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RESUMO

Até 1974, Portugal manteve o domínio colonial sobre a Guiné – Bissau que era
denominada Guiné Portuguesa. Aquela região da África, antes da colonização, fazia
parte do Império Shel e as etnias locais comercializavam sal e cultivavam arroz.
A história contemporânea da Guiné-Bissau, é o tema que vamos tratar aqui, neste
trabalho que esta divida em três partes: a primeira parte introdutória, segundo
desenvolvimento e a terceira conclusão.
INTRODUÇÃO
Na presente pesquisa vamos falar da colonização portuguesa na Guiné-Bissau, neste
capítulo vamos falar de uma forma aberta sobre a colonização em seguida (no
desenvolvimento) vamos entrar nos detalhes.
O território da actual Guiné-Bissau sempre foi habitado por tribos indígenas. Em 1446, o
navegador português Nuno Tristão chegou às Terras da Guiné. Estabeleceram-se, a
partir de então, contactos contínuos com entrepostos na Costa Ocidental de África. A
primeira povoação portuguesa nessa época foi Cacheu, fundada em 1588, mas sujeita
administrativamente ao arquipélago de Cabo Verde. Após a Restauração, foi retomado o
povoamento, tendo-se construído as povoações de Farim e Zinguinchor. A colonização
portuguesa iniciou-se a partir da foz dos rios Casamansa, Cacheu, Geba e Buda.
Durante séculos o território foi um ponto essencial para o comércio de escravos. Nos
finais do século XVIII edificou-se a fortaleza de Bissau, numa altura em que os ingleses
começaram a interferir-se nos tradicionais interesses portugueses na área. Foi
necessária uma arbitragem internacional, resolvida a favor de Portugal, para encerrar a
questão. Em 1879 foi separado administrativamente de Cabo Verde como a Guiné
Portuguesa.
 Em 1884-86, dá-se a divisão da África pelas potências coloniais na célebre Conferência
de Berlim. A Guiné-Bissau, agora com as suas fronteiras traçadas, foi entregue a
Portugal. Porém, as subsequentes tentativas de ocupação e colonização portuguesas
não se fizeram sem resistência das populações locais. A última delas ocorreu em 1936
com a revolta dos Bijagós de Canhabaque.
 Em 1951, a Guiné-Bissau mudou de estatuto, tornando-se numa Província Ultramarina
de Portugal. Em 1956, Amílcar Cabral e mais cinco correligionários fundam o Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em 1963, face a
intransigência de Portugal, o PAIGC passa a acção armada com vista a liquidação do
colonialismo português. O movimento de libertação dos dois territórios fazia uma guerra
do tipo guerrilha e com apoios de outros países possuía um armamento razoável.
Em 1973, Amílcar Cabral foi assassinado em Conakry tendo sido substituído por Luís
Cabral. Em 1974 com a revolução em Portugal que levou a uma constituição e governo
democráticos, naturalmente surgiu a repentina descolonização da Guiné e
independência no mesmo ano em 10 de Setembro, tornando-se na República da Guiné-
Bissau. Luís Cabral tornou-se presidente da nova república até 1980 quando um golpe
de estado foi conduzido por João Bernardo (Nino) Vieira que assumiu a liderança do
PAIGC. Desde então o país foi governado em regime autoritário. Só em 1994 houve as
primeiras eleições livres que Nino Vieira ganhou.

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DESENVOLVIMENTO
Bissau – Com objetivo de evidenciar a formação do Estado, o Partido Africano Para
Independência de Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) assumiu o compromisso de garantir a
independência estabelecendo seus princípios básicos em seis pontos fundamentais:
a) Destruição do colonialismo, independência imediata do território nacional e eliminação
total de toda forma de exploração do homem pelo homem;
b) Desenvolvimento da consciência política, cultural, moral, patriótica e o espírito de
sacrifício e dedicação à causa da independência nacional, justiça e defesa dos princípios
da democracia revolucionária;
c) Elevação dos sentimentos humanistas, de solidariedade, de respeito e de dedicação
com a pessoa humana;
d) Destruição das influências negativas da cultura colonial, bem como dos males por ela
acarretada;
e) Desenvolvimento de uma cultura popular e dos valores nacionais do país e a
construção de um novo homem, com a plena consciência da ideologia do partido;
f) Basear o trabalho revolucionário nas massas populares, mobilizá-las, organizá-las e
dirigi-las da melhor forma possível para o desenvolvimento {…} (CABRAL, 1969).
Em 1973, o PAIGC proclamou, de forma unilateral, a independência e procurou o
reconhecimento internacional, que se deu só em 10 de setembro de 1974, após a
revolução dos Cravos, em Portugal, que derrubou o governo de Marcelo Caetano, em 25
de abril do mesmo ano, em resposta à insatisfação dos oficiais militares com a derrota
da Metrópole nas colônias – principalmente na Guiné-Bissau.

