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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Book · January 2016

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Mauro Fazion Filho


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Universidade do Sul de Santa Catarina

Gestão da
Infraestrutura do
Datacenter

Autor
Mauro Faccioni Filho
Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
Valter Alves Schmitz Neto

Diretor do Campus Universitário de Tubarão


Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta

Campus Universitário UnisulVirtual


Diretor
Fabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços


Amanda Pizzolo (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes
Felipe Felisbino (coordenador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (coordenador)

Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos


Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica
Eliza Bianchini Dallanhol
Mauro Faccioni Filho

Gestão da
Infraestrutura do
Datacenter
Livro Digital

Designer instrucional
Isabel Zoldan da Veiga Rambo

UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Digital

Professor conteudista
Mauro Faccioni Filho

Designer instrucional
Isabel Zoldan da Veiga Rambo

Projeto gráfico e capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramador(a)
Alex Xavier

Revisores
Diane Dal Mago

F12
Faccioni Filho, Mauro
Gestão da infraestrutura do datacenter : livro digital / Mauro Faccioni
Filho ; design instrucional Isabel Zoldan da Veiga Rambo. – Palhoça :
UnisulVirtual, 2016.
65 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Sistemas de recuperação da informação - Administração. 2.


Sistemas de informação gerencial. I. Rambo, Isabel Zoldan da Veiga. II.
Título.

CDD (21. ed.) 658.4038

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Apresentação | 5

Capítulo 1
Infraestrutura do datacenter | 7

Capítulo 2
Sistema de gestão da infraestrutura | 21

Capítulo 3
Implantação de sistema de gestão da infraestrutura | 43

Capítulo 4
Método de escolha de sistemas de gestão da infraestrutura | 53

Considerações finais | 64

Sobre o professor conteudista | 64

Referências | 65

Glossário | 65
Apresentação

Os datacenters vêm mudando radicalmente nos últimos anos. Isso se deve ao avanço das
tecnologias construtivas, e também devido à ampliação contínua dos bancos de dados e
processamento, algo que inclusive já tem um nome popular: “Big Data”. Este livro trata dos
datacenters sob o aspecto da sua gestão, da gestão da infraestrutura, buscando aprofundar o
conhecimento sobre as tecnologias de software e hardware envolvidas nesses sistemas.

Para introdução do tema são apresentados os conceitos de datacenter e de infraestrutura,


questões relativas à disponibilidade do datacenter e sobre os riscos inerentes à infraestrutura,
que podem comprometer a disponibilidade. Para isso, são necessários sistemas especiais de
automação e gestão do datacenter.

Os sistemas de gestão da infraestrutura de datacenter, conhecidos no mercado mundial pela


sigla DCIM – Data Center Infrastructure Management – são sistemas compostos de software e
hardware, específicos para a gestão ambiental, gestão da energia, gestão da segurança física,
gestão de ativos e espaços, bem como integração de sistemas envolvidos no datacenter.

A implantação de um sistema de gestão da infraestrutura de datacenters é outro tema


importante, que discute sistemas multisites e multiambientes, como se dão as instalações e
o comissionamento do software e hardware, e como aproveitar o sistema para a eficiência
energética do datacenter.

Por fim, o livro apresenta um método de escolha de sistemas de gestão da infraestrutura. Essa
metodologia de análise foi desenvolvida especialmente para que os gestores de datacenters
possam verificar, e então escolher, entre as várias opções de DCIM presentes no mercado.
Adotando essa metodologia inovadora, este trabalho será concluído com um estudo de caso.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Capítulo 1

Infraestrutura do datacenter

A rápida evolução dos sistemas computacionais, da internet e da computação em


nuvem, tem gerado uma enorme demanda por bases de dados confiáveis e velozes. Um
elemento fundamental nesse ambiente são os centros de dados, atualmente denominados
datacenters. Os conceitos de datacenter e de infraestrutura, devido a essa rápida evolução,
mudaram bastante e atualmente estão consolidados em normas internacionais, sendo que
a preocupação central é a da disponibilidade ininterrupta dos serviços nos datacenters.
Para isso, é preciso mitigar riscos e mesmo antecipá-los. Novos sistemas de automação,
e especialmente os sistemas de gestão e monitoramento de datacenters, estão em
desenvolvimento como uma resposta a essa preocupação. Uma abordagem geral sobre esses
temas é o tema deste capítulo.

Conceitos de datacenter e de infraestrutura


Com a criação do primeiro computador eletrônico, em 1946, denominado ENIAC - Electronic
Numerical Integrator and Computer, que era imenso e usava milhares de válvulas eletrônicas
e diversos componentes de grandes dimensões, o problema da instalação física se
colocou. Esse computador era montado sobre painéis colocados lado a lado, com grande
consumo de energia e liberação de calor. A evolução da eletrônica e posteriormente dos
microprocessadores permitiu a criação de computadores cada vez mais rápidos, denominados
servidores, que continuaram a exigir instalações físicas de infraestrutura especiais para suas
condições de funcionamento.

A partir dos anos 1980 houve a miniaturização dos servidores, bem como a evolução das
tecnologias das redes de computadores, o que permitiu a conexão de diversos equipamentos
e a troca de informações entre eles. Nessa época, surge o conceito de Centro de
Processamento de Dados, popularmente conhecido por CPD, que é um ambiente apropriado
para receber esses computadores especiais.

Os anos 1990 veem o surgimento da internet, que revoluciona muitos conceitos da área da
computação. A partir desse momento, começam as requisições de arquivos, informações e
serviços computacionais de uma forma não esperada, o que faz surgirem diversos centros
com computadores específicos para atenderem as demandas dos que estão interligados na
grande rede. Os antigos centros de processamento de dados não estão preparados para essa
demanda, e surgem então novos centros que reúnem computadores interligados em grande
escala. Com isso se consolida um novo conceito de datacenters, como passaram então a ser
chamados em todo o mundo.

O fortalecimento desse conceito passa a exigir uma padronização tecnológica, a qual permite
instalações fáceis e aprimoradas dos computadores, e essa padronização surge nas décadas
de 2000 e 2010, com a criação de normas internacionais sobre o tema, visando a desenvolver
modelos de infraestrutura para os datacenters. Essas normas não estão voltadas aos
computadores em si, ou às tecnologias de eletrônica, hardware e softwares de rede, mas sim
aos ambientes físicos apropriados para receber quaisquer tipos de equipamentos necessários

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Universidade do Sul de Santa Catarina

para o funcionamento adequado e ininterrupto do sistema computacional, tomado como um


conjunto.

Normas internacionais do Uptime Institute [Data Center Site Infrastructure Tier Standard –
Topology, 2012], da TIA – Telecommunications Industry Association, BICSI e ISO/IEC são
publicadas, e no Brasil a norma NBR 14565 [ABNT, 2013] consolida o conceito de datacenters
e dá as bases para que os projetistas e integradores de todo o mundo possam construir
e reformar datacenters que permitirão os mais diversos equipamentos e topologias de
instalação, sem preocupações com a sua origem ou tecnologias de hardware e software.

Esse novo conceito de datacenter está relacionado a duas palavras fundamentais:


disponibilidade e acessibilidade.

1. Disponibilidade refere-se à capacidade do datacenter de entregar serviços a


qualquer momento, sem interrupções. Ou seja, a disponibilidade ideal é que o
datacenter funcione ininterruptamente 100% do tempo. Como são muitas as
variáveis que podem influenciar na interrupção de um datacenter, um conjunto
de regras e boas práticas tem sido anunciado por fabricantes, institutos,
pesquisadores e associações que redigem e publicam normas a respeito.

2. Acessibilidade refere-se à capacidade de acesso dos usuários ao conjunto


de equipamentos e serviços que o datacenter provê, a partir de regras de
segurança, velocidade e níveis de acesso. Esses acessos dependem também
de conexões que são fornecidas por empresas de telecomunicações, bem
como condições físicas de ligação, sejam elas cabeadas ou sem fio. Admite-se
que a acessibilidade não seja de 100%, pois há variáveis fora do controle da
gestão do datacenter.

Considerando-se que, basicamente, tanto a acessibilidade quanto a disponibilidade do


datacenter não são o resultado da capacidade de processamento dos equipamentos
instalados, mas sim das condições que permitem a esses equipamentos o seu correto
funcionamento, percebe-se que a infraestrutura física do datacenter é que é fundamental para
sua disponibilidade e acessibilidade. Assim, a infraestrutura é o conjunto inter-relacionado
de condições ambientais, de energia e de segurança patrimonial, que abrigam hardware e
software fornecedores de serviços computacionais do datacenter.

A partir desse conceito de infraestrutura, conclui-se que o datacenter é composto não


apenas de uma sala para abrigar computadores, como era a ideia do antigo CPD – Centro
de Processamento de Dados – mas sim a sala dos computadores, as salas que abrigam os
demais equipamentos de infraestrutura, os sistemas de energia e refrigeração dedicados, os
sistemas de segurança patrimonial e os sistemas de monitoramento e gerenciamento dessa
mesma infraestrutura.

A tipologia física representada na Figura 1.1 apresenta o conceito atual de datacenter, que se
baseia no modelo NBR 14565 [ABNT, 2013]. Nessa topologia, percebemos que o datacenter,
que tanto pode estar contido dentro de um Edifício como ser uma edificação específica, é
formado por um conjunto de salas ou ambientes, e de sistemas. A sala de computadores
abriga os diversos racks em que são instalados os computadores, servidores e outros ativos
associados ao processamento e à rede. O ambiente dedicado às telecomunicações contém
equipamentos que permitem relacionar o datacenter com o backbone da internet e outras
redes de comunicações. As diversas salas, ambientes ou espaços para energia são aqueles
nos quais são colocados painéis e quadros de distribuição, sistemas ininterruptos de energia

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

(UPS, ou nobreak), grupos geradores e acessórios relacionados ao fornecimento de energia


elétrica. Salas e espaços de ar condicionado são os ambientes para equipamentos de
refrigeração e ventilação e seus componentes e acessórios diversos. Sala de operações é o
ambiente para controle e gerenciamento do datacenter, em geral onde são visualizados os
sistemas de automação, segurança, proteção a sinistros, especialmente o sistema de gestão
da infraestrutura.

Ambientes de entrada de telecomunicações e de energia, em que há conexão com


concessionárias e provedores externos, não são considerados como parte do datacenter. Isso se
deve ao fato de que o datacenter, mesmo com a ausência desses componentes, deverá manter-se
em funcionamento normal.

Figura 1.1 – Topologia do datacenter

Edifício
Entrada de Entrada de
Telecomunicações Energia

Data
Salas de
Center Sala de
Energia / UPS
Telecomunicações
Geradores

Automação Sala de
Incêndio Computadores
Monitoramento

Sala de
Sala de
Operação
Ar Condicionado
da Rede

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Enquanto na Figura 1.1 podemos ver a topologia física do datacenter, com os diversos
ambientes e suas relações, outra visão pode ser dada a partir dos diversos subsistemas
componentes do datacenter, conforme apresentado na Figura 1.2. Os subsistemas são
interdependentes, formando um sistema complexo, em que a falta ou falha de qualquer um
deles pode afetar ou mesmo paralisar todo o datacenter. Os subsistemas são:

•• Cabeamento estruturado - responsável pela infraestrutura física e pela


comunicação de dados entre os equipamentos do datacenter (pode incluir
também sistemas via rádio);

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Universidade do Sul de Santa Catarina

•• Racks e piso elevado - são as estruturas físicas de suporte dos equipamentos


e de piso falso, em que são apoiados os racks e sob o qual muitas vezes
são instalados os cabos de dados e de energia, e mesmo tubulações de
refrigeração;
•• Gerenciamento e monitoramento - compreende os diversos hardwares
(sensores, atuadores, gateways e outros acessórios) e softwares para
sensoriamento, automação e gerenciamento da infraestrutura física do
datacenter;
•• Segurança e incêndio - subsistema que possibilita detectar ameaças de
sinistros e combatê-los, tais como monitoramento de fumaça, calor e outros
indícios de incêndio, com o combate apropriado, visualização de imagens
em circuito fechado de televisão, e controle de acesso de indivíduos às
dependências do datacenter. Os melhores resultados são obtidos quando esse
subsistema está associado ao subsistema anterior, de gerenciamento e de
monitoramento da infraestrutura do datacenter;
•• Geradores de energia - compreende os grupos de geração de energia elétrica
a partir de óleo diesel (convencional) ou mesmo por sistemas de geração solar,
eólica e outros modelos de geração própria,
•• Ar-condicionado - ou subsistema de refrigeração e ventilação, responsável
por manter níveis apropriados de temperatura e umidade nas salas em que há
equipamentos eletrônicos;
•• No-breaks - ou subsistema de energia ininterrupta (UPS), são os
equipamentos eletrônicos que recebem energia dos geradores de energia
e da concessionária de energia elétrica e entregam de forma ininterrupta
eletricidade para todos os equipamentos do datacenter;
•• Estrutura civil - que é a composição de paredes, pisos, fechamentos,
coberturas e outras tubulações e acessórios da edificação, responsáveis
por suportar as instalações e subsistemas do datacenter, em que se incluem
também estruturas especiai,s como os contêineres e salas-cofre.

Figura 1.2 – Subsistemas que compõem o datacenter

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Esses subsistemas são implantados de forma coesa e integrada nos datacenters, desde o
momento de seu projeto até a construção e comissionamento final. A indústria da construção
da infraestrutura de datacenters evoluiu muito a partir da consolidação das normas
internacionais, e criou parâmetros de custos de acordo com os resultados esperados para

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

o datacenter, seja em termos de disponibilidade ou de operação. A Figura 1.3 1 apresenta


uma relação estimada dos custos proporcionais dos diversos subsistemas que compõem
o datacenter. Os valores finais de um datacenter dependerão de suas dimensões e dos
resultados esperados em termos de disponibilidade, que podem variar bastante, de acordo
com os riscos de falhas, por esse motivo concentram os maiores esforços de projeto,
implantação e gerenciamento contínuo da operação.

