ferro: o cromo compete por sítio de ligação na proteína de transporte do ferro, a transferrina.
No entanto, a suplementação de homens mais velhos com 925 mcg/dia de cromo por 12
semanas não afetou significativamente as medidas do estado nutricional de ferro. Um estudo
com homens mais jovens encontrou uma diminuição insignificante na saturação da transferrina
com ferro após a suplementação de 200 mcg/dia de cromo por oito semanas, mas nenhum
estudo de longo prazo abordou essa questão. Em um ensaio clínico randomizado e controlado
de 12 semanas, a suplementação com picolinato de cromo (200 mcg/dia) não afetou o estado
nutricional de ferro em mulheres na pré-menopausa quando comparada ao ácido picolínico ou
ao placebo. A sobrecarga de ferro na hemocromatose hereditária pode interferir no transporte
de cromo ao competir pela ligação da transferrina.
151
DEFICIÊNCIA
Casos potenciais de deficiência de cromo foram descritos em alguns pacientes com nutrição
parenteral por longos períodos. No entanto, como as soluções intravenosas fornecem cromo
em doses bem acima dos níveis dietéticos, tem sido sugerido que o cromo pode produzir efeitos
biológicos apenas em doses farmacológicas.
Exercício aeróbico e de força parecem favorecer a eliminação de cromo pela urina. No entanto,
estudos com exercício não mostram efeitos benéficos da suplementação em indivíduos
eutróficos e saudáveis quando comparado a indivíduos com resistência à insulina ou diabetes
tipo II. A perda de cromo urinário foi supostamente aumentada por exercícios de resistência em
corredores do sexo masculino, sugerindo que as necessidades de cromo podem ser maiores em
indivíduos que se exercitam regularmente. Em um estudo, o levantamento de peso (exercícios
resistidos) aumentou a excreção urinária de cromo em homens mais velhos. No entanto, a
absorção de cromo também aumentou, levando a pouca ou nenhuma perda líquida de cromo
como resultado do exercício resistido.
- Intolerância à glicose
Cromo
- ↑ de ácidos graxos livres circulantes
- Perda de peso
- Neuropatia periférica
TOXICIDADE
Quando avaliamos a toxicidade, há poucas evidências de que o cromo trivalente (Cr3+) seja tóxico
para os humanos. A toxicidade da ingestão oral é considerada baixa porque o cromo ingerido é
mal absorvido e a maior parte do cromo absorvido é rapidamente excretado na urina.
152
A insuficiência renal foi relatada cinco meses após um curso de seis semanas de 600 mcg/dia de
cromo na forma de picolinato de cromo, enquanto a insuficiência renal e a função hepática
prejudicada foram relatadas após o uso de 1.200-2.400 mcg/dia por um período de quatro a
cinco meses. Indivíduos com doença renal ou hepática preexistente podem ter maior risco de
efeitos adversos e devem limitar a ingestão de cromo suplementar.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
- Cromo sérico pode ser usado como indicativo do estado
nutricional (os níveis séricos se modificam em resposta
à suplementação);
- Cromo eritrocitário não é indicativo do estado
nutricional do cromo, mas sim um marcador de
• Cromo sérico (estado nutricional)
exposição tóxica ao Cr, tendo em vista que o Cr que se
• Cromo eritrocitário (intoxicação)
acumula no eritrócito é o cromo hexavalente (Cr6+)
(geralmente resultante da exposição a resíduos
industriais);
- O Cr3+ (de alimentos e suplementos) não se acumula nos
eritrócitos;
RECOMENDAÇÃO DE CROMO
SUPLEMENTAÇÃO DE CROMO
O cromo é um mineral que não apresenta UL não determinada e por essa razão, deve-se ter um
cuidado ao ser suplementada.
153
154
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155
156
O ferro (Fe) é o quarto elemento mais abundante da crosta terrestre e um dos micronutrientes
mais bem estudados na ciência da nutrição. É um elemento-chave no metabolismo de todos os
organismos vivos. O ferro existe em dois estados de oxidação biologicamente relevantes: a
forma ferrosa (Fe2+) e a forma férrica (Fe3+). O ferro é um componente essencial de centenas de
proteínas e enzimas que suportam funções biológicas essenciais, como transporte de oxigênio,
produção de energia, síntese de DNA e crescimento e replicação celular.
FUNÇÕES
D) Enzimas não heme que requerem ferro como cofator para suas atividades catalíticas,
como a fenilalanina, tirosina, triptofano e lisina hidroxilases; Fator induzível por hipóxia
(HIF) prolil e asparaginil hidroxilases; ribonucleotídeo redutase;
Globina-heme são proteínas que apresentam um heme em sua estrutura e estão envolvidas no
transporte e armazenamento de oxigênio e, em menor grau, podem atuar como eliminadores
de radicais livres: (1) hemoglobina é a proteína primária encontrada nas hemácias e representa
cerca de dois terços do ferro do corpo. O papel vital da hemoglobina no transporte de oxigênio
dos pulmões para o resto do corpo é derivado de sua capacidade única de adquirir oxigênio
rapidamente durante o curto tempo que passa em contato com os pulmões e de liberar oxigênio
conforme necessário durante sua circulação através dos tecidos; (2) A mioglobina atua no
transporte e armazenamento de curto prazo de oxigênio nas células musculares, ajudando a
adequar o suprimento de oxigênio à demanda dos músculos em atividade; (3) Uma terceira
157
Citocromos são enzimas contendo heme que têm papéis importantes no transporte de elétrons
mitocondrial necessário para a produção de energia celular. Especificamente, os citocromos
servem como transportadores de elétrons durante a síntese de ATP. O citocromo P450 (CYP) é
uma família de enzimas envolvidas no metabolismo de uma série de moléculas biológicas
importantes (incluindo ácidos orgânicos; ácidos graxos; prostaglandinas; esteróides; esteróis; e
vitaminas A, D e K), bem como na desintoxicação e metabolismo de drogas e poluentes. As
enzimas que contêm ferro não heme no ciclo do ácido cítrico, como a NADH desidrogenase e a
succinato desidrogenase, também são críticas para o metabolismo energético.
Catalase e algumas peroxidases são enzimas contendo heme que protegem as células contra o
acúmulo de peróxido de hidrogênio, uma espécie reativa de oxigênio (ROS) potencialmente
prejudicial, catalisando uma reação que converte o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio.
Como parte da resposta imune, alguns glóbulos brancos engolem bactérias e as expõem a ROS
para matá-las. A síntese de uma dessas ROS, o ácido hipocloroso, pelos neutrófilos é catalisada
pela enzima mieloperoxidase contendo heme. Além disso, na glândula tireoide, a peroxidase
contendo heme catalisa a iodação da tireoglobulina para a produção de hormônios da tireoide,
de modo que o metabolismo tireoideano pode ser prejudicado na deficiência de ferro.
Sensor de oxigênio
158
Ribonucleotídeos redutases (RNRs) são enzimas dependentes de ferro que catalisam a síntese
de desoxirribonucleotídeos necessários para a replicação do DNA. Os RNRs também facilitam o
reparo do DNA em resposta a danos no DNA. Outras enzimas essenciais para a síntese e reparo
de DNA, como DNA polimerases e DNA helicases, são proteínas de cluster Fe-S. Embora os
mecanismos subjacentes ainda não sejam claros, a depleção de ferro intracelular inibiu a
progressão, o crescimento e a divisão do ciclo celular. A inibição da síntese de heme também
induziu a parada do ciclo celular em células de câncer de mama.
Além disso, o ferro é necessário para uma série de funções vitais adicionais, incluindo
crescimento, reprodução e função imunológica.
FONTES ALIMENTARES
A quantidade de ferro nos alimentos ou suplementos que é absorvida e utilizada pelo organismo
é influenciada pelo estado nutricional de ferro do indivíduo e se o ferro está ou não na forma de
heme. Por ser absorvido por um mecanismo diferente do ferro não heme, o ferro heme é mais
prontamente absorvido e sua absorção é menos afetada por outros fatores dietéticos.
Ferro heme
O ferro heme vem principalmente da hemoglobina e mioglobina da carne, aves e peixes. Embora
o ferro heme seja responsável por apenas 10% -15% do ferro encontrado na dieta, ele pode
fornecer até um terço do ferro dietético total absorvido. A absorção do ferro heme é menos
influenciada por outros fatores dietéticos do que a do ferro não heme.
Vegetais, laticínios, carne e sais de ferro adicionados aos alimentos e suplementos são fontes de
ferro não heme. A absorção do ferro não heme é fortemente influenciada por intensificadores
e inibidores presentes na mesma refeição.
159
A combinação de vitamina A e ferro parece reduzir a anemia de forma mais eficaz do que o ferro
suplementar ou a vitamina A isolada. A vitamina A pode facilitar a mobilização de ferro dos locais
de armazenamento para o desenvolvimento de glóbulos vermelhos para incorporação na
hemoglobina.
Zinco: o zinco é essencial para manter a eritropoiese adequada. Quando a deficiência de zinco
coexiste com a deficiência de ferro, pode exacerbar a anemia por deficiência de ferro. Por outro
lado, altas doses de suplementos de ferro em associação ao suplemento de zinco, em indivíduos
com o estômago vazio, podem inibir a absorção do zinco. Quando ingeridos com alimentos, o
ferro suplementar não parece inibir a absorção de zinco. No entanto, alimentos fortificados com
ferro não apresentam esse comportamento.
Iodo: a anemia por deficiência de ferro grave pode prejudicar o metabolismo da tireoide de três
maneiras: (1) alterando a resposta do hormônio estimulador da tireoide da glândula pituitária;
(2) reduzindo a atividade da peroxidase tireoidiana que catalisa a iodação da tireoglobulina para
a produção de hormônios tireoidianos; e (3) no fígado, limitando a conversão de T4 em T3,
aumentando o turnover de T3 e diminuindo a ligação de T3 aos receptores nucleares.
