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Alviano: E qual é a razão por que meteu Sua Majestade mais cabedal na povoação e
conquista desta capitania da Paraíba que costumava meter nas demais?
Brandônio: Foi por respeito do seu bom porto, no qual costumavam os piratas franceses
ir a reparar suas naus, e ainda a carregar de pau do Brasil, que comutavam por resgate
com o gentio Petiguar, e com ele e mais prezas que tomavam pela costa, tornavam a
fazer sua navegação para França em notável prejuízo de todo o Estado do Brasil; e tudo
se atalhou com Sua Majestade se fazer senhor do seu porto e barra que, por ser com
muita força defendida dos Piratas franceses confederados com o gentio Petiguar, senhor
de todo o sertão, belicosíssimo e inclinado a guerras, custou muito trabalho e despesa
fazê-los reduzir à nossa amizade, e desviá-los da que tinham com os franceses, sendo
forçado aos nossos, para se haver de conseguir este efeito, fazerem muitas entradas com
mão armada, pelo sertão a dentro, principalmente a uma serra, que chamam de
Copaoba, onde estava o gentio junto em muita quantidade, por ser fertilíssimo, e como
tal se afirma dela produzira muito trigo, vinho, e outras frutas de nossa Espanha.
Alviano: Qual é a razão por que se não aproveitam os nossos dessa serra, que dizeis ser
tão abundante?
Brandônio: Não o fizeram até agora, por estar um pouco desviada para o sertão e o
gentio que nela habitava andar desinquieto; mas já agora tem mandado Sua Majestade
que se povoe, elegendo para efeito da dita povoação Duarte Gomes da Silveira, com
título de capitão-mar da mesma serra, onde assistem já, na doutrina dos índios,
religiosos da ordem do patriarca S. Bento, com muito fruto de suas almas, e a um
homem amigo meu de crédito ouvi afirmar, com outros mais, haver-se achado, nos
tempos atrasados, na mesma serra, uma novidade e estranheza que me causou espanto.
Alviano: Pois não me encubrais o que vos disse esse homem haver achado nessa serra.
Em uma das partes estavam uma rosa mal clara, porque parecia estar gastada de tempo,
e logo adiante estavam outras nove mossas semelhantes à primeiras, e, por toda a
redondeza da cova se viam pintadas outras seis rosas, e na pedra, que se assentava em
meio das duas, estavam vinte e cinco sinais ou caracteres que abaixo debuxarei,
divididos em três partes, com mais três rosas, que os acompanhavam. O que de tudo era
mais de consideração, era o estar entre duas pedras muito grandes, uma que botava a
borda sobre as outras arcadamente, com estarem tão juntas, que por nenhuma parte
davam lugar a se poder meter por elas o braço. E na pedra de mais baixo da cova
pareciam doze mossas da própria maneira das que temos mostrado, e no meio delas se
formava um circulo redondo desta qualidade . Com mais uma rosa, pintada
perfeitamente; e é de notar que todas as rosas eram de uma mesma maneira, exceto uma
que tinha doze folhas com a do meio. E pela redondeza desta cova estavam as molduras
que tenho dito, ou caracteres que se formavam na maneira seguinte:
Estes caracteres todos nos deram debuxados na forma que aqui vo-los demonstro.