Figura 1.3 – Custos proporcionais, estimados, dos subsistemas do datacenter

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Disponibilidade do datacenter e riscos


A disponibilidade do datacenter é um tema fundamental e prioritário para os gestores de
tecnologia da informação. Admitem-se falhas de software, de hardware, demoras e outros
problemas, mas não a falta completa do serviço. A interrupção é um problema grave e os
contratos são estabelecidos conforme regras de nível de serviço, ou SLA (Service Level
Agreement). Muitas vezes se fala em 99,9% de disponibilidade, ou 99,99%, ou ainda mais,
e esse índice representa a quantidade de tempo que o serviço deve estar disponível em
determinado período.

A falta de serviço de um datacenter ocorre quando há uma parada da infraestrutura, ou seja,


falta de energia para alimentar os equipamentos ativos, ocorrência de um sinistro, sabotagem,
superaquecimento, falha de operação, entre outros.

A experiência acumulada dos gestores e dos responsáveis por infraestrutura tem mostrado que
muitos fatores apresentam riscos para o sistema. Estudos variados demonstram que grande parte
dos problemas de parada ocorre por falhas humanas. Para esses casos a solução é selecionar
melhor os operadores do datacenter, evitar acesso de pessoas não especializadas, treinar
continuamente os operadores e usuários, bem como procedimentos de segurança e de checagem
de atividades. Mas sabemos que, por se tratar de falhas humanas, são riscos mais difíceis de
tratar.

1. A Figura 1.3 foi elaborada pelo autor a partir de dados fornecidos pela empresa Fazion, criadora da plataforma Datafaz de
automação de gerenciamento de datacenter.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Os demais problemas de parada se dão por falhas na infraestrutura e riscos associados, tais
como na parte elétrica e mecânica, paralizações parciais devido a necessidades periódicas de
manutenção, erros de projeto, erros de instalação, estresse de materiais, falta de fornecimento
de insumos, irregularidades construtivas, deficiências de integração dos diversos subsistemas,
e muitos outros que as práticas vêm verificando e presenciando. São riscos inerentes à
infraestrutura e que podem ser monitorados e gerenciados.

Voltado ao problema da disponibilidade em datacenters e ambientes de missão crítica, em


1993 foi criado nos Estados Unidos o Uptime Institute [Uptime Institute, 2010]. O Uptime
Institute tem foco desde a fundação, em educação, publicações técnicas, consultoria,
certificações, conferências e pesquisa, buscando a liderança no conhecimento de datacenters.
Foi fundado em 1993, é pioneiro na criação de comunidades de usuários dedicados a obter
datacenters com funcionamento ininterrupto e de alta confiabilidade, daí a palavra uptime 2 no
nome do instituto.

A partir de estudos sobre como manter a maior disponibilidade possível em datacenters,


o Instituto criou uma metodologia em que propôs um padrão de níveis de disponibilidade,
que denominou de Classificação TIER. Desde seu lançamento passou a ser um padrão
de mercado e se tornou popular, inclusive tendo sido abraçada por outras associações de
normas, como, por exemplo, a TIA (Telecommunications Industry Association, USA), em sua
norma TIA-942.

A classificação TIER divide os datacenters, quanto à disponibilidade, em quatro níveis: [Uptime


Institute, 2010].

•• básico - Tier I
•• de componentes redundantes - Tier II
•• de sustentação simultânea - Tier III
•• tolerante a falhas - Tier IV
Essa classificação tem sofrido ligeiras adaptações de conceito e nos detalhes técnicos, e
periodicamente o Uptime Institute faz reedições, mas o conceito fundamental e de interesse é
o que abordaremos a seguir.

Os quatro níveis, conforme ilustrado na Figura 1.4 e que apresenta os conceitos fundamentais
do modelo, dividem os datacenter em:

Figura 1.4 - Modelo de classificação Tier

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

2.  Uptime pode ser traduzido livremente como “tempo em funcionamento ininterrupto”.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

O Data center Básico ou Tier I é aquele em que não há redundância de componentes nem
de caminhos de distribuição, e o serviço pode sofrer interrupção em caso de qualquer falha
na infraestrutura. Redundância significa excesso, ou repetição. No caso das instalações
de datacenter, seria o excesso disponível, ou reserva, para garantir o funcionamento do
datacenter. Ou seja, a redundância dos componentes significa a existência, na instalação
da infraestrutura do datacenter, de equipamentos tais como grupo gerador de reserva, UPS
de reserva, ar condicionado de reserva etc. No datacenter classificado como Tier 1 não
existe esse excesso, seja de componentes ou de caminhos de distribuição. Por exemplo,
se houvesse um único no-break de 10 kVA para atender as cargas, e esse no-break parasse
de funcionar, haveria então a parada do datacenter. A redundância seria a existência de um
segundo no-break de 10 kVA, pronto para ser utilizado em caso de falha do primeiro.

O Data center Tier II de Componentes Redundantes é aquele em que há redundância de


componentes, porém, não há redundância de caminhos de distribuição. É o datacenter que
tem gerador, no-break, ar condicionado em redundância, mas não tem caminhos de passagem
de cabos, por exemplo, em redundância. Os cabos que saem do Gerador A e do Gerador
B, por exemplo, são acomodados numa mesma eletrocalha até o painel de distribuição.
Caso haja um problema nesse caminho, uma interrupção, um acidente, mesmo havendo
redundância de geradores, a energia não chegará ao painel e às cargas.

O Data center Tier III - Sustentação Simultânea é aquele em que há redundância tanto de
equipamentos quanto de caminhos de distribuição. No entanto, o caminho redundante não
está ativo, ou seja, se houver problema no equipamento principal, o redundante precisará
ser ligado para voltar a fornecer energia ou refrigeração aos computadores. Apesar de haver
redundância em todos os componentes fundamentais da infraestrutura, a redundância está em
estado passivo, não ligado, aguardando ser acionada em caso de falta do sistema principal.

Por fim, o Data center Tier IV - Tolerante a Falhas é aquele em que há redundância de
equipamentos e de caminhos de distribuição, todos estão ligados e em funcionamento, e
as transferências são feitas automaticamente. Ou seja, mesmo com uma falha de um dos
componentes, a sua redundância continua suprindo as necessidades da carga. Com isso, a
equipe de manutenção pode agir na correção, conforme necessário, e não há interrupção.
Esse é o caso ideal, e certamente o mais caro para instalar e operar.

Na versão da norma Tier Standard: Topology [Uptime Institute, 2010] há uma discussão em
anexo que apresenta resultados práticos esperados para a operação de um datacenter,
conforme sua classificação Tier. Esses resultados esperados indicam uma estimativa de tempo
de downtime (queda) anual do datacenter, conforme sua classificação. Certamente são valores
estimados, pois pode acontecer de um datacenter Tier I não ter queda no período de um ano,
e um Tier IV ter dias inteiros de parada. Porém, as estatísticas mostram que os valores de
downtime se aproximam dos apresentados da Figura 1.5.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 1.5 – Resultado prático esperado de acordo com a classificação do datacenter

Fonte: Elaboração do autor, 2016

Na Figura 1.5 percebemos que enquanto um Tier I tem total acumulado de horas paradas,
durante um ano, de mais de 24 horas, um datacenter Tier IV tem aproximadamente menos de
30 minutos. Nesse espectro de tempo, o que determina, para o gestor de TI (Tecnologia da
Informação) sobre qual investimento fará num datacenter, ou seja, qual classificação buscará,
depende da importância do datacenter e do valor a ser investido. Um datacenter Tier IV pode
custar três a quatro vezes mais do que um similar Tier II.

No entanto, um fator que vem modificando drasticamente a questão do downtime é a inclusão


de sistemas, em tempo real, de gestão e monitoramento da infraestrutura dos datacenters.
Com isso, a verificação dos possíveis problemas pode ser antecipada em minutos ou horas,
possibilitando ações preventivas e corretivas que eliminarão problemas e falhas.

Automação e gestão do datacenter


A história da automação dos datacenters acompanha a própria história deles. Desde os
primeiros centros de processamento de dados havia algum tipo de sistema de monitoramento
ou de automação, que acompanhava as instalações. Seja um termômetro indicando a
temperatura no insuflamento e no retorno do ar-condicionado, seja um dispositivo para
controle de acesso, um visor de tensão e corrente no painel elétrico, ou ainda um sistema de
detecção de fumaça capaz de disparar um alarme. São automações básicas e comuns em
edifícios e em indústrias.

No entanto os datacenters, devido à sua crescente criticidade e aspectos de disponibilidade,


passaram a requerer muito mais do que uma automação capaz de avisar sobre um problema
ou de acionar um dispositivo automaticamente em resposta a um evento. A criticidade dos
datacenters passou inicialmente a requerer, e atualmente a exigir, sistemas capazes de realizar o
planejamento da capacidade e a análise preditiva dos riscos, tendência e condições críticas,
de uma forma integrada e geral.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Enquanto os gestores prediais buscam sistemas de automação que os ajudem a supervisionar


e controlar as edificações, nos datacenters são os Gestores do Serviço de Tecnologia da
Informação, e não da edificação em si, que buscam sistemas de Gestão e Monitoramento os
quais permitam obter informações, em tempo real, sobre a situação do ambiente, como está
o uso dos recursos, e quais os pontos críticos da infraestrutura. Sistemas que permitam
atuação direta sobre elementos da infraestrutura, que possam fazer simulações e planejar
modificações do próprio datacenter.

Essa ideia de “sistema” tomou forma como uma plataforma específica para datacenters em
torno de 2009 e 2010, quando o mercado passou a denominá-lo de DCIM, acrônimo de Data
Center Infrastructure Management. Desde então, DCIM passou a significar a plataforma
de software e hardware, implantada no datacenter visando a sua operação otimizada e à
gestão da sua infraestrutura.

Nos últimos anos as plataformas DCIM, dos mais diversos fabricantes, amadureceram para
consolidar em sistemas que combinam e integram diferentes tecnologias para realizar, no
datacenter, as seguintes funcionalidades:

•• Monitoramento da infraestrutura;
•• Monitoramento da rede;
•• Gerenciamento de espaços;
•• Planejamento de operações;
•• Eficiência energética;
•• Segurança física;
•• Otimização do desempenho geral do datacenter.
O datacenter incorpora, devido às suas características de ambiente integrado e de missão
crítica, uma série de fatores que dificultam sua gestão. É um ambiente complexo em
sua infraestrutura, em que interagem inúmeras variáveis (temperatura, energia, umidade,
continuidade de operação, entre outros). Para que funcione adequadamente é necessário
que haja uma integração de componentes heterogêneos, tais como sistema elétrico de
alimentação para refrigeração e para os equipamentos ativos, simultaneamente e sem
variações. No datacenter são muitas grandezas diferentes a gerenciar, e tal gerenciamento
deve ser feito em tempo real, para que as análises de risco surtam os efeitos desejados. E por
esses motivos há grande dificuldade em obter suporte INTEGRADO dos produtos e serviços,
ou seja, da integração dos componentes da infraestrutura e da operação contínua dos
mesmos.

O monitoramento tradicional dos datacenters, até o surgimento do conceito e das


plataformas DCIM, era realizado com uma visão fragmentada e incompleta do todo, em que
cada setor mantinha o foco exclusivo em sua especialidade, como por exemplo, a equipe de
ar-condicionado mantendo o funcionamento dos aparelhos sem uma visão correta dos limites
de temperatura e umidade junto aos equipamentos de processamento (servidores). Ou então
a equipe de instalações elétricas sem uma visão do tempo de uso das baterias do no-break ou
das redundâncias disponíveis.

Nesse monitoramento tradicional, em geral o controle é feito por relatórios e check-lists


manuais, com planilhas para anotação de dados coletados em campo. Um exemplo comum
é o do funcionário que transita pelos corredores de racks anotando as temperaturas dos
termômetros pendurados nas paredes. Essa visão fragmentada traz uma enorme dificuldade

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Universidade do Sul de Santa Catarina

de avaliar o uso de energia, pois não é possível compreender as cargas com maior
necessidade durante as 24 horas de funcionamento diário, e nem avaliar o resfriamento
necessário, ou possível, junto às cargas.

Outro grande problema do monitoramento tradicional é que existe um descasamento de


atribuições e funções entre o grupo de TI e o grupo responsável pela infraestrutura, em que
os gestores da tecnologia da informação não têm o conhecimento ou apoio necessário para
interferir na infraestrutura do ambiente, por sua vez, as equipes que mantêm instalações
elétricas, civis e de ar-condicionado não têm o conhecimento adequado para compreender
os serviços de tecnologia da informação, os quais demandam justamente a infraestrutura
de energia e ambiental. O problema do monitoramento tradicional e de sua automação
básica repercute em gastos excessivos de energia, paradas desnecessárias, desgaste de
equipamentos e estresse na gestão.

A evolução alcançada com o advento dos sistemas DCIM, para a gestão da infraestrutura dos
datacenters, dá-se especialmente no monitoramento integrado, que permite grande facilidade
em obter o estado do datacenter em tempo real. O monitoramento em tempo real, on-line,
implica receber avisos e alarmes ativos e preventivos do que está acontecendo no ambiente
do datacenter, com a facilidade de obter informações dos processos interrompidos, como por
exemplo, no caso de desligamento de um rack de equipamentos.

Basicamente, a implantação de uma solução DCIM deve se dar durante a construção do


datacenter, pois isso permite grande otimização da infraestrutura, que será adequada e
compatível com os sistemas de leitura e coleta de dados. Da mesma forma, a topologia do
cabeamento, que atenderá a demanda da automação, se realizada de forma compatível com
as normas de cabeamento. E o fato de implantar o DCIM durante a obra terá impacto nulo da
operação do data, que não necessitará de paradas para instalações complementares.

