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Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Custeio Baseado em Atividades (ABC)
• Arte e Tecnologia
O Custeio Baseado em Atividades é uma abordagem que ao mesmo tempo em que é considerada
avançada, é avaliada como de difícil prática, dado que exige muito detalhamento. Portanto,
divide opiniões! Alguns contadores consideram-na como imprescindível e outros não gostam
desse enfoque.
A sua filosofia é útil para inúmeras aplicações nas empresas. Assim, para estudar o custeio ABC
é importante que você, acima de qualquer experiência ou dificuldade, entenda a sua filosofia.
Nesse sentido, a orientação para estudar o custeio ABC é a de não encara-lo como uma dificuldade
ou um ensaio contábil que jamais utilizará. Ainda que não venha a ter a oportunidade de aplicá-
lo na prática, é interessante conhecer seus princípios teóricos!
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Contextualização
Atenciosamente,
Solange
Compradora
Linhas Aéreas América do Sul
Georgina,
Comece a pensar no que é possível ser feito para oferecermos um preço mais baixo para esse cliente.
Não podemos perdê-lo!
Donna Isis
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Arte e Tecnologia
Tradução:
Reze para que a mente seja sã dentro de um corpo são.
Peça uma alma forte que não tema a morte,
que ponha o comprimento da vida entre as bênçãos
da natureza, que seja capaz de suportar toda espécie de sofrimento,
que não se irrite, nada cobice e acredite
que a dureza e selvageria dos trabalhos de Hercules são melhores
que as satisfações, festas e a cama de penas de Sardanapalo.
Aqui revelo o que cada um pode dar a si mesmo:
com certeza, o caminho único para uma vida tranquila está na virtude
(LANA, 2011)..
Poucos atualmente afirmariam que as roupas que utilizamos no cotidiano e que, por meio
da moda, tem uma função social de comunicar nossos sentimentos, também auxiliam a manter
uma boa saúde.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Nos últimos tempos as universidades e empresas veem desenvolvendo tecidos cada vez
mais avançados que oferecem tecnologia biológica e de computação vestível, que conferem
às roupas inteligência. Por exemplo, uma camisa inteligente para esportistas é capaz de medir
continuamente sinais fisiológicos como pulsação, batimento cardíaco, qualidade da respiração e
transmitir os dados para um computador por conexão sem fio ou telefonia celular.
Ou seja, um atleta pode ser monitorado como se fosse um carro de Fórmula 1 na pista!
Além disso, tecidos inteligentes podem detectar e injetar na pessoa a quantidade exata de
medicamentos que essa necessita ao longo do dia, entre várias aplicações interessantes!
Todas essas tecnologias já existem, são produtos “de prateleira”. Não é algo que está em
desenvolvimento ou no campo das intensões! Já são incorporadas aos poucos às roupas, de
acordo com os gostos e aceitação do mercado. Em pouco tempo a tecnologia dos tecidos
inteligentes vai se transformar em algo tão corriqueiro que prevê-se que roupas que não
tiverem componentes eletrônicos e/ou biológicos serão rejeitadas, tamanho o benefício que
trarão para as pessoas.
Glossário
Produtos “de prateleira” são tecnologias que estão disponíveis facilmente para venda no
mercado, sem necessidade de adaptações, estão prontas para uso imediato.
Imagine que você trabalha em uma indústria de confecções que, neste momento de mudanças,
decide lançar roupas com tecidos inteligentes e lhe pergunta coisas como: “Quanto vai custar
uma camisa com eletrônica vestível?” “É possível oferecer ao mercado camisas inteligentes com
o mesmo preço das camisas tradicionais?”
E uma pergunta básica: “É interessante para a empresa entrar nesse mercado de roupas com
tecidos inteligentes?”
O que você responderia?
Na década de 1980, nos Estados Unidos, o mercado estava inquieto com a concorrência cada
vez mais acirrada, provocada pela globalização e o aumento das exigências dos consumidores.
Nesse ambiente de ansiedade, dois conceituados professores da Universidade de Harvard,
H. Thomas Johnson e Robert S. Kaplan, baseados no fato de que desde 1925 as práticas de
contabilidade gerencial já eram desenvolvidas e depois desse período houve uma estagnação na
criação de novos artefatos de contabilidade gerencial, chegaram a uma conclusão impressionante.
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Houve de fato certa estagnação nos Estados Unidos, entre as décadas de 1920 e
1980, principalmente na produção de novos artefatos de contabilidade gerencial,
mas o mesmo não ocorreu em outros países, como Alemanha, França e Japão.
