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Motivaçáo*
Neste capítulo, vamos examinar alguns dos motivos elementares
que caracterizam o comportamento do homem. Incidiremos sobre os
motivos relativamente simples, tais como a fome ou a sede - motivos
que partilhamos com muitos outros animais. (Abordaremos motivos
mais complexos como a necessidade de trocas afectivas, a amizade e
o amor em capítúos posteriores.) Alguns destes motivos simples
podem ser entendidos como tentativas de auto-regulação, que
reflectem a tendência do organismo patamantet ttemperatrra dentro
de determinados limites, uma provisão de líquidos suficiente pafiÀ a
circulação e a digestão, e níveis de nutrientes adequados para
fornecerem energia. Outros motivos são os intentos de autopresewaçío,
como a resposta do corpo à dor ou à sua preparaçío para responder a
uma ame;açL. Ainda outro motivo é a necessidade de dormir, por
vezes considerada como reflectindo a necessidade de auto-restabele-
cimento.
Estes motivos são claramente muito diferentes uns dos outros,
mas têm em comum o tornarem algumas acções mais prováveis do
que outras. Por exemplo, com fome preferimos alimentarmo-nos a
lavat o cabelo ou a ler um livro. Do mesmo modo, estes motivos
filtram as nossas percepções: com fome, a comida e os estímulos do
ambiente com ela relacionados serão mais facilmente notados do
que outros. Esta tendência a totnat determinados comportamentos e
percepções mais prováveis do que outros chama-se, por vezes,
Sistemas de Controlo
r). Este
Jern6s MoTIVÀçÃo ' cap.3
s. Não
Ìamos A rnotiuação como acção dirigida.
utfos. 6ste quadro foi encomendado Por
estão um homem clramaticamente salvo
r foge do ataque de um tubarão
no porto de Havana. Conforme
vante
a fepfesentação, toda a tripulação do
rismo
barco dirige os seus esforços Para
ìa, ou o salvamento. (Watson ítnd tlJe sbark
.lgum por John Singleton CoPleY, 1778;
doaçío da Sr.'George von Lengerke
ideia Meyer; por gentileza do Museum of
Ìefos Firte A?'ts, Bostot?)
:ções
:smo
3nte. influenciam, por sua vez, o funcionamento ulterior da máquina - isto
lscaf é, se a realimentam - temos um sistetna' de controlo baseado na
rovi- realimentação. Nos sistemq's de real:imentaçã'o positiaa, a
eles, realimentação fefofça a pf6pri?- fesposta qlle a produziu. o resultado
tirar é que de um pequeno esforço resulta uma grancle altemção' Um
exemplo é o que acontece quando um microfone está demasiado
sef próximo do amplificador. O microfone capta qualquer ruído pro-
pof- duzido pelo amplificador. Alimenta então esta enefgia no amplificador
iver o que aumenta ainda mais o ruído (quer dizer ampliÍica-o)' Por slra vez'
São este ruído mais intenso é captado pelo microfone que o reintroduz no
gua amplificador, tofnando o ruído ainda maior e assim sucessivamente,
da até que se produz um zumbido ensurdecedor que é a maldição dos
[ua- sistemas mal concebidos.
:AS O caso contrário ê a real:imenta.ção negatiaa, em que a
)a realimentação inteffompe ou inverte a fesposta inicial da máquina
que produziu a mudança no ambiente (Fig' 3.1)' Um exemplo simples
é o sistema que controla a maior pafte dos aquecimentos domésticos.
um tefmostato liga o contacto eléctrico para todas as tempefatufas
inferiores a determinado valor estabelecido (o setr pontol'ro)' Assim'
o aquecimento produz um aLlmeflto da temperatura o que por sua vez
ios provê um sinal de realimentação negativo para o termostato: quando
os a casa jâ náo estâ fria, o termostato desliga o aquecimento'
,o, Em certo sentido, poder-se-ia pensar que o aquecimento regulado
SA portermostatotemumobjectivo:"visa"maÍÌterdeterminada
AS tempemtum, por assim dizef. sistemas de realimentação negativa
98
CoNTINUARÀACçÃO
MoTwAçÃo . Cap.3
"NÃO"
Homeostasia
l;
l;
H
99 I
eventuahnellte, morte;uma subida prolongada acima c1o rnesrno pocle
ì . Cap.3
ïi
.ì levar a cloenças dos olhos ou dos rins, ataqlre carclíaco e aciclentes
l vascnlares cerebrais. Estes exemplos de equilíbrio interno reflectem
I
I
Lrm processo que visa a homeostase (literalmente, estado igual) ttn
j processo tão aclmirável, não só na slla complexidacle , rnas também na
i sua eficácia que, muitas vezes, se cliz que reflecte uma "sabecloria clo
i
corpo" (Cannon, 1932).
A REGUI-A.çÃO DA TEMPERÃTURA
Itìgue
cÇões . Cap.3
rllna
'cÇão
I seÌì e';terno d4 tem?eraturd
0 cofitrdo
I SUI ttìillcntdl ettt r(ll()s'
e o dtttt,r
cfias
4piis iltscitttctìto.:Ìs
()
:Ções tlch:tixo tlo ebtlómcn
ílntntr*'n-t.
lor é par,t' se aqÌlecefem'
dtmãe
pof quc o Permite a mãe? Não
é
dae
ípcoÍls
tllììiì (ltlestào tlc afecto
ecto,
ltr>rtrrtlltas ('irclllâlìt('s
ÍnateÍrì:ll.As
Por c0rpo da mãe, aPós () Parto,
no
tima o que tofna
sobfeaqtlecern-na'
tgradi,vel o contacto
com o corpo
omo frio ttrs ct'ias. Ela tanrbém deixa
Por a ninhxla Por breves Períodos,
iber- quarldo o gtttpo aconcheganclo-se,
ele pt'tiprio começâ a sobreacluecê-la'
fixo
lFotografia cle Jane
Burton; O 1987' própria temperatlÌra não suba demasiado (Leon et al',1990)' Existem
Ìum
Bfucc Coleman,Inc.)
ainda oLrtlos tipos de compoftamellto t€fmoffegulaclor. Ern muitas
ú(la
circunstâncias, os animais enclotérmicos confíam nas estratégias
, cle
nofmalmente Llsaclas - cleitar-se ao Sol para aquecef
pelos exotéfmicos
rde
ou pfocufaf Lrma sombfa parâ pefmanecef ffesco' Ainda outra
estratégia é a construção c1o nírho o qual, além de oLÌtras vantâgens,
ida
provêumabarreiraisoladoraemtofnodoslrabitantes.Oshomens
ILIS.
clispõem de inítmeras variações destas técnicas: no Inverno, vestimos
Por
casacos, cobrimo-nos com cobertofes e aninhamo-nos com os nossos
cle
parceiros, e, no Verão, Ìlsamos roupa leve (ou muito polÌca)' tomamos
,
.os.
mais duches ou vamos nadar. Todas estas acções servem o mesmo
um
objectivo pfesefvaf o ambiente interno cuja constância é ftlnda-
-
)m
mental para a nossa sobrevivência.
sef
do
da TemPeratura
que regtúam a
Que é qlÌe colltlola os cliversos mecanismos
temperatura interna? O cornando mais directo é exercido pelo
sisterna. neruoso autónotv-to (SNA). Em geral, esta é uma parte do
sistema nervoso periférico que envia fibras nervosas para as
io gliìnd,ulas e pafa os músculos /isos' das vísceras (órgãos internos)
n-
e dos vasos sanguíneos. O SNA tem cluas divisões: o simpd'tico e o
le parassimpdtico. Estas duas diüsões actLlam mllitas vezes como
Ll-
rm
1977).Estestesultaclosimplicamaexistênciadecirrcuitossepafâdos
)ja
para lidar com os dois modos cliferentes cJe resolver o problema
da
^
A SEDE
3
à maior parte
O qtre é vâlido paraa temperatllra aplica-se também
a
MOTTVAÇÃo . cap.3
ufr-
. Cap.3
Des itl
ç(io Po r os tn ose'
t'( t ttl
ácidos gordos que são armazenados, par? ser usada mais tar4a,
MoTTVAÇÃo . Cap.3
Posteriormente, quando esta energia armazenada for necessária, ssla
processo será revertido e o glicogénio e os ácidos gordos serão de
novo transformados em glicose utilizâvel.
