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Universidade Federal da Paraíba


Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento

Émille Burity Dias

MARCOS DESENVOLVIMENTAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS


NA INFÂNCIA

JOÃO PESSOA - PB
2019
1

Émille Burity Dias

MARCOS DESENVOLVIMENTAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS


NA INFÂNCIA

Tese de doutorado apresentada ao programa de Pós-


Graduação em Neurociência Cognitiva e
Comportamento, da Universidade Federal da
Paraíba, para obtenção do título de doutor.

Orientadora: Profa Dra Carla Alexandra da Silva


Moita Minervino
Linha de Pesquisa: Psicobiologia: processos
psicológicos básicos e neuropsicologia

JOÃO PESSOA
2019
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

D541m Dias, Émille Burity.


Marcos desenvolvimentais das funções executivas na
infância / Émille Burity Dias. - João Pessoa, 2019.
110 f. : il.

Orientação: Carla Alexandra da Silva Moita Minervino.


Tese (Doutorado) - UFPB/CCHLA.

1. funções executivas. 2. memória de trabalho. 3.


controle inibitório. 4. flexibilidade cognitiva. 5.
desenvolvimento. I. Minervino, Carla Alexandra da Silva
Moita. II. Título.

UFPB/BC
FOLHA DE APROVAÇÃO DE BANCA

Autor (a): Émille Burity Dias


Título: Marcos desenvolvimentais das funções executivas
Tese de doutorado apresentado ao programa de Pós-Graduação em Neurociência
Cognitiva e Comportamento, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito
obrigatório para obtenção do título de doutor.
Aprovado em: João Pessoa, 27 de setembro de 2019.

Banca Examinadora

Dra. Carla Alexandra da S. Moita Minervino


Universidade Federal da Paraíba
Presidente e Orientadora

Dra. Mirian Graciela da Silva Stiebbe Salvadori


Universidade Federal da Paraíba
Examinador Interno

Dra. Marine Raquel Diniz da Rosa


Universidade Federal da Paraíba
Examinador Interno

Dra. Thereza Sophia Jácome Pires


Universidade Federal da Paraíba
Examinador externo

Dra. Monilly Ramos Araujo Melo


Universidade Federal de Campina Grande
Examinador Externo
4

Dedico este trabalho aos pequenos que movem minha vida:


Benício e Laura.
5

AGRADECIMENTOS

Os exemplos da minha vida sempre me ensinaram que toda grande conquista é


baseada em muito trabalho, dedicação e renúncia. Não existe conquista fácil, para chegar
onde se almeja muitas barreiras precisarão ser derrubadas, mas para isso é necessária uma
rede de apoio. Minha imensa gratidão a minha rede de apoio, que me permitiu ultrapassar
as barreiras e alcançar meus objetivos.
Inicialmente agradeço à Deus, que em sua infinita bondade nunca me deixou
desamparada. Sempre colocou no meu caminho as pessoas certas.
Agradeço à minha família: Ayron, por toda palavra de motivação, pelo suporte
com as crianças, pela compreensão nos meus momentos de ausência. Agradeço a Benício
e Laura por se comportarem muito bem na minha ausência, por me dar carinho e amor
nos meus retornos, e por serem a minha maior força.
Obrigada a todos (meus pais, minha sogra, Maria) que cuidaram, alimentaram,
ninaram, amaram e que foram um pouco mãe de meus filhos enquanto eu realizava o
doutorado.
Agradeço imensamente à professora Carla Minervino, meu maior exemplo e
inspiração. Sou grata por ter acompanhado e orientado minha carreira acadêmica desde a
graduação; por ter me incentivado; por ter me aconselhado; por não desistir do meu
potencial. Agradeço por toda compreensão, pela amizade, pelas broncas, e principalmente
pela paciência para comigo.
Agradeço às professoras doutoras que compuseram a banca examinadora: Profa
Marine, Profa Mirian, Profa Thereza e Profa Monilly. Minha eterna admiração e gratidão
pela colaboração, por cada colocação, pela serenidade e calma neste momento de tensão
e muito aprendizado.
Agradeço ao programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e
Comportamento, na pessoa do coordenador professor doutor Flávio e do secretário
Arthur, pela disponibilidade, pronto atendimento, educação e bom manejo nas questões
burocráticas acadêmicas.
Agradeço aos professores do PPGNEC que tanto contribuíram para a minha
aprendizagem, compartilhando com os alunos o seu conhecimento.
Agradeço aos meus colegas de curso, que tornaram essa caminhada mais
divertida, mais amena, dividindo as aflições e tensões.
6

Agradeço imensamente aos meus irmãos do Núcleo de Estudos em Saúde Mental,


Educação e Psicometria (NESMEP), principalmente Andry, Fellipi, Faheyna e Victor por
compartilharem comigo os seus saberes, momentos de descontração, risadas divertidas,
sonhos e realizações.
Agradeço à CAPES pelo fomento, que me permitiu seguir com exclusividade para
execução desta tese.
Agradeço a todos os pais e todas as crianças que deram o seu consentimento para
a participação neste trabalho, e que foram de grande valia para que eu pudesse executá-
lo.
7

“Não se volte, se a meta for as estrelas.”


Leonardo da Vinci
8

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 14
1 CAPÍTULO 1: Considerações teóricas sobre funções executivas na infância ........ 16
2 CAPÍTULO 2: Desenvolvimento das funções executivas na infância ....................... 38
3 CAPÍTULO 3: Análise multidimensional das funções executivas na infância ................ 69
4 CAPÍTULO 4: Conclusão geral ............................................................................................ 91
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 95
ANEXOS
9

Lista de tabelas
Tabela 1. Modelos explicativos das funções executivas...................................................23
Tabela 2. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB
por tipo de escola..............................................................................................................43
Tabela 3. Caracterização da amostra................................................................................45
Tabela 4. Método estatístico utilizado para cada objetivo traçado.................................50
Tabela 5. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11
anos).................................................................................................................................51
Tabela 6. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos
grupos de idade................................................................................................................52
Tabela 7. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de sexo...............52
Tabela 8. Estatística inferencial (teste t) da diferença entre os desempenhos dos grupos
de sexo.............................................................................................................................53
Tabela 9. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos ano escolar..........53
Tabela 10. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos
grupos de ano escolar.......................................................................................................54
Tabela 11. Estatísticas descritivas da amostra geral.........................................................54
Tabela 12. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para memória de
trabalho............................................................................................................................56
Tabela 13. Coeficientes de análise de regressão para memória de trabalho....................57
Tabela 14. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para flexibilidade
cognitiva..........................................................................................................................57
Tabela 15. Coeficientes de análise de regressão para memória de trabalho......................58
Tabela 16 Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para inibição................59
Tabela 17 Coeficientes de análise de regressão para inibição.........................................59
Tabela 18. Modelos estruturais das funções executivas a serem testados (MT: memória
de trabalho, CI: controle inibitório, FC: flexibilidade cognitiva).....................................73
Tabela 19. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB
por tipo de escola..............................................................................................................74
Tabela 20. Caracterização da amostra..............................................................................76
Tabela 21. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11
anos).................................................................................................................................81
Tabela 22. Índices de análise fatorial confirmatória para amostra geral.........................83
10

Lista de Figuras
Figura 1. Modelo de memória de trabalho de Baddeley, 2000........................................28
Figura 2. Relação entre as variáveis que mensuram as funções executivas.....................55
Figura 3: Modelo Unifatorial...........................................................................................83
Figura 4: Modelo bifatorial FC e CI + MT......................................................................84
Figura 5: Modelo bifatorial CI e FC + MT......................................................................84
Figura 6: Modelo bifatorial MT e FC +CI.......................................................................84
Figura 7: Modelo trifatorial..............................................................................................84
Figura 8: Modelo Fator Geral...........................................................................................85
11

Lista de Abreviaturas e Siglas


FEs = funções executivas
CI = inibição ou controle inibitório
MT = memória de trabalho
FC = flexibilidade cognitiva
FDT = teste do cinco dígitos
12

RESUMO
O presente trabalho trata das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório
e flexibilidade cognitiva) na infância, e tem como objetivo principal analisar o
desenvolvimento das funções executivas. Este trabalho foi organizado em três partes, a
saber: 1) Considerações teóricas sobre o tema; 2) Desempenho das FEs nos grupos de
idade; 3) Análise da estrutura de desenvolvimento das FEs. A amostra foi composta por
120 crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade média de 8,96 anos (dp =
1,42). Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram distribuídas em cinco grupos,
correspondentes a suas idades, cada grupo com em média 20 crianças. Foram utilizados
os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, matrizes progressivas de
Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta e indireta, teste de cinco
dígitos, teste de trilhas, stroop versão Victória. Foi utilizado o software SPSS para efetuar
as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências, porcentagens) e análise
inferencial: teste de correlação de Pearson, Manova, Teste t, e regressão múltipla.
Também foi utilizado o Rstudio para execução de análise fatorial confirmatória. Como
resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas e de anos escolares mais
avançados apresentam melhores índices de funções executivas. Sendo a variável que
melhor explica o desempenho em funções executivas o ano escolar e a capacidade de
atenção seletiva. Entre 7 e 11 anos observa-se estrutura de desenvolvimento bifatorial.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório,


flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, infância, análise fatorial confirmatória
13

ABSTRACT

This paper deals with executive functions (working memory, inhibitory control and
cognitive flexibility) in childhood, and its main objective is to analyze the development
of executive functions. This paper was organized in three parts, as follows: 1) Theoretical
considerations on the subject; 2) Performance of EFs in age groups; 3) Analysis of the
development structure of SFs. One sample consisted of 120 children of both sexes,
between 7 and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd = 1.42). Being 47.5%
male. As children were divided into five groups, corresponding to their ages, each group
with an average of 20 children. The following instruments were used: somiodemographic
questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation attention test, direct and indirect
order digits, five-digit test, trail test and victorious version. SPSS software was used to
perform descriptive analyzes (means, standard deviations, frequencies, percentages) and
inferential analyzes: Pearson's correlation test, Manova, t-test and dynamic regression. It
was also used or Rstudio to perform confirmatory factor analysis. As the main results are
displayed as older children and older years present the best rates of executive functions.
Being a variable that best explains the performance in executive functions or school year
and the capacity of selective attention. Between 7 and 11 years, a bifactorial
developmental structure is observed.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive


flexibility, development, childhood, confirmatory factor analysis.
14

APRESENTAÇÃO

Este estudo teve como finalidade investigar o desenvolvimento das funções


executivas durante a infância. Sabe-se que as funções executivas é um termo que abrange
um conjunto de outras habilidades cognitivas, e devido a sua multidimensionalidade ela
é considerada como sendo bastante complexa. Dentre as habilidades, ou componentes,
que compõem as funções executivas, estão: memória de trabalho, controle inibitório e
flexibilidade cognitiva. Estas são consideradas funções executivas básicas, e
desenvolvem-se primeiro para dar suporte às funções executivas complexas, que são:
raciocínio, planejamento, organização, tomada de decisão, dentre outras. Esses
componentes atuam de forma harmoniosa com a finalidade de alcançar um determinado
objetivo.
Estudos acerca das funções executivas tem sido de grande interesse na área da
neurospsicologia. No entanto, observa-se, na literatura, grande foco em amostras de pré-
escolares e clínicas (como TDAH, TEA). Estudos que considerem uma amostra típica são
escassos. Este fator associado ao fato de que há uma variedade de métodos e técnicas que
avaliam as funções executivas na infância contribuem para um intenso debate sobre o
tema. Além de refletir em diversas incongruências na literatura, tanto sobre suas
definições, habilidades que a compõem, quanto ao seu desenvolvimento.
Diversos estudos indicam que há uma progressão das funções executivas no
decorrer da idade. Ou seja, as funções executivas melhoram com o avançar da idade. Mas
questões acerca da sua estrutura componencial durante a infância ainda não é um acordo
na literatura. Estudos como o de Hugues et al (2009) levantam evidências sobre estrutura
unifatoral entre 4 e 6 anos, tornando-se bifatorial a partir dos 7 anos. Enquanto que St
Clair Thompson et al. (2006) e Brydges et al. (2014) afirmam uma estrutura bifatorial a
partir dos 9 anos. Nota-se que há uma progressão de estrutura durante a infância, sendo
esta inicialmente unifatorial e tornando-se multifatorial na idade adulta.
Diante o exposto, esta tese pretende contribuir para as discussões sobre as funções
executivas no desenvolvimento típico infantil, buscando entender sua organização
estrutural. Sendo assim, foram avaliadas 120 crianças com desenvolvimento típico, de
ambos os sexos, estudantes de escolas públicas e com idades entre 7 e 11 anos.
Deste modo, o presente trabalho está disposto em quatro capítulos. No primeiro
capítulo será apresentada considerações teóricas sobre as funções executivas, na intenção
de introduzir o leitor a temática estudada. No capítulo 2 serão apresentadas evidências
15

acerca do desenvolvimento dos componentes das funções executivas (memória de


trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva) com o objetivo de apontar
diferenças entre idade, sexo e ano escolar. Assim como a relação entre os componentes
das funções executivas e quais variáveis (idade, ano escolar, inteligência, atenção) melhor
contribuem para o seu desempenho. O terceiro capítulo trará dados acerca do
desenvolvimento estrutural das funções executivas na infância. E por fim, o último
capítulo fará uma síntese dos dados apresentados, e as principais implicações para a
ciência e sociedade. Ao término da tese será possível verificar todas as referências
utilizadas e alguns instrumentos utilizados.
Vale ressaltar que os capítulos 1, 2, e 3 foram escritos em formato de artigo. Sendo
assim, o leitor pode iniciar esta tese a partir do capítulo que desejar.
16

CAPÍTULO 1.
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE FUNÇÕES EXECUTIVAS NA
INFÂNCIA
17

RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Considerações teóricas sobre funções executivas na infância.
In: Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de Doutorado,
Centro de ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

As funções executivas (FEs) podem ser consideradas como habilidades ou processos


cognitivos que colaboram para identificar metas, planejar e executar tarefas com a
finalidade de conquistar um objetivo. A literatura a respeito das FEs está em ascensão,
pois o tema é de interesse significativo da neuropsicologia cognitiva, em uma revisão
Baggeta & Alexander (2016) constataram 1400 estudos entre 2000 e 2013. Diante a
relevância da temática em questão este estudo tem por objetivo explicitar, apresentar e
introduzir teoricamente o tema funções executivas na infância, numa revisão da literatura
concisa. Deste modo, abordará considerações essenciais sobre: 1. Definições das funções
executivas; 2. Neuropsicologia das funções executivas; 3. Modelos de funções
executivas; 4. Modelos na infância; Modelo de Diamond; e 5. Estudos na infância.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório,


flexibilidade cognitiva, infância
18

ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Theoretical considerations about executive functions in


childhood. In: Developmental milestones of executive functions in childhood. PhD
Thesis, Center for Humanities, Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João
Pessoa.

Executive functions (FEs) can be used as cognitive skills or processes that collaborate to
identify goals, plan and perform tasks in order to achieve a goal. The literature on FE is
on the rise, as the topic is of significant interest to cognitive neuropsychology, in a review
by Baggeta & Alexander (2016) after 1400 studies between 2000 and 2013. Given the
relevance of the subject in question, this study has as its The objective is to explain,
present, present theoretically or the theme executive functions in childhood, in a concise
review. This mode addresses considerations about: 1. Executive function settings; 2.
Neuropsychology of executive functions; 3. Models of executive functions; 4. Models in
childhood; Diamond model; and 5. Studies in childhood.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive


flexibility, childhood.
19

INTRODUÇÃO
O estudo acerca das funções executivas tem sido de grande interesse na área da
neuropsicologia cognitiva. Numa extensiva pesquisa na base de dados Psycinfo, Baggeta
& Alexander (2016) constataram 181 estudos sobre a temática em 2013; 1400 estudos
entre 2000 e 2013. Os autores catalogaram cerca de 25 diferentes atributos para as funções
executivas, sendo o mais comum: processo cognitivo de alta ordem. Segundo os autores,
esta variedade de atributos que a literatura menciona confunde, de certo modo, as
definições de funções executivas, culminando na falta de consenso sobre o construto.
Logo, ressalta-se que cerca de oitenta e três referências definem as funções executivas,
sendo os mais citados: Miyake et al (2000) e Friedman & Miyake (2012).
Ademais, não há consenso a respeito dos componentes e processos subjacentes às
funções executivas. Lista-se cerca de trinta e nove diferentes componentes e/ou
processos, sendo os mais comuns mencionados, respectivamente: controle inibitório,
memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. Considerando esta variedade, entra-se no
seguinte consenso: o construto das funções executivas é multidimensional. Isto quer dizer
que, este construto é composto por inúmeras habilidades (Elsinger, 1996).
Em revisão (Baggeta & Alexander, 2016), enumera-se quarenta e oito modelos de
funções executivas, sendo os mais citados: Miyake et al (2000), e Diamond (2006, 2013).
Diversos estudos (Hughes et al., 2009; Huizinga, et al., 2006; Brydges, et al., 2014; Shing,
et al, 2010; Xu, et al, 2013) relatam que as funções executivas têm estrutura multifatorial.
Mas alguns pesquisadores postulam que é um construto inicialmente, unitário e com o
avançar do desenvolvimento torna-se multidimensional (Miller, et al, 2012). Entende-se
o desenvolvimento das funções executivas como sendo lento e progressivo,
provavelmente por estar associado a mielinização tardia do córtex pré-frontal, que tem
seu inicio pós-natal, estabelece-se na idade adulta e declina na velhice (Diamond, 2013).
No mais, salienta-se que o funcionamento executivo influencia diversas áreas da
vida do ser humano, como exemplo: aprendizagem, ajustamento e funcionamento do
indivíduo de maneira apropriada a regras e demandas em distintos contextos
(relacionamentos, profissionais, acadêmicos, saúde mental e física, dentre outros),
justificando a importância de seu estudo, e crescente investigação sobre a temática.
No Brasil, as pesquisas sobre esta temática estão sempre coadjuvantes ao estudo
das funções cognitivas gerais, sendo os estudos, na maioria das vezes, com amostras
clínicas (Pureza, et al. 2013).
20

Diante o que fora exposto, este artigo tem o objetivo de explicitar, apresentar,
introduzir teoricamente o tema funções executivas na infância, numa revisão integrativa.
Deste modo, abordará considerações sobre: 1. Definições das funções executivas; 2.
Neuropsicologia das funções executivas; 3. Modelos de funções executivas; 4. Modelos
na infância; Modelo de Diamond; e 5. Estudos na infância.