Fazer a instalação de um sistema de gestão e monitoramento num datacenter já em operação


pode trazer alguns problemas, tais como a necessidade de adaptação à topologia existente,
possibilidade de sobrecarga da infraestrutura de calhas e espaços físicos, grande potencial de
impacto na operação do datacenter, além da dificuldade de integração com equipamentos já
em funcionamento.

Características de uma solução DCIM integrada


A solução DCIM tem como característica principal ser um sistema de gestão e monitoramento
de datacenters baseado em software, cujo conceito básico é o da unificação de várias
soluções em uma única visão. Essa unificação de soluções pode ser representada por uma
interface única, tanto do ponto de vista da apresentação como do processamento das
informações e das análises. Nesse sentido, são características típicas:

•• Alertas personalizados;
•• Relatórios personalizados;
•• Visão unificada do datacenter, com todos os seus subsistemas, incluindo
visualizações de planta baixa ou tridimensional;
•• Interface personalizada;
•• Gerenciamento do datacenter em tempo real;
•• Informações para avaliação de riscos;

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

•• Acesso on-line ao gerenciamento do ambiente do Data Center (sistema web e


móvel);
•• Disponibilização de informações dos problemas ocorridos no datacenter e
suas possíveis causas;
•• Implementação com base em todas as especificações das normas.
Devido a essas características abrangentes, a ferramenta DCIM deve ser considerada tanto
uma ferramenta TÉCNICA como de NEGÓCIOS. É uma ferramenta técnica pois permite tanto
a análise quanto a intervenção sobre a infraestrutura, considerando aí uma intervenção
física, como por exemplo, ativar ou desativar um subsistema. E também é uma ferramenta
de negócios, pois está voltada para a melhoria do desempenho, a alta disponibilidade e
a redução de custos do datacenter, que são objetivos relacionados aos serviços prestados.
Com um sistema DCIM a gestão dos recursos é otimizada, há economia energética, melhor
performance dos equipamentos, redução de custos de operação e previsão de futuro e
expansão contínua.

Por que monitorar o Data Center?

O monitoramento e a gestão do datacenter passam por três eixos: o da economia, o da


disponibilidade e o da gestão, conforme a Figura 1.6.

Figura 1.6 – Eixos que definem a necessidade de gestão em datacenter.

Fonte: Elaboração do autor, 2016

O eixo da economia compreende as questões relacionadas a custos de operação do


datacenter, e entre eles um dos principais é a redução do consumo de energia. O consumo
de energia tem indicadores internacionais, como o PUE - Power Usage Effectiveness, que
é a relação entre toda a potência consumida no datacenter e a efetivamente usada pelos
equipamentos de dados. Esse indicador precisa ser acompanhado em tempo real, e está
intimamente relacionado à refrigeração em cada ponto do ambiente, pois em geral o DC
opera numa temperatura média mais baixa que o necessário, com altos custos de consumo
de energia. Outro custo importante é o do quadro de pessoal necessário à operação. Sem
um monitoramento automatizado e inteligente, capaz de indicar soluções aos problemas de
maneira proativa, mais pessoal é necessário para manutenção, cuja atuação é quase sempre
reativa. E como espaço físico tem alto valor num ambiente crítico, a otimização do espaço
físico é fundamental, pois com uma visão integrada dos equipamentos no ambiente, seus
consumos, a geração de calor e a posição em rack podem ser organizadas de maneira a
atingir o melhor desempenho na gestão de ativos.

17
Universidade do Sul de Santa Catarina

O eixo da disponibilidade está relacionado ao impacto dos equipamentos na carga de


cada circuito ou quadro, e se isso pode ou não afetar o funcionamento geral do datacenter.
Questões como, se o sistema elétrico está preparado para introdução de novos equipamentos,
se é possível ou não ligar um dispositivo em qualquer rack ou em qualquer circuito, se
um equipamento for introduzido numa área ou circuito de risco haverá o “travamento” do
sistema, são típicas da análise que pode ser realizada por um sistema de gerenciamento
no que respeita à disponibilidade. Outros problemas típicos, que afetam a disponibilidade,
referem-se aos pontos críticos com risco de falha devido à geração de calor além dos limites
especificados, ao limite de carga nos quadros e circuitos, às falhas intermitentes e que
não são percebidas pela manutenção rotineira. Além disso, a simulação e modelagem de
ambientes, de circuitos, da organização de espaço, podem orientar a tomada de decisões
para o crescimento físico, para redução de custos e para alta disponibilidade.

Ao lado da preocupação quanto à economia e disponibilidade está a questão da gestão


do datacenter, terceiro eixo a fundamentar a necessidade de um sistema on-line de
gerenciamento e monitoramento. A gestão se preocupa sobre quem são as pessoas
responsáveis pela operação e manutenção do datacenter, por meio do controle das equipes,
dos acessos, das permissões de atuação, da emissão de ordens de serviço e das rotinas de
manutenção, pois esses fatores são críticos na operação. A gestão dos ativos, com relação
a novos equipamentos e onde os colocar, a verificação constante do limite de crescimento e
da gestão da energia, ao lado de fatores de segurança como a decisão sobre quem pode ter
acesso aos ambientes, aos racks e até mesmo ao controle de acesso por períodos.

Por vezes os gestores de datacenters, bem como engenheiros de manutenção e de


infraestrutura argumentam que boa parte da automação pode ser realizada facilmente com
sistemas supervisórios, que já são convencionais em automação predial e industrial. No
entanto, tais supervisórios devem ser vistos como partes, ou subsistemas, das plataformas
DCIM, pois não estão voltados a atender os três eixos acima, de economia, disponibilidade
e gestão, e tampouco são fundamentados no atendimento à missão crítica, que é a
característica dos datacenters.

O Quadro 1.1 apresenta um comparativo entre os sistemas de gestão e monitoramento da


infraestrutura de datacenters, DCIM, e os sistemas supervisórios convencionais, conhecidos
como SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition). Nesse quadro, é possível ver quão
diferentes são os sistemas e suas finalidades.

Quadro 1.1 – Comparativo entre sistemas DCIM e sistemas Supervisórios

DCIM SCADA - SUPERVISÓRIO


DCIM (Data Center Infrastructure
SCADA (supervisory control and data
Management) - Sistema
O que é? acquisition) - Sistema para aquisição
especializado para a gestão da
de dados e supervisório de controle
infraestrutura de datacenters
Desenvolvido especialmente Sistema de uso tipicamente industrial,
para fazer a gestão integrada voltado à automação e supervisão da
de datacenters, com foco em manufatura, da geração de energia
Aplicação
quatro áreas: ambiente, energia, e produção industrial em geral,
segurança física e gestão dos bem como sistemas de ventilação e
ativos. refrigeração.

18
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Temperatura (Conforme Geralmente monitora saída de Ar-


Gerenciada por meio de
a Norma NBR 14565, Condicionado, o que não permite visão
dispositivos integrantes da
deve ficar entre 17 e 27 das temperaturas distribuídas sobre os
plataforma DCIM.
graus centígrados) racks.
Geralmente monitora saída de Ar-
Umidade (Conforme a Gerenciada por meio de
Condicionado, o que não permite visão
Norma NBR 14565, deve dispositivos integrantes da
da umidade distribuída sobre os racks
ficar entre 30 e 60%) plataforma DCIM.
e ambientes.
Dispõe de controle de acesso Originalmente não é integrante de
Segurança Física
integrado à plataforma DCIM. sistemas SCADA
Dispõe de CFTV integrado à Originalmente não é integrante de
CFTV
plataforma. sistemas SCADA
Módulo de sistema DCIM e inclui
visão dos racks e gerenciamento
Gestão de ativos Não dispõe.
de cabeamento elétrico e de
dados.
Contém dispositivos integrados
Hardware à plataforma e gateways para Necessita de serviço de integração.
dispositivos legados.
Própria para gestão de
datacenters, com visualização
tridimensional dos ambientes,
Interface padrão “quadro sinótico”, sem
Interface gráficos on-line, diagrama unifilar,
aplicação específica para datacenters.
imagens de CFTV, elevação de
racks, relatórios e ordens de
serviços para manutenção.
Padronizados na plataforma, com
simuladores e linhas de tendência,
Relatório Precisam ser configurados.
sincronizados com alarmes e
avisos.
Compatibilizado com a NBR
Aderência a Normas 14565 e padrões Uptime, EIA/TIA, Não aderente, necessita configuração.
BICSI e ISO/IEC.

Exemplo típico de
interface para o
usuário

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

19
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Capítulo 2

Sistema de gestão da infraestrutura

Os datacenters são ambientes especiais, em que o conjunto de equipamentos opera em


condições ambientais e de disponibilidade máxima, e praticamente sem a presença de
pessoas no local. Costuma-se dizer que o datacenter é lugar “escuro”, ou seja, normalmente
as únicas luzes são as dos LEDs. Por esse motivo, não há um acompanhamento in loco das
condições internas de operação, e isso traz a necessidade de sistemas de monitoramento e
automação remota da infraestrutura, conforme descrito nas normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas [ABNT NBR 14565/2013].

Essa Norma recomenda que os sistemas de monitoramento e automação remota, que o


mercado passou a conhecer como DCIM, podem conter os seguintes subsistemas:

•• Monitoramento de energia dos circuitos gerais e individuais;


•• Automação dos sistemas de energia com capacidade de operar circuitos;
•• Monitoramento da qualidade do ar (umidade, poeira, fumaça) em todos os
ambientes e racks;
•• Monitoramento da temperatura no ambiente e em cada rack;
•• Monitoramento e detecção de água (vazamento, infiltração, inundação);
•• Monitoramento e controle de acesso em ambientes e em racks;
•• Monitoramento dos acessos por imagem dos ambientes (CFTV);
•• Monitoramento das conexões físicas de cabos (de dados e de energia).
Essas são as recomendações mínimas da Norma, que podem ser atendidas completamente
ou não, e mesmo excedidas. Para isso podem existir sensores e atuadores do sistema
distribuídos nos diversos ambientes e espaços, de acordo com o projeto de implantação do
datacenter. A Norma ainda sugere os melhores locais para instalação dos dispositivos, como
orientação a projetistas, porém, as recomendações dos fabricantes e especificações técnicas
deles são fundamentais, dadas as características de cada equipamento.

Outra recomendação importante está relacionada ao acompanhamento, controle e gestão


dos sinais monitorados, de tal forma que ocorram em tempo real, com banco de dados com
arquivamento por tempo indeterminado, permitindo relatórios e buscas. O presente capítulo irá
detalhar esses diversos dispositivos e subsistemas, bem como ilustrará os resultados de cada
um com imagens de ferramenta de mercado.

Topologia e componentes de software e hardware


Basicamente, o sistema DCIM, Sistema de Monitoramento, Gestão e Controle do Data Center
(Data Center Infrastructure Management) tem por objetivo ser uma ferramenta de automação
para gestão, racionalização e monitoramento do consumo de energia, controle de temperatura
e umidade, controle de acesso, circuito fechado de televisão - CFTV e sensoriamento
ambiental do datacenter em que é aplicado, com características de alta confiabilidade e com
monitoramento contínuo (7x24x365 dias/horas/dias).

21
Universidade do Sul de Santa Catarina

A partir dessas premissas básicas, um conjunto mais extenso de módulos de gerenciamento,


análise, verificação de tendências e gestão de manutenção é aplicado. As áreas básicas de
atuação do sistema DCIM na infraestrutura física do datacenter são:

•• Temperatura;
•• Umidade;
•• Consumo de Energia Elétrica / Medição de Energia;
•• Sensoriamento de inundação (piso)
•• Sensoriamento de fumaça;
•• Captura de imagens, através de CFTV;
•• Integração com sistemas legados e existentes no datacenter, como Geradores,
UPS (no-breaks), Ar Condicionado, Sistemas de alarme de Incêndio e Painéis
elétricos.

Um sistema completo de DCIM deve ser formado por um conjunto integrado de hardware e
software, compondo uma única solução, a qual será implantada em datacenter, por meio de
conexões físicas de cabeamento ou via rede sem fio, para permitir a conexão de sensores e
atuadores às controladoras, que por sua vez são ligadas aos servidores em que a plataforma
DCIM estiver instalada. Isso define uma topologia radial, como controladora principal, em que
são interligados concentradores periféricos, bem como sensores, atuadores, gateways e demais
dispositivos.

Sistemas DCIM em geral são complementados, quando em operação, por serviços de


Operação Assistida 24x7 (vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana), também
chamados de NOC – Network Operation Center, cujos serviços irão apoiar as equipes de
manutenção e de gestão do datacenter. Os serviços de Operação Assistida abrangem
o monitoramento on-line, o Help Desk para receber e registrar chamados da equipe de
manutenção, o gerenciamento de eventos e alertas, as notificações com acionamento da
manutenção para solução de problemas, a emissão de relatórios periódicos com gráficos
e lista de notificações, alertas, alarmes, e ações tomadas, e muitas vezes incluem ainda a
gestão de dispositivos de terceiros que estejam presentes no Data Center e que podem ser
integrados à plataforma DCIM.

