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Manuel Porto
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Políticas da União Europeia 4º Ano – 1º Semestre Prof. Manuel Porto
1. RELEVO ATUAL
A abertura das economias (Z) permite medir a percentagem que o conjunto das
exportações (X) e das importações (I) de cada país representa no respetivo produto interno (ou
nacional) bruto, recorrendo à seguinte fórmula:
1
∗[ X + M ]
2
Z= ∗100
PIB
A abertura depende essencialmente de três fatores, a saber a localização do país, o seu
grau de desenvolvimento e a dimensão do mesmo.
O grau de abertura é maior nos países centrais e menor nos países mais periféricos –
maior abertura de países como a Suíça e a Holanda em relação a Portugal, na medida em que
aqueles estão próximos de muito outros.
Cabe ainda frisar que países de menor dimensão têm taxas de abertura maiores –
exemplos do Luxemburgo, da Bélgica e da Holanda – e, pelo contrário, os países de maior
dimensão apresentam taxas de abertura menores. Assim é dada a facilidade de acesso dos
países de maior dimensão – casos da Alemanha, da Espanha e da Itália – aos produtos dos
países fronteiriços.
Por fim, urge realçar a circunstância de ser maior a abertura de economias pequenas,
apontando, a título meramente ilustrativo, o facto de as maiores empresas da Europa provirem
de países pequenos, pois estes não terão, a nível interno, mercado suficiente, procurando, por
consequência, o mercado mundial.
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É de referir ainda que o crescimento real do comércio tem sido muito mais acentuado do
que o crescimento real dos PIB’s, o que traduz uma crescente importância do comércio
internacional para as várias economias.
Na história dos factos, Agnus Maddison distinguiu quatro grandes fases, importando
analisar cada uma delas:
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demais, estratégia que acabaria por falhar e culmina num dos principais motivos
que originou a Segunda Guerra Mundial.
Neste período de recuo, o quadro 1.2 da pág. 31 mostra que o crescimento
anual médio das exportações desceu para 0,9%, acompanhado de uma
diminuição do crescimento dos PIB’s para 1,85% e dos PIB’s per capita para
0,9%;
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A escola clássica foi marcada pela justificação que fez do comércio internacional,
afastando-se radicalmente do pensamento mercantilista, que a antecedeu.
Na sua base e na sua formulação assente, entre outros, os seguintes pressupostos:
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A = w1A
B = w1B
PA/PB = 1A/1B
Com base nos pressupostos referidos, Adam Smith (1776) defendeu que haveria
comércio internacional se houvesse diferenças absolutas nos custos de produção, ou seja, se
um dos bens (A) fosse produzido com menos horas de trabalho num dos países (I) e o outro bem
(B) com menos horas de trabalho no outro país (II).
Bem A Bem B Total de horas
País I 20h 40h = 60h
País II 40h 20h = 60h
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dois bens terá interesse no comércio internacional se, no cotejo com o outro ou os outros países,
houver vantagem comparativa diferente.
Bem A Bem B Total de horas
País I 20h 50h = 70h
País II 80h 60h = 140h
Tendo o país I vantagem absoluta (na produção dos dois bens com o dispêndio de
menos unidades de trabalho), na perspetiva de Adam Smith não deveria haver comércio
internacional.
No entanto, sendo diferentes os custos relativos (tendo o país I vantagem comparativa
na produção do bem A (20/50) e o país II vantagem comparativa na produção do bem B
(60/80)), há um ganho geral se I se especializar na produção de A e II na produção de B.
Se cada um dos países produzir o bem em que tem vantagem comparativa, poderá
produzir a mesma quantidade com menos horas de trabalho (gastando o país I 40h a produzir
duas unidades do bem A e o país II 120 horas a produzir duas unidades do bem B) ou uma
maior quantidade com as horas de trabalho já despendidas (podendo o país I produzir 3,5
unidades de A e o país II produzir 2,3 unidades de B).
Esta teoria assenta nos mesmos pressupostos da teoria clássica, distinguindo-se somente
na circunstância de termos agora dois fatores de produção (o trabalho (L) e o capital (K)),
diferentes nos dois países.
Os países são diferentemente dotados dos fatores de produção, sendo por exemplo o
país I mais dotado em trabalho e o país II mais dotado em capital, o que faz com que o L seja
mais barato em I e o L mais barato em II.
Especializando-se um país com mais trabalho na produção de bens mais trabalho-
intensivos e um país com mais capital na produção de bens mais capital-intensivos, cada um
deles consegue produzir o bem correspondente por um preço mais baixo do que no outro.
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Em 1961, Posner pressupôs a existência de dois países com a mesma datação relativa
dos fatores, pelo que, nos termos da teoria de Heckscher-Ohlin, não haveria comércio
internacional.
Neste conspecto, o comércio seria desencadeado pelo surgimento de uma inovação
tecnológica num determinado país. Depois, haver ou não comércio internacional depende do
intervalo (gap) de reação verificado no outro país, maior ou menor com a ‘procura’ ou antes
com a ‘imitação’ na produção do bem.
