Você está na página 1de 9

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA CIDADE (PR).

Intermediada por seu mandatário ao final firmado -- instrumento


procuratório acostado -- causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do
Paraná, sob o nº. 112233, com seu endereço profissional consignado no timbre desta, onde,
em atendimento à diretriz do art. 39, inciso I, da Legislação Instrumental Civil, indica-o para
as intimações necessárias, comparece, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, brasileira, viúva, comerciária, residente e domiciliada na Cidade (PR), na Rua
Delta, nº. 000, para ajuizar, com fulcro no art. 776 do Código Civil Brasileiro, a presente

AÇÃO DE COBRANÇA,

contra XISTA SEGURADORA DO BRASIL S/A, pessoa jurídica de direito privado, com sua
sede situada na Av. Flores, nº. 0000 – São Paulo (SP), em razão das justificativas de ordem
fática e de direito, abaixo delineadas.

I – ALÍGERAS CONSIDERAÇÕES FÁTICAS

9
A Autora fora casada com o falecido/segurado Diógenes das
Quantas, o qual veio a falecer no dia de 00/11/2222, vítima de parada cárdio-respiratória,
conforme atestado de óbito que ora colacionamos. (doc. 01)

O de cujus, destaque-se, contratara com a Ré seguro de vida


por meio da apólice nº.s 556677, a qual previa o pagamento, em caso de morte natural, da
quantia de R$ 000.000,00 ( .x.x.x ), tendo como beneficiária a ora Promovente. (doc. 02)

Entrementes, a Autora, ao requerer o valor correspondente à


apólice de seguro, teve sua pretensão recusada pela Ré, sob o pífio argumento de que a
doença que vitimou o segurado era pré-existente à contratação da avença. Na espécie,
afirmou-se que o falecido já era portador de asma brônquica – quadro clínico existente
antes, pois, da contratação --, agindo o mesmo de má-fé, pois não revelou este fato ao
contratar o seguro, o que provocou, em verdade, sua morte.

Entendeu, assim, que a recusa em debate era legal, porquanto


arrimada nas disposições contidas nos artigos 765 e 766 da Legislação Substantiva Civil.

HOC IPSUM EST

II – NO MÉRITO

9
Antes de mais nada, devemos verificar que é inverídico que o
falecido era portador de bronquite asmática antes da contratação do seguro.

Além disso, caberia à Seguradora quando da contratação,


permitir a realização de exames. Dispensando a seguradora o devido e prévio exame
médico, há que se crer na palavra do segurado (ou seus sucessores), cabendo àquela
provar a má-fé deste. Em caso de dúvida, pois, resolve-se em favor do segurado.

Convém ressaltar, nesse enfoque, notas de jurisprudência que


confortam o entendimento ora expresso:

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. COBRANÇA DE SEGURO DE VIDA.


SINITRO (MORTE). NEGATIVA DE COBERTURA. DOENÇA PRÉ EXISTENTE.
Declaração de estado de saúde e/ou exames prévios não exigidos. Falta de
comprovação de má-fe do contratante proposta aceita. Seguradora que assumiu o
risco do negócio dever de indenizar. Valor constante da apólice. Juros de mora
contados a partir da negativa de cobertura. Precedentes do STJ e desta corte.
Recurso de apelação conhecido e desprovido recurso adesivo conhecido e
provido. (TJPR
(TJPR - ApCiv 0931562-6; Foz do Iguaçu; Nona Câmara Cível; Rel. Juiz
Conv. Horácio Ribas Teixeira; DJPR 29/04/2013; Pág. 141)

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. SEGURO DE VIDA. MORTE DO


SEGURADO. ALEGAÇÃO DE DOENÇA PRÉ-EXISTENTE À CONTRATAÇÃO. RECUSA
DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE EXAMES MÉDICOS PRÉVIOS. RISCO ACERCA DE
9
EVENTUAIS DOENÇAS PREEXISTENTES NÃO INFORMADAS PELO SEGURADO
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA. MÁ-FÉ DO SEGURADO NÃO
COMPROVADA. RECURSO DESPROVIDO.
Se a seguradora deixou de adotar providências necessárias, tais como a realização
de exames clínicos prévios, como no caso em comento, não pode pretender se
eximir do pagamento do prêmio do seguro, sob a alegação de má-fé e omissão de
informações do segurado, porquanto assumiu os riscos do negócio. (TJMT
(TJMT - APL
48721/2012; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. João Ferreira Filho; Julg.
16/01/2013; DJMT 23/04/2013; Pág. 10)