SOFTWARE
As características gerais e principais do software de sistemas de monitoramento e controle
de datacenters (DCIM) compreendem um conjunto mínimo de funcionalidades. É um conjunto
mínimo, pois vários fabricantes excedem tais especificações. Isso se deve às condições atuais
das tecnologias empregadas em datacenters, bem como às condições de disponibilidade

22
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

descritas no capítulo anterior. Essas características mínimas compreendem funcionalidades


como:

•• O software da plataforma DCIM deve ser web-based, acessível pelos principais


browsers do mercado, tais como Internet Explorer, Chrome e Firefox, e
também deve permitir interface para dispositivos móveis, numa interface
gráfica que apresente, em tempo real, as grandezas monitoradas, tais como
energia, temperatura, umidade, bem como de todos os equipamentos
existentes e integrados à plataforma DCIM, em um único painel sinótico -
“cockpit” (ver figura 2.1) 3;

Figura 2.1 – Interface web de sistema DCIM com principais grandezas monitoradas

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

•• Deve permitir o monitoramento de diversos ambientes simultaneamente, ou


seja, uma mesma plataforma deve permitir ao gestor monitorar ambientes e
salas diversas, sejam eles em um mesmo local ou em localidades geográficas
diferentes, o que caracteriza o DCIM como multiambientes e multisites;
•• Visualização tridimensional dos ambientes (visualização 3D navegável),
permitindo ações de rotação em múltiplos eixos e aproximação e
distanciamento (funcionalidade de zoom in/out) (ver Figura 2.2);
•• Deve permitir a interação com as imagens tridimensionais dos ambientes, com
a visualização dos sensores e dispositivos distribuídos nos espaços, assim
como visão on-line de suas respectivas medições e indicadores;
•• Apresentação da planta baixa dos ambientes monitorados, com a visualização
gráfica da distribuição das temperaturas em escalas de cores (termográfico);

3.  As Figuras 2.1 a 2.24 referem-se a material de divulgação do sistema Datafaz DCIM/Specto, cedidas pelo autor.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 2.2 – Visualização tridimensional de datacenter monitorado por DCIM

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

•• O software deve permitir a visualização das imagens das câmeras do circuito


fechado de televisão – CFTV – para garantir maior segurança dos ambientes
(ver na Figura 2.1 as telas com imagens do datacenter);
•• Deve possuir a capacidade de configuração de limites máximos e mínimos
de aceitação para cada grandeza monitorada, incluindo limites de alarmes de
alerta (por valores ou por rampas);
•• Deve possuir a capacidade de gerar alertas e alarmes diretamente na interface
Web, bem como envio por SMS, e-mail, alarmes sonoros e mesmo atuação de
sirenes;
•• Deverá possuir a capacidade de geração de relatórios das diversas grandezas
monitoradas, bem como exportação para formatos populares como XML, PDF,
Excel, ou pela integração on-line via SQL;
•• Deve permitir a integração com outras plataformas ou sistemas legados, em
protocolos diversos, como IP, RS232, MODBUS, SNMP;
•• Capacidade de apresentação e armazenamento de alertas de sinistros
personalizados por usuário;
•• Interface principal em forma gráfica, apresentando as métricas de eficiência
energética do Data Center, tais como PUE (Power Usage Effectiveness) e
DCIE (Data Center Infrastructure Efficiency), as quais detalharemos nas seções
seguintes (ver Figura 2.3);
•• Deve possuir interface com diagrama elétrico unifilar das instalações elétricas
monitoradas, para permitir acesso às informações de cada painel e circuito
monitorado.

24
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 2.3 – Métricas PUE e DCIE na tela principal da interface DCIM

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Além dessas características mínimas, as plataformas mais abrangentes de sistemas


DCIM incluem ainda módulos especiais, como os de gestão de ativos e os de leitura de
informações diretamente dos equipamentos ativos do datacenter. São geralmente módulos
avulsos, que podem ou não ser agregados ao sistema principal.

O módulo de gestão dos ativos é aquele que permite o gerenciamento dos equipamentos
nos racks da sala de servidores, e que pode ser apresentado na interface principal do sistema
DCIM. Um módulo de gestão de ativos compreende as seguintes características mínimas:

•• Visualização da distribuição dos equipamentos em cada rack, mostrando a


disposição dos equipamentos de rede por meio de visualização tridimensional;
•• Visualização individualizada de cada equipamento de rede, com descritivo
completo de suas características técnicas;
•• Visualização das ligações elétricas e de cabeamento de rede de cada
equipamento instalado no rack (mapeamento e gerenciamento do
cabeamento).
O módulo de leitura de informações dos equipamentos, que geralmente é agregado ao
módulo de gestão de ativos, permite o monitoramento desses equipamentos. Em geral,
não faz parte dos sistemas DCIM convencionais, mas pode trazer importantes informações
a respeito dos equipamentos e suas relações com toda a infraestrutura. O módulo tem as
seguintes características mínimas:

•• Monitoramento em tempo real do consumo de energia e da temperatura dos


servidores;
•• Permite o monitoramento agregado em tempo real da temperatura e do
consumo de energia de racks, filas de racks e salas do datacenter;
•• Pode registrar a capacidade máxima de energia versus o valor real utilizado de
racks, servidores, filas de racks e salas de datacenter;
•• Emite alertas com base nos desvios frente aos padrões estabelecidos;

25
Universidade do Sul de Santa Catarina

•• Pode controlar as informações referentes à etiqueta de identificação,


patrimônio ou número de série dos servidores monitorados;
•• Realiza o inventário de ativos de Tecnologia de informação - TI, tais como
servidores, storage, switches, por meio da utilização de escaneamento de
redes pelas faixas de endereçamento IP pré-configurados;
•• Identifica o consumo de energia de servidores com baixa utilização,
contribuindo para análise de potenciais candidatos à virtualização;
•• Pode utilizar sensores já existentes nos servidores para identificar o consumo
de energia e temperatura sem a necessidade de utilização de sensores
adicionais ou Smart Power Distribution Units (réguas elétricas gerenciáveis).
A distribuição de módulos e funcionalidades em um sistema DCIM pode ser mais bem
entendida se construirmos uma topologia com funções em duas camadas: camada da
infraestrutura e camada da tecnologia da informação. A camada da infraestrutura diz respeito
ao ambiente físico do datacenter, relacionado à coleta de dados e sensoriamento das
grandezas ambientais, de energia, integração com equipamentos de energia e refrigeração etc.
A camada da tecnologia da informação diz respeito ao tratamento dado a essas informações,
ao seu processamento e composição de simulações, visualizações, interface com usuário, e
todas as ações do software, visando à gestão do datacenter a partir dos dados coletados em
campo e seu tratamento, de acordo com as regras estabelecidas pelo usuário, pelas normas e
por algoritmos de análise. Na Figura 2.4 podemos ver essa topologia de um sistema DCIM em
camadas de aplicação.

Figura 2.4 – Topologia de plataforma DCIM em camadas

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

26
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

HARDWARE
Há uma grande diversidade de soluções de sistema DCIM, sendo que a maioria dispõe de
hardware específico e integrador à plataforma. Isso não é uma regra, mas as plataformas
integradas se destacam por compor soluções melhor estruturadas, mais robustas e simples
de aplicar, e muitas vezes com melhor relação de custo versus benefício. Muitos são os
dispositivos de hardware para os sistemas DCIM, pois dependem das configurações e
topologias de cada fabricante, mas os principais elementos são:

•• Controladora - equipamento que executa funções de comunicação,


implementando inteligência ao sistema, possuindo capacidade de absorver
e processar informações provenientes de sensores, atuadores, gateways,
câmeras de CFTV e demais dispositivos de coleta de dados. Possui interface
padrão Ethernet, é expansível, possibilitando adicionar novos módulos aos
módulos já existentes.
•• Sensores – de umidade, fumaça, temperatura, detecção de líquidos,
entre outros, para utilização interna e com porta de comunicação para a
controladora DCIM.
•• Conversores – conversores de protocolos, gateways.
•• Interface I/O – módulo de entrada e saída, contato seco NA/NF, com porta de
comunicação para a controladora DCIM.
•• Servidor e switches – para processamento e conexão de sensores e
dispositivos diversos à Plataforma DCIM.

Gestão ambiental
A gestão ambiental do datacenter é fundamental, pois os equipamentos de processamento
buscam condições ótimas de temperatura e umidade para seu funcionamento correto. Limites
mínimos e máximos de temperatura e umidade são estabelecidos pelas normas nacionais e
internacionais, porém, isso tem mudado frequentemente devido aos avanços da tecnologia
eletrônica e miniaturização de processadores.

Há algum tempo era comum se ver datacenters operando em temperaturas muito baixas, devido
à crença de que equipamentos eletrônicos trabalham melhor assim. Porém, os equipamentos
atuais suportam temperaturas ambientais bastante altas, e já se fala em temperaturas ambientais
máximas da ordem de 30oC. A imagem de um datacenter “congelante” para os usuários já não
passa de um mito.

Além disso, as normas fazem recomendações de limites, e não exigências, pois dependendo
de cada fabricante de servidores pode haver recomendações diferentes, com limites
superiores mais altos. Temperaturas mais altas significam menor uso de refrigeração e menos
consumo de energia elétrica, favorecendo as métricas de efetividade de energia (PUE), como
veremos adiante.

27
Universidade do Sul de Santa Catarina

Limites de temperatura e umidade estão estabelecidos na NBR 14565, que indica os valores
mínimo e máximo de 18oC e 27oC para temperatura, e 30% e 60% para umidade. Outras
grandezas também estão compreendidas na gestão ambiental, como a presença de fumaça
(que pode estabelecer vínculos com a proteção contra incêndio), presença de líquidos (para a
prevenção de inundações), índices de luminosidade (para considerar as condições de trabalho
de operadores), opacidade do ar (para considerar a qualidade do ar em regiões susceptíveis
à poluição, por exemplo), e ainda indicadores de vibrações (para regiões em que há abalos
sísmicos ou próximas de áreas de impacto).

Plataformas DCIM apresentam as medições ambientais em tempo real, possibilitando


monitoramento e controle do ambiente. Ao mesmo tempo emitem alarmes e análises do
ambiente, permitindo aos gestores as ações necessárias, tais como correções, melhorias,
alterações no ambiente, reorganização dos espaços, entre outros.

A Figura 2.5 ilustra uma típica apresentação de interface DCIM, com visualização
tridimensional de um datacenter, em que vemos as filas de racks, painéis elétricos nas
paredes, salas e compartimentos, bem como símbolos (ícones) que representam sensores
de temperatura e de umidade. Essa visão permite uma noção abrangente do datacenter e da
disposição dos componentes.

Figura 2.5 – Visualização 3D de datacenter com sensores de temperatura e umidade

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Se o usuário clicar sobre qualquer dos ícones, obterá o gráfico em tempo real das medições,
como apresentado na Figura 2.6. Essa figura ilustra as medições do último mês da umidade
relativa do sensor selecionado. As linhas amarelas e vermelhas definem os limites de alarme
configurados previamente. A linha verde apresenta as medições, que podem ser colocadas no
gráfico em período mensal, semanal, diário ou últimas amostras, o que permite uma visão em
detalhes do comportamento da umidade no datacenter. As definições de alerta de “atenção”
(linhas amarelas máxima e mínima) ou de alarme crítico (linhas vermelhas) são configuradas
pelo usuário de acordo com regras vindas das normas e/ou dos fabricantes. Isso indica o
momento que a curva verde atinge algum desses limiares, indicando atuações preventivas da
equipe de manutenção. A Figura 2.7 é outro exemplo de medições de umidade num sensor
híbrido (umidade e temperatura num só dispositivo).

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 2.6 – Gráfico com medições de umidade num período mensal

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Figura 2.7 – Gráfico com medições de umidade

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Um dos resultados mais interessantes e úteis da plataforma DCIM é a visualização dos mapas
térmicos, ou termográficos, sobre a figura tridimensional do datacenter. A Figura 2.8 apresenta
o termográfico do ambiente da Figura 2.5 anterior. Aqui vemos as filas de racks e sobre elas
um mapa colorido, de acordo com o índice de cores relacionado a valores de temperatura.
Essa visão dos pontos quentes e frios do ambiente permite uma abordagem rápida do
comportamento do datacenter. Extremamente útil para o gestor do datacenter e para as
equipes de manutenção, essa funcionalidade é resultado das medições oriundas dos diversos
sensores distribuídos no ambiente, a uma determinada altura em relação ao piso. O mapa
colorido surge do cálculo da distribuição das temperaturas, e é apresentado na altura relativa à
tomada das medições em campo.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 2.8 – Termográfico de datacenter

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

O termográfico permite à equipe de manutenção coordenar a temperatura do sistema de ar


condicionado e de refrigeração, visando à eficiência energética. Permite também rearranjar
equipamentos ativos no interior do datacenter, deslocando máquinas para áreas mais frias, ou
então para orientar a introdução de novos equipamentos, sempre visando ao melhor arranjo
de temperaturas. A Figura 2.9 mostra um outro exemplo, em que áreas muito quentes, ou hot
spots, surgem numa determinada região do datacenter, exigindo uma ação emergencial no
ambiente, para evitar o desligamento ou qualidade dos equipamentos ali localizados.

Figura 2.9 – Termográfico com áreas críticas de calor (hot spots)

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Além da gestão ambiental do datacenter para buscar a melhor situação de operação dos
equipamentos, pode-se incluir aqui também a gestão dos casos ambientais críticos, que são
os sinistros. Já indicamos a questão da inundação, mas também a possibilidade de incêndio
deve ser contemplada. Porém, para isso existem os dispositivos de detecção e combate a
incêndios especiais, sobre os quais há regulamentos no âmbito das agências locais (como
o corpo de bombeiros, por exemplo), e os sistemas DCIM limitam-se a cooperar com tais
equipamentos por meio da integração com dispositivos, e apenas no caráter da “visualização”
e monitoramento dos sinistros, sem interferir ou atuar sobre os mesmos.

Gestão da energia
Data Centers são grandes consumidores de energia e chegam a requerer de 10 a 15 kVA por
rack, dependendo do tipo de cada instalação e os equipamentos ativos que estão no rack
(FACCIONI, 2014). Ao mesmo tempo, o consumo dos equipamentos de ar-condicionado para
refrigeração do datacenter é equivalente ao consumo dos equipamentos que estão nos racks.
Ou seja, para um datacenter com 100 racks, por exemplo, o consumo total pode chegar a 3
MVA, o que equivale ao consumo de energia de um parque industrial.