Definição de funções executivas


As funções executivas (FEs) podem ser consideradas como habilidades,
operações, processos ou capacidades cognitivas que possibilitam ao sujeito identificar
metas, planejar e executar tarefas com a finalidade de conquistar um objetivo (Cypel,
2006; Malloy-Diniz, Paula, Loschiavo-Alvares, Fuentes & Leite, 2010; Cosenza &
Guerra, 2011).
As FEs oportunizam à pessoa produzir o melhor comportamento para situações
sociais, regulá-lo com êxito, de forma autônoma e deliberada (Barros & Hazin, 2013).
Em razão de sua característica autorreguladora, podem ser comparadas a um diretor
executivo de uma empresa – que comanda e fiscaliza setores; bem como ao maestro de
uma orquestra – que coordena e harmoniza diversos instrumentos. As FEs são
consideradas como um processo cognitivo que abrange controle comportamental e
prepara as pessoas para diversas situações. Elas possibilitam comportamento flexível para
mudanças fornecendo as respostas coerentes e suaves (Zelazo, et al. 1997).
Para Diamond (2013) as FEs também podem ser chamadas de controle executivo
e controle cognitivo e se referem ao conjunto de processos mentais top-down, necessário
quando você precisa se concentrar e prestar atenção. As FEs são requisitadas quando
comportamentos automáticos, instintivos ou intuitivos seriam imprudentes, insuficientes
ou impossíveis (Espy 2004).
Usar as FEs requer esforço, visto que é mais fácil continuar fazendo o que tem se
tem feito do que mudar. Deste modo as habilidades integradas e coordenadas pelas FEs
são requisitadas e úteis em novas ações - possibilitando o controle do comportamento -,
e não rotineiras – ou seja, quando o processamento automático não é suficientemente
adequado (Seabra, Reppold, Dias & Pedron, 2014). Sendo assim, as FEs tem uma
importante função adaptativa (Goldberg, 2002).
Esta função adaptativa das FEs torna-se comprometida quando há situações de
estresse (Liston et al. 2009), tristeza, (Hirt et al. 2008), solidão (Tun et al. 2012), privação
de sono (Barnes et al. 2012), ou problemas na aptidão física (Best 2010).
21

Neuropsicologia das funções executivas


As funções executivas apresentam desenvolvimento gradual, com
amadurecimento consoante ao desenvolvimento ontogenético. Nota-se que na infância as
funções executivas não estão plenamente desenvolvidas, e modificam-se
significativamente até o fim da adolescência. Esta mudança acontece graças a uma
característica plástica do cérebro, denominada neuroplasticidade, ou seja, a capacidade
que o sistema nervoso tem de se alterar em termos de função ou estrutura como resposta
às influências ambientais externas ou internas. A neuroplasticidade envolve, portanto,
processos como ramificação de dendritos, formação e eliminação de sinapses (Cosenza
& Guerra, 2011).
Com o avançar da idade observa-se significativa melhoria das FEs. Os principais
saltos no desenvolvimento das FEs ocorrem em três momentos:
(1) do nascimento aos 2 anos;
(2) entre sete e nove anos;
(3) entre 16 e 19 anos (Capovilla, et al, 2004).
Na idade adulta as FEs se estabilizam e então, na velhice inicia seu declínio natural
(Seabra & Dias, 2012; Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes & Leite, 2008). Deste modo, o
desenvolvimento das FEs pode ser caracterizado por uma curva em forma de U invertido.
O desenvolvimento tardio das funções executivas é comumente associado a
maturação maturação prolongada do córtex pré-frontal (Zelazzo, Craik & Booth, 2004).
No desenvolvimento intrauterino o cortéx pré frontal - área cerebral responsável pelas
funções executivas - inicia seu desenvolvimento. No entanto, é, somente após o
nascimento que as conexões do sistema nervoso se amadurecem. O córtex pré-frontal
(CPF), especialmente, é a última região a completar seu amadurecimento. Os neurônios
do CPF têm dendritos mais densos (Elston, Benavides-Piccione & DeFelipe, 2001),
permitindo assim, melhor processamento das informações, inclusive a níveis mais
complexos (Roth & Dicke, 2005). Observa-se um desenvolvimento progressivo referente
ao processo de mielinização, proliferação neuronal e sinaptogênese do CPF (O’Hare &
Sowell, 2008).
Considera-se que o lobo frontal, especificamente o córtex pré-frontal - região
filogeneticamente mais moderna do cérebro humano, que compreende as regiões do lobo
frontal anteriores ao córtex motor primário - está diretamente relacionada as FE, sendo
dividida funcionalmente em três diferentes áreas (Cypel, 2006; Mourão Junior & Melo,
2011; Fuster, 1994).:
22

1. Orbitofrontal ou ventromedial: responsável pelas emoções e seleção de objetos;


2. Dorsolateral: participa na avaliação e organização de conceitos, memória de
trabalho, organização e expressão de atividades voluntárias;
3. Frontomedial ou giro do cíngulo: interfere na motivação, volição, interesse e
atenção sustentada.
O córtex pré-frontal é ativado sempre que há a necessidade do indivíduo aprender
coisas novas. Logo, para atividades automatizadas, onde não é necessário raciocínio nem
resolução de problemas, o recrutamento das funções executivas torna-se pouco necessário
(Diamond, 2013).
Fatores de desenvolvimento do sistema nervoso contribuem significativamente
para o bom funcionamento das FEs. Mas, fatores ecológicos são igualmente importantes
na contribuição deste bom funcionamento, visto que é necessário um ambiente que
estimule tais habilidades, proporcione um bom estado de saúde e nutricional, nível
socioeconômico, escolaridade dos pais (Stelzer, Cervigini, Martino & 2011).

Modelos de funções executivas


Existem inúmeros modelos que explicam as funções executivas. No entanto, a
maioria se refere ao funcionamento executivo em adultos.
Apesar de não ter utilizado o termo funções executivas, Luria (1973) pode ser
considerado um dos pioneiros no estudo do funcionamento executivo. A partir de suas
investigações neuropsicológicas, elaborou o modelo de funcionamento cerebral por
sistemas. Nesta perspectiva postulou que o cérebro seria decomposto em três unidades
hierárquicas, associadas a regiões neuroanatômicas específicas. As unidades funcionais
do cérebro atuariam de modo conjunto em favor da regulação do comportamento (Luria,
1973).
Para Luria (1966), a primeira unidade funcional seria a responsável pelas reações
fisiológicas básicas, que garantiriam a sobrevivência como batimentos cardíacos e vigília.
Tais funções seriam possíveis graças a regiões cerebrais subcorticais, como o tronco
encefálico. A segunda unidade funcional garantiria a recepção, análise e armazenamento
de informações advindas dos sentidos (visuais, auditivas e táteis). Subjancente a segunda
unidade estariam as regiões posteriores do cérebro, como os lobos parietais, occipitais e
temporais.
Por fim, a terceira unidade diz respeito à funções mais complexas e executivas.
Esta unidade se encarregaria de regular, monitorar e programar a atividade mental, sendo
23

o lobo frontal a região cerebral que oportunizaria estas funções. Nota-se que a atribuição
da terceira unidade é compatível com habilidades executivas de planejamento,
autorregulação e monitoramento. Habilidades estas, que atualmente são associadas às
funções executivas.
Outro modelo teórico das FEs que se classifica como construto único é a hipótese
do marcador somático, concebido por Damásio (1994). Para este estudioso a escolha
racional é guiada por marcadores somáticos. Em outras palavras: a tomada de decisão
seria orientada por reações emocionais. Quando se toma uma decisão, o resultado produz
uma reação emocional que se bem estabelecida ocorrerá antes das próximas escolhas. Em
síntese, a emoção influencia a tomada de decisão.
A hipótese do marcador somático faz associação entre o córtex órbito frontal, giro
do cíngulo anterior e amígdala, a partir da averiguação de pacientes com lesões no córtex
pré-frontal ventromedial, que apresentam déficits na capacidade de decidir, e na sua
função social, sem agravo cognitivo aparente.
O modelo teórico das FEs proposto por Lezak e colaboradores (2004)
compreendia que o funcionamento executivo consistia em quatro componentes, a saber:
(1) Volição: que trata da capacidade de envolver-se em comportamento intencional,
formular objetivo, iniciar atividades, dedicar-se a uma tarefa por longo período de tempo
e estar motivado. (2) Planejamento: se refere a habilidade de identificar e organizar as
etapas necessárias para atingir um objetivo. Habilidade de memorizar, controlar impulsos
e sustentar atenção. (3) Comportamento com propósito: programar atividades com
coerência com o objetivo que se pretende alcançar. Iniciar e manter-se numa atividade,
flexibilizar o seu curso, inibir comportamentos inadequados. (4) Desempenho efetivo: se
refere às habilidades essenciais para volição, planejamento e comportamento em
constante automonitoramento. Foi Lezak em 1982, o primeiro a utilizar o termo funções
executivas. Até então tem-se Luria utilizando termos como: planejamento,
monitoramento e regulação.
De acordo com Miyake (2000) as funções executivas são compostas por
componentes/fatores. Através de análise fatorial, Miyake (2000,2012) estabelece que as
funções executivas são compostas por fatores independentes como memória de trabalho,
flexibilidade cognitiva e inibição, que se correlacionariam moderadamente. E também
por um fator geral que coordenaria esses fatores tornando ativo o objetivo da tarefa.
24

Os modelos de Lezak e Miyake são bem definidos para adultos. Os modelos de


funções executivas na infância, consideram aspectos desenvolvimentais das funções
executivas.

Modelos na infância
No que se refere a infância, pode-se pontuar duas vertentes que explicam o
desenvolvimento das funções executivas:
1) Os estudos que postulam que as FEs são uma estrutura unificada (Munakata,
2001; Posner e Rothbart, 2007; Zelazo & Frye, 1998; Zelazo & Muller, 2002);
2) Os estudos que postulam que as FEs como uma estrutura de componentes
dissociados (Diamond, 2006 e 2013); e

O modelo postulado por Munakata (2001, 2005) compreende que as funções


executivas apresentam natureza unitária na primeira infância. A regulação do
comportamento é possível em virtude da inter-relação entre representações latente e ativa.
As representações latentes se referem aos hábitos e armazenamento na memória de longo
prazo que se expande, de modo gradual, durante todo o desenvolvimento pós natal. A
representação ativa seriam as funções cognitivas atenção e memória de trabalho; esta
representação apresenta um desenvolvimento lento e progressivo durante toda a infância.
As representações ativa e latente funcionam de forma interativa, mas havendo divergência
entre elas, a representação ativa é preponderante à latente.
Diamond, 2013 propõe que a memória de trabalho (MT), controle inibitório (CI), e
flexibilidade cognitiva (FC) são componentes dissociados e com diferentes trajetórias de
desenvolvimento. Esses componentes seguem uma curva de desenvolvimento com
períodos de pico que acontecem depois da metade do primeiro ano de vida e entre 3 e 6
anos de idade (Diamond, 2001).
Senn, Espy & Kaufmann (2004) usando path analises da relação entre FEs básicas e
complexas concluem que escores de MT e CI são correlatos. Ao passo que FC não se
correlaciona com outros escores. O que indica que as FEs se constituem como um
construto com estrutura de componentes dissociados mas mutuamente relacionados.
25

Modelo de desenvolvimento das funções executivas de Diamond


O modelo de desenvolvimento de Diamond (2013, 2014), entende as funções
executivas como conjunto de processos mentais top-down. Essas funções são habilidades
essenciais para vários aspectos da vida como manejo da saúde física e mental, sucesso na
escola e na vida, e desenvolvimento cognitivo, social e psicológico.
Compõem as funções executivas, três núcleos de funções executivas (Lehto et al.
2003, Miyake et al. 2000):
 Inibição (CI): controle inibitório, incluindo autocontrole (inibição
comportamental) e controle de interferências (atenção seletiva e inibição
cognitiva);
 Memória de trabalho (MT);
 Flexibilidade cognitiva (FC): também chamada de mudança de cenário,
flexibilidade mental ou mudança mental intimamente ligada à criatividade.
Os componentes principais das funções executivas (inibição, MT, FC) são fatores
dissociados, porém, relacionados. A partir destes núcleos, desenvolvem-se funções
executivas de ordem superior como raciocínio, resolução de problemas e planejamento.
a) Inibição
A inibição refere-se à habilidade de controlar a atenção, comportamento, pensamentos
e / ou emoções para invalidar uma predisposição preponderante (interna ou atração
externa) e, então, inibi-la, fazendo o que é mais apropriado ou necessário no momento. A
inibição é importante, pois sem ela o sujeito ficaria em favor de impulsos, hábitos antigos
(condicionados) e / ou estímulos no ambiente. Deste modo, a inibição permite que o
sujeito mude e que escolha reações e comportamentos ao invés de agir por impulso ou
instinto. A inibição envolve: autocontrole e inibição de interferências - inibição cognitiva
e atenção seletiva (Diamond, 2013).
Inibição de atenção: refere-se ao controle da interferência a nível da percepção. A
atenção seletiva é primordial para tal controle, pois ela filtra os distratores e seleciona os
estímulos alvo. A inibição da atenção pode ser voluntária, ou seja, é possível que se
escolha deliberadamente qual estímulo inibir, dependendo do seu objetivo (Theeuwes
2010).
Inibição cognitiva: refere-se ao controle de interferências mentais, atuando na
supressão de representações mentais prepotentes como aprendizagens, pensamentos,
memórias, inclusive o esquecimento intencional (Anderson & Levy, 2009). Usualmente,
26

a inibição cognitiva auxilia e da suporte à memória de trabalho, tendendo a se


relacionarem fortemente.
Autocontrole: abrange o controle sobre o comportamento, e regulação emocional.
Refere-se ao controle de impulsos (ex: controlar a vontade de comer doces quando se está
de dieta). Compreende manter condutas socialmente corretas (ex: não furar a fila). Além
disso, diz respeito a ter disciplina para permanecer e completar uma tarefa, independente
de distrações. Está relacionado com o aspecto final do autocontrole - atrasar a recompensa
(Mischel et al. 1989) - forçar-se a esquecer de um prazer imediato por uma recompensa
maior a longo prazo. Sem disciplina e capacidade de adiar a recompensa, é impossível
completar uma tarefa complexa e longa (ex: escrever uma tese).

b) Memória de trabalho (MT)


A primeira descrição sobre memória de trabalho foi realizada por Baddeley e Hitch
(1974) e independente do conceito de funções executivas. Estudos (Diamond, 2013,;
Huizinga, et al, 2006; Miyake, et al, 2000; Miyake & Friedman, 2012) tem firmemente
associado a memória de trabalho como um componente das funções executivas.
A memória de trabalho está relacionada com a competência de reter e manipular a
informação num determinado período de tempo (Diamond, 2006, 2013). Este
componente tem por principal função prestar auxílio à atenção seletiva e assim, favorecer
a representação mental da informação. A principal característica da memória de trabalho
é seu armazenamento temporário, que dura o tempo necessário para que a informação
seja manipulada durante o processamento de determinada tarefa (Baddeley, 2007).
A MT é base para realização de operações matemáticas, reorganização de lista de
tarefas, reorganização de planejamentos (atualização de novas informações, considerar
novas alternativas, relacionar ideias), raciocínio lógico, criatividade (pois envolve a
combinação de elementos a partir de novas perspectivas), conhecimento conceitual,
tomada de decisões (pois considera eventos passados, objetivos para planos (Diamond,
2013). A MT pode ser classificada em dois tipos a depender do conteúdo informação:
 MT verbal: auditiva
 MT não-verbal: visuo-espacial
O modelo explicativo da MT mais utilizado é o de Baddeley e Hitch (1994) que fora
atualizado (Baddeley, 2000) e conjectura que pode-se observar o controle executivo na
memória de trabalho através do seu principal componente chamado executivo central que
funciona recrutando e gerenciando outros sistemas (alça fonológica e alça visuoespacial)
27

durante a execução de tarefas. É sua função acessar a informação, manipulá-la, modifica-


la e integrá-la a elementos da memória de longo prazo. Como também, analisar as
informações advindas de imputs sensoriais, seleção de informações mais relevantes, filtro
de informações que serão armazenadas e resgatas pela memória de longo prazo de acordo
com a necessidade (Baddeley, 2002, 2007).
A alça fonológica permite que informações linguísticas, como os sons da linguagem
sejam armazenados temporariamente concomitante ao desenvolvimento de uma tarefa
cognitiva. A alça visuoespacial permite a manutenção temporária de letras do alfabeto,
bem como diversos outros símbolo na cognição.
O buffer ou retentor episódico coopera para que dados fonológicos e visuoespaciais
sejam integrados, principalmente para formar a semântica das informações. Gera uma
representação em um sistema de armazenamento temporário até que a informação seja
utilizada (Baddeley , 2007; ver figura 1).

