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As leis
do trabalho
Volume 2
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão: Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
As leis
do trabalho
Volume 2
Prefácio
O trabalho é uma vertente crucial na vida de muitas pessoas e determina,
em grande parte, a sua qualidade de vida. Daí que seja da máxima impor-
tância que decorra num enquadramento em que os direitos e os deveres de
todos os envolvidos são respeitados. No entanto, quando confrontados com
problemas concretos, nem sempre trabalhadores e empregadores sabem
como resolvê-los ou chegam a acordo quanto à melhor solução. O contrato
define muitas das condições que regem a relação, mas por vezes não existe
um documento. E, mesmo quando há, o que está escrito pode não ser
válido, se retirar direitos conferidos por lei. Assim, encontrar resposta para
as questões que se levantam pode ser uma tarefa difícil. Certas normas têm
um caráter tão técnico que, se não tiver conhecimentos específicos na área,
o trabalhador terá dificuldade em encontrá-las e interpretá-las.
Índice
CAPÍTULO 1 Trabalhos proibidos 37
Acidentes de trabalho Salário 38
e doenças profissionais Horário 38
Descanso diário e semanal 40
Segurança e saúde no trabalho 10 Exames médicos 41
Intervenção imediata 11 Formação profissional 42
Medicina do trabalho 11
As instalações 12 Trabalhador-estudante 42
Prova e manutenção do estatuto 43
Acidentes de trabalho 13 Horário de trabalho 44
O que está abrangido? 14 Faltas para provas de avaliação 46
Formalidades 15 Outros direitos 48
Cuidados médicos e tratamentos 18 Valorização escolar e profissional 48
Incapacidade do trabalhador 19
Morte do trabalhador 23 Trabalhadora grávida (e mãe) 49
Responsabilidade do empregador ou de Saúde e segurança 50
terceiros 25 Horários 51
Contratos nulos 25 Em caso de despedimento 51
Pré-reforma 160
Acordo obrigatório 161 Legislação em vigor 179
Valor da retribuição 162
Situação perante a Segurança Social 163
Final da pré-reforma 163 Índice remissivo 185
A
Capítulo 1
Acidentes de
trabalho e doenças
profissionais
A As leis do trabalho
10
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Intervenção imediata
Cada empresa deve ter uma estrutura interna que assegure os primeiros
socorros, o combate a incêndios e a evacuação das pessoas em situações
de perigo grave e iminente. Cabe-lhe designar os trabalhadores respon-
sáveis por essas atividades e proporcionar-lhes formação adequada. Nas
empresas mais pequenas, até pode ser só uma pessoa.
Medicina do trabalho
Cabe à empresa promover a realização de exames médicos e aos traba-
lhadores comparecer às consultas e exames determinados pelo médico
do trabalho. O objetivo é avaliar a aptidão física e psíquica do trabalhador
para exercer a atividade, bem como eventuais consequências desta na
sua saúde.
11
A As leis do trabalho
As instalações
A construção e a conservação dos edifícios são fundamentais. Entre outros
aspetos, a empresa tem de assegurar o cumprimento dos regulamentos apli-
cáveis às instalações elétricas, que não podem comportar risco de incêndio
ou de explosão nem constituir um fator de risco para as pessoas, seja por
contacto direto ou indireto. Também a ventilação, a temperatura, a humi-
dade e a iluminação estão sujeitas a normas específicas, de forma a garantir
as condições de segurança e a saúde dos trabalhadores. A manutenção e a
limpeza estão entre os aspetos mais visíveis das condições das instalações,
mas há outros que também são relativamente fáceis de avaliar.
12
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Vias de circulação
É necessário assegurar a circulação fácil e segura das pessoas. A largura
de corredores, escadas e outras vias não pode ser inferior a 1,20 metros e
devem ter iluminação adequada e piso não escorregadio ou antiderrapante.
É importante que as escadas e passadeiras rolantes estejam equipadas com
dispositivos de segurança e de paragem de emergência, acessíveis e facil-
mente identificáveis.
Equipamentos
Os equipamentos devem ser adequados ao trabalho a que se destinam e,
durante a sua utilização, a saúde e segurança dos trabalhadores tem de estar
garantida. Sempre que um equipamento possa apresentar riscos, só deverá
ser utilizado, reparado ou limpo por quem esteja apto a fazê-lo. A empresa
deverá assegurar que os trabalhadores têm a informação necessária para
utilizarem os equipamentos de forma adequada e detetarem eventuais
anomalias.
Acidentes de trabalho
A relação laboral pode alterar-se, irreversivelmente ou não, se o traba-
lhador sofrer um acidente de que resultem lesões, ainda que ligeiras, ou,
no extremo, a sua morte. Em regra, a entidade patronal é responsável pela
13
A As leis do trabalho
Para que não seja a entidade patronal a arcar com todas as consequências,
a lei obriga-a a transferir a responsabilidade para uma seguradora, através
de um seguro de acidentes de trabalho, que deverá abranger todos e cada
um dos trabalhadores ao seu serviço. Se não cumprirem esta obrigação,
as empresas tornam-se responsáveis pelo pagamento de tudo aquilo a que o
trabalhador teria direito se houvesse seguro.
14
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Para completar esta definição, há que ver o que são o local e o tempo de
trabalho:
— o local de trabalho é “todo o lugar em que o trabalhador se encontra ou
deva dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, direta ou indire-
tamente, sujeito ao controlo do empregador”;
— no tempo de trabalho inclui-se, “além do período normal de trabalho, o que
precede o seu início, em atos de preparação ou com ele relacionados, e o que
se lhe segue, em atos também com ele relacionados, e ainda as interrupções
normais ou forçosas de trabalho”.
Formalidades
Sempre que ocorra um acidente, o trabalhador ou, em caso de morte, quem
venha a ter direito às pensões adiante referidas, deve avisar a entidade patro-
nal, por escrito ou oralmente, no prazo de 48 horas. Este aviso é dispensado
se algum representante da entidade patronal tiver presenciado o acidente
ou dele tiver tido conhecimento de outro modo. Além disso, se o estado
do trabalhador ou outra circunstância não permitir a comunicação naquele
período, o prazo conta-se a partir do momento em que deixa de haver impe-
dimento à comunicação (o trabalhador sai de um estado de coma, por exem-
plo). Se a lesão ou doença só se revelar algum tempo depois do acidente, é a
partir dessa altura que começa a contar o prazo para a comunicação.
Aviso e comunicações
Quais as consequências da falta de aviso no prazo de 48 horas? Se vier a pro-
var-se que isso agravou o estado de saúde do trabalhador, por não ter sido
possível à entidade patronal prestar-lhe a assistência necessária, as incapa-
cidades que se prove em tribunal terem sido provocadas por esse facto não
dão direito a compensação. Depois de avisada, a entidade patronal deve,
além de assegurar os socorros médicos imediatos e o transporte para um
15
A As leis do trabalho
Participação ao tribunal
Se não tiver cumprido a sua obrigação, transferindo a responsabilidade para
uma seguradora, o empregador deve participar o acidente ao tribunal do
local onde ocorreu, no prazo de 8 dias. Se o acidente for mortal, deve ser
imediatamente comunicado ao tribunal, por escrito.
COMUNICAR O ACIDENTE
Quem comunica A quem Em que prazo
Trabalhador ou quem tenha
direito à pensão, se aquele Entidade patronal 48 horas.
tiver falecido no acidente
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A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Sem reparação
Em certas circunstâncias, não haverá lugar a pagamento de despesas relaci-
onadas nem a compensação. Será assim quando o acidente:
— seja causado intencionalmente pelo trabalhador ou devido à violação
injustificada das condições de segurança determinadas pela entidade
patronal ou pela lei. De acordo com esta, tal violação só é justificada
quando o acidente resulte de “incumprimento de norma legal ou estabele-
cida pelo empregador da qual o trabalhador, face ao seu grau de instrução
ou de acesso à informação, dificilmente teria conhecimento ou, tendo-o, lhe
fosse manifestamente difícil entendê-la”;
— seja consequência de negligência grosseira do trabalhador, considerando-
-se que ela existe quando se verifique “comportamento temerário em alto
e relevante grau, que não se consubstancie em ato ou omissão resultante da
habitualidade ao perigo do trabalho executado, da confiança na experiência
profissional ou dos usos da profissão”. A definição não é clara, mas fica a
saber-se que, ainda que a negligência resulte, por exemplo, de excesso
17
A As leis do trabalho
18
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Incapacidade do trabalhador
Se, em consequência do acidente, o trabalhador sofrer uma redução da
capacidade de trabalho e não recuperar completamente (ou, pelo menos,
enquanto não ficar curado), tem direito a várias compensações. O grau de
incapacidade é determinado pelos médicos, a partir da Tabela Nacional
de Incapacidades, e validado em tribunal.
19
A As leis do trabalho
20
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
21
A As leis do trabalho
Incapacidade temporária
O trabalhador acidentado pode ter sofrido uma incapacidade, mas esta ser
temporária. Assim sendo, a compensação é encontrada do seguinte modo:
— em caso de incapacidade absoluta, tem direito a uma indemnização diária
correspondente a 70% do salário que recebia enquanto trabalhava, nos
Pensão vitalícia
Pensão vitalícia
Incapacidade permanente,
mas parcial e igual
ou superior a 30% Subsídio por elevada
incapacidade, se superior a 70%
22
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Morte do trabalhador
Se o acidente tiver o desenlace mais dramático, isto é, se o trabalhador fale-
cer, as compensações são atribuídas a quem lhe era mais próximo.
Cônjuge e companheiro
O cônjuge ou quem vivesse em união de facto com o trabalhador recebe
30% da retribuição, até perfazer a idade da reforma (66 anos e 5 meses,
em 2020), e 40% a partir daí ou no caso de sofrer de doença física ou mental
que reduza a sua capacidade de trabalho em mais de 75%. Esta doença tem
de ser comprovada por um médico e avaliada de acordo com a Tabela Nacio-
nal de Incapacidades. Tem direito a uma percentagem idêntica o ex-cônjuge
ou o cônjuge separado judicialmente que receba pensão de alimentos, mas
só até ao limite dessa pensão. Se uma destas pessoas casar ou passar a viver
em união de facto, recebe, de uma só vez, o triplo da pensão anual, a menos
que já tenha havido remição total da pensão (veja a caixa da página 20).
Filhos
Os filhos, incluindo os que ainda não tinham nascido à data do acidente,
os adotados e os enteados têm direito a receber 20% da retribuição, se for
apenas um, 40%, se forem 2, e 50%, se forem 3 ou mais, recebendo o dobro
23
A As leis do trabalho
Repartir em proporção
Existindo cônjuge, ex-cônjuge e filhos, adotados ou enteados, a pensão é
repartida proporcionalmente aos respetivos direitos, não podendo, na glo-
balidade, ultrapassar 80% da retribuição do acidentado. O mesmo acontece
se houver concorrência com outros familiares, como pais ou irmãos. Se o
cônjuge sobrevivo morrer enquanto os filhos tiverem direito à pensão do
falecido e já tiver sido atingido o limite previsto na lei, estes recebem mais.
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A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Contratos nulos
Normalmente, os acidentes de trabalho dão-se ao abrigo de contratos de
trabalho válidos. E se estes forem nulos, o que acontece? Considera-se que
os acidentes são de trabalho? É essa a interpretação geralmente dada pelos
25
A As leis do trabalho
Doenças profissionais
As doenças profissionais são as provocadas pela atividade no trabalho,
devido aos riscos que lhe são próprios, à repetição constante de determi-
nados movimentos, ao ambiente ou às condições de trabalho, ou qualquer
outro motivo relevante. Devem ser consideradas como tal todas as lesões,
perturbações funcionais ou doenças que resultem da atividade exercida
pelos trabalhadores e não de um desgaste normal do organismo.
Despesas de tratamento
Devem ser pagas ao trabalhador todas as despesas destinadas a curá-lo ou
a restabelecer a sua capacidade de trabalho, nomeadamente as relativas a:
— assistência médica e cirúrgica, incluindo os elementos de diagnóstico e
tratamentos necessários;
— visitas domiciliárias, assistência medicamentosa e farmacêutica, cuidados
de enfermagem, hospitalização e tratamentos termais;
— ajudas técnicas, como, por exemplo, próteses (substituição de um órgão,
um membro ou outra parte do corpo) e ortóteses (auxiliares do funciona-
mento de um determinado órgão);
— deslocação e estada.
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A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Incapacidade
Tal como acontece nos acidentes de trabalho, as doenças profissionais
podem provocar incapacidades. As que sejam temporárias, mas durem mais
de 18 meses (1 ano e meio), passam a ser consideradas permanentes. Nessa
altura será fixado o grau de incapacidade do trabalhador, a menos que um
parecer clínico aconselhe que continue a ser considerada temporária ou
sugira a atribuição de uma pensão provisória. No entanto, a incapacidade
temporária nunca pode prolongar-se para além de 30 meses (2 anos e meio).
RETRIBUIÇÃO DE REFERÊNCIA
As indemnizações e as pensões são calculadas a partir da retribuição de referência. No que
respeita às compensações por doença profissional, esta corresponde à retribuição bruta
auferida pelo trabalhador nos 12 meses anteriores à cessação da exposição ao risco ou ao
diagnóstico da doença que determina a incapacidade, contando a data que for anterior.
Para determinar a retribuição de referência anual e diária são considerados os seguintes
valores:
– a retribuição anual, utilizada para calcular o valor das pensões, é constituída pelas
12 remunerações brutas anteriores à data em que foi diagnosticada a doença, acrescidas
dos subsídios de Natal e de férias, bem como de outros montantes regulares recebidos
pelo trabalhador (prémio de produtividade ou o chamado 14.º mês, por exemplo);
– a retribuição diária, utilizada para determinar o valor das indemnizações, obtém-se atra-
vés da divisão da retribuição anual pelo número de dias com registo de remunerações
(dias de trabalho efetivo, mas também os que são equiparados, como os de licença paren-
tal, falta por doença, desemprego, entre outros).
27
A As leis do trabalho
Incapacidade permanente
Existem dois tipos de incapacidade permanente: absoluta e parcial. As com-
pensações variam de acordo com a gravidade da situação e com os encargos
que acarrete ao trabalhador. Embora, em linhas gerais, sejam as referidas
para os acidentes de trabalho, há a destacar algumas diferenças. A remune-
ração que serve de base ao cálculo destas compensações é a retribuição de
referência (veja a caixa da página anterior).
Incapacidade absoluta
Se a incapacidade permanente for absoluta para todo e qualquer trabalho,
o montante da pensão mensal é igual a 80% da retribuição de referência,
acrescido de 10% por cada familiar a cargo, com o limite de 100% da referida
retribuição.
Sendo absoluta para o trabalho habitual, o montante da pensão mensal é
fixado entre 50% e 70% da retribuição de referência, conforme a maior ou
menor capacidade que reste ao trabalhador para o exercício de outra profis-
são compatível com as suas habilitações.
Incapacidade parcial
Na incapacidade permanente parcial, o montante da pensão mensal é de
70% da redução sofrida na capacidade geral de ganho.
Pensão bonificada
A pensão por incapacidade permanente aumenta 20%, mas sem que possa
exceder o valor da retribuição de referência, se o trabalhador cuja atividade
cessa sofrer de:
— doença profissional com um grau de incapacidade igual ou superior a
70%, desde que já tenha completado, ou logo que complete, 50 anos de
idade;
— doença profissional com um grau de incapacidade igual ou superior a
80%, independentemente da idade;
— doença pulmonar associada à tuberculose (pneumoconiose) com um
grau de incapacidade de, pelo menos, 50%, e cujo coeficiente de desva-
lorização avaliado através de exames radiográficos seja 10%, a partir do
momento em que complete 50 anos de idade.
28
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Incapacidade temporária
Na incapacidade temporária, os cálculos são feitos ao dia. Sendo absoluta,
o montante diário da indemnização é de 70% do valor da retribuição de refe-
rência (veja a caixa da página 27), nos primeiros 12 meses de inatividade,
e de 75%, no período subsequente. Tratando-se de um portador de pneumo-
coniose associada à tuberculose, o valor diário é igual a 80% da retribuição
de referência, acrescido de 10% por cada pessoa a cargo, até ao limite da
retribuição. Se for parcial, o montante diário da indemnização é de 70% do
valor correspondente à redução sofrida na capacidade geral de ganho.
Morte
A doença profissional pode revelar-se tão grave que acabe por determinar
a morte do trabalhador. Nesse caso, os beneficiários das compensações são
os seus familiares.
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A As leis do trabalho
Cônjuge e companheiro
O cônjuge ou a pessoa que vivia em união de facto com o trabalhador recebe
30% da retribuição de referência, até atingir a idade da reforma por velhice
(66 anos e 5 meses, em 2020), e 40% a partir dessa idade ou da verificação
de doença física ou mental que lhe provoque uma incapacidade para o tra-
balho de, pelo menos, 75%.
Ex-cônjuge
Ao ex-cônjuge e ao cônjuge judicialmente separado à data da morte que
recebessem uma pensão de alimentos aplicam-se as percentagens indicadas
no parágrafo anterior, mas apenas até ao limite da referida pensão.
Filhos
Os filhos, incluindo os que ainda não tivessem nascido à data do óbito,
os adotados e os enteados recebem 20% da retribuição de referência, se for
apenas 1, 40% se forem 2, 50% se forem 3 ou mais. Estes montantes dupli-
cam, até ao limite de 80%, se forem órfãos de pai e mãe.
Repartir em proporção
Se houver diversos beneficiários, a pensão é repartida na proporção dos
respetivos direitos, não podendo o montante de todas as pensões exceder
80% da retribuição de referência. Se o cônjuge sobrevivo falecer durante
o período em que a pensão é devida aos filhos, será aumentada a parte de
cada um.
Quanto tempo?
Os filhos têm direito a receber a pensão até aos 18 anos, podendo prolongar-
-se até aos 25 anos, se frequentarem o ensino secundário, médio ou supe-
rior, ou até aos 27 anos, se frequentarem mestrado ou pós-graduação ou
estiverem a preparar tese de licenciatura ou de doutoramento. Não há limite
de idade se forem deficientes.
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A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Reabilitação e reintegração
profissional
Em algumas circunstâncias, a entidade patronal está obrigada a ocupar o
trabalhador com incapacidades. Tem, ainda, de assegurar-lhe formação pro-
fissional, adaptação do posto de trabalho, desempenho a tempo parcial e
licença para formação ou para um novo emprego, nos termos que veremos
de seguida.