Ainda de acordo com Faccioni (2014), aproximadamente 2% da energia mundial é consumida


por Data Centers, sendo que cerca de 90% dos datacenters do mundo foram construídos nos
últimos 24 meses. Sendo que os datacenters continuam crescendo num ritmo acelerado, numa
taxa de 35% ao ano, pode-se perceber que o consumo elétrico no setor é um assunto relevante
e preocupante. Como exemplo, no Brasil, em 2012, os datacenters consumiram 48% a mais de
energia do que no ano anterior, num total de cerca de 280 MW.

Ações visando à eficiência energética e menor consumo são emergenciais, e as plataformas


de gestão e monitoramento DCIM cumprem um papel relevante nesses casos, por suas
características de análise, previsão e atuação preventiva.

A principal métrica de eficiência energética utilizada em datacenters é denominada PUE


(Power Usage Effectiveness), a qual define a eficiência energética e a relação entre o consumo
total do datacenter e o consumo dos equipamentos de TI, ou seja:

A máxima eficiência, que se traduz por PUE = 1, dar-se-ia caso todo o consumo fosse apenas
dos equipamentos de tecnologia da informação (essa seria a eficiência ideal). Mas isso não é
possível, pois é necessário refrigerar o ambiente em que esses equipamentos estão em funcionamento
e gerando calor. Como exemplo, a média no Brasil para o PUE é de 2,5 a 3. Considerando diversas
técnicas de melhoria e o maior rendimento dos equipamentos de ar-condicionado, a média de PUE
tem se aproximado de patamares como 1,5 a 2, que podemos considerar bons. O DCIM

31
Universidade do Sul de Santa Catarina

tem sido uma ferramenta importantíssima nessa conquista, pois permite uma gestão em
tempo real da temperatura nos ambientes, possibilitando homogeneizar as temperaturas nos
ambientes, controlar pontos quentes, verificar a qualidade da energia nos quadros elétricos,
observar balanceamento de fases, entre outras ações. A Figura 2.10 ilustra a relação entre
as potências consumidas pelos diversos subsistemas do datacenter, e aquela consumida
exclusivamente pelos equipamentos de tecnologia da informação, o que determina o índice de
efetividade de uso de energia – PUE.

Figura 2.10 – Consumo de energia e o PUE do datacenter

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Outra métrica de eficiência utilizada é denominada DCiE (Data center Infrastructure Efficiency),
que é uma métrica inversa ao PUE, com resultado percentual, como se pode ver na fórmula:

Obviamente, a eficiência máxima, ou ideal, é de 100%, que ocorreria se o PUE fosse 1. No


entanto, a média no Brasil para o DCiE dos datacenters é de 33% a 40%, mas valores entre
50% e 67% são bastante viáveis de obter, especialmente com o apoio das plataformas DCIM,
como acabamos de descrever. O DCIM pode apoiar o gestor do datacenter no monitoramento
de todas a grandezas físicas presentes nele, especialmente energia e temperatura, permite
controlar o desligamento de equipamentos ociosos, planejar a criação de corredores quentes
e frios, pois sabe-se que cerca de 2/3 do ar refrigerado enviado ao datacenter não chega ao seu
destino, que é o equipamento de TI.

Com o DCIM, o gestor e sua equipe de manutenção podem progressivamente aumentar a


temperatura do ambiente, passando a operar cada vez mais próximo do limite superior, seja
pela visão da temperatura média no termográfico, seja ao mapear os pontos quentes. A
Figura 2.11 mostra interface de sistema DCIM em que as métricas PUE e DCiE apresentam
resultados em tempo real, a partir do valores da energia lidos a cada momento e calculados
para apresentação em tela.

32
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 2.11 – DCIM – Métricas PUE e DCiE na interface principal

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

A ferramenta DCIM pode ter uma visão em profundidade do sistema elétrico em


funcionamento no datacenter. A Figura 2.12 mostra o diagrama unifilar esquemático de
um datacenter com seus principais quadros. O diagrama pode ser aberto cada vez mais,
detalhando outros quadros, os circuitos alimentadores, e chegar até o nível de cada circuito
de rack, com todas as informações monitoradas. Além disso, pode simular riscos de
indisponibilidade com a simulação de impacto, ao se verificar qual o impacto para todo o
sistema, caso um dos quadros ou circuitos falhasse. Essa simulação de riscos é importante
não apenas para analisar pontos críticos ou de falha, mas também para apoiar as equipes de
manutenção quando é necessária a parada programada.

Figura 2.12 – Diagrama unifilar do DC com os principais quadros elétricos

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Avançando na utilização do DCIM para analisar a energia, pode-se por exemplo clicar no
quadro QGDC do diagrama da Figura 2.12, e então podem-se ver os detalhes das medições
do quadro, tais como dispositivos ligados aos circuitos, status de cada equipamento, tensão,
corrente, potência, balanceamento das fases, como apresentado na Figura 2.13. Para
cada quadro é possível incluir limiares para alarme (ver linha vermelha no gráfico), imprimir
relatórios etc.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 2.13 – DCIM – Detalhes de monitoramento de quadro elétrico

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Além de todos os quadros e circuitos elétricos do datacenter, o sistema DCIM deve integrar
as informações dos equipamentos elétricos associados, como os geradores, transformadores,
subestação, chaves gerais e os no-breaks (UPS).

Os equipamentos ativos do datacenter (servidores, switches etc.) são alimentados pela energia
vinda dos no-breaks, portanto, é indiferente para eles se os no-breaks estão alimentados por
geradores, pela energia da concessionária, ou se não há energia externa naquele momento
(e nesse caso o que sustenta os no-breaks são os bancos de baterias). Como todos esses
equipamentos são integrados ao DCIM e lhe fornecem informações, a leitura e análise passa a
ser fundamental para uma visão de gestão total do datacenter. A Figura 2.14 apresenta gráfico
com detalhes de tensão de entrada e saída do no-break, o que permite, inclusive, analisar a
existência de energia alimentando o no-break.

Figura 2.14 – DCIM – Detalhes de tensão de entrada e saída de no-break.

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Para o mesmo no-break da Figura 2.14, o sistema DCIM permite verificar outras grandezas,
como a potência fornecida pelo no-break às cargas (ver figura 2.15). Pelo gráfico se verifica

34
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

que há um desbalanceamento das cargas, pois a Fase A está atendendo o dobro das cargas
quando comparado com a Fase C. Com isso, há perdas no no-break. Outros detalhes ainda
podem ser obtidos, como a corrente, a frequência e a capacidade do banco de baterias. A
informação sobre a capacidade do banco de baterias é essencial para se avaliar o tempo
disponível de atendimento aos equipamentos de TI, em caso de perda da energia externa,
tanto de concessionária como do grupo gerador. Há muitos casos conhecidos dessa
sequência de problemas, agravada com a falta de combustível para o motor do grupo gerador.
Esse não é um exemplo da literatura, é um exemplo real e ocorre muitas vezes.

Figura 2.15 – DCIM – Detalhes de potência de no-break trifásico

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Gestão da segurança física


A importância da segurança física do datacenter, no que respeita ao acesso de usuários para
manutenção, operação ou serviços diversos, ocorre pelo fato de que a maioria dos problemas
de indisponibilidade dá-se por falhas humanas. Essas falhas acontecem por uso indevido
de equipamentos, por falta de treinamento ou conhecimento para operar ambientes críticos,
desconhecimento dos itens críticos da operação, entre diversas outras causas. Há também
riscos de sabotagem ou uso mal intencionado.

Para prevenir essas possibilidades, o gestor do datacenter pode, e deve, comandar o acesso
às dependências do datacenter, bem como visualizar o que ocorre no seu interior. Para isso os
subsistemas de controle de acesso e circuito fechado de televisão – CFTV – são essenciais.
E tais subsistemas podem estar submetidos à gestão completa feita pelo DCIM, de tal forma
que sua integração com outras análises, como a ambiental e da energia, podem otimizar o
próprio processo de gestão.

Os sistemas de controle de acesso integrados ao DCIM permitem a organização, por parte do


gestor, dos melhores períodos de entrada e saída das equipes, sejam elas de manutenção ou
de operação. Também permitem um óbvio controle de segurança.

A Figura 2.16 mostra uma típica tela de cadastro de usuários para controle de acesso em um
sistema DCIM. Os diversos usuários são cadastrados e o gestor pode abrir acessos conforme
suas políticas, como por exemplo, ambientes em que o usuário pode atuar, janelas de
horários, e rotas internas no datacenter.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 2.16 – DCIM – Cadastro de controle de acesso

Fonte: Elaboração do autor, 2016.


Além de fazer a gestão dos acessos dos usuários, o sistema DCIM permite um controle visual
do que ocorre no datacenter, por meio de câmeras distribuídas nos diversos ambientes. Essas
câmeras, integradas com as análises gerais do DCIM, podem, inclusive, funcionar como
alarmes em momentos de eventos, abrindo janelas para os locais em que ocorrem sinistros
ou algo parecido, como por exemplo, mostrar o acesso de indivíduos no interior das áreas
críticas.

A Figura 2.17 associa uma visão tridimensional do datacenter às câmeras do local. Ao


associar o controle de acesso às áreas críticas, as câmeras podem manter a vigilância
sobre os acessos e espaços de trabalho, facilitando assim o controle geral da segurança.
Pode também servir de apoio remoto quando equipes de manutenção estão em atividade e
necessitam de cooperação de especialistas remotos. Esses especialistas podem acompanhar
a movimentação e operação, colaborando com sua expertise para as atividades dos técnicos
em campo.

Figura 2.17 – DCIM – Circuito fechado de TV – CFVT – associado a controle de acesso

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Gestão de ativos e espaços


Um dos processos mais importantes no datacenter se refere à gestão dos ativos e dos
espaços internos. A gestão física desses ativos, independente da gestão no nível virtual e das
soluções de TI, tem impacto direto na infraestrutura do datacenter e no melhor aproveitamento
dos espaços internos, pois os espaços do datacenter são de altíssimo custo e precisam ser
aproveitados integralmente.

A gestão física dos ativos diz respeito aos aspectos do controle de entrada e saída de
equipamentos, da qualidade funcional desses equipamentos, da sua localização no interior
do datacenter, de sua localização no interior do rack, de sua alimentação elétrica e de sua
conexão de dados, bem como todos os processos de movimentação, inclusão ou troca dos
equipamentos (MAC – Move/Add/Change).

Gestores se preocupam com a ocupação dos racks, e um dos melhores modelos para isso é
denominado “elevação do rack”, ou “bayface”. Trata-se da visão frontal do rack com todos os
equipamentos em seu interior, distribuídos nas unidades de altura do rack, ou “U” (que define
uma medida típica de altura dos equipamentos, sendo que U = 1,75 polegadas, ou U = 44,45
mm). Outras preocupações são o controle do patrimônio, registro das ordens de serviços,
entre outros.

Nas figuras seguintes podemos verificar algumas das principais funções de um sistema de
gestão de ativos. A Figura 2.18 mostra uma visão ilustrativa de datacenter com dois racks. A
gestão de ativos permite que o usuário selecione o rack para verificar suas características, ou
apenas mover-se no ambiente para detectar todos os componentes exibidos, conforme barra
de menu à esquerda.

Figura 2.18 – Gestão de ativos – visão tridimensional de ambiente e racks

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Ao selecionar um rack a gestão de ativos apresenta os detalhes das características do rack,


como se vê na Figura 2.19. À esquerda há uma visão do rack, que pode ser manuseado
nas três dimensões. No quadro superior vê-se a ocupação do rack e sua disponibilidade
de espaços (número de U´s ocupados conforme o tipo de equipamento), bem como

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Universidade do Sul de Santa Catarina

disponibilidade de energia, considerando a carga estimada dos equipamentos já instalados e a


potência disponível para o rack. Além disso, há o monitoramento da temperatura no interior do
rack, consumo do período, e potência em uso. Outros detalhes e especificações do rack são
colocados no quadro inferior.

Figura 2.19 – Gestão de ativos – características do rack

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Quando o usuário clica sobre o rack surge uma vista interior, que pode ser manuseada para
se ter uma visão geral (elevação do rack) e também para selecionar um dos equipamentos.
No exemplo da Figura 2.20 vemos um equipamento da Dell, e na aba “Detalhes” temos seu
código, nome, modelo, entre outras características.

Figura 2.20 – Gestão de ativos – características de equipamento

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

38
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Continuando com o ativo selecionado, pode-se analisar suas conexões de dados, com todo
o relatório de conectividade até o switch, passando pelo cabeamento, patch panel e todas as
conexões registradas, e também toda a conexão elétrica, com o caminho dos circuitos até o
quadro que o atende (ver Figura 2.21), e isso permite uma gestão completa do equipamento
ativo.

Figura 2.21 – Gestão de ativos – detalhes de conectividade elétrica de equipamento.

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Ainda acompanhando o consumo geral do rack, pode-se verificar em tempo real várias das
suas condições, como por exemplo gráficos de consumo de energia em diferentes períodos
de tempo, temperatura, umidade, controle de acesso, e com tal monitoramento o gestor
pode avaliar seu melhor uso de condições para inserir, ou retirar, equipamentos, aprimorando
a gestão do datacenter em seu todo. A Figura 2.22 mostra a tela do DCIM com gráfico de
potência aparente, consumida pelos equipamentos do rack 2AJ. Outras leituras são as de
potência real, tensão e corrente, itens essenciais para a gestão do rack e avaliar introdução de
equipamentos, por exemplo.

