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São Cristovão-SE
2013
GEANE DOS SANTOS SANTANA
São Cristovão-SE
2013
GEANE DOS SANTOS SANTANA
______________________________________________
Profª. Dra. Rita de Cássia Pistóia Mariani
Orientadora
_____________________________________________
Profª. Dra. Ivanete Batista dos Santos
Examinadora
_____________________________________________
Profª. MSc. Denize da Silva Souza
Examinadora
O presente trabalho traz os resultados de uma pesquisa que objetiva investigar como é
proposta a mobilização dos registros de representação semiótica inerente ao processo de
desenvolvimento do pensamento algébrico com ênfase na dimensão funcional. Para
tanto, aplicou-se uma sequência de ensino dinamizada em turmas do 1º ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Prof.ª Glorita Portugal no município de São Cristóvão/SE,
totalizando 106 alunos participantes desta pesquisa, com faixa etária entre 11 e 23 anos
de idade. Neste sentido, a fundamentação teórica centrou-se nos estudos de Raymond
Duval (2003, 2009) sobre os registros de representação semiótica, nas dimensões da
álgebra, propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL,
1998) e nas concepções da álgebra classificadas por Usiskin (1994). Desse modo, a
organização metodológica embasou-se em uma pesquisa qualitativa e por esse motivo,
desenvolveu-se uma sequência de ensino contendo três atividades referentes ao
conteúdo de funções. Na Atividade 1, o conteúdo proposto foi uma introdução a função
dividida em cinco itens. No item 1a, 1b e 1c os alunos precisaram destacar a relação
entre as grandezas de tempo e distância, quem era a variável dependente e se, para cada
intervalo de tempo correspondia uma única distância. No item 1d foi necessário
interpretar o enunciado ou os dados da tabela para encontrar uma função que fornecesse
d em função de t e, no item 1e foi necessário representar os pontos da tabela no plano
cartesiano. Em relação à Atividade 2, o conteúdo proposto foi função afim, dessa forma
destacamos que a atividade propôs ao aluno várias conversões nos diversos registros de
representação que contemplavam a DFc e DEq. No item 2a o aluno precisou encontrar
um modelo algébrico ao interpretar o enunciado proposto, no 2b, foi necessário
justificar como obteve o modelo algébrico. Em relação ao item 2c e 2d foi necessário o
utilizar o modelo algébrico do item 2a para determinar o tempo gasto na internet e
quanto pagaria na lanhouse pelo tempo estimado no enunciado. O item 2e a sequência
apresentou dois gráficos para duas opções de acesso à internet e o aluno precisou
verificar neles quanto pagaria pelas horas de acesso. Já no item 2f foi necessário
encontrar a função que representava o gráfico para acesso à internet. Por fim, a
Atividade 3 envolveu o conteúdo de função quadrática e no item 3a houve a
necessidade de expressar as áreas do terreno e da quadra em função de x . No item 3b
determinar o valor da área da quadra quando o enunciado determinou um valor
numérico e no item 3c esboçar o gráfico da função que representava a área da quadra.