Figura 1. Modelo de memória de trabalho de Baddeley, 2000

c) Flexibilidade cognitiva (FC):


A flexibilidade cognitiva envolve diversos aspectos como (Diamond, 2013):
Mudança de perspectiva espacial: analisar um objeto/espaço/situação por novo
ângulo. Por exemplo: um determinado objeto muda caso seja visualizado por um ângulo
diferente?
Mudança de perspectiva interpessoal: Por exemplo: tentar compreender o ponto de
vista de outra pessoa. Para alterar a perspectiva é necessário inibir a perspectiva anterior
e ativar na MT elementos da nova perspectiva. E é por tal motivo que considerando os
componentes básicos das FEs, a flexibilidade cognitiva é mais complexa e desenvolve-se
após a MT e inibição (Davidson et al. 2006, Garon et al. 2008).
28

Mudança de perspectiva de pensamento: refere-se a mudança da forma como se pensa


sobre algo (“pensar fora da caixa”). Por exemplo: optar por uma nova forma de resolução
de um determinado problema, tendo em vista que a resolução anterior não está sendo
eficaz.
Ajuste de planos: envolve ser flexível o suficiente para se ajustar às prioridades,
admitir erros, e aproveitar oportunidades repentinas e vantajosas. Por exemplo: quando
se tem um planejamento em mente, e de repente surge uma oportunidade que o obriga a
modificar o planejamento.
Criatividade: usar a seu favor ideias inovadoras para uma situação, não ser monótono.
Por exemplo: utilizar novas estratégias de aprendizagem quando não se compreende um
determinado assunto.
Em suma, a flexibilidade cognitiva é o oposto de rigidez cognitiva, é a habilidade
de se adaptar as mudanças do ambiente. Possibilita ao sujeito lidar com situações novas,
sem se apegar a padrões comportamentais (Seabra, et al, 2012).
As habilidades de MT, CI, FC são consideradas como funções executivas básicas.
Estas funções dão suporte para o posterior desenvolvimento de funções mais complexas
como: raciocínio, planejamento, tomada de decisão. Espera-se que ao término da
adolescência já se tenha desenvolvido as funções executivas básicas (Diamond, 2006).

Desenvolvimento das funções executivas: estudos na infância


A pesquisa e teorização sobre as FEs na infância tem sido desproporcionalmente
focada em crianças em idade pré-escolar (Best et al 2009). Diversos estudos (Leon, et al.,
2018; Brydges et al., 2014; Xu et al., 2013; Hughes et al., 2009, dentre outros) trazem
considerações sobre o desenvolvimento das funções executivas durante a infância. Sabe-
se que existem diferenças na estrutura dos componentes das funções executivas durante
a infância. No entanto, não há consenso entre os estudos sobre o modelo estrutural que
predomina para cada idade.
Os modelos estruturais das funções executivas podem ser (Xu, et al., 2013):
 Um único fator: três fatores (MT, CI, FC) indistinguíveis;
 De dois fatores:
o CI e FC indistinguíveis e MT distinta
o FC e MT indistinguíveis e CI distinto
o CI e MT indistinguíveis e FC distinto
 Três fatores distintos mas correlatos (MT, CI, FC).
29

Em um estudo longitudinal (Brydges, et al, 2014) com crianças (n=135) de 8 a 10


anos observaram diferenças estruturais nos períodos de teste (T1 = 8,3 anos e T2 = 10,3
anos). As análises evidenciaram para uma estrutura unifatorial em T1. Já aos 10,3 anos
foi revelado um modelo bifatorial MT e CI+FC; ou seja, inibição e flexibilidade cognitiva
eram indistinguíveis, enquanto que a memória de trabalho era distinta. Além disso, a
estrutura unifatorial observada em T1 fora parcialmente preditiva para os dois fatores
observados em T2.
Noutro estudo (Xu, et al, 2013), foi analisada uma grande amostra de crianças e
adolescentes Japonesas (N=457) entre 7 e 15 anos, separados em três grupos por idade
(G1 = 7-9 anos; G2= 10-12 anos e G3= 13-15 anos). Os resultados deste estudo indicaram
uma progressão de desenvolvimento das funções executivas (modelo unifatorial ao três
fatores). Especificamente, o modelo unifatorial foi observado no G1 e G2. Notou-se o
modelo de três fatores para o G3. Diante essas evidências, foi considerada a hipótese de
que as funções executivas desenvolvem-se a partir de uma capacidade geral relativamente
unificada para habilidades cognitivas diferenciadas e específicas com o decorrer do
desenvolvimento infantil.
Com o objetivo de investigar sobre a organização das funções executivas em
crianças da Finlândia, Letho et al. (2003) utilizaram como ferramenta a análise fatorial
exploratória em dados de uma amostra de crianças com idade entre 8 e 13 anos (N=108;
m=10,5 anos; dp=1,3anos). Concluiram que a memória de trabalho e a flexibilidade
cognitiva apresentam correlação moderada durante o avançar da idade. Além disso, a
melhor estrutura para as funções executivas nesta faixa etária seria o modelo de três
fatores, semelhante aos achados de Miyake. Logo, as funções executivas apresentariam
um fator geral, mas seriam diversificadas, sugerindo que os fatores são separados mas
relacionados. Para este estudo os modelos unifatorial e bifatorial não apresentaram bons
índices.
De acordo com Brydges, et al. (2012), que investigaram 215 crianças da Australia
entre 7 anos e 9 anos e 11 meses (m= 8,4 anos dp=1,1anos), a estrutura das funções
executivas não se altera nesta faixa etária. Após análise fatorial confirmatória, chegou-se
à conclusão de que até os 9 anos e 11 meses a estrutura é unifatorial. As crianças mais
velhas (9 anos) obtiveram melhor desempenho nos testes que avaliaram as funções
executivas.
As FEs básicas facilitam a resolução de problemas complexos na escola. Numa
investigação (Jacobson & Pianta, 2007) sobre relações entre o funcionamento da escola
30

e FEs; e as relações preditivas entre os dois, nota-se que associações entre FEs e
desempenho acadêmico são significativas, embora geralmente moderadas, e,
notadamente, persistem até o sexto ano ou talvez até mais tarde (Jarvis & Gathercole,
2003).
St. Clair-Thompson e Gathercole (2006) encontraram uma associação entre bom
desempenho em matemática, MT e inibição em crianças de 11 e 12 anos de idade. Os
autores sugerem que as crianças que têm dificuldade em manter informações pertinentes
na MT, ignorando informações irrelevantes e mudando de uma estratégia para outra têm
dificuldade em usar e avaliar estratégias para resolver problemas de matemática.
Diferentes atividades acadêmicas (por exemplo, matemática, leitura e escrita)
parecem envolver diferentes combinações de componentes das FEs. As tentativas de
descobrir a causalidade entre as FEs e o funcionamento da escola foram inconclusivas
(Best et al, 2009). Uma vez que essas relações sejam esclarecidas, intervenções podem
ser desenvolvidas para reforçar os domínios FEs específicos subjacentes a cada
habilidade acadêmica (Fischer & Daley, 2007).
Conforme revisão (Best, et al, 2009) nota-se melhora contínua de todos os
componentes provavelmente até a adolescência, bem como trajetórias de
desenvolvimento um pouco diferentes para cada componente. Embora as formas
rudimentares de cada domínio FEs possam surgir cedo na vida, elas não só se tornam
totalmente funcionais muito mais tarde. Então, durante o envelhecimento, declínios
específicos para FEs surgem.
Em estudo (Brocki & Bohlin, 2004) investigou-se a dimensionalidade
(desinibição, memória de trabalho e fluência) do desenvolvimento do funcionamento
executivo. Em estudo transversal com 92 crianças de 6 a 13 anos (divididas em quatro
grupos). Concluíram, a partir de suas análises que duas estruturas: inibição e memória de
trabalho são prevalentes na faixa etária estudada.
Outra perspectiva (Huizinga, et al. 2006) avaliou as FEs de crianças entre 7 e 11
anos, adolescentes de 15 anos, e jovens adultos com 21 anos. A conclusão principal foi
que nessas faixas etárias predomina estrutura bifatorial das FEs (MT e FC), sendo este
achado consistente com os de Miyake, et al. 2009).
Em contrapartida, ao analisar o desempenho de pré-escolares em FEs, Senn et al
(2004) conclui que MT e CI são medidas correlacionadas, e que FC não se correlaciona
com nenhuma outra medida. Na infância as FEs são dissociadas, mas os componentes são
inter-relacionados em um certo grau.
31

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, diante da significativa falta de consenso sobre o construto das funções
executivas, pode-se definir, de modo geral, como um conjunto de habilidades cognitivas
que atuam de forma colaborativa para atingir um determinado objetivo. Deste modo, ele
é considerado multidimensional. As habilidades cognitivas mais mencionadas pelos
estudos na infância são: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva.
Ressalta-se, ainda, a importância das funções executivas para diversas áreas da vida,
como acadêmica, profissional, saúde física e mental. Logo, torna-se um construto de
importante relevância para estudos. Principalmente, quando se trata da investigação
acerca de seu desenvolvimento. Conclusões sobre o desenvolvimento das funções
executivas são bastante controversas. Autores (Best et al 2009; Martin & Failows, 2010)
sinalizam que o maior motivo da falta de consenso seria devido à variedade de tarefas e
métodos. Sendo assim, é espera-se a execução de estudos que tenham a intenção de
contribuir para elucidar sobre questões do desenvolvimento da estrutura das funções
executivas em crianças.
32

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37

CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NA INFÂNCIA
38

RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Desenvolvimento das funções executivas. In: Marcos
desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de Doutorado, Centro de
ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

O presente trabalho trata das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório
e flexibilidade cognitiva) na infância, e tem como objetivo principal analisar o
desenvolvimento das funções executivas. Especificamente este trabalho pretende: 1)
Verificar a correlação entre FEs e idade, desempenho no teste de inteligência e atenção;
2) Comparar o desempenho das FEs nos grupos de idade, sexo e ano escolar; 3) Avaliar
o efeito preditivo da idade, ano escolar e inteligência sobre desempenho das FEs.
Participaram deste estudo: 120 crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade
média de 8,96 anos (dp = 1,42). Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram
distribuídas em cinco grupos, correspondentes a suas idades, cada grupo com em média
20 crianças. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário sóciodemográfico,
matrizes progressivas de Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta
e indireta, teste de cinco dígitos, teste de trilhas, stroop versão victória. Foi utilizado o
software SPSS para efetuar as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências,
porcentagens) e análise inferencial: teste de correlação de Pearson, Manova, Teste t, e
regressão múltipla. Como resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas e
de anos escolares mais avançados apresentam melhores índices de funções executivas.
significativa diferença de desempenho em funções executivas entre os grupos de idade e
ano escolar. Sendo a variável que melhor explica o desempenho em funções executivas o
ano escolar e a capacidade de atenção seletiva. Os componentes das funções executivas
estão relacionados de moderadamente.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório,


flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, infância
39

ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Development of executive functions. In: Developmental


milestones of executive functions in childhood. PhD Thesis, Center for Humanities,
Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João Pessoa.

This paper deals with executive functions (working memory, inhibitory control and
cognitive flexibility) in childhood, and its main objective is to analyze the development
of executive functions. Specifically, this paper aims to: 1) Verify the correlation between
EFs and age, intelligence and attention test performance; 2) Compare the performance of
the EFs in the age, sex and school year groups; 3) Evaluate the predictive effect of age,
school year and intelligence on the performance of EFs. Participated in this study: 120
children of both sexes, between 7 and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd
= 1.42). Being 47.5% male. The children were divided into five groups, corresponding to
their ages, each group with an average of 20 children. The following instruments were
used: sociodemographic questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation
attention test, direct and indirect order digits, five-digit test, trail test, stroop winning
version. SPSS software was used to perform descriptive analyzes (means, standard
deviations, frequencies, percentages) and inferential analysis: Pearson's correlation test,
Manova, t-test, and multiple regression. As main results, it is noteworthy that older
children and those with more advanced school years have better rates of executive
functions. Significant difference in performance in executive functions between age and
school year groups. Being the variable that best explains the performance in executive
functions the school year and the capacity of selective attention. The components of
executive functions are moderately related.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive


flexibility, development, childhood.
40

INTRODUÇÃO
Pode-se definir funções executivas como um termo “guarda-chuva”, tendo em
vista que abrange diferentes processos cognitivos que cooperam para o controle do
pensamento e comportamento com intencionalidade a atingir um objetivo (Zelazo &
Carlson, 2012). É concordância que existem três componentes básicos das funções
executivas: controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva (Lehto et al.
2003; Miyake et al. 2000; Diamond, 2006).
O controle inibitório é a capacidade de controlar a atenção, pensamentos,
comportamento e emoções, inibindo estímulos preponderantes externos. É a capacidade
é usar a atenção a atenção seletiva para focar e escolher opções de modo não impulsivo.
A memória de trabalho se refere a capacidade de manter a informação na mente e
manipulá-la por um curto período de tempo. A flexibilidade cognitiva refere-se à
habilidade de mudar de perspectiva para resolver um problema, ajustar-se a demandas,
regras ou prioridades (Diamond, 2013). Outras habilidades mais complexas, também
compõem as funções executivas como planejamento, processamento da informação,
monitoramento de múltiplas tarefas e ações (Dixon et al. 2010, Pureza, 2013).
Devido à complexidade, multidimensionalidade e alto nível de interação com
outras habilidades cognitivas, as FEs têm sido o foco de inúmeros estudos na
neuropsicologia (Pureza, et al. 2013, Viola & Grassi-Oliveira, 2012; Willcutt et al. 2005).
No entanto, observa-se que há uma menor atenção para a análise do desenvolvimento das
FEs em crianças saudáveis (Pureza et al. 2013), sendo o maioria dos estudos conduzidos
em amostras clínicas (Anderson et al. 2010; Johnstone et al. 2007) ou pré-escolares (Blair
et al. 2005; Liebermann et al. 2007).
Sabe-se que o desenvolvimento das FEs é bastante complexo e depende da maturação
das regiões cerebrais frontais, além da sua intercomunicação com outras áreas corticais,
bem como outras estruturas (hipocampo, cerebelo e glanglio basal) (García-Molina et al.
2009; Matute et al. 2008).
Existem três perspectivas que explanam o desenvolvimento das funções
executivas durante a infância, a saber:
Perspectiva 1: Estudos (Munakata, 2001; Posner e Rothbart, 2007; Zelazo & Frye,
1998; Zelazo & Muller, 2002) que confirmam que as FEs são uma única estrutura; há os
estudiosos;
Perspectiva 2: Os estudos (Diamond, 2006 e 2013) que postulam as FEs como uma
estrutura de componentes dissociados;
41

Perspectiva 3: estudos (Huizinga, Dolan, Van der Molen, 2006; Lehto, et al. 2003)
que afirmam que as FEs apresentam uma estrutura unitária, mas com componentes
parcialmente dissociados.
De acordo com Davidson et al (2006) durante os cinco primeiros anos observa-se
desenvolvimento parcial das FEs, sendo identificados três componentes: memória de
trabalho, flexibilidade e inibição. No entanto, a evolução das FEs aparenta ser
progressiva, visto que ao término da adolescência todos os componentes estão
completamente desenvolvidos (Diamond, 2006; Hughes & Graham, 2008; Huizinga, et
al. 2006). Outra característica do desenvolvimento das FEs é o aspecto assimétrico, tendo
em vista que cada componente tem sua própria trajetória de desenvolvimento (Diamond,
2013).
Em estudo com 90 escolares entre 6 e 12 anos Pureza et al (2013) ressalta a
significante influência dos anos escolares para o desempenho das FEs, sendo assim
quanto maior a escolaridade melhor é o desempenho nas tarefas que mensuram FEs. Além
disso observou-se que a flexibilidade cognitiva atinge seu ápice entre 11 e 12 anos de
idade, e a memória de trabalho atinge seu pico entre 6 e 8 anos.
Num estudo correlacional (Towse & Maclachlan, 1999) com 42 escolares entre 8 e
11 anos, analisando a relação entre idade, tempo e acurácia na tarefa, observou-se que as
crianças mais novas (aproximadamente 6 anos) apresentam mais dificuldades nas tarefas
que demandam memória de trabalho do que os mais velhos.
Em estudo com 92 crianças, entre 6 e 13 anos, Brocki & Bohlin (2004)
constataram que fatores biológicos e demográficos influenciam o desempenho das FEs,
havendo significativa diferença no decorrer do desenvolvimento. Bem como observa-se
forte relação entre os componentes inibição e memória de trabalho.
Outros estudos (Davidson et al. 2006; Molina et al. 2009; Huizinga et al. 2006)
concordam que os componentes apresentam desenvolvimento distintos com base na
idade, sendo que o mais significativo desenvolvimento acontece entre o inicio e final da
infância.
Deste modo, o objetivo geral é analisar o desenvolvimento das funções executivas
na infância. Especificamente objetiva-se: 1. Verificar a correlação entre funções
executivas (memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva), idade, ano
escolar, inteligência e atenção; 2. Comparar o desempenho das funções executivas
(memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva) nos grupos de idade,
42

sexo e ano escolar; 3. Avaliar o efeito preditivo de variáveis idade, atenção, inteligência
e ano escolar sobre desempenho das funções executivas.