Em 1987 Johnson e Kaplan escreveram o livro Relevance lost: the rise and fall of
management accounting (Relevância perdida: apogeu e queda da contabilidade gerencial), onde
argumentavam que a contabilidade gerencial teria deixado de ser relevante para os negócios, o
que inflamou as discussões sobre a relevância da contabilidade gerencial na academia e entre
os profissionais em atividade.
Nesse cenário de discussões inflamadas, o fato é que os empresários necessitavam
urgentemente de instrumentos de contabilidade gerencial capazes de custear os produtos e
serviços de forma mais competitiva, dado que a automatização e os novos processos continham
uma grande quantidade de custos indiretos e, consequentemente, de alocações com base em
critérios subjetivos.
Nesse sentido, Johnson e Kaplan (1987) relataram que na década de 1960 a empresa
General-Electric havia desenvolvido um interessante método de custeio denominado Activity
Based Costing (Custeio por Atividades), que poderia ser usado com sucesso para as novas e
exigentes necessidades das empresas naquele momento.
Assim, como apontam Friedl, Kupper e Pedell (2005) e Wernke (2001, p. 22), o professor
Robin Cooper, também da Escola de Negócios da Universidade de Harvard, com base na
experiência da General Electric na década de 1980, ajudou a descrever academicamente o
método ABC, que posteriormente foi difundido para todo o Planeta por meio de consultorias de
negócios, que o adotaram como um moderno e poderoso artefato de contabilidade gerencial.
Friedl, Kupper e Pedell (2005) comentam que em meados da década de 1980 houve a
publicação de dois artigos na Harvard Business Review sobre o custeio ABC, de autoria de
Jeffrey G. Miller, Thomas E. Vollman, Robin Cooper e Robert S. Kaplan.
Há algumas fortes críticas ao custeio ABC, mas antes vamos estudar este método. Vem comigo!
Qual é a diferença entre o método ABC e por que se tornou atrativo? Friedl, Kupper e Pedell
(2005) nos ajudam a responder a estas perguntas quando explicam que o custeio ABC tem o
objetivo de alocar as atividades aos produtos. Os outros métodos de custeio partem do pressuposto
de que são os produtos que causam custos, portanto, os produtos devem ser custeados porque
absorvem os custos, no sentido de reconhecer os esforços necessários para a fabricação. A ideia
básica do ABC é que não são os produtos que causam os custos, mas as atividades.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Para entendermos essa diferença, peço a você para observar longamente a Figura a seguir:
Figura 1 – Confecção da Guararapes, maior grupo empresarial do ramo têxtil e de confecção
de roupas da América Latina.
Thinkstock/Getty Images
Ao observarmos esta imagem, vemos uma grande quantidade de trabalhadores atuando com
máquinas industriais, estão costurando roupas. Mas não basta que costurem roupas, para que
toda essa equipe consiga trabalhar de forma eficaz e eficiente, são necessários diversos (dezenas,
centenas ou até milhares!) de trabalhos de apoio executados com sincronismo. Por exemplo, se
alguém não levar tecido cortado para a costureira no momento em que seu estoque se finaliza, essa
não terá como costurar roupas, ficando ociosa por um período em que poderia estar produzindo.
Dentro do custeio por absorção, o trabalho dessa empresa de confecção é separado por
departamentos, como vemos em Sanzovo (2005), que listou o arranjo produtivo de uma típica
indústria de confecções brasileira. Esses departamentos seriam os seguintes:
- Modelagem;
- Encaixe;
- Corte;
- Costura;
- Estamparia; e
- Acabamento.
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Figura 2 – Ciclo de produção de uma típica indústria de confecção.
Segundo Martins (2003), Ching (1997), Leone (2008), Megliorini (2002), Souza e Diehl
(2009), entre outros autores que abordaram o Custo Baseado em Atividades, no método de
custeio por absorção é possível custear os produtos com base em departamentos. Pode-se,
porém, questionar que esse custo não seria preciso ou acurado o suficiente. Neste caso seria
necessário um maior detalhamento das operações do processo produtivo, especialmente se for
um processo mais complexo.