DEFICIÊNCIA
160
A anemia por deficiência de ferro ocorre quando há ferro insuficiente para dar suporte a
formação normal de glóbulos vermelhos, e é geralmente caracterizada como microcítica e
hipocrômica, ou seja, os glóbulos vermelhos são menores do que o normal e seu conteúdo de
hemoglobina é diminuído de modo que eles são mais “pálidos” do que o normal. Nesse estágio
da deficiência os sintomas podem ser resultado de fornecimento inadequado de oxigênio devido
à anemia e/ou função subótima de enzimas dependentes de ferro.
As alterações nos parâmetros hematológicos são usadas no diagnóstico clínico da anemia por
deficiência de ferro. É importante lembrar que a deficiência de ferro não é a única causa da
anemia, e que o diagnóstico ou tratamento da deficiência de ferro apenas com base na anemia
pode levar a diagnósticos equivocados ou tratamento inadequado da causa subjacente. No
entanto, a deficiência também pode ocorrer por outros fatores, como em indivíduos com perdas
crônicas ou agudas de sangue, por exemplo, 1mL de sangue com uma concentração de
hemoglobina de 150g/L contém 0,5mg de ferro. Portanto, a perda, mesmo que em pequenas
quantidades, de sangue pode resultar em deficiência de ferro.
Em indivíduos com diminuição da absorção de ferro, como a doença celíaca. Quando esses
indivíduos consomem alimentos ou produtos que contenham glúten, a resposta do sistema
imunológico danifica a mucosa intestinal, podendo resultar em má absorção de nutrientes e
consequentemente uma anemia por deficiência de ferro. Nesse cenário, também observamos a
deficiência de ferro nos indivíduos com doenças inflamatórias intestinais (DII) como por
exemplo, colite ulcerativa e doença de Crohn, provavelmente devido à absorção intestinal
prejudicada de ferro e perda de sangue da mucosa ulcerada.
Além disso, indivíduos com gastrite atrófica apresentam anticorpos direcionados às células do
estômago. Esse fator tem sido associado ao desenvolvimento da anemia perniciosa. A gastrite
atrófica prejudica simultaneamente a absorção da vitamina B12 e do ferro. A infecção por
Helicobacter pylori também está associada à anemia por deficiência de ferro. O sangramento
gastrointestinal oculto e a competição pelo ferro da dieta por bactérias podem explicar a
deficiência de ferro nesses indivíduos. A infecção por H. pylori pode ainda desempenhar um
papel na patogênese da gastrite atrófica.
Nos últimos anos vêm sendo desenvolvida uma associação inversa entre o peso corporal e o
nível de ferro em diversos estudos observacionais. A expressão de hepcidina mais alta em
pessoas obesas pode prejudicar a absorção de ferro, apesar da ingestão adequada de ferro. A
161
Outro cenário que reflete a deficiência de ferro é a inflamação aguda e crônica. Quadros de
inflamação podem levar a concentrações baixas de ferro em circulação e ao desenvolvimento
subsequente de anemia. Esse tipo de anemia inflamatória, também conhecida como anemia de
doença crônica, é comumente observada em distúrbios inflamatórios como o câncer, trauma,
infecção crônica e infestação parasitária. Pensa-se que a anemia se desenvolve, pois, a absorção
de ferro na dieta e a mobilização dos estoques corporais são inibidas pela hiper-regulação da
hepcidina induzida pelo quadro inflamatório.
Encontramos ainda, outras causas de deficiência de ferro, como a dieta vegetariana. Esse padrão
alimentar pode apresentar fontes inadequadas de ferro, especialmente pela presença do ferro
não heme, encontrado nos alimentos de origem vegetal, que se apresenta menos eficiente em
termos de absorção quando comparado as fontes animais. No entanto, uma dieta vegetariana
162
Por fim, pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam perdas de aproximadamente
1,2L de perda de sangue/ano correspondendo em média a 400 mg de ferro/ano, em comparação
com indivíduos com função renal normal, que corresponde a 0,83mL de perda de sangue/dia
correspondente a aproximadamente 100 mg de ferro/ano. As perdas de sangue estimadas são
ainda maiores em pacientes em hemodiálise, e as perdas de ferro podem ser de 1.000 a
2.000mg/ano ou mais. Além disso, a inflamação persistente em pacientes com DRC também
pode contribuir para o fornecimento inadequado de ferro para a formação de glóbulos
vermelhos, apesar dos estoques corporais adequados de ferro. Por isso deve-se observar esse
público com cautela.
- Fadiga
- Indisposição
- Cansaço fácil
- Falta de ar/ desmaios
- Dificuldade de concentração
FERRO - Memória fraca
- Palidez cutâneo-mucosa
- Queda de cabelo
- Unhas fracas e quebradiças
- Pele seca
- Palpitações e taquicardia
- Distúrbio do comportamento alimentar
(vontade de comer terra, gelo, tijolo)
TOXICIDADE
Sintomas de toxicidade aguda podem ocorrer com doses de ferro elementar entre 20 a 60 mg/kg
de peso corporal. A overdose de ferro é uma emergência porque a gravidade da toxicidade do
ferro está relacionada à quantidade de ferro elementar absorvido. O envenenamento agudo por
ferro produz sintomas em diferentes estágios: (1) Dentro de uma a seis horas após a ingestão,
os sintomas podem incluir náuseas, vômitos, dor abdominal, letargia, pulso fraco e rápido,
pressão arterial baixa, febre, dificuldade para respirar e coma; Se não for imediatamente fatal,
os sintomas podem diminuir por cerca de 24 horas; (2) Os sintomas podem retornar de 12 a 48
horas após a ingestão de ferro e incluem sinais graves de falha nos sistemas cardiovascular,
renal, hepático, hematológico e no sistema nervoso central (SNC); (3) Danos de longo prazo ao
sistema nervoso central, fígado e estômago podem ocorrer duas a seis semanas após a ingestão.
Em níveis terapêuticos usados para tratar a deficiência de ferro podem causar irritação
gastrointestinal, náuseas, vômitos, diarreia ou constipação. As fezes costumam ter uma cor mais
163
A desregulação da absorção intestinal de ferro pode resultar na sobrecarga de ferro uma vez
que o corpo não pode excretar seu excesso. Por outro lado, a sobrecarga de ferro devido à
suplementação prolongada é muito rara em indivíduos saudáveis sem predisposição genética.
Vale destacar que diferentes distúrbios genéticos podem levar ao acúmulo patológico de ferro,
mesmo com uma ingestão normal desse nutriente. A suplementação de indivíduos sem
deficiência de ferro deve ser evitada devido à frequência de doenças hereditárias não
detectadas e às preocupações recentes sobre os efeitos mais sutis da ingestão crônica de ferro
em excesso.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
- Ferritina baixa pode indicar deficiência de ferro, no entanto, a
ferritina alta pode ser tanto sobrecarga de ferro quanto
• Ferritina sérica indicativo de inflamação (proteína de fase aguda);
• Ferro sérico (FeS) - O FeS está alterado em processos infecciosos, podendo
• Capacidade de ligação do diminuir em poucas horas após o desencadeamento da
ferro infecção, por essa razão não é um indicador muito confiável de
• Saturação da transferrina estado nutricional;
- Capacidade de ligação do ferro mede a quantidade de Fe que
a transferrina pode ligar; em cenários de deficiência, aumenta
a capacidade de ligação.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
164
RECOMENDAÇÃO DE FERRO
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO
Além disso, nutricionistas devem respeitar a UL de 40mg para crianças e 45mg para adultos.
Importante destacar que não se deve ultrapassar doses superiores a 200mg, pois a mucosa
intestinal irá atuar como barreira, impedindo assim, a interiorização e absorção do ferro.
Outras formas químicas disponíveis para suplementação são o ferro aminoquelado (bisglicinato;
ferro acoplado a 2 moléculas de glicina) e o ferro polimaltosado encontrado comercialmente
como hidróxido de ferro férrico polimatosado. Nessa forma, o ferro está protegido por uma
matriz de carboidrato modificado, isso confere uma segurança ao suplemento.
165
SAIS FERROSOS
A conta da dose de ferro necessária sempre considera o ferro elementar. O percentual de ferro
elementar em cada suplemento com sais ferrosos, está demostrando abaixo:
Recomenda-se que o ferro ferroso seja ingerido com o estômago vazio, ou seja, 1h antes das
refeições, entre as refeições ou antes de dormir. Dessa forma a quantidade de ferro absorvida
de 1 comprimido de sulfato ferroso administrado antes das refeições corresponde a 3
comprimidos administrados após as refeições.
O Fe+2 (ferroso) pode ser oxidado a Fe3+ (férrico) na luz intestinal aumentando a produção de
radicais livres, levando a peroxidação lipídica e de proteínas na membrana causando lesões
inflamatórias: esofagite, gastrite, duodenite e úlceras. O ferro férrico é absorvido por
mecanismo de absorção ativa pelos transportadores de metais divalentes (DMT1) e em
situações de deficiência grave pode ocorrer também a absorção passiva (via paracelular).
Condições passivas podem causar toxicidade, principalmente em grandes doses.
A elevada frequência e intensidade dos efeitos adversos determinam menor tolerância, pior
adesão ao tratamento e consequentemente piores resultados. Apesar disso, o sulfato ferroso é
o composto disponível para o tratamento e prevenção da deficiência de ferro em quase a
totalidade dos pacientes atendidos pelo SUS do Brasil.
Nesse sentido, pode-se fracionar a dose diária em duas ou três tomadas. Outra opção é
administrar o suplemento junto com as refeições. Nessa opção há uma redução na absorção, no
entanto, pode-se aumentar a adesão ao tratamento, prolongando assim, o tempo de
tratamento para correção da deficiência.
Alguns estudos mostram que a suplementação com sulfato ferroso leva a um aumento mais
rápido nos níveis de hemoglobina quando comparado ao ferro aminoquelado ou ao
ferripolmaltose. Esse fato se dá uma vez que na deficiência de ferro moderada ou grave, sua
absorção ocorre por difusão passiva, dessa forma cerca 20% do ferro pode ser absorvido por
este mecanismo, aumento a efetividade da suplementação.