O figado gere este processo reversível de conversão e inforrql
outros órgãos sobre a direcção da transação metabólica, da glico5q
para depósitos de glicogénio ou vice-versa. Se o equilíbrio se inclinat
paru o armazenamento (o abastecimento excede, geralmente, 4,
I necessidades e o excesso pode ser convertido em glicogénio), o figado
enviará sinais de saciedade e o animal pararâ de comer; se o eeuilíb{s
se inclinar paru a produção de glicose (as exigências excedern q
abastecimento de modo que as reservas são usadas), o figado enviará
sinais de fome e o animal comerá (Fig.3.6). As provas da função
NÃO COMER! ^cetc
do figado provêm de estudos realizados com cães esfomeados que
foram injectados com glicose. Se a injecção era dada na veia que 5s
dirige para o írgado, os animais. paravam de comer. Se era dada eryq
qualquer outro local, não se verificava efeito semelhante (Russek,
1971;Friedman e Stricker, 1976).
Note-se, aliás, que este sistema regulador deve lidar com um
I intervalo de tempo considerável. Imagine-se que o figado espemva até
que os abastecimentos de glicose estivessem baixos e, apenas nessa
altura, enviasse sinais para iniciar a alimentação. Como o metabolismo
I da comida é um processo lento, teriam decorrido muitos minutos
COMER! entre o momento em qlre o sinal de "É preciso glicose!" tivesse sido
dado e o instante em que finalmente chegassem os abastecimentos.
Esta situação poderia ser muito perigosa para o animal e por isso deve
Fie.3.6 A, rclação entre o ecluilíbrío ser evitada. O hgado deve antecipar as necessidades futuras do corpo
de glicose-glicogénio no jïgado
de modo a iniciar-se a alimentaçáo com avanço. Deste modo, os
e a alim.entação.
nlrtrientes chegarão a horas.
Como consegue o figado fazer isto? Realiza-o reagindo à descida
e subida características do nível de glicose: quando o organismo não
come há jâ algum tempo, o nível de glicose no sanglle começa a
balxar. Antes que estes níveis desçam demais, o figado desencadeia a
acção de converter algum glicogénio arnazenado em glicose. Em
consequência, os níveis de glicose no sanglre voltam ao normal.
Esta sequência de eventos produz um padrão facilmente identificável
- uma descida gradual dos níveis de glicose, que clura normalmente
muitos minutos, seguida de uma rápida subida devida à acção compen-
satória do figado.
Este padrão de descida lenta e subida úpida não indica que as
reservas de energia estejam esgotadas; antes, indica que o organismo
está a usar as suas reservas, sendo altura de fazer um depósito. Quando
este padrão dos níveis de glicose ocorre em ratos, o animal começa a
comer (Campfield e Smith, l99O a, b). Quando ocorre nos homens,
eles dizem que têm fome e desejam comer alguma coisa (CampÍield e
Rosenbaum, 1992).
109
RXCEPTORTS NO CÉRNBRO
tfde.
MoTNAÇÃo ' ctP.3
este O figado é apenas um componente qlle regtúa a ingestão de
)de alimentos. Muitos investigaclores pensam qLre o cérebro contém
céltúas sensíveis aos níveis de glicose do sangue, achando-se estas
filìa céltrlas concentradas, Ltína vez mais, na estflrtlua do cérebro res-
:ose
ponsável pela homeostase, o hipotálamo. As pfovas clestes receptores
inar
da glicose provêm de estudos em que se injectava o hipotálamo com
,as uma substância química que tofnava as slras células incapazes cle
ado
reagir à glicose. O restútado efa uma alimentação vofaz. Este tfata-
Irio
mento possivelmente silenciou os glicorreceptofes; o seu silêncio foi
ìo depois interpretado como indicanclo uma deficiência de combustível
aú
o que levou ao acto de se alimentar (Miselis e Epstein, 1970)'
;ão
Iue
SC
SINAIS DO ESTÔMÂGO E DOS INTESTINOS
em
ek,
Apresentámo s,até agora,o qtte leva um animal a iniciar a ingestão
de alimentos, mas o que o faz cessá-la? Os receptores no cérebro não
rm
podem ser a calÌsa pofque eles reagem a trma falta de combustível na
rré
coffente sanguínea que não é corrigida até que a refeição tenha sido,
isa
pelo menos parcialmente, digericla. Não obstante, o homem e olrtros
no
animais terminam a refeição mlrito antes. Porquê?
os
A crença do senso comum cle que comemos até nos sentifmos
Io
cheios é apenas em pafte vefdade.um animal patatí de comer mesmo
ts.
que o seu estômago esteia apenas parcialmente cheio, desde que
re
tenha ingericlo LÌma substância nutfitiva; se o estômago estiver cheio
)o
de um volume idêntico de substâncias não nutfitivas, o animal con-
tinuará a comer. Isto slÌgere qLre as paredes do estômago têm
)s
MOTIVAçÃO . cap.3
.ro ÍIVr
ìì
a
t'.
ites regiões ckr hipotálamo, o nírcleo pamventfi\.ulaf (en-Ì torno clos ventríclúos
hormonal (?Ìumento <la secreção cle TSH e cle ACTFI). Este ílltimo lìílcleo cotltfola,
inibido
ainda, a re sposta cla clivisãro simpática do SNA. O comportament() alimentaf
é
o hipotálamo lateral,
através clas ligações clos nenrírnios clo uúrcleo afqtteado para
assim, as snbstâncias crMSH e CART são também chat[aclas neuropéptidos
fazem
de anorexígenos (climinuem o apetite). Em contriÌste, os níveis de leptina baixos
cessar a fesposta clos neurónios ctMSH e CART e activam otltfo tipo cle nettrónios
:ln
(e aincla
as clo nírcleo arqueaclo qtte contêm outros neuropéptidos, o NPY e o AgRP
nettropéptidos dos neurónios ckr hipotálamo lateral, o MCH e a orexina)'
ontros
CS
Estes neurónios do nílcleo arqtteacl<1, NPY e AgRP, têm também ligações
com o
m
nírcleo paraventricular e com o hipotálamo latefal, tììas as stlas acçòes são
IC
distintas:inibemasecreçãocleTSHecleACTH,activamaclivisãoparassimpática
o. <loSNAeestimulamocompoftamentoalinentaf_sãro,porisso,clranraclos
). pépticlos orexigénicos. É interessante Íì.otaí qÌìe o AgRP e o cMSH são anta-
o gonistas em sentido literal: ambos os neuropéticlos ligam-se ao lresmo receptor
)S (receptof MC4) mas o crMSH é agonista,ao passo qtle oÀgRP é o seu antagonista
MC4
)- natural, que bloqueia a estimtúação <1o aMSH'A activação dos receptores
clos nenrónios clo hipotálamo latefal inibe a ingestão cle alimentos, o blocluei<r
.s
clos receptores estimtlla-a. Alérn ctisso, um grtlpo cle neutónios clo
hipotálamo
D
lateralquerecebeprojecçõesdilectasclosneuróniossensíveisaosníveisde
leptina do nítcleo arqueaclo produz aincta outlos neuropéptidos' o MCH e a
orexina. Os neurónios MCH têm amplas ligações ditectas com o córtex
Esta viâ
t,
)stado
ieição CENTROS DUAIS DA ÀLIMENTAÇÃO
lìo a
G 400
í Hiperfágico
tlor-aÌvo o centro cla saciedacle. Lesões clesta legião podem catlsar uma ali-
. Cap.3
,.r, nìentação excessiva,não porqlre tivessem destruíckl o centro"pafar cle
ar,U
)lìen0$ conìer", mas pofqtÌe perturbaraln gravemente o moclo como o colpo
Lìsa (e guarda) os nutrientes que íÌgeriÌI.
