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Fafe
março de 2018
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Fafe
março de 2018
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março de 2018
A Orientadora
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Agradecimentos
outros tantos, a quem sou igualmente grata, por me mostrarem caminhos de ignorância
que, por livre-arbítrio, pude optar não percorrer. Ambos me ensinaram tanto!
Não obstante, não posso deixar de ser grata aos Meninos Especiais com os quais tive a
àqueles que trabalham com amor, dedicação e honestidade com estes seres especiais,
Sara) que me ajudam a tentar fazer sempre um trabalho mais humano e honesto.
exigência, mas também por ter estado sempre presente, disponível e atenta.
Sou eternamente grata aos meus pais, pelo apoio diário constante, que sempre me
deram, e à minha irmã pela ajuda e incentivo em levar a cabo esta especialização.
Finalmente, o maior agradecimento, aquele que sai do mais fundo de mim, pelos
momentos em que os privei da minha companhia, é para os meus dois maiores pilares: o
meu filho, Gonçalo, e o meu companheiro, Carlos. Sem eles, não seria possível lapidar a
Dedicatória
Resumo
Abstract
circunferência. Este termo foi introduzido na psicologia por Carl G. Jung, que nos diz
que:
A palavra sânscrita mandala significa "círculo" no sentido habitual da palavra.
No âmbito dos costumes religiosos e na psicologia, designa imagens circulares
que são desenhadas, pintadas, configuradas plasticamente ou dançadas.
Configurações plásticas deste tipo são encontradas, por exemplo, no budismo
tibetano. Como fenómeno psicológico aparecem espontaneamente em sonhos,
em certos estados conflitivos e na esquizofrenia.
Carl Jung e o sinólogo alemão, Richard Wilhelm, publicaram em Munique a
obra “O Segredo da Flor de Ouro”. É a partir destas reflexões que Jung recorre à
imagem da mandala para designar uma representação simbólica da psique, cuja essência
nos é desconhecida. Através dos seus estudos, constata que a mandala possui uma dupla
eficácia: conservar a ordem psíquica, se ela já existe, ou restabelecê-la, se ela
desapareceu. Neste último caso, exerce uma função estimulante e criadora (Chevalier &
Gheerbrant, 1994:585-586).
As pesquisas de Jung sobre o simbolismo das mandalas contribuíram para torná-
las acessíveis ao público ocidental. A mandala, nos nossos dias, é usada na psicologia
junguiana e transpessoal por vários psicoterapeutas que trabalham com o
desenvolvimento pessoal, uma vez que esta encerra em si qualidades terapêuticas.
Segundo a psicanalista Virgínia Fernandes, com base em estudos feitos na obra
de Jung e de Nise da Silveira, refere que a Mandalaterapia é uma técnica terapêutica que
utiliza mandalas para acessar conteúdos inconscientes e elaborar conflitos internos,
prmovendo um maior equilíbrio interior. Ainda segundo esta autora, as mandalas são
um grande auxiliar na verbalização das angústias, mágoas e medos das crianças.
Destarte, a escolha do tema deste artigo deveu-se ao facto de trabalharmos com
alunos com PEA e por termos experienciado, em parceria com outros técnicos, TC em
alunos com NEE, no geral, e com alunos autistas, em particular.
Pretende-se expor a informação conseguida através da consulta e análise
bibliográfica que se ajuizou relevante para a apreensão das temáticas em estudo e que,
de algum modo, proporcionasse dados suscetíveis de permitir responder cientificamente
à questão de partida. Com este estudo, pretendemos dar resposta à questão de
investigação: De que forma as TC, como a Arteterapia, a Mandalaterapia e o Reiki,
podem ser uma mais-valia na evolução do tratamento de pessoas com PEA?
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Método
Participantes
Quadro 1.
Sexo n %
Feminino 6 100,0
Masculino 0 0,0
Nível de Escolaridade n %
12º Ano 1 16,7
Licenciatura 3 50,0
Mestrado 2 33,3
Profissão n %
Professora 2 33,3
Psicóloga 2 33,3
Terapeuta de Reiki 3 50,0
Terapeuta Ocupacional 1 16,7
Arteterapeuta 2 33,3
Terapeuta com Mandalas 2 33,3
* No total são 6 entrevistadas. Algumas utilizam mais do que uma terapia, uma vez que exercem mais que
uma profissão. Nomeadamente, duas Psicólogas são também Arteterapeutas; uma Terapeuta de Reiki é
igualmente Terapeuta Ocupacional; uma é Professora, Terapeuta de Reiki e de Mandalaterapia; uma é
Professora e Terapeuta de Mandalaterapia e, finalmente, uma das entrevistadas é uma Terapeuta de Reiki.