Ocupação obrigatória
A obrigação de ocupar o trabalhador verifica-se quando este, ao serviço da
empresa, sofra um acidente ou contraia uma doença profissional de que
resulte incapacidade temporária parcial ou incapacidade permanente, seja
31
A As leis do trabalho
Condições especiais
Enquanto se mantiver a redução das suas capacidades, o trabalhador
está dispensado de horários com adaptabilidade, trabalho suplementar e
noturno. Caso pretenda, poderá trabalhar a tempo parcial, tendo de apre-
sentar o pedido por escrito, 30 dias antes de iniciar o trabalho a meio tempo.
Deverá indicar o período de duração do trabalho a tempo parcial, bem como
o horário semanal que pretende (e que poderá ser o mesmo todos os dias
ou variar).
A retribuição não pode ser inferior à devida pela capacidade que resta ao
trabalhador. O cálculo é feito com base naquilo que auferia quando sofreu
o acidente, a menos que, entretanto, a retribuição da sua categoria tenha
sido revista.
32
A Acidentes de trabalho e doenças profissionais
Licença especial
O trabalhador pode beneficiar de licença especial para frequentar um curso
num estabelecimento de ensino ou formação profissional, verificando-se,
então, a suspensão do contrato (veja a página 85). O pedido deve ser apre-
sentado à entidade patronal por escrito, com 30 dias de antecedência, indi-
cando o curso que pretende frequentar.
33
A As leis do trabalho
34
A
Capítulo 2
Trabalhadores com
direitos especiais
A As leis do trabalho
Trabalhador menor
A entidade patronal tem de acatar, em relação aos menores, os deveres res-
peitantes à generalidade dos empregados, independentemente da idade.
Mas a lei exige-lhe, ainda, o cumprimento de obrigações e formalidades
específicas, relativamente aos menores e às instituições oficiais de ensino.
Se estas regras forem ignoradas, os contratos podem ser anulados e o empre-
gador sujeita-se às punições previstas na lei.
Segurança e saúde
A lei exige que a entidade patronal proporcione aos menores condições de
trabalho adequadas à idade, protegendo a sua segurança, saúde, desenvol-
vimento físico, psíquico e moral, educação e formação. Deve haver espe-
cial cuidado na prevenção de riscos resultantes da falta de experiência e da
inconsciência dos perigos próprios da atividade. A lei indica alguns aspetos
que merecem atenção particular, devendo a entidade patronal analisar as
condições de trabalho antes de os menores começarem a trabalhar e sempre
que haja uma alteração importante.
36
A Trabalhadores com direitos especiais
Trabalhos proibidos
Mesmo os menores que preenchem todas as condições exigidas pela lei
(16 anos, escolaridade obrigatória ou frequência do ensino secundário, con-
dições físicas e psíquicas) estão proibidos de efetuar certo tipo de trabalhos.
Eis algumas atividades vedadas aos menores em qualquer circunstância:
— abate industrial de animais;
— aquelas em que haja risco de exposição a substâncias perigosas, de con-
tacto com energia elétrica de alta tensão, radiações ionizantes, amianto,
bem como quaisquer outras que sejam classificadas como tóxicas, corro-
sivas ou explosivas;
— fabrico e manipulação de engenhos, artifícios ou objetos que contenham
explosivos;
— aquelas em que haja risco de desabamento;
— as que impliquem contacto com gases comprimidos, liquefeitos ou
dissolvidos;
— condução ou operação de veículos de transporte, tratores, empilhadores
e máquinas de terraplenagem;
37
A As leis do trabalho
A lei acrescenta uma série de trabalhos que só podem ser realizados por
quem tenha, pelo menos, 16 anos e desde que estejam salvaguardadas todas
as condições de segurança, disso sendo dado conta à Autoridade para as
Condições do Trabalho (ACT):
— aqueles em que haja risco de exposição a radiações ultravioletas, certos
agentes químicos, níveis de ruído elevados, vibrações, temperaturas infe-
riores a 0ºC ou superiores a 42ºC;
— os que impliquem demolições, trabalhos de desmantelamento, execu-
ção de obras perigosas, movimentação manual de cargas superiores a
15 quilos;
— os que sejam realizados em discotecas ou similares, silos, instalações
frigoríficas, matadouros, talhos, peixarias, aviários, fábricas de enchi-
dos ou conservas de carne ou peixe, depósitos de distribuição de leite e
queijarias.
Salário
Caso faça o mesmo trabalho que os colegas, o menor não deve ser discrimi-
nado, aplicando-se o princípio segundo o qual a trabalho igual corresponde
um salário igual. Porém, isto não impede que possa estar-se perante traba-
lhos de qualidade diferente, devido à inexperiência. Nesse caso, justifica-se
a distinção salarial. Também é possível o pagamento de retribuição inferior
caso se trate de um aprendiz, estagiário ou alguém ainda em formação.
Horário
A duração máxima do período de trabalho diário e semanal dos menores
é a mesma que se aplica aos outros trabalhadores: 40 horas semanais e
8 diárias ou, tratando-se de trabalhos leves efetuados por quem ainda não
tenha 16 anos, 7 horas por dia e 35 por semana. Porém, os instrumentos
38
A Trabalhadores com direitos especiais
Regimes especiais
A aplicação de regimes de adaptabilidade, banco de horas ou trabalho con-
centrado, que explicamos no volume 1 deste livro, apenas é possível se não
prejudicar a saúde ou a segurança do menor. Este deve ser submetido a um
exame de saúde prévio.
Trabalho suplementar
O menor está impedido de prestar trabalho suplementar, ou seja, fora do
horário de trabalho, em dia de descanso ou feriado. Porém, admite-se que o
faça quem já tenha, pelo menos, 16 anos, se tal for indispensável para evitar
ou reparar um dano grave para a empresa, devido a um facto anormal e
imprevisível ou a circunstâncias excecionais, cujas consequências não pode-
riam ser evitadas pela entidade patronal.
Trabalho noturno
No que respeita ao trabalho noturno, aqueles que ainda não tenham 16 anos
não podem trabalhar entre as 20h00 e as 7h00 e os que tenham 16 ou
17 anos, em regra, não podem fazê-lo entre as 22h00 e as 7h00.
39
A As leis do trabalho
As restrições noturnas para quem tenha, pelo menos, 16 anos poderão ser
ignoradas, por um máximo de 5 dias úteis, devido a factos anormais e impre-
visíveis ou a circunstâncias excecionais, desde que não existam outros tra-
balhadores disponíveis. Se prestar trabalho noturno, o menor tem direito a
descanso compensatório por um número igual de horas, a gozar durante as
3 semanas seguintes.
Entre 2 dias
Quanto ao intervalo entre 2 dias de trabalho, quem tem menos de 16 anos
deve estar, no mínimo, 14 horas sem trabalhar. Para os menores com 16 ou
17 anos:
— tem de ser respeitado um intervalo mínimo de 12 horas, que pode ser
excecionalmente reduzido, através de um instrumento coletivo de tra-
balho, desde que tal não afete a saúde e segurança do trabalhador, por
motivos bem definidos, para efetuar trabalhos nos setores do turismo,
hotelaria, restauração e agricultura, em hospitais e outros estabelecimen-
tos de saúde, em embarcações da marinha do comércio e em atividades
que se caracterizem por trabalhos fracionados ao longo do dia. A redução
do período de descanso terá de ser compensada nos 3 dias seguintes;
— o mínimo de 12 horas diárias de descanso não se aplica se a duração nor-
mal do trabalho não for superior a 20 horas semanais. O mesmo acontece
quando se trate de um trabalho ocasional, durante o máximo de 1 mês,
numa empresa familiar, desde que a redução do descanso não o prejudi-
que nem seja perigosa, ou em serviço doméstico num agregado familiar.
40
A Trabalhadores com direitos especiais
Entre 2 semanas
Os menores têm direito a 2 dias de descanso em cada semana, se possível
seguidos. O repouso pode ter a duração de apenas 36 horas consecutivas,
se houver motivos técnicos ou relacionados com a organização do trabalho
que o justifiquem e constarem expressamente de algum instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho. Mas tal apenas é possível para os tra-
balhadores que já tenham completado 16 anos.
Por outro lado, o descanso semanal pode reduzir-se a 1 dia se isso não for
nocivo, prejudicial ou perigoso para o menor que já tenha, pelo menos,
16 anos de idade, nas mesmas circunstâncias que permitem a redução do
intervalo entre 2 dias de trabalho para menos de 12 horas (veja o título
anterior).
Várias ocupações
Caso o menor trabalhe para várias empresas, os descansos semanais devem
ser coincidentes e a soma dos períodos de trabalho não deve exceder os
limites máximos atrás referidos. Para que isto possa ser cumprido, o menor
(ou os pais, se tiver menos de 16 anos) deve informar, por escrito, a(s)
empresa(s) onde já trabalhava e a nova entidade patronal, ainda antes de
ser admitido, da existência de outro emprego, da duração do trabalho e dos
descansos semanais.
Exames médicos
Cabe à entidade patronal, antes do início da prestação do trabalho ou até
15 dias depois da admissão, se esta for urgente e os pais do menor concor-
darem, submetê-lo a um exame médico que certifique a capacidade física e
psíquica para o exercício das funções. Todos os anos, até atingir a maiori-
dade, são efetuados novos exames, para verificar se a atividade profissional
não está a prejudicar a sua saúde e desenvolvimento físico e psíquico. Para
prestar trabalho no regime de adaptabilidade, banco de horas ou trabalho
concentrado, também tem de realizar um exame prévio.
41
A As leis do trabalho
Formação profissional
Os menores devem beneficiar de formação profissional adequada à sua
preparação para a vida ativa. Aqueles que frequentem, ou pretendam fre-
quentar, um programa de formação profissional que lhes confira um grau de
equivalência escolar têm direito a solicitar licença sem retribuição durante
o período necessário para o efeito. A empresa está obrigada a conceder essa
licença (não se aplicam as regras previstas para a atribuição de licenças sem
retribuição aos outros trabalhadores), a não ser que lhe cause prejuízo grave.
Também podem usufruir do estatuto de trabalhador-estudante.
Trabalhador-estudante
Os trabalhadores que também estudam beneficiam de estatuto especial,
para fazerem face ao desgaste físico e intelectual. O objetivo é promover o
sucesso da dupla atividade e a sua valorização.
ESTATUTO DE TRABALHADOR-ESTUDANTE
Flexibilidade de horário, para frequentar as aulas. Possibilidade de ser dispensado 3 a
HORÁRIO
6 horas por semana.
2 dias seguidos por cada prova, exame ou entrega de trabalhos determinantes para
o aproveitamento escolar, até ao máximo anual de 4 dias por disciplina. Sempre
FALTAS que, para prestar provas, tiver de fazer deslocações que impliquem faltar ao trabalho,
terá mais 10 dias por ano para esse efeito. Existe ainda a possibilidade de licença até
10 dias úteis, com desconto no salário.
Possibilidade de escolher as datas das férias: poderá gozar até 15 dias, de forma
FÉRIAS intercalada, no período mais conveniente para os estudos, a menos que haja
incompatibilidade com as exigências de funcionamento da empresa.
Não está obrigado a frequentar um número mínimo de disciplinas ou aulas nem
AULAS sujeito a regimes de prescrição ou que impliquem mudança de estabelecimento em
caso de insucesso.
42
A Trabalhadores com direitos especiais
Perda de regalias
A manutenção das regalias do trabalhador-estudante, de um ano letivo para
o outro, depende do sucesso escolar. Algumas são imediatamente perdidas
se não concluir o ano com aproveitamento. Trata-se das respeitantes ao
horário de trabalho, à marcação de férias de acordo com as necessidades
escolares, à licença sem retribuição e à dispensa do trabalho até 6 horas
semanais. As restantes regalias (faltas para realização de provas, por exem-
plo) cessam quando não haja aproveitamento em 2 anos consecutivos ou
3 intercalados.
43
A As leis do trabalho
Recuperação do estatuto
A perda do estatuto devido à falta de aproveitamento não é irremediável:
no ano seguinte, o trabalhador-estudante pode requerer a recuperação
do estatuto. Mas isto só pode ocorrer 2 vezes. Por outro lado, quem fique
desempregado involuntariamente não perde, durante o ano letivo, os direi-
tos próprios dos trabalhadores-estudantes no estabelecimento de ensino.
Cessação imediata
Os direitos do trabalhador-estudante cessam de imediato quando:
— tenha prestado falsas declarações relativamente aos factos de que
depende a concessão do estatuto ou a outros que lhe confiram direitos
a ele ligados;
— tenha utilizado os direitos conferidos pelo estatuto para outros fins
(por exemplo, tinha dispensa do trabalho para ir às aulas, mas não
comparecia).
Horário de trabalho
Estudar e trabalhar em simultâneo — além de todas as outras atividades,
de índole familiar, cultural ou social, por exemplo — torna o tempo muito
mais escasso e de difícil gestão. Por isso, uma das regalias do trabalhador-
-estudante é a possibilidade de redução do horário.
44
A Trabalhadores com direitos especiais
A lei determina que, sempre que possível, o horário de trabalho seja ajus-
tado, a fim de permitir a frequência das aulas e a deslocação para o esta-
belecimento de ensino. Deverá, pois, ter em conta o horário escolar e o
tempo gasto em deslocações. As duas partes devem demonstrar boa von-
tade, indispensável para que as coisas funcionem. Por outro lado, a lei
determina que, de entre as possibilidades existentes no estabelecimento de
ensino, o trabalhador escolha um horário compatível com o trabalho. Não
o fazendo, também não poderá beneficiar dos direitos próprios do estatuto
de trabalhador-estudante.
Redução semanal
Não sendo possível compatibilizar o horário escolar com o laboral, o tra-
balhador-estudante terá direito a uma redução semanal do horário de tra-
balho, que pode ir até 6 horas, sem que a entidade patronal lhe diminua o
salário ou retire regalias. Mas a empresa pode exigir, nos 15 dias seguintes à
utilização da dispensa do trabalho, prova da frequência das aulas.
45
A As leis do trabalho
Trabalho suplementar
Só por motivo de força maior pode ser exigido trabalho suplementar ao
trabalhador-estudante. Neste caso, o descanso compensatório será igual a
metade do número de horas de trabalho extra. Também não pode prestar
trabalho em regime de adaptabilidade, banco de horas ou horário concen-
trado (regimes que detalhamos no primeiro volume deste livro), se isso coli-
dir com o horário escolar ou com a prestação de provas de avaliação. Tra-
balhando num desses regimes, tem direito a 1 dia por mês de dispensa, sem
perda de direitos e que contará como efetiva prestação de serviço.
46
A Trabalhadores com direitos especiais
provas. Por exemplo, se tiver duas provas numa quarta-feira, poderá faltar
nesse dia e também na segunda e na terça-feira.
A entidade patronal terá de ser avisada das faltas com, pelo menos, 5 dias
de antecedência. Se o exigir, deverá ser apresentado comprovativo da pres-
tação de provas de avaliação e do respetivo horário, através de uma declara-
ção do estabelecimento de ensino.
47
A As leis do trabalho
Outros direitos
As regalias referidas podem considerar-se as mais importantes, mas exis-
tem outras. Por exemplo, o trabalhador-estudante tem direito a marcar as
férias segundo as necessidades escolares, podendo gozar 15 dias no regime
de férias repartidas, a menos que isso seja incompatível com necessidades
imperiosas de funcionamento da empresa.
48
A Trabalhadores com direitos especiais
49
A As leis do trabalho
Saúde e segurança
Existem, ainda, outras regras destinadas a proteger estas mulheres. As tra-
balhadoras grávidas, puérperas e lactantes têm direito a condições especiais
no local de trabalho, para não serem expostas a riscos para a sua saúde e
segurança. Nas atividades suscetíveis de apresentar riscos, a entidade patro-
nal deve avaliar a natureza, o grau e a duração da exposição, de modo a veri-
ficar as repercussões na gravidez ou na amamentação e tomar as medidas
adequadas. As trabalhadoras têm direito a ser informadas, por escrito, dos
resultados da avaliação e das medidas tomadas.
Medidas a tomar
Sempre que a avaliação detetar riscos para a segurança ou a saúde das grávi-
das, puérperas e lactantes ou repercussões na gravidez ou na amamentação,
a empresa deve tomar as medidas necessárias para evitar a exposição das
trabalhadoras, designadamente:
— adaptar as condições de trabalho;
— se a adaptação for impossível, demasiado demorada ou onerosa, atribuir-
-lhes tarefas compatíveis com o seu estado e categoria profissional;
— se estas medidas não forem viáveis, dispensá-las do trabalho durante o
tempo necessário para evitar a exposição aos riscos.
Risco efetivo
São considerados de risco os trabalhos que possam provocar lesões no feto
ou o desprendimento da placenta, nomeadamente choques ou vibrações
mecânicas, ruído, temperaturas demasiado baixas ou elevadas, cargas supe-
riores a 10 quilos, entre outros, bem como aqueles em que a grávida possa
contrair toxoplasmose ou rubéola e não esteja imunizada. Deve haver ainda
precauções no contacto com substâncias que possam contaminar o leite
materno, como químicos perigosos ou o chumbo e seus compostos. Está
vedado a todas estas mulheres o trabalho subterrâneo em minas.
50
A Trabalhadores com direitos especiais
Horários
As grávidas, puérperas e lactantes estão dispensadas de prestar trabalho
entre as 20h00 e as 7h00, durante:
— um período de 112 dias antes e depois do parto, dos quais pelo menos
metade antes da data prevista para o parto;
— o restante período da gravidez, se for apresentado certificado médico que
comprove que tal é necessário para a sua saúde ou do feto;
— todo o tempo que durar a amamentação, mediante certificado médico
que demonstre ser necessário para a sua saúde ou a da criança.
Em caso de despedimento
O despedimento de trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes, mas
também de trabalhadores que gozem licença parental, requer parecer
prévio da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).
Este parecer é comunicado à entidade patronal e à trabalhadora (ou
trabalhador) nos 30 dias seguintes à receção do processo de despedi-
mento pela comissão. Se for desfavorável, o despedimento só pode avan-
çar depois de a empresa obter uma sentença judicial que reconheça a
51
A As leis do trabalho
Trabalhador doméstico
De acordo com a lei, o contrato de serviço doméstico é “aquele pelo qual
uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a outrem com caráter
regular, sob a sua direção e autoridade, atividades destinadas à satisfação das
necessidades próprias ou específicas de um agregado familiar ou equiparado e
dos respetivos membros”.