Dentre os resultados destacou-se que, os alunos tiveram dificuldade em resolver
atividades tanto no tratamento quanto na conversão. Dessa forma, nas atividades 1a, 1c
e 2b, por exemplo, foi notório o percentual de equívocos cometidos pelos alunos ao
realizarem o tratamento no RLN com um percentual de, 27,36%, 16,04% e 4,72%
respectivamente. Já na 1d (0,94%) e 3c (27,36%) eles mobilizaram corretamente as
conversões que envolviam três registros de representação por meio de conversões, a
exemplo do RTb→RNm→RAl e RTb→RNm→RGr utilizando o RNm como registro
intermediário. Além de identificarmos equívocos na resolução de atividades referentes à
conversão mobilizando o RAl, RGr, RNm e RSb. No entanto, em atividades que são
bastante exploradas em sala de aula (usuais) a maioria dos alunos conseguiu mobilizar
os registros necessários para realização das atividades com sucesso. Para tanto, 50%
deles realizaram corretamente o tratamento no RNm e apenas um aluno conseguiu
apropriar-se da conversão do RGe→RNm em uma das atividades propostas na
sequência de ensino. Por fim, destacamos que os resultados obtidos poderiam ser mais
satisfatórios se os alunos estivessem habituados a mobilizar vários registros de
representação em atividades que articulem tanto a dimensão funcional quanto as demais
dimensões no estudo de um objeto matemático.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Quantitativo de alunos participantes da pesquisa .......................................... 16
Tabela 02: Datas e horários da coleta de dados............................................................... 28
Tabela 03: Perfil dos alunos do 1º ano participantes da pesquisa ................................... 29
Tabela 04: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 1a.................................... 31
Tabela 05: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 1b.................................... 32
Tabela 06: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 1c.................................... 34
Tabela 07: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 1d.................................... 35
Tabela 08: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 1e.................................... 37
Tabela 09: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2a.................................... 40
Tabela 10: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2b.................................... 41
Tabela 11: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2c.................................... 43
Tabela 12: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2d.................................... 45
Tabela 13: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2e.................................... 47
Tabela 14: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2f.................................... 48
Tabela 15: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 3a.................................... 50
Tabela 16: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 3b.................................... 53
Tabela 17: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 3c.................................... 55
LISTA DE SIGLAS
CODAP – Colégio de Aplicação
DAG – Dimensão Aritmética Generalizada
DEq – Dimensão Equações
DEt – Dimensão Estrutural
DFc – Dimensão Funcional
DMA – Departamento de Matemática
EF – Ensino Fundamental
EM – Ensino Médio
LD – Livro didático
PNLD – Plano Nacional do livro didático
RAl – Registro Algébrico
RFg – Registro Figural
RGe – Registro Geométrico
RGr – Registro Gráfico
RLN – Registro Língua Natural
RNm – Registro Numérico
RSb – Registro Simbólico
RTb – Registro Tabular
SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica
SARESP - Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
SIADE - Sistema de Avaliação de Desempenho das Instituições Educacionais do
Sistema de Ensino do Distrito Federal
UFS – Universidade Federal de Sergipe
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................60
APÊNDICES....................................................................................................................62
1. INTRODUÇÃO
Os saberes matemáticos são constituídos por um sistema de representação
universal a partir do momento que, sejam postos problemas de interesse capital, prático
ou teórico (CARAÇA, 2003). Isso implica dizer que, o conhecimento matemático é
advindo da interação constante que ele possui com o contexto natural, histórico e
cultural da sociedade. Possibilitando dessa maneira, que a Matemática tenha a
característica de compreender e atuar no mundo (BRASIL, 1998).
Estas características possibilitam que a Matemática assuma um caráter
integrador e contextualizado. O seu estudo permite, entre outros aspectos, a aquisição
do pensamento e da linguagem algébrica como a linguagem das ciências, necessária
para generalizar padrões aritméticos, estabelecer relações entre duas grandezas,
modelizar, resolver problemas aritmeticamente difíceis, mobilizando diversas
representações de um mesmo objeto matemático. (BRASIL, 1998).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), o estudo da
álgebra constitui um espaço bastante significativo para que o aluno desenvolva e
exercite sua capacidade de abstração e generalização. Sendo que, para garantir o
desenvolvimento do pensamento algébrico, o aluno deve estar necessariamente
engajado em atividades que inter-relacionem as diferentes dimensões da álgebra
classificadas por Brasil (1998) como: aritmética generalizada, funcional, equacional e
estrutural.
Vale destacar que nem todas as dimensões da álgebra são abordadas em sala de
aula, pois a maneira como o conteúdo é explorado privilegia apenas o cálculo algébrico
e das equações e, tende a privilegiar a memorização de procedimentos algoritmizados,
por exemplo, determinar o valor de expressões algébricas que explorem a dimensão
equacional. Ou ainda para mobilizar as variáveis como símbolos arbitrários, enfatizando
a dimensão estrutural.
