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TERRAPLENAGEM
2.1 INTRODUÇÃO
Designa-se por terraplenagem os movimentos de terra necessários para se proceder a uma
construção modificando assim a topografia do terreno de forma a torná-la mais apropriada à
atividade humana que se lhe deseja atribuir. Deste modo, a construção de um edifício, de uma
estrada, de um aeroporto, de um caminho de ferro ou de qualquer outra obra de Engenharia Civil,
seja ela de grande ou pequeno porte, exige a execução prévia de um conjunto de operações que
envolvem a escavação, o aterro e o transporte de terras, procedendo-se a um processo de remoção da
terra dos locais em que se encontra em excesso para aqueles em que há falta de forma a regularizar
o terreno natural face à instância do projeto que se pretende implantar. Para isso, muitos métodos
foram já utilizados desde a antiguidade tal como à frente se apresenta no ponto referente a
“Máquinas e Equipamentos de Terraplenagem” (ponto 2.5).
A escavação torna-se necessária quando se trata de trazer até ao plano onde se fará a
construção, o nível de um terreno mais alto, enquanto que, tratando-se de um terreno cujo plano se
encontra mais baixo do que o nível em que se deseja edificar, torna-se necessário fazer um aterro.
Todo o processo envolvente a estas duas operações constitui o conteúdo dos pontos 2.3 e 2.4
respectivamente.
2.3 ESCAVAÇÃO
Quando se inicia o processo de construção a primeira fase a realizar é a escavação. Esta fase
é sempre necessária, nem que seja só para a construção das fundações.
Pode dizer-se que “as escavações são movimentos de terras cuja profundidade, em relação
à superfície ou à largura é mais importante” (in Manual de Construção, G.Baud, pag.66).
Para se saber o volume de terra a escavar fazem-se cortes longitudinais e transversais no
terreno onde se pretende construir.
- II.1 -
2.3.1 Tipos de escavação
Existem vários tipos de escavações, sendo estas descritas da forma que se segue:
a) Escavação a toda a largura – retira-se o solo que está a ocupar o espaço necessário para a
realização do edifício, isto é, o movimento de terras geral da superfície a construir, cuja
profundidade está limitada pelo cave, por exemplo;
b) Escavação em sulco ou regueira – consiste numa trincheira com uma largura mínima de
40cm e profundidade variável, destinada a alojar os muros, as fundações, as canalizações, etc.;
c) Escavações de poços – trata-se de um movimento de terras de pequena largura e
grande profundidade, mas estas dimensões dependem dos meios de realização da escavação.
Normalmente são executadas para estabelecer as fundações e pilares isolados;
d) Escavação em galeria – faz-se sob a terra sendo necessário o emprego de escoramentos à
medida que a escavação avança;
e) Escavação em terreno rochoso – este processo de escavação poderá ser realizado por vários
métodos como se verá mais à frente neste capítulo.
.3.1.1.1.1.1
.3.1.1.1.1.2
b) gatos hidráulicos tipo Rockjak – este processo exige que se tenha um orifício de 60cm de
profundidade e 87mm de diâmetro. Neste orifício é então introduzido o Rockjak com uma
estaca de aço, onde se exercerá a pressão dos seus dez pistões hidráulicos. A pressão obtém-se
com uma bomba manual;
Bomba
Dez pistões
hidráulicos
60
Cunha
Cunha
Aquecimento do CO2
2.3.4 Explosivos
Os explosivos dividem-se em deflagrantes e detonantes. Os primeiros explodem por combustão
logo para se proceder à explosão basta haver um simples incêndio. Os segundos explodem por
detonação, o que exige a intervenção de um detonador. Como explosivos deflagrantes tem-se a
pólvora de mina (n e g r a e vermelha), e como explosivos detonantes tem-se dinamites, explosivos
de cloretos, de nitrato de amoníaco, de oxigénio liquido, e melinita.