166
FERROCARBONILA
Um estudo conduzido no Brasil comparou sulfato ferroso (SF) x ferro carbonila (CI) na dose de
5mg de ferro elementar/kg peso, para correção da anemia em 73 crianças. Como resultado:
Nesse sentido, comprimidos mastigáveis de ferro carbonila poderiam ser considerados uma
importante opção terapêutica para tratamento da anemia ferropriva de crianças menores de
seis anos de idade.
Essa forma se dá pela união covalente do ferro com um ligante orgânico. Dessa forma, átomos
de ferro ficam protegidos, diminuindo a exposição direta das células da mucosa intestinal,
reduzindo a toxicidade local.
O hidróxido de ferro férrico polimaltosado, apresenta o ferro no centro de sua estrutura cercado
por dextrina parcialmente hidrolisada, formando assim um complexo hidrossolúvel. Esse
complexo formado em volta do ferro é capaz de protegê-lo devido ao tamanho da molécula. Em
decorrência de seu tamanho, sua absorção não ocorre por difusão passiva. Nesse cenário, a
167
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169
170
171
O iodo (I), um oligoelemento não metálico. Aos humanos é necessário para a síntese dos
hormônios da tireoide por compor sua estrutura. A deficiência de iodo é um importante
problema de saúde em grande parte do mundo.
FUNÇÕES
Nesse cenário, há a participação do selênio como cofator das deiododinases tipo I (DIO1) e da
glutationa peroxidase (GSH-Px), que detoxifica o excesso de peroxido de hidrogênio (H2O2),
produzido pela glândula tireoide, levando a um efeito protetor, uma vez que o H2O2 é substrato
para a tireoperoxidase (TPO), que catalisa a oxidação do iodeto para que este se ligue à
tireoglobulina. Ou seja, o H2O2 permite que a síntese hormonal ocorra.
Além disso, o iodo participa ativamente do desenvolvimento cerebral, tanto do feto quanto do
recém-nascido. Por essa razão, uma ingestão da materna inferior a 25% da necessidade de iodo,
leva a consequente deficiência cerebral no feto. Quando a ingestão materna corresponde a
menos de 50% das necessidades há o desenvolvimento do bócio.
172
ALIMENTOS FONTE
Os frutos do mar são ricos em iodo; isso ocorre uma vez que os animais marinhos podem
concentrar o iodo da água do mar. O conteúdo de iodo dos alimentos varia de acordo com o
solo em que ele é cultivado, por essa razão, se torna difícil mensurar exatamente a quantidade
de iodo presente nos alimentos. No Brasil, não há dados precisos sobre o teor de iodo em
alimentos. A concentração varia muito conforme características do solo, nutrição animal e
vegetal e obtenção do alimento (colheita, processamento, fortificação e contaminação). Outras
boas fontes de iodo na dieta incluem ovos, frutas, grãos e aves. Alimentos processados podem
contribuir para a ingestão de iodo se sal iodado ou aditivos alimentares, como iodato de cálcio
e iodato de potássio, forem adicionados durante a produção.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Ferro: a anemia por deficiência de ferro pode prejudicar o metabolismo da tireoide das
seguintes maneiras: (1) alterando a resposta do TSH da glândula pituitária; (2) reduzindo a
atividade da peroxidase tireoidiana que catalisa a iodação da tireoglobulina para a produção de
173
Algumas espécies de painço, batata doce, feijão e vegetais crucíferos (por exemplo, repolho,
brócolis, couve-flor e couve de Bruxelas) são as principais fontes de isotiocianatos. Além disso,
as isoflavonas de soja, genisteína e daidzeína, inibem a síntese dos hormônios tireoidianos.
A maioria desses compostos bociogênicos não tem importância clínica, a menos que sejam
consumidos em grandes quantidades ou haja deficiência de iodo coexistente.
Por outro lado, quando esses alimentos são cozidos ou sofrem algum processamento térmico, a
enzima mirosinase é inativada (parcial ou totalmente, dependendo do tempo e temperatura), e
consequentemente a formação dos isotiocinatos diminui. Por essa razão, vale destacar que o
maior potencial para interferir no funcionamento da glândula tireóide se dá pelo consumo de
brássicas cruas. Vale destacar que, do ponto de vista nutricional, os isotiocianatos tem efeito
protetor contra o câncer, por isso não se deve exclui-los da dieta.
DEFICIÊNCIA
A glândula tireoide de um adulto saudável concentra cerca de 70-80% do conteúdo total de iodo
do organismo, o que representa aproximadamente 20mg de iodo. Diariamente nosso organismo
utiliza cerca de 80μg para sintetizar os hormônios tireoideanos. Em contraste, a deficiência
crônica de iodo pode resultar em uma redução dramática do conteúdo de iodo na tireoide bem
abaixo de 1mg. Casos mais graves de deficiência de iodo resultam em síntese prejudicada do
hormônio tireoidiano, conhecida como hipotireoidismo.
A deficiência de iodo é reconhecida como a causa mais comum de danos cerebrais evitáveis no
mundo. O espectro dos transtornos por deficiência de iodo (DDI) inclui retardo mental,
hipotireoidismo, bócio e vários graus de outras anormalidades de crescimento e
desenvolvimento.
Na deficiência leve de iodo, o aumento da tireoide pode ser suficiente para maximizar a captação
de iodo disponível e fornecer ao corpo hormônios tireoidianos suficientes. No entanto, o bócio
pode obstruir a traqueia e o esôfago, além de danificar os nervos laríngeos recorrentes. A
ingestão adequada de iodo geralmente reduz o tamanho do bócio, mas a reversibilidade dos
efeitos do hipotireoidismo depende do estágio de vida do indivíduo. O hipotireoidismo induzido
pela deficiência de iodo tem efeitos adversos em todos os estágios de desenvolvimento, mas é
mais prejudicial ao cérebro em desenvolvimento.
174
- Calafrios
- Ganho de peso
Iodo - Fadiga
- Pele e cabelo áspero secos
- Crescimento e desenvolvimento
prejudicado (cretinismo em crianças)
- Bócio
TOXICIDADE
O envenenamento agudo por iodo é raro e geralmente ocorre apenas com doses de muitos
gramas. Os sintomas de envenenamento agudo por iodo incluem queimação na boca, garganta
e estômago, febre, náuseas, vômitos, diarreia, pulso fraco, cianose e coma.
Os sintomas de HII incluem perda de peso, taquicardia, fraqueza muscular e calor da pele. A HII
pode ser perigosa em indivíduos com doenças cardíacas subjacentes. No entanto, como a causa
primária do bócio nodular e HII é a deficiência crônica de iodo, o benefício dos programas de
iodação supera amplamente o risco de HII em populações com deficiência de iodo.
Em indivíduos com quantidade suficiente de iodo, a ingestão excessiva de iodo está mais
comumente associada a concentrações sanguíneas elevadas de hormônio estimulador da
tireoide (TSH), que inibem a produção de hormônio da tireoide, levando ao hipotireoidismo e
175
Indivíduos com deficiência de iodo e aqueles com doença tireoidiana preexistente, incluindo
bócio nodular, tireoidite de Hashimoto autoimune, doença de Graves e uma história de
tireoidectomia parcial, podem ser sensíveis aos níveis de ingestão de iodo considerados seguros
para a população em geral e podem não ser protegidos pelo UL para o iodo. Bebês, idosos e
mulheres grávidas e amamentando também podem ser mais suscetíveis ao excesso de iodo.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
A amiodarona, um medicamento usado para prevenir ritmos cardíacos anormais, contém altos
níveis de iodo e pode afetar a função tireoidiana.
Além disso, o uso em longo prazo de lítio para tratar transtornos do humor pode aumentar o
risco de hipotireoidismo. O uso de doses farmacológicas de iodeto de potássio pode diminuir o
efeito anticoagulante da varfarina (Cumarina).
Contaminantes
RECOMENDAÇÃO DE IODO
176
A suplementação de iodo deve ser realizada com cautela, uma vez que que o consumo de sal
iodado é bastante alta pela maior parte da população. Além disso, o excesso de iodo pode levar
a disfunções na tireoide. Por exemplo, o excesso de iodo pode aumentar a produção de TSH,
inibindo a síntese de hormônios tireoidianos, ocasionando por sua vez, o hipotireoidismo.
Existem algumas particularidades como indivíduos mais susceptíveis ao excesso de iodo como
por exemplo, ou em dietas muito restritas em sódio e com teor muito alto de compostos
potencialmente bociogênicos. Ou ainda, há alguns indivíduos que são mais susceptíveis ao
excesso de iodo, como pacientes com tireoidite de Hashimoto, doença de Graves, crianças,
idosos, gestante e lactantes. Vale destacar que o padrão ouro para verificar os níveis de iodo no
organismo se dá pelo exame de iodo urinário.
Há duas formas disponíveis para suplementação de iodo, na forma quelato e na forma iodeto
de potássio. No entanto, não há estudos comparando a biodisponibilidade das diferentes formas
de iodo.
177
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178
179
O magnésio está envolvido em mais de 300 reações metabólicas essenciais, dentre elas, o
metabolismo de carboidratos e lipídeos requerem inúmeras reações químicas dependentes de
magnésio. É estimado que o magnésio atue como cofator em mais de 600 enzimas. Além disso,
se faz extremamente importante no metabolismo do cálcio, potássio, fosforo, zinco, cobre, ferro
sódio, acetilcolina, óxido nítrico e glutationa, um importante antioxidante. O magnésio ainda é
essencial para ativação da vitamina D, uma vez que as enzimas que sintetizam e metabolizam
essa vitamina são dependentes da presença desse mineral.
