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GERÊNCIA DE EXPORTAÇÃO

ARA0260– FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO EXTERIOR


Aula 02

PROF. GABRIEL DAMASCENO

ULA 01:
GERÊNCIA DE EXPORTAÇÃO

AS TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL


E DO COMÉRCIO BRASILEIRO

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GERÊNCIA DE EXPORTAÇÃO

INTRODUÇÃO

Um dos focos mais importantes e atuais do debate econômico


é a discussão sobre o comércio internacional.

Para isso torna-se fundamental a constatação dos seus


determinantes: entender o porquê da sua existência, seus
fundamentos básicos, o padrão de comércio, os preços das
exportações/importações, que quantidades são ou podem ser
exportadas, as diretrizes determinantes da política comercial
dos países.
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As teorias buscam demonstrar o porquê da existência do


comércio e quais os seus benefícios reais e seus custos para o
crescimento econômico da região.

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Vários economistas ao longo dos anos têm procurado teorizar o


comércio internacional desenvolvendo muitas hipóteses em que
procuram explicar o fenômeno.

Nem sempre o mundo teve a facilidade de circulação dos nossos


dias. Noutros tempos, o relacionamento entre países processava-
se de modo diferente e a liberalização comercial era por muitos,
então, defendida.

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A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO MUNDIAL

A integração de diferentes economias numa só economia-


mundo sob a égide do capitalismo teve seu início na
Europa com o desenvolvimento e expansão de práticas
comerciais que, em linhas gerais, podemos denominar de
capitalistas, a partir do século Xi.

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o embrião do futuro sistema capitalista, que se consolida após o


século XViii, pode ser encontrado, desse modo, no período que vai
do século Xi ao século XiV.

A partir deste ultimo século, com as grandes navegações, a abertura


de uma rota comercial pelo Atlântico Sul rumo ao oriente, há um
crescente desenvolvimento das trocas comerciais levando ao
fortalecimento da burguesia europeia.

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Esse fortalecimento se dá com o aumento substancial de sua


capacidade de acumulação propiciada pela expansão dos mercados
com a descoberta da América, a exploração da África e dos países
do oriente.

Esse processo de acumulação constituiu-se em grande medida na


exploração das minas de ouro e prata das Américas, na escravização
do negro africano e na prática predatória das companhias de
exploração das grandes potências coloniais em todo o mundo.
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A formação dessa economia-mundo, a partir do


desenvolvimento de uma economia capitalista europeia,
apresenta vários aspectos que podem ser analisados
quando se constata essa realidade de vivermos há tempos
em um mundo integrado economicamente, em que cada
parte do planeta cumpre um papel econômico que pode
ser fundamental ou periférico.

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IMPORTÂNCIA DA ROTA DO ATLÂNTICO

A conquista do Atlântico correspondia às necessidades da época, por


isso foram tão importantes e revolucionárias as suas consequências,
marcando o período com a denominação de Revolução Comercial.

O Atlântico transformou-se na mola propulsora do desenvolvimento


capitalista, na fonte principal de acumulação de riqueza.

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E, com a integração do Atlântico no âmbito das relações


internacionais, foram consolidando-se as nações absolutistas,
desenvolvendo-se novas relações entre as comunidades,
consolidando-se no espaço europeu o sentimento de nacionalidade,
que seria o embrião de formação dos modernos Estados Nacionais.

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O expansionismo marítimo português provocou uma


efervescência no mercado europeu. o tráfico de
mercadorias passou a depender das frotas no fim do
século XV e início do século XVi, dos carregamentos da rota
da Mina (costa africana) e da rota do Cabo.

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A descoberta do Brasil está ligada a esse processo de formação de


uma economia-mundo, e a sua colonização prende-se às
necessidades de articulação internacional desse sistema capitalista,
europeu em sua origem, que utilizará a exploração colonial como
alavanca para sua expansão e consolidação

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DO MERCANTILISMO À TEORIA CLÁSSICA DAS TROCAS


INTERNACIONAIS

A grande maioria dos economistas desenvolveu seus trabalhos a


partir do século XV com o estudo do Mercantilismo.