MÉTODO
Este estudo apresenta delineamento de levantamento onde analisará a diferença
de desempenho dos componentes das funções executivas e tem como variáveis de
interesse: memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e inibição; idade. Variáveis de
controle: sexo, QI, atenção.

População e local do estudo


A população deste estudo é constituída por estudantes do ensino fundamental,
matriculados em escolas públicas municipais e particulares de João Pessoa, nos anos
escolares iniciais (1º ao 6º), de ambos os sexos.
Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2017),
no município de João Pessoa – PB, foram matriculadas, em 94 escolas públicas
municipais, cerca de 26.972 indivíduos. Nas 170 escolas particulares foram matriculadas
cerca de 25.156 alunos. Totalizando 52.130 crianças matriculadas entre o 1º e 6º ano (
tabela 2).

Tabela 2
Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB por
tipo de escola.
Tipo de escola
Ano escolar Pública Particular
1º 3.563 4.627
% do total 13,2
2º 3.707 4.297
% do total 13,7
3º 4.914 4.281
% do total 18,2
4º 4.660 4.126
% do total 17,3
5º 4.546 4.027
% do total 16,8
43

6º 5.582 3.800
% do total 20,7
Total 26.972 25.158
% total 100

A pesquisa foi executada nas escolas públicas da cidade de João Pessoa – PB. Em
ambiente a parte da sala de aula, estruturado com cadeiras, mesa, ventilação e iluminação
adequada.

Amostra
A amostra da pesquisa foi selecionada conforme a técnica de amostragem por
conveniência. O tamanho da amostra foi escolhido de acordo com as indicações de
estudos anteriores. Abaixo estão listados os critérios de elegibilidade da amostra:
 Crianças entre 7 e 11 anos e 11 meses;
 Ambos os sexos;
 Regularmente matriculados;
 Assíduos;
 sem déficits sensoriais ou físicos não corrigidos;
 que não apresente distorção série-idade;
 sem laudos neurológicos;
 sem indicações de transtornos de aprendizagem;
 sem indicações de sintomas de TDAH;
 com escore dentro do esperado nos testes de inteligência e atenção.

No total foram avaliadas 178 crianças. No entanto, apenas 120 crianças se


encaixaram nos critérios de elegibilidade. Sendo assim, a amostra contou com 120
crianças, que foram divididas em cinco grupos de idade (7 a 11 anos), a média de idade
foi 8,96 anos (dp = 1,42). Todos estudantes assíduos da rede municipal de ensino da
cidade de João Pessoa – PB
44

Tabela 3. Caracterização da amostra


Idade f %
7 26 21,7
8 23 19,2
9 24 20
10 24 20
11 23 19,2
Sexo f %
Feminino 63 52,5
Masculino 57 47,5
Ano Escolar f %
1 7 5,8
2 25 20,8
3 18 15
4 28 23,3
5 21 17,5
6 21 17,5

Instrumentos
Questionário sócio demográfico: Questionário de fácil aplicação, com questões
objetivas de múltipla escolha, de fácil e rápido manejo. Contemplou questões que
possibilitaram caracterizar os participantes, quanto a idade, sexo, dificuldades de
aprendizagem, sintomas para TDAH, além de determinar seu nível socioeconômico. As
questões referentes aos dados sócio demográficos foram aplicadas junto a secretaria da
instituição, enquanto que as questões referente à aprendizagem e TDAH foram aplicadas
com os professores.
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial (MPCR): Aplicada a
faixa etária de 5 a 11 anos. Constituída por três séries de 12 itens: A, Ab e B. Os itens são
distribuídos em ordem crescente de dificuldade, onde a série posterior é mais difícil que
a anterior. Cada série é iniciada com itens fáceis, objetivando introduzir o individuo a um
novo tipo de raciocínio, que será exigido nos itens seguintes. Todos os itens consistem
por uma matriz ou desenho com uma parte em falta, abaixo do mesmo apresenta-se seis
45

alternativas distintas, sendo que apenas uma completa o espaço em branco. O individuo
precisa escolher uma das seis alternativas. A intenção do MPCR é analisar um dos
componentes do fator “g”, a capacidade edutiva relacionada à formação de novos insights
criativos e construto superior (Bandeira, et al, 2004).
Teste de atenção por cancelamento (TAC): Consiste em três matrizes impressas
com diferentes tipos de estímulos. A tarefa é assinalar (cancelar) todos os estímulos iguais
ao estímulo-alvo previamente determinado. A primeira parte do teste avalia atenção
seletiva e consiste em uma prova de cancelamento de figuras numa matriz impressa com
seis tipos de estímulos (cículo, quadrado, triângulo, cruz, estrela e retângulo), num total
de 300 figuras, dispostas de modo aleatório, onde a figura – alvo é indicada na parte
superior da folha.
A segunda parte avalia atenção seletiva num maior grau de dificuldade. A tarefa
é semelhante a primeira parte, no entanto, o estímulo-alvo composto por figuras duplas.
Nesta segunda etapa o individuo deve buscar um par de figuras geométricas. A terceira
parte avalia atenção seletiva com demanda de alternância, sendo necessário mudar o foco
de atenção a cada linha. Pois, o estímulo-alvo muda a cada linha, devendo ser considerada
como alvo a primeira figura de cada linha. O tempo máximo de execução para em cada
parte da tarefa pe de um minuto.
Para cada parte do TAC são computados três escores diferentes, a saber: (1)
número total de acertos – número de estímulos-alvo corretamente cancelados; (2) número
de erros – número de estímulos não alvo incorretamente cancelados; e (3) número de
ausências – número de estímulos alvo que não foram cancelados. Além disso há a
possibilidade de computar o escore total, ou seja, a soma de cada escore obtido em cada
parte do TAC. O teste pode ser aplicado de modo coletivo (Godoy, 2012).
Dígitos ordem direta e inversa: Este teste será retirado do WISC-IV quarta
edição da Escala de Inteligência para Crianças de David Wechsler, que tem por objetivo
avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes (6 a 16 anos). Este instrumento
é composto por 15 subtestes. Para esta pesquisa será utilizado o subteste memória de
dígitos na ordem direta e inversa. A ordem direta mede a memória auditiva sequencial. A
memória de dígitos na ordem inversa avalia a capacidade da memória de trabalho. O teste
fornece duas sequências numéricas, de 2 a 8 sequências de dígitos, para cada subteste de
memória (ordem direta e inversa). Será atribuído 0 ponto se o examinando errar ambas as
sequências, 1 ponto se responder corretamente uma das sequências e 2 pontos se acertar
ambas as sequências. Os escores para ordem direta e inversa são somados separadamente.
46

O escore máximo para o subteste na ordem direta é 16 pontos e 16 pontos para a ordem
inversa, somando ao total 32 pontos.
Teste de Cinco Dígitos: (Five Digits Test – FDT, Sedó, 2014) tem objetivo de
avaliar a velocidade do processamento, atenção e funções executivas (controle inibitório
e flexibilidade cognitiva). Trata-se de um instrumento não verbal, de aplicação individual,
que contempla a faixa etária de 6 a 92 anos de idade.
O FDT é uma tarefa numérica dividida em quatro etapas: leitura, contagem,
escolha e alternância. Em suma, as duas primeiras etapas do FDT envolvem
processamento atencional automático e velocidade do processamento. A terceira e quarta
etapa demanda processamento atencional controlado e fluidez verbal, envolvendo
funções executivas (controle inibitório e flexibilidade cognitiva). Para análise do
instrumento computa-se o tempo de reação da tarefa, erros cometidos, bem como os
escores de interferência (subtração do tempo de leitura, do tempo de escolha, e este do
tempo de alternância, dando origem aos escores de inibição e flexibilidade cognitiva)
(Oliveira et al., 2014).
Teste de trilhas (TT): O teste de trilhas parte A e B, avalia a atenção alternada e a
flexibilidade cognitiva. O teste é composto por duas partes. A parte A é composta por
duas folhas, uma para letras e outra para números. Ambas as folhas apresentam 12 letras
ou 12 números de A a M e de 1 a 12), dispostos aleatoriamente. O examinando deve ligar
as letras em ordem alfabética e os números em ordem crescente. A parte B, consiste em
letras e números randomicamente dispostos na folha. O examinando deve ligar os itens
em sequências alfabética e numérica. O instrumento computa 3 escores: (1) corresponde
a sequência, (2) corresponde às conexões e (3) escore total que corresponde à soma dos
outros dois (Montiel & Seabra, 2012).
Stroop versão victória: tem por objetivo avaliar o controle inibitório. É composto
por composto por 3 cartões, tamanho 12 cm x 20 cm (altura x largura), todos com 24
estímulos, nas cores verde, azul, vermelho ou amarelo. Os estímulos ficam dispostos em
4 colunas, com intervalo de 1,5 cm entre elas, e 6 linhas, intervalo de 1 cm (Ribeiro,
2011).
É composto por três cartões com retângulos impressos em cores padrão: verde,
vermelho, azul e amarelo. No primeiro cartão são apresentados retângulos nas cores
verde, azul, vermelho e amarelo. No segundo há palavras “cada, nada, nunca, tudo”
impressas nas cores verde, vermelho, azul e amarelo. O último cartão é composto por
nomes das cores “amarelo, verde, vermelho, azul” impressos em cores diferentes (ex:
47

“amarelo”, impresso em azul). A instrução para todos os cartões é a mesma, a criança


deve nomear rapidamente as cores. No primeiro e segundo cartão a criança deve nomear
rapidamente as cores dos retângulos e das palavras. No terceiro cartão, onde é observado
o efeito Stroop, a criança deve nomear as cores em que as palavras foram impressas, e
inibir a resposta prepotente de ler o nome das cores.
Durante toda a aplicação se registra o tempo de resposta cada cartão apresentado.
Calcula-se o efeito de interferência subtraindo o tempo de resposta do terceiro cartão pelo
tempo de resposta do segundo cartão (STRAUSS et al., 2006)

Instrumento Habilidade avaliada


Questionário sócio demográfico Dados sociais (idade, nível
socioeconômico, escolaridade)
Rastreio para transtornos de
aprendizagem e TDAH
Matrizes progressivas de Raven Inteligência
Teste de atenção por cancelamento Atenção seletiva
(TAC)
Dígitos (ou digit span) (Wisc –IV) Memória de trabalho
Teste de cinco dígitos (FDT) Inibição e Flexiblidade
Trilhas Flexiblidade
Stroop versão Victória Inibição
Quadro 1. Sumário dos instrumentos utilizados

Procedimentos éticos
Os procedimentos éticos foram baseados nas diretrizes da resolução nº 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde/MS e suas Complementares, outorgada em 13 de Junho de
2013. Com finalidade de assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
científica, ao(s) sujeito(s) da pesquisa e ao Estado, e a Resolução/UFPB/CONSEPE.
Vale salientar que este estudo faz parte de um projeto de pesquisa “guarda-chuva”,
intitulado Funções Executivas na Infância, que foi apreciado e aprovado pelo comitê de
ética do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba sob número de
CAAE 12234619.7.0000.8069.
48

Além da permissão do comitê de ética e da anuência dos diretores das escolas


públicas, foi solicitado aos pais prévia autorização para participação dos seus filhos,
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As
crianças que aceitaram fazer parte do estudo, por meio de assinatura do Termo de
Assentimento (TA), tiveram seus nomes substituídos por nomes fictícios, de maneira que
não houve constrangimento para os sujeitos amostrais envolvidos na pesquisa.
Esta estudo apresentou riscos de fadiga, cansaço e desmotivação para os seus
participantes. Mas que foram amenizados com a divisão da coleta de dados em três etapas
e com intervalo de pelo menos 24 horas entre cada etapa. Ressalta-se que, todas as
crianças participaram do estudo de modo voluntário, sendo assim não existiu nenhum tipo
de premiação ou pagamento em troca dos dados que foram coletados.
As crianças foram instruídas que poderiam desistir a qualquer tempo de sua
participação na pesquisa, bem como os responsáveis poderiam desistir de ceder os dados
já coletados. Caso ocorresse qualquer desistência, os dados coletados referentes ao(s)
desistente(s) não seriam utilizados nas análises estatísticas e, consequentemente nas
futuras publicações científicas.

Procedimentos de coleta de dados


Os dados foram coletados em escolas públicas municipais da cidade de João
Pessoa (PB) após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),
pelos responsáveis dos alunos. Também foi solicitada a assinatura do termo de
assentimento (TA), pelos próprios estudantes consentindo a sua participação nesta
pesquisa. A bateria de avaliação foi dividida em três etapas, a saber: (1) questionário sócio
demográfico; (2) avaliação da atenção e inteligência e; (3) avaliação das funções
executivas.
Na primeira etapa foi preenchido, pela pesquisadora responsável, junto a
administração da escola o questionário sociodemográfico. Na segunda etapa, foram
aplicados os testes que avaliam atenção e inteligência: matrizes coloridas de Raven e
TAC. Na terceira etapa foram aplicados os instrumentos que avaliam as funções
executivas.
Cada etapa durou cerca de 40 minutos. A segunda e terceira etapa foram realizadas
em ambiente a parte da sala de aula, de forma individualizada. Entre a segunda e terceira
49

etapa houve um intervalo de 24 horas, para evitar efeitos de fadiga por parte dos
participantes.
Foram treinadas para aplicação três pesquisadoras. Tendo em vista que os
instrumentos utilizados eram em versão “lápis e papel” todo o material (folhas de
resposta, lápis comum, borracha) foram disponibilizados pelos aplicadores.

Procedimentos de análise de dados


As análises foram realizadas com o auxílio do pacote estatístico Statistical
Package for the Social Sciences – SPSS (versão 21.0 para Windows). Para atender aos
objetivos foram efetuadas análises estatísticas descritivas: aferição de frequência
absoluta, porcentagens, médias, desvios padrão. Foi utilizada a seguinte estatística
inferencial (tabela 4):
1. Teste de correlação de Pearson: será possível determinar a direção do
relacionamento entre as variáveis – se positivos ou negativos; e a
magnitude do relacionamento sendo: +- 0.1 a +- 0.3 fraca; 0.4 a 0.6
moderada e 0.7 a 0.9 forte.
2. MANOVA: através deste teste será possível analisar diferenças entre os
grupos de crianças no desempenho em memória de trabalho, flexibilidade
cognitiva e controle inibitório;
3. Regressão múltipla: analisar o modo que as variáveis explicativas
combinadas estão relacionadas com a variável de critério (efeitos
cumulativos) e como cada variável preditora está relacionada a de critério
(efeitos separados), separadamente. Será utilizado o método de entrada de
variáveis explicativas por blocos, chamado setpwise.

Tabela 4. Método estatístico utilizado para cada objetivo traçado


Objetivo Método estatístico
Verificar a relação entre os Correlação de Pearson
componentes das FEs; idade; ano
escolar, atenção e inteligência

Comparar o desempenho das FEs nos MANOVA e teste t


grupos de idade, ano escolar e sexo
50

Avaliar o efeito preditivo da idade, Regressão múltipla


sexo, ano escolar, atenção,
inteligência

RESULTADOS

Este estudo tem por objetivo analisar o desenvolvimento das funções executivas
na infância. Deste modo, os resultados serão apresentados brevemente em três etapas:
1.análise do desempenho em funções executivas por grupos de idade; 2. Análise da
relação entre as variáveis estudadas; e 3. Análise do efeito preditivo de variáveis como
idade, ano escolar, inteligência e atenção sobre o desempenho das funções executivas.

