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SÔBRE A ALEMANHA
Os relatórios da O. C. D. E. e da O. N. U. constituem um
manancial de informações sôbre a história do crescimento e do
desenvolvimento desde o fim da guerra. Entretanto, nós nos apoia-
remos principalmente sôbre o trabalho fundamental de Angus
Maddlsonr=") para analisar as fases principais do crescimento
econômico dos países capitalistas.
24
--')1 -/3 2n,...".; , V..,··L,-A.~ ,1$"s:;L)JP'W g.;:;;. ~;,W;P;HJj?J,
É notável que a taxa de crescimento da prodÜtivI<fadenorte- No processo de crescimento, a estrutura das economias na-
-americana tenha permanecido constante a 2,4% no curso dos cionais transforma-se. A noção de "desenvolvimento" inclui, ao
três períodos examinados (quadro lI). Os países europeus, ex- mesmo tempo, os mecanismos de crescimento do produto e suas
ceto a Grã-Bretanha e a Bélgica, tiveram um aumento de pro- conseqüências sôbre o ambiente econômíco-socíal, "O que cres-
dutividade mais rápido que os Estados Unidos. A tendência, ce muda ao crescer" (François Perroux). Ora, essa mudança
portanto, é a mesma 11a evolução do crescimento da produção está ligada à industrialização:
e da produtividade. Cumpre não confundir as taxas de cresci- "Cada vez que a renda por habitante acusou tendência pro-
mento com os valores absolutos. A produtividade da indústria longada para a alta, a parte da indústria no produto nacional
norte-americana ainda é muito superior à da indústria européia, aumentou sensivelmente. Constata-se que essa parte passou de
sendo as economias de escala a causa dessa superioridade. menos de um quarto nos primeiros tempos da industrialização
Notemos, enfim, que a evolução da produção per capíta, de para 400/0 ou mais, recentemente... A expansão econômica
1950 a 1960, confirma os resultados obtidos no ritmo de cresci- funda-se na aptidão crescente do homem para transformar os
mentoda produção total: vamos encontrar à frente, a Alema- recursos nacionais em produtos úteis, e a industrialização repre-
senta a fase mais adiantada dessa evolução" ("50).
QUADRO lI! Enquanto a produção industrial só representa a quarta par-
Taxa de crescimento da produção per capita te do produto total dos. países subdesenvolvidos, atinge, em
média, a mefãde3õ·}:iroduto total dbspaÍséi-iicos-(<iüãdfo"IV).
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No~ega
Suécia _ .
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Produção
primária
(a)
Indústria I Serviços Total
Suíça . 1)
Grã-Bretanha . 1)
1~ D
Canadá .
1) ~
2 1) 1~
Estados Unidos .. I. - Países subdesenvolvidos:
~ lJ 1~ Menos de 25 dólares ..... 47 20 33 100
Média global .. ~ 1) » De 125 a 249 -
De 250 a 374 -
40 25 35 100
Fonte: Angus MADDISON,op, cit., p. 37. 30 25 45 100
375 dólares e acima 27 27 46 100
nha e a Itália, ao passo que. os quatro últimos países são, pela 11. - Países industrializados (b):
ordem: a Bélgica, a Grã-Bretanha, os Estados Unidos.e o Canadá. A renda industrial ultrapas-
Todavia, a Grã-Bretanha e a Bélgica, com um aumento de 2,2% sa 800 dólares . 13 50 37 100
e 2,3% não estão muito longe da média européia e têm em Fonte: O. N. U., Etude sur l'économie mondiale, 1961, p. 15.
comum, com os países da Europa, o fato de nunca terem sido (a) Agricultura e indústrias extrativas.
beneficiados, no passado, por uma taxa de crescimento da pro- (b) Êsse grupo de países compreende: a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca,
dução per capita tão importante. Ao contrário, os Estados Uni- os Estados Unidos, a França, a Noruega, os Países-Baixos, a Alemanha Ocidental,
a Grã-Bretanha; a Suécia não figura na lista por falta de dados.
dos e ·0 Canadá conheceram, no fim do século XIX até 1950,
um crescimento per capíta maior do que entre 1950 e 1960 (cf.
quadro 111).
(250) O. N. U., Etude sur l'économie mondiale, 1961, p. 63.
