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UNIDADE CURRICULAR: Elites e Movimentos Sociais

CÓDIGO: 41024

DOCENTE:

A preencher pelo/a estudante

NOME:

N.º DE ESTUDANTE: 1100173

CURSO: Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 05 de abril de 2021

1206 Palavras

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Ao ser preposto a realização deste trabalho de reflexão sobre o político que foi
Francisco Sá Carneiro estava longe de imaginar o quão gratificante e interessante seria
pesquisar sobre este homem que marcou politicamente uma época da história da
democracia no nosso país. Nunca foi uma personagem que me cativasse ou me
suscitasse curiosidade, talvez por ter crescido dentro de uma ideologia política de
“esquerda” completamente oposta ao Partido Popular Democrático (PPD). Tenho na
memória a passagem da caravana política da Aliança Democrática (AD) pela minha
cidade na campanha eleitoral às legislativas de 1979 das quais Sá Carneiro sairia
vencedor, retenho ainda a imagem de colegas mais velhos a chegarem à escola
envergando gravatas negras no dia seguinte à morte do Primeiro-ministro vítima de um
acidente de aviação que ficaria conhecido pelo “desastre de Camarate”.

É difícil falar do político Sá Carneiro sem referir as suas origens; nasce no Porto em 19
de Julho de 1934, no seio de uma família burguesa, o pai um advogado conceituado que
durante anos foi deputado da União Nacional, a mãe de origem monárquica de fortes
convicções católicas era irmã de João Costa Leite um dos poucos homens de confiança
de Oliveira Salazar e que ocupou vários cargos durante o Estado Novo. Na obra
biográfica escrita após a sua morte pela jornalista Maria João Avilez, Francisco Sá
Carneiro é-nos descrito como tendo sido uma criança calma, estudiosa que preparava as
lições antecipadamente e de forma refletiva e rigorosa, esta antecipação, reflexão e rigor
irão guia-lo durante toda sua vida. Dotado de uma inteligência e de uma memória
prodigiosa, adorava ler, esse gosto pela leitura proporciona-lhe uma grande capacidade
de organização do pensamento o que fazia com que fosse rápido na resposta. Católico
praticante é fortemente influenciado pelas mudanças na igreja católica, que após o
Concílio do Vaticano II se torna mais progressista mais aberta, é através da Igreja que
dará os primeiros passos como político. Por muitos foi considerado um solitário “era um
Solitário mesmo no meio dos amigos, mesmo quando era líder era um solitário”-
Agustina Bessa Luís. Considerado um dos pais da democracia portuguesa juntamente
com Mário Soares, Álvaro Cunhal e Freitas do Amaral

A personalidade politica - Refletindo agora sobre a personalidade política de Sá


Carneiro tendo como base o que aconteceu naquela noite de 27, madrugada de 28 de
Setembro de 1975 e a forma como este homem entra na reunião aos olhos dos seus

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colegas de partido como que acabado e sai vitorioso. No decorrer da reunião ele ouve
tudo o que lhe tem a dizer, regista mentalmente todas as acusações que lhe vão sendo
feitas, em silêncio escuta e depois fala e fala durante seis horas respondendo uma a uma
todas as questões que lhe foram postas a todas as acusações que lhe foram feitas
respondendo a cada ponto focado, com coragem, determinação e frontalidade que
sempre o caraterizaram na sua vida politica, profissional e pessoal. Homem convicto
nos seus ideais e seguro nas suas propostas políticas, era frontal sem medo de expor
aquilo em que acreditava assim o demonstrou nessa noite como o fez anos atras como
deputado na Assembleia Nacional quando propõem a votação de medidas como a Lei da
Imprensa ou quando questionou o Governo sobre a ausência de advogado durante os
interrogatórios aos presos políticos. Em tudo o que li sobre o político faz-me crer que
era brilhante a discursar e a expor a suas opiniões defendendo-as com paixão e com
honestidade uma das suas grandes características, segundo quem o conheceu como
politico, a respeito do seu discurso no Conselho Nacional de 27 e 28 de Setembro de
1975 diz Marcelo Rebelo de Sousa “Sá Carneiro é Genial (e a qualificação é
rigorosa). Faz o melhor improviso e o melhor discurso político de toda a sua vida.” In
Manuel Margarido – 2004.

