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N788a
CDU:
15-23617 347.91/.95
(81)
Dedico o presente livro aos meus avós
(Lausso Notariano, Iracema
Leonardelli Notariano, João Zucon e
Nilde Pinto Zucon – in memoriam), que,
em virtude dos meus filhos, tenho cada
vez mais presente a importância deles
na minha vida.
Antonio Notariano Jr.
Arruda Alvim
Advogado. Livre-docente pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Professor
Titular (Mestrado e Doutorado) da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
PREFÁCIO DA
PRIMEIRA EDIÇÃO
O presente estudo sobre o recurso
de agravo, de acordo com a feição
estabelecida pela recente Lei
11.187/2005, é atualíssimo, visto que
pretende não só abordar a “teoria geral”
do agravo cabível contra decisões
proferidas em primeiro grau de
jurisdição, mas também precisar os
requisitos de admissibilidade, os efeitos
e o processamento deste recurso à luz
das alterações oriundas da Lei referida.
A recorribilidade das
interlocutórias é, de fato, problema
tormentoso e, como vários outros temas
do direito processual civil brasileiro,
sujeita-se às intensas variações
legislativas, que, por sua vez, são
influenciadas pelo desejo, predominante
nos dias atuais, de viabilizar um
processo mais célere. Parece, de fato,
ser possível dizer que segurança e
certeza sobre a correção da decisão não
têm sido a tônica que norteia as
reformas que vêm ocorrendo há mais de
uma década. A generalização do instituto
da antecipação dos efeitos da tutela (art.
273) e a ampliação dos poderes de
execução do juiz (p. ex., art. 461 e
parágrafos) são exemplos de que, nestes
tempos mais recentes, espera-se que a
solução jurídica seja dada pelo juiz, no
limiar de uma ação judicial, por meio de
uma interlocutória. O litigante não mais
pode aguardar o “amadurecimento” pelo
juiz da solução que viria com a
sentença, depois de um exame mais
aprofundado da lide.
Há um outro fator, também, que
merece ser recordado, a fim de explicar
a situação atual desta problemática. Até
o início da década de 1990, o recurso de
agravo de instrumento não era
interposto, diretamente, no Tribunal, e,
além disso, era destituído de efeito
suspensivo. Para impedir que as
interlocutórias produzissem efeitos, as
partes lançavam mão do mandado de
segurança.
O mesmo movimento reformista
que alterou os arts. 273 e 461 alterou,
também, o recurso de agravo de
instrumento, que passou a ser interposto
no Tribunal e, além disso, a poder ter
efeito suspensivo.
Evidentemente, o número de
agravos de instrumento tramitando nos
Tribunais, a partir de então, ampliou-se
consideravelmente. Isso se deu não só
em razão da facilidade com que, por
meio deste recurso, se poderia obter
efeito suspensivo, mas também em razão
da ampliação dos poderes executivos
dos juízes, bem como da ampliação das
hipóteses em que se tornou possível a
realização de tais medidas com base em
decisões fundadas em cognição sumária.
Curiosamente, para muitos, a
obtenção desta decisão liminar tornou-
se o ápice da atividade jurisdicional. A
sentença, que viria a ser proferida
posteriormente, ficou relegada a
segundo plano.
Parece que estamos, neste instante,
em uma segunda “fase” da evolução das
reformas: pouco a pouco, começa a
permear a comunidade jurídica o
sentimento de que muitos dos objetivos
anteriormente pretendidos não foram
alcançados. Não se pode, porém, deixar
transformar essa frustração em cinismo,
para estudar e cobrir de glórias as
modificações ocorridas, sem, contudo,
atentar para os efeitos deletérios que
muitas delas acabam por gerar, se não
tiverem reflexo em um aparato judicial
eficiente. A tutela jurisdicional não se
realiza, apenas, na letra da lei
processual; mais que isso, a tutela
jurisdicional revela-se quando se
consegue obter a paz jurídica.
As reformas da Lei 11.187/2005
integram um esforço já desta segunda
“fase”: a primeira onda de reformas fez
que o número de decisões
interlocutórias – e agravos de
instrumento – se ampliasse
significativamente. Cuida-se, agora, de
reduzir a quantidade desses recursos e
vedar expressamente o uso de agravos
“internos” contra algumas decisões
monocráticas proferidas no âmbito dos
Tribunais. Certamente, a leitura da
norma não revela que o legislador agiu
com o desiderato de aprimorar a
qualidade da tutela jurisdicional.
O trabalho dos processualistas
Gilberto Gomes Bruschi e Antonio
Notariano Jr. não cai nesta armadilha
fácil, e tem o mérito de observar que,
muitas vezes, as reformas podem
conduzir a resultado indesejado, até
prejudicial à qualidade da tutela
jurisdicional, se preocupadas apenas
com a quantidade de trabalho da
máquina judiciária.
Estão de parabéns os autores e a
Editora pela realização de um trabalho
que auxiliará, em muito, o labor
daqueles que, cotidianamente, lidam
com o recurso de agravo.
Janeiro de 2006
José Miguel Garcia Medina
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Parte 1
O agravo contra as decisões de
primeiro grau no CPC/1973
1. AGRAVO CONTRA AS
DECISÕES DE PRIMEIRO GRAU
2. O AGRAVO DE INSTRUMENTO
2.1. Procedimento
2.1.1. Interposição
2.1.1.1. Peças para a
formação do
instrumento
2.1.1.1.1. O
agravo
de
instrum
e as
peças
faculta
mas
essenc
2.1.1.2. O processo
judicial
eletrônico e a
necessidade de
formação do
instrumento
2.1.1.3. Preparo
2.2. Processamento nos tribunais
2.2.1. Distribuição do agravo
e providências do
relator
2.2.2. Resposta do agravado
2.2.3. Juízo de retratação
2.2.4. Julgamento do agravo
4. O EFEITO SUSPENSIVO E A
TUTELA ANTECIPADA
RECURSAL
4.1. O efeito suspensivo e o agravo
de instrumento
4.2. O efeito ativo ou tutela
antecipada recursal
5. A REVISÃO DA DECISÃO
MONOCRÁTICA DO RELATOR
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
COM BASE NOS INCISOS II E III
DO ART. 527 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL
5.1. O pedido de reconsideração.
5.2. A irrecorribilidade da decisão
do relator (incisos II e III do
art. 527)
5.3. Do cabimento do mandado de
segurança contra o ato judicial
5.3.1. A interpretação de
acordo com as Leis
1.533/51 e 12.016/09
2. O DIREITO INTERTEMPORAL E
O AGRAVO NO CPC/2015
BIBLIOGRAFIA
Anexos
Anexo 1 – Quadro comparativo do
Agravo no CPC/1973 com os
projetos do Novo CPC
Anexo 2 – Quadro comparativo do
Agravo no CPC/1973 com o
CPC/2015
Anexo 3 – O agravo de instrumento e o
agravo interno no CPC/2015
INTRODUÇÃO
2.1. PROCEDIMENTO
2.1.1. Interposição
A teor do disposto no art. 524,
caput, do CPC, o agravo de instrumento
deverá ser interposto em petição escrita
diretamente no tribunal competente,
sendo certo que a petição observará os
seguintes requisitos: (i) exposição do
fato e do direito; (ii) as razões do
pedido de reforma da decisão; e (iii) o
nome e o endereço completo dos
advogados constantes do processo.
Primeiramente se faz necessário
saber a consequência da falta de
cumprimento dos requisitos acima.
A falta de atendimento aos
requisitos do art. 524 do CPC enseja o
não conhecimento do recurso.4
É certo que a regularidade formal
encerra um dos pressupostos extrínsecos
de admissibilidade do recurso, sem o
qual não seria possível conhecê-lo.
Nada obstante, não podemos
conduzir a interpretação do dispositivo
às últimas consequências. Logicamente
que se a petição de agravo vier
desprovida de qualquer fundamento, sem
que o agravante demonstre, com amparo
na lei, as razões de seu inconformismo e
o equívoco cometido pelo juiz a quo,
deixando, ainda, de formular o pedido
de nova decisão, não restará outro
caminho senão o não conhecimento do
recurso. Diferente, em nosso sentir, é o
fato de a fundamentação exposta, bem
como o pedido formulado pelo
agravante, serem deficientes ou
incompletos, casos em que não há que se
falar em ausência de regularidade
formal.
No que diz respeito à indicação do
nome e do endereço completo dos
advogados constantes do processo
(CPC, art. 524, III), sua finalidade é
propiciar futuras intimações, seja por
via postal seja por meio do Diário
Oficial. Dessa forma, não se mostra
concebível deixar de conhecer do
recurso de agravo de instrumento
interposto caso não constem tais dados
da petição, mas seja possível colher tais
informações das peças que formam o
instrumento.5
Quanto à interposição propriamente
dita, como bem aponta Nelson Luiz
Pinto,6 “tratando-se de agravo de
instrumento contra decisão de primeiro
grau, sua interposição, dentro do prazo
acima [10 dias], será por petição escrita
dirigida e protocolada diretamente no
tribunal competente para o seu
conhecimento e julgamento (art. 524,
caput, do CPC), podendo também ser a
petição, dentro desse mesmo prazo,
postada no correio registrada com aviso
de recebimento ou, ainda, interposta de
outra forma prevista na lei local, como,
por exemplo, por telex ou fax e até
mesmo por e-mail, via Internet, se o
tribunal se encontrar aparelhado
(disposição do art. 525, § 2.º, do CPC)”.
Importante ressaltar que, para a
aferição da tempestividade do agravo
interposto pelo correio, o que se
considera é a efetiva data da postagem
e não a data do recebimento do recurso
na secretaria do tribunal.7
Nesse sentido é a lição de Barbosa
Moreira:8
B. Posicionamento entendendo
pela inadmissibilidade do agravo por
defeito de formação
Um dos coautores da presente obra
teve a oportunidade de defender,
anteriormente, que o agravo não pode
ser conhecido em decorrência da falta
de traslado das peças necessárias à
perfeita compreensão da causa de pedir
do recurso, por não haver possibilidade
de intimação ao agravante para
viabilizar a complementação do
instrumento.15
Expliquemos o posicionamento
anterior.
Em virtude de o agravo pela
modalidade instrumentada ser
processado fora dos autos do processo
de onde emanou a decisão interlocutória
agravada, há a necessidade de se formar
o instrumento com toda a documentação
para que o órgão ad quem possa
realizar, com segurança, os juízos de
admissibilidade e de mérito do recurso.
