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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Licenciatura em Matemática
Trabalho de Conclusão de Curso

A MATEMÁTICA DESCRITA NO PAPIRO DE RHIND

Autor: Rafael Hamilton de S. Aguiar


Orientador: Sinval Braga de Freitas

Brasília - DF
2012
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RAFAEL HAMILTON DE SOUSA AGUIAR

A MATEMÁTICA DESCRITA NO PAPIRO DE RHIND

Artigo apresentado ao curso de graduação em


Matemática da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção
do Título de Licenciado em Matemática.

Orientador: Sinval Braga de Freitas

Brasília
2012
3

Artigo de autoria de Rafael Hamilton de Sousa Aguiar, intitulado “A MATEMÁTICA

DESCRITA NO PAPIRO DE RHIND”, apresentado como requisito parcial para obtenção do

grau de Licenciado em Matemática da Universidade Católica de Brasília, em 27 de novembro

de 2012, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

_____________________________________________________
Prof. MSc. Sinval Braga de Freitas
Orientador
Matemática – UCB

_____________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Manoel Gomes de Sousa
Matemática - UCB

_____________________________________________________
Prof. Esp. Demosthenes Bittencourt Júnior
Matemática – UCB

Brasília
2012
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A MATEMÁTICA DESCRITA NO PAPIRO DE RHIND

RAFAEL HAMILTON DE SOUSA AGUIAR

Resumo:

O presente trabalho tem por finalidade elucidar alguns dos problemas encontrados no papiro
de Rhind. A análise desses problemas foi feita por meio da organização dos principais
conteúdos e suas respectivas questões. Nessa análise destacam-se o uso de frações unitárias,
as operações de multiplicação e divisão egípcia, resolução de equações lineares pelo método
da falsa posição, área e volume de figuras geométricas, progressões, ideias de
proporcionalidade e tabelas com valores usados nos cálculos pelos egípcios. Todo esse
processo tem o intuito de expor de maneira sucinta como se davam os conhecimentos
matemáticos no antigo Egito, principalmente na resolução de questões do cotidiano do povo.
Com isso, pode-se concluir que mesmo tendo métodos antigos e até mesmo complexos,
alguns algoritmos egípcios são aplicáveis na resolução de problemas atuais.

Palavras-chave: Egito. Matemática. Papiro de Rhind. Problemas. Escriba.

1. INTRODUÇÃO

Quando se estuda a matemática do antigo Egito são citadas diversas informações a


respeito de registros matemáticos primitivos encontrados nessa região, tais como tabuletas de
barro, pedras e papiros. Estes servem como fonte de conhecimento matemático e auxílio para
pesquisadores e estudiosos da área, para melhor entendimento da metodologia utilizada
naquela época.
Diante desse contexto, percebe-se que em estudos de sala de aula ou em alguns
materiais de pesquisa, o detalhamento das técnicas e algoritmos encontrados em grande parte
dos materiais importantes para a História da Matemática acaba deixando algumas lacunas,
pois na maioria das vezes as demonstrações ou métodos são expostos de maneira simples ou
resumida e com linguagem matemática atual.
Partindo desse princípio, esse artigo tem como finalidade analisar e demonstrar
detalhadamente alguns problemas encontrados em um dos mais importantes documentos
matemáticos já descobertos, o Papiro de Rhind (ou Papiro de Ahmes).
Com isso, pretende-se enfatizar os mecanismos matemáticos do papiro que são
relativos aos seguintes assuntos: frações unitárias, operações aritméticas, problemas
algébricos, problemas geométricos e razão trigonométrica. Além disso, será feita uma breve
reflexão sobre a viabilidade da aplicação desses mecanismos na resolução de problemas
atuais.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

Em 1858, um jovem antiquário escocês chamado A. Henry Rhind em visita ao Egito


por problemas de saúde, adquiriu na cidade de Tebas, às margens do Rio Nilo, um antigo
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papiro que havia sido descoberto no templo mortuário de Ramsés II (terceiro faraó da décima
nona dinastia egípcia). Rhind morreu cinco anos mais tarde e o seu papiro foi adquirido pelo
Museu Britânico de Londres. Em homenagem ao antigo dono esse papiro ficou conhecido
como Papiro de Rhind.
O papiro de Rhind também é conhecido como papiro de Ahmes, escriba que o copiou
em meados de 1650 a.C.. Acredita-se que esse papiro é cópia de um documento datado do
período de 2000 a.C. a 1800 a.C.. Além disso, é possível que algum conhecimento seja
proveniente de estudos do arquiteto Imhotep, que teria sido um dos responsáveis pela
construção da pirâmide do faraó Zoser (7000 a.C.).

Figura 1 – Parte do papiro de Rhind (ou de Ahmes) datado de aproximadamente 1.650 a. C.


Fonte: http://www.kalipedia.com/historia-universal/tema/edad-antigua/papiro-rhind.html.

O papiro mede aproximadamente 6 m de comprimento por 0,34 m de altura,


distribuído em 14 folhas. A publicação do papiro de Rhind foi realizada em 1927, no entanto,
quando foi adquirido pelo Museu Britânico apresentava um tamanho menor, pois faltava uma
parte. Alguns anos depois esse desfalque foi encontrado por estudiosos junto a uma aquisição
de Edwin Smith na qual se acreditava que seriam papiros medicinais.
A descoberta foi feita por especialistas da Sociedade Histórica de Nova York em 1932
que doou o pergaminho para o Museu Britânico completando assim o papiro.
Conhece-se pouco sobre a verdadeira intenção do papiro de Rhind. Alguns
historiadores defendem a ideia de que o papiro representa um guia de matemática do antigo
Egito, pois é considerado o melhor texto de matemática da época, no entanto, existem
indicações de que poderia ser apenas um documento com intenções pedagógicas ou mesmo
um simples caderno de anotações de um aluno.
Contador (2008) afirma que o papiro de Ahmes é considerado o documento
matemático mais antigo que a história registrou, inclusive com autor, diante disso será
analisada grande parte da estrutura desse papiro, dando ênfase aos problemas matemáticos
que o compõem.

