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1- CONHECER COMO É REALIZADO O auto e alopsíquica, afetividade, sensopercepção,

ENCAMINHAMENTO DE PACIENTES PSIQUIÁTRICOS pensamento, memória de curto e longo prazos, vontade e


pragmatismo, inteligência, crítica de seu estado, além de
EXAME DO ESTADO MENTAL – EXAME PSÍQUICO planos para o futuro.

Consiste na detalhada avaliação das funções psíquicas, bem Antes de encaminhar um usuário para internação
como das impressões e das observações feitas pelo psiquiátrica, todos os recursos terapêuticos de nível
examinador enquanto está em contato com o paciente. primário (APS) e secundário devem ter sido esgotados.
Deve ser sempre acompanhado de anamnese completa, Atualmente, interna-se apenas nos casos de crise (surtos,
com identificação, queixa principal, história da doença risco de suicídio, colocar em risco a vida de terceiros). Se
atual, história patológica pregressa, história pessoal e isto ocorrer e o paciente estiver na unidade de saúde, o
familiar. Todo paciente psiquiátrico deve ser submetido, primeiro passo é que médico ou psicólogo o avaliem e que
ainda, ao exame físico chamem um familiar ou pessoa de referência. Esta pessoa
No exame: Aparência do paciente, atitude, é quem irá acompanhá-lo ao serviço de emergência em
consciência, atenção, humor, sensopercepção, memória, saúde mental mais próximo (do seu município ou região),
linguagem/fala, pensamentos e percepção, inteligência, uma vez que é esse serviço que encaminha para
imaginação, volição/vontade, pragmatismo, internação. Caso seja necessária a presença de um membro
psicomotricidade, orientação, alteração do juízo de da equipe (exemplo: ausência de pessoa de referência),
realidade e crítica (insight). qualquer um pode ir, mas se procura privilegiar o
profissional que tem mais vínculo com o paciente,
Quanto ao psiquismo do paciente, deve-se seguir um independente do núcleo profissional. Pode ser o agente
roteiro básico de observação da impressão geral do comunitário, o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o
paciente. médico, o psicólogo, o assistente social.
1. Apresentação
2. Atividade psicomotora e comportamento: triste, alegre, No contexto da atenção primária à saúde, a saúde mental é
ansioso, desconfiado, esquivo, dramático, medroso; um dos maiores motivos de busca de atendimento e deve
gesticulação (ausência ou exagero); motilidade – toda a ser acolhida pelas equipes de saúde da família. Qualquer
capacidade motora (inquieto, imóvel, incapacidade de profissional dessa equipe pode fazer a primeira escuta do
manter-se em determinado local); deambulação – modo de usuário e depois discutir o caso com os colegas para pensar
caminhar (tenso, elástico, largado, amaneirado, encurvado num melhor encaminhamento para ele. Trabalha-se
etc.); também com grupos (de convivência, terapêutico) ou
3. Atitude para com o entrevistador: cooperativo, oficinas terapêuticas que podem ocorrer na própria
submisso, arrogante, desconfiado, apático, superior, unidade. Na estratégia de saúde da família, existem os
irritado, indiferente, hostil, bem-humorado etc.; núcleos de apoio à saúde da família – NASF, que possuem,
4. Atividade verbal e linguagem: normalmente responsivo entre seus integrantes, pelo menos um profissional com
ao entrevistador, não espontâneo (tipo pergunta e formação específica em saúde mental. É comum que este