FUNÇÕES
180
ALIMENTOS FONTE
Nota-se que estudos que avaliaram o consumo de magnésio pela população brasileira entre os
anos de 1990 - 2009, demonstraram risco de inadequação e destacam que, ainda que com
grande variação de consumo e alimentos fontes, a população brasileira consome em média
161,0mg/dia, o que representa aproximadamente 50% do consumo recomendado.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Vitamina B6: a vitamina B6 (piridoxina) desempenha papel auxiliar na entrada do magnésio nas
células. Um estudo conduzido com adultos saudáveis com sintomas de depressão e ansiedade
randomizou 2 grupos: (1) 300mg de Mg e (2) 300mg de Mg + 30mg de vitamina B6. O grupo (2),
181
DEFICIÊNCIA
A deficiência severa de magnésio em indivíduos saudáveis que consomem uma dieta balanceada
é bastante rara pois, o magnésio é abundante em alimentos vegetais e animais e porque os rins
são capazes de limitar a excreção urinária de magnésio quando sua ingestão é baixa.
Entretanto, a deficiência subclínica é bastante comum em diversas situações:
182
- Hipocalcemia
- Hipopotassemia (hipocalemia)
- Retenção de sódio
Magnésio
- Diminuição de PTH
- Tremores
- Espasmos musculares
- Perda de apetite
- Náuseas e vômitos
TOXICIDADE
Efeitos adversos não foram identificados com o magnésio que ocorre naturalmente nos
alimentos. No entanto, efeitos adversos da suplementação excessiva de magnésio foram
observados com a ingestão de vários sais de magnésio.
AVALIAÇÃO LAOBORATORIAL
Medidas de avaliação:
Magnésio urinário - 24h Magnésio leucocitário ou
Magnésio sérico
Deficiência < que 50mg eritrocitário
O magnésio sérico não é um marcador fidedigno das reservas corporais, pois somente 0,3% do
total de magnésio está no soro. Além disso, assim como o cálcio, o magnésio possui um
mecanismo de regulação para manter os níveis séricos dentro da normalidade. Desta forma, os
níveis séricos de magnésio somente se alteram na deficiência severa, na deficiência
leve/moderada, os valores geralmente estão dentro da normalidade.
183
Estudos descobriram que pacientes com cefaléia em salvas e enxaqueca clássica ou comum,
apresentam baixos níveis de magnésio. Um estudo multicêntrico, duplo-cego randomizado
realizado na Alemanha mostrou que uma única dose diária de 600mg de citrato de magnésio
reduziu significativamente a frequência de enxaqueca em comparação com placebo, enquanto
uma dosagem diária mais baixa foi considerada ineficaz.
Diabetes mellitus: a depleção de magnésio foi associada a diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, bem
como com diabetes gestacional. Baixas concentrações séricas de magnésio foram relatadas em
13,5 a 47,7% dos indivíduos com diabetes mellitus tipo 2. Uma das causas da depleção pode ser
o aumento da perda urinária de magnésio, causada pelo aumento da excreção urinária de
glicose que acompanha o diabetes mal controlado.
Por outro lado, foi demonstrado que a depleção de magnésio aumenta a resistência à insulina
em alguns estudos e pode afetar adversamente o controle da glicose no diabetes mellitus. Um
pequeno estudo em nove indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 relatou que a suplementação
de magnésio (300 mg/dia por 30 dias), na forma de solução salina contendo magnésio, melhorou
a insulina em jejum, mas não as concentrações de glicose em jejum. Um estudo randomizado,
duplo-cego, controlado por placebo em 63 indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 e
hipomagnesemia descobriu que aqueles que tomaram uma solução oral de cloreto de magnésio
(638mg/dia de magnésio elementar) por 16 semanas melhoraram as medidas de sensibilidade
à insulina e glicemia em comparação com aqueles que receberam um placebo.
184
Hipertensão: embora os resultados dos estudos de intervenção não tenham sido totalmente
consistentes, uma revisão recente destacou um benefício terapêutico de suplementos de
magnésio no tratamento da hipertensão. Uma meta-análise de 2012 examinou 22 ensaios
clínicos randomizados e controlados por placebo de suplementação de magnésio realizados em
1.173 indivíduos normotensos versus hipertensos (tratados com medicamentos ou não). A
suplementação oral com magnésio (dose média de 410 mg dia; faixa de 120 a 973 mg/dia) por
um período médio de 11,3 meses reduziu significativamente a pressão arterial sistólica em 2-3
mmHg e a pressão arterial diastólica em 3-4 mmHg; um efeito maior foi observado com doses
mais altas (≥ 370 mg /dia). Os resultados de 19 dos 22 estudos incluídos na meta-análise foram
revisados anteriormente, juntamente com outros 25 estudos de intervenção. O exame
sistemático desses 44 estudos sugeriu um efeito de redução da pressão arterial associado ao
magnésio suplementar em hipertensos, mas não em indivíduos normotensos.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
O magnésio intravenoso pode inibir a entrada de cálcio nas células musculares lisas e levar à
hipotensão e fraqueza muscular se administrado com bloqueadores dos canais de cálcio (por
exemplo, nifedipina, nicardipina). O magnésio interfere ainda, na absorção da digoxina, um
glicosídeo cardiotônico, medicamento usado por cardiopatas para aumentar a força de
contração cardíaca; uso de nitrofurantoína (um antibiótico) e medicamentos antimaláricos,
podendo reduzir a eficácia do medicamento. O uso em longo prazo (três meses ou mais) de
inibidores da bomba de prótons, como o Omeprazol (reduzindo a quantidade de ácido
estomacal) pode aumentar o risco de hipomagnesemia. Além disso, doses elevadas de
furosemida (Lasix) e alguns diuréticos tiazídicos (por exemplo, hidroclorotiazida), se tomadas
por períodos prolongados, podem interferir com a reabsorção de magnésio nos rins e resultar
em depleção de magnésio.
RECOMENDAÇÃO DE MAGNÉSIO
185
O magnésio é um mineral que vem ganhando destaque nos últimos anos quando o assunto é
suplementação pois é um dos elementos básicos do corpo humano necessário para muitas
funções fisiológicas.
FORMAS INORGÂNICAS
Importante ressaltar que a suplementação na forma óxido (leite de magnésia - MgO) ou sulfato
de magnésio (MgSO4) deve ser evitada pois são formas que podem causar desconfortos
intestinais, como diarreia e/ou ainda, não apresentam biodisponibilidade.
FORMAS ORGÂNICAS
Um estudo pré-clínico observou que o magnésio quando suplementado na forma malato, houve
um aumento da área sobre a curva (AUC), isto é, sugerindo assim que o magnésio malato pode
ser uma forma interessante de suplementação. Vale destacar aqui que, estudos na área de
suplementação ou teste farmacológicos afim de verificar a biodisponibilidade de compostos,
avaliam a extensão da absorção dessas substâncias, ou seja, qual a fração da quantidade
administrada que chega à corrente sanguínea, e pode ser caracterizada como dose efetiva.
186
Vale destacar que há diferentes formas disponíveis para suplementação de magnésio, como por
exemplo, o magnésio inositol, o glicolato de magnésio e até mesmo o magnésio taurato e o
malato, no entanto, ainda não há evidências robustas sobre o uso dessas formas químicas e seus
efeitos sob a saúde humana. Por essa razão, ao definir a suplementação de magnésio para um
paciente verifique se há estudos clínicos que corroborem para seus objetivos. Além disso, ensaio
clínicos, que apresentem algum desfecho funcional, poder ser ótimos guias para a tomada de
decisão sobre qual forma prescrever.
O grupo que recebeu suplemento apresentou redução significativa dos sintomas depressivos,
de aproximadamente 6 pontos, a partir da 2ª semana, e menores sintomas de ansiedade e uma
boa adesão ao tratamento. Além disso, 61% dos pacientes relataram melhoras em outros
aspectos como por exemplo, aumento da energia, redução da obstipação e dores musculares.
Nesse cenário, a suplementação de magnésio pode ser uma estratégia eficaz e segura no
tratamento da depressão leve a moderada.
187
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188
189
FUNÇÕES
Dentre as funções conhecidas até o momento, o manganês desempenha papel em uma série de
processos fisiológicos como constituinte e ativador de várias enzimas, destacando seu
importante papel antioxidante por ser um constituinte da superóxido dismutase mitocondrial
(MnSOD). Como as mitocôndrias consomem mais de 90% do oxigênio usado pelas células, elas
são especialmente vulneráveis ao estresse oxidativo. O radical superóxido é uma das espécies
reativas de oxigênio produzidas nas mitocôndrias durante a síntese de ATP. O MnSOD catalisa a
conversão de radicais superóxido em peróxido de hidrogênio, que pode ser reduzido a água por
outras enzimas antioxidantes. Por ser um metal de transição também pode favorecer a
formação de radicais livres citotóxicos e atua também, em altas doses, como um potencial pró-
oxidante, assim como ferro, cobre e zinco.
O manganês também tem papel antioxidante per se devido sua capacidade de reduzir a
expressão de moléculas de adesão e a formação de espécies reativas de oxigênio (EROs).
Além disso, várias enzimas ativadas por manganês desempenham papéis importantes no
metabolismo dos carboidratos, aminoácidos e colesterol. A piruvato carboxilase (PK), uma
enzima que contém manganês, e fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK), uma enzima
ativada por manganês, são essenciais na gliconeogênese. A arginase, outra enzima que contém
manganês, é necessária ao fígado para o ciclo da ureia, um processo que desintoxica a amônia
gerada durante o metabolismo dos aminoácidos. No cérebro, a enzima ativada por manganês,
a glutamina sintetase (GS), converte o glutamato em glutamina. O glutamato é um
neurotransmissor excitotóxico e um precursor de um neurotransmissor inibitório, o ácido γ-
aminobutírico (GABA).