Amplia-se então a alocação dos custos indiretos fixos aos produtos, incorporando também as
despesas fixas. Se o gasto foi relacionado com o produto, sem uma preocupação de classifica-
lo entre fabril ou administrativo, deve ser incorporado ao produto, sendo que esse gasto é
denominado como atividades.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Mais do que ações ou trabalhos, Brimson (1996, p. 63) define atividade no seu sentido estratégico,
concorrencial ao comentar que “[...] uma atividade descreve o modo como uma empresa emprega
seu tempo e recursos para alcançar os objetivos empresariais”. Assim, muito mais do que apenas
um conceito que descreve uma fase do sistema de custeio, Brimson (1996, p. 63) sugere que a
atividade, por converter recursos em produção, expressa o desempenho da empresa.
Wagner (2006), ao estudar uma indústria de confecções, a Ravol Jeans, listou as seguintes
atividades relevantes:
Quadro 1 – Atividades relevantes da Ravol Jeans.
Departamentos Atividades
Administração de produção Programar a produção
Esticar o tecido
Corte Riscar o molde
Efetivar o corte
Costura Costurar
Lavação Lavar (terceirizado)
Cortar as sobras
Acabamento Colocar botão
Colocar etiquetas
Revisar
Revisão
Embalar/Separar
Observe que Wagner (2006) considerou como atividades relevantes trabalhos ou ações que
são realizados rotineiramente dentro de cada departamento. No acabamento, por exemplo, o
ato de colocar botões é um trabalho em específico, fundamental para que a roupa possa ser
disponibilizada ao mercado. Atualmente existem, inclusive, máquinas industriais exclusivas para
pregar botões. Mas há outras atividades, como a de costurar bolsos, por exemplo, que em uma
calça jeans confere parte importante do visual da roupa.
Note também que não foram adicionadas atividades de cunho administrativo, como
vender roupas ou pagar a matéria-prima. Normalmente devem-se definir também as
despesas fixas envolvendo o produto.
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Nesse sentido, são utilizados os seguintes conceitos dentro do custeio ABC:
Glossário
Ching (1997) conceituou recursos como: “Itens ou elementos econômicos utilizados para realização
das atividades. Recursos são material, mão de obra, tecnologia, equipamento, instalações”;
Ching (1997) conceituou objeto de custo como: “Coisa da qual se deseja medir o custo ou que
necessite de uma medida de custo separado”;
Martins (2003) conceituou direcionadores de custo como: “O direcionador de recurso identifica
a maneira como as atividades consomem recursos e serve para custear as atividades, ou seja,
demonstra a relação entre os recursos gastos e as atividades”.
Essa Figura do Crepaldi (2004) nos mostra que o custeio ABC, tal qual o custeio por absorção,
tem um processo básico de apuração bem definido. Segundo Friedl, Kupper e Pedell (2005),
esse método passa pelas seguintes fases:
a) Descobrir e desenvolver uma hierarquia de atividades;
De forma semelhante, autores que abordaram o custeio ABC, como Boisvert (1999), listam
um processo básico equivalente. Martins (2003, p. 93-99) lista as seguintes fases do processo
básico do ABC:
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
1. Alocação direta: é realizada quando existe uma identificação clara, direta e objetiva de certos
itens de custos em certas atividades. Pode ocorrer com salários, depreciação, viagens, material de
consumo etc.;
2. Rastreamento: é uma alocação com base na identificação da relação de causa e efeito entre a
ocorrência da atividade e a geração dos custos. Essa relação é expressa por meio dos direcionadores,
cujos exemplos mais comuns são:
• Número de empregados;
• Área ocupada;
• Tempo de mão de obra;
• Tempo de máquina (horas/máquina);
• Quantidade de Kwh;
• Estimativa do responsável pela área etc.
3. Rateio: é realizado apenas quando não há a possibilidade de utilizar nem a alocação direta, nem
o rastreamento.
Segundo Martins (2003, p. 96) os direcionadores de custos de recursos identificam a maneira como
as atividades consomem recursos e servem para custear as atividades, ou seja, demonstra a relação
entre os recursos gastos e as atividades.
Já os direcionadores de custos de atividades identificam a maneira como os produtos “consomem”
atividades e servem para custear produtos (ou outros custeamentos), ou seja, indicam a relação
entre as atividades e os produtos.
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Em seu estudo na Ravol Jeans, Wagner (2006) identificou direcionadores de atividades,
conforme Quadro a seguir:
Quadro 2 – Levantamento dos direcionadores de atividades da Ravol Jeans.
Observe que esses direcionadores são de custos de recursos. Por exemplo, no departamento
de costura o direcionador é o tempo de costura. Ou seja, os custos serão direcionados de acordo
com a quantidade de horas que se dedicou ao trabalho, tanto da costureira como das máquinas
que foram utilizadas.