Figura 2.22 – Gestão de ativos – consumo elétrico do conjunto do rack

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A inclusão de um equipamento pode ser simulada com o sistema de gestão de ativos. Na


Figura 2.23 vemos a elevação do rack “2AJ” com todos os equipamentos instalados e as
unidades “U” disponíveis. No exemplo, um equipamento (“Saturno”) é selecionado e arrastado
até o rack para uma das posições livres. O sistema calcula a ocupação do rack e a potência
disponível para aceitar o novo equipamento. Se a simulação trouxer resultado positivo e o
gestor quiser realizar a inclusão, pode então agendar a atividade para a equipe de operações
(ver botão “Agendar Workflow”)

Figura 2.23 – Gestão de ativos – inclusão de equipamento ativo em rack

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Outra opção é a de mover um equipamento dentro do datacenter, transferindo de um rack


para outro. Isso pode ser necessário para um melhor balanceamento de energia ou para
o balanceamento de temperaturas no interior do datacenter. A Figura 2.24 ilustra essa
opção, apresentando dois racks e seus espaços disponíveis, permitindo ao gestor arrastar
equipamentos entre os dois racks, e então decidir no simulador sua melhor oppção, gerando
uma ordem de serviço (Agendar Worflow) para a área de manutenção e operações.

Figura 2.24 – Gestão de ativos – consumo elétrico do conjunto do rack

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

40
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Integração de sistemas
Além de todos os sensores e coletores de dados introduzidos no datacenter como partes e
componentes do sistema DCIM, a integração com equipamentos diversos, que compõem
a própria infraestrutura do datacenter, é essencial para garantir o melhor conjunto de
informações, simulações e análises de comportamento de todo o conjunto.

Os grupos geradores de energia elétrica, os no-breaks (UPS), os equipamentos de ar


condicionado e refrigeração, sistemas de detecção e combate a incêndio, supervisórios
e sistema de automação predial, chaves de transferência automática, disjuntores etc.,
são elementos com leitura de informações importantes para a gestão. Normalmente, tais
elementos dispõem de placas de comunicação, a quais permitem fornecer informações
cruciais para o DCIM.

Para a integração do DCIM com esses equipamentos há diversos protocolos de comunicação,


sendo que os mais comuns são o protocolo SNMP, Modbus TCP/IP, BacNet, DeviceNet,
Profibus, RS232, entre outros.

41
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Capítulo 3

Implantação de sistema de gestão da


infraestrutura

Implantar um sistema de gestão da infraestrutura de datacenters não é uma tarefa simples.


Apesar de ser uma plataforma de software e hardware específica para datacenters, sua
implantação requer inúmeras customizações e adequações a ambientes muito variáveis.
Os projetos dos datacenters, apesar das normas técnicas, não são padronizados em suas
dimensões e equipamentos, e isso requer do projetista e do integrador responsável pelo
DCIM uma visão abrangente do sistema. Será preciso um projeto específico de instalações,
configurações customizadas, e diversas integrações feitas em campo.

Os datacenters, em si, variam de dimensões e características construtivas. Podem ser


construídos exclusivamente para essa finalidade, ou podem ser reformas ou adaptações em
edifícios já construídos. Podem também ser contêineres, salas lacradas, cofres, entre diversas
outras configurações. Os equipamentos de infraestrutura são de variados fabricantes e com
os mais diversos tipos de protocolos de comunicação. São essas as condições que o DCIM
encontrará e nas quais deverá desempenhar seu papel.

Sistema multisites e multiambientes


Entre as características dos datacenters está sua configuração física, ou seja, pode ser
composto de um ou vários ambientes. Além disso, pode ser distribuído em sites diferentes,
com diversas localizações geográficas, nesse caso, visando à segurança física, back-up e
redundância de dados. Essas duas características, multisite e multiambiente, definem um
modelo especial de gestão, que os sistemas DCIM devem atender.

Considerando essas características, são atribuições fundamentais de um DCIM atender, num


único sistema e interface, múltiplos sites de datacenter (multisites) e múltiplos ambientes de
cada site (multiambientes). Ou seja, numa única visão, o gestor do conjunto de datacenters
deve escolher qual irá analisar e monitorar. No datacenter escolhido, definirá o ambiente a
monitorar, como por exemplo, a sala de servidores, ou sala de no-breaks, e assim por diante.
E mesmo ao monitorar um determinado ambiente de um determinado datacenter, o DCIM
deve continuar seu trabalho contínuo de monitoramento de todo o conjunto, de tal forma que,
ao ocorrer um evento num outro ambiente qualquer, irá gerar os alarmes e avisos necessários.

A Figura 3.1 ilustra o monitoramento de ambiente numa visão tridimensional, com todos os
sensores, dispositivos e equipamentos instalados num site. O monitoramento do ambiente
é uma tarefa contínua, em geral, feita por equipes de manutenção ou de suporte, em regime
de tempo integral, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Esse tipo de serviço faz parte dos
processos de implantação e operação da plataforma DCIM, conhecido no mercado como
serviço do centro de operações da rede, ou NOC – Network Operation Center.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 3.1 – Monitoramento de datacenter em visão 3D 4

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

O serviço do centro de operações da rede, também chamado de serviço de operação


assistida em regime 24x7 (vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana), irá apoiar a
equipe de manutenção do datacenter, e tem as seguintes características mínimas:

•• Monitoramento on-line 24x7, com visualização das principais métricas e


ambiente tridimensional;
•• Visualização de gráficos térmicos – termográficos – para apoiar a equipe de
manutenção no acompanhamento ambiental;
•• Serviço de Help Desk para receber e registrar chamados da equipe de
manutenção, com retorno do andamento de soluções;
•• Gerenciamento de eventos/alertas e notificações com acionamento da
manutenção para solução de problemas;
•• Emissão de relatórios mensais com gráficos e lista de notificações, alertas,
alarmes, e ações tomadas;
•• Gestão de dispositivos de fabricantes diversos, que estão presentes no Data
Center e são integrados à plataforma DCIM.

4.  A Figura 3.1 refere-se a material de divulgação do sistema Datafaz DCIM/Specto, cedido pelo autor.

44
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Instalações e comissionamento
A instalação de uma plataforma DCIM passa basicamente por três etapas, conforme ilustrado
na Figura 3.2:

•• Etapa do Projeto;
•• Etapa da Construção;
•• Etapa da Operação.
A primeira etapa é a do projeto, fase em que é feito o planejamento da instalação do sistema,
de acordo com os projetos básico e executivo do datacenter. É um momento documental, em
que são analisados os requisitos do cliente, quais módulos serão implantados e configurados,
quais os equipamentos e fabricantes envolvidos, detalhes construtivos do ambiente, e demais
informações sobre a estrutura geral do cliente e seu datacenter.

Figura 3.2 – Etapas da implantação de sistema DCIM

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

A segunda etapa é a da construção em si. O DCIM é instalado durante o próprio processo de


construção do datacenter (ou na sua reforma, conforme o caso). Nessa etapa, são instalados
os dispositivos, são feitos os testes dos equipamentos e das integrações do DCIM com os
diversos equipamentos presentes no datacenter, e é realizado então o início da operação,
chamado de start-up. Dessa etapa, resultam vários documentos e registros importantes para
o sistema, como relatórios de testes, desenho, diagramas, memoriais etc., que devem ser
mantidos para permitir a manutenção e a evolução da plataforma.

A terceira etapa da implantação é a operação em si do sistema DCIM. Esse processo é


contínuo e será o período de monitoramento e gestão do datacenter, e também um período de
contínuas melhorias do sistema instalado a partir da experiência do usuário.

Na etapa da construção há vários aspectos a considerar, do ponto de vista da instalação


dos dispositivos. Geralmente, os dispositivos de sensoriamento são interligados por redes
de cabeamento, ou por redes sem fio. As redes sem fio podem ter vários problemas no

45
Universidade do Sul de Santa Catarina

interior de um datacenter, por causa das salas com revestimentos metálicos e que podem
criar dificuldades para a transmissão de sinais. Isso deve ser tratado com especial cuidado.
Já a interligação com redes de cabeamento estruturado é mais comum. Utiliza cabeamento
categoria 6 ou superior, o qual deverá ser submetido aos testes de desempenho de todo
o cabeamento metálico (certificação), comprovando a sua conformidade com norma NBR
14565:2013 e normas internacionais aplicáveis.

Tendo todos os dispositivos instalados, há uma fase de configuração e integração com


equipamentos, com o software DCIM devidamente configurado para a ambientação do
datacenter, de acordo com layouts, estudos, projetos e diagramas desenvolvidos na etapa do
projeto.

Ao final da implantação é necessário um projeto as built (como construído) do encaminhamento


dos cabos, das características da instalação, identificação dos dispositivos, posição de
todos os sensores e dispositivos da plataforma DCIM, tais como sensores de umidade,
de temperatura, de fumaça, de inundação, medidores de energia, câmeras de CFTV,
controladoras, racks, equipamentos de ar condicionado, no-breaks, geradores e outros
equipamentos integrados ao sistema.

Para que a plataforma funcione adequadamente é fundamental um treinamento dos técnicos


que vão operar e usar o DCIM. Esse treinamento deve ser realizado antes do início da
operação normal do datacenter, e adequado à perfeita preparação dos técnicos encarregados
da operação do sistema, utilizando-se de recursos instrucionais dos equipamentos, com a
definição e implantação de programa de manutenção preventiva e corretiva. Em paralelo com
o treinamento, e se possível em conjunto com os técnicos que vão ser usuários do DCIM, há o
processo fundamental do comissionamento das instalações do sistema.

Comissionamento das instalações do sistema DCIM e do datacenter


Comissionamento é o nome que se dá aos processos de documentação e validação dos
resultados desejados no projeto e construção do datacenter e de seu sistema DCIM. A origem
desses processos se deu a partir de procedimentos de diversos fabricantes de datacenters,
cuja prática se consolidou nos últimos 10 a 15 anos (FACCIONI, 2014). Quando um fabricante
ou fornecedor completa a instalação de seu subsistema, faz a certificação e o certificado
comprova que o subsistema está instalado e é operacional.

O comissionamento é um processo de qualidade, para assegurar de forma sistemática que todo


o trabalho de projeto e construção vai assegurar as expectativas e requisitos do cliente, sendo
geralmente abreviado como “Cx”. Mais do que uma norma, é um conceito de melhores práticas
do mercado, é um programa de qualidade para assegurar que o processo de implantação traga os
resultados esperados no contrato. Tanto pode ser aplicado a sistemas novos como em reformas
de datacenter. Deve ser feito de forma integrada, considerando tanto individualmente cada
subsistema, como o conjunto todo em funcionamento, como se vê na Figura 3.3.

46
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 3.3 – Comissionamento integrado e apoiado pelo de sistema DCIM.

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

A importância do comissionamento se dá porque os subsistemas da plataforma DCIM são


altamente interativos, os sistemas de controle são sensíveis e sofisticados, e pequenos
problemas podem ter enormes consequências. Para que o conjunto seja de qualidade
é preciso que o projeto e a instalação sejam bem feitos, que os equipamentos sejam de
qualidade, a equipe bem treinada, e a operação seja de qualidade. Por esse motivo todo o
conjunto precisa ser comissionado.

Como principais benefícios do Comissionamento temos a economia na construção, melhoria


na coordenação das equipes de projeto, construção e ocupação/operação, menos problemas
de restauro e de reparos, eficiência energética e melhoria na qualidade ambiental. Além disso,
espera-se maior tempo de disponibilidade dos datacenters, redução de custos periódicos
(maior ciclo de vida), equipe de manutenção melhor informada e documentada, e menor
tempo de ROI (Return on Investment).

O DCIM, além de necessitar de um processo de comissionamento para sua própria instalação,


é também um sistema útil para o conjunto de comissionamento do datacenter. Como sistema
especializado em datacenters, permite:

•• manter toda a documentação do comissionamento;


•• realizar verificação constante das premissas de qualidade;
•• mantém o datacenter em funcionamento de acordo com as premissas
originalmente projetadas.
A documentação básica de um comissionamento compreende os seguintes itens, que devem
ser armazenados na plataforma DCIM:

•• Documentos de projeto do datacenter;


•• Documentos de equipamentos (manuais, apostilas, especificações etc.);
•• As-built das instalações;

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Universidade do Sul de Santa Catarina

•• Gerenciamento dos sistemas de detecção de incêndio;


•• Resultados de testes;
•• Documentos de garantias (equipamentos e serviços);
•• Contratos com provedores de serviços;
•• Relatórios diversos e check-lists de instalação (ver Figura 3.4);
•• Procedimentos de controle e mudanças;
•• Programas de treinamento de operação de sistemas críticos;
•• Procedimentos escritos para respostas a incidentes;
•• Procedimentos para armazenagem de registros.

Figura 3.4 – Modelo Típico de Check-list de comissionamento

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Eficiência energética
Durante a etapa da operação do datacenter, uma das principais preocupações dos gestores é
a eficiência energética. Data center são grandes consumidores de energia, como já se tratou
anteriormente.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

O uso de sistemas de monitoramento e gestão automatizada – DCIM – podem otimizar


radicalmente a eficiência energética. Mas como? Basicamente atacando os seguintes tópicos:

•• Apoiando na gestão on-line do consumo de energia elétrica;


•• Simulando e dando suporte na distribuição das temperaturas no interior do
datacenter;
•• Realizando o controle da iluminação;
•• Fazendo a gestão dos ativos nos racks, com isso evitando perdas;
•• Monitorando em tempo real a métrica PUE (AVELAR, 2011).
Os impactos de consumo elétrico em datacenter se dão em três áreas tecnológicas:

•• Tipo e qualidade dos equipamentos especificados no datacenter;


•• Projeto e instalação do datacenter, que interferem posteriormente no consumo
elétrico;
•• Operação e manutenção contínua do datacenter, em que o DCIM pode
efetivamente contribuir, ajustar e aprimorar a eficiência energética (ver Figura
3.5).

Figura 3.5 – Impactos na eficiência energética - tecnologias

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Na eficiência energética os equipamentos têm impacto de acordo com a qualidade de cada


um. Há equipamentos com maior ou menor eficiência, e os equipamentos de ar-condicionado
são os de maior importância no datacenter. Porém, há também importância na eficiência de
transformadores e nos no-breaks, e com menor impacto na iluminação.

