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Índice

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................2

1.2. Objectivo geral.....................................................................................................................................2

1.2.1. Objectivos específicos.......................................................................................................................2

1.3. Metodologia..........................................................................................................................................2

2. INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO................................................................................................................3

2.1.Origem...............................................................................................................................................3

2.2.Definição...........................................................................................................................................4

2.3.Características e finalidades...............................................................................................................4

2.4.Fases do processo de Investigação-Acção.........................................................................................5

3.CONCLUSÃO..................................................................................................................................9

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................10
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho de campo é subordinado ao seguinte tema: Fases do processo de


Investigação-Acção. É importante salientar que, a Investigação-Acção é uma metodologia que
procura superar o habitual dualismo entre teoria e prática, havendo múltiplas acepções, propostas
e práticas, pelo que não é possível encontrar uma definição única.

Investigação-Acção pode ser descrita como uma família de metodologias de investigação que
incluem simultaneamente acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão), com base em
um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica, e em que nos ciclos
posteriores são aperfeiçoados os métodos, os dados e a interpretação feita à luz da experiência
(conhecimento) obtida no ciclo anterior.

Pretende-se, assim, com a realização deste trabalho, contribuir para uma reflexão crítica sobre
esta temática, conhecer as potencialidades, dificuldades e limitações, na utilização desta
metodologia no campo da investigação em pesquisas científicas, académicas e no campo da
educação.

1.2. Objectivo geral

Conhecer as principais fases do processo de Investigação-Acção.

1.2.1. Objectivos específicos

 Descrever as principais fases do processo de investigação acção;

 Identificar a importância de cada fase do processo de investigação acção

1.3. Metodologia

Para realização da presente pesquisa recorreu-se a pesquisa bibliográfica. Gil segundo (2008)
pesquisa bibliográfica consiste no levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas
por meio escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites.
2. INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

2.1.Origem

A origem da Investigação-Acção é confusa, e é muito pouco “provável que algum dia venhamos
a saber quando ou onde teve origem este método, simplesmente porque as pessoas sempre
investigaram a própria prática com a finalidade de melhorá-la” (Tripp, 2005, p. 445), ainda que,
muitos autores atribuam a criação do processo a Kurt Lewin. Perante esta afirmação,
apresentaremos a origem percorrendo diversos autores que aprofundaram a temática.

Segundo Barbier (1985, p.38), a investigação-acção tem a sua “origem como pesquisa
psicológica de campo, e tem como objectivo uma mudança de ordem psicossocial”, pois a meta
desta pesquisa, é a transformação radical da realidade social e a melhoria de vida das pessoas
envolvidas. Ainda, segundo o mesmo autor,

Costuma-se geralmente sustentar que a pesquisa-acção teve origem com Kurt Lewin, psicólogo
de origem alemã, naturalizado americano, durante a provação da Segunda Guerra Mundial.
Alguns pensam, entretanto, que John Dewey e o movimento da Escola Nova, após a Primeira
Guerra Mundial, constituíram um primeiro tipo de pesquisa-acção pelo ideal democrático, pelo
pragmatismo e pela insistência no hábito do conhecimento científico tanto nos educadores como
nos educandos (...) a Pesquisa-Ação tem fortes raízes na Psicologia Social, posteriormente se
abrindo para a pesquisa da vida social ampliando de forma crescente a participação das
populações envolvidas, e de certa forma promovendo uma ruptura com os paradigmas clássicos
da pesquisa em Ciências Humanas.

As designações para a palavra nem sempre são as mesmas: há quem, conforme os casos prefira
“Acção-Investigação”, “Investigação na e/ou para a Acção”, “Pesquisa-Acção”, entre outros,
mas o fundo e o estímulo são idênticos, pode ser entendida como uma forma de pesquisa social
com base empírica que tem como associação a teoria (pesquisa) e a prática (acção), em oposição
à pesquisa tradicional - crítica ao positivismo - a partir de uma colaboração mútua entre
pesquisador e pesquisado.

Para Esteves (2009, p.265), o trabalho pioneiro de Action Research pertence a Kurt Lewin,
(1890-1947), que o aplicou pela primeira vez nos Estados Unidos. Apareceu no âmbito da
psicologia, demonstrando sempre, uma tendência preocupante em relação aos problemas sociais
da sociedade americana. No seu trabalho, Lewin tentou mostrar, de certo modo, que a acção é
mais eficaz que o discurso para induzir modificações de certos comportamentos humanos.

2.2.Definição

Para Elliott (1993) citado por Latorre (2003, p. 24), a Investigação-Acção é um estudo de uma
situação social que tem como objectivo melhorar a qualidade de acção dentro da mesma.

Lomax (1990) a define como “uma intervenção na prática profissional com a intenção de
proporcionar uma melhoria”; Já para Bartalomé (1986) a Investigação-Ação é “um processo
reflexivo que vincula dinamicamente a investigação, a acção e a formação, realizada por
profissionais das ciências sociais acerca da sua própria prática”.

