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Osmar Fávero
Eliane Ribeiro Andrade
Nesta aula, vamos conversar sobre as políticas públicas para a Educação
de Jovens e Adultos e como essa modalidade de ensino tem sido relegada
por diferentes administradores da Educação. Contaremos a vocês algu-
mas experiências que vêm sendo desenvolvidas por governos estaduais e
municipais, por organizações da sociedade civil e por universidades.
Pouco tem sido feito para melhorar o atendimento de jovens e adultos nesses
cursos regulares noturnos. Um dos grandes desafios enfrentados pelas redes
municipais é a elaboração e a implantação de projetos político-pedagógicos que
atendam satisfatoriamente jovens e adultos trabalhadores. Apesar de algumas
iniciativas consistentes, articuladas a projetos educativos inovadores, a grande
maioria dos municípios, além de encontrar imensa dificuldade em dar conta do
atendimento, não consegue romper com os modelos do ensino regular para a
infância.
As diretrizes curriculares
A partir de ampla consulta a representantes dos órgãos normativos e execu-
tivos dos sistemas, das várias entidades educacionais e associações científicas e
profissionais da sociedade civil hoje existentes no Brasil, o parecer que estabele-
ceu as diretrizes curriculares para a Educação de Jovens e Adultos significou um
avanço no campo democrático da elaboração de políticas da EJA no Brasil.
Os fóruns e os encontros
nacionais de Educação de Jovens e Adultos
Como estratégia de resistência frente às dificuldades enfrentadas, os educa-
dores de jovens e adultos estão construindo um movimento nacional, articula-
do pelos fóruns estaduais e pela realização de encontros nacionais de EJA. Os
participantes desses encontros – representantes de organizações não-governa-
mentais, universidades, movimentos sociais, secretarias municipais e estaduais
de Educação dos diversos Estados brasileiros, Senai, Senac, e sindicatos – ma-
nifestaram indignação com a não-implementação de uma política educacional
que contemple efetivamente a Educação de Jovens e Adultos como modalidade
da Educação Básica.
Atua por meio de parcerias entre o MEC – Conselho de Reitores das Universi-
dades Brasileiras (CRUB), universidades, empresas privadas e comunidades dos
municípios selecionados. Cada parceiro contribui conforme sua área: as univer-
sidades com recursos técnicos e humanos; as comunidades com recursos huma-
nos; o governo e as empresas com recursos financeiros.
A cada módulo, que tem a duração de seis meses, novas turmas de alfabetiza-
dores são formadas. Este procedimento não permite acumulação de conheci-
mentos por parte daqueles que já passaram pela formação inicial, provocando
um eterno recomeçar e reforçando a impressão de que o programa também pre-
tende atenuar o grave problema do desemprego, sobretudo entre os jovens.
O PAS parece ter um modelo inalterável, pois apesar das numerosas avalia-
ções críticas que sofreu por parte de algumas universidades que dele se desli-
garam e pela própria avaliação interna, considerada um fator de avanço, quase
nada foi modificado em termos de estrutura e modo de funcionamento.
O programa Integrar
O programa Integrar surgiu na atual conjuntura de transformação do mundo
do trabalho e da sociedade: automação, globalização, precarização, mudança nas
forças produtivas, desemprego estrutural. Os principais motivos de sua criação
foram as questões que tal panorama fazia emergir entre os trabalhadores: perda
da autoestima e da confiança, culpabilização, graves dificuldades de prover a so-
brevivência, baixa escolaridade etc., nasce como um projeto de Educação Básica
e requalificação dos trabalhadores metalúrgicos desempregados, tentando dar
uma resposta ao crescente desemprego no Brasil, agravado a partir de 1995, e
com a intenção propositiva de atenuar os seus efeitos entre os trabalhadores.
1
Dados veiculados em Informação em rede. São Paulo: Ação Educativa, outubro de 2000, ano 4, n. 30.
2
Tomamos emprestado o termo para qualificar os problemas levantados na EJA como: aligeiramento, aceleração, má qualidade do ensino, falta de
definição explícita na origem dos recursos destinados à EJA etc.
colaridade a todos os alunos de EJA, boa parte deles não conseguiria trabalho
e muito menos emprego. Isso demonstra que o problema maior não é a baixa
escolaridade para a entrada no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo,
mas uma profunda mudança estrutural nas condições de produção e reprodu-
ção da vida em sociedade, no atual estágio do capitalismo, em que o problema
do desemprego é bem mais complexo. A exigência de escolaridade cada vez
maior, inclusive para o exercício de atividades que necessariamente não depen-
dem dela, como é o caso do economista, que é selecionado para o cargo de
digitador ou do porteiro de prédio que precisa ter o Ensino Médio, acaba ser-
vindo como elemento de controle e dominação em um mercado cada vez mais
excludente. (ANTUNES, 1999).
sibilidade de uso social das mesmas com autonomia. Embora saibamos que a
qualidade do ensino precisa urgentemente melhorar, também sabemos que
não é necessariamente essa melhora que possibilitará a todos acesso a emprego
ou trabalho.
Celso Beisiegel (2000) faz interessante análise da redefinição das políticas pú-
blicas da União em relação à EJA. A concentração de esforços e recursos para
o Ensino Fundamental de crianças e a ausência de prioridade com a EJA foi se
confirmando ao longo da década de 1990. O deslocamento da responsabilidade
com a Educação Infantil e com o Ensino Fundamental para os municípios, e do
Ensino Médio para os Estados e a competência da União em “garantir equaliza-
ção de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade de ensino
Descontinuidade e falta
de integração das políticas públicas
A intenção de cada governo imprimir sua marca original nos programas, sem
considerar o que, nas gestões anteriores, foi bem-sucedido ou tem possibilidade
de continuar, gera um eterno recomeçar que dificulta um acúmulo substancial e
acarreta um desperdício de recursos.
Texto complementar
Atividades
1. O Governo Federal lançou em 2008 o ProJovem para melhorar o atendimen-
to educacional. Registre as características deste programa federal.
Dicas de estudo
Se você deseja saber mais sobre o ProJovem, acesse o site <www.projo-
vem.gov.br/2008>. É uma página da Presidência da República, em que você
poderá obter todas as informações sobre esse programa e ainda cadastrar
o seu e-mail para receber as novidades sobre as ações políticas a ele relaciona-
das, que estão ocorrendo em todos os estados brasileiros.