A pouco e polrco, estas e otltfas pfovas plrser2Ìm em causa a ideia
cle clois centros hipotalâmicos qlle controlatn a
alimentação'
Certamente que estes locais cerebrais são importantes pal? a írgestã<l
p
:ans- ceclo:
ema clepencle de quão cloce ou salgacla é a solução nele contida (Lipsett e
)bfa , Behl, 1990). A preÍ'erência é também observacla nas expfessões faciais
mal , cte recém-nascictos. Quanclo se molha a boca de um recém-nasciclo
iro com uma solução doce (por exemplo, água açucaracla) a expressão
rcé facial do bebé parece ser receptiva; quaudo a solttção é amarga (por
eo FiÍ1.3.8 ,4 rcacção de recéttt-nersciclos exemplo, água com quinino) o recém-nasci<lo faz cafetas e vita a cara
lu<r 4 cliíerentes saborcs. Gotas de (Steinef, 1974;uer Figs.3.8A e B). Estâ tenclência selectiva tem senticto
lhe soluções diferentes fomm colocaclas do ponto cle vista biológico, pois, no ambiente nattlfal, as substâncias
lue
na boca clas crianças a fim cle registar cloces têm, em geral, maior valof nutfitivo do que as olltfas. os sabores
as suas reacçõres a (A) uln sabor
Jos amafgos, pelo contrário, encontram-se em muitas plantas venenosas.
doce (solução açucaracla) e (B) Ìlm
los com os adoçantes artificiais percle-se a aposta nlltfitiva: a sacaúna é
sabor amargo (solução com quinilÌo).
6) (Segunclo Steiner, 1977; fotogftÌfi as cloce e em geral prefericla a snbstâncias menos cloces, mas uão contém
do ccdidas por Jacob Steiner) calorias.
rt6
A c
1t7
Dfos
caltoon de Gary Larson reproduziclo tllfa qLre lhes permite beneficiar da experiência adquiricla pelas
conr permissão de Cbronicle gerações anteriores. A maioria dos animais tem cle aprencler por si se
Jma
Feutu.res,Sío Francisco, Califórnia,
determinaclo alimento é seguro, ao passo qlre LÌma criança pocle
lem toclos os direitos reservados)
Pior confiar nos seus paisa. A criança pode barafustaÍ e gÍitaf pof causa
cle um prato de espinafres ott de couve-flor, mas pelo menos não
ção
:ias tem cle se preoclrpar qlranto à possibilidacle de serem venenosos'
cle Ao fim cle algum tempo, aprenclerá a comer os alimentos que o seu
de meio cultural prefere (a t^rte de maçã cla mãe), e a evitar aqueles
Ias que repugnam ou são interclitos nessa cultura (a carne de porco
sta para os muçulmanos e jucleus).
es. As preferências alimentares têm também olrtras funções' Para
do alguns cte nós, podem ser Llma fonte de satisfação estética, serem
lm usaclas com diversos significados simbólicos' estar na base de
tm distinções sociais e âjlldar a cimentar gfupos sociais e familiares'
la. Afinal, havetâ alguém que suponha qlre existem necessidacles
metabólicas especiais, na véspera cle Natal, que reqr'teiram os
nutrientes específicos qtte o perÍt fornece? Deste modo, a selecção
de alimentos é também fortemente influenciada pelo contexto
crútural e social.
hálitoclasmãesparadecicliremsedevemcomefumalimentotrovo.Quando
focinho
encontram um novo alimento, só o comerão se sentircm esse cheim no
clas
Lrg
MoTWÂÇÃo . Cap.3
do Inverno. Mas a mesma tendência não
nos serve hoie em
principalmente àqueles cle enre nós
que peftencemos às
opulentas onde obter comida _ e comida
com gorduras eleva{ng
significa apenas Llma ida ao supefmefcado.
FÀCTORËS COMPORTAMENTAIS
.nì qllalquef estímlúo exterior cle comer ç^f^ a clecisão cle fazet
dia. . Catp.3 ^me
:ulhrras dieta (Herman e Polivy, 1980).
yaclas Estas icleias levam a Lrma pefspectiva difefente sobre a "selecti-
.
viclade,'mllitas.vezes observada nos obesos.A sua resolução de não
comer é fâcil de manter, quando a comi<la não é tentadota' Mas, se
forem expostos a comiclas saborosas' tornam-se presas de uma
tentação mnito forte - talvez a mesma tentação forte qtte os tofnou
obesos.Assim, aquilo qlre pafece ser selectiviclade pocle, na verctade,
ncliçiq r.eflectir o moclo como os pafticipantes lidam com a tentação e não
coln uma sensibilidade excessiva aos inclicaclores externos'
O
existe
A ltipótese tío ponto fixr:. O que torna algurnas pessoas obesas
rì ì.ÌÍì14
enquanto olrtras permanecem magras, independentemente daquilo
que comem? Uma hipótese é que as pessoas cliferem qlranto aos setls
ro de pontos fixos clo peso. Estes pontos podem reflectir cliferenças na
I que constituição, qlle, por sLla vez, poclem ser em parte, determinaclas
.o seu geneticamenÍe (uer também Foch e McClearn, 1980)'
is por Apossibilicladeclelravertrmaprrdisposiçãoparartmcleter'
que
chter minaclo peso é sugericla pela observação de qlÌe pessoas obesas
pela cumprem dietas rigorosas voltam rapidamente ao sell peso anterior'
Jos à imecliatamente após tefem tefminado a clieta. Além disso, tâis pessoas
vel a em dieta não petclem tanto peso como seria de esperar, tendo em
que, collta a redução cla ingestão calórica. A. tazío resicle em algo que já
bem mencionámos:ocorpocompensaaperdacalóricacomLlmaredução
da taxa metabólica basal. A sittlação é ainda pior com o "iô-iô" das
rtici- dietas, enì lllre osinclivicluos repetidamente clrmprem dietas'
ular, interrompem as clietas, fecupefam o peso inicial e fecomeçam a dieta
nm (Cadson, 1991). Embora as provas sejam contraditórias, para estes
qÌle inclivícluos, pode haver uma redução metabólica adicional, com cada
'aclo dieta sucessiva, tal que leva cada vez mais tempo a alcançat o peso
'do desejável (Brownell et a1.,1986).
:ese
são
O TRÀTAMENTO DA OBESIDADE
3Se
MOTTVAÇÃO . Cap.3
As revisões sugelrm que "clÌlÌÌprir uma dieta" é o métoclo rxo*
comum cle controlo clo peso. Nos Estaclos Uniclos cla Arnérica, equi
em dieta é quase a norma, pois, em qualquer altura, cerca de 40 psi
cento clas mlllheres e 25 por cento dos homens referem qì.le estão
a
tentar perder peso (Ncttionctl Institutes oJt Health, 1995). Outros
aumentam a qrÌantidacle méclia cle exercício fisico, luna opção pre.
Íbrível pois promove maior perda de gor.dura, reequilibr.a o peso cor.
poral e tem efeitos positivos na saílcle e na expectativa de vida (Bhiq
r99r.