O inciso I do art. 525 faz menção
às seguintes peças obrigatórias: cópia
da decisão agravada; cópia da certidão
da respectiva intimação; e cópia das
procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado.
Cumpre, nesse passo,
estabelecermos, de forma sucinta, qual a
razão por que se entende primordial a
juntada das peças obrigatórias.
O relator do tribunal ad quem
poderá verificar o cumprimento dos
requisitos de admissibilidade do agravo
somente se tiver elementos para tanto -
daí a necessidade de formar o
instrumento com as peças indicadas pela
lei.
A cópia da decisão agravada serve
para que se faça a verificação do
cabimento do recurso e do interesse
recursal, bem como da regularidade
formal - para saber se o recurso atacou
ou não a decisão recorrida.
A cópia da certidão de intimação
da decisão agravada serve para aferir a
tempestividade do recurso, pois o início
da contagem de prazo para a
interposição do recurso se dá no
primeiro dia útil subsequente ao da
intimação da decisão agravada.
A juntada da cópia da procuração
tem como finalidade a verificação da
capacidade postulatória do agravante e
do agravado e, ainda, para viabilizar a
intimação do advogado do agravado
para a apresentação de resposta.
Além das peças obrigatórias, o
inciso II do art. 525 torna possível a
juntada, por parte do agravante, de
outras peças que entender úteis e
necessárias, com a finalidade de
possibilitar ao julgador a plenitude do
conhecimento das questões que são
objeto do agravo.16
Por essa razão entendíamos que a
regular formação do instrumento era
ônus do agravante, para possibilitar ao
julgador conhecer o completo e exato
conteúdo da matéria decidida em
primeiro grau, não admitindo que haja
conversão do julgamento em diligência17
ou, ainda, emenda ao recurso
interposto.18 E assim sendo, o agravo
não poderia ser conhecido em virtude de
sua irregularidade formal se ocorrer
formação deficiente do instrumento pela
falta de peças obrigatórias e/ou peças
necessárias ao deslinde da
controvérsia.19-20
Entendia, predominantemente, o
Superior Tribunal de Justiça pelo não
conhecimento do agravo de instrumento,
pela falta de qualquer outra peça
necessária para que os julgadores
tenham a compreensão dos fatos, por
irregularidade formal, não se admitindo,
portanto, a incidência do art. 515, § 4º,
do CPC.21-22
C. Posicionamento entendendo
pela possibilidade de conversão do
julgamento em diligência para
viabilizar a juntada das peças
necessárias
Para aqueles que entendem que o
art. 525, II, do CPC apenas faculta ao
agravante instruir o recurso com outras
peças extraídas dos autos do processo
que considerar necessárias para a
convicção dos desembargadores, além
daquelas elencadas como obrigatórias,
não podendo ensejar o não recebimento
do recurso na hipótese de não serem
trasladadas, é perfeitamente possível a
conversão do julgamento em diligência
para que o agravante seja intimado para
providenciar a juntada das peças
necessárias que o tribunal entendeu
primordiais para a solução da matéria
objeto do julgamento do recurso.
Esta, aliás, a posição de Cândido
Rangel Dinamarco:
D. O novo posicionamento do
Superior Tribunal de Justiça
No âmbito do Superior Tribunal de
Justiça, houve alteração no
posicionamento, até então pacífico, que
entendia pela inadmissão do agravo por
ausência das peças essenciais.
No julgamento do Recurso
Especial repetitivo nº 1.102.467/RJ, em
maio de 2012, assim entendeu a Corte
Especial: “consolida-se a tese de que:
no agravo do artigo 522 do CPC,
entendendo o Julgador ausente peças
necessárias para a compreensão da
controvérsia, deverá ser indicado quais
são elas, para que o recorrente
complemente o instrumento”.27
O precedente é de suma
importância, já que foi capaz de retificar
o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, devendo ser destacado alguns
trechos do voto do relator, Ministro
Massami Uyeda:
Na eventualidade do órgão ad
quem entender primordial a presença de
outras peças não carreadas ao agravo
deve determinar a conversão do
julgamento em diligência para que seja
providenciada a respectiva juntada, ou
ainda, aplicar o disposto no art. 515, §
4º, do CPC, determinando a intimação
do agravante para que possa
complementar o instrumento,28 mas “de
maneira alguma se justifica a pura e
simples negação de conhecimento ao
recurso”.29
Anteriormente defendíamos a
inadmissão ou o não conhecimento do
agravo de instrumento em razão da
ausência das peças essenciais, tal e qual
entendia de forma pacífica a Corte
Superior.
Contudo, em virtude da alteração
do posicionamento do Superior Tribunal
de Justiça, alteramos nosso
entendimento para aceitar a aplicação
do § 4º do art. 515 do CPC, fazendo
valer a instrumentalidade do processo.30
2.1.1.3. Preparo
O preparo consiste, em linhas
gerais, no adiantamento pelo recorrente
das custas relacionadas aos serviços
forenses que serão prestados por
ocasião do processamento do recurso.
Trata-se de pressuposto de
admissibilidade extrínseco do recurso,
sem o que há a aplicação da pena de
deserção ao recorrente.
No direito brasileiro, a regra é a do
preparo imediato,32-33 ou seja, a
comprovação do recolhimento deve ser
feita no ato de interposição do recurso
(CPC, art. 511). É possível relevar a
pena de deserção, possibilitando,
consequentemente, que o recolhimento
seja feito a posteriori quando o juiz
acolher o justo impedimento alegado
pela parte (CPC, art. 519).
No que tange ao agravo de
instrumento, a Lei Federal deixou a
critério do legislador estadual a
instituição de preparo e porte de
retorno. Uma coisa é certa: havendo
previsão na legislação estadual acerca
da necessidade de recolhimento de
preparo e porte de retorno no agravo de
instrumento, a sua comprovação deverá
ocorrer no ato da interposição do
recurso (CPC, art. 525, § 1.º).
No Estado de São Paulo, a Lei
11.608, de 29 de dezembro de 2003,
estabelece no § 5.º do art. 4.º a
necessidade de recolhimento de custas
no agravo de instrumento no valor
equivalente a 10 (dez) UFESPs. E mais,
há a necessidade também de
recolhimento do porte de retorno, salvo
quando se tratar de processo totalmente
eletrônico.34-35
É de se registrar também que, na
eventualidade de o valor recolhido pelo
agravante ser considerado insuficiente, a
pena de deserção somente poderá ser
aplicada se ele deixar de recolher o
valor complementar no prazo de 5
(cinco) dias contados da intimação (art.
511, § 2.º, do CPC).
Por fim, estão dispensados do
recolhimento do preparo:36 o Ministério
Público, a União, os Estados, os
Municípios e as respectivas autarquias,
assim como aqueles que gozam de
isenção legal (v.g. pessoas beneficiárias
da assistência judiciária gratuita – art.
3.º da Lei 1.060/1950).
2.2. PROCESSAMENTO
NOS TRIBUNAIS
2.2.1. Distribuição do
agravo e providências
do relator
De acordo com o caput do art. 527
do CPC, o agravo de instrumento, ao ser
recebido pelo tribunal, será distribuído
incontinenti ao relator.
A mens legis é evitar que haja o
represamento de recursos. Destarte, uma
vez protocolado o recurso ou recebido
este na secretaria por via postal, a
distribuição a um relator ocorrerá como
ato imediato.37 Desta feita, distribuído o
agravo de instrumento, será
encaminhado ao relator no prazo de 48
(quarenta e oito) horas (CPC, art. 549).
Com tal providência busca-se a
agilização do procedimento do agravo,
que a teor da nova sistemática se impõe,
pois com a nova redação do art. 522 o
agravo na modalidade instrumentada
somente terá cabimento nas hipóteses de
decisão suscetível de causar à parte
lesão grave e de difícil reparação, sem
falar dos casos de inadmissão da
apelação, bem como naquelas relativas
aos efeitos de seu recebimento.
De outra parte, independentemente
de o art. 527 fazer menção à
necessidade de distribuição
incontinenti, tal regra se impõe a todo e
qualquer recurso, diante da inclusão do
inciso XV ao art. 93 da Constituição
Federal pela Emenda Constitucional 45,
que estabelece que “a distribuição de
processos será imediata, em todos os
graus de jurisdição”.
Passemos então às providências do
relator.
Recebendo o relator o agravo de
instrumento interposto, poderá ele
assumir as seguintes posturas:
a) negar-lhe seguimento,
liminarmente, nos casos do
art. 557 (CPC, art. 527, I);
b) dar provimento
monocraticamente, nos
termos do art. 557, § 1.º-A.
c) converter o agravo de
instrumento em agravo
retido, salvo quando se
tratar de decisão suscetível
de causar à parte lesão
grave e de difícil reparação,
bem como nos casos de
inadmissão da apelação e nos
relativos aos efeitos em que
a apelação é recebida,
mandando remeter os autos
ao juiz da causa (CPC, art.
527, II);
e) requisitar, se entender
conveniente, informações ao
juiz da causa, que as
prestará no prazo de 10
(dez) dias (CPC, art. 527,
IV);
2.2.4. Julgamento do
agravo
Com relação ao julgamento do
agravo, o art. 528 do CPC prevê
expressamente que o relator, em prazo
não superior a 30 (trinta) dias, contados
da intimação do agravo, tendo ou não
sido apresentada resposta (contraminuta
de agravo), solicite a designação de data
para o seu julgamento.
Tal disposição não condiz com a
realidade, pois, além de ser
humanamente impossível agendar a
pauta de julgamento do agravo em
apenas 30 (trinta) dias, os prazos para a
resposta e manifestação do membro do
Ministério Público, para os casos em
que este necessita participar, ambos de
10 (dez) dias, tornam totalmente
inviável tal previsão.
Deve ser colacionada, nesse passo,
a opinião de Barbosa Moreira57 sobre
tal ideia inócua de celeridade:
3.1. Interposição
Diferentemente do que ocorre com
o agravo de instrumento, no agravo
retido não há necessidade de formação
do instrumento, eis que tal modalidade
de agravo não é interposta diretamente
no tribunal, mas sim perante o próprio
juiz da causa.
O objetivo e, consequentemente, o
efeito imediato do agravo, sob tal
modalidade, está exatamente em evitar
que sobre as matérias versadas nas
decisões interlocutórias atacadas incida
a preclusão.2
Como sabemos, o processo é
permeado de preclusões, como forma de
propiciar que ele chegue ao seu
desiderato final – a composição da lide
– sem repetições inoportunas e
observando uma sequência lógica de
atos.