190
FONTES ALIMENTARES
Fontes ricas de manganês incluem grãos integrais, nozes, vegetais folhosos e chás. Alimentos
ricos em ácido fítico, como feijão, sementes, nozes, grãos integrais e produtos de soja, ou
alimentos ricos em ácido oxálico, como repolho, espinafre e batata-doce, podem inibir
ligeiramente a absorção de manganês. Embora os chás sejam fontes ricas em manganês, os
taninos presentes no chá podem reduzir moderadamente a absorção de manganês. A ingestão
de outros minerais, incluindo ferro, cálcio e fósforo, limitam a retenção de manganês.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
191
DEFICIÊNCIA
TOXICIDADE
Evidências limitadas sugerem que a ingestão elevada de manganês na água potável pode estar
associada a sintomas neurológicos semelhantes aos da doença de Parkinson. Sintomas
neurológicos graves foram relatados em 25 pessoas que beberam água contaminada. Um
estudo com idosos na Grécia encontrou uma alta prevalência de sintomas neurológicos em
pessoas expostas a níveis de manganês de água de 1,8 a 2,3mg/L, enquanto um estudo na
Alemanha não encontrou evidências de aumento de sintomas neurológicos em pessoas que
bebem água com manganês com níveis variando de 0,3 a 2,2mg/L em comparação com a água
potável contendo menos de 0,05mg/ L. O manganês na água potável pode ser mais biodisponível
do que o manganês nos alimentos. No entanto, nenhum dos estudos mediu o manganês na
dieta, portanto, a ingestão total de manganês nesses casos é desconhecida.
Além disso, estudos mais recentes mostraram que crianças expostas a altos níveis de manganês
por meio da ingestão de água apresentam déficits cognitivos e comportamentais. Por exemplo,
192
Um único caso de toxicidade por manganês foi relatado em uma pessoa que tomou grandes
quantidades de suplementos minerais por anos, enquanto outro caso foi relatado como
resultado de uma pessoa que tomava um suplemento de ervas chinesas.
Além disso, a exposição a altas doses de manganês causar uma condição conhecida como
manganismo, caracterizada por mudanças no comportamento, espasmos faciais, tremores,
irritabilidade, agressividade e alucinações. A inalação do óxido de manganês, especificamente
por exposição industrial (na indústria siderúrgica) pode ter efeito no sistema nervoso central e
causar doença psicótica.
Crianças: Em comparação com adultos, bebês e crianças têm maior absorção intestinal de
manganês, bem como menor excreção biliar de manganês. Portanto, as crianças são
especialmente suscetíveis a quaisquer efeitos neurotóxicos do manganês. De fato, vários
estudos recentes em crianças em idade escolar relataram efeitos deletérios cognitivos e
comportamentais após a exposição excessiva ao manganês.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
193
RECOMENDAÇÃO DE MANGANÊS
• Manganês gliconato
• Sulfat
• Ascorbato
• Aminoácido quelato
No entanto, ainda falta literatura que explore a diferença de biodisponibilidade entre as formas
químicas disponíveis.
Além disso, recomenda-se não suplementar manganês em pacientes com problemas hepáticos,
em decorrência de uma dificuldade para eliminar o mineral pela bile.
SUPLEMENTAÇÃO DE MANGANÊS
194
Nesse sentido, se faz importante corrigir a deficiência de ferro antes de iniciar a suplementação
com manganês por segurança, pois a eficiência de ferro aumenta o risco de acúmulo de
manganês no cérebro, o que pode levar a neurotoxicidade com consequente aumento do
estresse oxidativo levando a sinais e sintomas semelhantes à doença de Parkinson.
Paciente com doença hepática crônica apresentam limitações na excreção de manganês pela
bile, portanto em situações como na cirrose há maior chance de acúmulo desse micronutriente
e sintomas similares à doença de Parkinson.
195
196
197
CAPÍTULO 27 - POTÁSSIO
FUNÇÕES
O potássio (K) é o principal íon carregado positivamente (cátion) no fluido intracelular, enquanto
o sódio (Na+) é o principal cátion no líquido extracelular. As concentrações de potássio são cerca
de 30 vezes maiores dentro do que fora das células, enquanto as concentrações de sódio são
mais de 10 vezes menores dentro do que fora das células. As diferenças de concentração entre
o potássio e o sódio nas membranas celulares criam um gradiente eletroquímico conhecido
como potencial de membrana. O potencial de membrana de uma célula é mantido por bombas
de íons na membrana celular, especialmente as bomba sódio-potássio (Na+/K+ ATPase). Essas
bombas usam ATP para bombear sódio para fora da célula em troca de potássio. Estima-se que
sua atividade seja responsável por 20% a 40% do gasto energético de repouso em um adulto. A
grande proporção de energia dedicada à manutenção dos gradientes de concentração de
sódio/potássio, enfatiza a importância dessa função na manutenção da vida. O controle do
potencial da membrana celular é fundamental para a transmissão dos impulsos nervosos,
contração muscular e função cardíaca.
Além disso, um número limitado de enzimas requer a presença de potássio para sua atividade.
A ativação da Na+/K+ ATPase requer a presença de sódio e potássio, para seu funcionamento
adequado. A presença de potássio também é necessária para a atividade da piruvato quinase,
uma importante enzima no metabolismo dos carboidratos.
FONTES ALIMENTARES
As fontes mais ricas de potássio são frutas e vegetais. Nozes, sementes e laticínios também são
boas fontes de potássio.
198
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Sódio: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, a maioria das
pessoas consome muito sódio e pouco potássio por dia, levando a um desbalanço. Isso se dá,
em parte, pelo consumo alimentos industrializados e pelo sal de adição, hábito comumente
encontrado entre os brasileiros. Segundo a diretriz, recomenda-se que o consumo de potássio
seja de aproximadamente 3,5g/dia; em contrapartida, o consumo de sódio deve ser inferior
2g/dia (5g de sal). Como resultado, pelo maior consumo de sódio e menor consumo de potássio,
temos aumento nos casos de hipertensão arterial, favorecendo o desenvolvimento de doenças
cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).
DEFICIÊNCIA
199
- Fadiga
- Fraqueza muscular
Potássio - Câimbras
- Obstipação
- Dores abdominais
- Paralisia muscular
- Arritmias cardíacas
TOXICIDADE
Doses orais de potássio superiores a 18g/dia podem levar a hipercalemia grave, mesmo em
pessoas com função renal normal. A hipercalemia também pode resultar de uma mudança de
potássio intracelular para a circulação, o que pode ocorrer com a ruptura das células vermelhas
do sangue – hemólise, ou dano ao tecido (por exemplo, trauma ou queimaduras graves). Os
sintomas de hipercalemia podem incluir formigamento nas mãos e nos pés, fraqueza muscular
e paralisia temporária. A complicação mais séria da hipercalemia é o desenvolvimento de
200
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
Potássio eritrocitário
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
201
Por outro lado, várias classes de medicamentos são conhecidas por induzir hipocalemia. Na
ausência de tratamento, a hipocalemia pode causar complicações sérias e até mesmo ser fatal.
Vários mecanismos explicam como certos medicamentos podem levar à depleção de potássio.
Por exemplo, tanto os diuréticos de alça quanto os tiazídicos aumentam a excreção urinária de
potássio. Os corticoides causam retenção de sódio que leva a um aumento compensatório na
excreção urinária de potássio. As penicilinas formuladas como sais de sódio também estimulam
a excreção de potássio. Vários medicamentos, incluindo aminoglicosídeos, agentes antifúngicos
(anfotericina B, fluconazol) e cisplatina, podem danificar o epitélio tubular renal e levar à perda
grave de potássio. Antibióticos de tetraciclina desatualizados têm sido associados a distúrbios
eletrolíticos. Nesse cenário, o uso da suplementação ou aumento de alimentos fonte de
potássio, pode ser uma estratégia interessante para evitar quadros de hipocalemia.
Anticarcinogênicos Cisplatina
Agonistas β-
Albuterol, Bitolterol, Metaproterenol
adrenérgicos
202
203
SUPLEMENTAÇÃO DE POTÁSSIO
A suplementação de potássio pode ser feita por três principais formas: citrato de potássio,
cloreto potássio ou potássio aminoácido complexo.
A forma citrato apresenta ainda, maior potencial alcalinizante e pode ter um efeito benéfico
superior em relação à saúde óssea, quando comparada as demais formas disponíveis.
Vale destacar que doses de 500 a 3000mg parecem ser seguras em pacientes com função renal
adequada. No entanto, a maior parte dos estudos com suplementação foram feitos em contexto
de dieta normossódica ou hipersódica, e por essa razão, o aumento no consumo de potássio
tem efeito benéficos. Sugere-se ainda, cuidado com altas doses de potássio em contexto de
dieta hipossódica, tendo em vista que não há estudos avaliando a segurança nestas condições.
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206
Vinte e cinco genes que codificam para selenoproteínas foram identificados em humanos. O
elemento SECIS, isto é, sequência de inserção da selenocisteína, é um elemento de RNA com
cerca de 60 nucleotídeos de comprimento que adota uma estrutura de haste-alça (ou tronco-
laço). Essa estrutura (padrão de nucleotídeos) direciona a célula para traduzir códons UGA como
selenocisteínas (UGA é normalmente um códon de parada). Os elementos SECIS são, portanto,
um aspecto fundamental dos RNAs mensageiros que codificam selenoproteínas, proteínas essas
que incluem um ou mais resíduos de selenocisteína.
FUNÇÕES
O selênio desempenha outras papeis no organismo como por exemplo, cofator da enzima
glutationa peroxidases (GSH-Px). Recentemente foi descoberto que há 5 isoformas de GSH-Px
contendo selênio, são elas: (1) GPx1 (GPx citosólica), (2) GPx2 (GPx específica para células
epiteliais expressas no revestimento intestinal e pulmões), (3) GPx3 (altamente expressa na
glândula tireóide e rins), (4) GPx4 (fosfolipídio-hidroperóxido GPx; PHGPx) e (5) GPx6 (expresso
no epitélio olfatório).