resposta), fala muito ou pouco, exaltado e taciturno; seja um psicólogo. Seria bom verificar se seu município
5. Estado de consciência; conta com alguma equipe de NASF, pois ela a ajudará com
6. Atenção espontânea e voluntária; os casos de saúde mental. O atendimento na unidade de
7. Orientação auto e alopsíquica; saúde pode estar integrado ao atendimento na atenção
8. Afetividade: humor, tônus afetivo; secundária, em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
9. Sensopercepção: ilusões, alucinações; ou ambulatório de saúde mental, por exemplo. Em raros
10. Pensamento: alteração de forma, curso e conteúdo; casos, também precisamos da internação psiquiátrica, que
11. Memória de curto e longo prazos; hoje em dia ocorre principalmente nos hospitais gerais. 
12. Vontade e pragmatismo;
13. Inteligência: raciocínio e abstração;  FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES:
14. Crítica de seu estado, da doença;
15. Planos para o futuro.
CONSCIÊNCIA:
Um exame psíquico completo deve ser iniciado assim que
É a capacidade do indivíduo de entender o que está
visualizarmos o paciente, atentando para sua apresentação,
acontecendo dentro e fora de si mesmo. A clareza dessa
atividade psicomotora e comportamento, atitude para com
consciência é traduzida pela lucidez. Quando o paciente
o entrevistador, atividade verbal e linguagem, estado de
está desperto, recebendo e devolvendo informações com o
consciência, atenção espontânea e voluntária, orientação
meio ambiente, está lúcido. As alterações da consciência
podem ser quantitativas e qualitativas. Em seu aspecto ORIENTAÇÃO:
quantitativo, a consciência pode estar diminuída ou
Complexo de funções psíquicas pelo qual tomamos
aumentada. Dentre as diminuições da consciência, a forma
consciência da situação real em que nos encontramos. A
mais suave é denominada obnubilação, que resulta em
orientação pode ser inferida da avaliação do estado de
intensificação dos estímulos para obter-se acesso eficiente
consciência e está intimamente ligada às noções de tempo
à consciência. Ocorre diminuição da sensopercepção,
e espaço. Em geral, o primeiro sentido de orientação
lentidão da compreensão e da elaboração das impressões,
perdido é o do tempo; depois, o do espaço, que envolve
lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento,
deslocamento e localização e, em um estado mais grave, a
prejuízo da memória, algum grau de desorientação e
“desorientação do próprio eu” (identidade e corpo).
sonolência mais ou menos acentuada. Se na diminuição da
consciência os estímulos para determinar manifestações 1. Autopsíquica: o paciente reconhece dados de
primitivas como gemer ou balbuciar são muito intensos, identificação pessoal e sabe quem é;
fala-se em estupor. Um grau mais aprofundado, ou seja, a 2. Alopsíquica: o paciente reconhece os dados do
abolição total do contato entre o indivíduo e o meio, é ambiente: Temporal - dia, mês e ano em que está; em
denominado estado de coma. Qualitativamente, a que parte do dia se localiza (manhã, tarde e noite);
consciência é avaliada como a aptidão em apreender todos Espacial - em que lugar se encontra e para que está lá;
os fenômenos interiores ou exteriores e integrá-los a um a cidade onde está; como chegou ao consultório.
contexto real das circunstâncias ocorridas no presente, no
passado e que ocorrerão futuramente.
SENSOPERCEPÇÃO:

Alterações qualitativas: Percepção é a tomada de consciência de tal estímulo


sensorial. Podem acontecer alterações quantitativas e
 Estado crepuscular: estreitamento transitório da qualitativas.
consciência, com a conservação de atividade mais ou
Quantitativas
menos coordenada e automática. Normalmente, há a
falsa aparência de que o paciente está 1. Hiperestesia: a) Intoxicação por alucinógenos, epilepsia;
compreendendo a situação. Em geral, a percepção do b) Aumento das formas de sensibilidade.
mundo exterior é imperfeita ou de todo inexistente.
Costumam desaparecer rapidamente, mas, em alguns 2. Hipoestesia: a) Quadros depressivos; b) Diminuição das
casos, podem durar muitos dias. Apresentam-se e formas de sensibilidade.
terminam de modo súbito, acompanhados de amnésia.
 Dissociação da consciência: fragmentação ou divisão 3. Anestesia: abolição de todas as formas de sensibilidade.
do campo da consciência, com perda da unidade
Qualitativas
psíquica do ser humano. Observa-se estado
semelhante ao sonho, podendo ocorrer em estados 1. Ilusão: é a percepção deformada da realidade, de um
dissociativos e de ansiedade intensa. objeto real e presente, uma interpretação errônea do que
 Transe: É o fenômeno em que a pessoa se sente existe. Pode acontecer em rebaixamento do nível de
transformada em outra, como uma consciência ou esgotamento afetivo e fadiga grave;
“despersonalização”. Pode ocorrer em contextos
religiosos (não sendo patológico), casos neurológicos 2. Alucinação: é a percepção real de um objeto inexistente,
ou início de psicoses. ou seja, sem um estímulo externo. Dizemos que a
percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável que
a pessoa manifesta em relação ao objeto alucinado;
ATENÇÃO:
portanto, será real para ela. As alucinações podem ser
É um processo psíquico que concentra a atividade mental auditivas (dentre elas, podem ocorrer sonorização do
sobre determinado ponto, traduzindo um esforço mental, e pensamento, quando o paciente ouve os próprios
resulta de atividade deliberada e consciente do indivíduo. pensamentos, e publicação do pensamento, quando o
Existem a atenção voluntária (ativa e intencional – paciente sente que as pessoas escutam o que ele pensa),
capacidade de ler um livro, por exemplo) e a espontânea auditivo-verbais (mais comuns), visuais, olfativas,
(por algum interesse incidental e momentâneo por algum gustativas, cenestésicas (corpórea – “cabeça encolhendo”),
objeto – capacidade de parar de ler o livro para focar em cinestésicas (movimento – “corpo voando”) e sinestésicas
algum barulho que acontece no momento, por exemplo). (envolvem mais de um sentido). Também existem as
alucinações hipnagógicas (ao adormecer) e hipnopômpicas
(ao despertar);
3. Pseudoalucinação: não apresenta os aspectos vivos e o Apoio da equipe de Saúde da UBS através de visitas
corpóreos da alucinação e é menos nítida. Ocorre em casos domiciliares e resolução de eventuais conflitos com os
de psicoses orgânicas, intoxicações ou estados afetivos familiares.
intensos; o O cuidado ao cuidador é de fundamental importância
tanto para a prevenção de disfunções profissionais
4. Alucinose: é um quadro alucinatório sem perda da como para a melhoria da qualidade dos cuidados de
saúde.
consciência da realidade; o paciente percebe a alucinação
o Sem o cuidado, o homem deixa de ser humano
como estranha à sua pessoa. Acontece em casos de
desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre. Se
alcoolismo; 5. Despersonalização: o paciente tem a ao longo da vida não fizer com cuidado tudo o que
sensação de que seu corpo não lhe pertence; 6. empreender, acaba por prejudicar a si mesmo e por
Desrealização: o ambiente ao redor parece estranho e irreal destruir o que estiver a sua volta.