Já o projeto do datacenter define parâmetros e concepções para a sua futura implantação.


O projeto prevê integração efetiva de todos os seus componentes e a implantação prevê
instalações visando à facilidade de uso e de manutenção.

Por fim, a operação e a manutenção definem o consumo diário de energia. Erros de operação
incidem em altos custos de energia. Manutenção deficiente induz a uma operação que busca
limites desnecessários.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Na fase da operação e manutenção, o DCIM ajuda a reduzir o custo energético, apresentando


informações integradas. Por exemplo, a relação entre temperatura do ambiente e a energia
consumida são fundamentais. Se o gestor do datacenter controlar o ambiente para manter
um nível de temperatura médio mais alto, será necessário menor esforço de refrigeração.
Estudos indicam que pode haver 3% de redução de consumo de energia elétrica para cada
aumento de 1°C na temperatura média de operação do datacenter (ou seja, ar-condicionado
trabalhando num “set point” mais alto) (Faccioni, 2014).

O diagrama esquemático da Figura 3.6 mostra o DCIM dividido sob dois aspectos: o do
monitoramento e o da gestão. O monitoramento em tempo real das grandezas do datacenter
alimenta os processamentos do software para análises e relatórios de gestão, fundamentais
para a eficiência energética.

Figura 3.6 – Diagrama esquemático de sistema DCIM

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Na Figura 3.7 vemos exemplo de fluxo de atividades do DCIM, voltados para a eficiência
energética. Na fase da captura de dados atuam os sensores e também há alimentação de
informações a partir da integração com equipamentos, como por exemplo, o ar-condicionado.
Depois vem a fase do monitoramento em si, em que o DCIM apresenta gráficos, relatórios
em tela, alarmes e visualizações do ambiente. Com isso, chega a fase da análise de dados,
em que o DCIM faz o processamento de inteligência das informações, criando linhas de
tendências, simulações, diagnósticos. Esses, quando voltados à eficiência energética,
permitem a chegada à fase da tomada de decisão. Na fase da ação ocorrem as rotinas de
manutenção, ordens de serviço para correção ou melhoria, e o ambiente de gestão é então
aprimorado continuamente. Nesse conjunto de fases está todo o processo de gestão para a
eficiência energética do datacenter.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 3.7 – Fluxo de atividades no sistema DCIM

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Capítulo 4

Método de escolha de sistemas de gestão


da infraestrutura

Um dos maiores problemas que um gestor de tecnologia enfrenta ao buscar uma nova
ferramenta, é saber se as ofertas do mercado vão, ou não, atender suas demandas. Esse
problema tende a aumentar, e muito, quando se trata de tecnologia inovadora ou disruptiva,
em que não há parâmetros de mercado ou experiências que possam balizar sua escolha.
Sistemas DCIM, de gestão da infraestrutura de datacenters, encontram-se justamente nessa
situação, e isso tem dificultado a sua difusão nos mercados mundiais, e em especial no Brasil,
onde ainda há, infelizmente, uma cultura de baixa inovação e pouco pioneirismo.

Buscando criar uma metodologia de análise de sistemas DCIM, um projeto de pesquisa foi
desenvolvido e teve como resultado o artigo Data Center Infrastructure Management and
Automation Systems: an Evaluation Method (FACCIONI e FRANCO NETO, 2012), o qual foi
apresentado e discutido no congresso técnico ISCA CAINE, New Orleans, USA, em novembro
de 2012. Essa metodologia define parâmetros de análise, parâmetros esses que podem
ser ajustados pelo usuário do método, para adequar às suas necessidades e às do seu
datacenter. Neste capítulo, vamos apresentar a metodologia e discutir um estudo de caso.

Metodologia de análise e escolha de sistema DCIM


Partimos do conceito de que o objetivo principal de um sistema DCIM é permitir que os
gestores possam obter informações em tempo real do datacenter, saber sobre os recursos em
uso, verificar os pontos críticos a monitorar, e esses gestores serão então capazes de realizar
ações sobre os componentes de infraestrutura do datacenter, realizar simulações voltadas à
melhoria da operação, e acima de tudo analisar e planejar mudanças apropriadas conforme
necessidades e demandas.

Com a utilização de uma plataforma DCIM no datacenter, a gestão de recursos é otimizada, o


desempenho de dispositivos é melhorado, há economia de energia, os custos operacionais são
reduzidos e os passos futuros de crescimento podem ser mensurados. Como vimos, há três
palavras-chave para definir os objetivos do DCIM e por que ele é tão necessário: disponibilidade,
gestão e economia.

53
Universidade do Sul de Santa Catarina

Há uma série de parâmetros para monitorar e gerenciar dentro do ambiente de um datacenter.


Destacam-se parâmetros como:

•• temperatura, umidade e fumaça (dentro das salas, racks e painéis de energia),


e vazamentos de líquidos (sob o piso elevado, abaixo dos equipamentos como
aparelhos de ar-condicionado, sistemas de alimentação ininterrupta, geradores
e outros).
•• energia elétrica: a ser verificado nas principais unidades de distribuição de
energia, circuitos e cargas.
•• uso de espaço físico do datacenter: como distribuir gabinetes e dispositivos
sobre o piso elevado, e, especialmente, os servidores e outros equipamentos
dentro dos racks / armários (bayface dos racks).
•• sistemas de segurança: necessitam de controle de acesso para as portas
principais de entradas, e também para cada rack. Imagens de circuito fechado
de televisão (CFTV) irão aumentar a segurança associada à plataforma DCIM.
Ferramentas analíticas e simuladores são características importantes dos sistemas DCIM.
Essas ferramentas são, na verdade, um conjunto de ferramentas diferentes que devem ser
apresentadas em uma interface única, visando à ergonomia e facilidade de uso. As principais
ferramentas a serem citadas são:

•• gráficos e diagramas que mostram dados em tempo real, relatórios, planilhas,


plantas bidimensionais e tridimensionais (2D, 3D) de todos os ambientes do
datacenter, onde os gerentes de TI podem ver o que está acontecendo, ou
simplesmente interfaces com informações importantes para manter o controle
visual. Por outro lado, as ferramentas de simulação vão ajudar os gestores
apresentando uma visão futura, ajudá-los na criação de novos ambientes.
Podemos citar como exemplo dessas ferramentas os simuladores de locação
de ativos, simuladores de localização e vistas de racks, termográficos (em
escalas de cores 2D ou 3D), diagramas elétricos com botões sinóticos,
relatórios mostrando os eventos históricos e as tendências, ferramentas
inteligentes para o envio de avisos e alarmes, quando os parâmetros atingirem
seus limites.
Ferramentais que proporcionam a eficiência energética e a redução de custos completam
o conjunto mínimo de ferramentas que estão presentes em uma plataforma DCIM. Tais
ferramentas controlam o consumo de energia de cada dispositivo e circuito. Elas podem
monitorar e operar cargas, gerir o equilíbrio nas fases dos circuitos e também promover
mudanças, se necessário. Tendo essas medidas em mãos, os gestores podem decidir, por
exemplo, sobre qual a melhor localização para um dispositivo com base no consumo em cada
rack ou geração de calor em certas áreas do datacenter.

Plataformas DCIM não têm ainda, no mercado, um modelo de avaliação para verificar suas
qualidades e quão extensas são suas capacidades. Alguns institutos de pesquisa estão
tentando preencher essa lacuna criando frameworks de avaliação de DCIM [BRODERICK,
2012.]. Com certeza, tais frameworks são válidos e bons para a escolha do produto, mas
como eles são focados no apelo comercial, não podem assegurar capacidades técnicas ou o
nível de desenvolvimento e de qualidade de cada plataforma.

54
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Há diversos padrões e modelos de qualidade com diretrizes para avaliar processos e


produtos, como a ISO/IEC 15504 [ISO/IEC 15504, 2006] e CMMI (Capability Maturity Model
Integration) [CMMI]. Cada um deles apresenta modelos de avaliação, sejam analíticos ou com
base nas melhores práticas.

Um novo método, denominado DCIM Evaluation Method foi desenvolvido por Faccioni
e Franco Neto (2012), ele é baseado em diretrizes e em requisitos de infraestrutura de
datacenter. O Quadro 4.1 apresenta os requisitos adotados neste novo Método de Avaliação
DCIM.

Quadro 4.1 – Requisitos de Infraestrutura do Data Center

Requisitos

1 – Disponibilidade
2 – Eficiência Energética
3 – Infraestrutura de baixo custo
4 – Segurança
5 – Monitoramento
Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Levando em conta os requisitos do Quadro 4.1 e o tema da avaliação de qualidade, o método


proposto considera critérios de avaliação divididos em cinco eixos, abrangendo aspectos de
todas as áreas que uma plataforma DCIM deve suportar:

3. O Critério de Dados está relacionado com a coleta e armazenagem de


informações do datacenter, visto como um todo, ou seja, cobre todos os
aspectos de sensoriamento e de como as informações coletadas serão
mantidas pelo DCIM para suas constantes análises, relatórios e simulações.

4. O Critério de Automação considera como o DCIM interage com todos os


subsistemas de um datacenter, tanto em termos de controles automáticos,
como também na sua comunicação e integração com softwares legados, caso
existam.

5. O Critério de Diagnóstico considera a capacidade do DCIM para analisar e


criar diagnósticos em tempo real, ou seja, sua capacidade de processar as
informações e entregar resultados úteis para os gestores do datacenter.

6. O Critério de Interface define a maneira com que o DCIM irá mostrar


aos usuários as informações do datacenter, resultados de diagnósticos e
ferramentas para atuação, ou seja, modelos de apresentação em forma de
botões, formulários, relatórios, gráficos etc., visando à agilidade e facilidade na
operação.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

7. O Critério de Gestão considera a capacidade do DCIM relacionada ao


planejamento, simulação e inteligência, ajudando o gestor nas atividades do
dia a dia, planejamento e gestão futura do datacenter.

A avaliação de cada critério será definida por tabelas com vários tópicos, que constituem
suas características específicas. Para cada tópico, o modelo proposto considera três níveis de
qualidade, como apresentado no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 – Nível de qualidade

Nível (ri ) Descrição


0 Não atende o requisito

1 Atende parcialmente o requisito

2 Atende o requisito

Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Cada critério de qualidade do DCIM é definido pela média de todos os tópicos, de acordo com
a equação (1), em que n define o número de tópicos do Critério, li é o peso do requisito, e ri é o
seu nível de qualidade.

(1)
Cada critério tem tópicos de requisitos definidos para cada característica, que são detalhados
em formulários específicos, como mostrado abaixo nas Tabelas I a V. É importante notar que
esses tópicos de requisitos são apenas uma proposta dos autores, e não esgotam todas as
possibilidades de avaliação. O avanço das tecnologias, bem como demandas dos gestores,
será importante para detalhar e aprofundar tais requisitos. Novas exigências e características
podem ser definidas e inseridas ao método, tornando possível melhorar os resultados da
avaliação.

1 - Critério de Dados

O foco deste critério é a avaliação de como o DCIM coleta e armazena informações da


infraestrutura do datacenter. Além disso, analisa a abrangência qualitativa e quantitativa do
monitoramento.

56
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

A Tabela I - Requisitos de avaliação do Critério de Dados: mostra os critérios de


avaliação em diferentes tópicos e seus subtópicos (itens). O avaliador preenche a tabela para
cada ferramenta DCIM em análise, anotando se: não atende o item (Nível (ri ) = 0), atende
parcialmente (Nível (ri ) = 1) ou atende integralmente (Nível (ri ) = 2). A metodologia permite
ainda atribuir peso para cada item – Peso (li ), e com isso calcular, para o critério, seu índice m
conforme a equação (1).

1 - Critério de Dados Nível (ri ) Peso (li )


0 1 2

1 Monitoramento de dados ambientais


1.1 DCIM coleta e armazena as grandezas elétricas
1.2 DCIM coleta e armazena dados de umidade relativa
do ar
1.3 DCIM coleta e armazena dados de temperatura
1.4 DCIM detecta e armazena dados sobre partículas
de fumaça
1.5 DCIM detecta e armazena fluxo de fluidos
1.6 DCIM detecta e armazena dados de inundação/
vazamentos (detecção de líquidos)
1.7 DCIM coleta e armazena imagens do CFTV
1.8 DCIM registra e armazena as informações e localizações dos
ativos do datacenter
1.9 DCIM coleta e armazena os eventos de acessos ocorridos no
datacenter

2 Abrangência do monitoramento
2.1 DCIM monitora cada unidade de rack/ armário
2.2 DCIM monitora todos os ambientes do datacenter
2.3 DCIM faz monitoramento em tempo real (on-line)

3 Intervalo entre coleta de dados


3.1 Fração de segundos
3.2 Fração de minutos
3.3 Fração de horas

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2 - Critério de Automação

Critério de automação considera como o DCIM se relaciona com os vários subsistemas


presentes no datacenter, tais como sistemas de segurança, sistema de energia, refrigeração,
entre outros. Nesse critério, também são avaliados requisitos de controle e interação entre
subsistemas, e integração com o software legado, caso exista.

A Tabela II - Requisitos de Avaliação do Critério Automação: mostra os critérios de


avaliação da automação e os requisitos em seus tópicos.

2 - Critério de Automação Nível (ri ) Peso


(li )
0 1 2
1 Integração com os subsistemas
1.1 A automação integra o sistema de monitoramento,
ferramentas de alertas, sistema de controle de acesso
e CFTV.
1.2 Os controles de acesso (ambiente e racks) são
integrados ao sistema de CFTV.
2 Plataformas heterogêneas
2.1 Plataformas de hardware heterogêneas são integradas
em um único console.
2.2 Hardware permite utilizar diferentes protocolos (Modbus, BacNet,
CAN, SNMP), que podem ser integrados ao DCIM.