A eleição do tipo de explosivos a usar deve ter em atenção os seguintes fatores;
a) a natureza dos materiais a extrair e a estrutura do maciço rochoso – as rochas brandas podem
ser tratadas com explosivos deflagrantes, nas rochas semiduras podem-se usar explosivos
detonantes (com coeficiente de potência médio), paras as rochas duras utilizam-se também
detonantes, mas com elevado coeficiente de potência. Os explosivos detonantes são também
utilizados em maciços de argilas e margas;
b) o estado de fragmentação desejado – a natureza do explosivo influência o grau de
fragmentação do solo;
c) o grau de humidade da rocha – alguns tipos de explosivos são adequados para trabalhar em
solo húmido, o que é importante para a explosão de terrenos que se encontrem emersos.
Há outros que só se podem utilizar em terreno seco;
d) as condições de segurança – o armazenamento e emprego de explosivos é submetido
a regulamentações severas para que não haja quaisquer tipos de acidentas. Por tal facto,
os utilizadores de explosivos devem conhecer bem este tipo de normas e regras.
- II.4 -
2.3.4.1 Perfuração e explosão
Estes dois processos estão diretamente ligados à economia que se pode ter nos trabalhos
de escavação em solo rochoso. A eficiência da perfuração e explosão dependem inteiramente do
método a usar. Os custos do processo de perfuração, envolve diretamente a mão de obra, o
equipamento de perfuração, assim como, os custos dos explosivos, carregamento, detonadores e
outros acessórios necessários à explosão.
O abalo para o exterior depois da explosão depende de como foi feita a perfuração e de que
forma foi feito o carregamento das perfurações com os explosivos. Um engenheiro na sua construção
dá uma certa importância a este aspecto, por isso, deverá ser criterioso na escolha do tipo de
explosivos e técnicas de explosão, nunca esquecendo a natureza e tipo de solo rochoso em causa. Do
mesmo modo, o tipo de equipamento para se proceder à escavação tem que ser escolhido
consoante o trabalho que se tem em mãos, respeitando os princípios do projeto.
Para concluir, pode-se acrescentar que esta questão da explosão e perfuração não pode ser posta
de lado quando se realiza um projeto em que seja necessária a escavação de solo rochoso. Com uma
boa perfuração e um perfeito carregamento de explosivos nos furos, consegue-se uma boa
explosão. Isto significa que haverá uma fragmentação uniforme do solo rochoso, facilitando a
operação dos equipamentos de remoção de solo, e de abertura de túneis ou poços.
2.3.6 Entivação
Quando existem escavações relativamente profundas, para prevenir desmoronamentos e riscos
de acidentes, diminuindo também a área de superfície ocupada, é necessário estaquear, escorar ou
revestir as terras.
Banqueta
O revestimento sobressai das Conservam-se os taludes naturais para a parte superior, mas se
banquetas para evitar o estaqueia a parte inferior
desmoronamento e queda de
terras para o fundo da sanca
(de 5 a 10 cm segundo os
regulamentos)
Estaqueamento vertical
2.4.2 Empolamento
Chama-se empolamento ao aumento de volume, que é variável segundo a natureza do
terreno, motivado pela desagregação das terras removidas. Assim, um cubo de terra extraída de um
desaterro, é superior à cubagem de escavação resultante. Os materiais de forma regular e grandeza
constante produzem vazios, podendo alcançar 40 a 50% do volume escavado. Se os materiais são
mais miúdos preenchendo melhor os vazios, aquele coeficiente baixa rapidamente, sobretudo depois
de algum tempo decorrido, ou se está a chover quando se está a aterrar, ou chove pouco depois.
Tomando como base o estado higrométrico dos vários terrenos, o aumento do volume em aterros
arenosos e de terra ordinária pode atingir 10%; em terrenos de argila e nos calcários 15%; e nas
rochas fragmentadas com explosivos, cerca de 30 a 40%. Excepcionalmente pode atingir 50% para
alguns fragmentos de rocha. A chuva é sempre o fator mais poderoso para abater estes terrenos, mas
quando se trata de terras argilosas, facilmente solúveis na água, pode suceder que essa água forme
poças que são sempre prejudiciais ao aterro. Procura-se evitar este inconveniente reduzindo os
vazios, desfazendo os torrões e espalhando as terras por camadas pouco espessas. Depois do
assentamento, o empolamento reduz-se a cerca de 5% para terra mais ou menos solta, e a 20% para as
rochas brandas.