207
O selênio atua também através das redutases de tiorredoxina (Trx). Existem três isoenzimas
contendo selenocisteína tioredoxina redutase (TrxR): (1) TrxR1 citosólico, (2) TrxR3 mitocondrial
e (3) TGR tiorredoxina glutationa redutase específica dos testículos. As trxRs são enzimas
homodiméricas e cada monômero contém domínios de ligação FAD e NADPH e um sítio
catalítico contendo selenocisteína.
208
Em geral, há uma grande variação no conteúdo de selênio das plantas e grãos, especialmente
porque algumas plantas, incluindo alho, castanha do Brasil e várias espécies de brássicas,
tendem a acumular selênio.
BIOSDIPONIBILIDADE
De modo muito discutido, o teor de selênio das castanhas é altamente variável pois depende
não somente do solo, mas também do genótipo da castanheira. Por essa razão, torna-se
praticamente impossível definir o número de castanhas que um indivíduo deve consumir para
atingir às recomendações. A recomendação de que apenas 1 castanha ao dia atende às
recomendações nutricionais é muito genérica e não pode ser feita.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Iodo: embora o iodo seja um componente essencial dos hormônios da tireoide, as iodotironina
deiodinases (DIOs) que contêm selênio são enzimas necessárias para a conversão da tiroxina (T4)
no hormônio da tireoide biologicamente ativo, triiodotironina (T3). A atividade de DIO1 também
pode estar envolvida na regulação da homeostase do iodo. As selenoenzimas, glutationa
peroxidases, também desempenham um papel crítico na função tireoidiana, pois catalisam a
degradação dos peróxidos gerados durante a síntese do hormônio tireoidiano.
209
A deficiência de selênio foi relatada em pacientes crônicos que estavam recebendo nutrição
parenteral total (NPT) sem adição de selênio por períodos prolongados. Fraqueza muscular,
perda de massa muscular e cardiomiopatia foram observados nesses pacientes. Atualmente, as
soluções TPN são rotineiramente suplementadas com selênio.
- Fraqueza muscular
Selênio - Cansaço
- Dores nas articulações
- Falta de concentração
- Unhas e cabelos fracos e quebradiços
TOXICIDADE
Embora o selênio seja necessário para a saúde, altas doses de selênio podem ser tóxicas.
Toxicidades agudas e fatais ocorreram com a ingestão de quantidades de gramas de selênio. A
toxicidade de selênio clinicamente significativa foi relatada em 13 indivíduos após tomar
suplementos que continham 27,3mg (27.300mcg) por comprimido devido a um erro de
fabricação.
A toxicidade crônica do selênio (selenose) pode ocorrer com doses menores de selênio por
longos períodos. Os sintomas de selenose relatados com mais frequência são fragilidade e perda
de cabelo e unhas. Outros sintomas podem incluir distúrbios gastrointestinais, erupções
cutâneas, hálito de alho, fadiga, irritabilidade e distúrbios neurológicos. Em uma área da China
com alta prevalência de selenose, os efeitos tóxicos ocorreram com frequência crescente
quando as concentrações de selênio no sangue atingiram um nível correspondente a uma
ingestão de 850mcg/dia.
210
Medidas de avaliação:
Selênio eritrocitário (estado nutricional: ~3
Selênio sérico (consumo recente)
meses)
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Atualmente, poucas interações entre o selênio e medicamentos foram relatadas. Por exemplo,
o fármaco anticonvulsivante, ácido valpróico, e o agente quimioterápico cisplatina podem
diminuir as concentrações de selênio circulante em indivíduos tratados.
RECOMENDAÇÃO DE SELÊNIO
SUPLEMENTAÇÃO DE SELÊNIO
Formas mais comuns presentes em suplementos prontos são: selenito de sódio ou selenato de
sódio. Ambas as formas apresentam baixa biodisponibilidade. No entanto, a forma
selenometionina apresenta maior biodisponibilidade pois é incorporado nas proteínas corporais
(músculo esquelético, eritrócitos, pâncreas, fígado, rins e mucosa gastrointestinal). Com o
turnover proteico, o selênio é liberado e fica disponível para ser incorporado em outras
proteínas. Graças a esse mecanismo, o selênio fica mais biodisponível em nosso organismo.
A suplementação pode se dar através da forma aminoácido complexado, no entanto, essa forma
não se autossustenta.
211
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O silício (Si) não é considerado um mineral essencial e por essa razão não foram estabelecidas
RDA, AI ou UL, sugerindo que ele ainda é pouco estudado. Trata-se de um mineral essencial ao
bom funcionamento do organismo e está presente nos ossos, músculos, fígado, pâncreas, rins e
coração. Ele está associado à síntese de colágeno, elastina e ácido hialurônico e, por isso, é tido
como um agente antienvelhecimento das paredes das artérias, pele e cabelos. Ainda, tem papel
na renovação celular, no bom funcionamento dos ossos e articulações e no sistema imunológico.
FUNÇÕES
Um mecanismo bioquímico plausível de ação para o silício se dá por uma possível função
estrutural ou de ligação que afeta a formação de tecido conjuntivo, onde está fortemente ligado
em concentrações significativas. Esta função de ligação é apoiada pela descoberta de que o
silício forma facilmente complexos estáveis com polióis que têm pelo menos quatro grupos
hidroxila. Esses polióis incluem hexosamina e ascorbato usado para formar glicosaminoglicanos,
mucopolissacarídeos e colágeno envolvidos na formação de tecido conjuntivo e estabilização e
formação óssea. A hipótese de que o silício pode ser benéfico ao alterar a absorção e utilização
de outros elementos minerais envolvidos no metabolismo ósseo, resposta imune, inflamatória
ou função cognitiva ainda não é bem clara.
ALIMENTOS FONTE
Em alimentos o silício está presente na forma dióxido de Si (SiO2) e silicatos. Está presente em
maiores quantidades em alimentos vegetais, principalmente cereais e baixíssimos níveis em
alimentos de origem animal. O ácido ortosilícico é a principal forma presente na água e outros
líquidos como a cerveja e é a forma com maior biodisponibilidade.
215
A biodisponibilidade dentre os alimentos fontes de silício difere muito. A aveia, por exemplo,
apresenta uma maior quantidade de silício, porem menor biodisponibilidade.
Por essa razão, torna-se necessário usar os dois parâmetros (quantidade vs biodisponibilidade),
na hora de elaborar um plano alimentar. A imagem abaixo apresenta a quantidade em
miligrama (mg) por 100g de silício nos alimentos, sua porcentagem biodisponível nos alimentos
e por fim, o que de fato ´é absorvido pelo organismo.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Pode ser interessante suplementar silício já na forma biodisponível (ácido ortosilícico) para
pacientes usando antiácidos como omeprazol, pantoprazol, etc., devido as alterações que esses
medicamentos causam no pH estomacal.
216
SUPLEMENTAÇÃO DE SILÍCIO
Nota-se que o silício é bem explorado com fins estéticos. Uma revisão da literatura demonstrou
que:
• Para pele: Silício é importante para a síntese de colágeno por meio do estímulo à
atividade dos fibroblastos;
• Para cabelo: aumento do teor de silício nos cabelos resulta em menos queda e mais
brilho;
• Para unhas: silício é um dos minerais que faz parte da composição das unhas teor de
silício afeta a resistência das unhas.
A European Food Safety Authority (em português: Autoridade Europeia para a Segurança
Alimentar) chegou à conclusão de que o silício na forma ácido ortosilícico estabilizado com colina
é uma forma de silício biodisponível (contém aproximadamente 2% de silício);
Por fim, recomenda-se não manipular o silício em gomas, pois há sua polimerização, e
consequentemente, não é absorvido.
217
APRESENTAÇÃO DO SILICIO
Nome comercial Forma do silício Estabilização
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Safety of organic silicon (monomethylsilanetriol, MMST) as a novel food ingredient for use
as a source of silicon in food supplements and bioavailability of orthosilicic acid from the
source disponivel em: https://www.efsa.europa.eu/fr/efsajournal/pub/4436
2. Araujo LA, et al. An Bras Dermatol. 2016; 91(3):331-5.
3. Choline‐stabilised orthosilicic acid added for nutritional purposes to food supplements. European
Food Safety Authority (EFSA). First published: 23 February 2009
https://doi.org/10.2903/j.efsa.2009.948
4. Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 5ª ed Manole, 2016.
5. Jugdaohsingh R, et al. Dietary silicion intake and absorption. Am Soc Clin Nutr, 75, 2002.
6. Jugdaohsingh R. Silicon and bone health. J Nutr Aging, 11(2): 99-110, 2007.
7. Nielsen, F. H. (2014). Update on the possible nutritional importance of silicon. Journal of Trace
Elements in Medicine and Biology, 28(4), 379–382. doi:10.1016/j.jtemb.2014.06.024
8. Robberecht H, et al. Internat J Food Properties, 11: 638-645, 2008.
9. Spronk I, Kullen C, Burdon C, O'Connor H. Relationship between nutrition knowledge and dietary
intake. Br J Nutr. 2014 May 28;111(10):1713-26. doi: 10.1017/S0007114514000087. Epub 2014 Mar
13. PMID: 24621991.
218
Zinco (Zn) é um oligoelemento essencial para todas as formas de vida. Vários aspectos do
metabolismo celular são dependentes do zinco. O zinco desempenha papéis importantes no
crescimento e desenvolvimento, função imunológica, neurotransmissão, visão, reprodução e
transporte de íons intestinais. Além disso, mais de 50 enzimas diferentes dependem do zinco
para sua capacidade de catalisar reações químicas vitais. Usando abordagens de mineração de
dados, estimou-se que mais de 3.000 proteínas em humanos têm locais de ligação de zinco
funcionais. À nível celular, a função do zinco pode ser dividida em três categorias: (1) catalítica,
(2) estrutural e (3) reguladora.
FUNÇÕES
O dedo de zinco na estrutura dos receptores nucleares, permite que eles se liguem ao DNA e
atuem como fatores de transcrição para regular a expressão gênica. Eles estão envolvidos ainda
nas interações proteína-proteínas, ribonucleotídeos e lipídios. A remoção do zinco das proteínas
resulta no dobramento incorreto e consequente perda de função.