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Quadro 2.
Sexo n %
Feminino 10 28,6
Masculino 25 71,4
Total 35
Idades n %
Entre 7 e 10 12 34,3
Entre 11 e 14 21 60,0
Entre 15 e 17 2 5,7
Medidas ou Instrumentos
Procedimentos
Resultados
Quadro 3.
As Terapias Complementares em Crianças e Jovens com Perturbações do Espectro do Autismo: Categorias 1, 2, 3, 4, 5 e 6 e Subcategorias 1, 2
e 3 das Categorias 2, 3 e 4.
Categoria 1 Autismo (PEA) Entendimento das terapeutas “característica que alguns Seres Humanos apresentam com aspetos diferentes
profissionais acerca das Perturbações
do Espectro do Autismo do que habitualmente se designa como normal, refletindo-se essencialmente ao
nível da expressão e comunicação.” (Entrevista 1)
Terapias Perceção das terapeutas profssionais “Terapias complementares são normalmente utilizadas em articulação com
Categoria 2 Complementares acerca das Terapias Complementares
outras terapias de forma a permitir processos terapêuticos mais completos e
que respondam às necessidades dos pacientes...” (Entrevista 1)
“Uma preciosa ajuda à medicina tradicional.” (Entrevista 5)
Subcategoria Reiki Entendimento da Terapia Reiki “É uma terapia que ajuda a repor o equilíbrio energético da pessoa
1
promovendo a sua harmonia e bem-estar.” (Entrevista 3)
“Reiki é tudo! Dizemos que Reiki é energia. Então eu sou Reiki, porque eu sou
energia. “(Entrevista 4)
Subcategoria Arteterapia Entendimento da Arteterapia “...é um processo terapêutico que utiliza recursos artísticos e expressivos no
2
sentido de facilitar a perceção de si e dos conflitos ou desequilíbrios pessoais, a
nível físico, emocional, mental e espiritual, com o objetivo de estimular o
regresso à harmonia e ao equilíbrio da pessoa.” (Entrevista 1)
Subcategoria Mandalaterapia Entendimento da Terapia com “Mandalaterapia é uma terapia feita com mandalas, isto é, uma mandala é um
3 Mandalas círculo mágico, um desenho que contém essência, uma energia própria. Neste
desenho estão presentes cores, formas, símbolos, traços que podem ser
interpretados e utilizados de forma terapêutica.” (Entrevista 5)
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Subcategoria Arteterapia “Não há diferenças. Em Arteterapia trabalhamos com pessoas e as suas características.
2 Sem rótulos. O trabalho é sempre desenvolvido em função das características das
pessoas e como todas as pessoas são diferentes, toda a intervenção é personalizada.”
(Entrevista 1)
Subcategoria Mandalaterapia “Dependendo do grau de autismo, a diferença pode ser nenhuma ou pode ser imensa.
3 Um autista ligeiro, quase sempre recebe a terapia da mesma forma que outra criança
sem esta patologia.
Um autista mais profundo, nem sempre está disponível para realizar as atividades,
sendo que em alguns casos é quase impossível usar as técnicas todas.
De um modo geral, um jovem com síndrome de asperger aceita a terapia e questiona
constantemente o processo, o que se torna mais aliciante até.” (Entrevista 5)
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Subcategoria Reiki “Utilizo o Reiki como complemento à aplicação de um tratamento sensorial através do
1 snoezelen, aproveitando o ambiente que tipo de intervenção proporciona.” (Entrevista
3)
Subcategoria Arteterapia “Um processo terapêutico com recurso às artes implica um olhar pessoal sobre o fator
2 desestabilizador, a compreensão das emoções, pensamentos e crenças associadas a
cada fator e a criação de respostas facilitadoras de equilíbrio e harmonia. (...) Neste
contexto, estimula-se uma relação terapêutica de interação entre o paciente (o criador),
o objeto de arte (ou processo criativo) e o terapeuta.” (Entrevista 1)
“Utiliza-se a linguagem expressiva, e uma das que mais utilizo é a do desenho e pintura
de mandalas, que permite uma atuação no autista, mas também uma posterior
interpretação da minha parte enquanto terapeuta.” (Entrevista 6)
Subcategoria Mandalaterapia “É utilizada de duas formas: uma como forma de análise, isto é, pedindo à criança que
3 desenhe de forma pessoal e natural uma mandala. Aqui, ela tem total liberdade para
desenhar, colorir e expressar tudo o que quiser. Outra forma, é dar mandalas já feitas,
escolhidas com um propósito, de acordo com os símbolos e os desenhos que têm uma
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determinada simbologia e pedir que a pinte. Todo o processo é feito num local calmo,
sem fatores de distração, normalmente aliado à música; outras vezes, usam-se
estímulos sensoriais, nomeadamente cheiros ou toques.” (Entrevista 5)
Categoria 5 Aceitação das TC Entendimento das Terapeutas “Normalmente é muito bem aceite.” (Entrevista 1)
pelas Crianças e profissionais quanto à aceitação, “As crianças/ jovens autistas respondem de uma forma muito positiva ao Reiki.”