Daí, com exceção daquelas
matérias sobre as quais não incide o
fenômeno da preclusão (v.g. matérias de
ordem pública), se faz necessário, para
evitar que ela ocorra, que ao ser
proferida determinada interlocutória
pelo juiz, seja interposto, pela parte
prejudicada, o recurso de agravo, sob
pena de não mais se poder discutir a
matéria versada na decisão.
Ocorre que a matéria versada na
decisão interlocutória, em determinadas
circunstâncias, não precisa ser de plano
submetida à apreciação do tribunal,
podendo, portanto, a parte que se
entender prejudicada aguardar a efetiva
prolação da sentença, ocasião em que
sopesará a conveniência e a
oportunidade de reanalisar a decisão
impugnada.
De tal sorte, o agravo retido deverá
ser interposto pela parte prejudicada
pela decisão interlocutória por petição
escrita dirigida ao juiz que proferiu a
decisão, no prazo de 10 (dez) dias,
contendo os seguintes requisitos: (i)
exposição do fato e do direito e (ii) as
razões do pedido de reforma da decisão.
Por expressa determinação legal, o
agravo na modalidade retida não
necessita ser preparado (CPC, art. 522,
parágrafo único).
Quanto ao procedimento da
audiência, em primeiro lugar deve
ocorrer o pregão inicial (CPC, art. 450),
que nada mais é do que o anúncio de que
a audiência terá o seu início, para que as
partes se apresentem. A omissão do
pregão de per si não acarreta a nulidade
da audiência, salvo se houver prejuízo à
parte.
Em sequência, o juiz tentará
conciliar as partes, sendo certo que, se
tal conciliação ocorrer, será ela
reduzida a termo (CPC, arts. 448 e 449).
Não obtida a conciliação, segundo
dispõe o art. 451 do CPC, o juiz fixará
os pontos controvertidos sobre os quais
incidirá a prova. Muito se discutiu sobre
se a alteração do art. 331 do CPC teria
tornado o dispositivo anterior sem
aplicabilidade prática.
Porém, entendemos que podem ser
fixados os pontos controvertidos caso
não tenha sido realizada a audiência
preliminar da forma prevista no art. 331
do CPC e, ainda, caso seja necessário
rever a fixação feita anteriormente.
Ora, se depois da propositura da
ação, a ocorrência de algum fato
modificativo, extintivo ou constitutivo
do direito influir no julgamento da ação,
será considerado pelo juiz, agindo de
ofício ou a requerimento da parte no
momento de proferir a sentença (CPC,
art. 462), pois nada mais lógico do que
tal situação, em certa medida, ocasionar
uma revisão de todos os pontos
controvertidos.
Seguindo, tem início a colheita
prova oral,10 que será feita na seguinte
ordem (CPC, art. 452): (i)
esclarecimentos do perito e/ou
assistente técnico; (ii) colheita dos
depoimentos pessoais, primeiro o autor
e depois o réu; e (iii) oitiva das
testemunhas arroladas, primeiro as do
autor e depois as do réu.
Encerrada a colheita das provas
orais, dá-se início aos debates finais
(CPC, art. 454), que poderão ser
substituídos por memoriais, na hipótese
de a causa conter questões complexas de
fato e de direito. Porém, caso não ocorra
a substituição por memoriais, as partes
aduzirão suas alegações finais
oralmente, pelo prazo de 20 (vinte)
minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez),
observada a seguinte ordem: (i) autor,
(ii) réu e (iii) Ministério Público. Na
hipótese de haver litisconsórcio ou
terceiro, dividir-se-á a soma dos prazos
(normal + prorrogação = 30 minutos) em
partes iguais, salvo se houver convenção
em sentido contrário.
Apresentadas as alegações finais
em audiência e reunindo o juiz
condições para o julgamento da causa,
este proferirá sentença desde logo,
saindo as partes intimadas (CPC, art.
456, 1ª parte c/c art. 242, § 1.º); caso
não seja possível, a decisão será
proferida em 10 (dez) dias (CPC, art.
456, parte final).
Como se percebe pela rápida
menção às principais fases, a audiência
de instrução e julgamento encerra um ato
complexo, que pode originar uma série
de decisões passíveis de serem objeto
de recurso, como por exemplo:
a) deferimento ou indeferimento
de contradita;
b) deferimento ou indeferimento
de reperguntas;
c) deferimento ou indeferimento
de juntada de documentos em
audiência;
d) indeferimento da prorrogação
do prazo para as alegações
finais;
e) deferimento ou indeferimento
de eventual requerimento de
antecipação dos efeitos da
tutela;
f) revogação ou concessão dos
benefícios da assistência
judiciária gratuita;
g) fixação de pontos
controvertidos e de ônus da
prova, bem como possível
inversão;
h) dispensa ou realização de
ofício de eventuais provas
requeridas por advogado que
deixou de comparecer à
audiência injustificadamente;
i) deferimento ou indeferimento
de eventual pedido de
intervenção como assistente;
j) inversão da ordem de colheita
da prova.
4.1. O EFEITO
SUSPENSIVO1 E O
AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Efeito suspensivo é a aptidão que
alguns recursos têm de impedir a pronta
eficácia do ato jurisdicional recorrido.
Via de regra, o efeito suspensivo
não é a suspensão, mas a manutenção da
suspensão. O efeito suspensivo não está
ligado ao recurso, mas ao ato recorrido.
A questão fundamental é saber se o ato
tem aptidão para produzir efeitos
imediatamente.
Barbosa Moreira nos ensina que a
interposição de recurso que tenha efeito
suspensivo não faz cessar efeitos que já
estivesse produzindo, apenas prolonga o
estado de ineficácia em que se
encontrava a decisão, pelo simples fato
de estar sujeita à impugnação por meio
do recurso.
Para ele a denominação efeito
suspensivo, apesar de tradicional, é a
rigor inexata, “porque se presta a fazer
supor que só com a interposição do
recurso passem a ficar tolhidos os
efeitos da decisão, como se até esse
momento estivessem a manifestar-se
normalmente. Na realidade, o contrário
é que se verifica: mesmo antes de
interposto o recurso, a decisão, pelo
simples fato de estar-lhe sujeita, é ato
ainda ineficaz, e a interposição apenas
prolonga semelhante ineficácia, que
cessaria se não se interpusesse o
recurso”.2
No que diz respeito ao agravo de
instrumento, somente haverá a concessão
de efeito suspensivo pelo relator desde
que não tenha havido a conversão do
recurso para a forma retida. Ocorrida a
conversão, o magistrado não mais
poderá conceder a manutenção da
suspensão da eficácia da decisão.
Tem-se assim, como regra, que o
agravo de instrumento não tem efeito
suspensivo, o que em última análise é
até compreensível, pois seria um
verdadeiro entrave se assim não fosse,
já que não haveria continuidade do
procedimento em primeiro grau se cada
decisão agravada acarretasse a
suspensão do feito.
Se imaginarmos que todas as
decisões interlocutórias sejam passíveis
de agravo e que as partes possam
agravar contra todas aquelas que as
prejudicarem, o processo simplesmente
não andaria se fosse obrigatório sempre
conceder o efeito suspensivo.
Sendo mantido o agravo tal e qual
fora interposto, ou seja, sem aplicar os
poderes de conversão conferidos pelo
art. 527, II, do CPC, o relator,
entendendo que a questão é de urgente
apreciação pelo tribunal ou que pode
acarretar dano de difícil ou incerta
reparação, poderá atribuir o efeito
suspensivo, desde que a decisão tenha
sido favorável à parte agravada e ainda
tenha por objeto obstar a prática de
algum ato.3 Isto significa dizer que, se a
decisão foi positiva ao requerente,
caberá o pedido de efeito suspensivo ao
agravo de instrumento interposto pela
parte prejudicada.4
Após essa decisão, o relator, desde
que tenha sido expressamente requerido
pela parte agravante5 e que esta
demonstre sua necessidade, poderá ou
não conceder o efeito suspensivo de
acordo com o rol exemplificativo
previsto no art. 558 do CPC, “nos casos
de prisão civil, adjudicação, remição de
bens, levantamento de dinheiro sem
caução idônea”, ou ainda, de forma
aberta, em “outros casos dos quais
possa resultar lesão grave e de difícil
reparação”.6
Resta saber quando será o caso de
lesão grave e de difícil reparação afora
os casos expressos do art. 558 do CPC.
Para que seja possível a concessão,
além dos casos enumerados na lei,
primeiramente deverá o agravante
justificar a necessidade de suspensão da
decisão até que seja revista pelo
tribunal (v.g., o deferimento de quebra
de sigilo bancário e fiscal do executado,
antes de terem se esgotado as
diligências por parte do exequente para
localização de bens passíveis de
penhora), ou seja, deverá demonstrar o
periculum in mora e o fumus boni iuris,
pois a decisão acerca do pedido de
efeito suspensivo tem natureza cautelar,
podendo, portanto, ser concedida
inaudita altera parte, ou após a oitiva
do agravado, bem como posteriormente
às informações prestadas pelo juízo de
primeiro grau.7
Sobre a cautelaridade da decisão
do art. 558 do CPC, merece destaque a
opinião de Cassio Scarpinela Bueno:
“uma função inegavelmente cautelar,
corresponde a estabelecer, até
julgamento final do recurso, a situação
de ineficácia da decisão recorrida
(efeito suspensivo)”.8
“O recebimento do recurso de
apelação, ainda que em ambos os
efeitos, não acarreta a restauração
da tutela antecipada revogada pela
sentença, uma vez que tão somente
suspende os seus efeitos até o
julgamento do recurso pelo
Tribunal a quo.
À medida que um dos pressupostos
para o deferimento da tutela
antecipada é a reversibilidade, nada
obsta que a sentença, ao julgar
improcedente o pedido, revogue os
efeitos anteriormente antecipados
e, ainda, o juízo receba o recurso de
apelação em ambos os efeitos”.
5.1. O PEDIDO DE
RECONSIDERAÇÃO
Com exceção da parte final do
parágrafo único do art. 527 do CPC, não
há qualquer outra previsão legal acerca
do chamado pedido de reconsideração,
ou seja, na verdade ele consiste num
expediente informal de impugnação às
decisões do juiz, sendo uma medida
imprópria, uma criação da prática
forense que não tem natureza jurídica
recursal1 e, por esse motivo, não tem
aptidão para suspender e nem
interromper prazos recursais.