Diante desse contexto, destaco minha1 prática docente na rede pública municipal
de Aracaju/SE, na qual tive a oportunidade de lecionar a disciplina de Matemática no 9º
ano do Ensino Fundamental. Dessa forma, apliquei e observei como os alunos
exploravam as atividades que lhes eram propostas em sala de aula. A partir desta
experiência, notei que eles apresentavam uma dificuldade significativa nos conteúdos
1
Para destacar minha experiência docente em sala de aula e os caminhos e descaminhos que percorri
durante minha pesquisa adotarei a 1ª pessoa do singular e nas demais seções a 1ª pessoa do plural.
relacionados ao desenvolvimento do pensamento algébrico2, principalmente ao realizar
atividades que exploravam mais de uma dimensão da álgebra. Isso porque, eles estavam
habituados a manipular atividades repetitivas que priorizavam somente a dimensão
equacional.
Dessa forma, destaco algumas atividades que explorei em sala de aula com o
intuito de verificar a aprendizagem cognitiva dos alunos em relação ao pensamento
algébrico. No conteúdo de equações biquadradas, por exemplo, explorei atividades que
mobilizavam a dimensão equacional e estrutural. No entanto, muitas delas não foram
respondidas por eles, pois os mesmos alegaram ter dificuldade em resolver uma equação
que não tinha o modelo padrão que conheciam, ou seja, x 4 −1=0 . Assim, destaco um
exercício aplicado em sala de aula referente ao conteúdo supracitado. Ao propor a
questão do tipo( x 2 +1 ) . ( x 2−1 ) =0, identifiquei que eles não conseguiam manipular os
símbolos abstratos e propriedades que eram necessários para obter uma equação
equivalente, isto é, uma equação biquadrada que em seguida, era preciso determinar sua
solução para encontrar o valor da incógnita.
Já em funções, apresentei atividades que exigissem do aluno a manipulação de
vários registros na dimensão funcional e equacional: analisar gráficos e determinar os
zeros das funções, bem como o modelo algébrico que os representa, mas os alunos
apresentaram baixo rendimento quanto à interpretação de gráficos cartesianos. O
mesmo aconteceu com a leitura e interpretação do enunciado de uma questão e
encontrar um modelo algébrico que estabeleça a relação entre duas grandezas.
Entretanto, em atividades que solicitavam os zeros das funções por meio de equações,
eles tiveram bom desempenho e conseguiam com êxito esboçar gráficos por meio de
tabelas.
Para tanto, destaco que os alunos da turma na qual lecionei tiveram muita
dificuldade em resolver atividades vinculadas à dimensão funcional e estrutural. Uma
vez que, demonstraram ter domínio nas atividades que tinham por objetivo resolver
equações, isto é, na dimensão equacional em um único sistema representacional, pois no
momento que apresentei questões nesta mesma dimensão, mas que envolviam a
interpretação do enunciado, o resultado não foi satisfatório. Isso evidencia que eles
conseguem resolver atividades que priorizam uma dimensão em detrimento das demais.
2
Segundo Ponte (2006, p.7) o pensamento algébrico inclui a capacidade de lidar com o cálculo algébrico
e as funções. Além de lidar com muitas outras estruturas matemáticas e usá-las na interpretação e
resolução de problemas matemáticos ou de outros domínios.
Diante do exposto acima, a mesma situação ocorre nas análises de avaliações na
área de Matemática como, por exemplo, ao SAEB 3 ou ainda por avaliações estaduais
tais como: SARESP4 e SIADE5, organizadas, respectivamente pelos estados de São
Paulo e Distrito Federal.
Em todos esses sistemas de avaliação, objetiva-se avaliar o desempenho dos
alunos em relação à apreensão dos conceitos matemáticos a partir da matriz de
referência composta por 04 (quatro) blocos de conteúdos: números e operações, espaço
e forma, grandezas e medidas, tratamento da informação. A questão selecionada do
SARESP (2010), por exemplo, solicita a manipulação de distintas representações
matemáticas, inclusive a algébrica, para solucionar um problema do campo geométrico
(Figura 01).