Trocando Ideias
Esta é a fase onde, segundo Martins (2003, p. 96), está a verdadeira “arte” do custeio ABC, que
o distingue dos demais métodos de custeio, ou como disse, um “grande desafio, a espinha dorsal,
a verdadeira ‘arte do ABC’”. A habilidade do profissional responsável por custos em entender o
processo de trabalho e atribuir um direcionador adequado é que trará qualidade a todo o custeio.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Perez Júnior, Oliveira e Costa (2000) prepararam um interessante esquema, listando todas
essas fases de apuração básica do custeio ABC, conforme Figura abaixo:
Figura 4 – Apropriação dos custos aos produtos pelo método ABC.
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Berbel (2003, p. 139) argumenta que, como são as atividades que consomem os recursos,
faz-se necessário “[...] descobrir medidas para atribuir o custo desses recursos às atividades”.
Para tal, emprega-se então os direcionadores de recursos para as atividades. No nosso exemplo
foram definidos os seguintes direcionadores de custos, conforme vemos a seguir:
Quadro 3 – Direcionadores de custos.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Após esses cálculos, obtivemos a seguinte planilha de custeio das atividades, finalizando a
segunda fase:
Quadro 4 – Planilha de custeio.
Atenção
Neste exemplo optou-se por um direcionador “nº de fornecedores”, mas também poderia
haver outro direcionador como, por exemplo, “dificuldade de compra”, onde fornecedores com
processos mais burocráticos receberiam um custo maior se comparados a fornecedores com
processos rápidos de compra.
Assim, entramos na quarta e última fase, que é a atribuição dos custos das atividades aos produtos.
O departamento de almoxarifado apontou para o período em que estamos custeando os
seguintes direcionadores de atividades:
Quadro 6 – Direcionadores de produto.
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Nas fases anteriores alocamos os custos às atividades e chegou-se aos seguintes valores:
Compras............................................ $ 24.000,00
Administração de fornecedores......... ____________
$ 16.000,00
Total....................................................$ 40.000,00
É apresentada a seguir a resolução de um exercício típico de custeio ABC, para auxiliar ainda
mais o seu estudo.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Pede-se:
• O valor dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF) de cada produto, utilizando o custo da
mão de obra como base de rateio;
• Idem, rateando como base o custo do material direto;
• Idem, pelo Custeio Baseado em Atividades (ABC);
• O valor e o percentual de lucro de cada produto, segundo cada uma das três abordagens.
Fonte: Martins (2003, p. 103-104).
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Resolução:
Este é um exercício de comparação entre métodos de custeio onde o objetivo é fazer com que
você experimente qual o nível de acurácia que cada método traz, assim como o volume de trabalho.
A primeira solicitação do enunciado é a seguinte:
• O valor dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF) de cada produto, utilizando o custo da
mão de obra como base de rateio.
Então:
Foram fornecidos os seguintes dados:
Quadro 11 – Custos diretos por unidade (em $).
Pronto, já temos o CIF rateado aos produtos, conforme podemos ver neste Quadro:
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Então, faremos o mesmo cálculo, mas considerando os custos diretos como critério de rateio
do CIF:
-- Rateia-se o CIF pelo material direto, conforme solicitado;
-- Custos Indiretos de Fabricação = $ 500.000,00 / $ 365.495,50
-- Custos Indiretos de Fabricação = $ 1,37 a cada real de material direto;
-- CIF Produto A = $ 240.000,00 x $ 1,37 = $ 328.321,42
-- CIF Produto B = $ 125.495,50 x $ 1,37 = $ 171.678,58
Para realizar o cálculo pelo Custeio Baseado em Atividades necessitamos levantar quais são
as atividades durante o processo de fabricação, que nos é fornecido no enunciado:
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Com esses dados, procederemos a distribuição do CIF utilizando um “direcionador de custo”
adequado (ou seja, que tenha alguma relação/justificativa para a natureza da atividade), para
cada uma das atividades, conforme a seguir:
Total 500.000,00
No de horas-máquina de processamento de
Processar produtos (máquinas) 60.000,00 90.000,00 150.000,00
produtos
Controlar processos
Dedicação do tempo dos engenheiros 50.000,00 150.000,00 200.000,00
(engenharia)
Total 155.000,00 345.000,00 500.000,00
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Finalizamos a nossa apuração do CIF por produto pelo custeio ABC, sendo que temos os
seguintes custos:
Quadro 19 – Apuração CIF por produto.