O pedido de reconsideração pode
implicar reforma de uma decisão pelo
magistrado sempre que inexistir
preclusão pro judicato (ou sempre que,
para aqueles que condenam o uso da
expressão, não houver impedimento para
que o juiz volte atrás nas questões já
decididas, proferindo uma nova
decisão) ou, ainda, nos casos em que o
juiz pode alterar sua decisão sem que
haja qualquer manifestação da parte
nesse sentido. Bem por isso inexiste a
necessidade de formar o contraditório.
Outro enfoque que merece ser
recordado é o citado por Nelson Nery
Junior2 ao esclarecer que o pedido de
reconsideração guarda íntima relação
com o instituto da preclusão. Segundo o
autor, somente depois de afastada a
preclusão de determinado ato judicial é
que se pode falar em pedido de
reconsideração, lembrando ainda que,
na prática, o pedido de reconsideração
tem sido usado como expediente
alternativo quando deduzido na mesma
petição de interposição do agravo
retido. Inadmissível é tomar o pedido de
reconsideração como se agravo fosse
com a suspensão do prazo recursal. Se,
no entanto, a parte pedir reconsideração
e na mesma petição agravar, terá
garantido o conhecimento do recurso,
muito embora essa prática contrarie a
boa técnica processual.
Após estas brevíssimas
considerações acerca do pedido de
reconsideração, resta-nos tratar do
pedido de reconsideração
expressamente previsto no parágrafo
único do art. 527 do CPC.
Segundo a disposição legal, o
relator poderá reconsiderar a decisão
que: (i) converter o agravo de
instrumento em agravo retido (CPC, art.
527, II) e (ii) atribuir ou não efeito
suspensivo ao recurso ou deferir total ou
parcialmente a antecipação do mérito
recursal (CPC, art. 527, III).
Não poderá, entretanto, modificar a
decisão anteriormente proferida ao seu
mero talante. Para que isso ocorra, em
se tratando de decisão proferida com
base no art. 527, II, do CPC, deve
ocorrer pelo menos uma das seguintes
situações: a) que se tenha modificado a
situação de fato; b) que tenham sido
produzidas mais provas; c) que se tenha
alterado o grau de cognição do juiz a
respeito dos fatos.
A mera modificação de opinião
somente poderá ocasionar a
reconsideração da decisão se houver
efetivamente alguma alteração no plano
empírico, pois, do contrário, não
haveria segurança jurídica, uma vez que
poderia o relator, independentemente de
qualquer situação superveniente à
decisão proferida, voltar atrás.
Não se pode admitir, pura e
simplesmente, que o relator reconsidere
sua decisão, em razão de a parte
interessada ter, no pedido de
reconsideração, sido mais enfática,
expondo de uma maneira mais
convincente suas razões, de modo a,
nesse momento, convencer o relator.
Ora, se o relator, ao receber o
recurso de agravo de instrumento com
pedido de atribuição de efeito
suspensivo ou de efeito ativo (tutela
antecipada recursal), não se sentir
seguro ou tiver dúvida quanto à decisão
a ser tomada, necessitando de
esclarecimentos, a lei lhe dá a
possibilidade de solicitar informações
ao juiz a quo.
No que se refere à decisão do
relator que converte o regime do agravo
(CPC, art. 527, II), a reconsideração
também só poderá ocorrer se
efetivamente houver alteração no plano
fático que justifique o agravo seguir na
modalidade instrumentada.
Verificada a questão do pedido de
reconsideração, passemos, nos próximos
tópicos a tratar do cabimento ou não de
recurso contra a decisão do relator e das
consequências advindas de nosso
posicionamento.
5.2. A
IRRECORRIBILIDADE
DA DECISÃO DO
RELATOR (INCISOS
II E III DO ART. 527)
O parágrafo único do art. 527 do
Código de Processo Civil, é claro ao
estabelecer que a decisão com base nos
incisos II (conversão do agravo de
instrumento em agravo retido) e III
(concessão ou indeferimento de pedido
de efeito suspensivo ou antecipação de
tutela recursal ao agravo de instrumento)
do mesmo art. 527, é irrecorrível,
podendo ser reformada apenas por
ocasião do julgamento do agravo, “salvo
quando o relator a reconsiderar”.
Caso o agravante, formule o pedido
de reconsideração, visando à reforma da
decisão que lhe causava gravame pelo
próprio relator do agravo e a decisão
for mantida por seus próprios
fundamentos, seguindo a regra legal, não
lhe restará outra alternativa a não ser
aguardar o julgamento do recurso, que
poderá levar anos.
A Lei 11.187/2005 excluiu a
possibilidade de ser manejado o agravo
interno previsto no art. 557, § 1º, do
CPC, como ocorria antes de sua entrada
em vigor, mercê da revogação de trecho
do inciso II do art. 527 (que
mencionava, expressamente, ser cabível
contra a decisão de conversão do agravo
de instrumento em agravo retido, o
recurso de agravo (interno) para a turma
julgadora, no prazo de 5 (cinco) dias).
Diante de tal regra de se indagar
se, de fato, existem decisões
irrecorríveis ou não passíveis de
impugnação – (i) Passaram a ser
irrecorríveis as decisões liminares do
relator que convertem o agravo de
instrumento em agravo retido (art. 527,
II)? (ii) As decisões que concedem ou
denegam efeito suspensivo ou ativo
requerido pelo agravante (art. 527, III)
não admitem recurso e nem qualquer
tipo de impugnação?
A resposta, obviamente, deve ser
negativa.3
Ora, uma decisão interlocutória
proferida pelo relator do agravo de
instrumento não pode ser considerada
não impugnável, posto que, não decide o
mérito do recurso propriamente dito,
resolvendo apenas questão periférica, v.
g. a conversão em agravo retido, ou a
concessão de efeito suspensivo,
portanto, o recurso ainda será julgado,
qualquer que seja a decisão do relator,
pela turma julgadora.
Se a turma julgadora ainda
apreciará o mérito do recurso de agravo
de instrumento, porque impedir que o
mesmo órgão colegiado reveja a decisão
proferida, monocraticamente, pelo
relator?
Em razão de a lei federal
determinar a impossibilidade de recurso
contra tais decisões, inicia-se outra
discussão acerca do cabimento ou não
do agravo regimental, levando-se em
conta os regimentos internos dos
tribunais.
O Superior Tribunal de Justiça, por
sua segunda seção, por unanimidade, em
recurso relatado pelo Ministro Sidnei
Beneti,4 entendeu pelo cabimento do
agravo interno contra a decisão que
converteu o agravo de instrumento em
agravo retido quando houver expressa
previsão no regimento interno do
tribunal local, com a seguinte
fundamentação:
“No caso, contudo, como
assinalado pelo Acórdão recorrido,
existe, na lei que rege a organização
do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, expressa previsão
de Agravo Regimental para
decisões unipessoais de Relatores,
de maneira que não se tem, no caso
desse Tribunal de Justiça, a lacuna
de previsão recursal, que tem sido a
base de admissibilidade do
Mandado de Segurança nos casos
dos precedentes lembrados.
Tem-se no Estado do Rio de
janeiro, a previsão do chamado
‘Agravinho’ de decisões unipessoais
para o órgão colegiado, para
decisões relativamente às quais não
se preveja outro recurso, como,
destaque-se, está no Acórdão
Recorrido, de que o Relator o E.
Des. Marcus Faver, com o
conhecimento regimental local
derivado do fato de haver sido do
Presidente daquele E. Tribunal de
Justiça”.5
5.3. DO CABIMENTO DO
MANDADO DE
SEGURANÇA
CONTRA O ATO
JUDICIAL
5.3.1. A interpretação de
acordo com as Leis
1.533/51 e 12.016/09
Antes da reforma imposta pela Lei
11.187/2005, o art. 527, II, do CPC
disciplinava que a decisão do relator
que convertia o agravo de instrumento
em retido desafiava recurso de agravo
para o órgão colegiado competente no
prazo de 5 (cinco) dias. Já quanto à
decisão do relator com base no inciso II
do mesmo dispositivo legal, poderia ser
revista por meio de agravo interno ou
regimental.
Uma coisa era certa: o sistema
recursal pátrio, seja para a decisão de
conversão seja para a decisão que
negava a atribuição de efeito ativo ou
suspensivo, dispunha de um meio
eficiente para evitar a lesão ou a ameaça
de direito.
Resta-nos, agora, saber se, diante
da alteração legislativa, o sistema
propicia ao jurisdicionado meio hábil
para revisão de tal decisão. Com isso,
precisamos analisar se o remédio
previsto pela lei ordinária para reformar
as decisões do relator com base nos
incisos II e III do art. 527 é eficaz,
eficiente e operativo para o recorrente.
Segundo dispõe o parágrafo único
do art. 527 do CPC, a decisão do
relator, com base nos incisos em análise,
caso não haja reconsideração, somente
poderá ser reformada por ocasião do
julgamento do recurso.16
Em razão da impossibilidade de
utilização de qualquer recurso e diante
do disposto no art. 5º, II, da Lei
1.533/51,17 vigente à época da reforma
do agravo pela Lei 11.187/05, era
perfeitamente viável a conclusão pela
admissibilidade de manejar o mandado
de segurança contra o ato judicial que se
fundar nos incisos II e III do art. 527 do
CPC, como sucedâneo recursal.
A posição majoritária no campo
doutrinário admitia o cabimento do
mandado de segurança contra ato
praticado por autoridade judicial, como
se lê dos doutos ensinamentos de Teresa
Arruda Alvim Wambier,18 aqui
colacionados:
6.1. AS DECISÕES
PROFERIDAS EM
PROCESSO DE
EXECUÇÃO
De outra parte, afora as decisões
que não desafiam recurso de agravo
retido em razão do seu objeto versar
sobre matéria que não gera preclusão, as
decisões proferidas no processo de
execução também não poderão ser
objeto de agravo sob tal modalidade.11
Como se sabe, o processo de
execução é um processo de satisfação,
onde há a prática de atos materiais com
a finalidade de realizar o direito
estampado no título executivo, de tal
sorte que no curso do processo o juiz
profere diversas decisões
interlocutórias, passíveis, portanto, de
serem objeto de recurso de agravo.