52
A Trabalhadores com direitos especiais
Para haver serviço doméstico, a atividade terá de ser prestada com regula-
ridade. Caso contrário, existe uma prestação de serviços. Por outro lado,
se tarefas como a limpeza ou a jardinagem forem desempenhadas para uma
empresa, e não para uma família, não existe serviço doméstico, mas um
contrato de trabalho normal.
Tipo de contrato
Quando o trabalho a prestar seja transitório, o contrato pode ser celebrado
a termo, certo ou incerto. Os contratos a termo têm de ser feitos por escrito.
Faltando o documento escrito ou não se verificando as razões invocadas
para terem um termo, serão necessariamente por tempo indeterminado.
Os contratos a termo certo também são possíveis por mero acordo das par-
tes, mas, neste caso, a duração não pode ser superior a 1 ano, incluindo even-
tuais renovações. Só pode ser renovado, no máximo, duas vezes, dando-se a
53
A As leis do trabalho
Horário de trabalho
O período normal de trabalho não pode ser superior a 44 horas semanais.
Para os trabalhadores alojados, que têm direito a gozar intervalos para refei-
ções e descanso, sem prejuízo das funções de vigilância e assistência a pres-
tar ao agregado familiar, apenas são considerados os tempos de trabalho efe-
tivo. Têm direito a repouso noturno de pelo menos 8 horas, que só pode ser
interrompido por motivos graves, imprevistos ou de força maior ou quando
tenham sido contratados para tomar conta de doentes ou de crianças até
aos 3 anos. A organização dos intervalos para refeições e descanso é esta-
belecida por acordo ou, não sendo possível, pelo dono da casa, dentro dos
períodos normais para o efeito.
54
A Trabalhadores com direitos especiais
CO
CONTRATO DE SERVIÇO DOMÉSTI
do
em (morada do empregador), portador
Entre (nome do empregador), residente ibuin te fiscal n.º ____ __,
ão n.º ____ __, contr
bilhete de identidade/cartão do cidad
adiante designado empregador,
e
fiscal
(morada do trabalhador), contribuinte
(Nome do trabalhador), residente em cidad ão n.º ____ __, adiante
idade/cartã o do
n.º __ ____ _, portador do bilhete de ident
designado trabalhador,
intes
ço doméstico, que se regerá pelas segu
é celebrado o presente contrato de servi
cláusulas:
1.ª
(Funções)
lhos
empregador para a realização dos traba
O trabalhador é admitido ao serviço do ente limpeza e arrumação
agreg ado famil iar, nome adam
domésticos referentes ao seu outros
s e confeção de refeições, bem como
da casa, lavagem e tratamento das roupa ço do mést ico.
ente previstas para o servi
que se enquadrem nas funções legalm
2.ª
(Local)
do empregador.
O local de prestação do trabalho é a residência
3.ª
(Retribuição)
ao valor
manal/diário/horário, correspondendo
O pagamento da retribuição é mensal/se euros).
____ ____ ____ __
de € ____ _ (____ ____ ____ ____ ____ dia útil
o último dia útil da semana/no último
A retribuição será paga no final do dia/n forma e sobre ela incid irão os
a banc ária/o utra
do mês, através de cheque/transferênci Segu rança Socia l.
adamente para efeitos de
correspondentes descontos legais, nome
4.ª
(Horário)
inte
horas semanais, de acordo com o segu
O trabalhador obriga-se a trabalhar ___ ____ ____ ____ .
____ ____ ____ ____
horário: ____ ____ ____ ____ ____ ____
5.ª
(Início e duração)
/____ _ e termo em __/__ /____ _.
O presente contrato tem início em __/__
ou
iniciativa
/____ _ e terminará por acordo ou por
O presente contrato tem início em __/__
s definidas na lei.
de uma das partes, respeitando as regra
55
A As leis do trabalho
6.ª
(Período experimental)
a de trabalho constituem o período
Os primeiros 90 dias de prestação efetiv
as parte s pode m pôr-lhe fim, sem necessidade de aviso
experimental, durante o qual qualquer
não havendo lugar ao pagamento de
prévio ou de alegação de justa causa,
indemnização ou compensa ção.
7.ª
(Segurança Social)
as à
ar o pagamento das contribuições devid
O empregador compromete-se a efetu
na lei.
Segurança Social nos prazos definidos
8.ª
(Seguro de acidentes de trabalho)
de
e a contratar um seguro de acidentes
O empregador compromete-se igualment
exigê ncias legais .
trabalho, de acordo com as
9.ª
(Férias)
as,
direito a 22 dias úteis de férias remunerad
O trabalhador terá, em cada ano civil, de mont ante igual ao da
subs ídio de férias
o qual se vence a 1 de janeiro. Receberá do início das mesmas.
do de férias , a paga r antes
retribuição referente ao perío
10.ª
(Subsídio de Natal)
uição,
Natal no valor igual a um mês de retrib
O trabalhador tem direito a subsídio de
.
o qual será pago até 15 de dezembro
11.ª
(Outras regras)
em
contrato aplicam-se as disposições legais
A tudo o que não esteja previsto neste
vigor para o serviço domé stico.
uma
, ficando uma cópia na posse de cada
O presente contrato é feito em duplicado
das partes.
(Local e data)
____ ____
ASSINATURA: ____ ____ ____ ____ ____
(O empregador)
____ ____
ASSINATURA: ____ ____ ____ ____ ____
(O trabalhador)
56
A Trabalhadores com direitos especiais
Segurança Social
Uma das obrigações do empregador é a inscrição do trabalhador na Segu-
rança Social e a realização de descontos mensais. O regime apresenta
algumas particularidades, nomeadamente quanto à quantia que serve de
referência ao pagamento das contribuições, até porque há empregados con-
tratados ao mês, à semana, ao dia e à hora.
Inscrição
Não estando o trabalhador inscrito na Segurança Social, o empregador deve
inscrevê-lo nas 24 horas anteriores ao início da atividade. Terá de apresentar
um modelo próprio para o efeito, assinado por ambos, acompanhado de
fotocópia dos cartões de cidadão de ambas as partes (o do trabalhador, só se
for a primeira inscrição na Segurança Social) ou dos bilhetes de identidade,
além do cartão da Segurança Social do trabalhador, se já estiver inscrito.
Caso o trabalhador já esteja inscrito, tem o mesmo prazo para comunicar
que passou a trabalhar para si. Isso pode ser feito através da internet ou com
uma deslocação aos serviços da Segurança Social.
57
A As leis do trabalho
Nos casos em que o pagamento é feito ao dia ou à hora, será necessário fazer
mais algumas contas:
— para chegar ao montante diário sobre o qual se calcula a contribuição
a pagar, divide-se os 438,81 euros por 30, o que resulta num valor de
14,63 euros, que corresponde à remuneração diária. Em seguida, multi-
plica-se pelo número de dias de trabalho efetivo mensal;
— para o cálculo horário, multiplica-se o valor mensal por 12 (438,81 euros �
� 12 meses = 5265,72 euros) e divide-se o resultado obtido por 2080
(52 semanas � 40 horas). Obtém-se, assim, o valor horário de 2,53 euros.
Este valor será depois multiplicado pelo número de horas mensais de tra-
balho efetivo, num mínimo de 30 horas.
58
A Trabalhadores com direitos especiais
Forma de pagamento
As contribuições devem ser pagas de 10 a 20 do mês seguinte, através do
sistema Multibanco, nos serviços da Segurança Social, nas estações dos cor-
reios ou pela internet.
59
A As leis do trabalho
Subsídio de Natal
O empregado tem direito a receber subsídio de Natal de valor igual a 1 mês
de retribuição, que deve ser pago até ao dia 15 de dezembro de cada ano.
O valor do subsídio é proporcional ao tempo de serviço prestado durante o
ano nas seguintes situações:
— no ano de admissão;
— no ano em que o contrato termina, qualquer que seja a causa;
— em caso de suspensão do contrato de trabalho por impedimento
prolongado.
Subsídio de férias
O trabalhador doméstico tem 22 dias úteis de férias por ano, pagos como se
estivesse a trabalhar. Esse direito é ganho no dia 1 de janeiro de cada ano,
a não ser que, nesta data, trabalhe há menos de 6 meses, caso em que só ao
fim desse período tem direito a gozar férias. Aqueles que sejam contratados
por um período inferior a 1 ano têm direito a 2 dias úteis de férias por cada
mês completo de trabalho.
Subsídio e retribuição
Durante as férias, o trabalhador recebe como se estivesse em serviço efetivo
e tem ainda direito, até ao início das mesmas, a um subsídio de valor igual
ao do período em que estará ausente.
Quando o contrato termina, tem direito à retribuição e ao subsídio corres-
pondentes a um período de férias proporcional ao tempo de serviço pres-
tado nesse ano. Se o contrato cessar antes do período de férias, o trabalhador
60
A Trabalhadores com direitos especiais
Sem férias
Se a entidade patronal obstar ao gozo das férias, ou seja, não permitir que
o trabalhador as aproveite, este tem direito a receber, como indemnização,
o dobro da retribuição correspondente ao período em falta. Por exemplo,
se não tiver gozado 10 dias de férias, recebe o correspondente a 20 dias de
retribuição. As férias não gozadas devem sê-lo no primeiro trimestre do ano
seguinte. O direito a férias é irrenunciável e o seu gozo não pode ser subs-
tituído por qualquer compensação, mesmo com o acordo do trabalhador.
Regras de segurança
O empregador tem de tomar todas as medidas necessárias para que o local
de trabalho, os instrumentos, os produtos e os processos de trabalho não
apresentem riscos para o empregado. Para isso, deve informá-lo sobre o
funcionamento e conservação dos equipamentos utilizados nas suas tare-
fas, bem como proceder à reparação quando eventuais defeitos ponham
em risco a segurança e a saúde do trabalhador. Deve, ainda, identificar reci-
pientes que contenham produtos tóxicos e instruir o empregado quanto à
sua utilização. Em caso de necessidade, deve fornecer-lhe vestuário e equi-
pamento de proteção adequados, para prevenir, na medida do possível, aci-
dentes ou efeitos nocivos.
Suspensão do contrato
Se o trabalhador estiver impedido de prestar serviço por mais de 1 mês,
devido a doença ou acidente, por exemplo, o contrato é suspenso, com
as consequências comuns a todos os contratos de trabalho nestas con-
dições (veja a página 85 e seguintes). O tempo de suspensão conta para a
61
A As leis do trabalho
Cessação do contrato
A cessação do contrato de serviço doméstico tem algumas particularida-
des, nomeadamente nos casos de justa causa ou caducidade. Por exemplo,
o facto de o empregador não ter meios para pagar pode impossibilitar a
manutenção da relação, permitindo o fim do contrato.
Motivos
O empregador tem justa causa para rescindir o contrato quando o empre-
gado, por exemplo:
— desobedeça injustificadamente às suas ordens ou às de outro membro do
agregado familiar;
— se desinteresse pelo correto desempenho das suas funções;
— provoque de forma repetida conflitos com outros empregados;
— lhe cause danos patrimoniais sérios;
— falte de forma injustificada e, com isso, lhe cause prejuízos ou riscos
sérios ou, independentemente de qualquer prejuízo ou risco, o número
de faltas injustificadas atinja em cada ano 5 seguidas ou 10 intercaladas;
— desrespeite as normas de segurança e saúde no trabalho;
62
A Trabalhadores com direitos especiais
Comunicação e impugnação
O empregador deve comunicar ao empregado faltoso, por escrito, os factos
que fundamentam o despedimento. Se o trabalhador não os aceitar, pode
recorrer à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), para esclarecer
alguma dúvida, ou ao tribunal, para impugnar o despedimento. Caso este
lhe dê razão, pode ser reintegrado. Não havendo acordo entre as partes para
a reintegração, tem direito a uma indemnização correspondente a 1 mês por
cada ano de serviço, completo ou não, decorrido até à data em que tenha
sido despedido, no caso de contrato sem termo ou a termo incerto. Nos con-
tratos a termo certo, recebe o que ganharia até ao final do contrato. Em qual-
quer dos casos, quando se prove que o empregador quis deliberadamente
prejudicar o trabalhador, o valor da indemnização duplica.
63
A As leis do trabalho
O JUIZ DECIDIU…
FOI DESPEDIDA OU NÃO? *
Patroa e empregada celebraram um contrato de serviço doméstico em fevereiro de 1981.
Em junho de 2016, tiveram um desaguisado que terminou com a patroa a solicitar à
empregada que lhe devolvesse de imediato as chaves que utilizava para entrar em sua
casa. Dois dias depois, a 22 de junho, a empregada foi trabalhar, mas ninguém lhe abriu
a porta. Mais tarde recebeu uma carta, com data de 21 de junho, a convocá-la para com-
parecer na casa da patroa, e nova carta, de 5 de julho, a considerar que a sua falta de
comparência configurava uma situação de abandono do trabalho e, portanto, a patroa
entendia que o contrato havia cessado.
A trabalhadora não voltou a comparecer nem respondeu às cartas, mas recorreu aos tri-
bunais, alegando ter sido vítima de um despedimento ilícito e solicitando que a patroa
fosse condenada a pagar-lhe uma indemnização. Em primeira instância teve sucesso, mas
o recurso apresentado pela patroa inverteu a situação, uma vez que o Tribunal da Relação
do Porto considerou que não tinha havido despedimento. Isto porque a lei exige que este
seja efetuado de forma inequívoca e, no caso, apesar da retirada das chaves e de não
ter sido aberta a porta à empregada no dia em que se apresentou ao trabalho (o tribu-
nal não conseguiu apurar se estava alguém em casa), tal não aconteceu. O caso chegou
ao Supremo Tribunal de Justiça, que manteve a decisão da Relação do Porto. Entendeu,
assim, não ter havido despedimento e que foi a falta de comparência da empregada ao
seu local de trabalho, depois de intimada a tal, que determinou a cessação do contrato.
64
A Trabalhadores com direitos especiais
Aviso prévio
O trabalhador pode rescindir o contrato sem apresentar motivo. Para o
efeito, basta comunicar essa intenção ao empregador, por escrito, com
aviso prévio de 2 semanas por cada ano de serviço (completo ou não),
até ao máximo de 6 semanas de antecedência. Se não cumprir, total ou
parcialmente, este prazo, pagará ao empregador, como indemnização,
o valor da retribuição correspondente ao período do aviso prévio em
falta.
Abandono do trabalho
Como acontece nos contratos de trabalho, também no serviço doméstico
se pode dar o abandono do trabalho, ou seja, a ausência do trabalhador que
revele a intenção de não retomar o serviço. Neste caso, presume-se que
existe quando a ausência se prolongue por 10 dias sem o empregador rece-
ber qualquer comunicação quanto ao motivo da ausência. Porém, o empre-
gado pode demonstrar que a ausência de comunicação se deveu a motivo
de força maior. O abandono do trabalho funciona como rescisão do contrato
e obriga o trabalhador a indemnizar o empregador (veja o título Abandono
do trabalho, a partir da página 97), que só pode considerar que o contrato
cessou depois de o comunicar, através de uma carta registada, com aviso de
receção, para a morada do trabalhador.
Caducidade
O contrato caduca, sem direito a indemnização, quando:
— atinja o seu termo, caso exista. Tratando-se de um trabalhador alojado,
deve ser-lhe dado um prazo de 3 dias para deixar a casa;
— seja impossível ao trabalhador prestar serviço ou ao empregador recebê-
-lo durante, pelo menos, 6 meses;
— o trabalhador se reforme por velhice ou invalidez;
— o empregador deixe de ter condições económicas para manter o contrato.
65
A As leis do trabalho
66
A Trabalhadores com direitos especiais
Segurança Social
O primeiro incentivo para as empresas é a redução das contribuições a pagar
à Segurança Social quando celebrem contratos de trabalho sem termo com
indivíduos cuja capacidade de trabalho seja inferior a 80%: em vez dos habi-
tuais 23,75% sobre o salário, contribuem com 11,90%. A parte do trabalhador
mantém-se em 11%, o que perfaz um total de 22,90%, em vez de 34,75%.
Apoios do IEFP
Outro incentivo importante são os apoios financeiros do Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP) às entidades empregadoras que
tenham despesas decorrentes da contratação de pessoas com deficiência.
Destinam-se a apoiar a integração socioprofissional destas, permitindo a sua
entrada no mercado de trabalho.
67
A As leis do trabalho
Emprego apoiado
Este tipo de emprego existe quando alguém com 30% a 75% da capacidade
normal de trabalho exerce uma atividade profissional ou socialmente útil
que lhe permite desenvolver competências pessoais e profissionais que faci-
litem o acesso a um emprego normal. Pode consistir num estágio de inser-
ção, num contrato para trabalho socialmente necessário (veja o que é na
página 142) ou num desempenho profissional a ter lugar numa empresa ou
num centro de emprego protegido.
68
A Trabalhadores com direitos especiais
Outros apoios
Há, ainda, outras possibilidades de apoio por parte do Estado para facilitar
a integração do trabalhador com deficiência no mercado de trabalho. Eis
alguns exemplos:
— ações de informação, avaliação e orientação para a qualificação e o
emprego: pretendem apoiar pessoas com deficiência, através dos cen-
tros de emprego, apontar-lhes possíveis caminhos profissionais, avaliar a
sua capacidade de trabalho e identificar as adaptações necessárias para
superar limitações. Podem durar até 4 meses e a comparticipação mensal
corresponde a 75% do valor do IAS;
— apoio à colocação: destina-se a pessoas desempregadas ou que queiram
mudar de emprego, bem como aos empregadores que aceitem trabalha-
dores com estas características. Tem a duração máxima de 12 meses e o
valor do apoio é de 1,5 IAS;
— acompanhamento pós-colocação: traduz-se em apoio técnico às pes-
soas com deficiência, que trabalhem por conta própria ou de outrem,
e a quem as empregue. Pode durar 12 meses, prorrogáveis em condições
excecionais até 24 meses. O valor do apoio é de 1,25 IAS, embora possa
ser reduzido ou aumentado, consoante dure menos de 12 meses ou seja
prolongado para além deste período.
Formação profissional
Pode traduzir-se em formação inicial, com uma duração entre 1200 e
2900 horas, ou contínua, no máximo de 400 horas. A primeira destina-se
a quem tenha, pelo menos, 16 anos de idade, pretenda ingressar ou rein-
gressar no mercado de trabalho e não disponha de habilitações profissio-
nais compatíveis com o exercício de uma profissão ou com a ocupação de
um posto de trabalho. Também é adequada a quem está desempregado
e quer aumentar as qualificações noutra área profissional, de forma a
facilitar o regresso ao mercado de trabalho. A formação profissional con-
tínua é para quem queira melhorar as qualificações, de acordo com as
suas necessidades, tendo em vista a manutenção do emprego, a progres-
são na carreira ou, se estiver desempregado, o reingresso no mercado de
trabalho.