3. OPERAÇÕES ARITMÉTICAS

Os antigos egípcios tratavam a operacionalização de números de forma bastante


diferente dos métodos usados atualmente. Para entender como se dava o manuseio das
operações (principalmente com frações) no papiro de Rhind, é necessário observar os
algoritmos de multiplicação e divisão usados pelos egípcios.
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3.1 MÉTODO EGÍPCIO PARA A MULTIPLICAÇÃO

O algoritmo da multiplicação consiste em um processo de duplicações sucessivas, isto


é, para multiplicar dois números x e y deve-se inicialmente considerar o par (1, y ) . Em
seguida, duplica-se sucessivamente cada número desse par até que a duplicação seguinte do
primeiro elemento exceda x .
Depois disso, observa-se as potências de 2 formadas, somando-as de tal forma que o
resultado seja igual a x . Daí, seriam selecionados os múltiplos de y correspondentes a cada
potência de 2 determinada anteriormente e, somando-os para obter o resultado.
Por exemplo, para multiplicar 7 por 6, seriam apresentados os seguintes dados:

1 6
2 12
3 24

Nesse passo, seria verificado que a próxima duplicação na primeira coluna excederia
7, ou seja, 4 × 2 = 8 > 7 .
Daí, observa-se quais múltiplos da primeira coluna que somados resultam em 7 (nesse
caso, seriam somados 1,2 e 4). Posteriormente, são selecionados os múltiplos de 6 da segunda
coluna que correspondem aos escolhidos anteriormente, somando-os. Com isso, o resultado
escolhido seria expresso da seguinte forma:

7 42

Segundo Katz (2010), não existe registro de como o escriba fazia a duplicação, as
respostas eram apenas escritas. Ele afirma que existe a possibilidade do escriba ter
memorizado ou registrado uma extensa tabuada de multiplicação por 2.

3.2 MÉTODO EGÍPCIO PARA A DIVISÃO

3.2.1 Divisão exata

Sabe-se que a divisão é a operação inversa da multiplicação, ao usar um exemplo do


tipo x ÷ y , os egípcios interpretariam como “multiplicar y de tal forma que se obtenha x ”.
Esse processo ocorre de maneira análoga ao da multiplicação, no entanto, o par inicial
a ser considerado será (1, y ) . Em seguida, duplica-se sucessivamente cada número desse par
até que a duplicação seguinte do primeiro elemento exceda y . Depois disso, observam-se os
múltiplos de y encontrados, somando-os de tal forma que o resultado seja igual a x . Daí,
seriam selecionadas cada potência de 2 equivalente aos múltiplos de y e, em seguida,
somando-as para obter o resultado da divisão.
6

Por exemplo, caso se queira resolver a operação 195 ÷ 13 é necessário considerar o par
(1,13) . Em seguida, utiliza-se o método de duplicações sucessivas em cada elemento do par,
ou seja:
1 13
2 26
4 52
8 104

Nesse ponto não há mais multiplicações a serem feitas, pois se percebe que caso
houvesse outra duplicação na primeira coluna, teríamos 8 × 2 = 16 > 13 .
Com isso, serão escolhidos os múltiplos de 13 que somados resultarão em 195:

\ 1 13
\ 2 26
\ 4 52
\ 8 104

Daí, temos: 13 + 26 + 52 + 104 = 195 e 1 + 2 + 4 + 8 = 15 .


Diante disso, o escriba registraria o resultado da seguinte forma:

15 195

Porém, os escribas perceberam que existem divisões onde o resultado não é exato.
Nessas situações acentuava-se o uso das frações unitárias, assunto bastante utilizado na
resolução dos problemas do papiro.

3.2.2 Divisão não exata

O algoritmo para divisão não exata consiste em dobrar o divisor até um número limite
menor que o dividendo, em seguida reduzir à metade o divisor até chegar ao resultado igual a
1. Observe o exemplo:

Exemplo: Divida 19 por 8.


Solução: os primeiros passos para resolver o exemplo dado serão:

1 8
2 16 (número limite menor que 19, a partir daí há a redução à metade)
1/2 8
1/4 2
1/8 1

Daí, serão escolhidos valores da segunda coluna que somados resultam no dividendo
(neste caso, 19) e para obter a resposta da divisão os valores correspondentes a cada potência
escolhida são somados. Com isso, tem-se:

\ 2 16
\ 1/4 2
\ 1/8 1
7

2 + 1 / 2 + 1 / 4 19

Portanto, 19 ÷ 8 = 2 + 1 / 2 + 1 / 4 .

Como observação, é importante ressaltar que a metodologia para divisão não exata não
possui um algoritmo padrão devido a grande parte dos algoritmos egípcios terem surgido por
meio de tentativas, acredita-se que existem diversas formas de manipulação de operações.
Além disso, nos problemas do papiro, não se encontra os símbolos aritméticos
utilizados atualmente. Eves (2004) explica como se apresentavam determinadas simbologias
no papiro:
[...] No papiro de Rhind encontram-se símbolos para mais e menos. O primeiro deles
representa um par de pernas caminhando da esquerda para a direita, o sentido
normal da escrita egípcia, e o outro representa um par de pernas caminhando da
direita para a esquerda, em sentido contrário da escrita egípcia. Empregavam-se
também símbolos, ou ideogramas, para igual e para incógnita. (EVES, 2004, p. 74).

Com isso, a partir da análise feita com relação aos métodos aritméticos usados pelos
egípcios, será possível uma melhor compreensão dos problemas que serão dispostos a seguir.

4. OS PROBLEMAS

Segundo Katz (2010), grande parte do conhecimento matemático do antigo Egito é


proveniente de antigos hieróglifos contendo problemas matemáticos com suas resoluções.
Entre eles encontra-se o Papiro Matemático de Rhind (ou papiro de Ahmes).
Mesmo sendo um vestígio primário no que diz respeito à matemática antiga, Eves
(2004) descreve a importância do papiro de Rhind para o conhecimento desses antigos
métodos:
[...] o papiro de Rhind é uma fonte rica sobre a matemática egípcia, pois descreve os
métodos de multiplicação e divisão dos egípcios, o uso que faziam das frações
unitárias, seu emprego da regra de falsa posição, solução para problemas de
determinação de área de um círculo e muitas aplicações da matemática em
problemas práticos. (EVES, 2004, p. 70).

Escrito em hierático1, o papiro contém 87 problemas matemáticos que, na sua maioria,


diz respeito a problemas do cotidiano dos egípcios.
Na parte algébrica dos problemas do papiro são apresentadas questões relacionadas à
divisão de pães e cerveja, operações aritméticas, quantidade de alimentos (envolvendo a ideia
de equação de primeiro grau), cálculos utilizando frações, medidas de capacidade e
progressões. No que diz respeito à parte geométrica, encontram-se exemplos relativos à
medida de volume de compartimentos, problemas envolvendo cálculo de áreas de figuras
planas e resolução de problemas sobre pirâmides.
Diante dessa percepção, tendo em vista as contribuições dos métodos utilizados no
papiro para o entendimento da matemática egípcia, serão expostos alguns dos principais
problemas nele encontrados.
Observação: Todos os problemas apresentados nesse artigo estarão dispostos em
linguagem matemática atual.

