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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

KETLEN REBECA DO CARMO VASCONCELOS

Morfologia Construcional: o que é e como se faz?

MANAUS - AM

2022
KETLEN REBECA DO CARMO VASCONCELOS

Morfologia Construcional: o que é e como se faz?

Resenha apresentada para atribuição


de nota como atividade
complementar da 1ª. Avaliação, da
disciplina IHP113 – Morfologia do
Português, lecionado pela professora
Erica do Socorro Barbosa Reis,
semestre letivo 2021-1 (ano civil
2022-1)

MANAUS - AM

2022
GONÇALVES, Carlos Alexandre. Morfologia Construcional: o que é e como se faz.
_____. Morfologia construcional: uma introdução. São Paulo: Editora Contexto,
2016, p. 11-49
RESENHA CRÍTICA
Ketlen Rebeca do Carmo Vasconcelos 1

A Morfologia Construcional é um modelo proposto pelo linguista holandês Geert


Booij (2010, 2014), e que tem despontado nas análises morfológicas, dentro de uma
perspectiva semântica que se aproxima de alguns pressupostos teóricos da
Linguística Cognitiva.
Com relação a teoria da morfologia construcional de Booij (2005, 2010), devemos
levar em consideração, as motivações que levaram para o estabelecimento de tal
modelo proposto. Uma causa que se dá em decorrência de verificar as fronteiras
internas da morfologia, por entender que “o propósito inicial de uma boa
classificação é permitir ao linguista estabelecer as melhores generalizações
possíveis sobre o fenômeno linguístico” (BOOIJ, 2005, p. 109).
Sendo assim, a partir dessa proposição inicial, o autor enumera três casos de
demarcações que viriam a ser investigadas na literatura morfológica atual: (a) os
limites entre compostos e construções sintáticas, (b) a distinção entre flexão e
derivação e (c) a diferenciação entre composição e derivação. Booij ressalta que os
dois primeiros seriam mais destacados dentro dos estudos morfológicos, enquanto o
terceiro, apesar de menos proeminente, demonstra já haver estudos.
Tendo como base um critério mais tradicional sobre as definições de composição
e derivação, o autor menciona que “o primeiro consiste na combinação de duas ou
mais bases; enquanto a derivação é caracterizada pela adição de um afixo, isto é,
um morfema preso, a uma base” (BOOIJ, 2005, p. 109).
Booij acreditava que poderia ser possível apresentar uma semelhança estrutural
entre composição e derivação, de forma que pudessem ser representadas por

1
Graduanda em Letras Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM
Email: rebecavasconcelos486@gmail.com
esquemas de formação de palavras que expressassem generalizações sobre
palavras existentes, assim como usadas para representar novas formações.
A respeito dos esquemas entre composição e derivação, Booij afirma: “a diferença
entre composição e derivação está no fato de, na derivação, um dos constituintes
não ser etiqueta lexical, uma vez que não corresponde a um lexema” (BOOIJ, 2005,
p. 13).
O esquema morfológico proposto por Booij (2010, 2014) contempla um
pareamento entre forma, significado e função, informações previstas na noção de
construção, que o autor herda da Gramática das Construções, proposta por
Goldberg (1995). Essa constatação aponta para uma importante diferença em
relação ao modelo gerativista de Aronoff, que se norteava pelo conceito de regra de
formação de palavras (RFP): a explicitação de uma contraparte semântica.
Na formulação dos esquemas, Booij (2010) lista características imprescindíveis
das quais um esquema não deve abrir mão: (i) a herança total do corpo fônico das
construções; (ii) a explicitação da categoria lexical do output; (iii) as propriedades
semânticas.
Embora merecidamente avaliável como um modelo proveitoso e interessante, há
também que se dizer que a MC tem sido alvo de algumas críticas que, longe de
lançar por terra a sua funcionalidade e o seu vanguardismo, visam a um
melhoramento de suas pautas de análise e de seus esquemas de representação
construcional.

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, C. A. V.; ALMEIDA, M. L. L. de. Morfologia construcional: principais


ideias, aplicação ao português e extensões necessárias. ALFA: Revista de
Linguística, São Paulo, v. 58, n. 1, 2014.

SOLEDADE, J. A morfologia histórica e a morfologia construcional: encontros e


desencontros. In: ALMEIDA, A. A. D.; SANTOS, E. S.; SIMÕES NETO, N. A. (Org.).
Dez leituras sobre o léxico. Salvador: EDUNEB, 2019. p. 172-202.

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