69
A As leis do trabalho
A aplicação plena desta regra deverá estar concluída até 2025, nas empresas
com 75 a 100 trabalhadores, e até 2024 nas que têm maior dimensão. As que
atingirem os 75 trabalhadores neste período ou depois têm 2 anos para cum-
prir a percentagem a que estão obrigadas.
Trabalhador estrangeiro
Os estrangeiros e apátridas que tenham residência ou permanência legal em
Portugal, isto é, que aqui estejam autorizados a exercer uma atividade profis-
sional, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres dos
trabalhadores portugueses. Todavia, a lei exige que sejam respeitadas algumas
formalidades. Estas só não serão necessárias nos contratos celebrados com
cidadãos nacionais dos países do Espaço Económico Europeu ou de países
que consagrem a igualdade de tratamento com os cidadãos nacionais no que
respeita ao livre exercício de atividades profissionais. Por definir, dado o novo
enquadramento, está a situação dos cidadãos do Reino Unido no pós-Brexit.
Contrato escrito
O contrato de trabalho de um cidadão estrangeiro que exerça a sua atividade
em Portugal tem de ser celebrado por escrito, em duplicado, e assinado por
ambas as partes (um dos exemplares é entregue ao trabalhador). Deve con-
ter as seguintes indicações:
— identificação e morada das partes e referência ao visto de trabalho ou
título de autorização de residência ou permanência do trabalhador em
território nacional;
70
A Trabalhadores com direitos especiais
Comunicação
Ainda antes de o trabalhador estrangeiro ou apátrida iniciar atividade,
a entidade patronal deve comunicar, por escrito, a celebração do contrato à
Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Quando o contrato cesse,
a entidade patronal também deve comunicar-lhe esse facto, por escrito,
no prazo de 15 dias.
APOIO A ESTRANGEIROS
Em Portugal, há muitas associações que prestam auxílio a trabalhadores estrangeiros.
Quanto a órgãos estatais, podem procurar auxílio e informação na Rede de Centros Locais
de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), que funciona em diversos localidades do
Continente e das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Entre outras, o apoio pres-
tado abrange questões relacionadas com a regularização da situação migratória, trabalho,
formação profissional e Segurança Social, além de outras áreas como saúde, educação
ou habitação. Estes centros têm ligação aos Centros Nacionais de Apoio à Integração de
Migrantes (CNAIM), localizados em Lisboa e no Porto, que também podem ser úteis, por
exemplo, em questões relacionadas com a atividade profissional e o emprego. Todos estes
organismos estão integrados no Alto Comissariado para as Migrações (ACM), um instituto
público que tem como foco principal a integração da população migrante. Para uma res-
posta imediata, existe a Linha de Apoio a Migrantes (808 257 257/218 106 191).
71
A As leis do trabalho
Segurança Social
Normas internacionais garantem a proteção dos trabalhadores que exer-
cem atividade fora dos países de que são naturais. Assim, os acordos de
Segurança Social procuram coordenar os regimes de vários países. Existe
um acordo multilateral que envolve todos os países do Espaço Económico
Europeu e a Suíça, nos quais as regras de proteção são semelhantes. Mas
Portugal também celebrou acordos bilaterais com outros países: Argentina,
Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos da América, Marrocos, Uru-
guai ou Venezuela, entre outros. Qualquer trabalhador estrangeiro poderá
saber se existe algum acordo entre o seu país de origem e Portugal junto da
Direção-Geral da Segurança Social.
Teletrabalhador
As novas tecnologias permitem que os trabalhadores exerçam a sua ativi-
dade fora das instalações da entidade empregadora. E isto pode acontecer
de forma esporádica ou continuada. Nestas situações, apesar de as partes
já não coexistirem no mesmo local, continua a haver uma relação de subor-
dinação e comunicação permanente entre a empresa e o trabalhador.
72
A Trabalhadores com direitos especiais
Características do contrato
Em primeiro lugar, o contrato tem de ser feito por escrito e conter os seguin-
tes aspetos:
— identificação, morada e assinaturas das partes;
— atividade a desempenhar e retribuição, com referência expressa ao
regime de teletrabalho;
— se a duração do regime de teletrabalho for inferior à duração previsível do
contrato, indicação da atividade a desempenhar depois daquele período;
— indicação do período normal de trabalho (carga horária semanal, horário
a respeitar, período em que o trabalhador tenha de estar contactável ou
outros aspetos);
— propriedade dos instrumentos de trabalho e indicação de quem será res-
ponsável pelas despesas de utilização, bem como da entidade encarre-
gada da instalação e manutenção do material;
— indicação do estabelecimento ou departamento da empresa ao qual
reporta o trabalhador, bem como de quem deve contactar no âmbito da
prestação do trabalho.
Mudança de regime
Quem tenha um regime de trabalho normal pode passar para o regime de
teletrabalho, através de um acordo escrito com a empresa. O prazo previsto
para a duração da nova experiência não pode ser superior a 3 anos, a menos
que limite diferente conste de um instrumento de regulamentação coletiva.
Nos primeiros 30 dias, as partes podem fazer cessar o acordo, voltando o
trabalhador ao seu posto antigo.
Tendo recursos e meios para esse efeito, o empregador não pode opor-se
ao pedido para mudar de regime de trabalhadores que desempenhem uma
atividade compatível com o teletrabalho e tenham filhos com idade inferior
a 3 anos ou sejam vítimas de violência doméstica e tiverem apresentado
queixa-crime contra o agressor e abandonado a casa da família.
73
A As leis do trabalho
Direitos e deveres
O teletrabalhador tem os mesmos direitos e deveres dos outros trabalhado-
res, nomeadamente no que se refere à formação e promoção profissional ou
a limites do período normal de trabalho. Por outro lado, a empresa não pode
sujeitá-lo a condições que o prejudiquem, do ponto de vista físico e psíquico,
e o trabalhador encontra-se abrangido pelas regras relativas aos acidentes de
trabalho e doenças profissionais.
Formação e acompanhamento
Para que o trabalhador possa desempenhar as suas funções conveniente-
mente, a entidade patronal deve proporcionar-lhe formação específica para
a utilização das tecnologias de informação e de comunicação. Por outro
lado, para que se sinta integrado, deve incentivar contactos regulares com
a empresa e com os colegas. Os meios tecnológicos ao dispor do trabalha-
dor poderão servir também para receber comunicações e convocatórias da
comissão de trabalhadores ou das associações sindicais.
Fiscalização
O facto de trabalhar fora das instalações da empresa poderá levantar algu-
mas dúvidas quanto à possibilidade de esta fiscalizar a sua atividade. A lei
estabelece, desde logo, a obrigatoriedade de a empresa respeitar a privaci-
dade do seu empregado, bem como os tempos de descanso e de repouso
da família. Para isso, sempre que o teletrabalho seja realizado em casa do
trabalhador, as visitas devem ter o propósito de controlar a sua atividade
laboral ou os equipamentos que utiliza, apenas podendo ser efetuadas entre
as 9h00 e as 19h00 e perante a presença do trabalhador ou de alguém que
ele indique.
Instrumentos de trabalho
Quanto aos instrumentos de trabalho, se nada for dito no contrato — e já
tivemos oportunidade de referir que é um dos elementos que dele devem
constar — presume-se que os ligados a tecnologias de informação e de comu-
nicação são propriedade da entidade patronal, a quem compete a instala-
ção, a manutenção e o pagamento das despesas inerentes.
74
A Trabalhadores com direitos especiais
Bolseiros de investigação
Os bolseiros têm um papel importante no campo da investigação e do
desenvolvimento científico. Trata-se de pessoas que não estão ligadas a uma
entidade por um vínculo laboral, mas têm uma relação cujos contornos se
lhe assemelham frequentemente, até porque lhes é exigida exclusividade.
Quem trabalhe para uma entidade pública, seja através de nomeação ou
de contrato de trabalho, ficará com a relação laboral suspensa enquanto
for bolseiro. Quanto aos bolseiros que tenham contrato com uma empresa
privada, o vínculo cessa ou, caso esta aceite, pode vigorar uma licença sem
retribuição, com a consequente suspensão.
Este contrato pode envolver três partes: a entidade financiadora, que paga a
bolsa, o bolseiro, que exerce as funções constantes do contrato, e a entidade
de acolhimento, que recebe, orienta e avalia o bolseiro, podendo coincidir
com a entidade financiadora ou não. Todas as partes devem estar identifica-
das no contrato, assim como o orientador científico ou coordenador. Dele
também deve constar o plano de atividades a desenvolver pelo bolseiro e a
duração e data de início da bolsa. Para que o bolseiro beneficie do estatuto,
deve ser enviada uma cópia do contrato à Fundação para a Ciência e a Tec-
nologia (FCT).
75
A As leis do trabalho
Regulamento
O regulamento relativo à concessão da bolsa é elaborado pela entidade finan-
ciadora e contém a descrição, o objeto e a duração, incluindo os objetivos
a atingir pelo candidato a bolseiro. Deve indicar também o modo de paga-
mento, quem pode candidatar-se e outros aspetos, como os relatórios finais
a elaborar pelo bolseiro e pelo orientador científico e respetivos critérios de
avaliação, assim como as condições em que pode haver renovação da bolsa.
A entidade financiadora deve submeter o regulamento à aprovação da Fun-
dação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Só não terá de fazê-lo se aplicar
um regulamento já em vigor.
Estatuto
O estatuto de bolseiro de investigação aplica-se a quem beneficie de subsí-
dios (bolsas), atribuídos por organismos públicos ou privados para financiar
atividades de natureza científica, tecnológica e formativa. As bolsas são con-
cedidas ao abrigo dos contratos celebrados entre bolseiros e entidades de
acolhimento. A lei não permite o recurso a bolseiros de investigação para
satisfazer necessidades permanentes dessas entidades.
76
A Trabalhadores com direitos especiais
Direitos do bolseiro
Com a assinatura do contrato, o bolseiro ganha direito a:
— receber pontualmente o montante correspondente à bolsa;
— obter da entidade de acolhimento o apoio técnico e logístico necessário
ao plano de trabalhos;
— beneficiar de um seguro contra acidentes pessoais, válido também nas
deslocações ao estrangeiro. Pode ser disponibilizado pela entidade de
acolhimento ou pela financiadora;
— inscrever-se na Segurança Social, através do seguro social voluntário (veja
o título Segurança Social, no final deste capítulo);
— gozar um período de descanso anual de 22 dias úteis;
— receber da entidade financiadora e da entidade de acolhimento todos os
esclarecimentos que solicite a respeito do estatuto;
— suspender o contrato de bolsa para exercer transitoriamente outra função
ou atividade remunerada que seja incompatível com o regime de exclu-
sividade exigido. Pode também suspender a atividade devido a doença
comprovada por atestado médico ou declaração de um estabelecimento
hospitalar ou, ainda, por questões relacionadas com a parentalidade.
77
A As leis do trabalho
Cessação
O contrato de bolsa pode cessar por um dos seguintes motivos:
— incumprimento repetido das obrigações de uma das partes;
— prestação de falsas declarações pelo bolseiro;
— conclusão do plano de atividades;
— termo do prazo de atribuição da bolsa;
— revogação por mútuo acordo ou alteração das circunstâncias que justifi-
caram a sua celebração;
— constituição de uma relação laboral com a entidade de acolhimento,
ou seja, entre as partes estabelecer-se um verdadeiro contrato de trabalho.
78
A Trabalhadores com direitos especiais
Exclusividade
O bolseiro deve desempenhar as suas funções em regime de dedicação
exclusiva. A lei não permite que exerça outra função ou atividade remu-
nerada, incluindo uma profissão liberal. Pode, todavia, obter rendimentos
provenientes de:
— direitos de autor e de propriedade industrial;
— realização de conferências e palestras, cursos de formação profissional de
curta duração ou atividades análogas;
— ajudas de custo e despesas de deslocação;
— desempenho de funções em órgãos da instituição de acolhimento;
— participação em órgãos consultivos de outra instituição, desde que a enti-
dade de acolhimento esteja de acordo;
— atividades docentes autorizadas pela entidade de acolhimento, em ins-
tituição do ensino superior, quando não haja prejuízo para o programa
de trabalho relacionado com a bolsa e não tenha responsabilidade exclu-
siva por cursos ou unidades curriculares. Esta possibilidade está sujeita à
duração máxima de 4 horas por semana e, em média, 3 horas semanais
por semestre;
— participação em júris de concursos, exames e avaliações que não respei-
tem à entidade de acolhimento ou em comissões de avaliação e emissão
de pareceres;
— também pode realizar atividades externas à entidade de acolhimento,
mesmo remuneradas, desde que estejam diretamente relacionadas com
o plano de atividades referente à bolsa e sejam desempenhadas sem cará-
ter de permanência.
Horário
Os contratos de bolsa não originam relações de natureza laboral, nem sequer
de prestação de serviços. Pode, então, a entidade de acolhimento exigir que
o bolseiro cumpra um horário e ‘marque o ponto’? Os representantes dos
bolseiros defendem que isso só pode acontecer excecionalmente, quando
haja uma justificação pertinente, uma vez que não existe uma relação de
79
A As leis do trabalho
Provedor
O provedor do bolseiro funciona junto da FCT e é designado pelo membro
do governo responsável pela área da ciência, pelo período de 3 anos. Tem
como função defender e promover os direitos e interesses dos bolseiros de
investigação no âmbito de aplicação do estatuto, embora não tenha poder
de decisão. O provedor pode, isso sim, emitir recomendações às entidades
de acolhimento e às instituições financiadoras.
Segurança Social
Quem tenha uma bolsa de duração igual ou superior a 6 meses pode assegu-
rar proteção social aderindo ao regime do seguro social voluntário, que lhe
proporciona cobertura para as eventualidades de invalidez, velhice, morte,
parentalidade, doença e doenças profissionais.
O regime de proteção social é um dos aspetos que têm suscitado críticas
dos bolseiros, que o consideram insuficiente, reivindicando a aplicação de
regras semelhantes às dos trabalhadores por conta de outrem. Queixam-se,
sobretudo, da falta de proteção no desemprego. Por outro lado, têm surgido
dúvidas quanto à possibilidade de um ex-bolseiro se candidatar a programas
destinados a pessoas à procura do primeiro emprego. Tendo em conta que o
contrato de bolsa não estabelece um vínculo laboral, isso deve ser possível.
É, aliás, a posição defendida pela FCT.
80
A Trabalhadores com direitos especiais
Suspensão de atividade
Para que haja suspensão das atividades financiadas pela bolsa devido a
doença ou parentalidade, o bolseiro deve comunicar estas situações à enti-
dade de acolhimento e à FCT. Durante este período, também a bolsa fica
suspensa, reiniciando-se no primeiro dia útil de atividade do bolseiro após a
interrupção. Desta forma, o termo da bolsa é adiado.
Subsídio de doença
O bolseiro tem direito a subsídio de doença nos mesmos termos dos trabalhado-
res independentes. Ou seja, terá de apresentar, no mínimo, 6 meses com registo
de remunerações e ter as contribuições pagas até ao final do 3.º mês anterior ao
do início da baixa. Só o recebe a partir do 11.º dia de baixa (a menos que se trate
de tuberculose, internamento hospitalar e cirurgia em ambulatório, situações
em que não há período de espera) e durante o máximo de 1 ano.
Subsídio parental
Neste âmbito, os bolseiros têm a maioria dos direitos dos trabalhadores por
conta de outrem. Pai e mãe podem gozar a licença parental inicial, por oca-
sião do parto, durante 120 a 180 dias, partilhando-a, se assim o entenderem.
Se tiver de interromper a sua atividade devido a risco clínico (para si ou para
o feto), a grávida tem direito a uma licença com a duração que o médico
considerar necessária. Caso, na sua atividade, esteja exposta a condições,
produtos ou processos que acarretem riscos para si ou para o feto, pode
pedir uma licença e receber o subsídio por riscos específicos. Havendo inter-
rupção da gravidez, a licença terá uma duração de 14 a 30 dias, conforme
prescrição médica.
81
A
A
Capítulo 3
Suspensão e cessação
do contrato de trabalho
A As leis do trabalho
84
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Quando se aplica
A suspensão acontece em situações de doença, acidente ou licença sem
retribuição com a duração referida no parágrafo anterior. O trabalhador
também pode pedir a suspensão do contrato quando seja vítima de violência
doméstica e a empresa não tenha outro estabelecimento para onde possa ir
trabalhar ou enquanto aguarde transferência para outro local.
Implicações
Há um primeiro aspeto que não é afetado: o tempo em que o contrato se
encontra suspenso conta para efeitos de antiguidade. Além disso, há certos
85
A As leis do trabalho
SUSPENSÃO DO CONTRATO:
DIREITOS E DEVERES DO TRABALHADOR
Estão suspensos Mantêm-se
– dever de assiduidade; – dever de lealdade;
86
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Informações obrigatórias
A comunicação referida no parágrafo anterior deve incluir as seguintes
informações:
— fundamentos económicos, financeiros ou técnicos para a suspensão ou
redução;
— quadro de pessoal completo, discriminado por secções;
— número de trabalhadores a abranger pelas medidas de redução e suspen-
são e respetivas categorias, bem como os critérios a ter em conta na sua
seleção;
— prazo de aplicação das medidas;
— áreas de formação a frequentar pelos trabalhadores durante o período de
redução ou suspensão, sendo caso disso.
87
A As leis do trabalho
Nestes casos, a empresa está obrigada a constituir uma caução, que pode
ser utilizada assim que decorrerem 15 dias sem pagamento de retribuição
aos trabalhadores.
As etapas do processo
Nas situações de crise empresarial, nos 5 dias que se seguem à data da comu-
nicação, tem lugar uma fase de informação e negociação entre a empresa
e os representantes dos trabalhadores, para se chegar a acordo sobre a
modalidade, âmbito e duração das medidas a tomar. Celebrado o acordo
ou, na sua falta, 5 dias depois da comunicação inicial, a entidade patronal
deve comunicar por escrito, a cada trabalhador, a medida que decidiu apli-
car, referindo o motivo, bem como a data de início e termo da sua aplicação.