Desta forma, pode-se concluir que a Investigação-Acção é um conjunto de estratégias para


melhorar a prática educativa e social, orientada para a melhoria da prática nos diversos campos.
Ela tem como objectivos compreender, melhorar e reformular práticas; fazer uma intervenção em
pequena escala no funcionamento de entidades reais e apresentar uma análise detalhada dos
efeitos dessa intervenção.

2.3.Características e finalidades

Segundo Coutinho et. al (2009) a Investigação-Acção é uma metodologia de pesquisa


essencialmente prático e aplicado que se rege pela necessidade de resolver problemas reais, que
se reveste de algumas características fundamentais, apontadas por autores como Cohen &
Manion (1994) e Descombe (1999):

a) Participativa e colaborativa: no sentido em que implica todos os participantes no


processo. Todos são co-executores na pesquisa. O investigador não é um agente externo
que realiza investigação com pessoas, é um co-investigador com e para os interessados
nos problemas práticos e na melhoria da realidade;
b) Prática e interventiva: pois não se limita ao campo teórico, a descrever uma realidade. A
acção tem de estar ligada à mudança e é sempre uma acção deliberada.
c) Cíclica: porque a investigação envolve uma espiral de ciclos, nos quais as descobertas
iniciais geram possibilidades de mudança, que são então implementadas e avaliadas como
introdução do ciclo seguinte.
d) Crítica: na medida em que a comunidade crítica de participantes não procura apenas
melhores práticas no seu trabalho, dentro das restrições sociopolíticas dadas, mas também
actuam como agentes de mudança, críticos e autocríticos das eventuais restrições.
e) Auto-avaliativa: porque as mudanças são continuamente avaliadas, numa perspectiva de
adaptabilidade e de produção de novos conhecimentos.

2.4.Fases do processo de Investigação-Acção

Nos estudos que utilizam esta metodologia destaca-se um desenho metodológico que se
configura num processo cíclico, de pensar-fazer-pensar para investigar e criar a mudança. Estes
ciclos de investigação envolvem diferentes fases que corporizam essa tríplice dimensionalidade -
pensar – agir – criar a mudança (MacNaughton & Hughes, 2009). Constitui-se, assim, como um
processo dinâmico, interactivo e aberto a necessários reajustes e inclui as seguintes fases: i)
planear com flexibilidade; ii) agir; iii) reflectir; iv) avaliar/ validar, onde se descrevem e
analisam os dados que conduzem à avaliação das decisões tomadas e dos efeitos observados; v)
dialogar, de forma a partilhar o ponto de vista com outros parceiros, nomeadamente colegas, ou
outros (Fischer citado por Maximo-Esteves, 2008). Será o escrutínio interpares que permitirá
validar a investigação, acentuando-se, assim, a importância desta metodologia se desenvolver no
seio de comunidades de prática (Mesquita-Pires, 2010).

O procedimento da Investigação-Acção é descrito por vários autores como um ciclo em espiral,


sendo que “o termo ciclo é utilizado no sentido de um conjunto ordenado de fases que, uma vez
completadas, podem ser retomadas para servirem de estrutura à planificação, à realização e à
validação de um segundo projecto e assim sucessivamente” (Lessard-Hébert, 1996). Destacam-se
de seguida algumas propostas de aplicação do processo.
Figura 1 – Espiral de ciclos da Investigação-Acção

Fonte: adaptada pela autora (2022), a partir Lessard-Hébert (1996).


P
B
O
F
E
R
A
L
S
Ã
X
Ç
V
U
M
C
I
N
Podemos observar na figura 1, devido suas características peculiares a Investigação-Ação não se
limita a um único ciclo, o que permite aos participantes reajustes na acção. O que se pretende
com esta metodologia é produzir mudanças nas práticas tendo em vista alcançar melhorias de
resultados. Assim, inferimos que a colaboração aliada à mudança são “peças-chave” na
construção de um projecto de investigação. E que só uma intervenção de carácter proactivo
integrada num processo colaborativo entre as partes envolvidas na acção, através do debate e da
confrontação de registos efectuados ao longo da acção investigativa poderá obter os resultados
almejados.

Apesar de autores como Kemmis, Elliott e Whitehead apresentarem distintos modelos de


investigação-acção, não apresentam grandes mudanças, pois todos partem do Modelo de Kurt
Lewin. Entretanto, todos esses autores trazem contributos significativos para esta metodologia,
não relegando nenhum deles, a visão espiralada dos conceitos expostos. Portanto, a Investigação-
Acção constitui uma metodologia de planificação, reflexão, estratégias e acção evidenciadas pela
explanação através de seus ciclos e modelos.

Para Goyette et al (1984), referido por Lessard-Hébert (1996), o processo de Investigação-Acção


compreende seis grandes fases:
1. Exploração e análise da experiência;
2. Enunciado de um problema de investigação;
3. Planificação de um projecto;
4. Realização do projecto;
5. Apresentação e análise dos resultados;
6. Interpretação – Conclusão – Tomada de decisão.