Os mercantilistas foram os primeiros que estudaram as correntes


de trocas; para eles os ganhos eram obtidos pela movimentação
das mercadorias e a riqueza das nações era aferida pelo dinheiro
que possuíssem.
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O MERCANTILISMO

Os pensadores econômicos do período compreendido entre o século


XVi e a primeira metade do século XViii desenvolveram um conjunto
de ideias que tornaram o comércio exterior um dos mais poderosos
instrumentos da política econômica.

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A ideia central consistia em que os grandes estoques de


metais preciosos constituiriam a própria expressão da
riqueza nacional.
Inicialmente em Portugal e Espanha, essas ideias foram
seguidas por outros Estados Europeus, como: Holanda,
França, inglaterra e Alemanha, assumindo em cada um
deles uma característica em função de seus recursos
naturais.
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Esse conjunto de práticas econômicas que foram assumidas de


diferentes modos pelas potências europeias da época denominamos
hoje de mercantilismo.
Cada Estado procurou as medidas que mais se ajustavam às suas
peculiaridades: alguns concentravam-se na exploração colonial, na
obtenção de metais preciosos; outros, nas atividades marítimas e
comerciais; e outros, ainda, optaram por incentivar a produção
manufatureira. A expansão comercial e colonial europeia está
fortemente associada à política mercantilista.
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Dessa forma, a política mercantilista tinha como


vetores principais as exportações superiores às
importações e o acúmulo de ouro e prata que
garantiriam vantagens unilaterais condizentes
com os interesses dos Estados colonialistas dos
séculos XVI e XVII.

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA POLÍTICA MERCANTILISTA

Os principais traços comuns a toda política mercantilista foram: o


metalismo, a balança comercial favorável, o protecionismo
alfandegário, a intervenção do Estado na ordem econômica, o
monopólio e o colonialismo.

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Metalismo

Para os mercantilistas configura-se como a essência da atividade


econômica, é uma concepção que identifica a riqueza e o poder de
um Estado com a quantidade de metais preciosos por ele
acumulados. A obtenção de ouro e prata viabilizou-se com a
exploração direta das colônias ou com a intensificação do comércio
externo.

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o Estado é que deveria organizar e programar a obtenção


do ouro e da prata. O primeiro movimento nesse sentido
tomado pelos governantes foi impedir que o ouro e a prata
saíssem do reino: na Espanha, no início do século XVi, foi
proibida a exportação de ouro e prata sob pena de morte;
na França, proibiu-se a saída de numerário desde 1506, e
depois em 1540, 1548 e 1574; na inglaterra, houve
tentativas em 1546 e 1576 (dEyoN, 1985).
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Balança comercial favorável

Com o mercantilismo aparece pela primeira vez o conceito de


balança comercial, já que os países se vêem forçados a desenvolver
ao máximo as exportações de produtos que são pagos em ouro e
prata e reduzir ao mínimo possível as importações, que seriam pagas
nestas mesmas moedas. desse modo, a balança comercial seria
sempre favorável.

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Protecionismo alfandegário

Restringia as importações impondo pesadas taxas alfandegárias aos


produtos estrangeiros, ou até mesmo proibindo que certos artigos
fossem importados. Em 1664, thomas Mun afirmava sobre a política
protecionista:

“Os impostos aduaneiros de exportação podem ser nocivos porque


encarecem as exportações britânicas... Por outro lado os impostos
aduaneiros de importação devem ser suficientemente altos para
desencorajar o consumo de bens estrangeiros na Inglaterra.”
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Intervenção na ordem econômica

Para manter uma balança favorável, o Estado exerceu seu


poder de forma altamente centralizada, e buscando
controlar em todos os seus aspectos a atividade
econômica.

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Isto implicava o estabelecimento de um conjunto de leis


que regulassem a produção e o comércio, como vias de se
conseguir uma melhor organização que facilitasse sua
implementação, tais como: o desenvolvimento da
infraestrutura do país, das comunicações, dos portos,
regulamentar o trabalho nas manufaturas etc.

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Monopólio

Os Estados absolutistas exerciam diversos tipos de


monopólio: de comercialização, de exploração, de
transporte etc. O monopólio era um importante
componente da política comercial do Estado. Quando este
não o exercia diretamente, transferia o direito de
monopólio a particulares, sejam pessoas, sejam empresas.
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o monopólio colonial era um dos principais fundamentos


do mercantilismo, que fundamentalmente era constituído
de três pontos: (a) toda exportação era dirigida
exclusivamente à metrópole; (b) toda importação da
colônia só poderia ser feita através da metrópole; e (c) os
transportes entre a metrópole e a colônia eram
exclusividade dos navios do país colonizador.