Os cuidadores são as pessoas responsáveis por


“suprir” as necessidades que uma pessoa doente ou
incapacitada possui, sendo um papel social o qual muitos
MEMÓRIA: cuidadores não se reconhecem como ocupantes, mas sim
como se fosse uma extensão das relações pessoais e
familiares. Culturalmente, são em sua maioria mulheres, e
há cuidado no âmbito físico, emocional e afetivo. O cuidado
é esperado pela sociedade, principalmente quando em
esfera familiar, tornando o cuidador um doente em
AFETIVIDADE: potencial.
Tornar-se cuidador é algo que pode depender de
fatores geracionais, morar na mesma casa, condições
financeiras, disposição de tempo e presença de laços
PENSAMENTO: afetivos -> fatores emocionais, motivação, capacidade de
doação podem interferir nas tarefas de cuidar.
Os estressores para os cuidadores podem ser
primários, relacionados ao dependente
LINGUAGEM: (comprometimento para a realização de atividades de vida
diária, déficits cognitivos, alterações no comportamento),
ou secundários, relacionados ao papel do cuidador
(conflitos familiares, aspectos econômicos, restrição da vida
VONTADE: social, de natureza psíquica).
Os cuidadores referem sentimentos de desespero,
cansaço, ansiedade, angústia, desamparo, insônia,
irritabilidade, solidão, ressentimento, sobrecarga e
fragilidade física e psicológica, o que, somado ou
intensificado pelos estressores, podem levar à sobrecarga
e esgotamento físico e mental, além de sentimentos
PSICOMOTRICIDADE:
ambivalentes em relação ao processo de cuidado e à quem
eles cuidam.
Há também impactos financeiros, tensão gerada
pela necessidade de abandonar outras responsabilidades
CONSCIÊNCIA DO EU: dentro e fora da família, alteração e interrupção da rotina,
supervisão excessiva, problemas com vizinhos, entre
outros.
O manejo da saúde mental do cuidador está em:
 Intervenções em diferentes níveis (físico, psicológico,
social e financeiro)
INTELIGÊNCIA:  Relacionadas ao papel, responsabilidades e estresse da
família e do cuidador
2- ENTENDER QUAIS OS CUIDADOS COM A SAÚDE
 Amortecedores para pressões externas
MENTAL DO CUIDADOR o Redes formais e informais de apoio
o Conhecimentos e habilidades do cuidador
 MEDIDAS DE APOIO AOS CUIDADORES
o Estratégias de enfrentamento
o Política nacional de apoio ao cuidador informal de
o Apoio social - 4 aspectos
idosos – apoio biopsicossocial para ações de
 Apoio emocional (expressões de amor e afeição)
autocuidado, melhora da qualidade de vida e bem-
 Apoio instrumental (auxílios concretos, provimento de
estar, capacitação e aperfeiçoamento e garantias de
necessidades materiais em geral, ajuda para trabalhos
períodos regulares de descanso.
práticos e ajuda financeira)
 Apoio de informação/cognitivo (aconselhamentos, Dependência é a presença de um agrupamento de sintomas
sugestões, orientações que podem ser usadas para psicofisiológicos, indicando que a pessoa continua a usar a
lidar com problemas e sua resolução) substância apesar dos problemas significativos relacionados
 Interação social positiva (disponibilidade de pessoas a ela. Há um padrão de uso repetido que, em geral, resulta
com quem é possível se divertir e relaxar)
em tolerância, abstinência (dependência física) e
 Acompanhamento médico para cuidador e paciente ->
canal de comunicação contínuo com o paciente e sua comportamento compulsivo de consumo da droga, com
família impulso irrefreável para consumi-la (dependência
 Processos educativos e de construção de habilidades psicológica). Um diagnóstico de dependência de substância
junto ao cuidador pode ser aplicado a toda classe de substâncias, exceto à
 Estabelecimento de parceria dinâmica com a família, cafeína. Os sintomas de dependência são similares entre as
com divisão de responsabilidades várias categorias de substâncias, mas, para certas classes,
A única intervenção capaz de reduzir o ônus é aquela
alguns são menos salientes e, em certos casos, nem todos
dirigida às necessidades do paciente, com medidas que não
impõem sobrecarga adicional ao cuidador, nem impacto os sintomas se manifestam. São requisitos básicos da
significativo sobre suas vidas financeiras. dependência:
 Atividades em modelo participativo, com envolvimento
ativo 1. Forte desejo ou compulsão para consumir a substância;

3- COMPREENDER A RELAÇÃO DA DEPENDÊNCIA 2. Dificuldade no controle de consumir a substância em