- II.7 -
menor número de passadas.
c) Vibração – consiste numa força vertical aplicada de maneira repetida, com frequências
elevadas, superiores a 500 golpes por minuto. Isto significa que à força vertical se soma
uma aceleração produzida por uma massa excêntrica que gira com determinada frequência.
d) Impacto – Resulta de uma ação semelhante à da vibração, diferenciando-se, apenas,
pela baixa frequência da aplicação dos golpes (menos do que 500 golpes por minuto).
- II.8 -
A compressão é obtida pelos rolos compressores de rodas metálicas, dotadas de grande peso
próprio, e cuja superfície de contacto é bastante pequena, gerando-se por consequência, pressões de
contacto elevadas que produzem o adensamento.
Figura II.11 – Cilindro de três rodas Figura II.12 – Cilindro de três eixos
Afundamento
Superfície de contacto -
Sc
P
S’c <> Sc
h’ > < h
h’
- II.9 -
2.4.4 Fatores que influem na compactação
- II.11 -
QUADRO I
UNIDADES CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES EXEMPLOS
Máquina elementar da terraplenagem, que pode ser adaptada
com implementos para executar diferentes tarefas. As suas
principais características são: esforço trator, velocidade,
aderência, flutuação e balanceamento. Existem tratores de
esteira e tratores de p n e u s . Os primeiros são mais indicados - Trator de esteira
DE TRAÇÃO para esforços elevados, onde o terreno tem declive acentuado. - Trator de pneus
Quando a topografia do terreno é favorável, são mais
aconselháveis os tratores de pneus, pois a velocidade é uma
das suas melhores características.
Estas unidades têm como função escavar e empurrar a terra.
- Trator de lâmina
ESCAVO São constituídas por um trator que possui uma lâmina como
ou "bulldozer"
EMPURRADORAS implemento. As lâminas podem ser de diferentes tipos: com
acionamento hidráulico, reta ou fixa, angulável e inclinável.
- Scraper
São máquinas que podem executar as quatro operações
rebocado (figura
ESCAVO básicas da terraplenagem. No entanto só é aconselhável a sua
II.17)
TRANSPORTADORAS utilização quando o material é de consistência média assim
- Scaper
como a distância de transporte não deve ser muito elevada.
automotriz ou
As operações executadas por estas máquinas são apenas duas:
- Carregadeira
a escavação e o carregamento sobre outro equipamento, não
de esteiras
servindo para o transporte de terras.
(figura II.19)
A carregadeira de pneus possui mais velocidade e mobilidade
ESCAVO - Carregadeira
relativamente à carregadeira de esteiras, mas em
CARREGADORAS de pneus
contrapartida esta revela-se mais apta para esforços de
(figura II.20)
tração e trabalhos sob a chuva.
- Escavadeira
A escavadeira pode ser montada sobre esteiras, pneus e
(figura II.21 e
trilhos. Este tipo de máquinas executa trabalhos diferentes
II.22)
mediante a lança que lhes é aplicada.
Às unidades aplainadoras compete-lhes o acabamento final
da terraplenagem, ou seja, elas espalham a terra e - Motoniveladora
regularizam o terreno. Após esta etapa será efetuada a (figura II.23)
APLAINADORAS
compactação.
Uma das suas características mais evidentes é a precisão
de movimentos.