Duração máxima
A redução e a suspensão não podem durar mais de 6 meses, a menos que
sejam causadas por uma catástrofe ou por outra ocorrência que tenha afe-
tado gravemente a atividade normal da empresa, casos em que poderão ter
a duração máxima de 1 ano. Existe a hipótese de estes prazos serem prolon-
gados, no máximo por mais 6 meses, desde que o empregador comunique
tal intenção e a duração prevista, por escrito e de forma fundamentada, aos
88
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Intervenção da ACT
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) tem competência para,
por sua iniciativa ou a pedido de algum interessado, pôr fim à aplicação do
regime relativamente a todos ou a alguns trabalhadores se:
— não se verificar, ou tiver cessado, o motivo invocado;
— tiver faltado alguma das comunicações a que a empresa está obrigada;
— não tiverem decorrido as negociações previstas na lei;
— a empresa deixar de cumprir os seus deveres, como o pagamento da com-
pensação ao trabalhador ou das contribuições para a Segurança Social.
Crise empresarial
Enquanto durar a redução ou suspensão do contrato devido a situações
de crise empresarial, o trabalhador tem direito a receber, no mínimo,
2/3 do salário a tempo inteiro ou o equivalente ao salário mínimo naci-
onal, consoante o que for mais elevado. Verificando-se a redução do
horário de trabalho, a retribuição será calculada proporcionalmente.
89
A As leis do trabalho
Outra atividade
Durante o período de redução ou suspensão, o trabalhador tem a possibili-
dade de exercer outra atividade profissional fora da empresa. Mas, para isso,
terá de respeitar algumas regras. Em primeiro lugar, tem de comunicá-lo à
entidade patronal, no prazo máximo de 5 dias a contar do início da nova
ocupação, para eventualmente ser reduzida a compensação salarial. A falta
desta comunicação constitui uma infração disciplinar grave e tem como con-
sequência a perda do direito àquela compensação, bem como a restituição
do que tiver sido pago a esse título.
90
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
91
A As leis do trabalho
Quando é possível
Na maioria dos casos, a entidade patronal não está obrigada a aceitar a pre-
tensão do trabalhador e pode recusar-lhe a licença. As exceções a esta regra
são as licenças para:
— assistência a filhos, adotados ou enteados (veja o primeiro volume deste
livro);
— os trabalhadores-estudantes, desde que avisem com a devida antecedên-
cia (veja a página 47);
— formação profissional, desde que o trabalhador esteja na empresa há,
pelo menos, 3 anos e solicite a licença com 90 dias de antecedência.
Mesmo que estas duas condições estejam satisfeitas, a entidade patro-
nal ainda poderá recusar a licença se, nos 24 meses anteriores, tiver sido
dada ao trabalhador uma licença com o mesmo propósito ou se ele tiver
tido formação profissional adequada durante esse período. É-lhe igual-
mente permitida a recusa se não tiver mais de 50 trabalhadores e a subs-
tituição do candidato à licença não for possível, se este ocupar um cargo
de chefia ou direção, ou, ainda, se for especialmente qualificado e a sua
substituição acarretar prejuízos graves.
Consequências
Como acontece com os demais casos de suspensão do contrato, durante o
período de licença sem retribuição cessam os direitos e os deveres das par-
tes que impliquem a efetiva prestação de trabalho. No entanto, mantém-se
a contagem da antiguidade e a consequente progressão na carreira. Isto sig-
nifica que, por exemplo, se houver promoções automáticas decorrentes da
passagem do tempo, o trabalhador não lhes perde o direito por gozar uma
licença sem retribuição. Já quando as promoções estão diretamente relaci-
onadas com o mérito e o desempenho profissional, não pode obrigar-se a
entidade patronal a optar pela promoção do trabalhador que se encontrava
de licença, com prejuízo de outros.
92
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Regresso antecipado
Pode perguntar-se o que acontecerá se o trabalhador quiser regressar mais
cedo do que o previsto. Vejamos três hipóteses.
Atividade alternativa
Durante o gozo da licença, poderá o trabalhador ocupar parte do seu tempo
livre com outra atividade profissional? Não o pode fazer numa empresa con-
corrente da entidade patronal (não nos esqueçamos de que se mantém o
dever de lealdade), mas, fora desses casos, não parece haver obstáculos.
Porém, como é evidente, terá sempre de ser tido em conta o motivo que
originou o pedido de licença. Quem goza uma licença para acompanhar um
filho terá, efetivamente, de com ele passar a maior parte do tempo.
93
A As leis do trabalho
pelo presente
A sociedade Cruz & Cruz, Lda. vem
riza o seu funci onário
meio confirmar que auto
uma licen ça sem retri-
Dr. Francisco Piedade a gozar Por uma questão de segurança, o pedido
31 de dezembro
buição no período entre 1 de julho e de licença sem retribuição deve ser feito
as tecnologias
de 2020, para lecionar o curso “Nov
por escrito. É também conveniente pedir
lho do futuro”. que a empresa passe um comprovativo da
e realidade virtual: o mercado de traba concessão da licença.
ará o seu posto de
O Dr. Francisco Piedade retom
ro de 2021.
trabalho na empresa no dia 1 de janei
inistração
O Presidente do Conselho de Adm
Joaquim Serra
Francisco Piedade
Rua da Catedral, n.º 99, 2.º Dto.
1000‑000 LISBOA
Exmo. Senhor,
Presidente do Conselho de Administr
ação da
Cruz & Cruz, Lda.
Av. 25 de Abril, n.º 10, 3.º
1111-000 LISBOA
Carta registada com aviso de rece
ção
Assunto – licença sem retribuição
Exmo. Senhor,
Venho reiterar por escrito o pedido que
havia feito
verbalmente, para que me seja conc
edida uma licença
sem retribuição a partir do dia 1 de julho
de 2020. A licença
destina-se a lecionar um curso de aper
feiçoamento
profissional intitulado “Novas tecnologia
s e realidade virtual:
o mercado de trabalho do futuro” e
prolongar-se-á até final
de dezembro de 2020.
Assim sendo, retomarei a atividade na
empresa, ocupando
o meu atual lugar, no dia 1 de janeiro
de 2021.
Atenciosamente
Francisco Piedade
94
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Comunicação e pré-aviso
A comunicação deve ser feita por escrito, mas também poderá ser oral se tal
for aceite pela entidade patronal. No entanto, a falta de comunicação escrita
pode dificultar a prova em tribunal, se for caso disso, de que foi respeitado
o período de aviso previsto na lei. Por uma questão de segurança, é aconse-
lhável apresentar a comunicação por escrito.
Por vezes, a empresa não exige que o trabalhador cumpra o período legal
na íntegra e aceita libertá-lo mais cedo. Suponhamos que um trabalhador
com 3 anos de antiguidade solicita que a entidade patronal o liberte 30 dias
depois, e não passados 60 dias. Apesar de não estar obrigada, pode aceitar
este pedido.
95
A As leis do trabalho
96
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Abandono do trabalho
O que acontece quando o trabalhador deixa simplesmente de compare-
cer ao trabalho? Se a ausência se prolongar por 10 dias úteis consecutivos
e o trabalhador nada disser à entidade patronal, presume-se que há aban-
dono do trabalho. Terá de ser o trabalhador a provar que não é assim, que
pretende regressar e tanto a ausência como a falta de comunicação do
motivo se deveram a razões de força maior. Não será necessário esperar
10 dias úteis se a entidade patronal tiver a indicação de que o trabalha-
dor não pretende voltar. Basta que, por exemplo, ao fim de uma semana
venha a saber que ele já se encontra a trabalhar noutro local. Em suma, o
abandono do trabalho é, de acordo com a definição legal, “a ausência do
97
A As leis do trabalho
O JUIZ DECIDIU...
ABANDONO DO TRABALHO*
A colaboração entre o trabalhador e a empresa já tinha conhecido alguns obstáculos. Com
efeito, o serralheiro de profissão já havia trabalhado, em 2010, para outra empresa do
mesmo grupo económico. O contrato terminou a pedido do trabalhador, que foi viver para
o estrangeiro. Em 2011, nova colaboração, interrompida em agosto, depois de o trabalha-
dor se ausentar durante várias semanas sem avisar o empregador. Este enviou-lhe uma
carta, a pedir justificação para a ausência. Se nada fosse dito, considerava terminada a
relação laboral. O trabalhador solicitou a reintegração e comprometeu-se a não mais se
ausentar sem comunicação. A empresa aceitou, mas sublinhou que seria a sua última
oportunidade. Se repetisse aquele comportamento, seria dispensado.
Em julho de 2012, de novo sem razão aparente, o trabalhador voltou a faltar durante mais
de 10 dias. Recebeu nova carta, a solicitar a justificação da ausência no prazo de 5 dias
úteis, sem a qual a empresa presumiria que o trabalhador pretendia denunciar o contrato
de trabalho. Como este foi incapaz de apresentar um motivo para justificar as faltas e a
ausência de comunicação, a empresa considerou que o contrato tinha cessado.
Inconformado, o trabalhador recorreu aos tribunais e alegou estar a ser vítima de despe-
dimento ilícito. Tanto em primeira como em segunda instância, os tribunais considera-
ram provado que o trabalhador havia faltado injustificadamente durante mais de 10 dias
seguidos, verificando-se, pois, a presunção de abandono do trabalho. Acrescentaram que
o empregador agiu corretamente e que o trabalhador não foi capaz de demonstrar que
havia razões para não ter comparecido no local de trabalho e para não ter justificado a
ausência.
98
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Assim que tiver conhecimento dos factos que sustentam a justa causa, tem
30 dias para comunicar por escrito à entidade patronal a rescisão do con-
trato, indicando esses factos de forma breve. Este aspeto é muito impor-
tante, visto que, numa eventual disputa em tribunal, são os únicos que pode
invocar como base da sua intenção de rescindir o contrato. Não pode mais
tarde vir dizer que, além desses elementos, existiram outras violações con-
tratuais. A partir de quando começa a contar o prazo de 30 dias? Apesar
de a lei falar na data em que o trabalhador tem conhecimento dos factos,
o Supremo Tribunal de Justiça veio definir que, caso se verifiquem efeitos
duradouros, capazes de se agravar com o decurso do tempo, o prazo deve
começar a contar no momento em que a subsistência do contrato se torne
impossível, não podendo exigir-se a manutenção da relação de trabalho.
Os casos menos graves que permitem a rescisão do contrato com justa causa
pelo trabalhador, mas não dão direito a indemnização, são aqueles em que
não existe uma conduta censurável da parte da entidade patronal, mas seria
injusto forçar o trabalhador a manter a relação. Será assim quando:
99
A As leis do trabalho
100
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
101
A As leis do trabalho
DIREITO A INDEMNIZAÇÃO
Nos casos em que dá direito a compensação (veja o quadro da página 100), a rescisão
do contrato com justa causa confere ao trabalhador direito a uma indemnização que será
fixada entre 15 e 45 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de
trabalho, mas, independentemente da antiguidade do trabalhador, não pode ser inferior
a 3 meses de salário. Quanto aos anos incompletos, o cálculo é feito proporcionalmente.
A indemnização pode ser mais elevada se o trabalhador tiver sofrido danos que ultrapas-
sem esse valor. Mas terá de ser o próprio a prová-los. Nos contratos a termo, a indemniza-
ção corresponde, no mínimo, às quantias que ficaram por pagar até ao final do prazo do
contrato.
Caso entenda que o trabalhador não tem direito a rescindir o contrato com justa causa,
a entidade patronal pode recorrer aos tribunais no prazo de 1 ano a contar da data em
que o trabalhador o fez. Se o tribunal decidir que não havia motivo para justa causa,
a empresa tem direito a uma indemnização que não pode ser inferior ao que é devido pelo
trabalhador quando não respeita o aviso prévio (veja o título Denúncia com aviso prévio,
na página 95). Poderá, ainda, provar que o comportamento do trabalhador originou pre-
juízos mais elevados.
102
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Ofensas ao trabalhador
A autoridade da entidade patronal sobre o trabalhador não justifica compor-
tamentos menos próprios, que ofendam a sua integridade física, liberdade,
honra ou dignidade, incluindo todos os tipos de assédio (moral, sexual).
Se estes ocorrerem, por exemplo, verificando-se a prática de um crime de
ofensas à integridade física, injúrias ou difamação, o trabalhador terá justa
causa para rescindir o contrato.
Salários em atraso
Se a entidade patronal não paga a retribuição a tempo e horas, não será
legítimo exigir-se que a relação contratual se mantenha. No entanto, tam-
bém não seria justo que um pequeno atraso alheio à sua vontade fornecesse
desde logo motivo para exigir indemnização. Assim, se a entidade patronal
não tiver culpa no atraso (sofreu quebras inesperadas nas vendas, o que
colocou em risco a sua sobrevivência, por exemplo), o trabalhador continua
a poder rescindir o contrato, mas sem direito a indemnização. Caso o atraso
se prolongue por mais de 60 dias, a rescisão já lhe dá direito a indemnização.
103
A As leis do trabalho
SUSPENSÃO DO TRABALHO
• Quando o atraso no pagamento da retribuição sem culpa da entidade patronal seja supe-
rior a 15 dias, o trabalhador pode suspender a sua atividade. Para isso, tem de comunicar
essa intenção à entidade patronal e à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), por
escrito, com uma antecedência mínima de 8 dias em relação à data do início da suspen-
são. Não será necessário esperar 15 dias se obtiver uma declaração por escrito da empresa
em como nesse prazo o salário não será pago.
• A suspensão do contrato não retira direitos ao trabalhador, já que se mantém o vínculo
laboral. Quanto à retribuição, conserva o direito a receber os salários em dívida até ao
momento em que suspendeu o contrato, bem como os respetivos juros de mora. Enquanto
durar a suspensão, o trabalhador tem direito ao subsídio de desemprego ou ao subsídio
social de desemprego, de acordo com as regras definidas para estes dois subsídios (veja o
próximo capítulo). Por outro lado, pode dedicar-se a outro trabalho, desde que não viole o
dever de lealdade à entidade patronal a que ainda está ligado.
• A suspensão termina quando se verificar uma das seguintes situações:
— o trabalhador comunica essa intenção à entidade patronal;
— as retribuições em dívida e os respetivos juros de mora são integralmente pagos;
— é celebrado um acordo de regularização dos salários em atraso entre a empresa e o
trabalhador.
Revogação da rescisão
A opção de rescindir o contrato de trabalho, seja com justa causa ou
aviso prévio, pode ser revista pelo trabalhador. Caso se arrependa, a lei
permite-lhe voltar atrás. E pode fazê-lo até ao sétimo dia a contar da data
104
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
À primeira vista, esta possibilidade parece injusta para a empresa, que pode
já ter sido forçada a procurar um substituto para o lugar do trabalhador
demissionário e se defronta com o regresso deste, fruto do arrependimento.
Mas tem um objetivo bem específico: evitar que, no momento da celebração
do contrato, a entidade patronal exija ao trabalhador a assinatura de uma
carta de demissão não datada. Assim, para se livrar dele, bastaria utilizá-la
e dar a entender que o contrato terminava por iniciativa do trabalhador.
No entanto, o trabalhador não pode voltar atrás quando a comunicação da
rescisão do contrato tiver sido assinada na presença de um notário e por ele
certificada. Entende-se que a intervenção deste profissional assegura que a
situação é transparente. Portanto, as empresas que não queiram correr o
risco de ver o trabalhador demissionário dizer que, afinal, quer permanecer
no lugar, podem recorrer ao reconhecimento notarial da sua assinatura na
declaração de rescisão.
105
A As leis do trabalho
Impossibilidade da relação
Em certas situações, o contrato de trabalho não pode manter-se por não
ser possível ao trabalhador ou à entidade patronal cumpri-lo. Exige-se que
a impossibilidade seja definitiva — e não meramente temporária, o que,
quando muito, provoca a suspensão do contrato — e absoluta, afastando-se
a mera impossibilidade parcial.
Impossibilidade do trabalhador
Desde logo, verifica-se quando morre. Os herdeiros não podem reclamar o
seu lugar, ainda que tenham idêntica formação: o filho de um médico fale-
cido não pode pretender ocupar o cargo que o pai tinha no hospital pelo
facto de ter a mesma profissão.
106
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
107
A As leis do trabalho
Contratos a termo
Os contratos a termo caducam quando termina o prazo definido, mas tam-
bém podem ser renovados ou transformados em contratos sem termo (veja
o primeiro volume deste livro). Esta caducidade não é automática. Para que
o contrato não se renove, a entidade patronal tem de comunicar essa inten-
ção ao trabalhador (ou este àquela), variando o momento em que tal tem de
ser feito conforme se trate de um contrato a termo certo ou incerto.
Termo certo
Nos contratos a termo certo, a entidade patronal tem de comunicar ao tra-
balhador a intenção de não o renovar, por escrito, até 15 dias antes do final
do prazo previsto. Se nada for dito, é renovado por um período igual ao
108
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Termo incerto
Nos contratos a termo incerto, a caducidade tem de ser comunicada algum
tempo antes de ocorrer o facto que a determina (por exemplo, o regresso
do trabalhador substituído ou o final da obra). A antecedência será de 7, 30
ou 60 dias, consoante o contrato tenha durado até 6 meses, de 6 meses a
2 anos ou mais. Se não comunicar ao trabalhador o termo do contrato ou o
fizer com atraso, a entidade patronal tem de pagar-lhe a retribuição corres-
pondente ao período de aviso prévio em falta. Mantendo-se o trabalhador
no ativo decorridos 15 dias sobre a conclusão da atividade, serviço, obra ou
projeto para que haja sido contratado ou do regresso do trabalhador substi-
tuído, passa a estar ao abrigo de um contrato sem termo.
109
A As leis do trabalho
Forma e motivos
A lei estabelece que o acordo seja feito por escrito e em duplicado, ficando
cada uma das partes com um exemplar depois de ambas terem assinado.
O documento deve ser datado e indicar o dia em que o contrato cessa.
Compensação
Os termos do acordo apenas estão sujeitos à negociação entre as partes,
o que inclui a atribuição (ou não) de uma compensação ao trabalhador.
Se esta constar do acordo, mas o empregador não a pagar, os tribunais têm
entendido que o acordo de cessação do contrato continua válido. O trabalha-
dor poderá recorrer à Justiça para conseguir o pagamento daquilo que, por
ter ficado acordado, lhe é devido.