Jovens reações e envolvimento dos
(Entrevista 2)
abrangidos nas terapias.
“As manifestações são muito diferentes de indivíduo para indivíduo. Existem
indivíduos que procuram o contacto e consequentemente aceitam a aplicação da terapia
e até nos guiam na sua aplicação, nos diferentes chacras. Outras rejeitam a
aproximação e a terapia é aplicada à distância.” (Entrevista 3)
“De um modo geral, as crianças e os jovens aceitam muito bem as terapias e as
dinâmicas. Num caso ou outro, num dia em que a criança/jovem esteja mais “agitado”,
já aconteceu de primeiramente recusar, mas passados alguns minutos acabam por
acedes e colaborar, aceitando com ânimo a terapia proposta. Autistas muito profundos
(tive apenas 2 experiências) aceitaram, mas sem qualquer “regra”.” (Entrevista 5)
“Depende sempre do grau do autista, às vezes também do dia ou momento... mas
normalmente é muito bem aceite.” (Entrevista 6)
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Categorias
Descrição/Núcleo de sentido Exemplos
Categoria 6 Aceitação das TC Entendimento das Terapeutas “Os pais querem resultados. Querem compreender os filhos e querem que os filhos se
pelos Pais profissionais quanto à aceitação e sintam integrados e aceites no contexto em que estão inseridos. Normalmente, os pais
compreensão dos pais das crianças e
procuram alternativas e estão dispostos a experimentar. E se têm resultados a aceitação
jovens abrangidos nas terapias.
é muito boa.” (Entrevista 1)
“Se for bem explicada e se for associada a outras intervenções convencionais, os pais
aceitam com mais facilidade.
Nem sempre os pais procuram esta terapia, no entanto não colocam qualquer obstáculo
na sua aplicação, desde que seja feita por uma pessoa em quem confiem.” (Entrevista
3)
“Cada vez mais os pais procuram uma “alternativa” ou complemento que ajude os seus
filhos a crescerem mais calmos e felizes. A aceitação nas escolas, nas universidades,
nos centros clínicos, já é uma realidade.” (Entrevista 4)
“Os pais que procuram terapias alternativas para os filhos, na sua maioria, ou já
conhecem a terapia ou então foram aconselhados por outros profissionais. Os pais
querem resultados, querem o melhor para os filhos. Se funcionar bem, eles aceitam
bem.” (Entrevista 6)
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Categorias
Descrição/Núcleo de sentido Exemplos
“Os efeitos observados são no imediato, os indivíduos de uma forma geral manifestam
sintomas.” (Entrevista 3)
serenidade.” (Entrevista 4)
é bem aceite e, por isso, os efeitos são alguns: relaxamento, calma, maior concentração
Com efeito algumas entrevistadas referem uma aceitação plena por parte dos
pais e referem ser procuradas pelos mesmos (e.g, “Cada vez mais os pais procuram uma
“alternativa” ou complemento que ajude os seus filhos a crescerem mais calmos e
felizes.”, Entrevista 4; “...Normalmente, os pais procuram alternativas e estão dispostos
a experimentar. E, se têm resultados, a aceitação é muito boa.”, Entrevista 1; “...os pais
que nos procuram, na sua maioria, demonstram bastante abertura ao trabalho com
mandalas e com outras formas de arte terapêutica.”, Entrevista 5).