Em casos extremos, os médicos podem recorrer a medidas mais
drásticas, afirmando que ter excesso de peso constitui um perigo pafa
a saílde que tem de ser trataclo medicinalmente, se as intervenções
psicoterapêuticas oll comportamentais não ftlncionarem. Certamellç
que a obesidade excessiva causa normalmente a morte precoce e,para
casos extremos, os méclicos recorrem a procedimentos cirútrgicos,
como gfampeaf o estômago (para limitar a sua capacidade) on cortar
rüna porção do intestino delgaclo (para reduzir a absorção calórica cla
comida). Com uma frequência muito maior, os médicos prescrevem
medicações sLrpressol?s de apetite que poclem prodrÌzir perclas d6
peso intensas, mas toclas têm efeitos secundáfios que, em cifcì.tns-
tâncias mms, chegam a ser mortais.Além clisso, essas drogas mosttam
até que ponto o nosso col'po preserva um ponto fixo para o peso, pois
?5
as meclicações só são eficazes enqÌÌanto são tomadas; qllando se
20
q^ suspendem, sucede-se um apetite voÍaz e a recuperação rápida clo
.y d ti Homens peso perdido.
x^
Pondo cle lado os casos extremos cle obesidacle, a relação entre o
Ê ãro
excesso de peso e a esperança de vida é ainda LÌln assÌl11to em clebate
çF s (Fitzgemld, 1987;uer Fig.3.l2), Uma dificuldacle na intelpretação das
Èv
0 provas é a cle que a obesidade está associada com a inactiviclacle que
-10 0 l0 20 30 40 50
Percentagem de variação do peso
é ela mesma Ìlm Íactor de risco para a saírcle. De facto, um estuclo
em relação à medida segnin cercâ de 25 OOO homens e 7 000 mulheres clurante oito anos e
(defcito ou excesso)
verificou que os homens obesos, fisicamente bern constituíclos, tinham
taxas de mortalidade mais baixas clo que os homens com peso normal
Fig.3.tZ Rela.ção e,rttc obesiddde e mas sedentários. Um resultado similar (embora menol) foi encontraclo
tnorletlicktde. A figura indica a taxa
pam as mtrlheres (Kampert et a|.,1996).
cle mortalicl:rcle mlma amostfa de
5209 inclivícluos homens e muflreres
Alguns autores afirmam, pois, que a obesidade é mais nm
eÍÌtre os 45 e os 74 anos de idade, problema social e estético do que um problema de saírcle fisica. Isto
em Massaclrusetts, entre 1948 e 1L)64. aplica-se sobretuclo às mulheres, que tendem, mlrito mais do que os
A percentagem (Íe excesso de peso é hornens, a ver-se cofiì excesso de peso (Gtay, 1977; Fallon e Rozin,
calculacla por refer'ência aos pesos 1985). Visto cleste modo, ser magro é apenas um ideal social e
médios para cletcrminacÍa altura. defendido apenas por algumas sociedacte. Outras culturas têm padrões
A figtrra mostftr que o excesso de
totalmente cliferentes. As mr.rlheres pintaclas por Rubens, Matisse e
peso não aulnelìta o risco (Íe
mortalidacle global, pelo menos
Renoir eram consideradas belas pelos seus contemporâneos, qne
rÌo que respeitáÌ àrs percentagens cle
achariam os supermodelos cle hoje excessivamente magros e pouco
excesso cÍe peso inÍbriores a 50%. at1?entes. Também uma mulher moderna qlle se aproximasse do icleal
(Segunclo Ancltes, 1980) cle Rubens seria simplesmente consideracla obesa.
123
1 I
C
A B
Bulimia Nervosa
;l I
. Cap.3
de tentativas cle purgar as calorias ingeridas, pela inclução clo vómito
ou pelo uso cle laxantes. Ao contrário clos anoréxicos, os btúímicos
têm um pe so aproximaclamente notmal, tnas softem física e emocio-
nalmente dos seus fepeti(los acessos e pllfgas. Os acessos repetidos
podem pfovocaf petur.bações do eqr,rilíbrio electrolítico qtle, em
írltima instância, poclerão originar doenças cardíacas e fenais, bem
como infecções urinárias. A auto-indução clo vómito causa, frequen-
temente, a erosão das unhas e do esmalte dos dentes. A maior parte
dos incliúdr,ros com brúimia sofrem também de depressão gfave, e as
medicações antidepfessivas, como o Ptozac, são normalmente bem
sucediclas, não apenas no alívio cla clepressão, mas também no trata-
mento clo comportamento cla btúimia-purga (Grupo de Estuclo cola-
borativo Fluoxetina Bulimia Nervosa, t992).
A btúimia é bastante frequente em estlrdantes Llniversitáfios; uma
revisão apurou-a em 19 por cento das mulheres e 5 por cento dos
homens. O ciclo cle acesso-purga é uma expressão perfeita das nossas
belião âtitucles contraditórias face à comida e ao comer' Por nm laclo, os
o. Nas anírncios comerciais estimulam-nos constantemente a consutnit
feliz e alimentoslripercalóricos'quesãofacilmenteacessíveisesão
'óprio formuladosqtrimicamentepaf?-apalatabiliclade;poroutrolado,
I seu lembram-nos constantelnente de q!le, para sermos sexualmente
>.6t). atraentes, clevemos ser mâgros (Logue, 1986)'
ico e Em conjunto, as perturbações da alirnentação mostram que'
Íe os apesar clo apertado ajllstamento homeostático, que regula a ingestão
rs de de alimentos, a nossa espécie é muito sllsceptível a factofes sociais
is de e psicológicos lllre, em alguns casos, levam a qlre estes mecattismos
não falhem, causanclo graves danos para o corpo e eventualmente a
a dos mofte.
)82).
:os é
tma
AAMEAÇA
úca,
Até agora, concentr'ámo-nos nos motivos baseaclos, em grancle
Jma
parte, em controlos homeostáticos internos' Uma alteração do meio
dos
internoimpeleaacçáoclootganismo,colnoobjectivoderestabelecer
tma
o seu equilíbrio interno. Mas, como vimos, mesmo os chamaclos
de
motivos internamente regtúados não têm uma regulação apenas
:de que uão
interna. Uma comida saborosa pocle levar-nos a come! mesmo
rde
tenhamosfome;aantecipaçãoclofrioclesencacleiaaconstr.uçãodo
ninlro, mesmo qlre o organismo ainda nío tenha frio'
Outros motivos clão ainda mais um passo, pois os seus
desencadeaclores são principalmente externos (embora' como
veremos, os factores internos sejam também importantes)' Um
motivo
deste tipo é a reacçâo a uma ameaç a gr^ve' Neste caso, a instigação
é
SE
em grancle pafte externa, como quando o corpo se prepara para ftigir'
)s
retaliar ou negociar'.
r26
A REACÇÃO DE EMERGÊNCIÀ
. Cap.3
r2a
clljo restútado final podeú ser lLrta olr ftiga' firas lnmbé\
cle negociação,
MoTrvAÇÃo . cap.3 poderá ser jogo olr acasalamento (Smith, 1977;Hinde, 1985). Mas, eh lloTlvAÇ
toclos estes casos o paclrão cle reacções clo sistema nervoso é o mesrnq.
o reslútaclo pocle ser diferente,mas em toclos os casos a plontidão paq
a resposta imediata é activada.
Que se passa com o homem? Quando somos alneaçados, tamb6q
temos uma resposta alÌtonómica: temos uma respiração ofegante, os
corações batem com força, as palmas das mãos transpiram e algÌlÍnas
Fig.3.l5 A detecção de trcrrtiríts
vezes trememos - tudo actividacles simpáticas' Não surpreende que
atfe.wés rJo ttso de meclidcts
tais fespostas alrtonómicas possalÌì sef utilizadas como indicaclores dg
autonónticas. (A) Alguns lparelhos
medem a activação auton<imica - um
tubo em volta clo tórax tnecle o ritmo
estados emocionais. A respostt galuâ'nica' da pele (GSR) é urxa
meclicla especiâlfiìente utilizada. Uma descida breve cla resistência
ffi
respiratório, eléctrodos ligaclos à mão eléctrica da pele, em especial na palma da mão, calrsada em grande
meclem. a GSR, e ttma pttlseira mecle a parte pela activiclacle das glânclulas sucloríparas, é um indicadot
pressào satrguinca e I pttlsaçào.
sensível cle activação geral. Tronc(
(Fotografia por MarY Shufot'cl)
A GSR e outros indicadores cle activiclade alrtonómica fa7'em
(B) Um registo cla fespimção, cla GSR,
parte de Lrm conjllnto cle mecliclas do polígrafo' tlma máquina por Fig.3.