110
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Arrependimento
À semelhança do que acontece na rescisão por iniciativa do trabalhador
(veja a página 104), também na cessação por acordo lhe é permitido arre-
pender-se. Pode fazê-lo até ao sétimo dia após a data do acordo. Para tal, terá
de comunicar essa intenção por escrito à entidade patronal, aplicando-se as
regras já referidas para a rescisão por parte do trabalhador. Isto só não será
possível se as assinaturas do acordo forem reconhecidas presencialmente
pelo notário. Considera-se, nesses casos, que o trabalhador estará suficien-
temente defendido.
111
A As leis do trabalho
112
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
113
A As leis do trabalho
Fundamentos
Para facilitar a delimitação das situações que podem originar o despedimento
com justa causa, a lei enumera algumas. Todavia, trata-se de uma exposição
meramente exemplificativa. Todos os comportamentos que impossibilitem
a manutenção do contrato podem fundamentar o despedimento.
Eis aqueles que a lei, desde logo, considera constituírem justa causa:
— desobedecer injustificadamente a superiores hierárquicos;
— violar direitos e garantias de colegas;
— provocar de forma repetida conflitos com os colegas;
— mostrar desinteresse repetido pelo cumprimento, com a diligência
devida, das obrigações inerentes ao seu cargo ou posto de trabalho;
— lesar seriamente os interesses patrimoniais da empresa;
— faltar de forma injustificada e, com isso, causar prejuízos ou riscos graves
à empresa ou, independentemente de estes ocorrerem, o número de fal-
tas injustificadas atingir, em cada ano, 5 seguidas ou 10 intercaladas;
— prestar falsas declarações para justificar faltas ao trabalho;
— desrespeitar de forma culposa as normas de segurança e saúde no
trabalho;
— agredir, injuriar ou levar a cabo outras ofensas punidas por lei sobre cole-
gas, elementos dos corpos sociais ou seus delegados e representantes;
— praticar crimes contra a liberdade das pessoas referidas no ponto anterior
(sequestro, por exemplo);
— não cumprir ou opor-se ao cumprimento de decisões judiciais ou atos
administrativos;
— apresentar reduções anormais de produtividade.
114
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Procedimento disciplinar
Se a entidade patronal se limitar a comunicar ao trabalhador que está despe-
dido, por muito grave que tenha sido a sua conduta nenhum tribunal irá con-
siderar o despedimento válido. É imprescindível que, antes disso, abra um
procedimento disciplinar, durante o qual o trabalhador toma conhecimento
da acusação de que é alvo e tem oportunidade de se defender. Para instaurar
o procedimento, a entidade patronal dispõe de um prazo de 60 dias, a par-
tir do momento em que tem conhecimento dos factos, mas, em regra, não
poderá ter passado mais de 1 ano desde que ocorreram.
Nota de culpa
A entidade patronal, que pode designar um instrutor para se ocupar do pro-
cesso, tem de comunicar ao trabalhador, por escrito, que lhe foi instaurado
um procedimento disciplinar e que este poderá ter como consequência o
despedimento. Juntamente com a comunicação, segue a nota de culpa, que
contém a descrição dos factos de que é acusado. Uma cópia destes dois ele-
mentos é remetida à comissão de trabalhadores da empresa, caso exista.
Se o trabalhador for representante sindical, também o sindicato receberá
uma cópia.
Defesa
A segunda fase do procedimento destina-se à apresentação de defesa por
parte do trabalhador. Este tem 10 dias úteis, a partir do momento em que
recebe a nota de culpa, para consultar o processo e responder por escrito,
juntando as provas de que disponha. É-lhe permitido apresentar os docu-
mentos que lhe pareçam adequados e pode também solicitar a realização
115
A As leis do trabalho
Decisão
Apresentadas as provas por cada uma das partes, e concluídas as diligências
pedidas pelo trabalhador e aceites pela empresa, é enviada uma cópia do
processo à comissão de trabalhadores e, sendo o trabalhador representante
sindical, à respetiva associação. Estas terão 5 dias úteis para juntarem o seu
parecer ao processo.
Falhas processuais
Se a entidade patronal não cumprir alguma das formalidades obrigatórias
do procedimento disciplinar, o despedimento é ilícito, podendo o trabalha-
dor recorrer aos tribunais. A lei considera nulo o procedimento disciplinar
em que falte a comunicação ao trabalhador, não lhe seja dada hipótese de
resposta ou a decisão de despedimento e os respetivos fundamentos não
constem de um documento escrito.
116
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Despedimento coletivo
A dispensa de trabalhadores pela entidade patronal também pode acontecer
através do despedimento coletivo. Tal como o nome indica, implica a dispensa
de diversos trabalhadores. Para ser considerado coletivo, tem de basear-se
num único motivo e envolver, no período máximo de 3 meses, pelo menos,
2 ou 5 trabalhadores, conforme se trate, respetivamente, de empresas de 2 a
49 (micro ou pequena empresa) ou, no mínimo, 50 trabalhadores (média ou
grande empresa).
Fundamentos
O despedimento coletivo só é possível por razões estruturais, tecnológicas
ou de mercado, ou em caso de encerramento total ou parcial da empresa.
117
A As leis do trabalho
Formalidades
À semelhança do que acontece no despedimento individual, a empresa tem
de respeitar algumas formalidades antes de levar por diante um despedi-
mento coletivo. Não existe procedimento disciplinar, pois não houve infra-
ção da parte dos trabalhadores, mas existem várias etapas.
Comunicação obrigatória
Para iniciar o processo, a entidade patronal tem de comunicar, por escrito,
aos trabalhadores em causa, que existe uma forte probabilidade de virem a
ser alvo de um despedimento coletivo. Também deve informar a comissão
de trabalhadores ou, não existindo, as organizações sindicais que represen-
tem os trabalhadores a despedir. Na falta de ambas as entidades, os traba-
lhadores têm a possibilidade de escolher, no prazo de 5 dias úteis a partir
da data em que recebem a comunicação, uma comissão representativa com
o máximo de 3 ou 5 membros, conforme o despedimento abranja até 5 ou
mais de 5 trabalhadores. Esta comissão recebe uma cópia da comunicação.
Outra cópia, acompanhada de toda a informação relevante, é enviada para
o ministério que regula as questões do trabalho.
Negociação
Nos 5 dias que se seguem à comunicação, tem lugar uma fase de informa-
ção e negociação entre a entidade patronal e os representantes dos traba-
lhadores, devidamente acompanhada pelo ministério, para se chegar a um
acordo quanto às medidas a tomar e reduzir ao mínimo o número de des-
pedimentos. Estuda-se a viabilidade de medidas menos drásticas, como a
suspensão dos contratos, a redução do horário de trabalho ou, com o acordo
expresso dos trabalhadores, a reclassificação profissional, a pré-reforma ou
118
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
a reforma antecipada. Destas reuniões é elaborada uma ata, que será envi-
ada ao ministério.
Decisão
Celebrado o acordo ou, se falhar, 15 dias depois da comunicação inicial,
a entidade patronal comunica a decisão de despedimento, por escrito,
a cada trabalhador abrangido, referindo expressamente o motivo e a data
de cessação do contrato, bem como o montante da compensação que lhe
será paga e a forma e local de pagamento. Esta comunicação deve respeitar
uma antecedência mínima, relativamente à data prevista para terminar o
contrato, de acordo com o que consta do quadro que se segue.
DESPEDIMENTO COLETIVO:
COMUNICAÇÃO AO TRABALHADOR
Antiguidade do trabalhador Antecedência mínima (dias)
MENOS DE 1 ANO 15
1 A 4 ANOS E 11 MESES 30
5 A 9 ANOS E 11 MESES 60
10 ANOS OU MAIS 75
119
A As leis do trabalho
Direito a compensação
O cálculo da compensação a receber pelos trabalhadores varia com a data de
início do contrato, de acordo com as regras indicadas no quadro Compensa-
ção a receber pelo trabalhador.
nacional, o trabalhador nada recebe relativamente aos dois períodos seguintes, mas neste recebe a totalidade.
Se for inferior, somado aos seguintes não pode ultrapassar estes limites.
(2) Se a soma deste período com o anterior atingir ou ultrapassar o correspondente a 12 � retribuição mensal
e diuturnidades ou 240 � salário mínimo nacional, o trabalhador nada recebe relativamente ao período que
se inicia a 01/10/2013. Se for inferior, somado ao seguinte não pode ultrapassar estes limites.
(3) São consideradas retribuições mensais e diuturnidades até ao máximo de 20 � salário mínimo nacional.
(4) O montante global da compensação não pode ser superior a 12 � retribuição-base e diuturnidades ou,
120
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Depois de lhes ser comunicado que vão ser despedidos, se assim o enten-
derem os trabalhadores podem rescindir o contrato sem perderem o direito
à compensação atrás referida, desde que avisem a entidade patronal com a
antecedência mínima de 3 dias úteis.
Requisitos
Para que o despedimento por extinção do posto de trabalho seja possível,
é necessário que se verifiquem, em simultâneo, todos os requisitos que se
seguem:
— as circunstâncias que o motivam não terem sido causadas pela entidade
patronal ou pelo trabalhador;
— ser impossível manter a relação de trabalho, por não existir outro posto
compatível com a categoria profissional do trabalhador;
— não haver na empresa trabalhadores contratados a termo para tarefas cor-
respondentes às do posto a extinguir;
— o número de trabalhadores abrangidos ser insuficiente para se aplicar o
regime de despedimento coletivo (veja o título respetivo, na página 117);
— o trabalhador receber a compensação devida.
Que trabalhadores?
Os trabalhadores que, nos 3 meses anteriores, foram transferidos para um
posto de trabalho que veio a ser extinto têm direito a reocupar o posto ante-
rior, sem desconto no salário, a menos que também esse seja extinto. Com
esta disposição legal, evita-se que haja transferências de pessoal apenas com
o propósito de, pouco tempo depois, serem dispensados devido à extinção
dos seus (novos) postos de trabalho.
121
A As leis do trabalho
Formalidades do processo
A entidade patronal deve começar por comunicar a necessidade de extin-
guir o posto de trabalho, por escrito, aos trabalhadores que, em princípio,
serão dispensados e, se existirem, à comissão de trabalhadores e ao sindi-
cato representativo. Esta comunicação deve conter os motivos invocados
para a cessação do contrato, a indicação de quem é abrangido (um ou mais
trabalhadores) e respetivas categorias profissionais, bem como os critérios
de seleção dos trabalhadores a despedir.
122
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Fundamentos
O trabalhador tem de mostrar-se de todo incapaz para exercer as funções
que lhe foram atribuídas, impossibilitando a relação de trabalho por:
— apresentar diminuição reiterada de produtividade ou qualidade;
— causar repetidamente avarias no material utilizado;
— provocar riscos para a segurança ou para a sua própria saúde, dos colegas
ou de outras pessoas.
123
A As leis do trabalho
Formalidades
Quando quiser dispensar um trabalhador por inadaptação, a entidade patro-
nal tem de comunicar-lhe essa intenção, por escrito. A comunicação deve
conter os seguintes elementos:
— intenção de proceder ao despedimento, indicando os motivos que a
justificam;
124
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Despedimento ilícito
A concretização do despedimento não significa que a empresa tenha agido
em conformidade com a lei. Por um lado, pode não ter respeitado todas
as formalidades do processo; por outro, ainda que tudo tenha sido feito
de acordo com as exigências legais, pode a conduta do trabalhador não
125
A As leis do trabalho
Decisão
Iniciativa do Acordo entre
da entidade
trabalhador as duas partes
patronal
O trabalhador recebe
a compensação que
constar do acordo.
Despedimento Extinção
Despedimento Dispensa por Despedimento
com justa do posto
coletivo inadaptação ilícito
causa de trabalho
Com aviso
Com justa
prévio (30
causa
ou 60 dias)
O trabalhador O trabalhador é compensado Indemnização
pode ter de com 12 dias de retribuição‑base e pelos danos
Não tem direito indemnizar diuturnidades por cada ano completo sofridos,
a indemnização. a entidade de antiguidade (proporcional em anos reintegração
patronal, se lhe incompletos). Nos contratos anteriores a e retribuições
causar prejuízos. 01/10/2013, a compensação é superior, que deixou de
mas há diferenças entre os celebrados ganhar desde o
antes de 01/11/2011 e os que o foram despedimento.
entre 01/11/2011 e 30/09/2013 Se não
(veja o quadro Compensação a receber optar pela
Com direito a Sem direito pelo trabalhador, na página 120). reintegração,
indemnização: a indemnização. o trabalhador
15 a 45 dias de recebe entre
retribuição‑base 15 e 45 dias de
e diuturnidades retribuição-base
por ano completo e diuturnidades
de antiguidade. por cada ano,
Ano incompleto completo ou
é proporcional. não, de trabalho.
Recebe, no No mínimo,
mínimo, 3 meses. recebe 3 meses.
126
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Caducidade
Impossibilidade Termo
Impossibilidade
de a entidade do contrato,
de o trabalhador
patronal receber nos contratos
prestar serviço
o serviço a prazo
127
A As leis do trabalho
justificar que lhe seja aplicada uma sanção tão grave e não haver razão para
nenhuma das outras formas de despedimento (coletivo, por extinção do
posto de trabalho ou por inadaptação).
Suspensão do despedimento
O trabalhador tem um prazo de 5 dias úteis, desde que recebeu a comuni-
cação, para apresentar uma providência cautelar nos tribunais requerendo
a suspensão do despedimento. Para o efeito, pode contactar um advogado
ou apresentar o caso ao representante do Ministério Público no tribunal.
Em princípio, o juiz marca a audiência de julgamento para o prazo máximo
de 15 dias.
128
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Impugnação do despedimento
O trabalhador pode opor-se ao despedimento através da apresentação no tri-
bunal de um requerimento em formulário próprio, em formato eletrónico ou
papel (veja a imagem abaixo). Para isso, dispõe de 60 dias a partir da data em
que recebe a comunicação de despedimento ou, se for posterior, daquela em
que o contrato cessa. Tratando-se de despedimento coletivo, o prazo para
entregar o formulário é de 6 meses. Caso tenha apresentado a providência
cautelar de suspensão do despedimento e o respetivo requerimento menci-
onar que requer a impugnação judicial da regularidade e licitude do despedi-
mento, o trabalhador fica dispensado de apresentar o formulário.
129
A As leis do trabalho
Quando é ilícito…
Grande parte das ações judiciais relativas a questões laborais está relaci-
onada com despedimentos. São, sobretudo, situações em que a entidade
patronal entende que há razões para dispensar o trabalhador e este defende
que não é assim. Se o tribunal concluir que não houve justa causa para o
despedimento, que não existiu procedimento disciplinar ou que este não
obedeceu às regras previstas na lei, considera o despedimento ilícito.
130
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
… o despedimento coletivo
Será considerado ilícito se:
— não tiver sido comunicada aos trabalhadores envolvidos e aos seus repre-
sentantes a intenção de proceder ao despedimento;
— não tiver existido negociação entre a empresa e os representantes dos
trabalhadores;
— esgotado o processo de negociação, a entidade patronal não respei-
tar o prazo de 15 dias para comunicar a cada trabalhador a decisão de
despedi-lo;
— não forem colocadas à disposição do trabalhador, até à data em que o
contrato termina, a compensação prevista na lei e todas as quantias a
que tem direito por cessar o contrato, a menos que se esteja perante uma
situação de insolvência ou recuperação de empresa.
131
A As leis do trabalho
Caso a ação não seja proposta até 30 dias depois do despedimento, ao mon-
tante a receber pelo trabalhador são subtraídos os salários referentes ao
período entre a data do despedimento e 30 dias antes de a ação dar entrada
em tribunal. Também são descontadas quantias recebidas por trabalhos que
tenha efetuado depois de ser despedido. Se, porventura, já exercia outra
atividade quando foi despedido, esses montantes não são descontados. Tam-
bém serão subtraídas as quantias recebidas a título de subsídio de desem-
prego, cabendo à empresa entregar os montantes em causa à Segurança
Social.
Reintegração ou indemnização
Outra consequência do despedimento ilícito é a condenação da entidade
patronal a reintegrar o trabalhador, sem que o período de ausência preju-
dique a sua categoria ou antiguidade. Porém, o trabalhador pode optar por
uma indemnização em vez da reintegração.
132
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
Oposição à reintegração
Tratando-se de uma microempresa (menos de 10 trabalhadores) ou estando
em causa um cargo de administração ou de direção, a entidade patronal
pode opor-se à reintegração se justificar que o regresso do trabalhador é
gravemente prejudicial e perturbará o funcionamento da empresa. Esta
oposição nunca será aceite se o despedimento for considerado ilícito por se
basear em motivos políticos, ideológicos, étnicos ou religiosos, mesmo que
tenha sido invocada outra razão. Também não o será se o juiz considerar
que o fundamento para a oposição foi criado pela própria entidade patronal.
15 a 45 dias de retribuição
A reintegração não ocorre se o trabalhador preferir receber uma indemni-
zação, cujo montante é fixado, pelo tribunal, entre 15 e 45 dias de retribu-
ição-base e diuturnidades por cada ano, completo ou não, de antiguidade.
Para o efeito, conta-se todo o tempo decorrido até ao trânsito em julgado da
sentença, isto é, até ao momento em que esta se torna definitiva, por já não
haver possibilidade de recorrer ou não ter sido apresentado recurso.
30 a 60 dias
Se o despedimento constituir uma sanção abusiva (veja, na página 101,
o que o determina), o valor da indemnização alternativa à reintegração será
133
A As leis do trabalho
Outros valores
É possível que o trabalhador receba uma indemnização superior à prevista
na lei. No entanto, isso dependerá de acordo com a entidade patronal: para
evitar a reintegração de um trabalhador que não quer manter ao seu serviço,
a entidade patronal paga-lhe uma indemnização superior e obtém a efetiva
cessação do contrato.
Contratos a termo
Nos contratos a termo, o despedimento ilícito tem as seguintes consequências:
— pagamento pela entidade patronal de uma indemnização pelos prejuízos
causados, não recebendo o trabalhador menos do que o que deixou de
auferir desde a data do despedimento até ao termo previsto do contrato;
— se a sentença do tribunal que declara o despedimento ilícito for anterior
ao termo do contrato, o trabalhador será reintegrado (se o pretender),
134
A Suspensão e cessação do contrato de trabalho
135
A
A
Capítulo 4
Desemprego
A As leis do trabalho
Subsídio de desemprego
Em termos gerais, pode dizer-se que é atribuído subsídio a quem cumpriu
um período mínimo de trabalho, perdeu o emprego contra a sua vontade e
está disponível para trabalhar. Os trabalhadores que reúnam estes requisitos
terão direito a recebê-lo a partir do momento em que apresentem o reque-
rimento no centro de emprego da sua área de residência. Não é concedido
subsídio a quem, na data em que cessa o contrato de trabalho, já tenha atin-
gido a idade de acesso à pensão de velhice (66 anos e 5 meses, em 2020;
66 anos e 6 meses, em 2021) e cumprido o prazo de garantia de 15 anos,
ou seja, tenha efetuado descontos, pelo menos, durante esse período (veja
o capítulo 5).