O PAIGC, na tentativa de incrementar sua política, destacava, no seu programa de


governação, entre outros objetivos, a formação de uma nova classe política e de chefes
políticos para dar resposta às exigências de desenvolvimento sócio-econômico no
âmbito do programa central do partido.
Segundo MENDY (1991), o discurso da “unanimidade”, nesse período, serviu para
sustentar a hegemonia autoritária do PAIGC, de modo que o seu desempenho se
explicava pela sua capacidade de construir o “consenso” (TEIXEIRA 2010) a partir do
terror e da propaganda. Soma-se a isso a tentativa do partido em controlar todos os
setores da sociedade e do Estado, tanto no âmbito público, quanto na esfera privada.
Após a colonização, o partido enfrentou conflitos internos e disputas pelo poder,
perseguições, apreensões e ajustes de contas por próprios “mandjuas” (camaradas do
partido) do PAIGC. Muitos foram barbaramente assassinados, ontem e hoje, sem
devidas providências cabíveis no quadro democrático vigente. Todas essas atrocidades
cometidas na altura eram uma forma hegemônica que a geração de luta encontrou para
manter a sua supremacia na disputa política e controle de cargos chaves no governo.
Neste impasse político-social, como o país produz poucos gêneros alimentícios e
importa quase tudo para abastecer o mercado interno, o caminho do desenvolvimento

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econômico e da democracia revolucionária – outrora tida como o foco do partido – vai se
tornando cada vez mais distante.
Para enfrentar os novos desafios, muitos deles sem respostas esperadas, o partido
procurou formar novos quadros políticos. É nesse contexto pós-independência que
muitos jovens, na altura, que tinham feito ou não o ensino médio, foram contemplados
com bolsas de estudo para o estrangeiro. Vale ressaltar que o PAIGC, desde o período
da luta, vinha beneficiar do auspício do bloco soviético, tanto na aquisição de materiais
de produção (máquinas, construção de estradas e fábricas) como também na melhoria
do quadro administrativo da função pública.

Guiné-Bissau – ONU

Com o fim dos recursos vindo da União Soviética (com fim da Guerra Fria) o partido do
Estado enfrentou dificuldades frente aos novos desafios pós-independência. Nessa
política de perseguições e apreensões do tipo “tática chacal” (AMADO, 2013), que
consiste em neutralizar o adversário, o primeiro presidente indicado pelo PAIGC, Luís
Cabral, em 1974, foi deposto através de um golpe de Estado, em 14 de novembro de
1980, liderado por guineense João Bernardo Vieira, líder do dito “Movimento
Reajustador”.
Tendo como base o conflito entre dirigentes guineenses e cabo-verdianos o golpe de
1980 foi interpretado como uma forma de assegurar a presença guineense nos cargos
chaves do país. Espalhou-se por todo o país a promessa de construção de uma aurora,
cujo nome seria Guiné-Bissau. O que não passava da demagogia política. Um ano após
o golpe de 14 de novembro, esta felicidade efêmera por parte dos que compactuavam
com a ideia da retirada da hegemonia “PAIGCiana” da mão dos cabo-verdianos,
começaram a contrapor suas análises – mas ninguém ousava pronunciar.
Todavia, o que se evidenciou foi principalmente uma disputa geracional, que não gerou
mudanças no interior do partido. Ricardino Teixeira mostra que, “além dos conflitos do
cunho étnico e regional, o golpe de Estado de 1980 também trouxe à tona os conflitos
ideológicos entre a ala moderada do PAIGC, que defendia uma reforma interna do
partido – na sua maioria, jovens que haviam acabado de retornar dos estudos […] – e a
ala de linha dura, formada, na sua maioria, por velhos combatentes guineenses que
defendiam uma política conservadora em defesa de seus interesses e privilégios
herdados da luta armada” (TEIXEIRA 2010).
O´Donnel e Schimitter, Przeworski (1994) distinguem quatro tipos de atores de transição:
os de linha-dura e os reformistas no interior do bloco autoritário – no caso do PAIGC – e
os moderados e radicais, na oposição. O PAIGC gozava de status do partido único, que
o artigo 4 da Constituição da República lhe atribuía, como representante máximo dos
anseios da sociedade civil e da sociedade política (Estado). Nesse período, houve
controle do partido sobre as demais forças políticas de oposição, silenciando qualquer
tentativa de contestação social ou oposição política aos interesses hegemônicos do
PAIGC.