374 HISTÓRIADOSFATOSECONÔMICOSCoNTEMPORÂNEOS o CRESCIMENTOECONÔMICODOS PAÍSESOCIDENTAIS 375
QUADRO V QUADROVII
Estrutura da população ativa em 1960 de acôrdo
Taxa de crescimento da produção "s« capita" (1950-1960)
com os níveis de renda individual
Agricultura I Indústtia .Serviços Total
(a) Setor Setor
primário secundário terciário Total
Setor (indústria) (serviços) Bélgica . 5,3 3,5 1,1 2,5
Dinamarca . 5,2 2,3
França . 5,5 4 2 3,9
I. - Países subdesenvolvidos: Alemanha . 5,9 5,7 2,7 5,3
69 13 18 100 Itália . 1,5
Menos de 25 dólares '" 64 4,1 5 4,1
16 20 100 Países-Baixos : . 4,4 2,5
De 125 a 249 - .... 50 21 29 100
5,8 3,7
De 250 a 374 - ..... Noruega . 3,4 2,9 2,6 3,2
375 dólares e acima .... Grã-Bretanha . 4,1 2,1 1,6 1,9
31 29 40 100 Canadá .
11. - Países industrializados: 4,8 1,7 0.4 2
Estados Unidos . 4,4 2,2 1,2 2,1
Mais de 800 dólares .... 19 44 37 100
Fonte: O. N. U., Etude sur l'économie mondiale, 1961, p. 18. Fonte: Angus MADDISON,op, cit., p. 64.
(a) Agricultura e indústrias extrativas.
mo importante da produtividade na agricultura. De 1950 a 1960
Ao contrário, a população ativa agrícola é tanto mais importan- a elevação da produtividade agrícola foi, geralmente, mais im-
te quanto mais pobre é o país (quadro V). portante do que a elevação da produtividade industrial (quadro
Em todos os países industriais a produção agrícola cresceu VII) . A diferença resulta de uma adaptação estrutural satisfa-
I menos depressa do que a produção manufatureira. As taxas tória no desenvolvimento econômico. A difusão do progresso
~I anuais de crescimento da agricultura variavam de 1,5 a 3,5% técnico na exploração do solo permite produzir mais com' mão-
no máximo, entre 1950 e 1960. A parte da produção manufatu- -de-obra menos abundante. A absorção da mão-de-obra, que
li reira no produto interno aumentou, ao passo que a parte da assim se torna disponível, efetua-se nos setores secundário e ter-
11
H agricultura diminuiu. O crescimento relativo da produção ma- ciárío. A estrutura do produto nacional é modificada por êsse
i
I,i
nufatureira foi tanto mais acentuado quanto foi mais forte o
crescimento dos países considerados. Tal é o caso da Alemanha
e da Itália (cf. quadro VI). Esta evolução é acompanhada de
um aumento de volume da produção agrícola e de um acrései-
fato: a parte da produção primária diminui em proveito da pro-
dução industrial e dos serviços (quadro VIII). A importância
do setor agrícola na Alemanha, na França, na Itália e nos Países-
-Baixos constituiu fator de adaptação estrutural favorável ao ritmo
do crescimento. A agricultura foi um verdadeiro reservatório
QUADRO VI de mão-de-obra e o dinamismo do crescimento permitiu melhor
utilização do fator trabalho nos setores secundário e terciário.
Modificação da distribuição, por setor econômico,
do produto interno bruto de 1950 a 1960
A Grã-Bretanha e a Bélgica não foram beneficiadas por êsse
movimento da população ativa agrícola em virtude da fraca par-
Agricultura Indústrias ticipação da agricultura em sua economia nacional. As tensões
manufatureiras sôbre o mercado de trabalho acharam-se, por isso, acrescenta-
das no decurso das fases de pleno emprêgo e ajuntaram-se aos
Japão... -8,2
Alemanha federal...... -3,7 9,3 I demais fatôres inflacionários.
Itália
Países-Baixos
- 7,8
-2,2
8,7
2,8
n ../1(>( As relações de dimensão também .se modificaram no seio da
França -2,3 2,4
{j~/ ". economia mundial. Os Estados Unidos conservam com grande
/::':Y \ vantagem o primeiro lugar, mas sua im o ânCla relativa declma
Bélgica -1,2 3,1
Grã-Bretanha •........ -0,2 3 { ÚjJ \em~ 'to a uropa OCI entalo Em 1950, a pro uçao manu-
Estados Unidos - 0,6 1 ~' fatureira dos Estados TIl os representa 51,20/0 da produção mun-
Fonte: O. N. U., Etude sur l'économie mondiale, 1961, p. 66. ~ dial, em confronto com 43,8% em 1960. Entre essas duas datas
376 HISTÓRIA DOSFATOS ECONÔMICOSCoNTEMPORÂNEOS o CRESCIMENTOECONÔMICO-DOS PAÍSES OCIDENTAIS 377
-Grã-Bretanha I- :
Bélgica França
~ações mundiais. Os países membros da "zona e ivre-
-câmbio", incluindo a Grã-Bretanha, conservaram a mesma parte
das exportações mundiais - ou seja, 16% - entre 1953 e
1950 1196011950 1960 1950 1960 1961 (a zona de livre-câmbio compreende: a Grã-Bretanha, os
três países escandinavos, a Suíça, a Áustria e Portugal).