3 Limites
3.1 Limites podem ser configurados para alarmes
preditivos e avisos.
3.2 Limites diferentes para diferentes dispositivos podem
ser configurados para alarmes preditivos /avisos,
sobre a mesma plataforma.
4 Controle
4.1 O DCIM é capaz de integrar em uma só malha
de controle todos os subsistemas existentes no
datacenter.
5 Atuação
5.1 Em caso de alarmes preditivos, o DCIM é capaz de
acionar mecanismos de contingência, atuando no
ambiente.
5.2 DCIM controla e opera dispositivos heterogêneos,
indiferente da sua plataforma de fabricação.

58
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

3 - Critério de Diagnóstico

O objetivo deste critério é a avaliação da capacidade de diagnóstico do sistema DCIM,


considerando, por exemplo, a análise de pontos de risco ou falhas, áreas críticas dentro de um
datacenter, e como gerenciar esse conjunto.

A Tabela III - Requisitos de avaliação do Critério de Diagnóstico: mostra os requisitos de


diagnóstico e formas de avaliação dos tópicos.

3 - Critério de Diagnóstico Nível (ri ) Peso


(li )
0 1 2
1 Gestão de falhas
1.1 DCIM apresenta os eventos de monitoramento e de
falhas em tempo real.
2 Gestão da infraestrutura do ambiente.
2.1 DCIM possibilita gestão dos ativos, apresentando
conectividades e relacionamentos entre ativos.
3 Análise do Ambiente
3.1 DCIM apresenta todos os eventos ocorridos no
ambiente em relatórios consolidados e sintetizados.
3.2 DCIM apresenta as cargas existentes em todos os
circuitos de energia em relatórios consolidados e
sintetizados.
3.3 DCIM apresenta todos os eventos de refrigeração do
ambiente em relatórios consolidados e sintetizados.
3.4 DCIM apresenta valores de temperatura em mapas com
escala colorida (termográficos).
4 Diagnósticos
4.1 DCIM apresenta mecanismos de varreduras e
apresentação de status de falhas e sobrecargas
ocorridos no datacenter.
4.2 DCIM mostra relatórios consolidados de pontos críticos
e probabilidade de falha.
4.3 DCIM apresenta ferramentas com rotinas de
manutenção.
4.4 DCIM apresenta mecanismo para despacho automático
de ordens de serviços, tanto preventivas quanto
reativas.

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4 - Critério de Interface

Este critério é focado na apresentação de todas as informações e dos diagnósticos emitidos


pela plataforma DCIM. Ele analisa como essa informação é mostrada e formatada, e também a
apresentação de resultados e ferramentas para atuação (botões, formulários etc.).

A Tabela IV - Requisitos de avaliação do Critério de Interface: mostra os requisitos de


interface e tópicos de avaliação.

4 - Critério de Interface Nível (ri ) Peso


(li )
0 1 2
1 Forma de acesso às informações
1.1 Acesso às informações somente via rede local.
1.2 Acesso às informações via web.
1.3 Acesso às informações via dispositivos móveis
(tabletes e celulares)
2 Layout de Apresentação
2.1 Plantas em três dimensões do datacenter.
2.2 Plantas em duas dimensões do datacenter.
2.3 Informações em formato gráfico.
2.4 Informações em relatórios detalhados / sumarizados.
3 Alertas
3.1 Alertas sonoros
3.2 Alertas vai e-mails

3.3 Alertas via SMS


4 Informações diversas
4.1 Informações de diferentes subsistemas integrados e
consolidados em um único console.
Fonte: Elaboração do autor, 2016.

5 - Critério de Gestão

Este critério analisa a qualidade do sistema DCIM para lidar com o planejamento, simulação, e
suas ferramentas de inteligência, visando à gestão do dia a dia e o futuro do datacenter. Está
intrinsecamente relacionado a todos os outros critérios, podendo coordenar a evolução e o
crescimento do próprio datacenter.

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

A Tabela V - Requisitos de avaliação do Critério de Gestão: mostra os requisitos de gestão


e tópicos de avaliação.

5 - Critério de Gestão Nível (ri ) Peso


(li )
0 1 2
1 Métricas
1.1 Históricos dos eventos (picos, transientes, oscilações,
estabilidade) apresentados em relatórios e gráficos.
1.2 Histórico de eventos de acessos (autorizados, intrusões) aos
ambientes e racks.
2 Planejamento
2.1 Informações consolidadas necessárias para cálculo do PUE.
2.2 Informações do ambiente que permitem a localização e / ou
realocação de dispositivos de acordo com a disponibilidade
de energia e refrigeração.
3 Simuladores
3.1 Ferramentas de simulação de crescimento do datacenter.
3.2 Simuladores de disponibilidade energética.
3.3 Simuladores de calor por meio de termográfico.
4 Escalabilidade
4.1 DCIM tem uma arquitetura modular, permitindo flexibilidade
e crescimento dinâmico.
Fonte: Elaboração do autor, 2016.

Considerando esses cinco critérios, qualquer plataforma DCIM pode ser analisada e avaliada.
Cada um dos critérios tem um valor final, calculado pela equação (1). As comparações entre
diferentes produtos podem ser feitas critério por critério, dependendo do que é importante para um
determinado uso ou aplicação.

A avaliação final da qualidade para uma plataforma DCIM, considerando todos os critérios,
será dada pela soma de cada um dos valores obtidos. A equação (2) mostra o cálculo para o
nível de qualidade geral de um DCIM em análise.

(2)

61
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Estudo de caso
Como estudo de caso, o método foi aplicado a duas plataformas DCIM existentes, para efeito
de comparação.

A primeira plataforma é chamada Datafaz DCIM, e a segunda é um produto de mercado


(denominado aqui DCIM2, pois o nome da empresa foi omitido). O Datafaz DCIM foi
desenvolvido pelos autores do artigo Data Center Infrastructure Management and Automation
Systems: an Evaluation Method (FACCIONI e FRANCO NETO, 2012), e lançado em 2011.
Apresenta o resultado de dois anos de pesquisa e é usado por vários clientes nacionais e
multinacionais.

Aplicando-se, em primeiro lugar, o Critério de Dados (Tabela I), e considerando o peso li igual a
um, os resultados são:

•• ri = 2,00 para Datafaz DCIM


•• ri = 1,60 para DCIM2.
Os resultados para Critério de Automação (Tabela II) são:

•• ri = 1,89 para Datafaz DCIM


•• ri = 1,50 para DCIM2.
Os resultados para Critério de Diagnóstico (Tabela III) são:

•• ri = 1,70 para Datafaz DCIM


•• ri = 2,00 para DCIM2.
Os resultados para o Critério de Interface (Tabela IV) são:

•• ri = 2,00 para Datafaz DCIM


•• ri = 0,90 para DCIM2.
Os resultados para o Critério de Gestão (Tabela V) são:

•• ri = 1,38 para Datafaz DCIM


•• ri = 1,76 para DCIM2.
Esses resultados mostram que Datafaz DCIM tem um melhor nível de qualidade do que DCIM2
nos Critérios de Interface, Dados e Automação, enquanto DCIM2 é melhor nos critérios de
Gestão e Diagnóstico, de acordo com o método proposto.

Considerando o valor geral de Qualidade, de acordo com a equação (2), Datafaz DCIM tem
um nível de qualidade (M) 8,96 e DCIM2 tem o nível de qualidade 7,76. A Figura 4.1 mostra um
gráfico com os resultados representados em cinco eixos, onde Datafaz DCIM é representada
pela linha contínua e DCIM2 pela linha tracejada.

62
Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Figura 4.1 – Resultados para duas plataformas de Mercado (DataFaz – linha contínua; DCIM2 – linha tracejada) de
acordo com o DCIM Evaluation Method.

Data

2,00

1,00
Management Automation

0,00

Interface Diagnosis

Fonte: Faccioni e Franco Neto, 2012.

Neste estudo de caso, duas plataformas comerciais existentes foram analisadas e


​​ os
resultados foram apresentados como exemplo de viabilidade de aplicação do método.
A comparação acima é relativa, montada para demonstração, cujo objetivo é mostrar a
capacidade do modelo. O modelo proposto poderá ter requisitos mais detalhados em cada um
dos critérios, em que pesquisadores e desenvolvedores de formação acadêmica e comercial
podem aprimorar o método proposto, criando requisitos mais detalhados ou aplicando pesos
diferentes para os requisitos, representados por li na equação (1).

63
Universidade do Sul de Santa Catarina

Considerações finais

Os datacenters se tornaram o núcleo da tecnologia da informação, e nos dias atuais são os


maiores consumidores de energia, comparáveis às grandes plantas de produção industriais.
Devido à importância dos dados para todas as atividades de TI, a disponibilidade se
torna o ponto focal de um datacenter. Sistemas de automação dedicados à gestão e ao
monitoramento de datacenters são forças emergentes e representarão parte expressiva
de todas as novas instalações. Esses sistemas são chamados de Sistemas de Gestão da
Infraestrutura de Data Centers, ou DCIM - Data Center Infrastructure Management.

Neste livro, estudamos aspectos da infraestrutura do datacenter, tais como seus conceitos
básicos e questões relacionadas à disponibilidade e riscos, e como são as novas ferramentas
de automação e gestão do datacenter. Ao aprofundar o estudo sobre o DCIM, avaliamos sua
topologia e seus componentes de software e hardware, para atender demandas de gestão
ambiental, gestão da energia, gestão da segurança física, gestão de ativos e espaços, e
também a integração com equipamentos e softwares legados.

Aspectos de implantação, visão de sistemas multisites e multiambientes, características


de instalações e comissionamento, e seu consequente impacto na eficiência energética,
complementaram o estudo sobre DCIM. No entanto, um aspecto não podia ser relevado,
que é o comportamento do mercado em relação a tais sistemas, devido a sua alta inovação.
Para atender à expectativa desse mercado, foi apresentado um modelo novo de escolha de
sistemas de gestão da infraestrutura, com metodologia específica de análise e escolha de
sistemas DCIM.

A contribuição de tais estudos certamente será representativa para o conhecimento acerca do


tema, cujas pesquisas e novas tecnologias encontram-se em pleno desenvolvimento.

Sobre o professor conteudista


Mauro Faccioni Filho

Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (1985),
mestrado (1997) e doutorado em Engenharia Elétrica (UFSC 2001). Pós-Doutorado no tema
“Social Network Analysis” pela University of London, Queen Mary College (2006). Diretor e
sociofundador das empresas Fazion Sistemas Ltd.a (plataformas e aplicativos para celulares) e
Creare Fazion Ltda. (soluções de infraestrutura e automação para Data Centers).

É coordenador e professor de curso superior da UNISUL - Universidade do Sul de Santa


Catarina, na modalidade da educação a distância. É certificado ATD pelo Uptime Institute
(USA), e membro do comitê CE-03:046.05, Norma 14565:2013 da ABNT.

Na Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, foi colaborador em pesquisas de


eletromagnetismo e modelagem numérica no Laboratório Maglab (2001 a 2003). Foi Diretor
do Centro de Tecnologia em Automação e Informática, CTAI/SENAI (2002 a 2004). Durante
a pesquisa do projeto de mestrado, realizou estágio na University of Nottingham, Inglaterra
(1999).

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Gestão da Infraestrutura do Datacenter

Referências

ABNT NBR 14565/2013. Cabeamento estruturado para edifícios comerciais e datacenters,


ABNT NBR 14565/2013.

AVELAR, V. Guidance for Calculation of Efficiency (PUE) in Data Centers, Schneider


Electric, Rueil Malmaison, France, White Paper 158 Rev 2, 2011.

BRODERICK, K., IDC MarketScape: Worldwide Data center Infrastructure Management


(DCIM) 2011 Vendor Analysis, IDC, Framingham, MA, USA, IDC#232449 Volume 1, 2012.

CMMI (Capability Maturity Model Integration). Software Engineering Institute. Disponível em:
<http://www.sei.cmu.edu/cmmi/>. Acesso em: 14 mar. 2016.

FACCIONI FILHO, M, and FRANCO NETO, M. Data Center Infrastructure Management and
Automation Systems: an Evaluation Method. ISCA CAINE, New Orleans, USA. November
2012. ISBN 978-1-880843-88-8.

FACCIONI FILHO, M. ; Comissionamento de infraestrutura. In: Congresso RTI Data Centers


2014, 2014, São Paulo. Congresso RTI Data Centers 2014. São Paulo: Aranda Editora, 2014

FACCIONI FILHO, M. ; Ferramentas DCIM na eficiência energética de datacenters. In:


Congresso ENIE 2014, 2014, São Paulo. São Paulo: Aranda Editora, 2014.

FACCIONI FILHO, M. ; Plataformas online para gestão e monitoramento da infraestrutura


de datacenters, in IV Congresso RTI Data Centers 2012, São Paulo, SP, 2012.

ISO/IEC 15504, Information technology -- Process assessment, 2006.

UPTIME INSTITUTE. Data Center Site Infrastructure Tier Standard: Topology, Uptime Institute,
LLC, 2010.

UPTIME INSTITUTE. Data Center Site Infrastructure Tier Standard: Operational Sustainability,
Uptime Institute, LLC, 2013.

Glossário
DC – Data Center
DCIM – Data Center Infrastructure Management (gestão da infraestrutura do datacenter)
kVA – quilovolt-ampere (ou 1000 VA)
LED – Light Emitting Diode (diodo emissor de luz)
MAC – Move/Add/Change (mover/adicionar/trocar)
MVA – megavolt-ampere (ou 1000 kVA)
NOC – Network Operation Center (centro de operações de rede)
PUE – Power Usage Effectiveness (efetividade de uso da energia)
ROI – Return on Investment (retorno sobre o investimento)
TI – Tecnologia da Informação
UPS – Uninterruptible Power System (Sistema ininterrupto de energia, conhecido no Brasil
como “no-break”)
VA – volt-amperev

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