CIVIL E CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. APELAÇÃO. AGRAVO RETIDO. AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. INEXISTÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. RECUSA INDEVIDA DE COBERTURA A PROCEDIMENTOS
MÉDICOS. GOLDEN CROSS. AUTORA PORTADORA DE CÂNCER DE MAMA.
DIAGNÓSTICO POSTERIOR À CONTRATAÇÃO DO PLANO DE SAÚDE, QUE NÃO
EXIGIU EXAMES ANTES DA ASSINATURA DO CONTRATO. AUSÊNCIA DE PROVAS
DE DOENÇA PRÉ-EXISTENTE. SENTENÇA MANTIDA. AGRAVO RETIDO E APELO
IMPROVIDOS.
1. Nega-se provimento a agravo retido, uma vez que se mostra desnecessária a
produção de prova pericial no caso dos autos.
1.1. Correto o entendimento esposado pelo juízo a quo, porquanto, ao determinar
a conclusão dos autos para julgamento antecipado da lide, o feito estava
suficientemente instruído, sendo a matéria unicamente de direito; desnecessária,
portanto, a realização de outras provas ou diligências. 2. Não há se falar em
9
negativa de prestação jurisdicional, uma vez que a sentenciante analisou todas as
questões suscitadas pelas partes, esclarecendo inclusive que antes da contratação
com o plano de saúde não havia o diagnóstico da doença para a qual a apelante
requereu o tratamento, não havendo se cogitar em omissão na declaração de
saúde.
3. De acordo com as provas constantes nos autos, depreende-se que a autora é
portadora de câncer em sua mama esquerda, cujo diagnóstico ocorreu após ter
firmado contrato de cobertura médica pelo plano de saúde Golden Cross, tendo
sido submetida à cirurgia de mastectomia e tratamento com quimioterapia,
necessitando da realização de tomografia de tórax e tratamento radioterápico.
4. Emerge a ilicitude da negativa de cobertura do exame e tratamento pleiteados
sob o pretexto de que a doença da agravante era preexistente, máxime quando
não logrou a seguradora apresentar qualquer prova de que tenha exigido, ou até
mesmo submetido a autora a exames de saúde antes da celebração do negócio
jurídico em tela (art. 333,II, CPC).
5. Precedentes. Do Superior Tribunal de Justiça e da Casa.
5.1 "Consoante entendimento desta Corte, a seguradora que não exigiu exames
médicos previamente à contratação não pode eximir-se do pagamento da
indenização, sob a alegação de que houve omissão de informações pelo
segurado". (STJ, 3ª Turma, AG. Rg. no AG. nº 1.062.383-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti,
DJe de 15/10/2008).
5.2 "Se a paciente atende aos critérios adotados como indicadores da realização
da cirurgia bariátrica e não restou comprovada a alegada fraude quanto à omissão
de informação acerca eventual doença pré-existente no momento da contratação
do plano de saúde, há que ser mantida a condenação imposta à empresa para
9
custear todos os gastos com a internação e a realização do indigitado
procedimento cirúrgico, nos termos do contrato firmado entre as partes. "
(Acórdão n.641988, 20080110219186APC, Relator. Carmelita Brasil, Revisor.
Waldir Leôncio Lopes Júnior, 2ª Turma Cível, DJE. 18/12/2012. Pág. 115).
6. Apelação e agravo retido improvidos. (TJDF
(TJDF - Rec 2010.07.1.023843-9; Ac.
668.068; Quinta Turma Cível; Rel. Des. João Egmont; DJDFTE 16/04/2013; Pág.
174)

De outro bordo, fundamentou a Ré sua recusa no que rege o art.


766 do Código Civil.

Art. 766 - Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações


inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou
na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio
vencido.

Entretanto, ínclito Magistrado, em se tratando de seguro de vida,


não basta a mera alegação do segurador da pré-existência de estado de saúdo omitido na
contratação.

Nesse sentido:
9
"O segurado, em se tratando de seguro de vida, deve, regra geral, esclarecer a
idade, a profissã o, o estado de saú de. Qualquer informaçã o falsa ou errada,
qualquer omissã o ou reticência, da parte do segurado, dará motivo à nulidade
do contrato, pelas razõ es já conhecidas.

Mas, evidentemente, quando o segurador por esse fundamento recusa pagar o


seguro, claro que lhe cabe provar:

a) não só que o segurado no momento da celebraçã o do contrato já sofria da


moléstia de que veio a falecer;

b) como ainda que ela a conhecia e que efetivamente a dissimulou.

[...]

Todos são concordes em que a reticência nã o dolosa somente vicia o contrato


quando é de natureza a modificar a opiniã o sobre o risco ou a mudar o seu
objeto.

Daí estas conseqü ências, geralmente admitidas:

a) se o segurado deixa de declarar, de boa-fé, ter sofrido anteriormente de


moléstia de qualquer natureza, essa omissã o não prejudicará a validade do
seguro, se de acordo com a opiniã o dos médicos podia ele considerar-se
inteiramente curado;

b) se a moléstia omitida não tenha tido nenhuma influência sobre a morte do


segurado" (SANTOS, J. M. Carvalho. Código Civil brasileiro Interpretado.
Interpretado. 8ª Ed.
Freitas Bastos, v. XIX, p. 300-301).

9
Na realidade o falecido agiu na mais completa boa-fé, sequer
existindo a doença asmática antes da contratação. E mais, se assim ainda fosse verdade,
nem de longe teria qualquer relação com a morte do segurado.

Em arremate, temos que se a seguradora, ora Ré, não exigiu a


realização de prévio exame médico antes da contratação, chamou para si a
responsabilidade os riscos do negócio firmado, devendo indenizar a Autora com o
pagamento do valor da apólice devidamente corrigida.

III – DOS PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Em arremate, requer a Autora que Vossa Excelência se digne de tomar


as seguintes providências:

a) determinar a citação da Requerida, por Carta, com


Aviso de Recepção, com as cominações de estilo(CPC,
art. 222 c/c art. 285);

b) pede sejam julgados procedentes os pedidos


formulados nesta querela, condenando a Ré a pagar a
Autora a quantia de R$ 000.000,00 ( .x.x.x. ),
correspondente ao valor da apólice nº. 556677, com
9
correção monetária e juros moratórios, a partir do evento
danoso, além de custas e honorários advocatícios;

Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre


dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do


evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual.

c) protesta provar o alegado por toda espécie de prova


admitida(CFed, art. 5º, inciso LV), nomeadamente pelo
depoimento do representante legal da Ré, pena de tornar
confitente ficta, oitiva de testemunhas, perícia, tudo de
logo requerido.

Concede-se à causa o valor de R$ 000.000,00 ( .x.x.x).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade (PR), 00 de maio do ano de 0000.

Você também pode gostar