Comparação do desempenho das FEs nos grupos de idade, ano escolar e sexo

Tabela 5. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11


anos)
Grupos de idade Atenção Raven Trilhas Stroop* Dígitos Inibição* Flexibilidade*
7 anos Média 47,7 19,4 7,5 10,7 10,5 58,9 76,8
DP 11,427 4,149 3,711 12,382 2,249 23,555 20,774
8 anos Média 61,4 22,6 9,9 14,4 10,8 44,7 57,8
DP 14,190 4,639 3,642 10,162 2,367 13,538 19,798
9 anos Média 70,0 25,3 13,5 9,0 12,4 34,5 45,3
DP 16,999 4,029 3,977 5,517 2,062 9,736 15,262
10 anos Média 74,4 25,6 13,3 11,7 12,33 38,9 40,7
DP 10,746 3,358 3,609 6,537 2,278 22,115 17,035
11 anos Média 80,0 26,5 15,4 11,9 13,5 32,4 40,0
Dp 11,763 3,502 4,283 7,144 2,041 11,377 14,147
*Variável mensurada em tempo de reação (segundos)

Ressalta-se que as crianças mais velhas, do grupo de 11 anos, apresentam escores


maiores e melhores do que as crianças mais novas (7,8,9,e 10 anos) nas variáveis: atenção,
inteligência e digit span – que mensura a memória de trabalho. No que se refere as
variáveis que mensuram flexibilidade cognitiva, observa-se que as crianças de 11 anos
51

apresentam melhores índices na variável Trilhas, e menor tempo de reação na variável


Flexibilidade. Condizente as variáveis que mensuram controle inibitório, pontua-se que
na variável Stroop as crianças de 9 anos obtiveram melhores tempos de reação. Dado
controverso a variável Inibição, observa-se que as crianças mais velhas apresentam
melhores e menores tempos de reação, enquanto que as mais novas apresentam maior
tempo de reação na tarefa (tabela 5).

Tabela 6. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos


grupos de idade
Variáveis F GL p
Atenção 22,52 P<0,01
Raven 13,38 P<0,01
Trilhas 16,61 P<0,01
Stroop 1,21 p> 0,05
Dígitos 7,83 P<0,01
Inibição 9,51 P<0,01
Flexibilidade 18,94 P<0,01

As análises demonstram que existe uma diferença multivariada entre os grupos de


idade F (28, 394) = 5,09; p<0,001 ʎ de Wilks = 0,32. Nota-se (tabela 6) que há diferença
entre os grupos de idade para todas as variáveis estudadas, exceto para a variável Stroop,
que mensura controle inibitório.

Tabela 7. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de sexo


Sexo Atenção Raven Trilhas Stroop* Dígitos Inibição* Flexibilidade*
Feminino Média 65,67 23,40 12,05 12,06 11,59 40,97 53,33
DP 17,27 4,49 4,81 9,19 2,60 15,17 19,79
Masculino Média 67,14 24,30 11,72 10,95 12,25 43,72 52,25
DP 17,51 4,94 4,72 8,46 2,23 23,52 25,05

Observa-se que para os escores de atenção, Raven, dígitos, inibição e flexibilidade


os meninos obtiveram melhores médias (tabela 7). No entanto, estas diferenças não são
estatisticamente significativas (tabela 8).
52

Tabela 8. Estatística inferencial (teste t) da diferença entre os desempenhos dos grupos


de sexo
Variáveis t p
Atenção 0,11 0,74
Raven
Trilhas 0,26 0,87
Stroop 0,18 0,66
Dígitos 2,10 0,15
Inibição (FDT) 2,98 0,08
Flexibilidade (FDT) 3,97 0,07

Observa-se (tabela 9) que as crianças matriculadas nos anos escolares mais


avançados (5º e 6º ano) apresentam melhores escores em todas as variáveis analisadas:
atenção, inteligência, flexibilidade cognitiva, inibição e memória de trabalho. Vale
salientar que para a variável Stroop, que avalia inibição, as crianças do 5º ano obtiveram
melhores médias.

Tabela 9. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos ano escolar


Ano Escolar Atenção Raven Trilhas Stroop* Dígitos Inibição* Flexibilidade*
1º ano Média 45,57 18,00 6,29 14,29 9,86 59,29 79,29
DP 4,03 3,74 2,62 21,19 2,61 26,44 16,35
2o ano Média 51,76 20,92 8,32 11,48 10,72 56,24 73,72
DP 14,09 4,62 3,70 9,29 1,99 21,40 23,06
3o ano Média 59,72 22,67 10,17 12,50 10,39 44,39 57,56
DP 14,64 5,07 3,85 9,56 1,88 13,48 16,86
4o ano Média 71,25 25,04 13,68 11,00 12,39 40,00 46,86
DP 14,57 3,92 3,67 6,67 1,98 19,52 15,01
5o ano Média 75,81 26,00 13,62 9,86 12,81 31,52 34,86
Dp 11,75 3,42 3,96 5,38 2,50 11,28 12,14
6o ano Média 80,43 26,43 15,38 12,24 13,71 31,95 40,95
Dp 12,01 3,21 4,38 7,18 2,05 11,33 14,61
*Variável mensurada em tempo de reação (segundos)
53

Tabela 10. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos


grupos de ano escolar
Variáveis F GL p
Atenção 18,16 4, 120 ,000
Raven 9,10 4, 120 ,000
Trilhas 13,51 4, 120 ,000
Stroop 0,36 4, 120 ,870
Dígitos 8,83 4, 120 ,000
Inibição 7,97 4, 120 ,000
Flexibilidade 18,90 4, 120 ,000

As análises demonstram que existe uma diferença multivariada entre os grupos de


idade F(7,35) = 4,05; p<0,001 ʎ de Wilks = 0,32. Nota-se (tabela 10) que há diferença
entre os grupos de idade para todas as variáveis estudadas, exceto para a variável Stroop,
que mensura controle inibitório.

Relação entre as variáveis estudadas


Tabela 11. Estatísticas descritivas da amostra geral

Variável Média Dp Mínimo Máximo


Raven 23,8 4,7 14 33
Atenção 66,3 17,3 26 108
Trilhas 11,8 4,7 4 24
Flexibilidade* 52,8 22,3 18 118
Inibição* 42,2 19,5 15 124
Stroop* 11,5 4,8 1 61
Digit span 11,9 2,4 5 19
*Variável mensurada em tempo de reação (segundos)

Diante as análises de correlação, nota-se que todas as variáveis estudadas se


associam em algum grau, exceto o escore no teste de stroop.
As variáveis idade e ano escolar apresentam uma correlação positiva forte e
significativa (r= +0.95; p<0,001). Idade e atenção (r= +0,64; p<0,001), inteligência (r=
+0,53; p<0,001), digit span (r= +0,44; p<0,001) e trilhas (r= +0,58; p<0,001) apresentam
correlação positiva moderada e significativa. A idade apresentou relação com as medidas
54

de inibição (r= -0,44; p<0,001) e flexibilidade (r= -0,58; p<0,001) negativa, porém
moderada e significativa.
A inteligência, mensurada pelo escore de Raven, apresentou relação positiva,
moderada e significativa com as variáveis trilhas (r= 0,50; p<0,001) e digit span (r= 0,50;
p<0,001). Pontua-se relação negativa, significativa e moderada com variáveis inibição
(r= - 0,46; p<0,001) e flexibilidade (r= - 0,55; p<0,001).

Trilhas

-.54
-.46 .49
Flexibilidade
FDT
.74
- .33
Inibição
FDT
-.24

dígitos

stroop

Figura 2. Relação entre as variáveis que mensuram as funções executivas

Referente a relação entre os componentes das funções executivas, assinala-se que


todos os componentes estão relacionados em algum grau, exceto a variável stroop, que
mensura controle inibitório (ver figura 2).
Observa-se que as medidas que avaliam flexibilidade cognitiva (trilhas e
flexibilidade) estabelecem correlação com a medida inibição de forma significativa e
moderada. Enquanto que a variável que mensura memória de trabalho está correlacionada
com as demais variáveis num grau mais fraco apesar de estatisticamente significativo
(Figura 2).
55

Avaliar o efeito preditivo da idade, ano escolar, atenção, inteligência

As variáveis preditoras explicam significativamente a memória de trabalho (tabela


12), a idade 19%, a inteligência 20%, o ano escolar 26% . Nota-se que as variáveis o ano
escolar (F(4,119)=14,882; p<0,001) exercem maior influência sobre a habilidade de
memória de trabalho. Todas as variáveis juntas explicam cerca de 30% da memória de
trabalho.

Tabela 12. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para memória de trabalho
Variáveis preditoras Memória de trabalho
R² (ajustado) R²(modificado)
1. Idade 0,19 0,19**
2. Inteligência 0,21 0,19**
3. Ano escolar 0,27 0,25**
4. Atenção 0,28 0,25**

A associação entre memória de trabalho e as variáveis explicativas é moderada.


Tanto ano escolar quanto atenção estão positivamente correlacionadas com a memória de
trabalho. O coeficiente de regressão do ano escolar foi de 1,31 (t = 3,08; p=0,003). Os
coeficientes de padronizados indicam que o ano escolar (0,82) é a variável que melhor
explica a habilidade de memória de trabalho (tabela 13).
56

Tabela 13. Coeficientes de análise de regressão para memória de trabalho


Memória de trabalho
Modelos B EP B β
Constante
1 idade 0,76 0,14 0,44**
Constante
2 Idade 0,63 0,16 0,37**
QI 0,07 0,05 0,13
Constante
3 Idade -0,76 0,45 -0,45
QI 0,06 0,04 0,12
Ano Escolar 1,38 0,42 0,86**
Constante
4 Idade -0,78 0,45 -0,45
QI 0,05 0,05 0,09
Ano escolar 1,31 0,42 0,82**
Atenção 0,01 0,01 0,09

As variáveis preditoras explicam significativamente a flexibilidade cognitiva


(tabela 14), a idade 32%, a inteligência 234%, o ano escolar 40% e a atenção 45%. Nota-
se que a variável atenção (F(4,119)=25,892; p<0,001) exerce maior influência sobre a
habilidade de flexibilidade cognitiva. Todas as variáveis juntas explicam cerca de 50%
da variável critério.

Tabela 14. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para flexibilidade


cognitiva
Variáveis preditoras Flexibilidade cognitiva (FDT)
R² (ajustado) R²(modificado)
1. Idade 0,33 0,32**
2. Inteligência 0,35 0,34**
3. Ano escolar 0,41 0,40**
4. Atenção 0,47 0,45**
57

A associação entre flexibilidade cognitiva e as variáveis explicativas é moderada.


A variável atenção e ano escolar estão negativamente correlacionadas com a flexibilidade
cognitiva. O coeficiente de regressão de atenção foi de -0,44 (t = 3,630; p<0,001). Os
coeficientes de padronizados indicam que a atenção (-0,34) é a variável que melhor
explica a habilidade de flexibilidade cognitiva (tabela 15).

Tabela 15. Coeficientes de análise de regressão para flexibilidade cognitiva


Flexibilidade cognitiva (FDT)
Modelos B EP B β
Constante
1 idade -9,04 1,17 -0,57**
Constante
2 Idade -7,75 1,37 -0,49**
Qi -0,73 0,41 -0,15
Constante
3 Idade 4,59 3,75 0,29
Qi -0,68 -0,39 -0,14
Ano escolar -12,12 -3,45 -0,83**
Constante
4 Idade 5,05 3,57 0,32
Qi -0,19 0,40 -0,04
Ano escolar -10,00 3,34 -0,68**
Atenção -0,44 0,12 -0,34**

As variáveis preditoras explicam significativamente a inibição (tabela 16), a idade


18%, a inteligência 26%, o ano escolar 30%, a atenção 35%. Nota-se que as variáveis o
ano escolar (F(4,119)=27,267; p<0,001) e atenção (F(4,119)=25, 892; p<0,001) exercem
maior influência sobre a habilidade de inibição. Todas as variáveis juntas explicam cerca
de 40% da inibição (tabela 16).
58

Tabela 16 Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para inibição


Variáveis preditoras Inibição (FDT)
R² (ajustado) R²(modificado)
1. Idade 0,19 0,18**
2. Inteligência 0,27 0,26**
3. Ano escolar 0,32 0,30**
4. Atenção 0,37 0,35**

A associação entre inibição e as variáveis explicativas é moderada. Todas as


variáveis preditoras estão negativamente correlacionadas a variável inibição. O
coeficiente de regressão do ano escolar foi de -8,16 (t = 2.568; p=0,001). Os coeficientes
de padronizados indicam que o ano escolar (3,18) é a variável que melhor explica a
habilidade de inibição (tabela 17).

Tabela 17 Coeficientes de análise de regressão para inibição


Inibição (FDT)
Modelos B EP B β
Constante
1 idade -6,00 1,132 -0,43**
Constante
2 Idade -6,00 1,132 -0,43**
Qi
Constante
3 Idade 6,46 3,522 0,47
Qi -1,34 0,373 -0,32**
Ano escolar -9,86 3,241 -0,77**
Constante
4 Idade 6,83 3,40 0,49
Qi -0,95 0,38 -0,23*
Ano escolar -8,16 3,18 -0,64**
Atenção -0,35 0,11 -0,31**
59

DISCUSSÃO
Os dados serão discutidos em blocos, para facilitar a compreensão do leitor. Estes
blocos corresponderão aos componentes das funções executivas: controle inibitório,
memória de trabalho e flexibilidade cognitiva.

Controle inibitório
O controle inibitório se refere à capacidade de suprimir uma reposta dominante,
automático ou prepotente, envolve controle de interferência, esquecimento direcionado,
controle emocional, e controle motor (Nigg, 2000).
No presente estudo o controle inibitório foi avaliado através de dois testes: Stroop
versão victória e a medida de inibição do FDT. Sumariamente, observou-se que as
crianças de nove anos, do 5º ano e do sexo masculino obtiveram melhores escores no teste
Stroop. Controverso aos resultados obtidos na medida de inibição do FDT, onde foi
constatado que as crianças mais velhas (11 anos) obtiveram melhores resultados do que
as crianças mais novas. Além disso, notou-se que crianças do 6º ano também obtiveram
melhores tempos de reação, assim como os participantes do sexo masculino.
Ressalta-se que que para os grupos de sexo (masculino e feminino) não foram
averiguadas diferenças estatísticas, tanto para Stroop como para medida de inibição do
FDT, assim como em Wright & Diamond (2014). Destaca-se que para as medidas do
Stroop não foram averiguadas diferenças estaticamente significativas para idade ou ano
escolar. Diferente da medida de inibição do FDT, onde foram averiguadas diferenças
significativas para idade e ano escolar. Estes dados sinalizam para um provável
desenvolvimento do controle inibitório entre 7 e 11 anos, haja vista que o desempenho de
crianças de 7 anos é diferente do desempenho de crianças de 11 anos, além do mais
sinaliza para não distinção de desempenhos entre o sexo feminino e masculino. É
importante frisar, a importância da escolaridade, visto que as crianças matriculadas em
séries mais avançadas apresentaram melhores respostas do que aquelas crianças
matriculadas no início do ciclo.
Com relação aos dados obtidos pelo teste de Stroop, questiona-se os motivos pelos
quais eles não condizem aos resultados obtidos na medida de inibição do FDT. Vale
salientar, que há uma diferença importante entre os dois testes: o stroop é formado por
palavras, enquanto que o FDT é formado por números. Todas as crianças avaliadas foram
oriundas de escolas públicas, e apesar de terem sido sinalizadas como sem dificuldades
de aprendizagem por seus professores, nota-se dificuldade para automatizar a leitura,
60

provavelmente, devido a falhas do sistema de ensino. Logo, observou-se que crianças de


séries mais avançadas apresentam desempenhos mais consistentes no teste de stroop.
Outro ponto de destaque, refere-se a relação entre as variáveis que mensuram o
controle inibitório e as demais variáveis que mensuram as funções executivas. Este dado
corrobora com outros estudos (St Clair-Thompson, et al. 2006). O desempenho do teste
de Stroop não se correlaciona com nenhuma outra variável analisada. Divergente da
medida de inibição do FDT que apresentou correlação com todas as variáveis, exceto a
de Stroop.
Observa-se que a medida que a idade avança, a escolaridade progride, o nível
atencional e escore de QI aumentam, o controle inibitório apresenta bons índices de
desempenho. Ademais, nota-se que o controle inibitório apresenta relação moderada com
a flexibilidade cognitiva, enquanto que com a memória de trabalho a relação é fraca, mas
´todas significativas.
A inteligência, atenção, idade e o ano escolar contribuem de modo importante para
o desempenho em controle inibitório. No entanto, destas citadas, a que melhor prevê o
desempenho é o ano escolar.
Alguns estudos apontam para uma melhoria do controle inibitório durante a
primeira infância em tarefas de Stroop Dia / Noite, O jogo de punho e dedo de Luria e a
tarefa A-not-B (Carlson & Moses, 2001; Hughes, 1998; Sabbagh, Xu, Carlson, Moses e
Lee, 2006).
Outro estudos constataram que durante a adolescência e idade adulta jovem não
há melhorias significativas (Romine & Reynolds, 2005). Contudo, Huizinga et al. (2006)
encontraram contínua melhora do desempenho em inibição no Flanker Test até os 15 anos
de idade e Tarefa do tipo Stroop até os 21 anos. Estes dados sugerem que há uma
maturação gradual da inibição cognitiva na adolescência e até no início idade adulta
(Leon-Carrion, Garcia-Orza e Perez-Santamaria, 2004).
Observa-se que as mudanças principais com relação ao desempenho de tarefas do
controle inibitório entre a pré-escola e a idade adulta é a capacidade de velocidade e
precisão. Por exemplo, Klimkeit, Mattingley, Sheppard, Farrow e Bradshaw (2004)
descobriram que crianças de 8 anos cometeram mais erros por desatenção, impulsividade
e distração - situação sugestiva de inibição imatura, do que as crianças de 10 e 12 anos
de idade, tais dados são correspondentes ao do presente estudo. O mesmo dado pode ser
observado em Pureza et al. (2013) que avaliou crianças entre 6 e 12 anos, e concluiu que
crianças mais velhas apresentam uma progressiva melhoria.
61

Salienta-se para o fato de que as melhoras no desempenho em controle inibitório


estão associadas ao refinamento na atividade cerebral do córtex pré-frontal (Liston et al.,
2006; Bell & Wolfe, 2007).