Verificou-se que as proteínas de dedo de zinco regulam a expressão gênica agindo como fatores
de transcrição. O zinco também desempenha um papel na sinalização celular por meio do fator
de transcrição de metais 1 (MTF-1) e do elemento de resposta do metal (MRE); O MTF1 possui
um domínio de dedo de zinco que permite sua ligação ao MRE no promotor de genes alvo e a
subsequente expressão de genes responsivos ao zinco. O zinco também pode ter função
regulatória direta, modulando a atividade de enzimas sinalizadoras celulares e fatores de
transcrição.
A enzima antioxidante, cobre-zinco superóxido dismutase 1 (SOD 1), é feita de dois dímeros
idênticos, cada um incluindo um sítio ativo com um íon de cobre catalítico e um íon de zinco
estrutural. A desmetalação de SOD1 foi implicada na formação de agregados amilóides em
algumas formas de esclerose lateral amiotrófica hereditária (ELA) - uma doença do neurônio
motor que leva à atrofia muscular e paralisia.
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ALIMENTOS FONTE
Em geral, há uma grande variação no conteúdo de zinco entre os alimentos de origem animal e
vegetal. No entanto, em alimentos de origem animal, a quantidade e a biodisponibilidade de
zinco são maiores, isso se dá pela presença de fitato nos alimentos de origem vegetal. Vale
destacar ainda que o pH do estômago pode também influenciar na absorção do zinco.
BIODISPONIBILIDADE
Conforme citado anteriormente, o fitato é a forma pela qual as plantas armazenam fosfato,
presente nos cereais integrais. Ele funciona como quelante de metais divalentes, levando a um
efeito negativo na absorção do zinco. Avaliação da biodisponibilidade do zinco pode ser feita
pela razão molar fitato/zinco da dieta pela divisão do total de fitato (mmol) pelo total de zinco
(mmol) disponível nos alimentos.
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ZINCO FITATO
ALIMENTO Razão
100g/mg 100kcal/mg 100g/mg
Zinco/Fitato
Fígado e rim
4,2-6,1 2,7-3,8 0 0
(bovina e aves)
Carne
2,9-4,7 1,1-2,8 0 0
(bovina e suína)
Aves
(galinha, pato 1,8-3,0 0,6-1,4 0 0
etc.)
Frutos do mar
0,5-5,2 0,3-1,7 0 0
(peixe etc.)
Ovos
1,1-1,4 0,7-0,8 0 0
(galinha, pata)
Laticínios
0,4-3,1 0,3-1,0 0 0
(leite, queijo etc.)
Sementes e
oleagninosas
2,9-7,8 0,5-1,4 1,76,-4,710 22-88
(abobora, girassol
etc.)
Feijões e lentilhas
(soja, grão de 1,0-2,0 0,9-1,2 110-617 19-56
bico etc.)
Cereais integrais
(trigo, milho, 0,5-3,2 0,4-0,9 211-618 22-53
arroz integral)
Cereais refinados
(farinha de trigo, 0,4-0,8 0,2-0,4 30-439 16-54
arroz branco)
Pão
(farinha branca, 0,9 0,3 30 3
fermento)
Mandioca
0,7 0,2 70 10
fermentada, raiz
Tubérculos 0,3-0,5 0,2-0,5 93-131 26-31
Vegetais 0,1-0,8 0,3-3,5 0-116 0-42
Frutas 0-0,2 0-0,6 0-63 0-31
Legenda: Verde: < 5 = maior biodisponibilidade; Vermelho >15 = menor biodisponibilidade;
amarelo = 5-15 biodisponibilidade média.
INTERAÇÕES DE NUTRIENTES
Cobre: grandes quantidades de zinco inorgânico (50 mg/dia ou mais) podem interferir na
biodisponibilidade do cobre. (1) A alta ingestão de zinco compete pela mesma proteína ligadora
da mucosa intestinal; (2) o zinco induz a síntese intestinal de uma proteína de ligação ao cobre
chamada metalotioneína. A metalotioneína aprisiona o cobre nas células intestinais e evita sua
221
Ferro: níveis suplementares de ferro (38-65 mg/dia de ferro elementar), mas não os níveis
dietéticos de ferro, podem diminuir a absorção de zinco, devido a uma competição por sítios de
absorção. Além disso, o excesso de ferro na forma de suplemento, administrada com estômago
vazio, pode reduzir a absorção do zinco. Nesse cenário, se faz necessário elaborar uma estratégia
coerente com o objetivo e estado clínico do paciente.
Se for necessário suplementar zinco em altas doses, deve-se suplementar também ferro, cobre
e magnésio junto com as refeições.
Magnésio: altas doses de zinco na forma de suplemento, podem interferir com a absorção do
magnésio; um estudo suplementou 142mg de zinco na forma sulfato (ZnSO4), e foi possível
observar que houve uma redução da absorção e balanço do magnésio nesses indivíduos.
Cálcio: altas doses de cálcio (1500mg/dia) diminuíram de forma significativa a absorção do zinco
em aproximadamente 2mg/dia. Doses de 600mg na forma de suplemento de cálcio, diminuíram
em 50% a absorção do zinco durante uma refeição. Em contra partida, a adição de 7,8mg de
zinco ao suplemento de cálcio corrigiu o problema. Vale destacar que, se o consumo de cálcio
através da dieta associada a suplemento corresponder a ≥ 1500mg, é necessário suplementar
também o zinco, mesmo que a suplementação seja feita longe das refeições fonte de zinco.
DEFICIÊNCIA
Muito do que se sabe sobre a deficiência grave de zinco foi derivado do estudo de indivíduos
nascidos com acrodermatite enteropática (AE), um distúrbio genético resultante da absorção e
222
Por outro lado, hoje se reconhece que a deficiência mais branda de zinco contribui para uma
série de problemas de saúde, especialmente comuns em crianças que vivem em países com
poucos recursos. Estima-se que 2 bilhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela
deficiência de zinco na dieta. Porém, a falta de um indicador sensível e específico de deficiência
marginal de zinco dificulta o estudo científico de suas implicações para a saúde.
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- Anorexia
- Alterações do paladar (hipogeusia)
Zinco
- Alopecia
- Diarreia
- Lesões cutâneas
- Prejuízo do sistema imune
TOXICIDADE
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Medidas de avaliação:
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Tomar suplementos de zinco e esses medicamentos com pelo menos duas horas de intervalo
deve evitar essa interação.
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RECOMENDAÇÃO DE ZINCO
SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO
• Oxido de zinco
• Acetato de zinco
• Sulfato de zinco
• Citrato de zinco
• Gliconato de zinco
• Picolinato de zinco
• Aspartato de zinco
• Zinco bisglicinato
• Zinco quelato
Estudo comparou a absorção de 10mg de zinco em indivíduos saudáveis nas formas de oxido de
zinco em comparação ao gliconato de zinco e citrato de zinco. As formas citrato de zinco e
gliconato de zinco apresentaram biodisponibilidade semelhantes, e o oxido de zinco teve menor
biodisponibilidade, onde notou-se que em 2 indivíduos o zinco na forma oxido nem foi
absorvido. Importante ressaltar que o uso de antiácidos ou indivíduos com diagnóstico de
hipocloridria, prejudicam a absorção do zinco na forma oxido.
225
Nesse cenário, quando for necessário suplementar o zinco em altas doses, sugere-se também
suplementar ferro, cobre e magnésio, especificamente junto com as refeições.
Zinco - A UL foi baseada em estudos com suplementação de zinco inorgânico. Por essa razão,
se for necessário suplementar zinco em altas doses suplementar também ferro, cobre
e magnésio junto com as refeições;
226
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MINERAIS
Nutriente Medicamentos Consequência
Bloqueadores H2
↓ Ca
(cimetidina)
Inibidores da bomba de prótons
↓ Ca
(omeprazol e pantoprazol)
Diuréticos tiazídicos
Risco de hipercalemia
(hidroclorotiazida)
Antibióticos
Cálcio ↓ fármaco
(tetraciclina)
Β-bloqueador
↓ fármaco
(sotalol)
Synthroid
↓ fármaco
(hormônio sintético)
Antirretrovirais
↓ fármaco
(tivicay, vitekta e isentress)
Penicilamina
↑ eliminação de Cu
Cobre (quelante)
Anticoncepcionais ↑ Cu
Cromo -- --
Bloqueadores H2
↓ Fe
(cimetidina)
Inibidores da bomba de prótons
↓ Fe
(omeprazol e pantoprazol)
Anti-parkinsonismo
↓ fármaco
(sinemet)
Synthroid
↓ fármaco
(hormônio sintético)
Ferro
Anti-hipertensivo
↓ fármaco
(aldomet)
Antibióticos
↓ fármaco
(quinolonas, tetraciclinas)
Osteoporose - bisfosfonatos
↓ fármaco
(alendronato, etidronato)
Hipocolesterolemiantes
↓Fe
(colestiramina e colestipol)
Antiarrítmicos
↓ Iodo
(amiodarona)
Antitireoidianos
Iodo (propiltiouracil, o metimazol, ↓ Iodo
carbimazol)
Anticoagulante
↓ Iodo
(varfarina)
Osteoporose - bisfosfonatos
↓ fármaco
Magnésio (alendronato, etidronato)
Clorpromazina ↓ fármaco
230
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232
Ao elaborar uma prescrição, alguns dados devem constar no receituário, tais como:
→ Data
→ Nome completo do paciente
→ Fórmula com quantidades e formas químicas
→ Forma farmacêutica
→ Posologia: dose e horários de administração
→ Especificar quais excipientes não podem ser usados caso o paciente tenha alguma
intolerância ou alergia (ex: não utilizar lactose)
→ Nome completo do profissional com endereço e assinatura
→ Carimbo e número do registro profissional
Exemplo 1:
233
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Algumas informações podem ser opcionais, no entanto, essas informações podem ajudar a
farmácia na escolha da cápsula, excipientes etc.:
→ Idade do paciente
→ Características do paciente:
Dessa forma, a farmácia pode optar por cápsulas menores, mesmo que o número final de
cápsulas aumente.