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Os dirigentes defendiam seus interesses pessoais porque se sentiam os verdadeiros
portadores dos anseios da luta de libertação, ou seja: “ anós ku luta pa terra”. Os
princípios básicos que nortearam a fundação do partido começaram a ser
desrespeitados por próprios “camaradas” de Cabral, membros do partido.

Guiné-Bissau – Registro da leitora Fotógrafa Virginia Maria Yunes — em Guiné-Bissau.

Neste retrocesso que o país se entalava, os jovens quadros que o partido mandou
formar com intuito de vir ajudar no processo da reconstrução nacional, enfrentaram
sérios desafios ou perseguições pelo próprio partido. Tentaram provocar algumas
mudanças estruturais no aparelho de Estado guineense. Sabiam que o desenvolvimento
é um processo endógeno, baseado num trabalho duro.
Os jovens quadros procuravam contribuir com os novos conhecimentos e incrementar as
experiências políticas vistas e vivenciadas no exterior. Porém foi negada,
categoricamente, a ideia da reforma revolucionária por parte dos que se julgavam
verdadeiros donos da pátria – pelo fato de serem combatentes da liberdade – então
qualquer manobra, que nem esta, era brutalmente boicotada. De lá, a estrutura política
corrupta montada pelos velhos dirigentes acabou por cooptar (neutralizar) grande parte
dos jovens “intelectuais” pós-independência.
Assim se regredia o dito “Estado da Nação guineense”. O Movimento Reajustador era a
nova força hegemônica guineense. A situação se alarmava cada dia. Instalou-se uma
espécie de corrupção forte, com o governo totalitário dos “ m´bai luta” (os que lutaram).
Com esse ciclo vicioso de corrupção instalado por partido libertador, que lutou contra o
jugo colonial, esta geração de jovens formados que deviam salvar a pátria de Abel
Djassi (pseudônimo de Cabral na clandestinidade) não teve estratégias eficientes para
derrubar a hegemonia “PAIGCiana”, por isso a maior parte entrou no sistema reinante.
O país era governado por um indivíduo tirano, um déspota, então, aqueles como o
Viriato Pã, Paulo Correia e entre outros que regressaram ao país depois de uma
formação no estrangeiro, para darem os seus contributos em prol da nação, só por
terem uma visão diferente, foram estupidamente assassinados por pessoas
desconhecidas. Vale ressalvar que, apesar do controle social e político pelo PAIGC,
nesta década de 80, aconteceu algo de suma importância para o país no campo de
produção de conhecimento autônomo e critico.
A concepção do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), em 1984, pelos
guineenses Dr. Carlos Lopes, Abdulai Sila, Carlos Cardoso, Mamadú Djaú, Raúl
Fernandes, dentre outros, serviu de refúgio para este grupo de jovens intelectuais e mais
tarde veio se tornar num dos Centros de referências em Ciências Sociais dos países
africanos ex-colônias de Portugal. Pena que os seus conselhos não serviram para nada,
o Estado continuava disfuncional.