QUÍMICA COM A DEPRESSÃO termos do seu início, término ou níveis de consumo;
A relação de dependência se estabelece quando há
um investimento desproporcional do sujeito em relação a 3. Estado de abstinência fisiológica quando foi cessado ou
algo, causando prejuízos em outras esferas da vida do reduzido o uso (sintomas de abstinência ou uso da
mesmo. Em se tratando de dependências químicas, elas substância para aliviá-los);
surgem a partir de três elementos - a substância, o sujeito e
o contexto sociocultural; não é possível determinar uma 4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses
etiologia específica. crescentes da substância psicoativa são requeridas para
 Herança genética e modulação ambiental: a alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais
epigenética explica que existem vários genes que baixas;
atuam em conjunto para aumentar o risco de
dependência, e que esses genes são modulados pelos 5. Abandono progressivo de prazeres ou de interesses
efeitos ambientais, o que gera uma situação de
alternativos em favor do uso da substância psicoativa,
vulnerabilidade.
aumento do tempo necessário para obter ou tomar a
 Busca de prazer ou esquema de evitação: o sujeito
pode estar tentando “vencer” sentimentos negativos substância psicoativa ou para recuperar-se dos seus efeitos;
como desconforto, ansiedade, depressão e/ou raiva,
ou fugir de situações de conflitos familiares, traumas, 6. Persistência no uso da substância a despeito de evidência
autoimagem negativa (crenças disfuncionais) clara de consequências manifestamente nocivas, como
 Situações sociais: a teoria comportamental afirma que dano ao fígado por excesso de álcool, depressão
todo comportamento é resultado da interação consequente a período de consumo excessivo da
indivíduo-ambiente; a dependência pode ter início em substância ou comprometimento cognitivo relacionado à
uma situação de vulnerabilidade ou em uma situação
droga.
em que o círculo social (família, amigos) expõe o
indivíduo às substâncias Para haver dependência, deve haver abstinência,
Um quadro depressivo pode ser secundário a uma comportamento compulsivo de consumo com impulso
patologia orgânica, que pode ser sistêmica ou, irrefreável e tolerância. O uso diário de substância não é
principalmente, cerebral. Hipotireoidismo, lúpus critério para dependência.
eritematoso sistêmico, doença de Parkinson, acidentes
vasculares cerebrais próximos ao lobo frontal e A interrupção do uso contínuo de cocaína é, em geral,
dependência de álcool são exemplos de patologias que seguida de uma crise que pode ser vista como síndrome
cursam com frequência com quadro depressivo. Algumas de abstinência, na qual a exaltação dá lugar a apreensão,
medicações também podem causar sintomas depressivos. depressão profunda, sonolência e inércia. A abstinência
pode durar até 10 semanas, e são frequentes as recaídas. A
O tratamento da depressão secundária a patologia clínica e cocaína possui ação parecida com a dos antidepressivos,
ao uso de medicamentos é semelhante ao tratamento da portanto, a abstinência dela leva a sintomas depressivos.
depressão comum, somando-se ao antidepressivo o
tratamento da doença clínica ou a substituição da  O uso de substâncias químicas estimula a liberação de
medicação que causa os sintomas (quando possível). hormônios que causam sensação de prazer, felicidade,
euforia e bem-estar (serotonina, ocitocina, endorfina, Eventos de resposta ao estresse que ocorrem em três
dopamina) importantes fases:
 O estímulo facilitado seja por opióides, álcool ou outra 1. A reação de alarme, na qual o organismo percebe o
substância, quando em uso crônico, causa uma estímulo estressante;
dependência do SNC, sendo um depressor da produção 2. A fase de resistência, que consiste na tentativa de
natural desses hormônios adaptação do organismo frente ao estímulo,
 O organismo passa para um estado inibitório em que 3. A fase de exaustão, quando o organismo perde a
necessita da substância para liberar esses hormônios capacidade de adaptação
 A falta da substância química leva a abstinência e Variações hormonais durante o estresse as quais
provoca um estado de depressão profunda devido ao preparam o organismo para reagir frente à condição
estado depressor que se encontra o SNC de estresse. Estas variações incluem:
 Pode ocorrer também o contrário, a pessoa que já se 1. Aumento da secreção das catecolaminas (epinefrina e