e Ììma medicla cla pressão sanguínea
e cla púsação. C) registo fefere-se a vezes chamada "detector cle mentiras". Este nome é enganaclor porqÌle, do cét
uma empregacla de um na verdade, nenhuma máqtlina pode detectar mentiras. Em vez disso, esque
estâbelecimento comercial que havia o que o polígrafo faz é detect^t a activaçío aÌrtonómica, qtlanclo o (t tzr
roubaclo mertadorias. A qucstão examinanclo é colocaclo perante certas questões ott frases-chave. 1c1t6.
consistia em deterlnilìar o montante As respostas a tais pergltntas críticas (pof exemplo,"Você ferir'r alguém
cloroubo. As diferelìtes Partes
com uma faca no ...?") são comparadas com as respostas a itens de
concolclatatn em orientar-se pelos
fesultaclos de unl teste de cletecçã<r
controlo - qllestões capãzes cle procluzir tlma reacção emocional, mâs
de mentiras. Interr()gou-se o sujeito qlìe são irrelevantes para o problema presente (por exernplo,"Alguma
acerca clo tnontante clo t'<lubo, tais vez mentiu a alguém antes dos clezanove anos?").
como "Você roubou mais de 1000?" A hipótese ftindamental em que se baseia a técnica cla cletecção
e "Você ronbott mais cle 2OOO?". de mentims é a cle que as pessoas inocentes sefão mais afectadas pelas
O rcgisto mostt? ttm 1li<'o mais questões de controlo clo que pelas questões críticas e, por isso,
elevacto iustamente clepois cle 3000
fevelafão maiof activiclacle alltonómica face às primeiras do que às
e antes de 4000. Mais târcle o sujeito
segundas qllestões (Fig. 3.15). Mas este princípio é, presentemente,
confessou qÌìe o molìtâlìte feal era
4000. (Segundo Inbau e Reicl, 1953) alvo de importante controvérsia (Lykken, 1979' l98l). Resumicla-
A
F
[l Respimção
e
(
GSR
Pressão
sanguírea/prúso
-
t29
béfn
mente, embora os operaclores poligráficos possam identificar
MoTIVAÇÃO
' caP' 3
indivícluos com culpa' alglrmas pessoas - principalmente as
, ern patecem tet
iÍno: chamadas personalid'ít'des anti-sociais oLr psicoplitcts -
(Waicl e Orne
uma queda especial para iludir os testes poligráficos '
Parq poLrco contriblli para
Cérebro 1982; uer Cap' 18). Além disso, o polígrafo
ficar
)érrr
livrar indivíduos inocentes. Se, por exemplo, a pessoa inocente
ou se ficar parti-
particlllarmente ansiosa com as qtlestões-chave'
,OS
c.rlarmente pertllfbada com os acontecimentos em prova'
isso
nas
surgirá, no teste poligráfico, como Llma activação' e este
padrão é
lue da ofensa
cle
inclistinguível da reacção de um indivícluo que é culpado
em questão (Saxe, Dougherty e Cross, 1985)' Este tipo de demons-
rna
carácter ético levaram o Con-
cia ,r"çõ., e também considerações de
gresso americano, em 1988' a aptova;r legislação que restringill
Lde
consideravelmente o uso dos testes de detector de mentiras
nos
lor Cerebelo
Tronco cercbml
tribunais, no governo e na indústria'
)m
of
Fig.3.16 O siste,,zít límbico Controlos Centrais
le,
rlo cérebro burnlno. Cofte
o, esqucmático do sistema línbico
o (l azul). (Segunclo Keeton e Goulcl, Ãté agota,temo-nos centraclo no sistema nefvoso autónomo'
Mas cliversas
e. 19u6) em ambos os sells ramos simpático e parassimpático'
do organismo
m áreas do cérebro são também cfuciais paf?- a feacção
ameaça. Estas áreas estão concentradas no chamado córtex antigo
le à
do cérebro, as porções sob o neocórtex, por vezes chamadas
em
ts
Córtex límbico
Fig. 3.17 O sístena' líttzbico
e es t|' uturas relacio tt adas
O cérebro está aqui rePresentaclo Iobo frontal Tíúamo
como se os hemisférios cerebrais
HipocâlìÌpo
fossem transparentes. Uma das
estrutLì1iìs Partictllarmente Formaçã<r
inÌpoftante para as rcacções Lobo olfactivo reticular
emocionais ê a amigdala,tma
estfutura clo tamanho de uma b. Medula espinâl
noz que tem sido ligada ao
Anígclala
conpoftâmento agressivo
e às reacções de medo. (Segundo Hipotálatno
Bloom, LazelsolÌ e Hofstadter, 1988)
130
lefs,1956;
A Dor e o Sistema das Endorfinas
. Cap.3
' tipos de
Até agora, aualisámos o moclo como o organismo te ge a diversas
ca produl
formas cle ameaça, mas o qLle se passa com os estímulos qLÌe, em
da de uq
ptimeiro btgar, fazem cessar esta resposta? Alguns destes estímulos
rma oÌìtra (que
aclquiriram segurâmente o ser'r significado pela apren<lizagem
Ìtaque de parecem produzir a
será tema do próximo capítdo). Mas alguns deles
lOS sefes que tenha
reacçáo cle emergência simpática que já clescrevemos' sem
activado,
haviclo qllalquef experiência prévia. um exemplo impoftante cle tais
: sobfe o
estímtúos desencadeadores inatos é a clor.
Jo (Egger
Iatório 5
ão estará
À DOR COMO CONTRIBUTO PARAA SOBREWYÊNCIÂ
:ivial 46
cto cle 6 a sensação de dor tem um valor
Parece paradoxal, mas
consiclerável para a sobrcvivência, representando mais um beneficio
biológico clo que um amafgo farclo. Este facto ê elucidado pelos raros
casos <le indivícluos com uma insensibilidade à dor congénita'
Frequentemente moffem iovens, tendo sofriclo nlrmefosas lesões e
apresentando mazelas (Manfredi et al., L98l)' Em criança, um destes
;ico clo pacientes morcleu a lingua enqtlanto mastigava, sofreu graves
queimacluras ao tocar num calorífero quente e sofreu diversos
:a pode
o. Este
cleslocamentos clo totnozelo e cla coluna porqlÌe não mudava
ros. No
adequadamente o peso quando se virava no sono' Estes traumas
rgência
provocaram grancles infecções que the callsaram a mofte aos vinte e
isso a
nove anos (Melzack, 197 3).
em, no
çaclos.
.e que OALÍUO DA DOR
AS ENDORFINAS E
ências
Ovaloradaptativodacloréocleserumsinalparareagir'levanclo-
ou no -nos a afastarmo-nos cle uma chama quente, a correfmos p ra a
,mum. no tornozelo
^grJa
fria se queimaclos ou a colocarmos menor peso
reixas
distendido(BolleseFanselow,lg82).Mas,seaclorcontinllaf,pode
;ede interf'erir no qlre quer que tenha de ser feito' Felizmente' a selecção
natural resolveu este problema pois parece que os organismos
mirar,
fÌossa
desenvolveram meios para a\iviat a sua própria dor'
:açã.o
Exístem numefosas histórias <le atletas que sofreram lesões, mas
pelo
quenãosentiramclotatéqueojogotivesseterminaclo;lristórias
LìtnA
semelhantes são contaclas por soldados em batalha olr
por pais que
rcaça
salvam os filhos de aciclentes. Estes relatos slrgefem que existem
mecanismos internos que poclem produzir analgesia ou alívio
:s de da
-'itos dor. Diversas experiências laboratoriais apoiam esta conclusão' Ratos
ena submetidos a cliversas formas cle strcsse, como o sefem forçados
anadat
áoe em água fria, tornam-se menos sensíveis à dor (Bodnar et al'' L98O)'
A
MoTrvAÇÃo . cap.3
rHfi.
C,entms superioÍes
t
Tálmo
Medula esplnal
Kastin, 1995).