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Depois desta retumbante criação do INEP, logo no fim da segunda metade da década
de 80, ou seja, nos princípios de 90, outro grupo de jovens que ainda resistiam da
tentação corrupta por parte dos veteranos de guerra, conseguiu de forma inteligente
provocar a abertura do regime, dando lugar a multipartidarismo, no solo pátrio de
camarada Amílcar. Nasceram vários movimentos partidários que mais tarde vão
concorrer às primeiras eleições democráticas, em 1994.
Nesta nova fase da vida política democrática, imposta pelas agências internacionais da
ONU, sem engajamento da sociedade civil, o PAIGC se manteve no poder e assumiu o
controle dos setores-chave da economia, da política social, como acontecia no regime
de partido único, o que dificultava a ruptura com o passado autoritário. A sociedade civil
continuava sem poder, como instrumento da elite política. Como mostra a teoria
Shumpeteriana, o único meio de participação dos cidadãos na política democrática é por
via de escrutínio, escolhem os que passam a representá-los, deixando o exercício da
política para a classe dirigente e os partidos.
No caso da Guiné-Bissau, a sociedade civil tem sido pressionada pela sociedade política
(Estado e partidos) e pela sociedade castrense devido sucessivos golpes de Estado, ao
mesmo tempo em que buscam manter suas autonomias e canalizar suas demandas
junto ao Estado. Esse fato poderia relativizar a teoria Shumpeteriana.
Posto isto, TEIXEIRA trás informações e dados eleitorais no processo da
democratização. Chama atenção para os sucessivos golpes de Estado misturado com
as questões étnicas na disputa política para garantir a supremacia eleitoral entre as
principais forças políticas. O que chama atenção é a presença dos interesses externos
na Guiné-Bissau e a disputa interna, envolvendo alguns países eurocêntricos e
africanos, o que resultou no fato de que nenhum governo democraticamente eleito
conseguiu terminar o seu mandato constitucional. Na atualidade esses desafios
permanecem, com a disputa da hegemonia entre as principais figuras políticas, dentro e
fora do PAIGC.
A primeira geração de jovens guineenses – a partir do período colonial – lutou e
conquistou a independência nacional, não obstante, cometeu erros graves em pensar
que como eram eles que lutaram pela nossa emancipação, então, só podiam governar o
destino do país. Esqueceram as lindas palavras de Cabral em que dizia: “nunca sujem
as vossas mãos com o sangue dos vossos irmãos, um irmão não mata o seu irmão”
(CABRAL 1960).
Não só ignoraram as frases, como também se esqueceram dos princípios que nortearam
a luta pela independência. Corriam com qualquer antagonista. Entraram em disputas
caluniosas, só para obter a simpatia do senhor déspota.
A segunda geração que retornou dos estudos fracassou na tentativa de alterar a
hegemonia “PAIGCiana” de ala linha-dura, no entanto, a maior parte deles entrou no
sistema e tornando-se piores aldrabões e assassinos. A outra parte – dos que não se
deixavam corromper por nada – foi para exterior, de tanto desespero.

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O último grupo considerado inimigos da ordem se tornou personas non grata e sofreram
um golpe fatal. A publicação da obra “SOCIEDADE CIVIL E DEMOCRATIZAÇÃO NA
GUINÉ-BISSAU”, base da minha exposição, resulta da pesquisa de TEIXEIRA e assume
sua relevância como contribuição para o debate da interpretação do processo político
recente vivenciado na Guiné-Bissau. Como toda obra, o estudo merece
aprofundamentos a partir de novas pesquisas colocando ou recolocando novas e velhas
questões que marcaram a trajetória da Guiné-Bissau contemporânea.
O que chama atenção é compreender como os sucessivos conflitos políticos e disputas
internas articuladas com interesses externos potencializam os processos de mudança
social, política, econômica e cultural. Nesse sentido, já concordando com Mahatma
Gandhi, nunca país algum se firmou sem ter enfrentado as grandes crises na sua
formação. Todavia, a superação da crise passa também pela produção de
conhecimento. Como afirmava o intelectual guineense Amílcar Cabral, a superação dos
desafios para mudança social passam pela produção de conhecimento, entendido por
ele como ideologia. Em outros termos, “andar com os nossos próprios pés e guiados
pela nossa própria cabeça”.
DESAFIOS ATUAIS E NOVAS PERSPECTIVAS
É nesse contexto de produção de conhecimento endógeno, inserido no quadro global
que os novos intelectuais guineenses devem assumir um papel na articulação de um
novo projeto de sociedade baseado na realidade local. É preciso revalorizar o INEP. Não
apenas na produção do conhecimento e estratégias de desenvolvimento nacional, como
também na área de ensino e prevenção de conflitos. O funcionamento de Estado e da
administração depende do funcionamento adequado do INEP. É preciso ter essa visão
clara para redução de desperdícios de potencialidades nacionais. O INEP faz parte de
solução. Eu acredito nessa instituição.
Esta geração que agora tende assumir o controle do Estado, que muitos caracterizam de
falhado, não terá tarefa fácil. Precisam, primeiramente, ter uma consciência existencial
na perspectiva de saber de onde vieram e para onde querem prosseguir a caminhada,
acautelando seus passos.
O país ainda está nas mãos deles – senhores de Bissau. Urge medidas necessárias
para reconverter a situação. A Guiné-Bissau precisa (re) aparecer, tem que ocupar o seu
lugar no concerto das nações, tem que emergir o mais rápido possível. Para isso, a
geração presente (terceira geração) precisa assumir o protagonismo e revalidar a
história ambiciosa de camarada Amílcar Cabral no que toca com desenvolvimento
endógeno.
Essa geração como sendo classe subalterna se quiser criar um bloco histórico, para
revolucionar o país, deve desenvolver seu próprio aparato hegemônico. Com uma
direção política e ideológica própria, tem que aceitar a rivalidade, ou seja, deve haver
uma oposição forte e comprometida com seu povo. O primeiro passo – a título de
preceito – seria romper com o sistema hegemônico da classe dirigente e a ideologia
dominante (Portelli, 1977). Sendo um novo grupo social em emergência deve formar sua
própria camada de intelectuais, capaz de idealizar uma Guiné-Bissau unida e próspera –
assim para evitar a neutralidade que a segunda geração sofreu por conta da corrupção.
Outro preceito que também serviria é o do Gramsci (1978), que diz que todo grupo social
que se desenvolve no sentido de domínio deve tentar assimilar os intelectuais
tradicionais, os representantes da estrutura econômica e colaboradores do sistema
hegemônico da classe dominante cujo seus conselhos nunca foram ouvidos. Trata-se
fundamentalmente de um enfoque ético ou deontológico que contribua para uma
consciência reflexa sobre os princípios que nortearam a luta pela nossa emancipação.