1
Uma das três formas que os egípcios usavam para escrever, escrita utilizada pela nobreza.
8

4.1 FRAÇÕES UNITÁRIAS

Historicamente, diversos povos lidaram com as frações de maneiras distintas. No que


diz respeito à utilização de cálculos que envolvem frações, os egípcios davam prioridade às
frações unitárias, isto é, frações com numerador 1 (exceto 2 / 3 que era comumente utilizada,
tendo esta fração um papel importante nos cálculos aritméticos dos egípcios).
Esse processo se dava da seguinte forma: onde apareciam frações do tipo m / n , eles
representavam-nas como uma soma de frações unitárias. Katz (2010) destaca a importância do
entendimento do método dos egípcios nesse processo:
[...] devemos saber lidar com frações diferentes das unitárias. Foi nesta área que se
desenvolveram as técnicas matemáticas egípcias mais intrincadas, a representação
de qualquer fração em termos de frações unitárias. Porém, os egípcios não
colocavam a questão nestes termos. Onde se usasse uma fração não unitária, eles
simplesmente escreveriam uma soma de frações unitárias. (KATZ, 2010, p. 14).

Para exemplificar esse processo, tome 3 / 5 (uma fração não unitária). Essa fração era
representada pelos egípcios como a soma de três frações unitárias:

3 1 1 1
= + +
5 3 5 15

Na primeira parte do papiro encontra-se uma tabela de frações de numerador 2 e


denominador ímpar de 5 a 101, na qual todas essas frações são representadas como soma de
frações unitárias.
Na primeira coluna aparecem os denominadores das frações do tipo 2 / n e na segunda
e quarta colunas aparecem as frações cuja soma resulta na fração 2 / n correspondente:

Tabela 1 – Tabela de decomposição de frações do tipo 2 / n com n ímpar de 5 a 101.


N 2/n em frações N 2/n em frações N 2/n em frações
unitárias unitárias unitárias
5 3, 15 41 24, 246, 328 77 44, 308
7 4, 28 43 42, 86, 129, 301 79 60, 237, 316, 790
9 6, 18 45 30, 90 81 54, 162
11 6, 66 47 30, 141, 470 83 60, 332, 425, 498
13 8, 52, 104 49 28, 196 85 51, 255
15 10, 30 51 34, 102 87 58, 174
17 12, 51, 68 53 30, 318, 795 89 60, 356, 534, 890
19 12, 76, 114 55 30, 330 91 70, 130
21 14, 42 57 38, 114 93 62, 186
23 12, 276 59 36, 236, 531 95 60, 380, 570
25 15, 75 61 40, 244, 488, 610 97 56, 679, 776
27 18, 54 63 42, 126 99 66, 198
29 24, 58, 174, 232 65 39, 195 101 101, 202, 303, 606
31 20, 124, 155 67 40, 335, 536
33 22, 66 69 46, 138
35 30, 42 71 40, 568, 710
37 24, 111, 296 73 60, 219, 292, 365
39 26, 78 75 50,150
9

Para entender o que o escriba quis informar na tabela acima, tome como exemplo
n = 27 , logo:
2 2 1 1
= = +
n 27 18 54

O escriba apresenta também uma tabela de decomposição de frações na forma n / 10


(com n de 1 a 9).

Tabela 2 – Tabela de decomposição de frações do tipo n / 10 .


n/10 n/10 em frações unitárias
1 / 10 1 / 10
2 / 10 1/ 5
3 / 10 1 / 5 + 1 / 10
4 / 10 1/ 3 + 1/ 5
5 / 10 1/ 2
6 / 10 1 / 2 + 1 / 10
7 / 10 2 / 3 + 1 / 30
8 / 10 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30
9 / 10 2 / 3 + 1 / 5 + 1 / 30

Essas tabelas tinha o intuito de auxiliar os egípcios na operacionalização com frações


unitárias e facilitar os cálculos por meio da análise das mesmas.
Para ilustrar essa operacionalização, deve-se fazer uma análise dos problemas iniciais
do papiro de Rhind.
Os problemas (do 1 ao 6) referem-se ao pagamento de salário dos membros do templo
de Illahum2 que era feito com pão e cerveja.

Problema 1: Divida um pão para 10 homens. (Ver tabelas 1 e 2)

Solução: Cada homem receberá 1/10 de pão.


Ahmes representou a solução desse problema multiplicando 1/10 por 10, utilizando o
método de duplicações sucessivas da seguinte forma:

1 1/10
\ 2 1/5 ( = 2 × 1 / 10 )
4 1 / 3 + 1 / 15 ( = 2× 1 / 5 )
\ 8 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30 ( = 2 × 1 / 3 + 2 ×1 / 15 )

10 1 / 5 + 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30

Nesse exemplo foi utilizado o método de duplicações sucessivas. Para entender a


resposta encontrada basta observar que pelo método da multiplicação foi obtido 2 + 8 = 10 e
1 / 5 + 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30 = 1 , portanto a solução está correta, pois 1 / 10 × 10 = 1 .
A resolução do próximo problema ocorre de forma análoga:

Problema 2: Divida dois pães por 10 homens. (Ver tabelas 1 e 2)

2
Região do Egito Antigo.
10

Solução: cada homem recebe 1/5 de pão. Para resolvê-lo, o escriba multiplica 1/5 por 10.

1 1/5
\ 2 1 / 3 + 1 / 15 ( = 2× 1 / 5 )
4 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30 ( = 2 × 1 / 3 + 2 ×1 / 15 )
\ 8 1 + 1 / 3 + 1 / 5 + 1 / 15 ( = 2 × 2 / 3 + 2 × 1 / 10 + 2 × 1 / 15 )

10 1 + 2 / 3 + 1 / 5 + 1 / 10 + 1 / 30

Portanto, tem-se na primeira coluna 2 + 8 = 10 e na segunda coluna


1 + 2 / 3 + 1 / 5 + 1 / 10 + 1 / 30 = 2 .

Problema 3: Reparta seis pães por 10 homens.

Solução: nesse problema Ahmes indica que a solução é 1 / 2 + 1 / 10 , apresentando-a da


seguinte maneira:

1 1 / 2 + 1 / 10
\ 2 1+ 1 / 5 ( = 2 × 1 / 2 + 2 × 1 / 10 )
4 2 + 1 / 3 + 1 / 15 ( = 2 × 1 + 2 ×1 / 5 )
\ 8 4 + 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30 ( = 2 × 2 + 2 × 1 / 3 + 2 × 1 / 15 )

10 5 + 1 / 5 + 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30

Com isso, tem-se 2 + 8 = 10 e 5 + 1 / 5 + 2 / 3 + 1 / 10 + 1 / 30 = 6 . Daí percebe-se que


10 × (1 / 2 + 1 / 10) = 6 . Portanto, a solução está correta.

Katz (2010) faz uma análise sobre solução do problema 3 do papiro de Rhind:
[...] podemos olhar para a resposta do escriba como mais complicada que a nossa de
3/5, mas de certa forma a divisão física é mais fácil de realizar deste modo. Se
dividirmos cinco dos pães ao meio e o sexto em dez partes, e depois dermos a cada
homem um meio e mais um décimo, é evidente que todos têm a mesma porção de
pão. (KATZ, 2010, p. 14)

Quanto às resoluções dos problemas 4,5 e 6 do papiro de Rhind, todas elas se dão de
forma análoga aos vistos anteriormente. No problema 4, o escriba nos mostra a divisão de 7
pães por 10 homens; no problema 5, a divisão de 8 pães por 10 homens e no problema 6, a
divisão de 9 pães por 10 homens.
Diante disso, ao analisar os problemas propostos anteriormente no que diz respeito ao
caráter prático, o entendimento se torna mais fácil e adequado para ser visto por meio dos
conhecimentos atuais.