Nesse cenário, você pode escolher o sabor ou deixar a farmácia escolher. O inverso também é
possível:
235
Para tornar a estratégia efetiva, se faz necessário considerar alguns pontos, e eventualmente,
discutir com seu paciente a melhor forma para a suplementação. Nesse cenário, uma anamnese
nutricional robusta pode ajudar a nortear a melhor estratégia para “o que e quanto
suplementar” frente ao objetivo clínico.
Devemos considerar, em primeiro lugar o hábito alimentar do paciente, e trabalhar com ajustes
alimentares para suprir deficiências ou carências. Se faz importante conhecer os medicamentos
que o paciente faz uso, para que sejamos capazes de identificar se há deficiências que podem
ser ocasionadas pelo uso desses fármacos, como por exemplo os antiácidos, ou então se há
interação entre fármaco-nutrientes em casos de suplementação por deficiência alimentar ou
por patologias base.
Além disso, o fato de se ter uma deficiência confirmada por exames, como por exemplo a
vitamina D, ferro, vitamina B12, dá ao profissional ferramentas para uma suplementação
assertiva. No entanto, o cenário ideal nem sempre é o cenário real, por essa razão, através de
sinais e sintomas (sem a presença de exames laboratoriais), é recomendado que o profissional
suplemente o paciente com doses menores, respeitando as recomendações e as características
do paciente, além de avaliar, periodicamente a evolução do paciente, conforme as queixas
apresentadas inicialmente (houve melhora dos sinais e sintomas após a suplementação?).
Vale lembrar que, quando for preciso trabalhar com doses mais altas para corrigir uma
deficiência, é necessário orientar bem o paciente, além de deixar isso claro na prescrição que a
suplementação não deve ser repetida sem a avaliação/autorização do profissional de saúde.
→ Qual a aceitação do paciente para suplementos nas diversas formas (cápsulas, sachês,
goma, xarope etc.)
→ Qual a situação financeira do paciente ou disposição para investir na dieta e
suplementação?
→ Além da suplementação de vitaminas e minerais quais outros suplementos o paciente
precisa?
É importante ressaltar que em alguns cenários, o paciente irá apresentar uma gama de
deficiências, e não necessariamente, precisamos supri-las em um único momento. Observar os
sinais e sintomas apresentados e trazer o paciente para tomada de decisão de como fazer as
correções é de extrema importância para garantir o sucesso da abordagem. Além disso, é
236
237
Assim como as vitaminas, antes de suplementar minerais, é necessário ver o que é possível
fornecer por meio da alimentação, por exemplo: em um paciente com sintomas leves de
ansiedade, é possível estimular o consumo de alimentos fonte de magnésio, o que pode ser
suficiente para redução dos sintomas; já para pacientes com sintomas de moderado a grave,
pode ser necessário aumentar o consumo alimentar associado a suplementação.
Quando for necessário suplementar um mineral em doses superiores à UL, como por exemplo,
o ferro para tratamento da anemia ferropriva, é necessário encaminhamento médico para a
administração de doses farmacológicas. Outros pontos que deve ser considerado sempre que
forem utilizadas doses maiores de suplementação são:
→ Quais nutrientes podem ter efeito sinérgico? Exemplo: vitamina D + cálcio + magnésio e
vitamina K
→ Quais podem ser prejudicados caso a suplementação seja prolongada e com altas
doses? Por exemplo, altas doses de zinco podem prejudicar o estado nutricional do
cobre
→ Altas doses de cálcio podem levar a uma redução na absorção do ferro não heme das
refeições, mas uma quantidade pequena de cálcio via alimentos fonte (exemplo: queijo)
em uma refeição com ferro biodisponível (exemplo: carne), torna essa interação menos
significativa.
Pensando em pacientes que podem apresentar muitas deficiências associadas e/ou irão de
beneficiar de uma suplementação completa, estão:
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REFEIÇÃO SUPLEMENTAÇÃO
Café da manhã Vitaminas hidrossolúveis + vitamina E
Desta forma, não ocorrem interações prejudiciais entre vitaminas redutoras e metais
de transição e tampouco interações entre vitaminas lipossolúveis.
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SUPLEMENTO 1
Vitamina C revestida 200mg
Benfotiamina 10mg
Riboflavina 25mg
Hexanicotinato de inositol 30mg
Pantotenato de cálcio 30mg
Piridoxina 50mg
Metilfolato 400mcg
Metilcobalamina 500mcg
Vitamina E (tocotrimax) 400UI
SUPLEMENTO 2
Colecalciferol 2000UI
Palmitato de retinol 450mcg
β-caroteno 900mcg
C) MINERAIS + VITAMINA K
SUPLEMENTO 3
Calcio (quelato) 200mg
Ferro (quelato) 35mg
Magnésio (citrato) 150mg
Zinco (quelato) 10mg
Selenometionina 100mcg
Cromo (picolinato) 150mcg
Cobre (quelato) 1mg
Manganês (quelato) 1mg
Vitamina K (MK7) 75mcg
Os suplementos foram separados para evitar interações prejudiciais (ex: vitamina C e ferro) e
também possíveis interações que podem reduzir a absorção de vitaminas lipossolúveis (ex:
vitamina K e vitamina E). Lembrando que para pacientes gastrectomizados é importante
otimizar o máximo possível, devido à menor absorção.
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A) VITAMINAS E MINERAIS
SUPLEMENTO 1
Benfotiamina 10mg
Riboflavina 25mg
Hexanicotinato de inositol 30mg
Pantotenato de cálcio 30mg
Piridoxina 50mg
Metiltetrahidrofolato 350mcg
Metilcobalamina 800mcg
Calcio (quelato) 200mg
Ferro (quelato) 20mg
Magnésio (citrato) 150mg
Zinco (quelato) 10mg
Selenometionina 100mcg
Cromo (picolinato) 150mcg
Cobre (quelato) 1mg
Manganês (quelato) 1mg
Vitamina K (MK7) 75mcg
B) VITAMINA D
SUPLEMENTO 2
Colecalciferol 2000UI
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OPÇÃO 1
Ferro (bisglicinato) 30mg
Tiamina 10mg
Riboflavina 25mg
Metilfolato 200mcg
Hexanicotinato de inositol 25mg
Pantotenato de cálcio 25mg
Piridoxina 50mg
Metilcobalamina 500mcg
Vale destacar que, o hexanicotinato de inositol (vitamina B3) e o pantotenato de cálcio (vitamina
B5) devem compor um suplemento para pacientes desnutridos ou com dieta inadequada,
quando associados a presença de anemia por deficiência de ferro. Para pacientes com consumo
adequado de proteínas e dieta variada, não é necessário incluir as vitaminas B3 e B5.
A deficiência de ferro também pode ser tratada de forma isolada, apenas com suplementação
de ferro na forma bisglicinato ou polimaltose (em pacientes que tem uma dieta bem balanceada
com aporte adequado de vitaminas do complexo B).
A forma polimaltose (que é a forma mais segura) é a melhor escolha para pacientes nos quais
existe suspeita de deficiência de ferro, mas esta não foi confirmada por exames laboratoriais,
ou ainda para pacientes nos quais a suplementação de ferro é profilática.
OPÇÃO 2
Ferro (bisglicinato) 30mg
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GESTAÇÃO
FÓRMULA 1 - Minerais
Dimalato de cálcio 300mg
Zinco (quelato) 15mg
Selenometionina 100mcg
Cromo (picolinato) 50mcg
Iodo (quelado) 80mcg
Magnésio (citrato) 150mg
Cobre (quelato) 1mg
Ferro (quelato) 35mg
OSTEOPENIA/OSTEOPOROSE
OPÇÃO 1
Cálcio (dicálcio malato) 250mg
Magnésio (citrato) 150mg
Vitamina K (Mk7) 100mcg
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SUPLEMENTO 2
Colecalciferol 2000UI
Vale lembrar que para diversos nutrientes a recomendação é atingida facilmente pela
alimentação. Esse ponto deve ser levado em consideração no momento da elaboração da
formulação. Além disso, deve-se considerar que a suplementação de vitaminas e minerais não
é a única estratégia que podemos aplicar. Devemos considerar o uso de suplementos como o
ômega-3, probióticos, e em atletas, o uso de suplementos como whey protein, e isso implica no
custo final para o paciente.
Fica mais barato manipular um suplemento para 60 dias do que 2 x 30 dias, mas alguns pontos
devem ser levados em consideração. Quando é a primeira suplementação do paciente, o ideal
é fazer um suplemento para apenas 30 dias para:
Quando é um suplemento seguro e você já tem os dados anteriores, verificar o prazo de validade
com sua farmácia de escolha levando em consideração o local onde o paciente mora e como
será o armazenamento desse suplemento:
▪ Combinação de nutrientes
▪ Forma farmacêutica
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✓ A suplementação ideal para seu paciente depende de todos os fatores discutidos ao longo
do curso: alimentação, sinais e sintomas, exames laboratoriais, estilo de vida,
medicamentos e mesmo genética;
✓ A ideia é que agora você tenha condições de manipular o melhor suplemento possível
para seu paciente – volte em cada capítulo quantas vezes for necessário;
✓ Lembre-se de ser flexível, a melhor abordagem é aquela viável para seu paciente;
✓ Não adianta uma suplementação perfeita que seu paciente não consegue seguir ou
bancar, isso também é aplicado para alimentos;
✓ Muitas vezes você não terá todas as informações necessárias para saber se o paciente
realmente precisa o suplemento, neste caso muitas vezes é necessário trabalhar com
tentativa e erro suplementar e avaliar a reposta do paciente;
✓ Faça o melhor possível para ajudar seu paciente com as ferramentas que você tem hoje e
lembre-se que o conhecimento está em constante evolução, continue estudando sempre
e não pare jamais de se atualizar!
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