Setor primário: -
Agricultura, florestas, pesca ....... ~ 97 16 10
Setor secundário ................... 48 49 47 46
Setor terciário ..................... 46 1 48 43 44 37 44 SEÇÃO m. - A redução das flutuações
100 1 100 100 100 100 100
Alemanha
O crescimento dos países ocidentais a partir do fim da
Itália Países-Baixos
última guerra é surpreendente pela amplitude e pela duração.
I I 1 Nunca haviam os países capitalistas conhecido tão longo pe-
1950 1 1960 1950 I 1960 195011960 ríodo de prosperidade. As paralisações ~ as recessões - foram
- 1 1 I pouco profundas e muito breves, mormente na Europa. Ao pas-
Setor primário: so que se tinha o hábito de dizer antes da guerra que "a eco-
10\ 6 28 \ 17 13\ 9
Agricultura, florestas, pesca
Setor secundário ...................
Setor terciário .....................
.......
50
40
I 54
40
37
35
I
42
41
39
48
I 43
48
nomia européia apanhava uma pneumonia quando os Estados
Unidos espirravam", a recessão norte-americana de 1954 não
100 I 100 100 I 100 100 I 100
Fonte: A. LAMFALUSSY,Tbe United Kingdom and lhe Six, Londres, Macmillan,
QUADROIX
1963, p. 22.
teve nenhuma ínfluêncía sensível sôbre a Europa. Isso ressalta de cêrca de 49 trimestres, em confronto com os 14 trimestres
nitidamente do exame dos gráficos 22 e 24. A análise cíclica tra- dos períodos de recessão ( 2n ) .
dicional parece perturbaba pela experiência dos vinte últimos A duração média das recessões foi maior nos Estados Unidos
anos. A marcha do crescimento, a partir do fim da guerra, é do que na maioria dos países europeus. No entanto; é a Grã-
a de uma longa expansão, mais ou menos rápida, cortada por -Bretanha que chega à frente, com média superior a 7 trimestres,
algumas reeessões "menores" em 1949, 1951, 1952 e 1958 para seguida dos Estados Unidos com 4,7 e da Bélgica e do Canadá
a Europa e para os Estados Unidos. A recessão de 1954 foi ex- com 4,5. A Alemanha, que está à testa dos países ocidentais no
clusivamente norte-americana .. que se refere ao ritmo de crescimento, revela igualmente o me-
Houve quatro recessões nos Estados Unidos depois do fim lhor recorde em têrmos de redução das flutuações: do fim da
da guerra, que acarretaram ligeira redu ão do roduto nacional. guerra a 1961, a duração média dos períodos de recessão que
Elas situam-se em , , 1958 e 1960-1961. As inversões ela conheceu é somente de 1 trimestre, ao passo que a duração
de tendência foram extremamente fracas ou inexistentes, se me- média dos períodos de expansão é de 18,5 trimestres. Os países
didas por uma base anual. São mais acentuadas nas estimações que tiveram o crescimento mais vigoroso foram beneficiados pela
trimestrais da produção. A duração dos períodos de expansão expansão mais longa.
foi muito mais longa que a duração dos períodos de depressão. No conjunto, o desemprêgo foi extremamente fraco. De 1950
De 1945 a 1961, a duração total dos períodos de expansão foi a 1960, a média anual do número dos desempregados atingiu
4,5% da população ativa nos Estados Unidos, 2,5% na Grã-
GRÁFICO 22
Evolução da produção total (Produto interno bruto) 210
(em volume 1913 = 100)
roa
420
GRÁFICO 23
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400 Produção industrial
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(1953 = 100)
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60 1963
'948 50
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1948 50 ss 60 1961
Fonte: Angus MAnDIsoN, Economic growth in tbe toest, Londres, Allen and (251) Veja J. MARCZEWSKI, La conjoncture êconomique des Etats-Unis
Unwin, 1964, p. 202. (1950-1960). Cahíers de 1'1. S. E. A., n," 117, setembro de 1961, p. 10-11.