O SONO EAVIGÍLIA
AYilgílla
a cnncta
l"ï-Vì
I
Ìção Voltâgem
O Sono e a Actividade Fisiológica
-olvet-ga
:f a sua
do
llll^ I
flg.3.20 Diagrrtma esquentlitico num estado que é oposto ao de activação elevada - o sono' Que
EEG. Um certo poclemos nós clizer acefca cle um estado qlre ocupa cerca de Llm tefço
do registo de
cle elécttoclos é colocado
núrncrc da nossa vida?
do sujeito
A observação clo cérebro de participantes acorclados ou a clormir
no cotlro cabeluclo
)fentei pequenas cliferenças no potencial
Âs
é possível devido, como vimos no Cap. 2, à linguagem do cérebro ser
eléctrico (isto é, a voltagem) entre
lrÌe os em pafte eléctfica. Quanclo se colocam eléctroclos em cliversos pontos
qualqner par clestes eléctrodos, em
o que
por um do couro cabeludo, eles registam flutuações eléctricas que resrútam da
cacla instante , são ampliaclas
: varia actMdacle de milhões cle neurónios clo cóttex. Em termos absolutos,
amplificaclor e usaclas para activar
) sollo
uÍlìiÌ caneta qlre executa o registo estas modificações são extremamente fracas, de forma que têm de ser
Quanto maior for a diferença
de
aumentadas por amplificadores muito sensíveis antes de serem
voltagetl, maior será o desvio da representadas em gráfico num papel em movimento olr de serem
calìctíì. Como a v()ltagem vlria. (Fig 3'20)'
apresentadas clirectamente no monitor de um complrtador
o nì{)vimetltu cla calìetiì. Pâra cimíÌ oLr EEG, vma
e para baixo, traça assim as ondas
O registo resultante é o electroencefctlograma
cerebrais no PaPcl em movimento. imagem clas modificações de voltagem ao longo do tempo em qlre
)omo ocorrem na suPerfície do cérebro'
O núrmero cle onclas Por segundo
)utro é a frecluência do EEG. A Rig. 3.21 apresenta Llm registo de EEG qlre começa com o
'at o participante num estado relaxaclo, com os olhos fechaclos e "não
que pensandoemnadacleespecial,,.ofegistoapfesentaasondasalfa,um
açã,o aumento e uma diminuição bastante fegulares clo potencial eléctrico,
vias com cerca de 8 a 12 ciclos por segundo ' Este ritmo alfa é múto
característico cleste estado (acordaclo mas em repouso) e encontfa-se
Lção Ín Írràior parte dos mamíferos. Quando o suieito presta atenção a
d<.r alguns estímulos, com os olhos abertos, ou está ocupado num
que pensamento activo (por exemplo, cálcrúo mental) com os olhos
nto fechaclos, o registo moclifica-se. Agora o ritmo alfa é bloqueado
eo
sso
lue olhos abertos OllÌos fcchados
,so,
;ì-la
+ {
ìas
rel
or
Fig.3.21 Ondes alfa e blotPteio do Relaxado,
os olhos fechatkls 1 segunclo
ritmo alfer. (Segundo Guyton, 1!81)
136
As Funções do Sono
$zoo
\9 PRIVAÇÃO DE SONO
€tso
.YX E
um modo cle avaliar os beneficios do so.o consiste em observar
H! H100 as perturbações qne sobrevêm da sua privação. Esta é a lógica clas
experiências cle privação cle sono, nas quais homens e animais são
Sso
manticlos acord:rclos durante dias segr.riclos. os r-esr.rltaclos conÍìrmam
9
!o qÌÌe a necessiclade de clormir é extremamente poclerosa.
10 20 30 40 50 60 70 Qnanclo
privados cle sono, procuramos dormir tal como procuramos alimentos
Dias de priyação de R-EM
quando temos fome. Quando o sono é finalmente permiticlo, caímos
na cama mais próxima e tentamos compensar o sono percliclo.
F1g.3.24 O eÍeito rÌ.et prhtaçí.ut tlo O indiúdr.ro privado de sono não precisa apenas de dormir;
sono REX4. A fignra aprescnta um
precisa tambérn de quantidades aclequaclas, quer cle sono cle onclas
aumento do tempo clespencliclo em
lentas, quer de sono REM. Isto é clemonstrado ern est'clos em que o
sono REM, após vár.ios pedodos cle
privação cle sono IìEM, em gatos. experimentador impede Ìlm tipo cle sono (por exemplo, o REM) mas
Os animais folam privaclos cle sono não o outro. Para se privar os sujeitos apenas clo sono REM, o
REM (mas não cle sono nz-roIìEM), experimentador acorda-os quando o EEG e os movimentos dos olhos
clurante 5 a 72 clias, sendo acordaclos assinalam o início de nm período REM. Depois cle acordados, os
logo qne o seu EEG incÍicava o início sujeitos voltam a dormir, sendo cle novo acordaclos logo que se inicie
cle um per'íockr REM. No primeiro clia
um novo estádio REM, e assim por cliante clnrante a noite. Após
em qÌtc cra permiti(k) aos aninais
algumas noites em que este procedimento é repetido, permite-se qr.re
clormir, sem serem incomoclaclos,
vetificava-se um allÍÌento na
os suieitos durmam livremente. Eles passarão mais tempo clo que o
proporção do teinpo despencliclo normal em REM, como se estivessem apafentemente a recuperar cla
enr sono REM em lelação ao sono privação (Fig.3.24).nste efeito cle ressalto do REM éfrequentemenre
não-REM. (Daclos cle Cohen, 1972) observaclo após a aclministração e a retiracla cle meclicamentos q'e
139
ri<a5 SupfimemselectivamenteosonoREM-umgfllpoqtleincluialgtlns
. Cap.3
)ngo clos meclicamentos inclÌltofes clo sono VtÌlgafmente pfescfitos.
da
Devido ArnesmacompensaçãoacontececomapfivaçãoselectivaClos
útltirì1q, Estáclios 3 e 4 d<-t sol1o cle ondas lentas. Se for perdiclo nLlma noite' será
sono enì períoclos REM (em média <lormem clezasseis horas por dia'
meses
oito das quais em períoclos REM). Apenas entre os qlratro e os seis
deiclacleosbebéscomeçamacorrsoli<laroSonontlmper.íoclonocttrrno.
À meclicta qlle crescem, precisam cle clolmir menos tenìpo e dormem
3fvaf menosemREM(Rosenzweigetctt.,1996)'Osaclolescentesdormem
L das em média oito horas por noite, cluas das quais são sono REM; os
horas por
; SãO adtútos mais velhos, por sua vez, clormem em média seis
11am noite clas quais apenas uma hora é gasta em REM (Rosetzweig et al''
lndo 1996).Estesnítmerossãoapenasméclias;algtrnsindivídtrosprecisam
ntos de clormir mais, olrtros lnenos. Um investigador encontrou Llma
que dormia
mos enfermeira de setenta anos qLre Íelettava ficledignamente
apenas uma hola por noite; apesar clisso, era atenta e afâvel e
aparentemente não sofria qualquer efeito perturbaclor de algo que'
mir;
Ìdas pwa a maioria cle nós, constitlliria uma privação cle sono agucla
teo (Mecldis,1977).
nas
t,o
hos O SONO COMO UM PROCESSO RECONSTITT]INTE
os
As experiências de privação cle sono sLrgerem qlre existe
de facto
cie
necessiclade de clormir, mas não nos dizem porqtté Uma
possibilidade
)ós
qual alguma
.ue
é que o sono seja reconstitlrinte, um período durante o
substância vital seja reabastecicla no sistema nervoso' De alguma
Ìo
forma, esta posição foi clefenclida pekl mell()s no Renascimento'
cla
rte Shakespeareviaosonocomo..<lbálsamoclasalmascloridas,,que
!le "entretece o fio solto da inquietação"'
r40
nstitrrir? 1997). Assim, uma ftinção do sonho talvez seia simplesmente mover
úoÍIvAçÃo ' os olhos o que, nos animais terrestres, exige um constante suprimerÌto
caP 3
sono de
de lágrimas circulantes para lubrificar e oxigenar as córneas
hílmidas'
ugefeÍÌt
a fisica, cristalinas_ptincipalmentequandoaspálpebrasestãofeclÌadas
nplo, os durante o sono (Maurice, 1998).