- Camião
basculante (figura
II.24)
DE TRANSPORTE Estes equipamentos são usados quando as distâncias a
- Vagões (figura
percorrer são significativas e as unidades escavo-
II.25)
transportadoras se tornam demasiado dispendiosas para
- Dumper (figura
executar a tarefa em causa. As unidades de transporte
II.26)
apresentam um custo mais reduzido e a sua velocidade de
- Camião fora de
execução é maior.
estrada (figura
II.27)
- II.12 -
- Rolo de pé de
carneiro (figura
II.28)
- Rolo vibratório
São utilizadas exclusivamente para o adensamento dos solos e (figura II.29)
na redução do número de vazios, isto é, são as responsáveis - Rolo
pela compactação do terreno. pneumático
COMPACTADORAS
(figura II.30)
- Rolo combinado
Este tipo de máquinas só se utiliza quando o volume de terras
é muito grande, as condições topográficas do terreno são
ESCAVO desfavoráveis e o solo não apresenta um grau de - Escavo-elevadora
ELEVADORAS compactação muito alto. Estes equipamentos apresentam (figura II.31)
custos muito elevados, pelo que só são usados em situações
peculiares.
1 - Engate
2 - Pescoço
3 - Braços laterais de suspensão
4 - Roldana e cabos de
sustentação 5 - Articulação
6 - Articulação dos braços de suspensão
7 - Avental - movimentos de abertura e fechamento
- II.13 -
Figura II.18 - Carregadeira de pneus Figura II.19 - Escavadeira montada
sobre esteiras
1 - Báscula
2 - Tampa traseira
da báscula
3 - Pistão de
levantamento
e
bomba hidráulica
4 - Cardã de
transmissão 5 - Chassis
principal
6 - Proteção da cabine
Figura II.22 - Camião basculante
- II.14 -
Figura II.25 - Camião fora de estrada
-Tambor
- Eixo
- Quadro de suporte
4 - Engate
- II.15 -
2.6 SEGURANÇA
Durante o processo de movimento de terras é indispensável obedecer a um quadro de
segurança ajustado a cada obra em particular, no qual os principais problemas que surgem são:
Segurança do equipamento utilizado na construção;
Segurança das pessoas envolvidas na obra;
Segurança da própria obra;
Em relação à segurança do equipamento de construção e do pessoal, devem ser respeitadas
um conjunto de regras e imposto um determinado comportamento para que esta esteja presente e
sobreviva ao longo do tempo de vida da obra.
Em concreto, no que respeita à execução de obras de movimentos de terras é necessário
tomar medidas provisórias e com efeito imediato.
Quando nas escavações o perfil definitivo do terrapleno é executado com um ângulo
convenientemente escolhido (tendo em conta os assentamentos) não há necessidade de tomar
nenhuma medida de precaução especial. No entanto se não for está a situação, terá que existir um
enorme cuidado para que em nenhuma fase de execução, os taludes sejam demasiado
acentuados de modo a evitar acidentes que podem ser muito graves (caso do desprendimento).
Quando o aterro é feito num plano inclinado, podem ocorrer escorregamentos. Para evitar que tal
suceda, corta-se o terreno em degraus de meio metro de altura e de largura, conforme a inclinação
do terreno, e deixando as terras provenientes deste corte no seu lugar, para que as do terreno se
misturem com elas. As aterros fazem-se geralmente para camadas de 0,20m, que se batem a maço
ou se calcam com um cilindro compressor, em seguida rega-se e lança-se nova camada da mesma
espessura que se maça e se rega novamente, continuando a fazer-se estas operações até o aterro
estar completo. Sempre que este é feito em terras arenosas basta regar profusamente as diversas
camadas para que assentem devidamente. Toda a passagem dos veículos empregados nestes
trabalhos deve fazer-se sobre o terreno já aterrado para ajudar a calcá-lo.
No caso de ser notada percolação em alguns taludes, haverá necessidade de ser realizadas
operações de saneamento dos mesmos.
Para evitar acidentes é também indispensável limitar a circulação, nas proximidades das
escavações, das máquinas de movimentos de terra ou camiões pesados.
Na construção das fundações das estruturas é necessário realizar escavações provisórias que
posteriormente são aterradas. Estas escavações executam-se segundo um talude acentuado tanto
quanto possível, no intuito de minimizar o volume dos movimentos de terras, justificando-se assim
o uso de entivações dos mesmos.
Todos estes fatores devem estar presentes em cada obra para que a mesma decorra com
condições de segurança para todas as partes envolvidas.
- II.16 -