encontra em depressão buscar por substâncias para norepinefrina) pelo sistema nervoso autônomo;
sentir-se melhor; entretanto acaba piorando seu 2. Liberação hipotalâmica do hormônio liberador de
quadro. corticotropina (CRH) na circulação e, após poucos
segundos, o aumento da secreção do hormônio
4- ESTUDAR AS CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS, adrenocorticotrófico (ACTH) pela pituitária;
PSÍQUICAS E EMOCIONAIS DO ESTRESSE 3. Diminuição da liberação do hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamo e das
o Assim como qualquer sistema de controle, cada
gonadotrofinas da pituitária;
resposta ao estresse envolve um sensor para detectar a
4. Aumento da secreção de prolactina, de hormônio do
mudança, um integrador para processar todos os
crescimento (GH) e de glucagon. Em caso de
dados recebidos e compará-los com o “normal” e
hemorragia, ocorre alta produção de arginina
efetores para tentar reverter a mudança.
vasopressina (AVP) da pituitária e de renina do fígado.
o Estressores mais complexos requerem sistemas de
O aumento dos glicocorticóides e a diminuição dos
controle mais complexos, e algumas vezes a resposta hormônios gonadais ocorrem de maneira mais tardia
ao estresse não consegue restaurar o equilíbrio e a o Dependendo da sua intensidade e tempo, o estresse
homeostase. Por exemplo, experiências físicas e
pode ser considerado agudo ou crônico:
psicológicas negativas durante o período prénatal e a
infância podem afetar a saúde do adulto. 7 É possível o
ESTRESSE AGUDO:
impacto se manifestar décadas mais tarde como
problemas de saúde mental, câncer e até mesmo o Ameaça imediata, a curto prazo, comumente
enfraquecimento dos ossos. conhecida como resposta à luta ou fuga. A “ameaça”
o A resposta ao estímulo estressor é mediada pela pode ser qualquer situação considerada como perigosa
ativação do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA) e e, após o evento (que dura de minutos a horas), há
pelo sistema nervoso autônomo (SNA), que, em uma resposta de relaxamento.
desequilíbrio, pode resultar em alterações na resposta o Em geral, como consequências fisiológicas imediatas
imune; devido a alterações hormonais na resposta ao estresse,
o Como consequência, há o desenvolvimento de ocorre aumento do ritmo cardíaco e frequência
enfermidades, como depressão, câncer e doenças respiratória, ativação da resposta imune, mobilização
inflamatórias crônicas, além de maior suscetibilidade a de energia, aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da
infecções causadas por microrganismos. utilização da glicose, perda de apetite,
o Os modelos de estresse divergem entre si através de o
características quanto à natureza (psicológico, químico
ou físico), intensidade (agudo ou crônico) e duração do
estresse. Os efeitos do estresse no organismo
dependem muito destes três aspectos.
o O estresse é comumente definido como uma condição 5- LISTAR AS ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS E
ou estado em que a homeostase do organismo é SOCIAIS DO ALCOOLISMO
perturbada, como resultado de estímulos estressores.
o É uma sequência de eventos, envolvendo a
SOCIAIS:
participação de diferentes sistemas do organismo em
resposta a agentes estressores, como fatores  Prejuízos significativos no trabalho, na escola ou na
climáticos, hiperpopulação, infecções, exercício físico família, como faltas ou negligências nos cuidados com
intenso, desnutrição, ruído, odor, entre muitos outros os filhos;
 Exposição a situações potencialmente perigosas,  Exame físico: telangiectasias, tremores de
como dirigir ou manipular máquinas perigosas extremidades, hepatomegalia e elevação da pressão
embriagado; arterial.
 Problemas legais, como desacato a autoridades ou a  Alterações laboratoriais são esperadas em pacientes
superiores; que bebem com frequência, como por exemplo o
 Violência doméstica aumento do volume corpuscular médio (VCM) ou
 Desestruturação familiar – perda da fonte de renda; macrocitose, além disso, a elevação de gama-GT (GGT)
separação; ambiente hostil é um indicador precoce de disfunção hepática,
enquanto que pacientes com elevação
desproporcional de AST/TGO em relação a ALT/TGP é
FISIOPATOLÓGICAS: um padrão comum de alteração hepática em pessoas
 Cirrose hepática, as síndromes amnésicas, demencial, com hepatite alcóolica.
alucinatórias e delirantes, ansiedade, distúrbios  Estágios vão desde uma embriaguez leve até o coma,