Desemprego involuntário
Legalmente, o desemprego involuntário é o que resulta de uma das seguin-
tes situações:
— decisão unilateral da entidade patronal, incluindo os casos de despedi-
mento com justa causa (desde que o trabalhador tenha proposto ação em
tribunal para impugná-lo), despedimento coletivo, extinção do posto de
trabalho ou dispensa por inadaptação;
— resolução com justa causa por iniciativa do trabalhador;
— caducidade do contrato, sem ser por reforma de invalidez ou velhice do
trabalhador ou recusa injustificada deste em manter um contrato a termo;
138
A Desemprego
Excluídos desta classificação ficam a rescisão com aviso prévio por ini-
ciativa do trabalhador e o despedimento com justa causa que ele não
impugne, bem como os acordos noutras situações. Também não são
considerados involuntários os casos em que o trabalhador invoque justa
causa na rescisão, mas o tribunal decida o contrário. No entanto, se o
trabalhador rescindir com justa causa, a entidade patronal não estiver
de acordo e ele recorrer aos tribunais para conseguir o pagamento da
indemnização que julga ser-lhe devida, enquanto decorrer o processo
terá direito ao subsídio de desemprego. Por último, não estão abrangidas
as situações em que o contrato a termo não é renovado porque o traba-
lhador não quis.
Pode ainda haver direito quanto aos períodos com salário em atraso,
mesmo que não haja suspensão, mas apenas recebe um subsídio por
cada 3 meses de atraso. Tem de ser requerido pelo trabalhador e, a seu
pedido, o empregador deve apresentar, no prazo de 5 dias a contar do
pedido, uma declaração em como existe incumprimento da sua parte
no pagamento da retribuição. Se recusar fazê-lo, o trabalhador pode
solicitar o comprovativo da situação à Autoridade para as Condições do
Trabalho.
139
A As leis do trabalho
Capacidade e disponibilidade
O desemprego involuntário não garante, por si só, a atribuição do subsídio.
A lei exige ainda que o desempregado:
— mantenha a capacidade e a disponibilidade para o trabalho;
— some 360 dias de trabalho por conta de outrem, com registos de remu-
nerações, nos 24 meses imediatamente anteriores à data do desemprego.
140
A Desemprego
Emprego conveniente
É considerado como tal o que cumpre todas estas condições:
— respeite os valores mínimos de remuneração definidos por lei ou instru-
mento de regulamentação aplicável ao trabalhador e demais condições
de trabalho;
— consista no exercício de funções compatíveis com as aptidões físicas,
habilitações escolares, formação, competências e experiência profissional
do desempregado, ainda que num setor de atividade ou profissão distinta
da ocupação anterior;
— garanta uma retribuição ilíquida igual ou superior à do último emprego
ou, pelo menos, igual ao subsídio de desemprego acrescido de 10%,
se a oferta de emprego ocorrer nos primeiros 12 meses de desemprego,
ou igual ou superior, se ocorrer depois disso;
— não implique despesas de transporte entre a residência e o local de
trabalho superiores a 10% da remuneração ou que ultrapassem as
que o trabalhador tinha no emprego anterior, desde que a retribuição
oferecida seja igual ou superior à auferida anteriormente, a empresa
cubra esses encargos ou lhe assegure transporte gratuito. O valor
das despesas considerado corresponde à utilização de transportes
públicos;
— o tempo médio de deslocação casa/trabalho/casa não exceda 25% do
horário de trabalho (ou 20%, se o trabalhador tiver filhos menores ou
dependentes a cargo) ou, passando esse limite, não seja superior ao que
gastava no emprego anterior. Também aqui, o tempo de deslocação a ter
em conta é o dos transportes públicos.
141
A As leis do trabalho
Formação
A formação proposta pelo centro de emprego deverá ser adequada às
habilitações e experiência profissional do desempregado. O objetivo é
melhorar as suas condições de empregabilidade, para facilitar o rápido
regresso ao mercado de trabalho. Se o desempregado a recusar, o cen-
tro de emprego avalia a recusa. Até pode acontecer que a considere
fundamentada.
142
A Desemprego
143
A As leis do trabalho
Quanto recebe
O montante do subsídio é, por regra, igual a 65% da remuneração de refe-
rência e é calculado na base de 30 dias por mês. Para encontrar o valor
total, somam-se todas as remunerações brutas recebidas nos 12 meses que
precedem o segundo mês anterior ao da data do desemprego, incluindo os
subsídios de férias e de Natal. Para quem ficou desempregado em janeiro
de 2020, por exemplo, os meses contabilizados vão de novembro de 2018 a
outubro de 2019 (novembro e dezembro de 2019 são ignorados). Somadas
essas quantias, divide-se o total por 360 para se encontrar o valor diário da
remuneração de referência.
Limite máximo
Existe um valor máximo absoluto para o subsídio: não pode ser superior
a 2,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), ou seja, não pode ultra-
passar, em 2020, 1097,03 euros (2,5 � 438,81 euros). Também não pode
ser superior a 75% do valor líquido da remuneração de referência. Este
valor líquido obtém-se pela dedução da taxa contributiva (11%) e da taxa de
retenção do IRS, que varia consoante o montante, o número de dependen-
tes e a circunstância de haver 1 ou 2 titulares de rendimentos no agregado
familiar.
144
A Desemprego
Valor mínimo
Quanto ao montante mínimo, não pode, em princípio, ser inferior ao IAS.
Porém, se a remuneração média do desempregado, nos meses tidos em
conta para o cálculo, for inferior a este indexante, receberá como subsídio o
equivalente à remuneração de referência. Requisito adicional: o montante do
subsídio de desemprego não pode ser superior ao valor líquido da remune-
ração de referência que serviu de base ao seu cálculo.
Mais 10%
O subsídio de desemprego tem uma majoração de 10% quando o agregado
familiar é constituído por:
— casal com filhos a cargo em que ambos estão desempregados (o aumento
reflete-se no subsídio de cada um);
— famílias monoparentais em que o progenitor não recebe pensão de ali-
mentos decretada ou homologada pelo tribunal.
Num caso como noutro, a majoração tem de ser pedida através de um reque-
rimento próprio para o efeito.
145
A As leis do trabalho
Descontou
270 dias
até 24 meses
Menos
de 30 anos Descontou 360 dias, mais 30 dias
mais de por cada 5 anos de
24 meses descontos
30 a 39 anos
Descontou 540 dias, mais 30 dias
mais de por cada 5 anos de
48 meses descontos nos últimos 20
146
A Desemprego
Descontou até
150 dias
14 meses
Descontou 210 dias
Menos
entre
de 30 anos
15 e 23 meses
330 dias, mais 30 dias
Descontou mais por cada 5 anos de
de 23 meses descontos
Descontou até
14 meses 180 dias
Descontou
30 a 39 anos 330 dias
entre
Que idade tem o desempregado?
15 e 23 meses
420 dias, mais 30 dias
Descontou mais por cada 5 anos de
de 23 meses descontos nos últimos 20
Descontou até
14 meses 210 dias
Descontou até
270 dias
14 meses
Descontou 480 dias
50 anos ou mais entre
15 e 23 meses
540 dias, mais 60 dias
Descontou mais por cada 5 anos de
de 23 meses descontos nos últimos 20
(1) Na
primeira situação de desemprego após 31/03/2012, o beneficiário recebe de acordo com os limites
em vigor até abril de 2012, desde que seja mais favorável.
147
A As leis do trabalho
desde que seja mais favorável. Poderá consultar os limites em cada uma das
situações nos esquemas das páginas anteriores.
Suspensão
O subsídio é suspenso quando o desempregado:
— tenha direito a receber subsídios relacionados com a parentalidade: por
risco clínico durante a gravidez, por interrupção da mesma, parentali-
dade inicial, adoção;
— passe a exercer uma atividade profissional por conta de outrem ou por
conta própria, desde que não receba um valor inferior ao do subsídio.
Recebendo menos, aplica-se o regime do subsídio de desemprego parcial
(veja a página 156);
148
A Desemprego
Cessação
Quanto aos casos em que o desempregado perde direito ao subsídio, são
também diversos:
— atingir o prazo máximo de concessão do subsídio;
— obter a reforma por invalidez, devido a questões relacionadas com a sua
saúde, ou atingir a idade de acesso à pensão de velhice, tendo cumprido
o prazo de garantia (15 anos);
— exercer uma atividade profissional, por conta de outrem ou por conta
própria, por um período de 3 anos;
— ausentar-se do país por um período superior a 3 meses, sem fazer prova
do exercício de atividade profissional;
— utilizar meios fraudulentos para garantir a atribuição do subsídio, calcular
o seu montante ou determinar o período de concessão;
— ver anulada a inscrição no centro de emprego;
— decorrerem 5 anos desde a data de apresentação do requerimento das
prestações de desemprego e o pagamento estiver suspenso.
149
A As leis do trabalho
Da suspensão à cessação
Assim que o desempregado começa a trabalhar, por conta de outrem ou por
conta própria, a atribuição do subsídio é suspensa (a menos que tenha acesso
ao subsídio parcial), até que complete 3 anos de atividade. Nesta altura, cessa
o direito ao subsídio e, caso mais tarde volte a ficar desempregado, terá de
requerer de novo a sua atribuição junto do centro de emprego. Trabalhando
durante menos tempo, e tratando-se novamente de desemprego involuntário,
bastará comunicá-lo ao centro de emprego para voltar a receber subsídio.
Dispensa
Em cada ano, o desempregado pode estar dispensado destas obrigações
durante um período de 30 dias, sem ter de o justificar, mas tem de dar
conhecimento ao centro de emprego de quando vai aproveitar essa dispensa
com a antecedência mínima de 30 dias.
150
A Desemprego
Comunicação
Há, ainda, outras circunstâncias que têm de ser comunicadas ao centro de
emprego, no prazo de 5 dias úteis:
— alteração de residência;
— ausência do território nacional;
— início e termo de proteção na parentalidade;
— situações de doença, que devem ser devidamente comprovadas através
de um certificado de incapacidade temporária;
— factos capazes de suspender ou fazer cessar o direito ao subsídio. A falta
desta comunicação pode originar a devolução das quantias recebidas
indevidamente.
Sanções
O trabalhador poderá, ainda, ficar sujeito ao pagamento de coimas, cujos
valores são variáveis:
— entre 100 e 700 euros, no caso de faltarem as comunicações a que está
obrigado (alteração de residência, ausência de Portugal, doença, etc.);
— entre 250 e 1000 euros, se exercer uma atividade normalmente remune-
rada, enquanto recebe subsídio de desemprego, mesmo que não se prove
que recebeu dinheiro por essa atividade.
151
A As leis do trabalho
Subsídio social
Nem todos os desempregados sem direito ao subsídio de desemprego ficam
desprovidos de proteção. A lei criou também o subsídio social de desem-
prego, que é atribuído a quem:
— esteja numa situação de desemprego involuntário, mas não tenha descon-
tado o tempo necessário para receber o subsídio de desemprego;
— tenha esgotado o prazo de atribuição do subsídio de desemprego sem
conseguir arranjar um novo emprego.
Atribuição
Tem direito ao subsídio social de desemprego quem tenha efetuado descon-
tos relativos a 180 dias de trabalho por conta de outrem, nos 12 meses imedi-
atamente anteriores à data do desemprego. Quando o desemprego involun-
tário resulta da caducidade do contrato de trabalho a termo ou da dispensa
do trabalhador durante o período experimental, este prazo é de 120 dias.
O QUE É O IAS?
O Indexante dos Apoios Sociais, abreviadamente IAS, é um valor de referência utilizado
pela Segurança Social para, entre outros aspetos, calcular o valor de prestações ou deter-
minar a direito a prestações, como pensões ou subsídios. O seu montante é, em regra,
atualizado anualmente, com efeitos a 1 de janeiro, tendo em conta alguns valores, como
a evolução do Índice de Preços no Consumidor, sem habitação, e o crescimento real do
produto interno bruto (PIB), correspondente à média da taxa do crescimento médio anual
dos dois anos anteriores. Em 2020, tem o valor de 438,81 euros.
152
A Desemprego
O agregado familiar
Considera-se que integram o agregado familiar, desde que vivam com
o desempregado em economia comum, o cônjuge ou quem com ele
esteja em união de facto há mais de 2 anos, parentes e afins maiores em
linha reta (filhos, netos, pais, avós) e em linha colateral até ao 3.º grau
(irmãos, tios, sobrinhos) ou menores para lá do 3.º grau (um primo, por
exemplo), adotantes ou adotados.
153
A As leis do trabalho
Montante
O montante do subsídio social de desemprego também é calculado por refe-
rência ao Indexante dos Apoios Sociais. Os desempregados que vivam sozi-
nhos recebem 80% daquela quantia. Quem tenha agregado familiar recebe
o equivalente a 100% do IAS. O montante recebido pode ser alterado caso se
modifique a composição do agregado familiar. Esta variação acontecerá no
dia seguinte àquele em que se verifica o facto que a determina (o nascimento
de um filho, por exemplo).
Ainda que a aplicação desta regra origine um valor superior à sua remune-
ração de referência, o desempregado não poderá receber mais do que esta,
para cujo cálculo se tem em conta aquilo que recebeu nos 6 meses que pre-
cedem o segundo mês anterior à data de desemprego (veja o título Quanto
recebe, na página 144). Além disso, o subsídio social nunca pode ter um valor
superior ao do subsídio de desemprego que o antecedeu. Também este sub-
sídio pode ser pago de uma só vez (veja a página 148).
Duração
A duração do subsídio social varia com uma série de fatores, incluindo a
idade do desempregado e o momento em que começa a ser pago.
154
A Desemprego
Outras regras
As restantes regras respeitantes ao subsídio social são idênticas às do subsí-
dio de desemprego: o modo como deve ser requerido (no caso do subsídio
inicial), as obrigações do desempregado, as circunstâncias em que é sus-
pensa ou cessa a sua atribuição. Relativamente a este último aspeto, há que
ressalvar uma particularidade: deixa de haver direito ao subsídio social
quando haja alteração dos rendimentos do agregado familiar e o rendimento
per capita passe a ser superior a 80% do IAS.
155
A As leis do trabalho
Subsídio parcial
Poderá receber o subsídio de desemprego parcial quem:
— ficar desempregado, mas mantiver outro emprego a tempo parcial ou
uma atividade independente que lhe proporcionem um rendimento infe-
rior ao subsídio de desemprego a que tem direito;
— esteja a receber subsídio de desemprego e celebre um contrato de tra-
balho a tempo parcial ou inicie uma atividade por conta própria, desde
que não obtenha um rendimento igual ou superior ao subsídio de
desemprego.
Atribuição
Para que o trabalhador tenha direito ao subsídio parcial, a atividade profis-
sional, seja por conta de outrem ou independente, não pode ser exercida
ao serviço da empresa que o despediu ou numa que tenha uma relação de
domínio com ela ou faça parte do mesmo grupo.
Montante
O montante a receber corresponde à diferença entre o valor do subsí-
dio de desemprego, acrescido de 35%, e o da remuneração do trabalho
a tempo parcial ou como independente. Supondo que o desempregado
recebia 500 euros de subsídio de desemprego e ganha, com o trabalho a
tempo parcial, 250 euros, terá direito a receber 425 euros de subsídio par-
cial de desemprego: 500 + 35% – 250 = 425. Terá, então, um rendimento
156
A Desemprego
Duração
O subsídio parcial tem a mesma duração que o subsídio de desemprego que
se encontrava em curso. Cessando o contrato de trabalho a tempo parcial já
depois de terminar o prazo de concessão do subsídio parcial, o desempre-
gado tem direito ao subsídio social subsequente, desde que reúna as condi-
ções exigidas pela lei.
157
A
A
Capítulo 5
Adeus ao trabalho
A As leis do trabalho
Pré-reforma
Antes de optar pela retirada definitiva, o trabalhador pode passar por um
período de pré-reforma. Pensada para fazer face às dificuldades em acompa-
nhar o desenvolvimento tecnológico ou ao cansaço físico e mental de quem
já tenha um mínimo de 55 anos, costuma ser uma das soluções escolhidas
pelas empresas quando pretendem reduzir o pessoal ou atravessam situa-
ções económicas difíceis.
160
A Adeus ao trabalho
Acordo obrigatório
A pré-reforma resulta de um acordo entre o trabalhador e a entidade patro-
nal, para que haja suspensão ou redução da prestação do trabalho. Durante
este período, aquele tem direito a receber desta uma quantia mensal.
O acordo é indispensável para que a pré-reforma seja válida. Não pode ser
a entidade patronal a impô-la, nem o trabalhador a determiná-la por sua
iniciativa.
Formalidades
O acordo tem de ser feito por escrito e assinado, devendo conter a identi-
ficação das partes e respetivas moradas, a data de início da pré-reforma,
o montante da prestação a receber pelo trabalhador e, no caso de apenas ter
havido redução de horário, a forma de organização do tempo de trabalho.
Para quem?
Para que o acordo de pré-reforma seja possível, o trabalhador não pode
ter menos de 55 anos. Há situações em que pode ser interessante seguir o
regime da pré-reforma:
161
A As leis do trabalho
Valor da retribuição
Ao contrário do que acontece quando as partes chegam a acordo para a
cessação do contrato ou o trabalhador se reforma, o vínculo mantém-se.
Mesmo que o acordo estabeleça que deixa de apresentar-se ao serviço, o tra-
balhador não fica desempregado e continua a receber retribuição. Aliás, não
é possível receber a quantia correspondente à pré-reforma e, simultanea-
mente, o subsídio de desemprego.
162
A Adeus ao trabalho
Final da pré-reforma
A pré-reforma cessa numa das seguintes situações:
— passagem à reforma por invalidez ou velhice;
— regresso ao pleno exercício de funções, por acordo com a entidade patro-
nal ou por falta de pagamento da prestação de pré-reforma;
— cessação do contrato de trabalho. Neste caso, se o contrato terminar
devido a uma das situações que dão direito a indemnização ou com-
pensação (despedimento ilícito, despedimento coletivo, por extinção
do posto de trabalho ou por inadaptação, bem como rescisão com justa
causa), o trabalhador é indemnizado no montante correspondente
às prestações de pré-reforma que receberia até se reformar. Se ficar
desempregado involuntariamente, tem direito a receber subsídio (veja
a página 138).