3
Sistema de Avaliação da Educação Básica: foi criado em 1988 e implantado em 1990. Este é gerenciado
pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Educação e coordenado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP e conta com a participação e o apoio das Secretarias Estaduais e
Municipais de Educação das 27 Unidades da Federação. Os levantamentos de dados do SAEB são
realizados, a cada dois anos e abrange de maneira amostral os estudantes das redes públicas e privadas do
país, matriculados no 5º e 9º anos do ensino fundamental e também no 3º ano do ensino médio.
4
Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo: é um sistema de avaliação de
desempenho dos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio do Estado de São Paulo implantado em 1996
no governo de Mário Covas, gerenciado pela Secretaria de Estado da Educação (SEE/SP), que busca
subsidiar a própria SEE/SP nas tomadas de decisão relativas à política educacional do Estado anualmente.
5
Sistema de Avaliação de Desempenho das Instituições Educacionais do Sistema de Ensino do Distrito
Federal: foi criado e decretado em 2008, o qual estabelece como competência da Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal a responsabilidade pela supervisão e coordenação geral do Sistema. Esta
avaliação é um instrumento permanente de planejamento anual, destinado a aferir as condições da oferta
do ensino nas escolas públicas e privadas do Distrito Federal.
O baixo percentual de acertos (21,9%) da questão (Figura 01) pode significar
que ela apresenta um nível elevado de dificuldade para o aluno, isso porque exige a
interpretação do enunciado na língua natural, o reconhecimento e manipulação de
propriedades geométricas, bem como o emprego de expressões algébricas e numéricas.
No entanto, de acordo com o relatório do SARESP (2010, p.204) “a álgebra
desenvolvida pelas escolas dá maior ênfase aos procedimentos, favorecendo um
aprendizado mecânico, no qual são tratados praticamente apenas as regras e passos na
resolução de problemas”. Ou seja, ocorre uma valorização e algoritmização da
linguagem algébrica em detrimento aos demais campos da matemática.
Para reverter esse quadro, torna-se imprescindível organizar atividades
matemáticas que abordem distintas dimensões da álgebra, mas também promovam
transformações de representação desse objeto matemático. Em outras palavras,
atividades que contemplem a linguagem geométrica, figural, gráfica, numérica e
algébrica, pois o estudo de um objeto matemático não se resume apenas em uma única
representação. Dessa forma, destaco que minha postura em relação à seleção de
atividades propostas aos alunos, à escolha do LD utilizado em sala de aula e a forma de
conduzir e avaliar os alunos se deve a minha participação no Projeto de Iniciação
Científica (PIBIC) de 2011 a 2012.
Se não fosse esta pesquisa que realizei, provavelmente não teria conhecimento
das dimensões da álgebra propostas por Brasil (1998), bem como a teoria de Duval
(2003, 2009) sobre os registros de representação semiótica. Assim, por meio desses dois
pressupostos, fiz uma análise minuciosa de todas as atividades propostas pelos autores
da coleção de livros didáticos A conquista da Matemática de Giovanni e Castrucci
(2009) para o Ensino Fundamental e a coleção para o Ensino Médio, Matemática: uma
nova abordagem de Giovanni e Bonjorno (2011), adotados pelos professores de
Matemática do CODAP, totalizando 07 obras.
A partir da análise destas obras, surgiram algumas indagações relacionadas ao
modo como o professor conduzia e avaliava os alunos, e também como os alunos
mobilizam os registros de representação semiótica em atividades que articulavam as
dimensões da álgebra.