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Guiné-Bissau – Registro da leitora Fotógrafa Virginia Maria Yunes — em Guiné-Bissau.

Portanto, indicaria um estudo profundo aos ideais de Amílcar Cabral. Sou apologista de
que a educação em direitos humanos tem que ser encarada como uma forma básica de
conquista de uma democracia efetiva, então, devia ser instituída uma cadeira no
currículo escolar guineense que fala exclusivamente dos direitos humanos. Acredito que
será um jeito mais ideal de reduzir, drasticamente, as atrocidades que o país enfrenta.
As crianças como sendo futuros líderes vão ter a noção clara sobre direitos de cada
Homem e respeitar a equidade de gênero. Esta disciplina de direitos humanos
contribuirá para as transformações de atitudes nas relações diárias de homens e
mulheres guineenses. Respeito pelos direitos humanos deve constituir um princípio
imutável, seria esta uma das motivações governativas da nova geração.
A nova geração deve assumir um pacto com a verdade, dizê-la sempre sem titubear.
Para tal, necessita ser realista e honesta – não ter rabo de palha. Sem se esquecer da
humildade – vejo que é um valor da extrema importância que deve ser revalidado no
seio dos guineenses. Os jovens devem criar condições para que haja uma justiça sólida
no país. Justiçar os que cometeram roubos e crimes no aparelho de Estado ao longo do
nosso percurso.
Dizia Carlos Lopes há mais de vinte anos: “na Guiné-Bissau, via de regra é o partido,
pelo seu controle, quem deve zelar pelo rigor da consecução prática dos fins que atribui
ao Estado, mas que também são seus. O Estado passou para o controle das cúpulas do
partido, mas as atividades deste último não se terão diluído no Estado”. É preciso
resolver essa questão, deixar claro que o Estado não se confunde com partido. Não
pode haver o nepotismo. Lembrando que a tarefa de um LÍDER é servir, não se servir.
Apesar dos jovens guineenses parecem ser conduzidos pelo abismo que guiou os
nossos velhos, acredito muito neles porque sei que, pouco a pouco, com formação, vão
dar conta de que somos condenados a conviver e lutar pela nossa afirmação. É um
papel nosso que ninguém desempenhará além de nós próprios. Se deixarmos um
estranho entrar no nosso meio vai querer nos destruir – assim como tentaram fazer em
várias situações.
Tendo em conta a nossa convicção de um dia alcançar o cume do Nirvana, onde se
desfruta a paz e o ar puro, onde a natureza se descortina em toda a sua beleza e de
onde se pode descer por um trilho suavemente inclinado até os últimos detalhes da
práxis, precisamo-nos unir mais uma vez para uma nova luta, desta vez não para
obtenção de independência política porque disso já nos libertamos.
O momento nos propôs a luta pela INDEPENDÊNCIA ECONÔMICA, na qual os
protagonistas devem ser os jovens, assim como os outros fizeram outrora – mas só que
os atuais não podem falhar, nem tão pouco, como as duas primeiras gerações. Muitos

