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Desta forma, o mesmo autor conclui sua análise conceitual acerca do mer-
cantilismo:
Concluímos assim que [...] as idéias e práticas econômicas que, durante três
séculos, estiveram sempre ligadas ao processo de transição do feudalismo
ao capitalismo e, mais particularmente aos problemas dos Estados Moder-
nos Absolutistas, e a expansão comercial e colonial européia iniciada com
as grandes navegações e descobrimentos do século XV e XVI. (FALCOM,
1989, p. 17)
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Fig. 01 – A Caravela.
SCHMIDT, Furley. Nova Histórica crítica. São Paulo: Nova Geração, 1999, p. 13.
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É dentro deste processo de transformação histórica que se constituiu o
Mercantilismo, no plano das doutrinas econômicas adotadas, pode-se identificar al-
guns traços que o definem.
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Para alguns autores o industrialismo faz parte do conjunto de práticas adotadas pelos estados nacionais. Ver FALCOM, Fran-
cisco. Mercantilismo e Transição. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção Tudo é História).
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Mais detalhes sobre a expansão do setor secundário ver sobre a política econômica de Colbert, na França. HUNT, E, K. Histó-
ria do Pensamento Econômico. Lisboa: Livros Horizonte, 1990.
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que por meio do domínio formal – político e econômico – transferiram as riquezas
coloniais, e promoveram, em última instância, um amplo processo de acumulação
primitiva de capitais4.
c) O comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de uma balan-
ça comercial favorável que se aumenta o estoque de metais e proporciona a acumu-
lação de riquezas de um país;
4
Ver: MARX, Karl. O Capital. L. I, Vol. II, cap. XXIV. A Chamada Acumulação Primitiva de Capital.
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No ciclo definido por produção, circulação e consumo, as colônias tinham o papel de realizarem apenas a primeira etapa deste
ciclo: a produção, as etapas posteriores: circulação e consumo seriam realizadas na Europa, efetivando, assim, a lógica mercan-
tilista do processo de acumulação de riquezas em favor dos países mercantilistas.
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Outros traços foram impressos às colônias como o trabalho escravo, a grande propriedade, a especialização produtiva, a pro-
dução voltada para o mercado externo, entre outros. Todos estes traços tem forte conotação econômica. Ver FRANCO JÚNIOR,
Hilário e PAN CHACON, Paulo. História Econômica Geral. São Paulo: Atlas, 1990.
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A adoção destas políticas, proporcionou um amplo processo de acumula-
ção de capitais, o incremento do comércio internacional, a intensificação da figura do
empresário, que determinava os novos processos de produção e, por fim, a organiza-
ção comercial passou a ser o centro das atividades e da vida econômica, e a riqueza,
o centro da vida social. (HUNT, 1990)
2 – O governo da Inglaterra proibiu a exportação de grande parte das matérias-primas e produtos semi-aca-
bados, indispensáveis à indústria têxtil, tais como ovelhas, lã, fios e tecidos de lã.
3 – Também no caso inglês, foram adotadas medidas visando desestimular as importações. A importação de
determinadas mercadorias foi proibida e sobre outras recaiam taxas alfandegárias tão elevadas que essas
mercadorias praticamente desapareceram da pauta de exportação.
4 – Atos de navegação, promulgados pela Inglaterra em 1651 e 1660, tinham por finalidade promover a utili-
zação de navios ingleses – fabricados pela Inglaterra e tripulados por súditos da Inglaterra – no comércio de
importação e exportação.
5 – Na França, Luis XIV foi o responsável por uma longa e minuciosa legislação que tornava métodos de
produção e qualidade de produtos, obrigatórias em todas as indústrias nascentes: amplas medidas e controle
adquiriram força de lei especificando rigidamente as dimensões e o número de fios que as peças de tecidos
deveriam ter.
Fonte: Exemplos extraídos HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Lisboa: Livros Horizontes, 1990, p, 42, 43.
Não está exatamente claro até que ponto o pensamento mercantilista foi sin-
ceramente motivado pelo desejo de aumentar o poder do Estado ou até que
ponto foi um esforço mal disfarçado para promover os interesses especiais
dos capitalistas [...] os mercantilistas acreditavam que a melhor maneira de
promover os interesses do estado era promover políticas que aumentassem
os lucros dos mercadores-capitalistas. (HUNT, 1989, p. 43)
Por minha fé! essas enclosures serão nossa perda! Por causa delas paga-
mos arrendamentos cada vez mais pesados pelas nossas fazendas, e já não
encontramos terras para cultivar. Tudo é tomado para pastagens, para a cria-
ção de carneiros e gado: Tanto assim que em sete anos eu vi, num raio de
seis milhas em torno de mim, uma dúzia de charruas postas de lado; no mes-
mo lugar onde mais de quarenta pessoas tiravam seu sustento, agora um só
homem com seus rebanhos tem tudo só para ele. São esses carneiros que
fazem nossa infelicidade. Eles escorraçaram deste país a agricultura, que até
pouco tempo atrás nos fornecia todos os tipos de alimentos, ao passo que
presentemente, só há carneiros, carneiros e mais carneiros. (BEAUD, 1987,
p. 43)
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Dentro desta concepção a proletarização tem um papel histórico importante, na medida em que transformou os produtores
autônomos – quer artesãos independentes, vinculados as corporações de ofício, ou mesmo sistemas intermediários como o
Sistema Doméstico – em assalariados.
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Mais detalhes sobre este tema ver: VILAR, Pierre. A Acumulação Primitiva de Capital. In: Do Feudalismo ao Capitalismo.
uma discussão histórica. Org. Theo Santiago. São Paulo: Contexto, 1999.
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Como você observou, a partir de 1800 ocorreu uma intensificação do incre-
mento populacional, viabilizando, assim, a Revolução Industrial. Verificamos, portan-
to, que os séculos que precederam a Revolução Industrial e, conseqüentemente, a
implantação do capitalismo tiveram a função histórica de preparar o ambiente históri-
co, constituindo os elementos que formariam a sociedade capitalista.
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REFERÊNCIAS
BEAUD, Michael. História do capitalismo: de 1500 aos nossos dias. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
FRANCO JUNIOR, Hilário & PAN CHACON, Paulo. História econômica geral. São
Paulo: Atlas, 1990.
REZENDE FILHO, Cyro. História econômica geral. São Paulo: Contexto, 1991.
SCHMIDT, Furley M. Nova história crítica. São Paulo: Nova Geração, 1999.
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