Ocorre que, embora a lei, diante da
nova sistemática, determine que não se
tratando dos casos previstos no art. 522,
parte final, do CPC o agravo deverá ser
retido, no processo de execução não há
interesse recursal na interposição sob tal
regime, exatamente em razão da
satisfatividade dos atos praticados
(realização do direito), sendo certo que
a execução forçada termina normalmente
com a exaustão de seus atos e com a
satisfação de seu objeto, culminando
com uma sentença que a extingue, ante
tal ocorrência (CPC, art. 794).12
Destarte, com bem aponta Araken
de Assis, ao tratar da recorribilidade
das decisões interlocutórias proferidas
no curso do processo de execução,
“faltará à parte, ao interpor o agravo
retido, impropriamente, interesse em
recorrer da interlocutória. Quando ele [o
agravo retido] chegar à apreciação do
órgão ad quem, o ato decisório já
produziu efeitos irreversíveis”.13
Um dos coautores do presente
trabalho já teve a oportunidade de
sustentar acerca da decisão que defere
ou indefere, apreciando ou não a questão
de fundo, a exceção ou a objeção de
pré-executividade, não havendo que se
falar em agravo retido em razão da
urgência para que se veja, desde logo,
extinta a execução ou que seja feita a
adequação do processo em relação ao
previsto no título ou, ainda, em virtude
da impossibilidade de ser reiterada a
matéria objeto do agravo,14 posto que
não haverá oportunidade de reiteração,
tendo em vista que a extinção da
execução somente ocorrerá a favor do
executado, ou ainda, tendo em vista o
pagamento ou a remissão da dívida.15
6.2. AS DECISÕES
PROFERIDAS EM
LIQUIDAÇÃO E
CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA
Assim como acontece no processo
de execução, todas as decisões
proferidas no curso da liquidação de
sentença e do cumprimento da sentença
também são agraváveis na forma
instrumentada, não havendo interesse
recursal na forma retida.
Como se sabe, a liquidação de
sentença serve para trazer o quantum
debeatur para uma sentença proferida
de forma ilíquida. É uma fase processual
distinta da anterior fase onde se apurou
o an debeatur.
Qualquer que seja a decisão
proferida na fase de liquidação (v.g.
indeferimento de quesito, fixação de
honorários periciais e etc.), caso assim
entenda a parte prejudicada, deverá
interpor agravo de instrumento, por
absoluta incompatibilidade
procedimental com o agravo retido.16
Com maior razão, apesar de tratar-
se de um pronunciamento judicial cuja
natureza jurídica é de uma sentença, não
há que se falar em apelação, já que, por
expressa previsão legal, caberá agravo
de instrumento contra a decisão que
julgar a liquidação de sentença, nos
exatos termos do art. 475-H do CPC.17
Na fase procedimental denominada
cumprimento da sentença também não há
que se falar em agravo retido.
A lei do cumprimento da sentença
veio inovar no que diz respeito à
execução de título judicial, sobretudo
quando se tratar de sentença proferida
no processo civil (sentença civil
condenatória, homologação de transação
entre as partes ou ainda de acordo
extrajudicial homologado por sentença).
Quando se tratar de uma dessas
relações jurídicas não mais haverá
necessidade de instauração de nova
relação processual, dando ensejo à fase
de cumprimento da sentença,
independentemente de novo processo de
execução como ocorria anteriormente.18
Em nome da celeridade e da
eficiência processual, os autores do
projeto que deu origem à Lei
11.232/2005 ousaram. Rompeu-se com a
tradicional dicotomia entre processo de
conhecimento e de execução, tornando-
se desnecessário o processo autônomo
de execução com a nova citação daquele
que fora condenado a cumprir
determinada obrigação.
Opera-se, assim, a efetivação
forçada da sentença condenatória, como
mencionado na exposição de motivos,
alterando-se, substancialmente, as
cargas de eficácia da sentença
condenatória, cuja executividade passa a
ser muito mais valorizada, a ponto de
ser recolocada como Título do Livro I
do CPC.
Sem solução de continuidade,
obtida a sentença condenatória e
transitada esta em julgado, de imediato,
após a intimação do devedor na pessoa
de seu advogado, inicia-se o
cumprimento da sentença, cuja previsão
legal de defesa consiste em mero
incidente de “impugnação”, que acabou
por suprimir os embargos à execução
fundada em sentença, que permanecem
válidos quando se tratar de execução
contra a Fazenda Pública, de acordo
com a nova redação dada ao art. 741 do
CPC.
Tem-se assim que, ao menos na
teoria, a simplificação foi radical, pois
eliminada a executio ex intervallo (com
todos os percalços a ela inerentes,
sobretudo a citação obrigatória e
pessoal do executado), passando a
ensejar o cumprimento da sentença, que
não deixa de ser uma execução,
ensejando uma nova pretensão, ainda
que no mesmo processo, desde que a
obrigação nela contida não tenha sido
cumprida pelo devedor.
As mesmíssimas regras do
processo de execução valem para o
cumprimento da sentença no que diz
respeito à recorribilidade das decisões
interlocutórias, já que também falta
interesse recursal no agravo retido.19
Resta-nos exemplificar algumas
situações em que pode ocorrer a
interposição de agravo de instrumento
no cumprimento da sentença:
“É de fundamental importância,
porém, ter-se clara a ideia segundo
a qual a atribuição de efeito
suspensivo à ação rescisória é
medida absolutamente excepcional.
Em regra, o provimento
rescindendo permanecerá eficaz
não obstante o ajuizamento da ação
rescisória, e produzirá
normalmente seus efeitos até que
eventual decisão de procedência do
pedido de rescisão se torne, ela
própria, eficaz”.32
1.1. O AGRAVO DE
INSTRUMENTO NO
CPC/2015
O regime do agravo de instrumento
no CPC de 1973 passou por diversas
modificações desde a entrada em vigor
do Código em janeiro de 1974.
Antes mesmo da entrada em vigor
do Código, o capítulo de agravo de
instrumento foi alterado pela Lei 5.925,
de 1º de outubro de 1973.1
Na conhecida primeira onda
reformista, em 1995,2 o agravo de
instrumento, que antes era interposto em
primeiro grau de jurisdição (ensejando
um juízo de retratação prévio à remessa
do agravo ao tribunal), passou a ser
interposto diretamente no tribunal, sendo
que, o agravo retido passou a ter regras
próprias e hipóteses de cabimento
específicas.
Em 2001,3 houve nova reforma que
viabilizou a possibilidade de o relator
do agravo de instrumento convertê-lo em
agravo retido.
Finalmente, em 2005, o agravo
retido passou a ser regra e o agravo de
instrumento exceção, detidamente
explanado na primeira parte da presente
obra.
Agora, com o CPC/2015, passamos
a ter uma nova regra para a
recorribilidade das interlocutórias.4
A regra imposta pela Lei
11.187/2005 fez com que o agravo
retido fosse a regra geral, assim como
fosse possível a interposição de agravo
de instrumento em apenas três hipóteses
previstas expressamente no art. 522, ou
seja, nas decisões posteriores à sentença
de inadmissibilidade da apelação e em
relação aos efeitos de seu recebimento,
bem como nas situações de lesão grave
e de difícil ou incerta reparação em
decorrência da decisão interlocutória
proferida.
Além das hipóteses previstas no
art. 522, pacificou-se o entendimento de
que caberia agravo de instrumento
contra as decisões proferidas em meio
ao processo de execução, na fase de
cumprimento da sentença e, também, na
liquidação de sentença.
O agravo retido nas hipóteses que
não se vislumbrava a interposição do
agravo de instrumento, deveria ser
interposto, diretamente ao juiz de
primeiro grau, no prazo de 10 dias
(salvo nas decisões de audiência de
instrução e julgamento), sob pena de
preclusão e, ainda, caso não houvesse
retratação, tornava-se necessária a
reiteração por ocasião do recurso de
apelação, ou em contrarrazões.
O CPC/2015 não só altera as
hipóteses de cabimento para o agravo de
instrumento, como também extingue a
figura do agravo retido.
Releva apenas ressaltar nesse
passo que, contra as decisões que não
ensejam o agravo na forma
instrumentada, não ocorrerá a preclusão,
podendo a parte, sem qualquer outro ato
anterior, atacá-las na apelação ou em
contrarrazões.
O rol previsto nos incisos e
parágrafo único do art. 1.015 do
CPC/2015 pode vir a ser considerado
taxativo, o que redundará na
impossibilidade de ser utilizado em uma
hipótese não prevista expressamente em
lei.
Surge aí uma indagação: Caso a
decisão cause lesão grave e de difícil
reparação e não esteja no rol de
cabimento do agravo de instrumento, é
possível a impetração de Mandado de
Segurança?
Havendo relevância e urgência,
tornando necessária e primordial a
revisão pelo tribunal e não havendo
como se aguardar a análise do recurso
de apelação pelo tribunal (v.g. decisão
que indefere a alegação de
incompetência relativa) ou, ainda,
quando a decisão tornar impossível a
interposição da apelação (v.g. decisão
que inadmite os embargos de declaração
mercê de sua intempestividade), surgiria
ao menos numa primeira análise, o
cabimento do mandado de segurança
contra ato judicial.
Eventual extensão do rol para
outras hipóteses talvez venha com o
tempo. Tal análise caberá a doutrina e a
jurisprudência, apesar de parecer que a
intenção do legislador foi a de realmente
elaborar um rol taxativo para o
cabimento do recurso de agravo de
instrumento.
Voltaremos a tratar, no item 7.3,
sobre a indagação ora ventilada,
posicionando-nos sobre a taxatividade
ou não do rol de cabimento do agravo de
instrumento, problematizando a situação
e trazendo soluções para quaisquer dos
posicionamentos que possam vir a ser
adotados.
1.1.2 Peças
As peças para a formação do
instrumento ainda são relevantes, tendo
em vista que em muitos dos tribunais
brasileiros existem, mesmo em 2015,
agravos de instrumento físicos.
Significa dizer que, se o agravo
ainda é em papel, não há que se falar em
dispensa da formação do instrumento.
Em razão de o agravo pela
modalidade instrumentada ser
processado fora dos autos do processo
de onde emanou a decisão interlocutória
agravada, há a necessidade de se formar
o instrumento, ou seja, um conjunto com
todos os documentos necessários para
que o órgão ad quem possa realizar com
segurança o juízo de admissibilidade e
de mérito do recurso.
Com o advento do processo
eletrônico e do CPC/2015, a regra
inerente às peças do agravo de
instrumento passa a ter duas vertentes:
(i) processo em primeiro grau físico,
praticamente igual as regras do
CPC/1973; e (ii) processo em primeiro
grau com autos eletrônicos.
