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Parte 1: o que é guitarra?

Origem – Em torno de 1930 a música hawaiana ganhava popularidade nos Estados Unidos,
sendo tocada para audiências cada vez maiores. O principal solista era o violão, tocado no colo
do instrumentista com o bocal apontado para cima. Esse tipo de disposição funcionava bem no
contexto tradicional, onde a música era executada em pequenos ambientes. Mas quando foi
ganhando notoriedade e espaço, a música hawaiana foi ocupando salas cada vez maiores e com
isso a necessidade de amplificar o som do violão era inevitável.

Em 1931 um americano chamado George Beauchamp, entusiasta e adepto do estilo hawaiano,


buscou solucionar o problema do baixo volume e implantou um captador magnético no
instrumento. Apesar de conseguir amplificar o sinal para uma caixa de som o resultado final não
foi o ideal, pois as ressonâncias sonoras na caixa do violão criavam microfonias altas. Ele decidiu
então criar um instrumento com corpo sólido em alumínio, que logo foi apelidado de “The Frying
Pan” (a frigideira), decorrente do seu formato peculiar.

Em 1932 Beauchamp – em parceria com um suíço-americano chamado Adolph Rickenbacker,


dono de uma empresa de manufatura de partes metálicas para violões – começou a vender o
modelo novo de guitarra. Em 1937, a dupla conseguiu a patente, o que permitiu que outras
empresas pudessem começar a produzir suas versões exclusivas.

Site da Rickenbacker

Mas foi somente entre 1950-60 que a guitarra começou a ganhar o aspecto do qual estamos
acostumados: corpo sólido em madeira e designs elaborados por empresas como Gibson (Les
Paul) e Fender (Leo Fender), que buscavam um instrumento que pudesse atender as
necessidades dos solistas das Big Bands de Jazz.

Dica: Assita o video “Imagine: The Story of the Guitar”, produzido pela BBC de Londres. É
um documentário em 3 partes sobre a origem do violão e da guitarra elétrica.

Estrutura: a guitarra é um instrumento melódico e harmônico, ou seja, é capaz de produzir


melodias tocando notas em sequência e acordes formados por notas tocadas simultaneamente.
Tem geralmente 6 cordas de aço, mas é possível encontrar variações com 5, 7 ou mesmo 8
cordas. É construída em madeira, material que desempenha um importante papel na formação do
timbre do instrumento, partes em metal e plástico.

Possui inúmeros formatos e tamanhos que entregam, além do aspecto visual, a identidade
sonora. Observe abaixo os designs mais comuns:

Modelos mais comuns


As partes da guitarra:

1 – O corpo da guitarra: geralmente feito em madeira solida (mogno, cedro, alder, maple,
basswood, marupá) pode estar em um bloco único (melhor), 2, 3 ou mais partes. Também é
comum ter uma tampa em lâmina de madeira ornamental pra beleza estética. Pode ser pintado
em diferentes cores ou ainda estampado com desenhos. É protegido com verniz brilhante ou
fosco. O formato do corpo depende do modelo e do fabricante, alguns podem ser maiores e
pesados, outros pequenos e leves.

2 – Ponte: é um sistema complexo com muitos variantes, pode ser fixa ou móvel. Dentro dos
modelos móveis pode ainda ser do tipo Floyd Rose (permite uma flutuação maior na tensão das
cordas).

Ponte fixa: Floyd Rose:

3 – Captador da ponte: os captadores que transformam a vibração das cordas em sinais


elétricos que serão “interpretados” pelo amplificador pra gerar som. Podem ser Single (simples)
ou Humbucker (duplo). Para um som mais aberto com bastante agudos e definição, opte pelo
captador single; para um som encorpado, com bastante volume de saída, baixo ruído e pesado,
opte pelo captador humbucker.
O captador da ponte está localizado próximo do ponto de fixação da corda onde a tensão da
corda é maior, por isso capta o som mais agudo. É usado pra fazer bases com distorção e solos e
soa bem aberto, escolha típica para todas as vertentes do rock e metal.

4 – Captador do meio: fica posicionado entre o captador da ponte e do braço, em uma região de
frequências média-agudas. É o que oferece um leque amplo de possibilidades, podendo ser
usado para sons limpos, distorções leves para blues e rock, e solos lentos.

5 – Captador do braço: fica posicionado em torno de 1/3 do comprimento da corda, em uma


região onde o grave é predominante. Soa mais fechado com bastante corpo grave e peso. É
usado para limpar um pouco a distorção em solos rápidos e é uma boa escolha para definir
melodias graves. Também é usado para solos lentos expressivos e sons limpos nas melodias de
jazz.

6 – Roldana (Strap button): onde fixamos a correia da guitarra. Existem sistemas chamados de
“Strap Lock”, que se fixam na correia e são mais práticos para encaixar.

7 – Trastes: são os filamentos metálicos que dividem a escala (braço) da guitarra, onde as
cordas ao serem pressionadas, irão encostar gerando a nota. Podem ser finos ou grossos, altos
ou baixos, dependendo do tipo de performance e conforto que o guitarista almeja.

8 – Casa: é o espaço entre um traste e outro, compreende a região em madeira onde


pressionamos os dedos para tocar.