sexuais, alterações do sono. O alcoolismo também logo, é importante também investigar hipoglicemia e
aumenta a predisposição a outras doenças, como às traumatismo cranioencefálico (TCE) associado ou como
infecções. Por fim, o delirium tremens, o quadro causa do quadro de rebaixamento caso na história não
clínico mais grave da abstinência, pode terminar pela fique evidente a associação com ingesta de bebida
morte. alcóolica. Além disso, outras alterações podem ser
notadas logo que o paciente chega na Unidade, pois a
O consumo crônico do álcool por prazo muito longo acaba intoxicação causa alterações no afeto (alegria,
por levar a mudanças psicológicas profundas, entre as excitação e labilidade de humor), na fala (pastosa,
quais aquelas que incluem a alterações dos padrões éticos arrastada), no comportamento (impulsividade,
e emocionais da pessoa, deterioração das relações agressividade, ataxia), no pensamento (redução na
familiares e sociais e falta de preocupação com o trabalho. capacidade de raciocínio e juízo crítico, pensamento
lento).
Os sintomas da intoxicação aguda podem variar de pessoa Os alcoólatras crônicos podem desenvolver algum
para pessoa, como euforia, perda das inibições sociais, problema grave de memória. Há dois desses tipos: a
comportamento expansivo, geralmente inadequado para chamada SWK e a demência alcoólica.
o ambiente e emotividade exagerada, desenvolve maior
agressividade ou, ao contrário sente-se sonolentas e  WERNICKE-KORSAKOFF (SÍNDROME AMNÉSICA)
entorpecidas, mesmo que tenham bebido A SWK caracteriza-se por incoordenação motora,
moderadamente. movimentos oculares rítmicos, como durante uma leitura
(nistagmo), e paralisia de certos músculos oculares,
Com a continuidade de ingestão da droga e seu aumento na
provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes
concentração sanguínea o cérebro começa a demonstrar
não o possuía. Além desses sinais neurológicos, o paciente
sinais de deterioração, provocando desequilíbrio,
pode estar em confusão mental, ou, se com a consciência
alteração da capacidade cognitiva, dificuldade crescente
clara, apresentar prejuízos evidentes na memória recente
na articulação das palavras, falta de coordenação motora,
(não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos
movimentos vagarosos e irregulares dos olhos, visão
antes). Muitas vezes, para preencher as lacunas da
dupla, rubor facial e taquicardia. O pensamento fica
memória, o indivíduo inventa histórias (a isso se chama
desconexo e a percepção da realidade se desorganiza. Mais
fabulação). Tal quadro deve ser considerado emergência,
tarde ainda surgem letargia, diminuição da frequência
pois requer imediata reposição da vitamina B1 (tiamina)
cardíaca, queda da pressão arterial, depressão respiratória
para evitar o agravamento da situação. Os sintomas
e vômitos, que podem eventualmente ser aspirados e
neurológicos, já citados, são rapidamente revertidos com a
chegar aos pulmões provocando pneumonia ou outros
reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode
efeitos colaterais perigosos. Pode acontecer estupor e
tornar-se permanente.
coma, depressão respiratória severa, hipotensão e morte.
 SÍNDROME DEMENCIAL ALCOÓLICA
Ao comparar o cérebro de uma pessoa saudável, o de um A síndrome demencial alcoólica é semelhante à demência
alcoolista apresenta atrofia, pois, os neurônios são propriamente dita, como a de Alzheimer. No uso intenso e
progressivamente destruídos e isso pode ser observado prolongado, mesmo sem a SWK, o álcool pode provocar
pela dilatação dos ventrículos, pelo estreitamento do lesões difusas no cérebro, prejudicando, além da
corpo caloso (a principal conexão entre os dois memória, a capacidade de julgamento, de abstração de
hemisférios) e pela redução do hipocampo – região da conceitos; a personalidade pode alterar-se; todo o
memória. comportamento fica prejudicado. A pessoa torna-se
incapaz de se sustentar.
REFERÊNCIAS:

Chiaverini DH, org. Guia Prático de matriciamento em


saúde mental [Internet]. Brasília: Ministério da Saúd; 2011
[citado 2013 Mar 01]. Disponível
em: http://www.twiki.ufba.br/twiki/pub/CetadObserva/Ou
tros/guia-matriciamento_MS_JUNHO_2011.pdf Acesso em:
19 fev 2015.

https://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/principia/article/
viewFile/312/269

http://www.dialogosplurais.periodikos.com.br/article/
10.4322/2675-4177.2020.021/pdf/dialogosplurais-1-2-
67.pdf

PORTH – 9ºed

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