Memória de trabalho
A habilidade de memória de trabalho refere-se a manter um conjunto de
informações na memória e manipulá-la por um breve período de tempo (Diamond, 2013).
No presente estudo a memória de trabalho foi mensurada pelo teste de dígitos ordem
direta e inversa.
Observou-se que o desempenho no teste de dígitos melhorou com o avançar da
idade, crianças de 11 anos obtiveram melhores escores do que as crianças de 7 anos.
Destaca-se que as diferenças entre o desempenho são evidentes entre 7 e 9 anos. Em
estudo Cordeiro et al (2019) com crianças entre 5 e 11 anos, observa-se melhoria da
memória de trabalho em progressão à idade. Em estudo com crianças entre 4 e 15 anos
Gothercole et al. (2004) observaram aumento linear no desempenho de baterias que
avaliam a memória de trabalho, constatando estabilidade no desempenho aos 11 anos.
Alguns estudos (Nelson et al. 2012) afirmam que a capacidade de memória
desenvolve-se desde tenra idade. Bebês entre 9 e 12 meses são capazes de atualizar
informações na sua memória de trabalho (Bell & Cuevas, 2012). A capacidade de
manipulação mental, característica da memória de trabalho é lenta e progressiva de acordo
com o desenvolvimento (Cowan et al. 2011).
Salienta-se que não há variância entre os sexos feminino e masculino, apesar dos
meninos apresentarem melhores médias de acertos, o mesmo pode ser verificado em
Barros et al. (2016) e Alansori & Saliman (2012).
Referente ao ano escolar verifica-se que com o progredir dos anos escolares a
habilidade de memória de trabalho melhora significativamente. Ressalta-se para o fato de
que o ano escolar tem maior efeito preditivo do bom desempenho em memória de
trabalho, do que a idade, no estudo de Cordeiro et al (2019) certifica o mesmo achado.
Estudos de neuroimagem (Scherf, Sweeney e Luna, 2006) indicam que há
mudanças contínuas na ativação cerebral associada a memória de trabalho na infância,
com relação a localização e quantidade. Em crianças, observa-se ativação de áreas pré-
motoras como cerebelo lateral e regiões ventromediais como tálamo e gânglios da base.
Com o avançar da idade observa-se diminuição quantitativa destas áreas, e ativação de
regiões frontais, como a região dorsolateral direita, e cíngulo anterior.
62

A memória de trabalho apresentou relação com os demais componentes das


funções executivas (controle inibitório e flexibilidade cognitiva) apesar de caracterizar-
se como uma relação fraca. Também se observa relação moderada e significativa da
memória de trabalho com a capacidade de atenção.
Alguns estudos demonstraram que melhorias na MT podem apoiar-se na
capacidade de atenção seletiva (Stedron, et al. 2005; Awh & Jonides, 2001; Kuo et al.
2012). Provavelmente porque a habilidade de atenção e de MT se valem do mesmo
circuito de ativação cerebral.

Flexibilidade Cognitiva
O componente flexibilidade cognitiva é o mais complexo, e refere-se a capacidade
de alternar estados mentais, regras ou tarefas (Miyake, et al. 2000). Destaca-se a
necessidade de processos de inibição e memória de trabalho para que a flexibilidade
cognitiva aconteça. Logo, a capacidade para inibir seria ativada previamente a capacidade
de alternância, evitando assim erros perseverantes (ou seja, manter-se numa mesma regra)
(Anderson, 2002). Logo subentende –se haver uma forte relação entre estes componentes.
Além da inibição, as tarefas que avaliam flexibilidade demandam memória de trabalho,
solicitando manutenção e atualização de informações. No presente estudo, foi constatado
uma relação moderada entre MT e FC. Em estudo anterior com crianças pré-escolares
(Dias & Minervino, 2016) não foi verificado relação entre os componentes MT e FC.
Provavelmente, devido as diferenças na estrutura das FEs no decorrer da idade.
Nota-se a relação entre CI e FC e destaca-se que para que haja um bom
desempenho em flexibilidade cognitiva é necessário que crianças obtenham êxito na
capacidade de inibição (Garon et al. 2008).
Salienta-se que a habilidade de atenção e o ano escolar influenciam de forma
significativa o desempenho em FC. Este dado sugere que não apenas a idade produz efeito
sobre o desenvolvimento das FEs mas também outros fatores biológicos e sociais.
Observou-se no presente estudo que crianças mais velhas, ou seja, com 11 anos
apresentam melhores níveis de FC do que as crianças mais novas. Esta evidência
corrobora com a literatura (Anderson, 2002; Cepeda, Kramer e Gonzales de Sather, 2001;
Crone, 2007; Crone et al. 2006; Garon et al., 2008; Somsen, 2007). Mas crianças mais
novas também são capazes de mudar com sucesso entre dois conjuntos de respostas
simples (Rennie, Bull, & Diamond, 2004).
63

Huizinga et al. (2006) investigaram a flexibilidade cognitiva através de três tarefas


computadorizadas de modo geral observou-se que adolescentes de 15 anos tem um
desempenho semelhante ao de jovens adultos, e estes apresentam significativa diferença
para crianças entre 7 e 11 anos. Igualmente, outros estudos (Towse & Maclachlan, 1999;
Davidson et al. 2006) encontraram melhora a partir dos 4 anos de idade até a adolescência.
É interessante pontuar que estes estudos encontraram diferentes trajetórias de
desenvolvimento (com relação ao tempo de reação e precisão de acerto) para esta
habilidade. Enfatizando a falta de consenso na literatura para o desenvolvimento das FEs.
Alguns estudos de neuroimagem apresentam que há atividade neural em várias
regiões do córtex pré-frontal e em outros locais à medida que a flexibilidade se
desenvolve. Rubia et al. (2006) relataram aumento da ativação nas regiões cinguladas
frontal, parietal e posterior inferior.

Considerações Finais
O presente trabalho teve como objetivo principal analisar o desenvolvimento das
funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva)
durante a infância. Logo, foram avaliadas crianças entre sete e onze anos de idade.
Constatou-se que há melhoria de desempenho, nos três componentes das funções
executivas, com a progressão da idade. Sendo assim, verificou-se que crianças de 11 anos
apresentam melhor funcionamento executivo do que as crianças mais novas. O mesmo
observa-se para crianças matriculadas em anos mais avançados. Então, as crianças que
pertencem ao 6º ano têm melhores médias em MT, CI e FC do que aquelas dos anos
iniciais. Neste estudo não foram constatadas evidências para a diferença de desempenho
entre meninos e meninas. Além disso, MT, CI, FC estão correlacionadas num grau de
magnitude moderado. Além de estarem inter-relacionadas, observa-se que há relação das
FEs com a inteligência e a capacidade de atenção. Apesar da idade ser um fator preditivo
importante para as FEs, destaca-se que o ano escolar tem maior efeito sobre as FEs.

.
64

REFERÊNCIAS

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68

CAPÍTULO 3
ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
NA INFÂNCIA
69

RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Análise multidimensional das funções executivas na


infância. In: Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de
Doutorado, Centro de ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa.

Funções executivas é um termo que abrange diversos componentes, dentre eles estão os
mais básicos: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. O
objetivo deste estudo é analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT,
FC) na infância. Parte-se da hipótese de que no início da infância as funções executivas
apresentam uma estrutura unifatorial. Com o avançar do desenvolvimento infantil, a
organização das funções executivas se modifica para uma estrutura bifatorial, ao término
da adolescência a estrutura modifica-se para trifatorial. Participaram deste estudo: 120
crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade média de 8,96 anos (dp = 1,42).
Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram distribuídas em cinco grupos,
correspondentes a suas idades, cada grupo com em média 20 crianças. Foram utilizados
os seguintes instrumentos: questionário sóciodemográfico, matrizes progressivas de
Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta e indireta, teste de cinco
dígitos, teste de trilhas, stroop versão victória. Foi utilizado o software SPSS para efetuar
as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências, porcentagens) e análise
inferencial: Manova. Foi utilizado o RStudio para realizar da análise confirmatória
exploratória (AFC). Como resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas
apresentam melhores índices de funções executivas. Começa-se a perceber diferenças de
desempenho a partir dos 8 anos. Para a amostra o modelo estrutural de melhor índice foi
bifatorial.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório,


flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, análise fatorial confirmatória
70

ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Multidimensional analysis of executive functions in


childhood. In: Developmental milestones of executive functions in childhood. PhD
Thesis, Center for Humanities, Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João
Pessoa.

Executive functions is a term that covers several components, among which the most
basic are: working memory, inhibitory control and cognitive flexibility. The aim of this
study is to analyze the organization of executive functions (CI, MT, FC) in childhood. It
starts from the hypothesis that in early childhood executive functions will have a one-
factor structure. With or advancing in child development, an organization of executive
functions will change to a two-factor structure, by the end of adolescence the modified to
three-factor structure. Participated in this study: 120 children of both sexes, between 7
and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd = 1.42). Being 47.5% male. As
children were divided into five groups, corresponding to their ages, each group with an
average of 20 children. The following instruments were used: somiodemographic
questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation attention test, direct and indirect
order digits, five-digit test, trail test and victorious version. SPSS software was used to
perform descriptive analyzes (media, standard deviations, frequencies, percentages) and
inferential analyzes: Manova. We used either the RStudio to perform exploratory
confirmatory analysis (CFA). As the main results are displayed as older children have the
best rates of executive functions. You start to notice performance differences from the
age of 8. For a sample or structural model of the best index, it was bifactorial.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive


flexibility, development, confirmatory factor analysis.
71

INTRODUÇÃO
O termo funções executivas (FEs) refere-se ao conjunto de processos mentais
complexos que são primordiais para o sucesso em várias áreas da vida como: manejo da
saúde, desempenho acadêmico, desenvolvimento sócio cognitivo (Diamond, 2013).
Os componentes básicos das FEs são: controle inibitório ou inibição (CI);
memória de trabalho (MT) e flexibilidade cognitiva (FC) (Lehto et al. 2003, Miyake et
al. 2000; Diamond, 2013). A inibição diz respeito ao autocontrole comportamental,
controle de interferências externas (atenção seletiva) e internas (cognitiva). A memória
de trabalho refere-se a capacidade de reter e manipular a informação num determinado
período de tempo. A flexibilidade cognitiva remete-se a capacidade de mudança, alternar
regras, tarefas.
Inúmeros estudos (Leon, et al., 2018; Brydges et al., 2014; Xu et al., 2013; Hughes
et al., 2009, dentre outros) apresentam evidências acerca da estruturação das funções
executivas durante a infância. Percebe-se que há diferenças na estrutura dos componentes
das funções executivas durante a infância. No entanto, não há consenso entre os estudos
sobre o modelo estrutural que predomina para cada idade.
Alguns modelos estruturais já foram analisados (Xu, et al., 2013):
 Um único fator: três fatores (MT, CI, FC) indistinguíveis;
 De dois fatores:
o CI e FC indistinguíveis e MT distinta
o FC e MT indistinguíveis e CI distinto
o CI e MT indistinguíveis e FC distinto
 Três fatores distintos mas correlatos (MT, CI, FC).
Os estudos que analisaram esta questão acerca das FEs não convergem para um
consenso, as evidências são variadas, e nota-se algumas diferenças significativas. De
acordo com Hughes et al (2009), crianças entre 4 e 6 anos apresentam estrutura de
funções executivas unifatorial, ou seja, não são distintas e sim indistinguíveis. A partir
dos sete anos a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva se distinguem, e tal
distinção persiste até a idade adulta (Huizinga, et al, 2006), apresentando assim uma
estrutura bifatorial. Em contrapartida, para St Clair Thompson (2006) e Brydges, et al
(2014), afirmam que a estrutura bifatorial ocorre aos nove anos, sendo distinguíveis os
fatores inibição e memória de trabalho. Observa-se que há progressão de estrutura de
fatores conforme o avançar da idade, havendo a evidência de uma estrutura unifatorial até
os nove anos.
72

Estudos (Shing, et al, 2010; Xu, et al, 2013; Pureza, et al, 2013) concluem que a
estrutura das funções executivas muda de forma gradual no decorrer do desenvolvimento.
Sendo assim, este estudo parte da hipótese que no início da infância as funções
executivas apresentam uma estrutura unifatorial, provavelmente esta organização
permaneça até os nove anos de idade. Com o avançar do desenvolvimento infantil, a
organização das funções executivas se modifica para uma estrutura bifatorial. Espera-se
que na faixa etária correspondente ao final da adolescência a estrutura das funções
executivas seja organizada de forma multifatorial. Deste modo, o objetivo principal deste
trabalho é analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT, FC) entre
sete e onze anos de idade.

MÉTODO

Este projeto apresenta delineamento fatorial, onde analisará a


organização/estrutura dos fatores das funções executivas (tabela 3).

Tabela 18. Modelos estruturais das funções executivas a serem testados (MT:
memória de trabalho, CI: controle inibitório, FC: flexibilidade cognitiva).
Modelos estruturais das funções executivas (Xu, et al, 2013)
1. Três fatores tores Três componentes distintos, mas correlatos
2. Único fator Três componentes sem distinção.

Dois fatores
3. Fator 1:MT MT distinta; CI e FC não se diferenciam
Fator 2: CI + FC
4. Fator 1: CI CI distinto; FC e MT não se diferenciam
Fator 2: MT FC
5. Fator 1: FC FC distinto, CI e MT não se diferenciam
Fator 2: CI+MT

Este projeto irá considerar como variáveis de interesse: memória de trabalho,


flexibilidade cognitiva e inibição; idade. Variáveis de controle: sexo, tipo de escola, ano
escolar, nível socioeconômico, escolaridade dos pais.
73

POPULAÇÃO E LOCAL DO ESTUDO


A população deste estudo será constituída por estudantes do ensino fundamental,
matriculados em escolas públicas municipais e particulares de João Pessoa, nos anos
escolares iniciais (1º ao 6º), de ambos os sexos.
Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2017),
no município de João Pessoa – PB, foram matriculadas, em 94 escolas públicas
municipais, cerca de 26.972 indivíduos. Nas 170 escolas particulares foram matriculadas
cerca de 25.156 alunos. Totalizando 52.130 crianças matriculadas entre o 1º e 6º ano (
tabela 2).