4.2 MÉTODO DA MULTIPLICAÇÃO DIRETA E MÉTODO DOS NÚMEROS


VERMELHOS

Para a resolução do 7º ao 20º problema, além da utilização do método de multiplicação


11

direta também será utilizado o método dos números vermelhos3. A seguir serão vistos alguns
desses problemas:

Problema 9: Multiplique 1 / 2 + 1 / 14 por 1 + 1 / 2 + 1 / 4 .

Solução: nesse problema, o escriba multiplica cada fração da segunda expressão por cada uma
da primeira:

\ 1 1 / 2 + 1 / 14
\ 1/ 2 1 / 4 + 1 / 28
\ 1/ 4 1 / 8 + 1 / 56

1 + 1/ 2 + 1/ 4 1 / 2 + 1 / 4 + 1 / 8 + 1 / 14 + 1 / 28 + 1 / 56

Daí, como 1 / 2 + 1 / 4 + 1 / 8 + 1 / 14 + 1 / 28 + 1 / 56 = 1 , sabe-se que o resultado da


multiplicação é igual a 1. Porém, para chegar a esse valor, o escriba somou parte do resultado
encontrado da seguinte maneira:

1 1 1 1
+ + =
14 28 56 8

Logo, substituindo o valor encontrado, a soma inicial se reduz a:

1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + + = + + = + =1
2 4 8 8 2 4 4 2 2

Com isso, percebe-se que esse problema é um exemplo da aplicação do método da


multiplicação direta usada pelos egípcios com resultados representados por frações unitárias.
No problema 13 do papiro de Rhind se pede o resultado da multiplicação de
1 / 16 + 1 / 112 por 1 + 1 / 2 + 1 / 4 sendo esse problema solucionado de forma análoga ao
problema 7.

Com relação ao método dos números vermelhos, seja o problema 14:

Problema 14: Multiplique 1 / 28 por 1 + 1 / 2 + 1 / 4 .

Solução: Inicialmente, o escriba utilizou o método de multiplicação direta, isto é, multiplicou


cada fração da segunda expressão por cada uma da primeira:

1 1 / 28
1/ 2 1 / 56
1/ 4 1 / 112

Daí, ao invés de somar os valores da coluna da direita, será necessário escolher um


número que ao ser multiplicado às frações encontradas, simplifique-as, de forma a deixá-las
mais “simples”. Nesse caso, o número escolhido por Ahmes é 28 (sendo este o número
vermelho desse problema). Com isso, raciocina-se da seguinte maneira:

3
Números auxiliares que aparecem no papiro, escritos na cor vermelha.
12

1 / 28 de 28 = 1
1 / 56 de 28 = 1 / 2
1 / 112 de 28 = 1 / 4

Depois disso, é necessário descobrir qual número se deve multiplicar 1 + 1 / 2 + 1 / 4 de


tal forma que se obtenha 28, isto é, dividir 28 por 1 + 1 / 2 + 1 / 4 . Utilizando o método da
divisão egípcia:
1 1 + 1/ 2 + 1/ 4
2 3 + 1 / 2 ( = 2 × (1 + 1 / 2 + 1 / 4) )
4 7
8 14
\ 16 28

Com isso o resultado é 16, ou seja: 1 / 16 de 28 = 1 + 1 / 2 + 1 / 4 . Logo, a resposta é


1 / 16 .

Partindo da análise do problema 14, percebe-se que o método dos “números


vermelhos” se torna complexo para o entendimento atual. No entanto, se fazia necessário para
os egípcios, pois mesmo tendo facilidade na manipulação de frações unitárias, uma operação
do tipo 1 / 28 + 1 / 56 + 1 / 112 era considerada impossível de resolver pelos métodos egípcios
mais usuais.
Os próximos problemas do papiro de Rhind (problemas 21,22 e 23) dizem respeito à
subtração de frações, na qual são resolvidos pelo método dos “números vermelhos”. Como
exemplo dessa utilização, veja o problema 21. Os passos são descritos da seguinte forma:

Problema 21: Qual a quantidade que falta a 2 / 3 + 1 / 15 para obter 1?

Solução: nesse problema, buscando a simplificação das frações que são apresentadas, Ahmes
utiliza 15 como número vermelho. Aplicando, tem-se:

2 / 3 de 15 = 10
1 / 15 de 15 = 1

Daí, somando os dois valores encontrados, temos como resultado 11. Assim, como o
número vermelho 15 excede 11 em 4 unidades, é necessário calcular o número de partes de 15
que resulta em 4, isto é, dividir 4 por 15:

1 15
1 / 10 1 + 1 / 2 (= 15 / 10 = 3 / 2)
\ 1/ 5 3 (= 2 × (1 + 1 / 2))
\ 1 / 15 1

1 / 5 + 1 / 15 4

Logo, a quantidade que falta é 1 / 5 + 1 / 15 .


Nesse problema, o escriba utiliza a duplicação somente da segunda até a terceira linha,
isso ocorreu devido ao fato dele ter percebido que 1 é 1/3 de 3, daí usou a divisão por 3 para
obter a terceira e a quarta linha.
13

É interessante ressaltar que essa mudança feita pelos egípcios no procedimento básico
da divisão é vista em outros problemas do papiro.

4.3 EQUAÇÕES LINEARES E PROPORCIONALIDADE

Ao fazer a análise dos problemas 24 ao 29, encontram-se questões diferentes das


expostas até então. Tratam-se de problemas algébricos, geralmente relacionados à resolução
de equações lineares da forma x + ax = b ou x + ax + bx = c , onde a , b e c são valores
conhecidos e x é desconhecido. A incógnita é chamada pelo escriba de aha.
Katz (2010) faz um breve comentário a respeito do estudo dos métodos egípcios para
resolução de equações lineares relacionando-o ao processo utilizado atualmente:
[...] O estudo desses problemas começa com vários problemas para resolver as
equações que atualmente denominamos lineares. É claro que devemos sempre ter
presente que nenhuma das civilizações antigas possuía qualquer simbologia para as
operações ou incógnitas que usamos hoje em dia. No entanto, os escribas eram
capazes de resolver problemas, recorrendo simplesmente a técnicas verbais. (KATZ,
2010, p. 20).

A resolução desses problemas se dava por meio do “método da falsa posição”, que
consiste em atribuir um falso valor para aha e, em seguida, a incógnita é substituída por esse
suposto valor. O resultado obtido é comparado com o valor pretendido e, por meio de
proporções, encontra-se a resposta correta. Diante disso, serão feitas análises de alguns desses
problemas:

Problema 24: Uma quantidade mais um sétimo dela resultam em 19. Qual a quantidade?