Diante do exposto acima, destaco algumas considerações sobre minha trajetória
como pesquisadora. Inicialmente, meu projeto6 de pesquisa tinha por objetivo investigar
a mobilização dos registros de representação semiótica inerentes ao desenvolvimento do
6
Projeto de pesquisa elaborado durante a disciplina de Prática de Pesquisa I no período 2012.1
pensamento algébrico em uma sequência de ensino proposta para os alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio no Colégio de Aplicação da
Universidade Federal de Sergipe (CODAP/UFS). Sendo que, ela seria uma continuidade
da pesquisa que realizei no PIBIC de 2011 a 2012
No entanto, minha pesquisa passou a ter outro objetivo diante de minha outra
inquietação, que era focar o conteúdo de funções potencializando assim, a dimensão que
é explorada no 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio, ou seja, a
dimensão funcional. Além do mais, para tornar esta pesquisa mais proveitosa, eu e mais
três colegas 7
nos unirmos para elaborar e aplicar uma sequência de ensino que
mobilizasse as dimensões da álgebra (BRASIL, 1998) sob a ótica dos registros de
representação semiótica (DUVAL, 2003, 2009). Sendo que, ela seria aplicada em
escolas da rede estadual da Grande Aracaju/SE e assim, investigaríamos o
desenvolvimento do pensamento algébrico dos alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental.
Para tanto, analisamos livros didáticos de Matemática para os anos finais do
Ensino Fundamental e elaboramos uma sequência de ensino com 12 atividades
(APÊNDICE 01) referentes às quatro dimensões da álgebra, uma vez que, cada um dos
acadêmicos faria a análise das atividades referentes a uma dimensão. Em relação à
dimensão funcional, foco dessa pesquisa, é possível identificá-la nas atividades 4, 5 e 6.
De acordo com Bezerra (2013) na primeira etapa decidimos que cada acadêmico
dinamizaria a sequência de ensino em duas escolas e analisaríamos os resultados, para
então dar continuidade a pesquisa. No entanto, ao aplicarmos a sequência em quatro
escolas, sendo duas em São Cristóvão, escolas K e L, uma em Aracaju, escola M e uma
em Nossa Senhora do Socorro, escola N, totalizamos oito turmas de 9º ano e 237 alunos
participantes. Assim, constatamos que o percentual de alunos participantes estava de
acordo com nossa expectativa, pois com exceção da Turma A da Escola K e da Turma
B da escola L, todas as demais apresentavam uma participação igual ou maior que 80%
dos alunos, conforme a tabela que segue:
7
Alunos acadêmicos do curso de graduação em Matemática licenciatura, matriculados na disciplina de
Prática de Pesquisa II sob a orientação da professora Rita de Cássia Pistóia Mariani: DMA/UFS.
Destacamos que os acadêmicos participantes na elaboração da sequência de ensino são Débora da Silva
Santos, Geane dos Santos Santana, Laura Santos Bezerra e Jonathan Ruan de Jesus, cada um enfatizando
uma dimensão da álgebra, ou seja, dimensão aritmética generalizada, funcional, equacional e estrutural,
respectivamente.
Escolas Escola k Escola L Escola M Escola N
Turma Turma Turma Turma Turma Turma Turma Turma
Turmas
A B A B C A B C
Total de alunos
35 32 26 24 20 35 35 30
matriculados
Total de alunos
18 27 24 12 16 28 28 30
participantes
% de alunos
51,53% 84,38% 92,31% 50% 80% 80% 80% 100%
participantes
Tabela 01: Quantitativo de alunos participantes da pesquisa.
Fonte: Bezerra, 2013.
Segundo Brasil (1998) alguns aspectos de álgebra pode ser desenvolvido nos
anos iniciais do Ensino Fundamental. No entanto, é nos anos finais desta modalidade de
ensino que o estudo algébrico tem destaque notório.
Embora nas séries iniciais já se possa desenvolver alguns aspectos de
álgebra, é especialmente nas séries finais do Ensino Fundamental que
as atividades algébricas serão ampliadas. Pela exploração de situações
problema, o aluno reconhecerá diferentes funções da álgebra
(generalizar padrões aritméticos, estabelecer relação entre duas
grandezas, modelizar, resolver problemas aritmeticamente difíceis),
representará problemas por meio de equações e inequações
(diferenciando parâmetros, varáveis, incógnitas, tomando contato com
fórmulas), compreenderá a “sintaxe” (regras para resolução) de uma
equação) (BRASIL, 1998, p.50-1).
Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Quantidad
3 6 9 A 15 B 21 C 27 D
e
Escreva a fórmula que permite calcular a quantidade Q de cubos para uma posição P
Quadro 01: Atividade que exemplifica a dimensão aritmética generalizada.