Mesmo que os agravos de
instrumento passem a ser todos
eletrônicos, se os processos em
primeiro grau forem físicos, deverá o
agravante providenciar as peças
obrigatórias elencadas no art. 1.017, I,
do CPC/2015.
Em virtude disso, o inciso I do art.
1.017 do CPC/2015 estabelece quais as
peças que deverão instruir a petição de
agravo, de modo a possibilitar a perfeita
cognição do tribunal.
O inciso I do aludido artigo faz
menção às seguintes peças obrigatórias:
(i) cópia da decisão agravada; (ii) cópia
da certidão da respectiva intimação ou
outro documento capaz de demonstrar a
tempestividade do recurso; e (iii) cópia
das procurações outorgadas aos
advogados do agravante e do agravado –
rol idêntico ao que estava elencado no
art. 525, I, do CPC/1973.
O mesmo dispositivo faz menção a
outras peças obrigatórias que devem ser
anexadas ao instrumento para que seja
perfeitamente compreensível por parte
do tribunal, permitindo o entendimento
do ocorrido em primeiro grau para que a
decisão do agravo seja a mais correta
possível.
As peças acrescentadas ao rol
existente no CPC anterior são: (i)
petição inicial, (ii) contestação e (iii)
petição que ensejou a decisão agravada.
Se, por ventura, o agravante não
tiver juntado ao agravo nenhuma ou
alguma das peças obrigatórias, deve ser
intimado para sanar o vício,
providenciando o aperfeiçoamento do
instrumento. Se, eventualmente, não
atender a tal intimação, ocorrerá a
inadmissibilidade do recurso por
deficiência.
O rol mais completo do CPC/2015
faz com que praticamente se torne
desnecessária a juntada de qualquer
outra peça do processo, mas isso não
pode ser interpretado como infalível, já
que, a depender do caso concreto será
necessário, à exata compreensão dos
magistrados no tribunal, o traslado de
outra(s) peça(s) do processo, ato que se
encartaria no inciso III do mesmo art.
1.017 (v.g. contrato com cláusula
abusiva juntado como documento capaz
de ensejar uma tutela de urgência
indeferida pelo juiz de primeiro grau).
Na eventualidade de não existir no
processo uma das peças elencadas no
inciso I, prevê o inciso II que o
advogado, deverá declarar tal ausência,
sob sua responsabilidade, visando que o
recurso seja admitido pelo tribunal.
Para ocorrer a ausência de uma das
peças obrigatórias podemos dar como
exemplo o indeferimento de um
requerimento de tutela de urgência na
petição inicial. Em tal situação não há
procuração do réu, contestação e nem
mesmo outra petição que tenha gerado a
decisão recorrida, uma vez que há no
processo apenas a petição inicial, seus
documentos e a decisão recorrida.
O relator do tribunal ad quem, em
razão de agravo sob a modalidade
instrumentada se processar fora dos
autos, somente poderá verificar o
cumprimento dos referidos requisitos se
tiver elementos para tanto; daí a
necessidade de formar o instrumento
com as peças indicadas pela lei.
O agravo pode ser interposto
diretamente no tribunal, no protocolo
integrado nas comarcas atreladas ao
tribunal, via correio e também via fac-
símile desde que preenchidos os
requisitos da Lei 9.800/99.5
Deverá também no ato da
interposição comprovar o pagamento do
preparo e do respectivo porte de retorno
(desde que não se trate de processo
eletrônico).
Quando o processo de primeiro
grau e o agravo forem eletrônicos, a
sistemática adotada fica bastante
simplificada, eis que de acordo com o §
5º o que antes era ônus da parte, passa a
ser uma ferramenta do sistema
operacional do tribunal que viabilizará
ao desembargador a consulta do
processo em primeiro grau de
jurisdição, ou seja, não há que se falar
em anexar ao agravo as peças
trasladadas do processo.
1.1.4. Providências no
tribunal
Se não for o caso de rejeição
liminar do agravo pelo relator, com ou
sem análise do mérito recursal,
conforme estabelece o art. 932, III e IV,6
passará a observar o procedimento para
o julgamento pelo órgão colegiado,
verificando, inicialmente, no prazo de
cinco dias, se estão presentes os
requisitos para a concessão dos efeitos
eventualmente requeridos.
Efeito suspensivo é a aptidão que
alguns recursos têm de impedir a pronta
eficácia do ato jurisdicional recorrido.
Na verdade, o efeito suspensivo
não gera a suspensão, mas a manutenção
da suspensão, não estando ligado ao
recurso, mas ao ato recorrido. A questão
fundamental é saber se o ato tem aptidão
para produzir efeitos imediatamente.
Como regra, o agravo de
instrumento não tem efeito suspensivo, o
que, em última análise, é até
compreensível, pois seria um
verdadeiro entrave se assim não fosse,
já que não haveria continuidade do
procedimento em primeiro grau se cada
decisão agravada acarretasse a
suspensão do feito.
O relator, entendendo que a questão
pode acarretar dano de difícil ou incerta
reparação, poderá atribuir o efeito
suspensivo, consoante expressa
autorização do art. 995, parágrafo único,
do CPC/2015.7
Para que seja possível a concessão,
primeiramente deverá o agravante
justificar a necessidade de suspensão da
decisão até que seja revista pelo
tribunal (v.g. o deferimento de quebra de
sigilo bancário e fiscal do executado,
antes de terem se esgotado as
diligências por parte do exequente para
localização de bens passíveis de
penhora), ou seja, deverá demonstrar o
periculum in mora e o fumus boni iuris,
pois a decisão acerca do pedido de
efeito suspensivo tem natureza cautelar,
podendo, portanto, ser concedida
inaudita altera parte, ou após a oitiva
do agravado.
A única modificação em relação ao
art. 558 do CPC/1973 é a de que não há
mais um rol exemplificativo de
concessão do efeito suspensivo, com a
nova regra o recorrente deverá, em
qualquer situação, demonstrar a
necessidade de deferimento por parte do
relator do efeito suspensivo requerido.
Ao invés de suspender a decisão
proferida até final julgamento, poderá
determinar a reforma provisória,
atuando de forma ativa, sendo
exatamente por isso que a doutrina
acabou por denominar esse poder dado
ao relator de efeito ativo ou, como está
na lei, tutela antecipada recursal.
Cumpre, pois, salientarmos que,
dependendo do que fora decidido em
primeiro grau, será requerido pelo
agravante este ou aquele efeito, ou seja,
o efeito suspensivo ou ativo, mas nunca
os dois.
Tendo sido requerida e indeferida
uma medida liminar, como, por exemplo,
na antecipação de tutela para que seja
autorizada uma internação hospitalar, a
lei faculta ao autor, em razão da
urgência da situação, nos termos do
inciso I do art. 1.015 do CPC/2015,
agravar por instrumento diretamente ao
tribunal, pleiteando ao relator que
antecipe provisoriamente, mediante
cognição sumária, o próprio mérito
recursal, resguardando a incolumidade
do direito material pretendido para que
não haja dano exacerbado e irreparável
em decorrência da demora na concessão
da prestação jurisdicional pretendida.
No agravo não há que se falar em
julgamento monocrático liminar de
provimento ao recurso, nos termos do
art. 932, V, que estabelece a
possibilidade de êxito do recorrente de
forma monocrática somente depois de
facultada a apresentação de
contrarrazões, para dar provimento ao
recurso se a decisão recorrida for
contrária a: (i) súmula do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça ou do próprio tribunal; (ii)
acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos; e (iii) entendimento
firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de
competência.
Diferentemente do que ocorre com
a conversão do agravo de instrumento
em retido ou, ainda, com a decisão
relativa aos efeitos (art. 527, III, do
CPC/1973) – parágrafo único do art.
527 – que torna inadmissível a
interposição de recurso contra tal
decisão monocrática viabilizando a
impetração de mandado de segurança
contra ato judicial, o art. 1.021, caput,8
do CPC/2015 admite o agravo interno
contra qualquer que seja a decisão
monocrática proferida pelo relator.
Nos termos do inciso II do art.
1.019 do CPC/2015, o agravado será
intimado para responder ao agravo
interposto no prazo de 15 (quinze) dias
úteis, por meio de intimação publicada
no Diário Oficial nas comarcas que
forem sede do tribunal e também
naquelas em que os atos processuais se
tornem públicos pelo mesmo meio; caso
contrário, far-se-á a intimação do
advogado do agravado por meio de
ofício registrado e com aviso de
recepção, facultando-lhe juntar a
documentação que entender necessária
ao julgamento do recurso.
Somente haverá justificativa para a
oitiva do Ministério Público naquelas
causas em que sua intervenção seja de
rigor e, nesses casos, o prazo para sua
manifestação será de 15 (quinze) dias.
1.1.5. Prazo para o
julgamento
Com relação ao julgamento do
agravo, o art. 528 do CPC/1973 prevê
expressamente que o relator, em prazo
não superior a 30 (trinta) dias, contados
da intimação do agravo, tendo ou não
sido apresentada resposta (contraminuta
de agravo), solicite a designação de data
para o seu julgamento.
Tal disposição não condiz com a
realidade, pois além de ser
humanamente impossível agendar a
pauta de julgamento do agravo em
apenas 30 (trinta) dias, os prazos para a
resposta e manifestação do membro do
Ministério Público, para os casos em
que este necessita participar, ambos de
10 (dez) dias, tornam totalmente
inviável tal previsão.
Já o CPC/2015 incide no mesmo
erro, como uma pequena alteração
imposta pela regra prevista no art. 219,
que estabelece que “na contagem de
prazo em dias, estabelecido por lei ou
pelo juiz, computar-se-ão somente os
úteis”, fixando 1 (um) mês e não mais 30
(trinta) dias (como prazo impróprio).
Mais inviável o cumprimento do
prazo para a solicitação de julgamento
do que no CPC/1973, levando em conta
que o prazo para a resposta do agravo
de instrumento será de 15 (quinze) dias
úteis, ou seja, no mínimo 19 (dezenove)
dias corridos, ainda mais se houver
necessidade de participação do
Ministério Público, que terá os mesmos
15 (quinze) dias úteis para emitir sua
manifestação.