Solução: Na forma atual, o problema seria descrito como x + x / 7 = 19 . A solução do escriba


ocorre da seguinte maneira: suponha x = 7 , daí teremos: 7 + 7 / 7 = 7 + 1 = 8 . (onde x
representa o aha egípcio).
Com isso, divide-se o valor do enunciado à direita da igualdade pelo valor encontrado
pelo método da falsa posição. Daí se obtém 19 / 8 . Reduzindo a fração encontrada em frações
unitárias tem-se: 19 / 8 = 2 + 1 / 4 + 1 / 8 .
Depois disso, multiplica-se o valor encontrado pelo “falso valor” atribuído ao
problema. Logo: 7 × (2 + 1 / 4 + 1 / 8) = 14 + 7 / 4 + 7 / 8 = 16 + 1 / 2 + 1 / 4 .

Portanto aha é igual a 16 + 1 / 2 + 1 / 8 que em notação atual vale 133 / 8 .

Problema 26: Uma quantidade mais 1/4 dela dá 15. Qual é a quantidade? Na linguagem
matemática atual, esse problema se resumiria em x + x / 4 = 15 .

Solução: Ahmes apresenta a solução da seguinte forma: tome aha igual 4. Substituindo na
expressão obtém-se: 4 + 4 / 4 = 4 + 1 = 5 . Note que para se chegar ao resultado pretendido, ou
seja, 15, é necessário multiplicar o resultado por 3, pois 3 × 5 = 15 . Isso significa que é
necessário dividir o resultado expresso no enunciado do problema pelo resultado encontrado
no passo anterior. Daí tem-se a divisão
15
D : = 3.
5
14

Para encontrar a quantidade pretendida no problema, deve ser calculado o produto P


do aha atribuído inicialmente pelo resultado da divisão D , ou seja:

P : (falso valor) × D = 4 × 3 = 12

Portanto a quantidade pretendida é igual a 12.

Os demais problemas (25, 27, 28 e 29) são resolvidos de forma análoga: todos pelo
método da falsa posição.

4.4 EQUAÇÕES LINEARES (2ª PARTE)

Já com relação ao grupo do problema 30 ao 38, foi analisado que essas questões são
semelhantes às anteriores, porém, mais complexas com relação ao entendimento e,
provavelmente, esses problemas tiveram o intuito de demonstrar métodos de divisão. A seguir
será apresentado um problema desse tipo:

Problema 34: Uma quantidade, a sua metade e o seu quarto, são adicionados e resultam em
10. Qual é a quantidade?
y y
Em linguagem atual esse problema é exposto da seguinte maneira: y + + = 10 .
2 4

Solução: para encontrar a resposta do problema o escriba propõe a divisão de 10 por


1 + 1 / 2 + 1 / 4 , isto seria resultado de uma ideia oculta sobre fatoração, sendo ilustrado
atualmente como “colocar em evidência um fator comum”, na qual o fator comum é a
quantidade a ser encontrada, ou seja:

y y  1 1
y+ + = 10 ⇔ y × 1 + +  = 10 .
2 4  2 4

 1 1
Resolvendo a divisão 10 ÷ 1 + +  , tem-se:
 2 4

\ 1 1 + 1/ 2 + 1/ 4
2 3 + 1 / 2 (= 2 × (1 + 1 / 2 + 1 / 4))
\ 4 7 (= 2 × (2 + 1 + 1/ 2 ))
\ 1/7 1/4
1 / 4 + 1 / 28 1/2
\ 1 / 2 + 1 / 14 1

5 + 1 / 2 + 1 / 7 + 1 / 14 10

Análise: da terceira para a quarta linha encerra-se o método de duplicações sucessivas. Nesse
caso, o escriba poderia dividir os valores por 7, para encontrar 1 na segunda coluna (condição
de parada). No entanto, se isso ocorresse, não existiriam elementos necessários para ter
resultado final igual 10 na segunda coluna. Daí ele busca 4/7 na primeira coluna, com a
15

finalidade de encerrar o cálculo. A ideia apresentada para encontrar esse valor, foi calcular o
equivalente a 1/7 na quarta linha, 2/7 na quinta e 4/7 na sexta linha (ambos na primeira
coluna). Com isso, encontra-se 1 na segunda coluna e escolhem-se os valores que resultam em
10. Com isso, basta tomar os equivalentes da primeira coluna e encontrar a resposta. Portanto,
a quantidade procurada na questão é 5 + 1 / 2 + 1 / 7 + 1 / 14 = 80 / 14 .
Resolvendo a equação na forma atual, chega-se ao resultado igual a 40/7 que é
equivalente ao valor encontrado, comprovando assim a validade do método egípcio.

Em vista disso, percebe-se que os egípcios mantinham um vasto conhecimento


relacionado à resolução de equações lineares, conseguindo resolvê-las, em algumas ocasiões,
aplicando ideias de proporcionalidade. Katz (2010) discorre a respeito:
[...] Ainda que na haja estudos sobre a forma como o algoritmo funciona, é evidente
que os escribas egípcios compreenderam a ideia básica da relação linear entre duas
quantidades – que uma alteração multiplicativa na primeira quantidade implica a
mesma alteração multiplicativa na segunda. (KATZ, 2010, p. 21).

Já os problemas que vão do 35º ao 38º são relacionados a medidas de hekat4 e


apresentam orientação prática, que pode ter sido situações do cotidiano.

Problema 35: Encontre a capacidade de uma pá que exige 3 + 1 / 3 viagens para encher uma
medida hekat.
Solução: Em notação atual o problema seria descrito como (3 + 1 / 3)x = 1 . O escriba propõe a
divisão de 1 por 3 + 1 / 3 :

1 3 + 1/ 3
2 6 + 2/3
3 10
\ 1/10 1/3
\ 1/5 2/3

1 / 5 + 1 / 10 1

Análise: Raciocínio análogo ao do problema 34.

4.5 PROGRESSÕES ARITMÉTICAS

Os problemas 39 e 40 são exemplos da aplicação da ideia de progressões aritméticas


que aparece no papiro de Rhind. Para melhor entendimento de como os egípcios lidavam com
esse tipo de questão, será feita a análise do problema 40, c.

Problema 40: Divida 100 pães entre 5 homens de modo que as partes recebidas estejam em
progressão aritmética e que um sétimo da soma das três maiores partes seja igual à soma das
duas partes menores. Qual a diferença5 entre partes encontradas?