9 – Braço: é onde pressionamos os dedos para tocar. Fica dividido em 2 partes: a primeira parte
é chamada de madeira do braço que fica na parte de trás do instrumento, onde posicionamos o
polegar da mão esquerda. É feito em madeira e as mais comuns usadas são o marfim, maple e
mogno. A segunda parte é a tábua de madeira que fica na frente do instrumento, chamada de
escala, recebe os trastes e as marcações de casas. É feito de madeira dura e resistente para
suportar o atrito dos dedos e das cordas, normalmente jacarandá, rosewood, ébano e maple.

10 – Parafuso para regulagem do tensor: serve para apertar ou afrouxar o tensor (barra
metálica que fica dentro do braço da guitarra) para fazer a regulagem do empenamento e/ou
torção do braço. Um instrumento bem regulado é aquele que possui um bom alinhamento da
escala.

11 – Tarraxas: são as peças metálicas onde as cordas são enroladas. Alguns tipos de tarraxa
possuem um sistema de trava que evitam que a corda deslize criando uma afinação mais estável.

12 – Mão: região final do braço da guitarra, pode ser feita da mesma peça de madeira do braço
ou ser uma peça separada. É onde as tarraxas e as cordas são fixas.

13 – Abaixador de corda: serve para alinhar a altura das cordas com a altura das tarraxas
promovendo um rebobinamento de cordas uniforme.

14 – Capotraste ou NUT: é o ponto de fixação das cordas oposto a ponte, pode ser feito de
plástico ou mesmo osso (mais comum nos violões). Quando a ponte é flutuante estilo Floyd Rose
é comum a presença de travas no capotraste, para segurar a afinação do instrumento.

15 – Marcação de casas: servem como referência para indicar a posição em que estamos no
braço. Ficam nas casas ímpares, com excessão das casas 12 e 24.

Casas: 3 | 5 | 7 | 9 | 12 | 15 | 17 | 19 | 21 | 24
16 – Cordas: são feitas em aço com diâmetros variados. O encordoamento leva o nome do
diâmetro em polegadas da primeira corda (0.009 ou 0.010 são as mais comuns). Podem ir de
leves (light) a pesadas (heavy), serem reboninadas por um espiral de corda fina (roundwound) ou
serem lisas (plain steel).

17 – Escudo: feito de plástico, proteje a parte elétrica interna da guitarra e funciona como suporte
para os captadores. Existem guitarras sem escudo com os captadores presos a pequenas
molduras de plástico ou parafusados diretamente na madeira.

18 – Alavanca: é uma peça de metal que permite a manipulação da ponte da guitarra fazendo as
cordas afrouxarem (a afinação desce) ou apertarem (a afinação sobe). Seu uso pode ser variado,
permitindo efeitos singulares no instrumento e interpretações como o uso de vibratos.

19 – Chave Seletora: tem geralmente 3 ou 5 posições e funciona como interruptor para ligar e
desligar os captadores. A configuração mais comum é a de 5 posições com a seguinte sequência:

 Posição 1 (em baixo): captador da ponte


 Posição 2: captador da ponte + captador do meio
 Posição 3: captador do meio
 Posição 4: captador do meio + captador do braço
 Posição 5: captador do braço

20 – Volume: serve para alterar o volume de saída do instrumento. O potenciômetro (peça


elétrica que controla o volume) pode oferecer uma saída linear, onde sentimos o aumento gradual
e linear do som, ou exponencial, onde o volume cresce rapidamente. Para captadores single use
potenciômetros de 250k, para humbuckers use 500k.

21 – Tone: mudam a característica timbrística dos captadores filtrando as frequências agudas. Na


posição aberta (100%) o som não é alterado. Fechando o botão há a redução das frequências
agudas fazendo o som ficar mais abafado.

22 – Jack de entrada: permite a fixação do cabo da guitarra.


Acessórios: não fazem parte da estrutura da guitarra mas participam da formação do sinal, do
som dela.

Palheta – serve para “pincelar” as cordas com a mão direita e fazer as cordas vibrarem.
Chamamos esse movimento de “palhetar” as cordas. As palhetas existem em vários tamanhos,
espessuras e formatos e cabe ao guitarrista escolher qual delas ele se adapta melhor. As mais
finas entregam um som mais estalado e agudo enquanto as mais grossas um som aveludado e
fechado.

Cabo – conduz o sinal elétrico da guitarra para o amplificador (caixa de som).

Pedais de efeitos – são responsáveis por moldar e modificar o som da guitarra adicionando as
características próprias do pedal: distorção, ambiência, eco, entre outras.
Amplificador – é o que amplifica e transforma o impulso elétrico da guitarra em som. Pode ser
valvulado (melhor) ou transistorizado, ter potência de 1w até 150w (as vezes mais), ter alto
falante acoplado (combo) ou separado (cabeçote e caixa). Cada amplificador é único e a sua
escolha dependerá do gosto pessoal e estilo do guitarrista.

Correia – serve para apoiar a guitarra no pescoço do guitarrista.

Por hoje é isso, fiquem com um vídeo onde toco uma música do meu CD e até a proxima!

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