• O valor e o percentual de lucro de cada produto, segundo cada uma das três abordagens.
Antes disso, observe no seguinte Quadro comparativo como os custos totais e unitários
variaram significativamente entre as três abordagens:
Observe que o produto B, por exemplo, no rateio baseado na Mão de Obra Direta (MOD) é
menos do que a metade do custo apurado pelo método ABC.
Vamos então apurar uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) comparativa com
os três métodos no período. Antes, porém, apuremos o valor das vendas:
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E agora a DRE comparativa:
Quadro 21 – DRE (simplificada) comparativa.
Observe com muita atenção que o produto B, que pelo método baseado na MOD teria um
resultado positivo (lucro) equivalente ao produto A, no método baseado nos materiais diretos
apresenta uma distância maior com o produto A, ao passo que no custeio ABC apresenta não
um lucro, mas um prejuízo.
Conclusão do exercício
O objetivo principal deste exercício é o de demonstrar que existem variações entre os três
métodos e o custeio ABC que, por ser mais acurado, tem a tendência de mostrar uma situação
mais fidedigna. É claro que os dados apresentados são fictícios, mas de fato, um método de
custeio mais acurado como o ABC apresenta melhores condições de apresentar uma posição
mais fiel com o que realmente está ocorrendo na empresa, além do mérito de ter inúmeras
medições, permitir um melhor controle. Neste caso, um produto que poderia ser enfatizado para
a venda, estaria causando prejuízo, certamente o oposto da expectativa. Sem esse cálculo seria
impossível analisar e tomar decisões para que B se torne mais rentável.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Sharman e Vikas (2004) verificaram que muitas empresas norte-americanas, antes entusiastas
do custeio ABC, passaram a não mais utilizá-lo. Se foi considerada uma coqueluche por empresas
de consultoria, que indicavam o seu uso, o custeio ABC gerou desapontamentos e, em alguns
casos, foi abandonado. Mas, mesmo assim, continua a ser visto como um poderoso artefato de
contabilidade gerencial.
Martins (2003, p. 286) afirma que o custeio ABC “[...] é na realidade, uma ferramenta de
gestão de custos, muito mais do que de custeio de produtos”. Dessa forma, diz que há uma
segunda geração do ABC, concebida de forma a possibilitar a análise de custos sob duas visões:
a) A visão econômica de custeio, que é uma visão vertical, no sentido de que apropria os custos aos
objetos de custeio através das atividades realizadas em cada departamento; e
b) A visão de aperfeiçoamento de processos, que é uma visão horizontal, no sentido de que capta
os custos dos processos através das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais.
Com tudo isso, fortalece-se a análise de custos, independente de qual custeio a utilizar.
Nesse sentido, é necessário que os dados sejam analisados com muito critério e que se dê
importância para as descobertas que forem realizadas por meio da análise de custos. Você será
o responsável por usar os dados para realizar a melhor análise de custos possível e ajudar os
demais profissionais da empresa.
Explore
No livro Análise de custos, uma abordagem quantitativa, publicado pela editora Atlas em 2003,
Sérgio de Iudícibus e Gilmar Ribeiro de Mello ensinam como usar métodos quantitativos avançados
para realizar análises, uma excelente sugestão para você, que quer explorar a análise de custos.
As pessoas, empresas, entidades, produtos e serviços são citados com fins didáticos,
dentro de um ambiente acadêmico. Em nenhuma hipótese devem ser entendidos como
sugestões de consumo de produtos, serviços ou investimentos.
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Material Complementar
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Referências
CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
FRIEDL, G.; KUPPER, H.; PEDELL, B. Relevance added: combining ABC with german
cost accounting. Strategic Finance, p. 56-61, jun. 2005.
LANA, F. 2012: “mens sana in corpore sano”. Jornal da Manhã. Uberaba, MG. 27 dez. 2011.
Disponível em: <http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,55267>.
Acesso em: 1 fev. 2013.
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RÉGIS, A. Pró-Sertão: a indústria redescobre o interior. Jornal A Tribuna do Norte,
22 dez. 2013. Disponível em: <http://tribunadonorte.com.br/noticia/pro-sertao-a-industria-
redescobre-o-interior/269999. Acesso em: 1 fev. 2014.
SHARMAN, P. A.; VIKAS, K. Lessons from german cost accounting. Strategic Finance, p.
28-35, dec. 2004.
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Unidade: Custeio Baseado em Atividades (ABC)
Anotações
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