380 HISTÓRIA DOS FATOS ECONÔMICOSCONTEMPORÂNEOS o CRESCIMENTOECONÔMICODOS PAÍSES OCIDENTAIS 381
250
QUADROX
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./ Áustria .........•.•.
Bélgica . ............ -8,6 3 16,4 12,5
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França
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150 Alemanha
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" ../"/ G\ã.Il\·\·n"~/· Grã-Bretanha -4,8
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Eslado. Fonte: A. MADDlSON, Economic growtb in the West, p. 48.
100 UnIdos (a) Variações, expressas em percentagem, do índice trimestral da produção
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industrial entre o ápice e o fundo da recessão.
(;.,\.•.. .,~'
-."./ ~.".-"
;... .•.~~~'~~.-:. ... ,.,.'"
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--.... ,' ~". Enquanto a deflação e o desemprêgo constituíram o grande
..~-?
\~~! ~f6~ problema econômico da década de trinta, a inflação e a alta
I
I dos preços foram as principais dificuldades encontradas pelas
50 / economias ocidentais entre 1950 e 1960. Os desequilíbrios exter-
I
~o;--,;----.----~ -, -,;- --, nos que acompanham freqüentemente a inflação obrigaram cer-
1948 50 55 60 1963 tos governos a adotar políticas "de expansão sadia" ou de "cres-
cimento equilibrado"_ Como lograr uma taxa máxima de cres-
Fonte: O. C. D. E., Bulletins statistiques.
cimento compatível com preços estáveis e um balanço de pa-
gamentos equilibrado? Tal foi o «triângulo mágico" em que
grande número de governos cuidou ver a quadratura do círculo.
-Bretanha, 4,1% na Alemanha, 1,3% na França. Ã parte a Suíça,
a França é o país ocide:qJ:alonde o desemprêgo foL1llitk fraco. .
Essas médias anuais se modificam quando limitadas .ao período SEÇÃO IV. - As causas do crescimento
de 1958-1960; a média norte-americana passa para 5,8% e a da
Crã-Bretanha, para 2,9%. Em compensação, a Alemanha re- No Estudo sõbre a situação econômica da Europa em 1949,
duziu sua percentagem de desempregados de 4,1% para 1,8%. os peritos da O. N. U. fizeram previsões sôbre o crescimento
Isso se explica em grande parte pela sustação do fluxo de refu- da economia européia para o decênio de 1949-1959. Calculavam
giados do Leste e, portanto, pela estabilização da oferta de tra- 'êles, então, que, no curso dos dez anos seguintes, a produção
balho. A importância relativa do desemprêgo foi, pois, fraquís- industrial aumentaria de 40 a 600/0. De fato, o aumento de 400/0
sima e em vários países -- sobretudo na França e na Crã-Breta- era alcançado em 1954, o de 50% em 1955 e o de 600/0 em 1956.
nha -- houve escassez de mão-de-obra. As tensões sôbre o mer- Quais foram as causas principais dêsse crescimento, que é pre-
cado de trabalho foram os fatôres da inflação e da alta de preços. ciso julgar excepcional se levarmos em consideração os ensina-
-.
382 HISTÓRIA DOS FATOS ECONÔMICOS CoNTEMPORÂNEOS o CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS PAÍSES OCIDENTAIS 383
mentos da história econômica desde os primórdios da industria- crescimento e no desenvolvimento. A crise de 1929 e os impe-
lização? Essas causas são numerosas e não é possível medir-lhes rativos da economia de guerra obrigaram os governos a inter-
o alcance exato nos mecanismos da expansão e do desenvolvi- vir cada vez mais na atividade econômica. Não aludimos aqui
mento. Pertencem, de um lado, ao domínio da política econô- ao "dirigismo" que a maioria dos beligerantes precisou adotar
mica e do conhecimento dos mecanismos fundamentais e, de ou- durante a guerra a fim de destinar ao setor militar os recursos
tro, a alguns dados essenciais do ambiente econômico depois da indispensáveis ao esfôrço de guerra. Encaramos o conjunto dos
guerra. meios de ação da política econômica contemporânea cuja impor-
tância acabou modificando os dados tradicionais de um capita-
1.° A reconstrução econômica - que descreveremos ulterior- lismo que se denominava de bom grado "liberal". Essa ação
mente - foi alcançada. O esfôrço de cooperação internacional do Estado depende, primeiro, da Importâncía do setor público
de 1945 a 1950 pôs em movimento novos meios de ação, que e, segundo, da diversidade dos meios de intervenção.
permitiram à Europa ocidental sair ràpidamente de suas ruínas.