Fonte: Dante (2005).
Se a soma nas linhas, nas colunas e nas diagonais fosse 20, quais seriam os valores
para x e y ?
Quadro 02: Atividade que exemplifica a dimensão equacional.
Fonte: Passos (2012).
( a−2 b ) ( a+2 b ) +3 b2 2
4 a +4 ab+b
2
10 c +20−cv +2 v
Quadro 03: Atividade que exemplifica a dimensão estrutural.
Fonte: De nossa autoria, baseado em livros didáticos de Matemática.
Quanto você pagaria por duas horas e meia de acesso à internet se escolhesse a opção
1? E se escolhesse a opção 2, quanto seria?
Qual função representa o gráfico para acesso à internet por tempo livre (opção 2)?
Na atividade acima, é necessário fazer uma análise dos gráficos para determinar
os valores numéricos solicitados. Bem como, determinar um modelo algébrico que
obedeça ao comportamento de um dos gráficos. Ou o contrário, esboçar o gráfico de
uma função a partir do modelo algébrico.
Dessa forma, para tornar as dimensões da álgebra acessíveis, torna-se
imprescindível articular atividades que levem os alunos a construir noções algébricas
observando tabelas e gráficos, do que desenvolver o estudo da álgebra apenas
enfatizando as manipulações com expressões e equações de uma forma meramente
mecânica (BRASIL, 1998). Em outras palavras, atividades que mobilizem várias
representações, isto é, a representação numérica, gráfica, geométrica dentre outras.
Diante desse contexto, a noção de registro de representação é introduzida pelo
filósofo e psicólogo Raymond Duval para analisar a influência das representações dos
objetos matemáticos sobre o ensino-aprendizagem da Matemática.
Segundo Duval (2003, 2009) não é possível estudar os fenômenos relativos ao
conhecimento sem se recorrer à noção de representação. Desde Descartes e Kant, ela
está no centro de toda reflexão que se preocupa com as questões da possibilidade e da
constituição de um conhecimento certo. Porque não há conhecimento que não possa ser
mobilizado por um sujeito sem uma atividade de representação.
Diante desse contexto, Duval (2003, 2009) afirma que é suficiente observar a
história do desenvolvimento da matemática, para ver que o desenvolvimento das
representações foi uma condição essencial para a evolução do pensamento matemático.
De acordo com Silva (2005), com a evolução da Matemática foram surgindo
além do sistema de numeração (decimal, binário, etc), os símbolos matemáticos, as
notações algébricas, os gráficos, as figuras geométricas e a língua materna que são
exemplos dessa variedade de representações semióticas. Assim, adotamos os seguintes
Registros de Representação e suas terminologias: Registro Algébrico (RAl), Registro
Numérico (RNm), Registro em Língua Natural (RLN), Registro Gráfico (RGr), Registro
Geométrico (RGe), Registro Figural (RFg), Registro Tabular (RTb) e Registro
Simbólico (RSb).
Vale destacar que a atividade matemática, diferentemente das outras áreas de
ensino como a Física, Biologia e Química não é perceptível ou observada através de
instrumentos, ela necessita de representações para o seu acesso. Ou seja, os objetos
matemáticos, começando pelo acesso aos números, estão ligados à utilização de um
sistema de representação que os permite designar (DUVAL, 2003, 2009). Sendo que,
essas representações possibilitam a comunicação entre o sujeito e as atividades
cognitivas do pensamento.
Segundo Passos (2012) a comunicação em Matemática acontece por meio de
representações dos objetos matemáticos, os quais são estudados ou ensinados a partir de
conceitos, propriedades, estruturas e relações. Para tanto, se faz necessário compreender
o que são essas representações, tão importantes ao funcionamento e desenvolvimento do
conhecimento matemático, independentemente de qual seja o objeto matemático.