rintes i
;ooo de O SONO COMO UM PROCESSO DIRIGIDO POR RELOGIO
rvação?
lna (ç Mesmo que o sono seia restaurador, esta não pode ser a ílnica
Li assiq explicação por que dormimos, pois, mesmo quando estalros
da hora
.lmente fisicamente exaustos, a nossa necessidade de dormir depencle
clo sono continlram a sentir-se
te esta do clia. Quando as pessoas são privadas
facto
L chave mais cansadas ao anoitecer e mais clespertas pela manhã' Este
efcício mostra que o sono é ttm processo nxouid'o por relógio (uer Fig'3'25)'
que
:bral e, Neste aspecto, assemelha-se a cliversos outros ritmos biológicos
cessita parecem depencler cle relógios intefnos inatos'Âlguns clestes ritmos
estenclem-se durante o ano inteifo, como os padfões sazonais que
ca das determinam a migração, o acasalamento e a hibernação em mllitos
animais. OLrtfoS São bastante mais cuftos, como oS fitmos
de respi-
le que
raçáo e do batimento carclíaco. O ciclo vigília-sono
tem Llma dimen-
o, pois
ãç vinte e qlratro horas do clia e' por isso' é
pode são intermédia, cluranclo as
I, circa'üdrio (do latim volta de,, e die s,., dia,').
3rebro q 20,000 chamaclo ritmo cir ca,,, à
MOTIVAÇÃO . C:tp.3
continnamos sem saber p(\ra que selve o sono (para um debate oel o
rVebb, 1979; Horne, 1988). O mesmo se pocle clizer em relação a Llma
das características mais salientes do sono, nomeadamente, o sonho'
143
M()TIVA(ìÃ()' (.-âp. .f
:a#g'*
Sonltos. Salvackrr Dali criou
urn rnuncl<t itrcal, r>nír.ico, oncle
as imagens bizarras e fragmcntaclâs
sãro intclpfetadas co1Ìto tcn(k) um
significackr simb<jlico. (The Grcat
Plu:utoic, clc Salvaclor. Dali, I 93(r,
gentilezâ cÍo Museum Boymans-va1.ì
Beuninger.r, Rotcr.clão)
ìefo
dos A Psicologia da RecompeÍÌsa e o Nível de Activação
itos
Vários teóricos sugeriram que todos os motivos - otl pelo menos
rem
a maioria - podem ser descritos como Lrma proctlra de um nível
da primeiras
do óptimo de activação olr de estimdação geral' Uma das
cãntrovérsias Íesta- surgiu acerca cla questão de determinar em
ste
que consiste o nível ^tea
óPtimo.
da
746
,,
,À\.
\
%
F|g. 3.26 A atrk.ts itlctde
e d. manipu.ldçã.r). Jovcns nluìciìcos
rhesus tentalrr abrir um cacleaclo sem
receberem qnalclucl recompcns?ì
r {
espccial. Aprcnclem a fazêJo apenas
"pelo plazcr cle o fazer". (Segunckr
ìNlffir.
Harlow, 1950; Fotografiâ Gcntileza
da U n iue rs ity Wis cortsitt. Pr i nut te
ktbtna.tu'1t) ó
147
;ão.
sef Geralmente as pessoas procllram optimizar os níveis de activação
que atrâvés das vias esperadas - comem se tiverem fome, dormem quando
não cansadas, pfocufam pessoas intefessantes ou situações estimulantes se
rlge estiverem entediadas. Em alguus casos, porém, o desejo de estimtúação
lam pode levar à procura de alterações drásticas da activação pelo uso e
COS abuso de clrogas.
Jos
Drogas que alteram o níuel cle actiuação. Usam-se duas classes
principais de drogas p ra os níveis de activação: as drogas
^lÍerar
depressora.s, que reduzem a activação, e as estimukt'ntes, qLre a
allmentam.
As drogas depressoras incluem diversos sedativos (por exemplo,
os barbitúricos), o álcool e os opiáceos (ópio, heroína e morfina)6'
os seus efeitos gerais consistem em reduzir a actividade de todos os
neurónios do sistema nelvoso centml. Este efeito pode parecer
6
Em sentido estfito, os opiáceos peftencem a utna classe distinta.Ao contúrio
do álcool e cle outros se<lativos, ftlncionam como Íìafcóticos (quer dizef, pfomovem o
aúvio <la dor) e agem sobre receptores opiáceos distintos.Além disso,um deles - a
lreroíra - em aclministração intfavenosa, pafece sef capaz de incluzir um "alto"
eufórico extfaor.dinafiament€ intenso, pof vezes semelhante â uma excitiÌção
sexual intensiÌ.
748
t{À *'.ii*
A C
t49
aqressivo
qo
das suposições iniciais, as anfetaminas e a cocaína procluzem em
. Cap.3
etaryicos qt)
geral dependência que poderá, eventlÌalmente' tornar-se no pti-
mos qtre . meifo obiectivo de vicla do sujeito. Além diss<1, o Llso fepetido cle
clesinibiçino cocaina (e cle anfetaminas) pode concluzif a estados disfóricos
; 4e cér.ehq extfemos semelhantes a alguns tipos de esquizofrenia, com delírios
te) barxas
as
de perseguição, medos irracionais e alLlcinações (Siegel, 1984)'
squência, Algumas substâncias químicas felacionadas com estas drogas têm
oLrtros efeitos tóxicos; a metanfetamina, pol' exemplo, é uma
ng
e indivídÌlq
eufórico
s
neurototcina poclefosa que pode destrtlir nellrónios'
.tar a be[ç1
ris. Entào, Tolerâ.ncia e priuação. Muitas drogas, e não apenas as
a
Jução gernl anfetaminas e L cocaífia,podem produzir adição' Em geral, o padrão de
to corpofal adição c facteriza-se por cluas cafactefísticas pfincipais: primeira, o
té que, po1 clependente adquife Lrm aLlmento da tolerâ.ncia face à droga, tal que
necessita de doses cada vez maiofes para obtef o mesmo efeito;
Lis, corno n
segunda, qlrando se sLrspende a droga, aparecem sintomas de
bitos cono prinação. Em geral, estes sintomas são precisamente opostos aos
edução clo sintomas pfoduzidos pela própria droga. Assim, a heroína produz
, quietrÌde alívio da dor' os clependentes de heroína pfivados cla droga, ao
lifrtsão do contfáfio, tofnam-se extfemamente irritáveis, inquietos, ansiosos e
Dexedrin, sofrem de insónia. Os estimulantes são idênticos: a cocaína e as
rctividacle anfetaminas produzem elação e energia; a privação destas subs-
:k,1996). tâncias clá lugar a Llma depressão catastrófica acompanhacla de
lar com a fadiga'omesmoSeaplicaamuitossintomasfisicosproduzidos
eufórico por estas drogas: uma carâcterística dos opiáceos é originarem
nento da acentttadaobstipação.(Duranteséctúosforamtrsadaspafamitiga;Ía'
o século diarreia e a clisenteria.) Mas, quando a clroga é retirada, o aclito sofre de
mo tÌma diarreia aguda e clos sintomas gastfointestinais associados
(túien,1985;
irria sem Volpicelli,1989).
rnge cla
ontrário
ATEOIUA DA MOTIVAÇÃO DO PROCESSO OPONENTE
,()tefmoprocessooponentefoitrsacloot.iginirlmentenoclomínioclavisãtl
para direcções opostas
cromática, oncle designa processos neuronais que se <lirigem
(uer Cap.5).