Por sua vez, as fases acima referidas englobam três níveis de operações distintas:

i. As operações de pré-intervenção, que compreendem a pré-observação, a escolha do


problema, a planificação do projecto e a delineação de um calendário de operações;
ii. As operações de intervenção, que compreendem a intervenção no terreno, o ensaiar do
projecto, a observação e registo da intervenção;
iii. As operações de avaliação, que compreendem a avaliação dos resultados da intervenção,
a apresentação dos resultados, as limitações do projecto, as conclusões e as hipóteses que
potenciem novas actuações.

Para Cohen e Manion (1994) o desenvolvimento de um projecto de Investigação-Acção poderá


concretizar-se através dos seguintes passos:

 Identificação, avaliação e formulação de um problema;


 Em algumas situações, pode envolver uma revisão bibliográfica para encontrar pontos de
convergência com outros estudos;
 Envolve uma modificação ou redefinição do problema inicial;
 Envolve a interpretação dos dados, as conclusões e a avaliação global do projecto.

De acordo com Zubert-Skerritt (1996) citado por Coutinho et. al (2009) a investigação-acção
segue também um processo cíclico que envolve quatro passos, respectivamente:

1. Planeamento estratégico;
2. Acção, isto é, implementação do plano;
3. Observação, avaliação e autoavaliação;
4. Reflexão crítica e autocrítica sobre os resultados dos pontos anteriores e tomada de
decisões para o próximo ciclo de investigação-acção, ou seja, revisão do plano, seguido
de acção, observação e reflexão.

Para Kuhne e Quigley (1997) citado por Coutinho et. al (2009), a investigação-acção é um
processo cíclico, que envolve três fases: fase de planificação, fase de acção e fase de reflexão.

1º. A fase de planificação envolve a definição do problema, a definição do projecto e o processo


de medição.

2º. A fase de acção envolve a implementação do projecto e o processo de observação.

3º. Finalmente a fase de reflexão envolve o processo de avaliação. Se neste momento não se
encontrar a solução do problema, parte-se para o segundo ciclo. A fase de reflexão necessita de
ser sistematizada para poder ser considerada investigação.

Figura 2. Fases da Investigação-acção

Fase de planificação
1. Definir problema
2. Definir o projecto
3. Medir

Fase de acção
Possível 3º Ciclo
4. Implementar e
observar

Fase de reflexão
5. Avaliar Segundo ciclo
6. Parar se o problema Planificação;
estiver resolvido. Se não, Acção;
ir para segundo ciclo Reflexão.

Fonte: Coutinho et. al (2009)


3.CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho conclui-se que, apesar de todas as desvantagens e limitações, a
Investigação-Acção pode constituir uma boa ferramenta para a prática educativa na compreensão
de uma realidade a ser estudada, que pressupõe a construção da problemática e das estratégias de
investigação, apontando como principal potencialidade a articulação, de modo permanente, da
investigação, da acção e da formação.

Na Investigação-Acção observamos um conjunto de fases que se desenvolvem de forma contínua


resumindo-se, basicamente, na sequência planificação, acção, observação (avaliação) e reflexão
(teorização). Este conjunto de procedimentos em movimento circular dá início a um novo ciclo
que, por sua vez, desencadeia novas espirais de experiências de acção reflexiva.

Um processo de Investigação-Acção não se confina a um único ciclo, pois de facto, e uma vez
que o que se pretende com esta metodologia é, acima de tudo, operar mudanças nas práticas
tendo em vista alcançar melhorias de resultados, normalmente esta sequência de fases repete-se
ao longo do tempo, há necessidade por parte do professor/investigador, de explorar e analisar
todo o conjunto de interacções ocorridas durante o processo, e proceder a reajustes na
investigação do problema.

A metodologia da Investigação-Acção enquadra-se na perspectiva sócio crítica, pelo que este


movimento espiralado de acção-reflexão é, na maior parte das vezes, levado a cabo por equipas
de professores/pesquisadores que constituem “comunidades críticas”, encarnando, assim, do
ponto de vista filosófico, o princípio da pluralidade, característico deste paradigma, e que
preferem o trabalho sustentado na discussão em detrimento da natureza solitária de outros tipos
de investigação.
BIBLIOGRAFIA

BARBIER, R. (1985). Pesquisa-Ação na Instituição Educativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editor.

COHEN, L., & Manion, L. (1994). Research Methods in Education. London: Routledge.

COUTINHO, C. P., SOUSA, A., DIAS, A., BESSA, F., FERREIRA, M. J., & Vieira, S. (2009).
Investigação‐acção: metodologia preferencial nas práticas educativas. Revista Psicologia,
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DESCOMBE, M. (1999). The Good Research Guide for Small-Scale Social Research.
Buckingham: Open University Press.

ESTEVES, A. J. (2009). A Investigação-Acção. In A. Santos Silva & J. Madureira Pinto (Orgs).


Metodologias das ciências sociais. Porto: Edições afromentamento.

GIL, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas.

LATORRE, A. (2003). La Investigación-Acción. Barcelona: Editorial Graó.

TRIPP, David (2005). Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa. São
Paulo, v.31, n. 3.

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