Tabela 19. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa,
PB por tipo de escola.
Tipo de escola
Ano escolar Pública Particular
1º 3.563 4.627
% do total 13,2
2º 3.707 4.297
% do total 13,7
3º 4.914 4.281
% do total 18,2
4º 4.660 4.126
% do total 17,3
5º 4.546 4.027
% do total 16,8
6º 5.582 3.800
% do total 20,7
Total 26.972 25.158
% total 100

A pesquisa foi executada nas escolas públicas e particulares da cidade de João


Pessoa – PB. Em ambiente a parte da sala de aula, estruturado com cadeiras, mesa,
ventilação e iluminação adequada.
74

Amostra
A amostra da pesquisa será selecionada conforme a técnica de amostragem por
conveniência. O tamanho da amostra fora escolhido de acordo com as indicações de
Comrey & Lee (1992), que classificam pelo menos 200 participantes como razoáveis.
Serão critérios de elegibilidade da amostra:
 Crianças entre 7 e 11 anos e 11 meses;
 Ambos os sexos;
 Regularmente matriculados;
 Assíduos;
 com déficits sensoriais ou físicos não corrigidos;
 que não apresente distorção série-idade;
 sem laudos neurológicos;
 transtornos de aprendizagem;
 sintomas de TDAH;
 escore abaixo do esperado nos testes de inteligência e atenção.
A amostra contou com 120 crianças, que foram divididas em cinco grupos de
idade (7 a 11 anos), a média de idade foi 8,96 anos (dp = 1,42). Todos estudantes assíduos
da rede municipal de ensino da cidade de João Pessoa – PB
75

Tabela 20. Caracterização da amostra


Idade f %
7 26 21,7
8 23 19,2
9 24 20
10 24 20
11 23 19,2
Sexo f %
Feminino 63 52,5
Masculino 57 47,5
Ano Escolar f %
1 7 5,8
2 25 20,8
3 18 15
4 28 23,3
5 21 17,5
6 21 17,5

Instrumentos
Questionário sócio demográfico: Questionário de fácil aplicação, com questões
objetivas de múltipla escolha, de fácil e rápido manejo. Conterá questões que
possibilitarão caracterizar os participantes, quanto a idade, sexo, dificuldades de
aprendizagem, sintomas para TDAH, além de determinar seu nível socioeconômico.
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial (MPCR): Aplicada a
faixa etária de 5 a 11 anos. Constituída por três séries de 12 itens: A, Ab e B. Os itens são
distribuídos em ordem crescente de dificuldade, onde a série posterior é mais difícil que
a anterior. Cada série é iniciada com itens fáceis, objetivando introduzir o individuo a um
novo tipo de raciocínio, que será exigido nos itens seguintes. Todos os itens consistem
por uma matriz ou desenho com uma parte em falta, abaixo do mesmo apresenta-se seis
alternativas distintas, sendo que apenas uma completa o espaço em branco. O individuo
precisa escolher uma das seis alternativas. A intenção do MPCR é analisar um dos
76

componentes do fator “g”, a capacidade edutiva relacionada à formação de novos insights


criativos e construto superior (Bandeira, et al, 2004).
Teste de atenção por cancelamento (TAC): Consiste em três matrizes impressas
com diferentes tipos de estímulos. A tarefa é assinalar (cancelar) todos os estímulos iguais
ao estímulo-alvo previamente determinado. A primeira parte do teste avalia atenção
seletiva e consiste em uma prova de cancelamento de figuras numa matriz impressa com
seis tipos de estímulos (cículo, quadrado, triângulo, cruz, estrela e retângulo), num total
de 300 figuras, dispostas de modo aleatório, onde a figura – alvo é indicada na parte
superior da folha.
A segunda parte avalia atenção seletiva num maior grau de dificuldade. A tarefa
é semelhante a primeira parte, no entanto, o estímulo-alvo composto por figuras duplas.
Nesta segunda etapa o individuo deve buscar um par de figuras geométricas. A terceira
parte avalia atenção seletiva com demanda de alternância, sendo necessário mudar o foco
de atenção a cada linha. Pois, o estímulo-alvo muda a cada linha, devendo ser considerada
como alvo a primeira figura de cada linha. O tempo máximo de execução para em cada
parte da tarefa pe de um minuto.
Para cada parte do TAC são computados três escores diferentes, a saber: (1)
número total de acertos – número de estímulos-alvo corretamente cancelados; (2) número
de erros – número de estímulos não alvo incorretamente cancelados; e (3) número de
ausências – número de estímulos alvo que não foram cancelados. Além disso há a
possibilidade de computar o escore total, ou seja, a soma de cada escore obtido em cada
parte do TAC. O teste pode ser aplicado de modo coletivo (Godoy, 2012).
Dígitos ordem direta e inversa: Este teste será retirado do WISC-IV quarta
edição da Escala de Inteligência para Crianças de David Wechsler, que tem por objetivo
avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes (6 a 16 anos). Este instrumento
é composto por 15 subtestes. Para esta pesquisa será utilizado o subteste memória de
dígitos na ordem direta e inversa. A ordem direta mede a memória auditiva sequencial. A
memória de dígitos na ordem inversa avalia a capacidade da memória de trabalho. O teste
fornece duas sequências numéricas, de 2 a 8 sequências de dígitos, para cada subteste de
memória (ordem direta e inversa). Será atribuído 0 ponto se o examinando errar ambas as
sequências, 1 ponto se responder corretamente uma das sequências e 2 pontos se acertar
ambas as sequências. Os escores para ordem direta e inversa são somados separadamente.
O escore máximo para o subteste na ordem direta é 16 pontos e 16 pontos para a ordem
inversa, somando ao total 32 pontos.
77

Teste de Cinco Dígitos: (Five Digits Test – FDT, Sedó, 2014) tem objetivo de
avaliar a velocidade do processamento, atenção e funções executivas (controle inibitório
e flexibilidade cognitiva). Trata-se de um instrumento não verbal, de aplicação individual,
que contempla a faixa etária de 6 a 92 anos de idade.
O FDT é uma tarefa numérica dividida em quatro etapas: leitura, contagem,
escolha e alternância. Em suma, as duas primeiras etapas do FDT envolvem
processamento atencional automático e velocidade do processamento. A terceira e quarta
etapa demanda processamento atencional controlado e fluidez verbal, envolvendo
funções executivas (controle inibitório e flexibilidade cognitiva). Para análise do
instrumento computa-se o tempo de reação da tarefa, erros cometidos, bem como os
escores de interferência (subtração do tempo de leitura, do tempo de escolha, e este do
tempo de alternância, dando origem aos escores de inibição e flexibilidade cognitiva)
(Oliveira et al., 2014).
Teste de trilhas (TT): O teste de trilhas parte A e B, avalia a atenção alternada e a
flexibilidade cognitiva. O teste é composto por duas partes. A parte A é composta por
duas folhas, uma para letras e outra para números. Ambas as folhas apresentam 12 letras
ou 12 números de A a M e de 1 a 12), dispostos aleatoriamente. O examinando deve ligar
as letras em ordem alfabética e os números em ordem crescente. A parte B, consiste em
letras e números randomicamente dispostos na folha. O examinando deve ligar os itens
em sequências alfabética e numérica. O instrumento computa 3 escores: (1) corresponde
a sequência, (2) corresponde às conexões e (3) escore total que corresponde à soma dos
outros dois (Montiel & Seabra, 2012).
Stroop versão victória: tem por objetivo avaliar o controle inibitório. É composto
por composto por 3 cartões, tamanho 12 cm x 20 cm (altura x largura), todos com 24
estímulos, nas cores verde, azul, vermelho ou amarelo. Os estímulos ficam dispostos em
4 colunas, com intervalo de 1,5 cm entre elas, e 6 linhas, intervalo de 1 cm (Ribeiro,
2011).
É composto por três cartões com retângulos impressos em cores padrão: verde,
vermelho, azul e amarelo. No primeiro cartão são apresentados retângulos nas cores
verde, azul, vermelho e amarelo. No segundo há palavras “cada, nada, nunca, tudo”
impressas nas cores verde, vermelho, azul e amarelo. O último cartão é composto por
nomes das cores “amarelo, verde, vermelho, azul” impressos em cores diferentes (ex:
“amarelo”, impresso em azul). A instrução para todos os cartões é a mesma, a criança
deve nomear rapidamente as cores. No primeiro e segundo cartão a criança deve nomear
78

rapidamente as cores dos retângulos e das palavras. No terceiro cartão, onde é observado
o efeito Stroop, a criança deve nomear as cores em que as palavras foram impressas, e
inibir a resposta prepotente de ler o nome das cores.
Durante toda a aplicação se registra o tempo de resposta cada cartão apresentado.
Calcula-se o efeito de interferência subtraindo o tempo de resposta do terceiro cartão pelo
tempo de resposta do segundo cartão (STRAUSS et al., 2006)

Procedimentos de coleta de dados


Os dados foram coletados em escolas públicas municipais da cidade de João
Pessoa (PB) após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),
pelos responsáveis dos alunos. Também foi solicitada a assinatura do termo de
assentimento (TA), pelos próprios estudantes consentindo a sua participação nesta
pesquisa. A bateria de avaliação foi dividida em três etapas, a saber: (1) questionário sócio
demográfico; (2) avaliação da atenção e inteligência e; (3) avaliação das funções
executivas.
Na primeira etapa foi preenchido, pela pesquisadora responsável, junto a
administração da escola o questionário sociodemográfico. Na segunda etapa, foram
aplicados os testes que avaliam atenção e inteligência: matrizes coloridas de Raven e
TAC. Na terceira etapa foram aplicados os instrumentos que avaliam as funções
executivas.
Cada etapa durou cerca de 40 minutos. A segunda e terceira etapa foram realizadas
em ambiente a parte da sala de aula, de forma individualizada. Entre a segunda e terceira
etapa houve um intervalo de 24 horas, para evitar efeitos de fadiga por parte dos
participantes.
Foram treinadas para aplicação três pesquisadoras. Tendo em vista que os
instrumentos utilizados eram em versão “lápis e papel” todo o material (folhas de
resposta, lápis comum, borracha) foram disponibilizados pelos aplicadores.
79

Procedimentos de análise de dados


As análises foram realizadas com o auxílio do pacote estatístico Statistical
Package for the Social Sciences – SPSS (versão 21.0 para Windows) e o Rstudio. Para
atender aos objetivos foram efetuadas análises estatísticas descritivas: aferição de
frequência absoluta, porcentagens, médias, desvios padrão. Foi utilizada a seguinte
estatística inferencial além da Manova para diferenças de médias e post hoc de bonferroni:

1. Modelagem de equação estrutural (MEE): que permite testar modelos


teóricos da relação das variáveis latentes (MT, CI, FC) – modelos
estruturais. Esta testagem foi realizada através da análise confirmatória
exploratória (CFA).
- Índices de ajuste da CFA:
Qui-quadrado (X²): índice de ajuste absoluto que indica a discrepância
entre o modelo S e o modelo Ʃ.
Qui quadrado dividido pelos graus de liberdade (X²/df): índice de ajuste
absoluto que considera os graus de liberdade devido a sensibilidade do qui
quadrado
Erro quadrático médio de aproximação (RMSEA): índice de ajuste
absoluto que mostra a qualidade de ajuste de covariância da amostra e do
modelo à matriz de covariância
Comparative fit index (CIF): índice de ajuste comparativo, um ajuste
incremental, que mostra se e em que medida a qualidade do ajustamento
do modelo modelo S e o modelo Ʃ
Os modelos serão considerados de bom ajuste quando: X² apresentar p >
0.05; X²/df entre 1 e 3; RMSEA < 0.06; CFI >=0.90.

Procedimentos éticos
Os procedimentos éticos foram baseados nas diretrizes da resolução nº 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde/MS e suas Complementares, outorgada em 13 de Junho de
2013. Com finalidade de assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
científica, ao(s) sujeito(s) da pesquisa e ao Estado, e a Resolução/UFPB/CONSEPE.
Vale salientar que este estudo faz parte de um projeto de pesquisa “guarda-chuva”,
intitulado Funções Executivas na Infância, que foi apreciado e aprovado pelo comitê de
80

ética do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba sob número de


CAAE 12234619.7.0000.8069.
Além da permissão do comitê de ética e da anuência dos diretores das escolas
públicas, foi solicitado aos pais prévia autorização para participação dos seus filhos,
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As
crianças que aceitaram fazer parte do estudo, por meio de assinatura do Termo de
Assentimento (TA), tiveram seus nomes substituídos por nomes fictícios, de maneira que
não houve constrangimento para os sujeitos amostrais envolvidos na pesquisa.
Esta estudo apresentou riscos de fadiga, cansaço e desmotivação para os seus
participantes. Mas que foram amenizados com a divisão da coleta de dados em três etapas
e com intervalo de pelo menos 24 horas entre cada etapa. Ressalta-se que, todas as
crianças participaram do estudo de modo voluntário, sendo assim não existiu nenhum tipo
de premiação ou pagamento em troca dos dados que foram coletados.
As crianças foram instruídas que poderiam desistir a qualquer tempo de sua
participação na pesquisa, bem como os responsáveis poderiam desistir de ceder os dados
já coletados. Caso ocorresse qualquer desistência, os dados coletados referentes ao(s)
desistente(s) não seriam utilizados nas análises estatísticas e, consequentemente nas
futuras publicações científicas.

RESULTADOS

Tabela 21. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11


anos)
7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos Manova
Tarefas M(DP) M(DP) M(DP) M(DP) M(DP) F P
Trilhas 9,9 (3,64) 13,5 13,3 15,4 13,51 <0,001
7,5 (3,71)
(3,64) (3,60) (4,28)
Flexibilidade 76,8 57,8 45,3 40,7 40,0 18,90 <0,001
Fdt* (20,77) (19,79) (15,26) (17,03) (14,14)
Stroop* 10,7 14,4 9,0 11,7 11,9 0,36 0,87
(12,38) (10,16) (5,51) (6,53) (7,14)
Inibição* 58,9 44,7 34,5 38,9 32,4 7,97 <0,001
FDT (23,55) (13,53) (9,73) (22,11) (11,37)
81

Dígitos 10,5 10,8 12,4 12,33 13,5 8,83 <0,001


(2,24) (2,36) (2,06) (2,27) (2,04)
*Variável mensurada em tempo de reação (segundos)

As análises descritivas não apresentam diferenças a nível significativo para o


gênero. Logo, entende-se que o desempenho de meninas e meninas nas tarefas que
mensuraram FEs não foram diferentes.

No entanto, nota-se (tabela 21) que há diferenças entre desempenhos no progredir


da idade. Estas diferenças são estatisticamente significativas. Análises de post hoc
Bonferroni indicam que para tarefa de Trilhas as diferenças de desempenho começam a
surgir entre 8 e 9 anos. Sendo assim não os desempenhos não são significativamente
diferente entre 7 e 8; 10 e 11 anos. A medida de flexibilidade do FDT apresenta
evidências diferentes: observa-se diferença significativa entre 7 e 8 anos. Nos demais
pares de grupos não há diferenças significativas.

As análises post hoc revelaram que não há diferenças entre os pares de grupos
para a tarefa de stroop. Nem mesmo entre os grupos de idade extremos (7 e 11 anos).
Divergente do que é observado na medida de controle inibitório do FDT, onde evidencia-
se diferenças significativas a a partir dos 8 anos. O teste de dígitos não apresenta
diferenças de desempenho a partir dos 9 anos.

Análise fatorial confirmatória (AFC)


As análises fatoriais confirmatórias foram realizadas no programa RStudio por
meio do pacote lavaan. Utilizou-se o método Maximum Likelihood (ML) para estimação
dos índices de qualidade de ajuste.
A AFC foi realizada para avaliar se a estrutura fatorial do desempenho em funções
executivas nos grupos foi a mesma. Com base na literatura foram estabelecidos os
melhores modelos para a amotra como um todo (7 a 11 anos).
Os resultados evidenciaram que o melhor ajuste foi o modelo bifatorial controle
inibitório e flexibilidade cognitiva (tabela 22), sugerindo que as funções executivas tem
como estrutura um primeiro fator: flexibilidade cognitiva; e um segundo fator: controle
inibitório e memória de trabalho são indistinguíveis.
82

A comparação de modelos revelou que além do modelo bifatorial (CI e FC) o


modelo fator geral também apresentou melhores índices de ajuste. Este dado indica que
subjacente a estrutura das FEs há um fator geral.
Nesta situação deve-se utilizar o principio da parcimônia e optar pelo modelo mais
simples, com CFI menor. Sendo assim, o modelo fatorial com melhores índices
explicativos para esta amostra seria bifatorial.

Tabela 22. Índices de análise fatorial confirmatória para amostra geral


Modelos X² gl GFI CFI RMSEA (IC 90%) SRMR
Unifatorial 18,81 5 0,94 0,92 0,152 (0,08- 0,22) 0,07
Trifatorial 15,72 3 0,95 0,92 0,188 (0,10-0,25) 0,06
Fator Geral 15,28 0 0,95 0,93 0,000 0,05
FC e CI + MT 16,14 4 0,95 0,91 0,159 (0,08 – 0,24) 0,06

CI e FC + MT 18,75 4 0,94 0,91 0,175 (0,10-0,25) 0,07

MT e FC +CI 18,81 5 0,94 0,92 0,152 (0,08- 0,22) 0,07

As Figuras de todos os modelos com as respectivas cargas fatoriais são


apresentadas a seguir.

Figura 3: Modelo Unifatorial


83

Figura 4: Modelo bifatorial FC e CI + MT

Figura 5: Modelo bifatorial CI e FC + MT

Figura 6: Modelo bifatorial MT e FC +CI

Figura 7: Modelo trifatorial


84

Figura 8: Modelo Fator Geral

Em seguida, para avaliar se o modelo o modelo bifatorial era aplicável a cada


grupo de idade, foi executado um modelo de invariância para comparação de vários
grupos. Seguindo a hipótese de que a estrutura fatorial das FEs muda conforme a
progressão da idade (tabela 23).