A compreensão em matemática supõe a coordenação de ao menos dois
Registros de Representações semióticas. Para mobilizar tais Registros de
Representação, torna-se necessário realizar dois tipos de transformações semióticas que,
segundo Duval (2003, 2009) são diferentes: tratamento (T) que é a transformação de
representações dentro de um mesmo registro ou a conversão (C) que é a transformação
de representações que consiste em mudar de registro, conservando o mesmo objeto
denotado.
Para explorar o tratamento ou a conversão nos distintos Registros de
Representação Semiótica, torna-se imprescindível organizar atividades matemáticas que
abordem as quatro dimensões da álgebra, contemplando a linguagem geométrica,
figural, gráfica, numérica e algébrica. Isso porque, segundo Duval (2003), a
compreensão em Matemática só é possível quando o aluno faz a mobilização simultânea
de dois ou mais registros referentes ao mesmo objeto matemático. Tal mobilização
remete a transformação de conversão de registros, e deve ser trabalhada em ambos os
sentidos.
Ao resolver uma atividade proposta no SARESP (2010) é possível identificar
cinco dos oito registros de representação semiótica por meio de conversões. Por
exemplo, ao transformar RLN→RGe.
2 2 2
x =2 +4
REGISTROS
MONOFUN-
CIONAIS:
Registro Simbólico (RSb)
A = (0, 0); B = (4, 2); C = (8, 0); D = (4, 0)
Os tratamentos
são Registro Tabular Registro Algébrico
principalmente (RTb) (RAl)
algoritmos
Lado AB Lado AB
x y
0 0
1 1/2
2 1
3 3/2
4 2
A atividade supracitada (Quadro 08) passa a ser destinada aos alunos do 3º ano
do Ensino Médio. Entretanto, continua com o mesmo objetivo, que é interpretar o
enunciado, ou seja, converter o RLN → RGe e depois mobilizar o RNm para determinar
o comprimento da reta. A partir do RGe, é possível realizar outra conversão para o RGr
e novamente, realizar mais uma conversão do RGr → RSb. Em outras palavras, a
conversão do RGe → RGr → RSb e assim, determinar a equação da reta realizando um
tratamento no RAl.
Diante do exposto até aqui, vemos a necessidade de investigar como é proposta a
mobilização dos registros de representação semiótica inerentes ao processo de
desenvolvimento do pensamento algébrico dos alunos.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Dessa forma, para a realização desta investigação foi aplicada uma sequência de
ensino dinamizada em quatro turmas do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
Prof.ª Glorita Portugal, situada no bairro Eduardo Gomes, município de São
Cristóvão/SE entre os dias 24 e 25 de janeiro de 2013. Sendo que, no momento da
aplicação desse instrumento de coleta de dados, o professor titular das turmas não estava
presente.
3.1 O campo da Pesquisa
O Colégio Estadual Prof.ª Glorita Portugal está localizado na Rua 62, Conjunto
Eduardo Gomes, bairro Rosa Elze no município de São Cristóvão/SE. Em 1984, ano de
sua fundação, era denominada Escola de 1º grau Prof.ª Glorita Portugal, situada na
mesma localidade.
De 1984 a 2005 o Glorita oferecia duas modalidades de Ensino Fundamental:
menor (1ª a 4ª série) e maior (5ª a 8ª série). Atualmente, ele atende os níveis de Ensino
Fundamental maior do 6º ao 9º ano, autorizado a funcionar através da Resolução nº
350/91/CEE, reconhecido pela Resolução nº 055/97/CEE em 02/10/97. Já o Ensino
Médio regular, foi autorizado a funcionar através da Resolução nº072/03/CEE,
reconhecido através da Resolução nº 031/07/CEE em 15/02/07, além do PRE SEED 8 em
que, os alunos têm a possibilidade de cursar o pré-vestibular do estado de Sergipe.
O colégio organiza-se em séries anuais e oferta turmas nos turnos matutino,
vespertino e noturno. No ano de 2012 o Glorita contou com 1357 alunos matriculados,
sendo 07 turmas de Ensino Fundamental maior, contabilizando 713 alunos e no Ensino
Médio 09 turmas, totalizando 644 estudantes.