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pensadores foram discriminados, considerados rebeldes e perturbadores da ordem ao
longo da nossa história como guineenses.
O Amílcar Cabral, por exemplo, foi morto por acreditar seriamente na sua ideologia. Com
certeza vão ter que encarar várias situações constrangedoras, mas precisam manter
sempre o foco. Digo-vos com toda sinceridade que é mais digno morrer envenenado do
que ser infiel às suas ideias, pois, isso seria uma dívida impagável para com a sua
própria consciência… Agora o momento é vosso (JOVENS) de assumir o destino dessa
nossa tão querida pátria.
Repito, não podem falhar. “Ninguém pode estragar a coisa linda que temos, se existe
alguém que o pode fazer esse alguém é nós mesmos” (CABRAL 1968). Que Deus
abençoe a Guiné-Bissau e ilumine a mente da sua massa juvenil;

CONCLUSÃO
Portanto a Guine Bissau, podemos concluir que ganhou a independência tornou-se um
estado soberano com a independência total e com isso tenta administrar seus recursos e
território.
Diante de um comércio com certo desenvolvimento e com a ajuda de etnias rivais,
Portugueses, franceses e Suecos montaram as bases para o tráfico negreiro, tornando a
feitora de Cacheu, junto ao rio de mesmo nome, um dos maiores mercados africanos por
vários anos.
Com o fim da escravidão, na segunda metade do século XIX, o comércio de escravo
entrou em declínio apesar de algumas atividades clandestinas neste sentido.
A luta pela independência da Guiné-Bissau, iniciou-se em 1956, quando Amílcar Cabral
formou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que
se manteve pacífico até 1961.
A partir de 1962 teve inicio a luta armada e o PAIGC aliou conscientização ideológica
com luta cultural e, munido de armamentos adequados, os autóctones empreenderam
batalhas duríssimas aos lusitanos, obrigando um contingente elevado de soldados a
manter-se aquartelados.
A luta pela independência da Guiné-Bissau foi de grande importância para o fim do
colonialismo Português na África e para o fim do fascismo em Portugal, pois foi a partir
das tropas aquarteladas que surgiu o pensamento revolucionário que poria fim ao
Pregime Salazarista.
“ Se não afirmamos que Portugal se arrisca a uma derrota militar entre nós, é
simplesmente porque ele nunca teve nenhuma oportunidade de sair vitorioso. E só
podem sofrer derrotas aqueles que têm pelo menos uma oportunidade de ganhar”
(Amílcar Cabral)
Assim concluímos o nosso trabalho, conseguimos fazer uma abordagem geral, sobre o
tema que o professor nos deu. Com as pesquisas feitas conseguimos, reunir os dados e
depois fizemos uma filtragem cuidadosa das informações, encontradas.
Com este trabalho, tivemos a oportunidade de conhecer, conteúdos muito interessantes
relacionados a esse tema.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TEIXEIRA, Ricardino Jacinto Dumas. “Sociedade Civil e Democratização na Guiné-
Bissau 1994-2006” – Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010.

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Originalmente apresentado como dissertação do AUTOR (mestrado – UFPE. Sociologia,
2008).
GRAMSCI, Antonio. “Escritos Políticos – 1978” Ed. Seara Nova VOL. II 373p.
PORTELLI, H. “Gramsci e o bloco histórico”. Tradução de Angelina Peralva. Rio de
Janeiro, RJ. Paz e Terra Editora. 1977 LOPES, Carlos.
“Desafios contemporâneos da África: o legado de Amílcar Cabral”.{tradução Roberto
Leal/Fundação Amílcar Cabral}. São Paulo: Ed. Unesp, 2012.
PRZEWORSKI, Adam. (1994). “Democracia e Mercado: reformas políticas e econômicas
na Europa Oriental e na América Latina”. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.
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