Desiludia-se quando as situações políticas levavam outro rumo que não o que
idealizava, mantinha a sua postura e afastava-se, mas mesmo longe não deixava de
acompanhar os acontecimentos e de emitir a sua opinião, exemplo de isso é forma como
escrevia após abdicar do seu mandato de deputado em 1973, através da coluna que
assinava (O Visto) no recentemente fundado jornal “Expresso”, manifestando a sua
oposição ao governo apelando à abstenção nas legislativas de 1973 “Não há liberdade
política, não há sufrágio autêntico”. Era um visionário idealista, num dos seus
discursos proferido num colóquio da Associação para o Desenvolvimento Economico e
Social (SEDES) diz: “Recuso-me a aceitar que o nosso povo tenha por natureza de
ficar eternamente sujeito ao paternalismo de um homem de um sistema, de uma classe.
Recuso-me a admitir que ao contrário dos outros povos não possamos conciliar
liberdade com a ordem, o progresso com a segurança o desenvolvimento com a
justiça.” Não tinha a ambição do poder pelo poder, mas sim a ambição de ter poder para
transformar o país, para torná-lo mais democrático, mais desenvolvido economicamente
e socialmente, a respeito da relação de Sá Carneiro com o poder diz Freitas do Amaral
“Nunca conheci ninguém, em Portugal ou no estrangeiro, que, à beira de uma vitória

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eleitoral estrondosa, fosse capaz de mostrar tanta honestidade pessoal, tanta lealdade
para com os parceiros de coligação e tanto desapego ao poder” - in Diário de Noticias
– 2005.

Foi um político que viveu intensamente, sempre disse que ia morrer cedo e havia muito
por fazer, em apenas seis anos - fundou o Partido Popular Democrático (PPD) apenas
onze dias, após a revolução de Abril; foi ministro, forma uma coligação com o Centro
Democrático Social (CDS) e com o Partido Popular Monárquico (PPM) consegue a
primeira maioria absoluta em democracia a 2 de Dezembro de 1979. Como primeiro-
ministro luta para atingir os objetivos políticos que sempre sonhou para o país, viver em
total democracia pedindo uma alteração à Constituição por forma a libertar o poder
politico do Conselho da Revolução que dificultava grandemente a governação, reúne-se
com os principais líderes europeus manifestando o interesse de Portugal na adesão à
Comunidade Económica Europeia, inicia conversações com os lideres dos países de
língua portuguesa entendia que era importante para Portugal e para as Ex - colónias que
existisse cooperação entre ambos, tudo isto é feito em apenas um ano, Sá Carneiro
morre a 4 de dezembro de 1980, vitima de “acidente” de avião que vitimou também o
Ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, as mulheres de ambos, o seu
Chefe de Gabinete Patrício Gouveia e os pilotos.

Em 1982 é aprovada a 1 ª Revisão à Constituição da Republica de 1976, é abolido da


mesma o Conselho da Revolução e criado o Tribunal Constitucional, em 1985 Portugal
entra na CEE, em 17 de Julho de 1996 é criada a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa; parte do sonhou para Portugal e para os Portugueses só aconteceu após a
sua morte.

BIBLIOGRAFIA:

Avillez, Maria João – Francisco Sá Carneiro : Solidão e Poder – Maria João Avillez e
Oficina do Livro, Sociedade Editora Lda. – 2010

Margarido, Manuel – Francisco Sá Carneiro – Planeta Agostini, Lisboa 2004

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WEBGRAFIA:

https://www.publico.pt/2010/11/06/politica/noticia/sa-carneiro-nao-foi-a-figura-
pacificadora-em-que-o-tentam-transformar-1464634 - Consultado em 30 de Março de
2021

https://expresso.pt/cultura/2019-06-03-Eu-nao-sou-uma-moralista-nem-uma-moralona-
a-entrevista-em-que-Agustina-fala-de-Sa-Carneiro - Consultado em 29 de Março de
2021

https://www.dn.pt/arquivo/2005/pre-publicacao-sa-carneiro---pensamento-visao-e-alma-
630718.html - Consultado em 29 de Março de 2021

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-dez-2020/redescobrir-sa-carneiro-13106906.html -
Consultado em 1 de abril de 2021

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