Tabela 23. Síntese de índices de ajustamento para testar a invariância do modelo.


x² df CFI RMSEA ∆x² ∆CFI
Idade
7 a 9 anos 8,66 4 0,94 0,126
10 a 11 anos 10,99 4 0,90 0,193
Configural 19,65 8 0,922 0,156
Métrica 20,68 11 0,935 0,121 1,02 0,013
Escalar 31,63 14 0,882 0,141 10,94 0,053

Os resultados da análise fatorial confirmatória multigrupos evidenciam o modelo


possui propriedades psicométricas configural e métrica invariantes em relação a idade dos
participantes. Entretanto houve variância escalar, resultando numa Invariância parcial do
modelo, que por sua vez, não compromete totalmente a comparação entre os grupos
(Byrne, 2010).
85

DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo analisar a organização estrutural das
funções executivas (CI, MT, FC) na infância. Logo, foi administrada uma bateria de
instrumentos que mensuravam memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade
cognitiva, em uma amostra de crianças entre sete e onze anos.
Os resultados da análise fatorial confirmatória indicaram que de forma global os
melhores modelos que caracterizam a estrutura fatorial das FEs em crianças entre 7 e 11
anos é o modelo bifatorial, com os seguintes fatores:
1. Flexiblidade cognitiva
2. Controle inibitório e Memória de trabalho indistinguível (FC e CI +MT).
Os resultados da análise fatorial confirmatória entre as faixas etárias indicaram
que com a progressão da idade que não há diferenças de estrutura das funções executivas
entre as idades, mantendo-se o mesmo achado para a amostra total.
A maioria dos estudos que analisaram a estrutura fatorial das funções executivas
encontraram uma estrutura de dois fatores (Lee, et al. 2013; Huizinga, et al. 2006;
Monette et al 2015). No entanto, a configuração das estruturas bifatoriais encontradas
divergem entre os estudos.
A estrutura bifatorial composta pelos fatores flexibilidade cognitiva e controle
inibitório indistinguível da memória de trabalho (FC e CI + MT) comprovada neste
estudo, é semelhante a outros estudos que analisaram, respectivamente a estrutura das
FEs em crianças de 6 e 7 anos (ven Der vem, et al. 2012); pré-escolares (Monette et al.
2015) e crianças de 11 e 12 anos (St Clair Thompson et al. 2006).
Geralmente a MT e a CI são suporte um do outro e por isto co-ocorrem. A MT é
base para CI visto que para agir em oposição a uma tendência inicial é necessário manter
e articular com as informações na mente, analisando se elas são apropriadas e o que deve
ser inibido. Articulando a memória de trabalho é provável que se diminua a probabilidade
de um erro inibitório (Diamond, 2013).
O controle inibitório também pode ajudar MT: 1) ajudando a impedir confusões
nas representações mentais, suprimindo pensamentos (ou seja, excluindo informações
irrelevantes do espaço de trabalho da MT); 2) resistindo à interferência proativa,
excluindo informações não relevantes do espaço de trabalho com capacidade limitada
(Zacks & Hasher 2006).
No entanto, os resultados referentes à análise fatorial confirmatória deste trabalho
diferem de outros estudos, que apesar de evidenciarem uma estrutura bifatorial divergem
86

quanto aos fatores que emergiram. Alguns estudos verificaram dois fatores: memória de
trabalho e controle inibitório, ao avaliarem crianças entre 6 e 13 anos (Brocki & Bohlin,
2004); pré escolares (Usai et al 2013); e aos 10 anos (Brydges et al 2014).
Outros estudos averiguaram a estrutura bifatorial com os fatores: memória de
trabalho e flexibilidade cognitiva, ao analisar crianças entre 9 e 12 anos (van der Sluis et
al 2007), e entre 7 e 11 anos (Huizinga, et al. 2006).
Demais estudos, constataram estrutura unifatorial das funções executivas durante
a infância, mas para diversas faixas etárias, como Brydges et al 2014 ao analisar crianças
entre 8 e 9 anos, Brydges et al 2012 ao analisar crianças entre 7 e 9 anos, Xu et al 2013
ao analisar crianças entre 7 e 13 anos, e Wiebe et al 2011 ao analisar crianças aos 3 anos.
A estrutura trifatorial, que distingue os fatores memória de trabalho, controle
inibitório e flexibilidade cognitiva, semelhante a encontrada em Miyake, et al (2000) é
verificada ao fim da infância e na adolescência (Xu et al 2013, Lehto et al 2003, Lee et al
2013, Huizinga et al. 2006).
Estudos longitudinais, indicam para uma mudança na estrutura dos fatores durante
a infância. O que revela o desenvolvimento das funções executivas, visto que no inicio
da infância observa-se uma estrutura unifatorial, e ao término da infância estrutura
trifatorial (Lee et al 2013; Xu et al 2013; Brydges et al 2014).
Alguns estudos refletem essas diferenças nos achados científicos devido as tarefas
e métodos utilizados nas investigações. Devido a impureza das tarefas e a variedade de
métodos os resultados seriam diversos e discordantes (van Der Sluis et al 2007; ven Der
ven et al 2012). Outros estudos associam esses achados aos aspectos neurofisiológicos
subjacente as funções executivas (Monette et al 2015).
Sabe-se que o desempenho em FEs está estreitamente associado ao funcionamento
do córtex pré-frontal (CPF), assim como o seu desenvolvimento está diretamente
associado ao desenvolvimento do CPF (Garon, 2008). Após os 11 anos o CPF passa por
mudanças a nível estrutural e funcional. Alguns estudos de neuroimagem demonstraram
que a massa cinzenta no CPF aumenta ao longo da infância obtendo seu tamanho limite
aos 12 anos. Funcionalmente o CPF se ativa a partir de demandas executivas entre 9 e 12
anos (Durston, et al. 2006). Provavelmente, estas mudanças que o CPF sofre estão
relacionadas as mudanças estruturais das FEs, no que diz respeito a separabilidade dos
três componentes básicos (MT, CI, FC).
87

Considerações Finais

Este estudo teve como objetivo analisar a organização estrutural das funções
executivas (CI, MT, FC) em crianças entre 7 e 11 anos. Os resultados da análise fatorial
confirmatória revelaram que o modelo estrutural para esta faixa etária é o bifatorial onde
distingue-se flexibilidade cognitiva e controle inibitório. Ressalta-se que o fator controle
inibitório apresenta-se como indistinguível da memória de trabalho. Revelando deste
modo o suporte mútuo entre CI e FC.
88

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90

CAPÍTULO IV
CONCLUSÃO GERAL
91

O principal objetivo deste trabalho foi analisar o desenvolvimento estrutural das


funções executivas. Deste modo, o estudo foi organizado em três etapas:
1. Abordagem teórica da temática estudada;
2. Análise de desempenhos das FEs durante a infância
3. Análise multidimensional das FEs durante a infância.
Para atender a proposta deste estudo foi aplicada uma bateria de testes em crianças
de 7 a 11 anos, todas estudantes de escolas públicas da cidade de João Pessoa – PB. As
crianças executaram tarefas que mensuravam memória de trabalho, controle inibitório e
flexibilidade cognitiva.
Dentre os resultados que se destacam estão:
a) Melhoria das FEs com a progressão da idade
b) Influência significativa do ano escolar e da habilidade de atenção sobre o
desempenho em FEs
c) Os três componentes das FEs que foram avaliados estão moderadamente
correlacionados, principalmente FC e CI.
d) A única tarefa que não apresentou diferenças significativas entre os grupos de
idade foi Stroop, que mensura inibição.
e) Em crianças de 7 a 11 anos o modelo estrutural que melhor se ajustou foi o
modelo bifatorial, onde se evidenciam dois fatores: Flexibilidade Cognitiva e
Controle Inibitório indistinguível da Memória de trabalho.
f) A estrutura fatorial observada para a amostra geral não é diferente para os
grupos de idade.
Ressalta-se o último achado desta tese. Inúmeros estudos buscam sobre evidências
acerca do modelo estrutural das funções executivas na infância. No entanto, há nos
estudos, uma variedade significativa de tarefas, métodos e faixa etária das amostras.
Todos estes pontos contribuem para que haja uma ampla discussão sobre a estrutura das
funções executivas em crianças.
Diante das discussões presentes neste trabalho, concorda-se com a hipótese de que
há uma progressão estrutural das funções executivas no decorrer do desenvolvimento.
Sendo inicialmente uma estrutura unifatorial, onde os três fatores são indistinguíveis,
passando para uma estrutura bifatorial, sempre composta por dois componentes e tendo
um terceiro indistinguível a um dos fatores; avançando para uma estrutura trifatorial, onde
todos os três componentes são separados e distinguíveis. Em idades da fase adulta as FEs
92

têm característica multifatorial, onde além dos componentes básicos, são identificados
outros componentes considerados mais complexos, como raciocínio e planejamento.
Mas diante a diversidade de achados que a literatura com este estudo constata que
crianças de sete a onze anos tem estrutura bifatorial das funções executivas, sendo esta
composta por FC e CI. Onde a memória de trabalho passa a dar suporte à inibição. Além
do mais, o nível de escolaridade da criança tem influência preponderante no
desenvolvimento das FEs. Os estudos que tratam da avaliação estrutural das FEs na
infância consideram a idade. No presente estudo observou-se que a série tem um valor
preditor maior do que idade. Pode ser possível que esta variabilidade de evidências que
culminam numa discordância científica sejam decorrentes diferenças sociais, dentre elas
a escolaridade.
A habilidade de atenção seletiva tem importante influência sobre o desempenho
de FEs, neste estudo este fato foi comprovado. Tendo em vista a importância da
capacidade de atenção sobre as FEs, é possível que ela interfira no seu desenvolvimento
estrutural. Estudos como os de Stedron et al. 2005 demonstram que bom desempenho em
atenção seletiva pode ocasionar melhorias na MT.
Uma limitação importante neste estudo foi a origem da amostra. Os pesquisadores
não obtiveram acesso a escolas particulares. E a coleta de dados precisou limitar-se as
escolas públicas, sendo a maioria dos estudantes advindos de baixo nível socioeconômico
e com certo risco de vulnerabilidade.
Alguns estudos apresentam dados referentes ao nível socioeconômico e o
desenvolvimento das FEs, revelando assim, uma influência negativa do primeiro para
com o segundo, especialmente para memória de trabalho e controle inibitório. A maioria
das crianças que foram avaliadas neste estudo, apesar de consideradas dentro do
desenvolvimento típico, obtiveram certa dificuldade na tarefa de Stroop. Provavelmente
devido ao seu caráter verbal, observado através da utilização de palavras e,
consequentemente, exigir a leitura automatizada.
Os dados que foram apresentados neste estudo são imprescindíveis para
compreensão do desenvolvimento das funções executivas. Principalmente por haver
grande discordância sobre este aspecto das FEs. A partir do entendimento de como este
construto muda durante a infância se é capaz de estabelecer formas de avaliação mais
adequadas.
Observou-se nesse estudo uma limitação significativa dos participantes na tarefa
de Stroop, devido a sua característica verbal. A maioria das crianças, apesar de
93

caracterizadas como desenvolvimento típico e, consequentemente sem indícios para


transtornos de aprendizagem, não tinham a leitura automatizada. Sendo assim, o teste de
Stroop que avalia o controle inibitório não cumpriu com eficiência sua função. O
desempenho inesperado no teste de Stroop, no caso desta amostra, não indica um baixo
desempenho, pois nota-se que na outra medida para CI (FDT) os resultados foram
adequados. A principal diferença entre os dois testes é a complexidade do uso da
linguagem escrita. Enquanto que o Stroop é formado por palavras, o FDT é constituído
por números (1 a 5).
Logo, ressalta-se a importância de formular protocolos de avaliação que
contemplem testes verbais e não-verbais, afim de que não haja uma interpretação
equivocada dos resultados. Os protocolos seriam escolhidos a partir de procedimentos
específicos realizados na triagem, com a finalidade de perceber se a criança possui
habilidades linguísticas adequadas para sua idade ou não.
Vale salientar, que a avaliação de crianças entre sete e onze anos devem
contemplar a mensuração da habilidade do controle inibitório e da flexibilidade cognitiva
como prioridades. Além disso, é de suma importância o desenvolvimento de testes com
normas para escolas públicas, tendo em vista que o acesso aos estudantes advindos deste
tipo de escola é mais fácil e eles são a maioria da população estudantil.
Considerando a escola como um importante espaço de socialização e
desenvolvimento, é essencial que o currículo escolar abarque atividades que estimulem
intencionalmente a capacidade de atenção, tendo vista que esta é um importante preditor
para o desempenho das FEs. Bem como a memória de trabalho, visto que esta serve de
suporte para a habilidade de controle inibitório e ambas, auxiliam o desenvolvimento da
flexibilidade cognitiva.
Vale ressaltar a importância para que estudos futuros contemplem a análise da
estrutura de desenvolvimento das FEs sob outros aspectos que não exclusivamente a
idade, tendo em vista que outros fatores cognitivos e sociais influenciam de modo
preponderante as FEs.
Estudos futuros serão executados afim de solucionar questões como:
 Qual a estrutura das FEs considerando características sociais como o nível
de escolaridade?
 Há diferenças de estruturas das FEs entre crianças que são expostas a
demandas executivas e as que não são?
 Qual a estrutura das FEs quando considera-se a capacidade atencional?
94

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101

ANEXOS
Universidade Federal da Paraíba 102

Centro de Educação

Núcleo de Estudos em Saúde Mental, Educação e Psicometria


(NESMEP)

58051-900 João Pessoa, PB

Telefone +55 (83) 32167476

E-mail: nesmep.ufpb@gmail.com

TERMO DE ASSENTIMENTO PARA PARTICIPANTE MENOR DE IDADE


Prezado (a) Participante,

Esta pesquisa é sobre Funções executivas na infância e está sendo desenvolvida por
Émille Burity Dias aluna de doutorado do programa de pos graduação em neurociência cognitiva
e comportamento da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação do(a) Prof.(a) Carla
Alexandra Da S. Moita Minervino.
O objetivo do estudo é analisar a relação entre os componentes das funções
executivas (Memória de Trabalho, Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva. A finalidade
deste trabalho é contribuir para comunidade científica, permitir o acesso, estimular troca de ideias
e opiniões referentes à comunidade acadêmica ou não acadêmica sobre o desenvolvimento das
funções executivas na infância.
Solicitamos a sua colaboração para responder algumas atividades, dentro de 30 minutos,
como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de
saúde e publicar em revista científica nacional e/ou internacional. Por ocasião da publicação dos
resultados, seu nome será mantido em sigilo absoluto. Informamos que essa pesquisa não
apresenta riscos!
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, você não é obrigado
(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador (a).
Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não
sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição
(se for o caso). Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que
considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

______________________________________
Assinatura do (a) pesquisador (a)

Eu aceito participar da pesquisa, que tem o objetivo analisar a relação entre os


componentes das funções executivas (Memória de Trabalho, Controle Inibitório e Flexibilidade
Cognitiva). Entendi os coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer. Entendi que posso dizer
“sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e desistir sem que nada me
103

aconteça. Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus pais e/ou
responsáveis. Li e concordo em participar como voluntário da pesquisa descrita acima. Estou
ciente que meu pai e/ou responsável receberá uma via deste documento.

João Pessoa, ____de _________de _______

Impressão dactiloscópica

__________________________________
Assinatura do participante (menor de idade)

Contato com o Pesquisador (a) responsável: nesmep.ufpb@gmail.com

Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o (a) pesquisador (a)
Émille Dias Telefone 83 981621078 ou para o Comitê de Ética do Hospital Universitário Lauro
Wanderley -Endereço: Hospital Universitário Lauro Wanderley-HULW – 2º andar. Cidade Universitária.
Bairro: Castelo Branco – João Pessoa - PB. CEP: 58059-900. E-
mail:comitedeetica.hulw2018@gmail.com - Campus I– Fone: 32160-7964
104

Questionário Sócio Demográfico Nº _________


Nome Idade
Sexo Data de nascimento
Escola ( ) pública ( ) privada
NSE: ( ) alto ( ) médio ( ) baixo Ano escolar:
Nº irmãos
Pai Escolaridade
Mae Escolaridade
Usa óculos? Usa aparelho auditivo?
É repetente? Possui problemas neurológicos?

Aprende as coisas na escola? Tem Na média Tem


dificuldade facilidade
Organiza-se bem? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Mantém atenção? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
É inteligente? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Entende o que lê (frases e pequenos Tem Na média Tem
textos)? dificuldade facilidade
Sabe calcular? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Reconhece números de 1 a 12? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Reconhece o alfabeto de A a L? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Sabe escrever palavras simples? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade
Sabe ler palavras simples? Tem Na média Tem
dificuldade facilidade

Data da aplicação
Parte 1 (questionário, tac, raven)
Parte 2 (digit span, letras e números, fdt, tt, stroop)
105

Teste de Stroop versão victória


106

Gráficos gerados pelo R

Modelo Unifatorial

Modelo trifatorial
107

Modelo bifatorial 1

Modelo de segunda ordem (deu o mesmo do modelo bifatorial)


108

Modelo bifactor

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