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António Pinto Leite •
É fácil concluir que o amor não cabe neste mundo. E que qual-
quer referência ao amor na gestão parece desajustada, inapropriada,
longe da realidade. Como pode alguém lembrar-se de falar de amor
quando se trata de impor disciplina, exigir rigor, sancionar a incompe-
tência e visar obsessivamente os bons resultados? O próprio título do
livro perturba, porque vai diretamente contra esta visão tradicional da
gestão e sugere que se está a misturar dois mundos que deviam ser
mutuamente exclusivos.
Mas quem vive o dia a dia das empresas e da concorrência, quem
estuda a gestão na sua formulação mais avançada, quem tenta apro-
fundar os casos de maior sucesso das melhores empresas do mundo
sabe que a análise fria e calculista, a competência técnica, a capacida-
de de obter a obediência dos colaboradores, se bem que necessárias,
não são de todo suficientes. Primeiro, as empresas de grande sucesso
estão quase sempre associadas a um conjunto de valores que ultra-
passam em muito a racionalidade e a disciplina. São muitas vezes em-
presas em que existe – e é palpável – uma cultura organizacional com
importantes elementos de carácter afetivo, os quais motivam, entusias-
mam e mobilizam as pessoas, determinam comportamentos de cola-
boração construtiva, permitem afrontar e superar dificuldades e geram
uma procura de excelência que vai muito para além da mera intenção
de obter maiores lucros ou remunerações.
Segundo, no mundo de hoje é cada vez mais claro que os gran-
des avanços civilizacionais, económicos, financeiros e empresariais são
quase sempre explicados pela maior e melhor capacidade de gerar
colaboração, ao nível mais sofisticado e mais exigente, entre pessoas,
grupos, empresas e organizações. Todos sabemos, desde os primór-
dios da economia de mercado, que esta colaboração resulta em grande
parte da procura do interesse individual, a qual, pelos mecanismos da
concorrência, leva a resultados ótimos em termos de eficácia na afeta-
ção de recursos. Mas mesmo os primeiros pensadores e defensores da
propriedade privada e da livre concorrência – como Adam Smith ou
Stuart Mill – sempre deixaram claro que a economia de mercado tam-
bém precisaria de um sistema de valores muito exigente, para garantir
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O Amor como Critério de Gestão •
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António Pinto Leite •
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O Amor como Critério de Gestão •
António Borges
29 de abril de 2012
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