4
Hekat: unidade de volume do Egito Antigo, usada para medir grãos, pão e cerveja. Em unidades atuais equivale
a 4,8 litros.
5
A “diferença” citada pelo escriba seria o que atualmente chamamos de razão de uma progressão aritmética.
16

Solução: Na resolução o escriba assume uma diferença comum de 5 + 1 / 2 , sabendo que esse
valor cumpria as condições do problema (a soma dos três maiores termos é sete vezes a soma
dos três menores), resultando na sequência:

23, 17 + 1 / 2 , 12, 6 + 1 / 2 , 1

Acredita-se que ele chegou a esse resultado por meio de tentativas e erro. No entanto,
ao somar os termos da sequência, encontrou 60 ao invés de 100 pães.
Para resolver esse “desencontro”, propõe a divisão de 100 por 60, buscando uma
relação que auxilie a encontrar a resposta correta:

\ 1 60
\ 2/3 40 (= 60 × (2 / 3) )

1+ 2 / 3 100.

Com isso, para chegar à resposta desejada, o escriba multiplica todos os cinco termos
da sequência anteriormente encontrada por 1 + 2 / 3 , resultando em:

38 + 1 / 3 , 29 + 1 / 6 , 20, 10 + 2 / 3 + 1 / 6 , 1 + 2 / 3

Portanto, somando os termos dessa sequência, obtém-se 100. No entanto, o problema


pede a diferença das partes encontradas, nesse caso, basta multiplicar 5 + 1 / 2 por 1 + 2 / 3 ,
resultando em 9 + 1 / 6 .
Observação: Note que o escriba não representava a sequência do menor para o maior
termo, mas ao contrário, diferentemente do que se costuma utilizar atualmente.

4.6 GEOMETRIA

No papiro de Rhind são encontrados variados problemas geométricos, sendo estes


fontes para o estudo a respeito de como os egípcios calculavam área de figuras e volume de
recipientes (sendo estas figuras geométricas bem conhecidas).
A seguir será feita a análise dos métodos para a resolução de alguns deles.

4.6.1 Volumes

Os problemas 41 ao 43 dizem respeito à medida do volume de depósitos de cereais na


forma cilíndrica. Analisando o problema 41 tem-se:

Problema 41: Qual o volume de um silo cilíndrico de diâmetro 9 cúbitos6 e altura 10 cúbitos.

Solução: Para resolver esse problema, Ahmes toma π = 256 / 81 . Para encontrar o volume do
silo, deve-se primeiramente calcular a área da base. Dados: d = 9 cúbitos e h = 10 cúbitos.

6
Cúbito: unidade de medida comumente usada pelos egípcios (juntamente com o meh) há 4.000 anos. Consiste
na distância do cotovelo até a ponta do dedo médio do faraó.
17

A fórmula egípcia para encontrar a área de um círculo (base) é:

2 2
d  256  9  256 81
AB = π   = ×  = × = 64 .
2 81  2  81 4

Daí, para encontrar o volume, tem-se: V = AB × h = 64 × 10 = 640 . Portanto o volume


do silo é igual a 640 hekats.

Os demais problemas são resolvidos de forma análoga ao exercício 41. A única


mudança com relação ao problema anterior são os valores da medida do diâmetro e da altura
do silo cilíndrico.
Além disso, do 44º ao 46º problema, o escriba apresenta métodos de cálculo do
volume de depósitos de cereais na forma de paralelepípedo.

4.6.2 Áreas do círculo e do quadrado

No papiro de Rhind é possível observar que o método de calcular áreas consistia em


converter a figura trabalhada em uma figura de área conhecida. Os problemas que dizem
respeito a esse conteúdo são os problemas 48 a 55. Desse grupo de questões, serão analisados
os problemas 48 e 50.

Problema 48: Compare a área do círculo com a de um quadrado circunscrito.

Solução: o escriba considera o diâmetro do círculo igual a 9 e calcula a área do círculo,


obtendo 64 setat7. Daí, considera o quadrado com 9 jet8 de lado, obtendo 81 setat. Portanto a
área do quadrado é maior do que a área do círculo.

Problema 50: Um círculo com diâmetro 9. Qual a sua área?

Solução: A resolução indicada por Ahmes ocorre da seguinte maneira: inicialmente retire 1/9
do diâmetro, o que sobra é 8. Multiplique esse valor 8 vezes, daí tem-se como resultado 64.
Portanto a área é 64.
Na verdade, o escriba utiliza um raciocínio equivalente à fórmula
A = (d − d / 9 ) = [(8 / 9 )d ] .
2 2

Relacionando esse raciocínio com o conhecimento atual e sabendo que d = 2r , isso


significa que:
2
8 64
A = π r =   × 4r 2 = π r 2 = × 4 = π .
2

9 81

Assim, por meio dessa relação, percebe-se que o valor egípcio (implícito) para a
constante π é o equivalente a π = 3,160493... .

7
Setat: unidade de superfície equivalente a um quadrado de cem meh de lado.
8
Jet: unidade básica de comprimento equivalente a cem meh.
18

4.6.3 Triângulos

Nos problemas 51 e 52 o escriba mostra exemplos de como encontrar a área de um


triângulo que provavelmente era um terreno. A seguir, será demonstrado como ocorreu a
resolução do problema 51:

Problema 51: Qual a área de um triângulo de lado 10 jet e base 4 jet.

Solução: inicialmente o escriba toma a metade da base e em seguida multiplica o valor


encontrado pela medida do lado do triângulo. Logo, o resultado encontrado será igual a 20
setats.
Ao resolver o problema na forma atual tem-se b = 4 e h = 10 . Daí, substituindo os
valores, tem-se:
1 1 40
A = ⋅ b ⋅ h = ⋅ (4) ⋅ 10 = = 20.
2 2 2

Com isso, o método usado pelos egípcios para encontrar a área de um triângulo é algo
equivalente à fórmula atual A = (1 / 2 ) ⋅ b ⋅ h .

4.7 TABELA DE DIVISÕES DA MEDIDA HEKAT

O problema 47 do papiro de Rhind mostra uma tabela onde o hekat é dividido em 100
partes (ver tabela 3), segundo a tabela presente em Chace (apud GERONIMO, 2011, p. 36):

Tabela 3 – Tabela frações de hekat.


Representação de frações de hekat
1/10 de grãos torna-se 10 quádruplos de hekat
1/20 de grãos torna-se 5 hekats
1/30 de grãos torna-se 3 + 1 / 4 + 1 / 16 + 1 / 64 hekats e 1 + 2 / 3 ro9
1/40 de grãos torna-se 2 + 1 / 2 hekats
1/50 de grãos torna-se 2 hekats
1/60 de grãos torna-se 2 + 1 / 2 + 1 / 8 + 1 / 32 hekats e 3 + 1 / 2 ro
1/70 de grãos torna-se 1 + 1 / 4 + 1 / 8 + 1 / 32 + 1 / 64 hekats e 2 + 1 / 14 + 1 / 21 + 1 / 42 ro
1/80 de grãos torna-se 1 + 1 / 4 hekats
1/90 de grãos torna-se 1 + 1 / 16 + 1 / 32 + 1 / 64 hekats e 1 / 2 + 1 / 8 ro
1/100 de grãos torna-se 1 hekat

4.8 TRIGONOMETRIA

No Egito Antigo existia uma trigonometria bastante diferente da que se conhece


atualmente. Na realidade, as aplicações trigonométricas feitas pelos egípcios baseavam-se, na
maioria das vezes, na semelhança de triângulos.