Depois de algumas hesitações, a adoção do plano Marshall dava As despesas públicas na França representavam 9% do pro-
aos países devastados os meios de conseguirem, gratuitamente, duto nacional bruto em 1913, 21% em 1938, e 23,5% em 1962.
De 1926 a 1929, o orçamento calculado em francos constantes
os recursos necessários à sua reconstrução. O sistema multila-
foi multiplicado por 4,5 e a renda nacional por 1,7 (252). Nenhum
teral dessa ajuda gratuita foi um fator suplementar de sucesso.
O esfôrço da O. E. C. E. no sentido de organizar os pagamentos país escapou a essa evolução e o govêrno tem, por conseguinte,
a possibilidade de agir diretamente sôbre a procura global, atra-
intra-europeus numa base multilateral foi facilitado pelo auxílio
norte-americano. A reconstrução das economias nacionais pôde vés de suas despesas de consumo e investimento.
apoiar-se no desenvolvimento das trocas íntra-européías. A polí- Os progressos da ciência econômica, tanto no que concerne
tica de liberalização progressiva das trocas produziu frutos en- ao conhecimento dos mecanismos fundamentais quanto nos ins-
tre 1950 e 1958. Países como a França adaptaram-se, pouco a Í'
trumentos de medida, são precioso auxiliar para os responsáveis
pouco, a uma concorrência internacional mais intensa, capaz de ~;
pela política econômica. Os estudos de previsão, as contabilida-
, incrementar os investimentos produtivos e, portanto, de melho- '.~
il.il
des nacionais permitem aos governos que a desejem uma orien-
rar a produtividade. As estruturas econômicas foram, por isso, ~ tação melhor da conjuntura. Entretanto, não é possível con-
transformadas, mas também as estruturas mentais dos agentes cluir que os países ocidentais, que tentaram planificar seu de-
econômicos e, em particular, dos chefes de emprêsas. As econo- senvolvimento a curto e médio prazos, tenham alcançado os me-
mias industriais demasiado protegidas esclerosam-se ràpidamente: lhores resultados. O liberalismo apregoado pela Alemanha oci-
,I
'I a França teve experiência disso desde o fim do século XIX até dental não excluiu os incentivos do Estado ao setor privado e
a Segunda Guerra Mundial. as intervenções mais diversas. O govêrno alemão não se con-
O retôrno ao comércio multilateral sem restrições quantita- tentou apenas com os meios de ação globais da política mone-
I
I1
'1
tivas foi concluído na Europa pela integração emprendida no
quadro do Mercado Comum. Todavia, os resultados espetacula-
res dos Seis na cornda dõcrescimento e o desenvolvimento das
( trocas internacionais não poderiam ser exclusivamente imputa-
tária e fiscal. Quanto à Grã-Bretanha, que se classifica nos ú!:,
timos ,lugares da corrida do crescimenl:Q...será, porventQLa...-a,
ausência de !lma Il1Jl!.t!ç-ª_eQ~)p~I!!ic.ã
seletiva que e~lica êss!L
atraso? A resposta deve ser em partii--ãIl.rmativa;-mas cumpre
li
:! dos ao abaixamento das barreiras alfandegárias e à cooperação afüíitai-ü efeito das políticas deflacionárias que visam a salva-
:1
\ econômica prevista no tratado de Roma. O crescimento notável guardar a estabilidade da taxa de câmbio e, portanto, o papel
;i
da Alemanha, da Itália, dos Países-Baixos e da França começou internacional do esterlino. A Grã-Bretanha continua defe
:1
,I muito antes de 1illí8. Com efeito, o sucesso das primeiras etapas desde 1925, através dos governos conservadores e trabalhist ~-
do Mercado Comum, transpostas em ritmo de corrida, tem por e -~~..:âã:::::retííIItltçm>="_,",ª".YL~ªe _e~onomlCa,o estatuto de
divisa-chave da libra esterlina. Em conjwifõ:O problema essen-
l/ causa principal não um "milagre" qualquer da integração mas o ---_.-----~-_.---.,._-~-' ~-'-"-~
/[ crescimento anterior dos países membros.
I',I
2.° Ao lado da política de cooperação internacional, as polí- (252) P. e M. MAILLET, Le secteur public en France, Presses Universitai-
ticas econômicas nacionais desempenharam papel importante no res de France, 1964, p. 12, "Que saís-ie?", n.· 1131.
"
384 HISTÓRIA DOS FATOS ECONÔMICOS CONTEMPORÂNEOS
o CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS PAÍSES OCIDENTAIS 385
BIBLIOGRAFIA