163
A As leis do trabalho
Requisitos
Para que o trabalhador tenha direito à pensão de invalidez, que substitui o
salário perdido, é necessário que o seu grau de incapacidade seja avaliado
e tenha respeitado um período mínimo de descontos para a Segurança
Social.
Invalidez relativa
Verifica-se quando, devido a uma incapacidade permanente, o trabalhador não possa
ganhar na sua profissão mais de um terço do que receberia normalmente. Considera-
-se que a incapacidade é permanente quando haja a certeza (ou quase) de que não
conseguirá recuperar, nos 3 anos seguintes, a capacidade de ganhar no desempenho da
sua profissão mais de 50% da remuneração correspondente. Esta incapacidade respeita
à sua última profissão. Caso tivesse mais do que uma, àquela que lhe permitia maiores
rendimentos.
Invalidez absoluta
Resulta de uma incapacidade permanente e definitiva para toda e qualquer profissão ou
trabalho. Entende-se que isso se verifica quando o trabalhador não tenha capacidade de
ganho, nem seja de prever que, até chegar à idade legal de acesso à reforma por velhice,
venha a conseguir auferir quaisquer meios de subsistência.
164
A Adeus ao trabalho
Confirmar a invalidez
Em primeiro lugar, tem de requerer, junto do centro distrital de Segurança
Social da sua área de residência ou do Centro Nacional de Pensões, a certifi-
cação pelas entidades oficiais de que se encontra inválido. Tal será feito pelo
Sistema de Verificação de Incapacidades. Com o requerimento, entregue
também uma declaração da entidade patronal relativa à atividade desempe-
nhada, em impresso próprio obtido na Segurança Social. Podem, ainda, ser
apresentados documentos médicos que comprovem a incapacidade. A Segu-
rança Social confirma que o trabalhador cumpriu o prazo de garantia (veja
qual é no próximo título) e verifica se a informação por ele fornecida está
completa. Será então sujeito a um exame médico e a sua situação analisada
por uma comissão de verificação de incapacidades, que decide e propõe
uma decisão ao Centro Nacional de Pensões. Se, num primeiro momento,
a pensão for recusada, o trabalhador pode apelar à comissão de recurso,
indicando um médico para a integrar.
Prazo de garantia
Confirmada a incapacidade, tem direito à pensão por invalidez relativa quem
tiver descontado para a Segurança Social durante um mínimo de 5 anos,
seguidos ou não. Tratando-se de invalidez absoluta, é preciso um período
de 3 anos com contribuições. É ainda necessário que, em cada ano, tenha
havido pelo menos 120 dias com registo de remunerações. Mas é possí-
vel juntar grupos de dias de anos diferentes, até chegar a 120, de forma a
completar mais 1 ano de contribuições. Quem esteja abrangido pelo seguro
social voluntário, como os bolseiros de investigação, terá de apresentar um
mínimo de 72 meses (6 anos) com registo de remunerações, quer para a
invalidez absoluta, quer para a relativa.
165
A As leis do trabalho
mantém a mesma
atividade
no total,
no total, no total, no total,
o equivalente a
1,75 × remuneração 1,50 × remuneração 1,33 × remuneração
2 × remuneração
de referência de referência de referência
de referência
166
A Adeus ao trabalho
Cálculo
O cálculo é idêntico ao da pensão de velhice, com aplicação de fórmulas
que têm em conta todo o tempo de trabalho. Vários fatores determinam a
fórmula a aplicar: momento da inscrição na Segurança Social, ano em que
se reforma, valor da remuneração de referência e número de anos com con-
tribuições (veja a página 170).
Valores mínimos
As pensões de invalidez relativa têm valores mínimos, calculados da mesma
forma que nas pensões de velhice. Quanto à pensão de invalidez absoluta,
o valor mínimo é o da pensão mínima de velhice correspondente a uma car-
reira contributiva de 40 anos. Veja quais são os limites mínimos das pensões
de velhice na página 174.
Manutenção da atividade
A possibilidade de o pensionista continuar a trabalhar depende do seu tipo
de invalidez. Por outro lado, quando mantém a atividade, existem condicio-
nantes para o valor da pensão.
Invalidez absoluta
A pensão de invalidez absoluta não é acumulável com rendimentos de tra-
balho. Se o pensionista trabalhar, perderá direito à pensão, terá de devolver
o que tiver recebido indevidamente e ficará sujeito ao pagamento de uma
coima que pode oscilar entre 50 e 350 euros (ou o dobro, se tiver havido
pagamento indevido da pensão).
167
A As leis do trabalho
Invalidez relativa
Diferente é a situação de quem recebe pensão de invalidez relativa. Pode
exercer atividade profissional, tendo em vista a sua reabilitação e reinte-
gração profissional, mas com limitações:
— se acumular a pensão com a atividade que exercia quando foi decla-
rado inválido, não pode, no total, ganhar mais do que o valor da remu-
neração de referência utilizada no cálculo da pensão (veja qual é a
remuneração de referência na página 170). Por exemplo, vejamos o
caso de alguém que apresenta uma remuneração de referência de
1300 euros e tem uma pensão de 1040 euros. Se, na atividade profissio-
nal, ganhar 400 euros, o valor da pensão será reduzido para 900 euros
(uma diminuição de 140 euros), de modo a que, somado ao montante
que recebe pelo trabalho, não resulte um valor superior à remunera-
ção de referência;
— tratando-se de uma profissão ou atividade diferente, o limite máximo
vai diminuindo à medida que os anos de acumulação aumentam (veja
o esquema Pensão e rendimentos de trabalho, na página 166). Se a soma
dos rendimentos de trabalho com a pensão ultrapassar este limite, o
valor da pensão é reduzido nos moldes referidos no parágrafo anterior.
Comunicações obrigatórias
O pensionista tem de comunicar ao Centro Nacional de Pensões o início da
atividade e o valor da remuneração mensal, bem como o seu termo e, peri-
odicamente, o valor médio mensal dos rendimentos profissionais. Não fazer
esta comunicação periódica, nos prazos definidos pelo Centro Nacional de
Pensões, implica a suspensão da pensão.
Rendimentos e pensão
Os rendimentos de trabalho a considerar, mensalmente, são, no início da
acumulação com a pensão, o valor declarado pelo pensionista. Nos anos
seguintes, considera-se 1/14 das remunerações do ano anterior.
168
A Adeus ao trabalho
Formalidades
Para poder reformar-se, o trabalhador tem de cumprir determinados requi-
sitos e dar início ao processo.
169
A As leis do trabalho
O que fazer
Preenchidas as condições da idade e do prazo de garantia, poderá solici-
tar, junto do centro distrital de Segurança Social da sua área de residência,
no Centro Nacional de Pensões ou no sítio da internet da Segurança Social
(serviço Segurança Social Direta) que lhe seja concedida a pensão de velhice.
Esta é devida a partir da data em que apresenta o requerimento ou daquela
que indique, se for posterior, não podendo o pedido ser feito com uma ante-
cedência superior a 3 meses.
Cálculo
Tal como na reforma por invalidez, o montante da pensão é influenciado
pelo número de anos com descontos e pelas remunerações ao longo da car-
reira contributiva, mas também pela data em que o pensionista se inscreveu
na Segurança Social (antes ou depois de 1 de janeiro de 2002) e, em alguns
casos, pela idade.
Base comum
Alguns aspetos aplicam-se a todos os trabalhadores. É o caso do cálculo da
remuneração de referência e da taxa de formação da pensão.
Remuneração de referência
Na primeira operação a realizar, o propósito é chegar à remuneração de refe-
rência, tendo em conta toda a carreira contributiva do trabalhador. Assim
sendo, começa-se por atualizar os rendimentos de cada ano de trabalho,
através da aplicação do coeficiente correspondente, de acordo com a tabela
publicada anualmente no Diário da República. Em seguida, somam-se todos
170
A Adeus ao trabalho
RR = TR ÷ (N � 14)
RR = remuneração de referência;
TR = total dos rendimentos atualizados dos anos de trabalho;
N = número de anos com descontos (máximo de 40).
171
A As leis do trabalho
TAXA REGRESSIVA
Parcela da remuneração de referência Taxa (%)
≤ 1,1 � IAS 2,30
> 8 � IAS 2
RR � 2% � n
RR = remuneração de referência;
n = número de anos com descontos.
(1,1 IAS � 2,30% � n) + (0,9 IAS � 2,25% � n) +
> 2 IAS A 4 IAS 877,62 a 1755,24
+ [(RR – 2 IAS) � 2,20% � n]
(1,1 IAS � 2,30% � n) + (0,9 IAS � 2,25% � n) +
> 4 IAS A 8 IAS 1755,24 a 3510,48
+ (2 IAS � 2,20% � n) + [(RR – 4 IAS) � 2,1% � n]
(1,1 IAS � 2,30% � n) + (0,9 IAS � 2,25% � n) +
> 8 IAS Mais de 3510,48 + (2 IAS � 2,20% � n) + (4 IAS � 2,10% � n) +
+ [(RR – 8 IAS) � 2% � n]
IAS = Indexante dos Apoios Sociais; RR = Remuneração de referência; n = número de anos com descontos,
com o limite de 40.
172
A Adeus ao trabalho
Fator de sustentabilidade
Este fator penaliza o valor de algumas pensões por reforma antecipada. Tem
em conta a relação entre a esperança média de vida em 2000 e no ano ante-
rior àquele em que se inicia o pagamento da pensão. O cálculo resulta da
seguinte fórmula:
EMV 2000
EMV anoi-1
Significa isto que, para as pensões que começaram a ser pagas em 2020, são
considerados os anos que, em média, ainda viveria quem tivesse 65 anos em
2000 e quem os tivesse em 2019. A comparação entre os dois anos resulta
na aplicação de um fator de sustentabilidade de 0,8480 e na consequente
173
A As leis do trabalho
Limites mínimos
Independentemente do resultado dos cálculos e do método aplicado, existe
um limite mínimo, como pode ver-se no quadro Montante mínimo das
pensões de velhice e invalidez relativa. Caso se chegue a valores inferiores,
a pensão a atribuir será aumentada até atingir aqueles montantes. Assim,
existe uma pensão social fixa destinada a quem nunca trabalhou ou, tendo
trabalhado, não efetuou descontos para a Segurança Social. A partir daí,
há 4 escalões, de acordo com o número de anos de trabalho.
< 15 275,30
15 A 20 288,79
21 A 30 318,67
≥ 31 398,34
(1) Valores de 2020.
Bonificação
Os candidatos à reforma podem usufruir de bonificação, desde que já
tenham idade superior à que lhes confere esse direito. Por cada mês a mais
de trabalho, beneficiam de um aumento, cujo valor percentual varia com o
número de anos com descontos que apresentavam com a idade normal de
acesso à pensão, de acordo com as seguintes regras:
— 15 a 24 anos de contribuições, 0,33%;
174
A Adeus ao trabalho
— 25 a 34 anos, 0,5%;
— 35 a 39 anos, 0,65%;
— 40 anos ou mais, 1%.
Antecipação da reforma
Os trabalhadores podem antecipar a idade da reforma. No entanto,
em alguns casos isso terá um impacto acentuado no valor da pensão. Come-
cemos por distinguir as situações em que está no ativo daquelas em que se
encontra desempregado.
Trabalhador no ativo
Pode antecipar a reforma quem já tem 60 anos de idade e, até completar os
61, apresenta um mínimo de 40 anos de descontos. No entanto, esta opção
penaliza o valor da pensão: menos 0,5% por cada mês de antecipação rela-
tivamente à idade de acesso à pensão (veja o título Uma questão de idade,
na página 169). Por exemplo, quem se reformar 1 ano mais cedo (12 meses)
terá uma redução de 6% (12 � 0,5%). Numa pensão de 2 mil euros, isso signi-
fica um decréscimo de 120 euros (recebe 1880 euros).
175
A As leis do trabalho
Desempregado
O regime de reforma antecipada prevê duas modalidades destinadas a quem
esteja, involuntariamente, numa situação de desemprego prolongado. Uma
aplica-se a partir dos 57 anos e a outra dos 62. Nestes casos, os desempre-
gados podem antecipar o acesso à pensão de velhice depois de esgotado o
período de concessão do subsídio de desemprego ou do subsídio social de
desemprego.
Aos 57 anos
A antecipação da reforma para os 57 anos de idade é permitida a quem,
quando ficou desempregado, tinha 52 anos de idade ou mais e descontou
durante um mínimo de 22 anos.
Aos 62 anos
Pode antecipar a reforma para os 62 anos de idade quem preencha o prazo
de garantia (15 anos) e tenha, à data do desemprego, pelo menos 57 anos.
Esta antecipação não reduz o valor da pensão mensal em 0,5%, mas man-
tém-se a aplicação do fator de sustentabilidade. Pode, ainda, ser adicionada
outra penalização se o desemprego tiver resultado de acordo entre o tra-
balhador e a entidade patronal: 0,25% por cada mês de antecipação entre
os 62 anos e a idade normal de acesso à pensão, aplicável apenas até ser
atingida esta idade.
Reformado e a trabalhar
Muitos reformados mantêm-se no ativo, desempenhando as suas funções
como sempre fizeram ou iniciando uma nova etapa na vida profissional.
176
A Adeus ao trabalho
Uma ideia falsa é a de que um pensionista por velhice não pode ter atividade
profissional. Como já sublinhámos, a lei permite que o reformado trabalhe.
E pode manter o seu lugar na empresa de toda a vida ou optar por uma
solução diferente.
177
A As leis do trabalho
Não cumulativo
Tratando-se de uma reforma antecipada, durante 3 anos não é possível
acumular a pensão com rendimentos de atividades prestadas na mesma
empresa ou grupo empresarial. Quem o faça perde direito à pensão,
podendo ter de devolver os montantes indevidamente recebidos. Também
pode ser punido com uma coima de 50 a 350 euros. Se, porventura, reini-
ciar a atividade naquelas condições, tem de comunicá-lo à Segurança Social.
A falta de comunicação é punida com sanção de igual valor. Estes montantes
duplicam se tiver havido pagamento indevido da pensão.
178
A
Legislação
em vigor
A As leis do trabalho
180
A Legislação em vigor
Bolseiros de Investigação
— Lei n.º 40/2004, de 18 de agosto, alterada pelo Decreto-Lei n.º 202/2012,
de 27 de agosto, pela Lei n.º 12/2013, de 29 de janeiro, pelo Decreto-
-Lei n.º 89/2013, de 9 de julho, e pelo Decreto-Lei n.º 123/2019, de 28 de
agosto.
Desemprego
— Portaria n.º 249/2011, de 22 de junho;
— Despacho n.º 7131/2011 (2.ª Série), de 11 de maio;
— Decreto-Lei n.º 70/2010, de 16 de junho, alterado pela Lei n.º 15/2011,
de 3 de maio, pelo Decreto-Lei n.º 113/2011, de 29 de novembro, pelo
Decreto-Lei n.º 133/2012, de 27 de junho, pelo Decreto-Lei n.º 90/2017,
de 28 de julho, pela Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro, pelo Decreto-Lei
n.º 120/2018, de 27 de dezembro, pela Lei n.º 71/2018, de 31 de dezembro,
e pelo Decreto-Lei n.º 84/2019, de 28 de junho;
— Portaria n.º 128/2009, de 30 de janeiro, alterada pela Portaria
n.º 294/2010, de 31 de maio, pela Portaria n.º 164/2011, de 18 de abril
(Trabalho socialmente necessário), pela Portaria n.º 378-H/2013, de 31 de
dezembro, e pela Portaria n.º 20-B/2014, de 30 de janeiro;
— Portaria n.º 8-B/2007, de 3 de janeiro, alterado pela Portaria n.º 282/2016,
de 27 de outubro;
— Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 68/2009, de 20 de março, pela Lei n.º 5/2010, de 5 de maio, pelo Decreto-
-Lei n.º 72/2010, de 18 de junho, pelo Decreto-Lei n.º 64/2012, de 15 de março,
pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 13/2013,
de 25 de janeiro, pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, pelo Decreto-
-Lei n.º 167-E/2013, de 31 de dezembro, pela Lei n.º 34/2016, de 24 de agosto,
pelo Decreto-Lei n.º 53-A/2017, de 31 de maio, pela Lei n.º 114/2017, de 29 de
dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 53/2018, de 2 de julho, pela Lei n.º 71/2018,
de 31 de dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 84/2019, de 28 de junho, e pelo
Decreto-Lei n.º 153/2019, de 17 de outubro;
— Decreto-Lei n.º 353-H/77, de 29 de agosto.
Pré-reforma
— Decreto-Lei n.º 261/91, de 25 de julho (artigos 8.º, 9.º, 12.º e 15.º, sendo
que o artigo 12.º foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 187/2007, de 10 de maio).
181
A As leis do trabalho
Reforma
— Decreto-Lei n.º 187/2007, de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 167-
E/2013, de 31 de dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 8/2015, de 14 de janeiro,
pelo Decreto-Lei n.º 10/2016, de 8 de março, pelo Decreto-Lei n.º 126-B/2017,
de 6 de outubro, pelo Decreto-Lei n.º 33/2018, de 15 de maio, pelo Decreto-
-Lei n.º 73/2018, de 17 de setembro, pelo Decreto-Lei n.º 119/2018, de 27 de
dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 79/2019, de 14 de junho;
— Lei n.º 53-B/2006, de 29 de dezembro, alterado pela Lei n.º 3-B/2010,
de 28 de abril, pelo Decreto-Lei n.º 254-B/2015, de 31 de dezembro e pela
Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro (Indexante dos Apoios Sociais);
— Decreto-Lei n.º 435/99, de 29 de outubro;
— Decreto-Lei n.º 360/97, de 17 de dezembro, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 165/99, de 13 de maio, pelo Decreto-Lei n.º 377/2007, de 9 de novem-
bro, e pelo Decreto-Lei n.º 126-A/2017, de 6 de outubro.
Serviço doméstico
— Decreto-Lei n.º 235/92, de 24 de outubro, alterado pela Lei n.º 114/99, de 3 de
agosto.
182
A Legislação em vigor
de 17 de julho, pela Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto, e pela Lei n.º 107/2019,
de 9 de setembro.
183
A
Índice remissivo
As leis do trabalho
186
Índice remissivo
187
As leis do trabalho
188
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