9
Ro: unidade que era empregada só para medir grãos. Equivalia a 1/320 hekats.
19

Boyer (1996) destaca que na construção de pirâmides era essencial manter uma
inclinação constante das faces e pode ter sido essa a preocupação a levar os egípcios a
introduzir um novo conceito equivalente ao de cotangente de um ângulo. Daí pode-se inferir
que essa deve ser a principal área onde os egípcios aplicavam conceitos trigonométricos.
A unidade de medida utilizada pelos egípcios em questões sobre pirâmides era o
10
seqt , que em termos matemáticos se dá pelo quociente do afastamento horizontal (medido
em palmos) pelo vertical (medido em cúbitos).
Os problemas 56 a 60 tratam de situações envolvendo medidas de pirâmide. A
aplicação nesses problemas é exposta da seguinte maneira:

Problema 56: Qual é o seqt de uma pirâmide de 250 cúbitos de altura e 360 cúbitos de lado?

Solução: o escriba inicia a resolução do problema dividindo a medida do lado por 2, isto
é, 360 ÷ 2 = 180 cúbitos.

Figura 2 – Ilustração referente ao problema 56.

Daí divide-se 180 por 250, tendo como resultado 1 / 2 + 1 / 5 + 1 / 50 cúbitos. Sabendo
que 1 cúbito = 7 palmos, será necessário multiplicar o valor encontrado anteriormente por 7.
Pelo método da multiplicação egípcia, obtém-se 5 + 1 / 25 palmos.

Os demais problemas desse grupo de questões são resolvidos de forma análoga ao


problema 56.

4.9 TABELAS DE 1/2, 1/3 E 2/3 DE OUTRAS FRAÇÕES

Os problemas 61 e 61B não são problemas propriamente ditos, é provável que eles
tivessem o intuito de descrever regras como referências para outros problemas do papiro. Em
ambos eram descritas tabelas que consistiam em encontrar 2/3, 1/3 e 1/2 de outras frações. A
seguir serão dispostas as tabelas encontradas nessa parte do papiro:

10
Seqt: afastamento horizontal de uma reta oblíqua em relação ao eixo vertical para cada variação de unidade de
altura, isto é, indica a inclinação de uma parede.
20

Tabela 4 – Tabela de quantidade de frações tiradas do problema 61 do papiro de Rhind.


Quantidade Resultado Quantidade Resultado
2 / 3 de 2 / 3 1/ 3 + 1/ 9 1 / 2 de 1 / 7 1 / 14
1/ 3 de 2 / 3 1 / 6 + 1 / 18 2 / 3 de 1 / 11 1 / 22 + 1 / 66
2 / 3 de 1/ 3 1 / 6 + 1 / 18 1 / 3 de 1 / 11 1 / 33
2 / 3 de 1/ 6 1 / 12 + 1 / 36 1 / 2 de 1 / 11 1 / 22
2 / 3 de 1 / 2 1/ 3 1 / 4 de 1 / 11 1 / 44
1 / 3 de 1 / 2 1/ 6 2 / 3 de 1 / 5 1 / 10 + 1 / 30
1 / 6 de 1 / 2 1/ 12
1 / 12 de 1 / 2 1/ 24
2 / 3 de 1 / 9 1 / 18 + 1 / 54
1 / 4 de 1 / 5 1 / 20
2 / 3 de 1 / 7 1 / 14 + 1 / 42

Tabela 5 – Tabela de um terço e dois terços de frações unitárias.


Tabela de 1/3 Tabela de 2/3
Quantidade Resultado Quantidade Resultado
1 / 3 de 1 / 2 1 / 8 + 1 / 24 = 1 / 6 2 / 3 de 1 / 2 1/ 4 + 1/ 12 = 1/ 3
1 / 3 de 1 / 3 1 / 12 + 1 / 36 = 1 / 9 2 / 3 de 1 / 3 1 / 6 + 1 / 18
1 / 3 de 1 / 4 1 / 16 + 1 / 48 = 1 / 12 2 / 3 de 1 / 4 1/ 8 + 1/ 24 = 1/ 6
1 / 3 de 1 / 5 1 / 20 + 1 / 60 = 1 / 15 2 / 3 de 1 / 5 1 / 10 + 1 / 30
1 / 3 de 1 / 6 1 / 24 + 1 / 72 = 1 / 18 2 / 3 de 1 / 6 1 / 12 + 1 / 36 = 1 / 9
1 / 3 de 1 / 7 1 / 28 + 1 / 84 = 1 / 21 2 / 3 de 1 / 7 1 / 14 + 1 / 42
1 / 3 de 1 / 8 1 / 32 + 1 / 96 = 1 / 24 2 / 3 de 1 / 8 1 / 16 + 1 / 48 = 1 / 12
1 / 3 de 1 / 9 1 / 36 + 1 / 108 = 1 / 27 2 / 3 de 1 / 9 1 / 18 + 1 / 54
1 / 3 de 1 / 10 1 / 40 + 1 / 120 = 1 / 30 2 / 3 de 1 / 10 1/ 20 + 1/ 60 = 1/ 15
1 / 3 de 1 / 11 1 / 44 + 1 / 132 = 1 / 33 2 / 3 de 1 / 11 1 / 22 + 1 / 66
1 / 3 de 1 / 12 1 / 48 + 1 / 144 = 1 / 36 2 / 3 de 1 / 12 1/ 24 + 1/ 72 = 1/ 18

Tabela 6 – Tabela de 1/2 de frações unitárias.


Tabela de 1/2
Quantidade Resultado Quantidade Resultado
1 / 2 de 1 / 2 1/ 4 1 / 2 de 1 / 8 1 / 16
1 / 2 de 1 / 3 1/ 6 1 / 2 de 1 / 9 1 / 18
1 / 2 de 1 / 4 1/ 8 1 / 2 de 1 / 10 1 / 20
1 / 2 de 1 / 5 1 / 10 1 / 2 de 1 / 11 1 / 22
1 / 2 de 1 / 6 1 / 12 1 / 2 de 1 / 12 1 / 24

É importante destacar que a maioria dos valores distribuídos em tabelas no papiro de


Rhind é resultado das análises dos egípcios no momento em que resolviam parte de seus
cálculos por meio de tentativas. Daí, como em determinadas ocasiões eles se deparavam com
questões complexas e trabalhosas, anotavam os valores encontrados e organizava-os para
posteriores consultas.
21

4.10 PROPORCIONALIDADE

Do problema 62 ao 65, Ahmes apresenta questões que envolvem noções de


proporcionalidade, sendo a maioria deles aplicações do cotidiano egípcio. Para exemplificar
como se davam essas aplicações, será analisado o problema 63.

Problema 63: Reparta 700 pães entre quatro pessoas, sendo que as quantidades sejam
distribuídas na proporção 2 / 3: 1 / 2 : 1 / 3 : 1 / 4 .