150
A Biologia da Recompensa
': tìq Esta área geral cle investigação iniciou-se em l954,quando James
. Cap.3
âta Olcls e Peter Milner descobrilam que os ratos aprendem a premir uma
| Íì0 alavanca se forem reforçaclos apenas com uma breve clescarga
,na eléctrica em certas regiões do hipotálamo e do sistema límbico (Olds
:ado e Milneq L954;uer Fig.3.27). Efeitos reforçadores similares têm sido
clemonstraclos ntlma grande variedade de animais, designadamente
stes gatos, cães, golfinhos, macacos e seres humanos' Para conseguir essa
lim, estimtrlação, os l?tos carregam na alavanca conì uma frequêucia
aré superior a 7OO0 vezes por hora, durante horas e horas seguidas'
os
suE- Quando forçados a escolher entre a comida e a allto-estimulação,
ada ratos esfomeados optam geralmente pela auto-estimulação, mesmo
que isso os leve literalmente a morrer cle fome (Spies, 1965).
da
rte.
eia CENTROS DE PRÂZEIì ESPECÍFICOS E GERAÌS
nos
.do Fig.3.27 A auto-estit'lulação
t(ttos. O l?to sentc a cstimrllação
de
que clura menos Como explicar o efeito recompensadot da auto-estimulação?
de uma descarga
cia
de unr scgundo.
(Gentileza clo Dr M' uma possibilidade é que a allto-estimlúação mitnetiza ceftas gfati-
ìte
E. Okls) ficações naturais específicas. Assim, a estimulação de uma região
1a, poderia "enganar" o cérebro, levando-o a sllpor ter estado a comer, a
ias
estimtúação de uma outfa fegião poderia levá-lo a sLrpof ter estado a
:o-
coptúar, etc.. Uma explicação diferente é a de que a auto-estimtúação
proporciona uma espécie de ptazer mais geral, não específico, algo
ia-
que toclas as recompensas partilham. Bebeg comer e copular são
e,
obviamente cliferentes, mas talvez as difefentes mensagens que enviam
o
p ra o cérebro ("acabo de beber, de comer, de copular") alimentem
m
finalmente um sistema neurológico comum que feage a toclas elas de
um modo muito parecido ("certamente isso foi bom")'
t.
Em geral, as provas parecem favorecer a primeira destas
possibiliclades - nomeaclamente a de que a estimulação de certas áreas
procluz recompensas bastante específicas. Por exemplo, os animais
esforçam-se no senticlo de obter estimtúação eléctfica na zona latetal
do hipotálamo (que, por vezes, estimula a fome), mas o quanto se
) esforçarão por obter essa gfatificação <lepende do seu nível de fome.
s
Se não tiverem comido durante algum tempo, esforçar-se-ão muito
mais clo que o fariam em caso contrario. Isto slrgefe que o cérebro
interpreta a estimulação desta região como Llm equivalente da comida.
obtêm-se efeitos análogos nas regiões que se relacionam com o acto
de beber oll com o comportamento sexual (olds e Fobes, 1981)'
tediql fisiológicos dos motivos biológicos. Estes motivos são muito hete-
do . Cap.3
l'bras vio rogéneos. Alguns, concretamente, a regtúação da temperatnra, a sede
teóricos, e a fome implicam mecanismos de realimentação;olÌtros, como o sono
rm drÌrna e o sexo, não o implicam.Pata alguns motivos, como as ameaças, o
pafa luna nível cle activação óptimo é elevado; para olltros, como o sono, é
,nte (usy baixo. Identificámos algumas características - quer psicológicas, qner
tsmisso( fisiológicas - que podem juntar os motivos, mas' no fim, a diversidacle
ristas qn cle motivos persiste.Talvez a nossa procLrra da simplicidade e clo que é
nulaçãq comlrm íráo seia, correcta. Como todos os cientistas, os psicólogos
na áre4, sentem-se mais felizes com as explicações claras. Mas a Mãe Natureza
r efeito não planeou os organismos para fazer felizes os psicólogos; ela
iallistel, planeou os organismos para fazerem o qLIe necessiÍam f^zer para
1989). sobreviver e propagar os seus genes'
que a Um íútimo aspecto: este capíttúo oclÌpou-se com os motivos
3nte é que resultam de mecanismos em grande medida inatos. Estes são,
ico de afinal, os motivos respeitantes aos objectivos biológicos que
ns clos devemos atingir para sobreviver. Mas, sempre qlre se analisa um
umen_ motivo em pormenor (como no caso cla selecção de alimentos pelo
Lndo a homem), verificamos que o nosso comportamento motivado
ta uÍn clepende não apenas da nossa biologia, mas também daquilo que
:nta a aprendemos acerc do ambiente em que actllamos. Àssim, o que
'rente bebemos nã;o é apenas uma questão do nosso equilíbrio de
Í' llo líquidos, mas também de preferência adquirida e, em algttns casos,
de aversões cultttralmente encorajadas. Por exemplo, grande
claro nírmero de membros da cultura ocidental sentiriam repulsa em
a cla beber uma chávena da sua saliva, mesmo sabendo qLle teve origem
ciais nas sllas próprias bocas. Do mesmo modo, embora tenhamos que
irios manter determinados níveis de nutrientes, poucos de nós se
ldro sentiriam satisfeitos com Lrma dieta de gafanhotos. O mesmo se
lbi- aplica a oLltros motivos, como o qlle capta a nossa curiosidade, nos
nos ameaç ou nos desperta sexLralmente' Em todos estes casos' a nossa
rse experiência constrói-se sobre a nossa biologia, como um tecelão
léc- que pegasse nos nossos fios genéticos e tecesse o tecido que
)ta somos zós.
no No próximo capítulo, iniciaremos a anâlise de como ê fotmada a
los urdidura e a textufa deste tecido.Trata-se do processo intricado pelo
lef qual adquirimos informação sobre o ambiente e sobre como o per-
of corremos, processo chamado aprendizagem.
SC
SUMÀRIO
l.Amaiorpaftedasacçõeshumanaseanimaissãomotiva<las.oSlnotilÌos
têm uma ftrnção clupla: Primeiro, dirigem o organismo para realizlv um compora
tamento cleterminaclo. Segwdo,potenciarn m is cetta:s percepções, comportamen-
tos e sentimentos do que outros, impelindo o organismo a aproximar-se ott a afas-
tar-se de determinaclos objectivos.
154
rrttros rnotivtu g. Ao contrário cla secle e cla fome,que são largamente baseadas em factores
.líbrio de homeostáticos clo meio intefno, váfios motivos são instigados a paftif do exterior
4g,o
s do cofpo,e um exemplo é a reacção pfeparàtófia à ameaça. os mecanismos biológicos
r das célu1a,- abrangem as operações do sisterna neruoso autó,?omo (SNA) ' O SNA é constituído
1os refle;rqg, por clois mmos antagonistas. um é o sistemí4. nefuoso pa.ta.ssimpãtico,q\e sefve as
1ue instr.ul 6, ftinções vegetativas cla vicla quotidiana, como a digestão e a repfodução Baixa o
deÌes.415,n ritmo cardíaco e recluz a pressão sanguínea. O outro é o sistema net'r)oso shn-
uma acçâo
pá.tico,qte activa o corpo e mobiliza os seus recursos em resposta à ameaça Este
sistema aumenta os combttstíveis metabólicos disponíveis e acelera a sua utilização
aumentando o fitmo cardíaco e a respiração. uma actividade simpática intensa é
ado. Muitos umareacçãocleemergência'qtrenostofnavigilantesecapazesdelidarcom
inientes do contingências momentâneâs impostas por sitìJações ameaçacloras'
:rientes 12
glicose nq 10.4 reacção cle emergência simpática nem sempre é adaptativa Pode
la, se movimentosúpi<losdosolhos(ouREMS),ecluasecompletaflacidezclosmírsculos
lentas'
r sel do tronco e dos membros. O sonho ocorre quer clurante o sono de ondas
quer clurante o sono REM. os sonhos altamente visuais associam-se mais ao sono
mais
REM, mas isto pode clever-se ao facto de que os participantes despertados
uns mpiclamente clo sono REM conseguem relatar sonhos com mais poÍmenor'
ica.
nes 13.Os estuclos sobre privação clo sono mostram que,quando um oì'l outro
las tipodesonoéimpeclido,tendeaserrecuperadonasnoitesseguintes.Istosugefe
que existe necessidacle de cada um dos dois tipos de sono, embom as suas ftinções
:es
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