1.2. A FORMA DE
IMPUGNAÇÃO DAS
DECISÕES QUE NÃO
ENSEJAM AGRAVO
DE INSTRUMENTO
NO CPC/2015 –
CRÍTICAS E
PERSPECTIVAS
O agravo retido no sistema do
CPC/1973 passou a ser a regra para o
enfrentamento das interlocutórias,
ficando, pois, o agravo pela via
instrumentada apenas e tão somente para
aquelas situações previstas na parte
final do art. 522 do CPC, assim como
para aquelas em que falece à parte o
interesse-adequação na utilização pela
retida (v.g. matérias de ordem pública,
decisões proferidas no processo de
execução, decisões proferidas na fase
executiva do procedimento e na
liquidação de sentença).
Como se sabe o agravo retido nada
mais é do que um recurso estratégico,
por ter efeito devolutivo diferido,
impedindo que sobre a decisão
proferida incida o fenômeno da
preclusão, porém, a devolução da
matéria apenas se dá com a sua
reiteração, em preliminar, no recurso de
apelação ou nas suas contrarrazões.
Vale destacar que, no sistema atual,
a reiteração é o ato simples de externar
a intenção de ver o recurso, já interposto
e com as razões de reforma já
apresentadas, apreciado
preliminarmente, ao julgamento da
apelação, pelo órgão colegiado.
A nova lei processual modificou o
recurso de agravo vertiginosamente.9
A modificação, num primeiro
momento, pode parecer que nada tenha
trazido de substancial, quando
comparada com a regra do agravo retido
previsto no CPC/73. Contudo, não é o
que pensamos.
Expliquemos.
O fato de as razões de reforma da
decisão interlocutória serem
apresentadas como preliminar do recuso
de apelação ou nas contrarrazões poderá
ocasionar verdadeiro tumulto
procedimental.
No sistema atual, as razões são
apresentadas no ato da interposição do
agravo retido, sendo certo que, por
óbvio, o acerto ou desacerto da decisão
interlocutória recorrida leva em
consideração o cenário processual até
aquele momento e, por conseguinte, a
possibilidade de cognição exercida pelo
julgador.10
Não haverá limitação das razões
por segmentação temporal – quer-se
dizer limitada ao momento anterior à
decisão interlocutória proferida -, ao
contrário, o recorrente poderá utilizar
todo o conjunto processual, do início ao
fim, até mesmo a fundamentação exposta
na sentença proferida.
Temos receio de que a modificação
possa tornar a atividade judicante em
segundo grau sacrificante, ante a
maçante quantidade de razões na
preliminar de apreciação das
interlocutórias, muitas vezes com a
repetição inoportuna de argumentos, que
os hábeis recursos de informática
propiciam; tudo sem falar, na injusta
posição do juiz de primeiro grau, que
proferiu a decisão recorrida, diante de
um contexto limitado de cognição e,
agora, terá contra ela, todo um processo
instruído.
Segundo pensamos, a mudança, tal
como proposta, não arejará as pautas
dos tribunais. Ao contrário, fará com
que os recursos de apelação demandem
excessivo tempo de apreciação para o
enfrentamento das matérias
preliminares.
Além das questões expostas acima,
algumas outras situações precisam ser
analisadas.
A postergação das razões de
reforma da decisão interlocutória para o
momento da interposição do recurso de
apelação ou de suas contrarrazões,
impedirá o juiz de primeiro grau de
exercitar o juízo de retratação.
Na sistemática atual, o juiz, ciente
das razões recursais, pode retratar-se;
com a modificação imposta pelo
CPC/2015, tal juízo fica prejudicado,
eis que inexistem razões expostas nos
autos para que o convencimento, até
porque nem mesmo a parte sabe se irá
ou não impugnar a decisão quando da
interposição da apelação ou, em
eventual resposta.
Por fim, a redação aprovada e
sancionada, por via transversa, admite a
sustentação oral do recuso de agravo,
hipótese que sempre teve vedação legal
(e no CPC/2015 ainda terá, basta ver a
inexistência de previsão no art. 937,
com exceção das relativas às decisões
interlocutórias “que versem sobre
tutelas provisórias de urgência ou da
evidência”, expressamente prevista no
inciso VIII).
1.3. TAXATIVIDADE OU
NÃO DO ROL DO
ART. 1.015 DO
CPC/2015
Questão que certamente trará muita
discussão na doutrina e na
jurisprudência é a taxatividade ou não
do rol de cabimento do agravo de
instrumento taxativo.
Havendo relevância e urgência,
tornando necessária e primordial a
revisão pelo tribunal e não havendo
como se aguardar a análise do recurso
de apelação pelo tribunal (v.g. decisão
que indefere a alegação de
incompetência relativa ou de
incompetência absoluta feita em
contestação) ou, ainda, quando a decisão
tornar impossível a interposição da
apelação (v.g. decisão que inadmite os
embargos de declaração mercê de sua
intempestividade), resta a indagação: É
irremediável o cabimento do mandado
de segurança contra ato judicial?
Nesse passo explicaremos os dois
posicionamentos que podem vir a ser
admitidos pela doutrina e
jurisprudência.
1.3.1. Não taxatividade do
rol
É bem provável que parte da
doutrina entenda que o rol não é
taxativo,11 ou ainda, que é taxativo, mas
que cada um de seus incisos e parágrafo
único admite extensão para outras
hipóteses correlatas.
As duas interpretações embora
parecidas são radicalmente diferentes.
A primeira defende que o rol é
apenas exemplificativo, admitindo a
interposição de agravo de instrumento
em outras situações, o que viola
frontalmente a regra legal, bem como o
próprio espírito condutor da alteração
do regime do agravo, fazendo com que
fosse previsto um rol tão extenso.
Já a segunda é mais defensável e
prevê a possibilidade de interpretação
extensiva a cada uma das hipóteses de
cabimento do agravo de instrumento.
O art. 1.015, prevê um rol de 12
incisos e um parágrafo único com mais 4
possibilidades de interposição, a saber:
1.4. A NOVA
SISTEMÁTICA DO
RECURSO DE
AGRAVO E A
LEGISLAÇÃO
EXTRAVAGANTE
De acordo com as regras impostas
pelo novo regime do agravo surge a
polêmica interessantíssima em torno da
exaustividade do rol do art. 1.015 do
CPC/2015, com a seguinte indagação:
como ficam aquelas decisões
interlocutórias proferidas em processos
regulados por leis extravagantes?
O inciso XIII do referido artigo
estabelece que cabe agravo de
instrumento nos outros casos
expressamente referidos em lei.
Pois bem.
Há diversos processos regulados
em lei extravagante, pretérita ao
CPC/2015, em que há possibilidade de
existirem decisões interlocutórias com
alto índice de prejudicialidade; nada
obstante, não haver previsão expressa
de recurso de agravo.
Podemos citar como exemplo:
Decisões interlocutórias
proferidas antes da vigência do
CPC/2015
Conforme já expôs anteriormente,
na sistemática do recurso de agravo
prevista na nova codificação, o agravo
retido foi extinto. Com isso, e no que se
refere ao direito intertemporal, há que se
esclarecer que: (i) as decisões
interlocutórias, que passaram
irrecorridas sob a égide do CPC/1973,
não poderão ser objeto de preliminar do
recurso de apelação ou de suas
contrarrazões nos termos do art. 1.009, §
1.º, do NCPC; e, (ii) os agravos retidos
interpostos no curso de procedimento
deverão ser reiterados, nos termos da
sistemática do CPC/73, ainda que o
recurso de apelação ou suas
contrarrazões venham a ser apresentados
com a vigência do CPC/2015.
Questão de suma importância diz
respeito aos agravos de instrumento
interpostos sob a égide da legislação
processual vigente (CPC/1973), onde a
decisão monocrática do relator relativa:
ao pedido de atribuição de efeito
suspensivo, ao pedido de antecipação da
tutela recursal e determinação de
conversão em agravo retido, é
irrecorrível (CPC/1973, art. 527,
parágrafo único), mas a sua análise se
de sob o palio da nova legislação
processual (CPC/2015).
As indagações que se colocam são:
(i) Poderá o relator converter em agravo
retido? (ii) A decisão do relator,
atinente ao efeito suspensivo ou
antecipação da tutela recursal,
continuará irrecorrível?
Entendemos que, o relator, ao
apreciar o recurso de agravo interposto,
deverá se pautar na legislação
processual vigente ao tempo do
julgamento e não ao tempo da
interposição do recurso, haja vista a
opção, como regra pelo nosso sistema,
da teoria do isolamento dos atos.
Com isso, o relator não poderá
converter o agravo de instrumento em
agravo retido, tendo em vista a extinção
de tal modalidade de agravo, e,
consequentemente, a inexistência de tal
postura no rol do art. 1.019 do
CPC/2015, devendo, portanto, julgá-lo
na forma instrumentada.
Já com relação à decisão relativa
ao efeito suspensivo ou à antecipação da
tutela recursal, pautando-se na mesma
premissa supra, poderá ser interposto
agravo interno em face dela, a teor do
que dispõe o art. 1.021 do CPC/2015.
__________
1 Cf. Fabio Guidi Tabosa Pessoa. A Lei
11.232/2005 e o direito intertemporal. In:
Gilberto Gomes Bruschi (Coord.).
Execução civil e cumprimento da
sentença. São Paulo: Método, 2006, v. 1,
p. 162 a 173; Ana Beatriz Ferreira Rebello
Presgrave. Direito intertemporal e o
processo civil. Dissertação de mestrado
(inédita). São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2005,
130 p.
2 Atualidades sobre o Processo Civil. 2ª
ed., São Paulo: RT, 1996, p. 20.
3 Teoria..., cit., p. 21.
4 Idem.
5 Teresa Arruda Alvim Wambier, Os
agravos..., cit., p. 620 e seguintes.
6 Horácio Wanderlei Rodrigues e Eduardo de
Avelar Lamy. Teoria Geral do Processo.
3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p.
247 a 249.
7 Na jurisprudência: STJ, REsp.
1.404.796/SP, 1ª Seção, rel. Min. Mauro
Campbell Marques, j. 26.03.2014, DJe
09.04.2014, de onde destacamos o
seguinte trecho da ementa: “Ocorre que,
por mais que a lei processual seja aplicada
imediatamente aos processos pendentes,
deve-se ter conhecimento que o processo é
constituído por inúmeros atos. Tal
entendimento nos leva à chamada ‘Teoria
dos Atos Processuais Isolados’, em que
cada ato deve ser considerado
separadamente dos demais para o fim de se
determinar qual a lei que o rege, recaindo
sobre ele a preclusão consumativa, ou seja,
a lei que rege o ato processual é aquela em
vigor no momento em que ele é praticado.