No que concerne ainda à aceitação, de separar uma das respostas das entrevistadas, uma
vez que refere (e.g., “Se for bem explicada e se for associada a outras intervenções
convencionais, os pais aceitam com mais facilidade. Nem sempre os pais procuram esta
terapia, no entanto não colocam qualquer obstáculo na sua aplicação, desde que seja
feita por uma pessoa em quem confiem.”, Entrevista 3).
Uma das questões mais relevantes do estudo, talvez possamos considerar ser a
sétima, uma vez que o que se pretendia saber era de que forma as TC podem ser uma
mais-valia na ajuda do tratamento das PEA. Destarte, de um modo geral, todas as
entrevistadas foram unânimes em considerar como principais efeitos a calma, o
relaxamento e o desenvolvimento da expressão e comunicação (e.g., “O efeito mais
comum verifica-se ao nível da expressão e comunicação que favorecem um bem-estar a
outros níveis...”, Entrevista 1; “Após a aplicação de Reiki nota-se que as crianças/
jovens apresentam um comportamento mais calmo.”, Entrevista 2; “Os efeitos
observados são no imediato, os indivíduos de uma forma geral manifestam sensação de
bem-estar, através de um sorriso, da diminuição da agitação motora, da aceitação do
toque, por vezes através do contacto ocular.”, Entrevista 3; “... Verifico, quase sempre,
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Autismo
Arteterapia
Terapias Reiki
Complementares
Mandalaterapia
As Terapias Complementares em Crianças e Jovens
Arteterapia
com Perturbações do Espectro do Autismo
Diferenças sentidas na
Reiki
intervenção
Mandalaterapia
Arteterapia
Utilização de TC no Reiki
tratamento de PEA
Mandalaterapia
Discussão
regulada, urge o reconhecimento do seu ensino, isto é, dos conteúdos formativos. Neste
sentido, há uma necessidade experimentada por parte destas terapeutas para que as
práticas sejam reguladas e regulamentadas, de modo a levar ao público a
desmistificação de alguns conceitos irreais relativos às mesmas. Por exemplo, no caso
da terapia Reiki, esta é uma terapia complementar, no âmbito das Terapias e Medicinas
de Campo Bio Energético. Esta é a definição na qual o Reiki está inserido segundo o
conceito da NCCAM – National Center for Complementary and Alternative Medicine
(Magalhães, 2014), mas em Portugal ainda há um caminho a percorrer.
No Brasil, uma parte muito significativa das TC já foi regulamentada, através da
Portaria n.º 849, de 27 de março de 2017, que inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança,
Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia,
Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.
Em Portugal, aqueles que acreditam em outras alternativas para o trabalho tão
delicado e tão especial a realizar com Seres Especiais, almejam e continuarão na
esperança de que o Universo está em constante evolução e, por isso, tavez mais cedo do
que se espera, o OMS poderá, finalmente, regulamentar outras terapias ainda não
reguladas.
Cada vez mais clínicas e hospitais oferecem Reiki como terapia complementar
para diversas doenças e condições de saúde. Os que recebem tratamentos de Reiki
relatam alívio dos sintomas de inúmeras patologias, incluindo as do foro mental
(Magalhães, 2016).
Neste estudo, as entrevistadas participantes sugeriram a necessidade de estudos e
de participação em cursos e ações de formação creditadas e feitas por instituições ditas
de confiança, a fim de existir fiabilidade de conhecimentos sobre o desenvolvimento da
aplicação destas terapias. Citaram algmas, que podem ser nomeadamente acedidas via
internet: APR – Associação Portuguesa de Reiki; SPAT – Sociedade Portuguesa de
Arteterapia; CENIF.
Estas formações devem complementar outras que já tenham adquiridas, como as
licenciaturas e mestrados em ensino, em terapia ocupacional ou em psicologia, uma vez
que a aquisição permanente de conhecimentos deva ser um caminho constante, sério e
permanentemente em construção, para que cada terapeuta conheça todas as teorias,
domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma
humana. (Jung, C. G., o Mestre que me inspira diariamente).
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Referências Bibliográficas
Anexo I
Tem em mãos uma entrevista que se insere numa investigação com a seguinte
Espcetro do Autismo”.
Venho, por este meio, solicitar a sua crucial colaboração neste trabalho, através
da realização de uma breve entrevista. Acrescento, também, que será garantida a total
____________________________________
Anexo II
outros/as Crianças/Jovens?
estas Crianças/Jovens?
Autismo?
Arteterapia/Reiki/Mandalaterapia?