Deste modo, se no outro país houver uma célere reação de imitação, levando à
produção do produto novo ou melhorado ou à utilização do novo processo produtivo antes de
se verificar uma reação de procura, não chegará a haver comércio internacional: podendo até
esta nova produção corresponder à procura, quando esta se manifestar.
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outro, pode acontecer, todavia, que produzindo cada um dos países os dois bens, nunca chegue a
ser atingida a escala que lhes permitiria produzir com custos médios mais baixos.
Escala essa que já poderá ser atingida com a especialização de cada um em apenas um
dos bens, produzidos para o mercado conjunto dos dois países; assim sendo, e passando os bens
a ser trocados pela relação de preços internacionais, temos situações bem mais favoráveis às
economias dos países.
Num artigo de 1961, Linder veio chamar a atenção apara que a níveis diferentes de
rendimentos per capita deverão corresponder diferentes tipos de consumo, sendo de esperar que
nos países com níveis de rendimento mais altos sejam procurados bens de melhor qualidade e
que nos países com rendimentos mais baixos sejam procurados bens de pior qualidade.
Consequentemente, é ainda de esperar que a produção de cada país corresponda à
procura que nele é feita; tendendo, por isso, os países de maior rendimento a produzir bens de
maior qualidade e, pelo contrário, os países de menor rendimento a produzir bens de menor
qualidade.
Acontece, todavia, que em certos níveis haverá sobreposições, havendo pessoas de
países de maior rendimento que procurarão bens de qualidade inferior, por um lado, e por outro,
pessoas de países com menor rendimento que procurarão bens de qualidade melhor.
Da existência dessas sobreposições é que resultaria o comércio internacional. No
entanto, ficou por explicar se, quando se verificam tais sobreposições, o bem deverá ser
produzido no país mais rico ou no país mais pobre.
Repetindo o exemplo dado pelo próprio Lancaste (1966), podemos considerar dois tipos
de automóveis, um deles caracterizado pelo baixo consumo de combustível e o outro pelo
espaço oferecido, admitindo que num dos países (seria o caso de Portugal) fosse privilegiado o
primeiro e no outro (seria o caso dos EUA) o segundo dos referidos atributos.
Assim, privilegiando-se em Portugal o atributo do baixo consumo, tender-se-á a
produzir aqui o bem com o referido atributo e, pelo contrário, nos EUA produzir-se-ão
automóveis com o atributo do espaço oferecido.
Trata-se, todavia, de uma correspondência inicial que só se manterá se houver
dificuldades no comércio internacional, pois, não sendo assim, os consumidores de cada país
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não deixarão de ir buscar o bem ao país que, por razões do lado da oferta, o consigam em
melhores condições.
3.3.2. EXPRESSÃO
É ainda de notar que o comércio intra-setorial é maior entre países da União Europeia,
nomeadamente em relação a produtos industriais.
3.3.2.2. EM PORTUGAL
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Através das figs. Das pp. 79 e 80, denota-se que o comércio intra-setorial português tem
vindo em crescendo relativamente aos demais países da União Europeia e tendo alguma quebra
em relação a terceiros.
1. FORMAS
Além das formas tradicionais, que vamos começar por analisar, há formas ‘novas’ que
têm vindo a ser progressivamente utilizadas, face à impossibilidade de utilizar as primeiras
como consequência de compromissos assumidos que os países não têm querido denunciar.
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A perda do relevo das receitas alfandegárias foi uma consequência dos compromissos
internacionais assumidos, no seio da OECE (depois, da OCDE), da EFTA, do GATT (da OMC)
e da CE.
Uma outra grande via para estabelecer restrições ao comércio prende-se às restrições
quantitativas, sob diferentes formas:
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2. MEDIÇÃO
Até aos anos 60 do século XX, mediu-se o protecionismo através do valor nominal dos
impostos alfandegários (ou dos outros meios de intervenção), vendo-se quanto representavam
em relação ao valor final dos bens.
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3. EFEITOS
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3.6 DE BEM-ESTAR
4. APRECIAÇÃO
Observados os efeitos que as restrições implicam, incumbe agora aferir se não existem
modos mais adequados de intervir para atingir os objetivos em vista.
Veio estabelecer que importa ver qual a situação que impede que possamos competir. A
do protecionismo é cega, pois pretende promover um setor (EUA, Alemanha- setor siderúrgico),
tendo o inconveniente de aumentarem os preços dos bens fabricados. Quando são bens finais
onera os consumidores; quando são intermediários, a intervenção alfandegária faz prejudicar a
produção a jusante.
Esta teoria mostra que quando se intervém deve-se ver por que razão não se compete: a
industria não se instala porque não há pessoal qualificado, devendo ter-se centros de formação e
qualificação profissional; caso da investigação científica e tecnológica para instalar certos
fatores.
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