Seria a aplicação do Princípio tempus regit
actum. Com base neste princípio, temos
que a lei processual atinge o processo no
estágio em que ele se encontra, onde a
incidência da lei nova não gera prejuízo
algum às partes, respeitando-se a eficácia
do ato processual já praticado. Dessa
forma, a publicação e entrada em vigor de
nova lei só atingem os atos ainda por
praticar, no caso, os processos futuros, não
sendo possível falar em retroatividade da
nova norma, visto que os atos anteriores de
processos em curso não serão atingidos”.
8 Nesse sentido: Cândido Rangel Dinamarco,
A Reforma do..., cit., p. 198, em que
preleciona: “Ter aplicação imediata não
significa ser retroativa: isso quer dizer que
não ficam atingidos pela lei nova os
agravos de instrumento já interpostos
segundo as disposições agora revogadas, ao
tempo em que vigiam. Trata-se de situações
já consumadas e não pendentes e, por isso,
os agravos principiados sob o império da
lei velha continuam sob esse império até ao
fim”.
9 Atualidades..., cit., p. 25.
10 Direito intertemporal ou teoria da
retroatividade das leis. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1955, p. 278 e 279.
11 Cf. Teresa Arruda Alvim Wambier. Os
agravos..., cit., p. 622 e 623.
BIBLIOGRAFIA
Art. 523. Na
modalidade de
agravo retido o
agravante
requererá que o Art. 1.022. (...)
tribunal dele
§ 1º As questões
conheça,
resolvidas na fase
preliminarmente,
de conhecimento,
por ocasião do
se a decisão a seu
julgamento da
respeito não
apelação.
comportar agravo
§ 1º Não se de instrumento,
conhecerá do têm de ser
agravo se a parte impugnadas em
não requerer Art. 963. (...) apelação,
expressamente, eventualmente
Parágrafo único.
nas razões ou na interposta contra a
As questões
resposta da sentença, ou nas
resolvidas na fase
apelação, sua contrarrazões.
cognitiva, se a
apreciação pelo Sendo suscitadas
decisão a seu
Tribunal. em contrarrazões, o
respeito não
recorrente será
§ 2º Interposto o comportar agravo
intimado para, em
agravo, e ouvido o de instrumento,
quinze dias,
agravado no prazo não ficam
manifestar-se a
de 10 (dez) dias, o cobertas pela respeito delas.
juiz poderá preclusão e devem
§ 2º A impugnação
reformar sua ser suscitadas em
prevista no § 1º
decisão. preliminar de
pressupõe a prévia
apelação,
§ 3º Das decisões apresentação de
eventualmente
interlocutórias protesto específico
interposta contra a
proferidas na contra a decisão no
decisão final, ou
audiência de primeiro momento
nas contrarrazões.
instrução e que couber à parte
julgamento falar nos autos, sob
caberá agravo na pena de preclusão;
forma retida, as razões do
devendo ser protesto têm de ser
interposto oral e apresentadas na
imediatamente, apelação ou nas
bem como constar contrarrazões de
do respectivo apelação, nos
termo (art. 457), termos do § 1º.
nele expostas
sucintamente as
razões do
agravante.
Art. 1.029. O agravo
Art. 970. O agravo de instrumento será
Art. 524. O agravo dirigido
de instrumento
de instrumento diretamente ao
será dirigido
será dirigido tribunal
diretamente ao
diretamente ao competente, por
tribunal
tribunal meio de petição
competente, por
competente, com os seguintes
meio de petição
através de petição requisitos:
com os seguintes
com os seguintes
requisitos: I – os nomes das
requisitos:
I – a exposição do partes;
I – a exposição do
fato e do direito; II – a exposição do
fato e do direito;
II – as razões do fato e do direito;
II – as razões do
pedido de reforma III – as razões do
pedido de reforma
da decisão e o pedido de reforma
da decisão;
próprio pedido; ou de invalidação
III – o nome e o da decisão e o
III – o nome e o
endereço próprio pedido;
endereço
completo dos
completo dos IV – o nome e o
advogados,
advogados endereço completo
constantes do
constantes do dos advogados
processo. processo. constantes do
processo.
Art. 1.030. A
petição de agravo
de instrumento será
instruída:
I –
obrigatoriamente,
com cópias da
petição inicial, da
contestação, da
Art. 971. A petição petição que ensejou
de agravo de a decisão agravada,
Art. 525. A petição da própria decisão
instrumento será
de agravo de agravada, da
instruída:
instrumento será certidão da
instruída: I – respectiva
obrigatoriamente, intimação ou outro
I –
com cópias da documento oficial
obrigatoriamente,
decisão agravada, que comprove a
com cópias da
da certidão da tempestividade e
decisão agravada,
da certidão da respectiva das procurações
respectiva intimação ou outro outorgadas aos
intimação e das documento oficial advogados do
procurações que comprove a agravante e do
outorgadas aos tempestividade e agravado;
advogados do das procurações
II – com certidão
agravante e do outorgadas aos
que ateste a
agravado; advogados do
inexistência de
agravante e do
II – qualquer dos
agravado;
facultativamente, documentos
com outras peças II – referidos no inciso I
que o agravante facultativamente, deste artigo, a ser
entender úteis. com outras peças expedida pelo
que o agravante cartório no prazo de
entender úteis. vinte e quatro
horas,
independentemente
do pagamento de
qualquer despesa;
III –
facultativamente,
com outras peças
que o agravante
reputar úteis.
§ 1º Acompanhará
a petição o
comprovante do
pagamento das
respectivas custas e
do porte de retorno,
quando devidos,
conforme tabela
publicada pelos
tribunais.
§ 2º No prazo do
recurso, o agravo
será interposto por:
I – protocolo
realizado
diretamente no
tribunal
competente para
julgá-lo;
II – protocolo
realizado na própria
comarca, seção ou
subseção
judiciárias;
§ 1º Acompanhará
III – postagem, sob
a petição o
registro com aviso
comprovante do
de recebimento;
pagamento das
respectivas custas IV – transmissão
§ 1º Acompanhará e do porte de de dados tipo fac-
a petição o retorno, quando símile nos termos da
comprovante do devidos, conforme lei;
pagamento das tabela publicada
respectivas custas pelos tribunais. V – por outra forma
e do porte de prevista na lei.
§ 2º No prazo do
retorno, quando § 3º Na falta da
recurso, a petição
devidos, conforme cópia de qualquer
será protocolada
tabela que será peça ou no caso de
no tribunal,
publicada pelos algum outro vício
postada no correio
tribunais. que comprometa a
sob registro com
admissibilidade do
§ 2º No prazo do aviso de
agravo de
recurso, a petição recebimento ou
será protocolada interposta por instrumento, deve o
no tribunal, ou outra forma relator aplicar o
postada no correio prevista na lei disposto no art.
sob registro com local. 945, parágrafo único.
aviso de
§ 3º A falta de § 4º Se o recurso
recebimento, ou,
peça obrigatória for interposto por
ainda, interposta
não implicará a sistema de
por outra forma
inadmissibilidade transmissão de
prevista na lei
do recurso se o dados tipo fac-símile
local.
recorrente, ou similar, as peças
intimado, vier a devem ser juntadas
supri-la no prazo no momento de
de cinco dias. protocolo da
petição original.
§ 5º Sendo
eletrônicos os autos
do processo,
dispensam-se as
peças referidas nos
incisos I e II do
caput, facultando-se
ao agravante
anexar outros
documentos que
entender úteis para
a compreensão da
controvérsia.
§ 6º A certidão
prevista no inciso II
pode ser substituída
por declaração de
inexistência de
qualquer dos
documentos do
inciso I feita pelo
advogado do
agravante, sob sua
responsabilidade
pessoal.
Art. 1.031. O
agravante poderá
requerer a juntada,
aos autos do
processo, de cópia
da petição do
agravo de
instrumento, do
comprovante de
Art. 972. O
Art. 526. O sua interposição e
agravante poderá
agravante, no da relação dos
requerer a juntada
prazo de 3 (três) documentos que
aos autos do
dias, requererá instruíram o
processo, de cópia
juntada, aos autos recurso.
da petição do
do processo de
agravo de § 1º Se o juiz
cópia da petição
instrumento e do comunicar que
do agravo de
comprovante de reformou
instrumento e do
sua interposição, inteiramente a
comprovante de
assim como a decisão, o relator
sua interposição,
relação dos considerará
assim como a
documentos que prejudicado o
relação dos
instruíram o agravo de
documentos que
recurso, com instrumento.
instruíram o
exclusivo objetivo
recurso. § 2º Não sendo
de provocar a
eletrônicos os
Parágrafo único. retratação.
autos, o agravante
O não
Parágrafo único. tomará a
cumprimento do
disposto neste Se o juiz providência
artigo, desde que comunicar que prevista no caput, no
argüido e provado reformou prazo de três dias a
pelo agravado, inteiramente a contar da
importa decisão, o relator interposição do
inadmissibilidade considerará agravo de
do agravo. prejudicado o instrumento. O
agravo. descumprimento
dessa exigência em
tal hipótese, desde
que arguido e
provado pelo
agravado, importa
inadmissibilidade
do agravo de
instrumento.
Art. 972,
Art. 1.031, § 1º. Se o
Art. 529. Se o juiz Parágrafo único.
comunicar que Se o juiz juiz comunicar que
reformou comunicar que reformou
inteiramente a reformou inteiramente a
decisão, o relator inteiramente a decisão, o relator
considerará decisão, o relator considerará
prejudicado o considerará prejudicado o
agravo. prejudicado o agravo de
agravo. instrumento.
Anexo 2
Quadro comparativo do
Agravo no CPC/1973 com o
CPC/2015
DO AGRAVO INTERNO
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo
relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno
do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o
recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que
intimará o agravado para manifestar-se sobre
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final
do qual, não havendo retratação, o relator levá-
lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com
inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à
reprodução dos fundamentos da decisão
agravada para julgar improcedente o agravo
interno.
§ 4º Quando o agravo interno for
declarado manifestamenteinadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão
colegiado, emdecisão fundamentada, condenará
o agravante a pagar ao agravado multafixada
entre um e cinco por centodo valor atualizado
da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro
recurso estácondicionada ao depósito prévio
do valor da multa prevista no § 4º, àexceçãoda
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade
da justiça, quefarão o pagamento ao final.