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Colonialismo

Um aspecto essencial da política econômica mercantilista


foi a conquista e a exploração das colônias, que foram
controladas através de uma relação de domínio político e
econômico exercido pelas metrópoles europeias.

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Esta relação, conhecida como Pacto Colonial, tinha uma


regra básica, que consistia em que a colônia só podia
produzir aquilo que fosse autorizado pela metrópole, e só
poderia vender seus produtos a ela, a preços sempre
baixos, para que fossem revendidos a outros países com
grande margem de lucro.

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A função das regiões colonizadas era exclusivamente servir


ao enriquecimento da metrópole; sua exploração era
organizada através do monopólio, constituindo-se numa
região onde a potência colonial europeia detém a
exclusividade dessa exploração.

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A vida econômica das colônias era organizada em função


dos interesses da metrópole, não podendo, por exemplo,
desenvolver uma produção voltada para suas necessidades
internas.
Sua economia deveria ser sempre complementar e jamais
concorrer com a atividade econômica da metrópole; a
existência de manufaturas, por exemplo, era rigorosamente
proibida.
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AS TEORIAS CLÁSSICAS DO COMÉRCIO


INTERNACIONAL

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O LIBERALISMO ECONÔMICO

O liberalismo econômico é uma doutrina surgida no século XVIII


e seu principal representante é o escocês Adam Smith (1723 -
1790).

O liberalismo econômico defende a não-intervenção do Estado


na economia, a livre-concorrência, do câmbio-livre e da
propriedade privada.

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O conceito de liberalismo tem-se expressado através da liberdade


oferecida ao comerciante de escolher a base da sua atividade
econômica e executá-la com quem quer que seja.

Isso quer dizer que o indivíduo que deseja produzir roupas poderia
comercializá-las no local que melhor lhe conviesse. O mesmo vale
para o empresário, livre optante da atividade que lhe trará sustento
e lhe proporcionará um papel social.

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Na realidade, o conceito de liberalismo surgiu como uma


repulsa à intervenção do Estado na atividade econômica,
característica própria do período mercantilista, em que era
ele que definia quais eram as atividades de interesse do
país, quem seria autorizado para explorá-las e por quanto
tempo.

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O liberalismo econômico pode então ser compreendido com base na


ausência do intervencionismo estatal na atividade econômica de um
país.

isso representa a aceitação do comércio totalmente livre, sem


tabelamento de preços ou barreiras alfandegárias, em que são
encontradas empresas atuando segundo o regime da livre concorrência
em nível global, em que os preços se formam em função de
características do próprio mercado, como uma relação entre oferta de
produtos, demanda de consumidores e eficiência das próprias
empresas.
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Os dois principais autores do liberalismo econômico foram Adam


Smith e David Ricardo. Ambos compartilham as ideias de livre
comércio e de atuação governamental voltada para os interesses
básicos do Estado, como é o caso da saúde, educação e ordem
pública.

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“Laissez Faire, Laissez Passer”

A expressão em francês “laissez faire, laissez passer” (Deixai fazer,


deixai passar) resume um princípio caro aos liberais que defendem
a liberdade econômica.

Para os liberais, o indivíduo é o agente econômico e, por este


motivo, o Estado não deve interferir nas atividades econômicas
com muitas regras. Se há algum desajuste, o próprio mercado o
corrigirá naturalmente, ou seja, é autorregulador.
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AS TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DO COMÉRCIO


INTERNACIONAL

Na nova realidade dos mercados, assiste-se a uma crescente


integração, contratada ou imposta, que tem condicionado o
desenvolvimento empresarial.

Tal fato tem sido um importante um importante aspecto


examinado pelas novas teorias do comércio internacional.

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Nos mercados atuais de crescente integração, torna-se


fundamental o estudo da especialização internacional em face
das teorias de comércio internacional, pois, se na teoria clássica
os modelos previam mercados em concorrência perfeita e não
evolução das aptidões, nas novas teorias a especialização pela
dotação de fatores serve de explicação ao desenvolvimento.

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FIM AULA 2

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