1) O entrevistador encontra a Morte, que aparece como uma figura obscura e não reconhecível.
2) A Morte revela que seu propósito é seguir ordens e finalizar a vida dos seres vivos, não tendo emoções ou capacidade de tomar decisões.
3) Embora seu trabalho seja inevitável, a Morte afirma que o amor pode vencê-la, pois os sentimentos e laços afetivos permanecem mesmo após a morte física.
1) O entrevistador encontra a Morte, que aparece como uma figura obscura e não reconhecível.
2) A Morte revela que seu propósito é seguir ordens e finalizar a vida dos seres vivos, não tendo emoções ou capacidade de tomar decisões.
3) Embora seu trabalho seja inevitável, a Morte afirma que o amor pode vencê-la, pois os sentimentos e laços afetivos permanecem mesmo após a morte física.
1) O entrevistador encontra a Morte, que aparece como uma figura obscura e não reconhecível.
2) A Morte revela que seu propósito é seguir ordens e finalizar a vida dos seres vivos, não tendo emoções ou capacidade de tomar decisões.
3) Embora seu trabalho seja inevitável, a Morte afirma que o amor pode vencê-la, pois os sentimentos e laços afetivos permanecem mesmo após a morte física.
— Então… É você? — Eu perguntei à figura quase irreconhecível, obscurecida,
sentada na minha frente. — Sim. E você é? — Você não sabe? Achei que parte essencial do seu trabalho fosse saber. — Eu disse confuso. — Não. Não vejo nomes. — Ela parou por um momento, mas antes que eu pudesse fazer qualquer outra pergunta continuou — Nem rostos. Eu só vejo marcas. Como alvos. Eu só sigo ordens, esse é meu propósito. — Entendo. Eu não sabia que era assim. — Peguei meu bloco de notas e fui escrevendo — Nesse caso, eu acho que meu nome não é relevante. Me trate apenas como entrevistador. Esse será o meu propósito, então. — Como desejar — A voz dela era, na melhor descrição, morta. Não parecia ter qualquer carga de emoção. Mal parecia se propagar pelo ar como quando as pessoas falam. Se houvesse qualquer eco na sala dela, eu duvido que a voz o faria. — Quais perguntas devo responder? — Eu não sei se eu saberia como começar. É a primeira vez que estou na presença de algo tão poderoso e absoluto. — Isso era mentira. — Talvez você não seja tão bom no seu trabalho, então. E talvez eu devesse me dedicar mais ao meu — Eu tinha certeza de que aquilo era algum tipo de piada para ela, mas novamente, era indistinguível com seu tom de voz. — Deixe-me começar com o básico. O que você é? — Eu sou uma serva. De uma força maior, como deve saber a esse ponto. Eu sou quem finaliza tudo. Não faço as decisões, eu sou só responsável pela ação. — E como você é de verdade? — Eu sou como você me vê. Pra você, quase invisível, porque não tenho mais significado pra você. Tudo que devia ter sido, já foi. Para as outras pessoas, depende da interpretação de cada uma. Algumas veem como uma bela mulher, com capacidade de sedução sem igual. Alguns me veem como uma estrada, uma rota de saída. Alguns me veem como um terror do qual devem fugir a qualquer custo. Esses, as vezes me veem com uma foice. Eu gosto dessa ideia. Mas na verdade eu uso uma espada. — Espada? — Mais uma vez eu estava surpreso. Embora não lembrasse, talvez eu fosse uma das pessoas que a via com uma foice. — Uma espada. É algo de família. Eu e meus irmãos usamos espadas. — É verdade que você está em todo lugar? Sempre a espreita? — Não. Só meu pai está em todo lugar. Mas eu sou muito rápida, como pode perceber — Foi o momento em que me dei conta, que a imagem já quase imperceptível dela se movia. Em frente a ela subia um brilho dourado amorfo. Provavelmente o último trabalho. — De fato, surpreendente. Você parece insuperável. Tem alguma forma de vencer você? — Depois de minha pergunta houve um momento de silêncio. Não acredito que tenha sido pelo conteúdo da pergunta, uma vez que a resposta, logo depois, não abordou um modo tradicional de vitória. Então imagino que ela estava pensando em quais seriam as palavras exatas para responder. — Muitas pessoas chegaram a essa conclusão. O amor pode me vencer. — De certa forma trabalhar a ideia parecia incômodo pra ela, como se no fim, o trabalho dela fosse sempre incompleto, mas, como sempre, sua voz não transparecia qualquer sentimento. — As coisas do plano material, ficam no plano material. Essas não são de ninguém. As coisas do plano etéreo, retornam ao plano etéreo. Essas pertencem ao meu pai. Eu faço a ponte. Separo o que é do plano material do que é do plano etéreo. Mas é só isso. Quem você é, o que fez, os sentimentos que gerou nos outros, para o bem ou para o mal, esses permanecem. Esses não se vão realmente. Seu pai, seus amigos, seu afeto e outras pessoas de significância, do jeito que são para você, são intocadas pelo meu trabalho. — Isso parece certo. — Aquilo era muito apara assimilar. Haviam muitas perguntas que eu estava me fazendo. Se eu havia vencido ela, se eu era imune ao trabalho dela ou se eu havia sido derrotado pela espada. Quantas das pessoas que estavam ali foram de fato completamente apagados da existência pela lâmina dela? Eram perguntas perturbadoras, mas eu não podia me manter preso a elas. — Para terminar, eu gostaria de saber, você alguma vez pensou em fazer algo diferente? — Na verdade, não. Eu sou um soldado. Fui criada pra isso. Essas vontades são para vocês. Eu só tenho propósito. E sigo. Sem sentimento, sem vontades, sem ambições, somente o meu trabalho. — Entendo. Obrigado pelo tempo e pelas respostas — Enquanto eu me levantava e me retirava ela me chama. — Minha pergunta para você. Você decidiu que a entrevista era seu propósito. Por que? — Eu não tinha uma grande e elaborada resposta para a pergunta dela. Fiquei com o mais simples que podia dizer. — Com o tempo, nós mudamos de propósito. Fazemos coisas diferentes. E agora, tudo que eu tenho é tempo, seu trabalho faz com que não se possa fazer nada a respeito. Mas não quero só ver o tempo passar.