Solução: Para encontrar as quantidades propostas no problema, Ahmes resolve a divisão do


número de pães pela soma das frações na proporção, daí tem-se:

2 1 1 1 7 4
700 ÷  + + +  = 700 ÷   = 700 × = 400 .
 3 2 3 4 4 7

Depois disso, basta retirar a quantidade de pães para cada pessoa do valor encontrado:
2
2 / 3 de 400 = 266 + pães.
3
1 / 2 de 400 = 200 pães.
1
1 / 3 de 400 = 133 + pães.
3
1 / 4 de 400 = 100 pães.

Com isso, percebe-se que a resolução do problema é dada de forma clara para o entendimento
atual.

Os problemas 66, 67 e 68 dizem respeito a questões do cotidiano egípcio (divisão de


gordura, relação proporcional de gados e impostos e divisão de cereais, respectivamente).
Nos problemas 69 ao 78, foram descritos problemas de proporção inversa,
relacionando quantidades de pão e cerveja. Para entender o método usado, será feita a análise
do problema 75 do papiro de Rhind:

Problema 75: Qual é o número de pães de 30 pesu11 que podem ser feitos a partir da mesma
quantidade de farinha de 155 pães com 20 pesu.
x 155
Em linguagem atual, o problema consiste em resolver a proporção = .
30 20
Solução: O primeiro passo efetuado por Ahmes é a divisão de 155 por 20:

\ 1 20
2 40
\ 4 80
\ 2 40
1 20
\ 1/2 10
\ 1/4 5
11
Pesu: é a medida egípcia para a “consistência” inversa do pão. É expressa como a divisão entre a quantidade
de pães e o número de hekats de cereal.
22

1/20 1

1 1
7+ + 55
2 4

Em seguida, para encontrar a resposta do problema, multiplica-se o resultado por 30:

 1 1 1 1
 7 + +  × 30 = 210 + 15 + 7 + = 232 + .
 2 4 2 2

Portanto, serão fabricados 232 pães e meio.

Diante dessa resolução, percebe-se que se for utilizada a técnica atual de grandezas
inversamente proporcionais para encontrar o valor pedido, será encontrada a mesma resposta.

4.11 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

O papiro de Rhind apresenta um curioso problema que foge da natureza prática. Boyer
(1996) acredita que esse problema tenha sido aplicado como um enigma ou até mesmo uma
forma de recreação matemática.
Esse problema consiste em somar a quantidade de “elementos” presentes no
enunciado, porém, apresenta uma ideia de uma progressão geométrica de razão 7. Uma
possível tradução do problema dada por Chace (apud GILLINGS, 1982, p. 169) é a seguinte:

Problema 79: Sejam sete casas, cada casa tem sete gatos, cada gato come sete ratos, cada rato
come sete cachos de trigo e cada cacho de trigo tem sete grãos. Quantos são a todo nessa
história?

Solução: Para encontrar o número de elementos, basta reunir as quantidades dispostas da


seguinte maneira:

Casas 7
Gatos 49
Ratos 343
Cachos de trigo 2.401
Grãos de trigo 16.807
Total 19.607

Portanto, são 19.607 elementos nesse problema.


Inicialmente já são identificadas cinco potências de 7, daí formando as quantidades
dos elementos pode-se identificar uma progressão geométrica finita.
23

4.12 TABELA DE FRAÇÕES DO OLHO DE HÓRUS12

Os antigos egípcios usavam alguns caracteres para representar um sistema de frações.


Algumas frações do tipo 1 / 2 n (do 1 / 2 até 1 / 64 ) são representadas pelo Olho de Hórus. Os
problemas 80 e 81 do papiro de Rhind apresentam uma tabela com essas frações.

Figura 3 – Representação das frações do Olho de Hórus.


Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-egipcia/templo-de-horus-5.php

Uma das prováveis associações desse símbolo seria a aplicabilidade dessas frações em
( )
uma série infinita do tipo 1 / 2 + 1 / 4 + ... + 1 / 2 n = 1 . Os egípcios acreditavam que cada fração
representava um sentido e todas juntas representariam a “unidade perfeita”, isto é, 1/2
(olfato), 1/4 (visão), 1/8 (pensamento), 1/16 (audição), 1/32 (paladar) e 1/64 (tato). Além
disso, acredita-se que esse esquema representativo do olho de Hórus no papiro de Rhind tinha
o intuito de ser analisado durante procedimentos matemáticos ou até mesmo em caráter de
crendices (como amuleto).

4.13 OUTROS PROBLEMAS

Os problemas 82, 83 e 84 dizem respeito à quantidade de comida de animais


domésticos como gansos e outras aves, porém apresentam pouca clareza.
O problema 85 apresenta uma escritura enigmática.
Os problemas 86 e 87 apresentam alguns cálculos e incidentes, em parte perdidos, é
tanto que alguns autores consideram que o papiro contem somente 85 problemas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista do que foi exposto sobre a análise dos procedimentos matemáticos presentes
no papiro de Rhind, percebe-se que o papiro foi uma importante descoberta que possibilita o
entendimento da metodologia empregada nos cálculos egípcios e acaba sendo uma rica fonte
da história da matemática egípcia.
Quanto às características dos problemas do papiro, pode-se dizer que apresentam uma
diversidade de técnicas, tabelas de valores comumente utilizados (principalmente no que diz
respeito ao uso de frações unitárias), além de apresentarem diversos conteúdos matemáticos
abrangendo ainda mais o processo de assimilação.

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Olho de Hórus: é um símbolo proveniente do Egito Antigo que significa proteção, coragem e poder,
relacionado à divindade Hórus. Um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_de_H%C3%B3rus.
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No que diz respeito ao nível dos problemas, foi analisado que existem questões
triviais, ou seja, de fácil entendimento (multiplicação e divisão exata, por exemplo) e questões
mais complexas (divisão não exata, equações lineares e progressão aritmética, por exemplo).
Portanto, a partir das observações feitas nas soluções dos problemas, fica evidente a
eficácia da metodologia egípcia em diversos momentos, no entanto, em alguns conteúdos
matemáticos presentes no papiro, o processo de resolução se torna cansativo e complexo, em
geral pelo método de tentativa e erro, tornando inviável a substituição dos métodos atuais
pelos antigos métodos egípcios.
Com isso, além de proporcionar maior conhecimento com relação à matemática
egípcia, essa pesquisa abre a possibilidade de um estudo posterior, onde o foco poderá ser a
criação de atividades lúdicas para serem aplicadas em sala de aula partindo do conhecimento
adquirido sobre o papiro de Rhind.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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25

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Rafael Hamilton de S. Aguiar (rafaelhamiltonsa@hotmail.com)


Curso de Licenciatura em Matemática, Universidade Católica de Brasília.
EPCT – QS 07 – Lote 01 – Águas Claras – Taguatinga – CEP.: 72966-700

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