8
O PRE SEED é um curso preparatório para o vestibular oferecido aos alunos da rede pública estadual de
Sergipe. Na qual, os alunos passam por uma seleção (prova escrita referente aos conteúdos do Ensino
Médio). Ele foi inaugurado no estado de Sergipe em 2000, em 2005, no Conjunto Eduardo Gomes, no
município de São Cristóvão/SE. E somente em 2007 ele atendeu os estudantes do Glorita e da
comunidade, ano em que o Ensino Médio foi instaurado na escola supracitada.
Escola Colégio Estadual Profª Glorita Portugal
Turno Manhã Tarde Noite
Turmas Turma A Turma B Turma C Turma D Turma E Turma H
Data da coleta
25/01/13 25/01/13 25/01/13 24/01/13 24/01/13 25/01/13
de dados
Horário da 07h00min 07h50min 08h40min 13h50min 14h40min 19h00min
coleta de dados 07h50min 08h40min 09h50min 14h40min 15h20min 19h50min
Total de alunos
27 30 29 40 29 32
matriculados
Total de alunos
18 20 12 23 17 15
participantes
% de alunos
66,66% 66,66% 41,37% 60% 58,62% 46,87%
participantes
Tabela 02: Datas e horários da coleta de dados.
Fonte: De nossa autoria, a partir dos dados dos protocolos dos alunos.
Vale ressaltar que, a própria coordenação fez o alerta prévio da ausência dos
alunos nas aulas de qualquer disciplina, principalmente no turno da noite. Ainda, a
mesma nos alertou sobre a possibilidade de não obtermos uma coleta de dados
satisfatória, pois os alunos dos 1º anos F, G e H noturno só frequentam a escola em
período de provas ou início do período letivo. O próprio professor titular de matemática
das turmas citadas comentou que poucos alunos frequentam as aulas dele. Apesar disso,
conseguimos um número de protocolos razoáveis para realizar o estudo.
No dia da aplicação da sequência de ensino (Apêndice 02), as turmas que
apresentaram baixo percentual de alunos participantes foram o 1ºC (Manhã) e 1ºH
(Noite). No turno da noite, só conseguimos 15 alunos porque a coordenadora chamou os
alunos que encontrou no corredor da escola e pediu para colaborar com nossa pesquisa.
Caso contrário, só teríamos coletado 07 protocolos, nas demais turmas não realizamos a
coleta, pois havia poucos alunos, isto é, 02 no 1ºF e 04 no 1ºG.
A sequência de ensino apresentada aos alunos solicitava inicialmente algumas
informações referentes à escola a turma, o turno, o nome, a idade, o sexo, o estado civil,
etc. dos alunos e posteriormente, apresentava três atividades sobre os assuntos que
norteiam o desenvolvimento do pensamento algébrico na dimensão funcional.
Além do mais, destacamos na sequência nosso comprometimento em respeitar
os princípios éticos que norteiam a pesquisa em Educação Matemática, além de garantir
que a identidade deles será mantida em absoluto sigilo. Para isso, adotamos um código
para cada aluno que o especifica por turma, a exemplo do Aluno15-TA. Isso significa
que este aluno é o 15º do 1º ano A.
Diante desse contexto, aproveitamos para destacar o perfil dos alunos do Glorita,
na qual organizamos uma tabela que destaca a idade, media de idade, o quantitativo de
alunos que estudaram em escolas públicas, dos alunos que reprovaram (Tabela 03).
Total de alunos 18 20 12 24 17 15
Tabela 03: Perfil dos alunos do 1º ano participantes da pesquisa.
Fonte: De nossa autoria, a partir dos dados dos protocolos dos alunos.
De acordo com os dados coletados, 63,32% dos alunos são do sexo feminino e
que 86,79% do total de alunos que responderam o questionário alegaram ter realizado
seus estudos a maior parte do tempo em escola pública. Outro dado interessante é que
metade dos alunos (54,71%) reprovou em alguma série, e verificamos que 11,32% dos
alunos estão cursando o 1º ano do Ensino Médio pela segunda vez.
Outro fator que chamou atenção foi sobre o estado civil dos alunos, que segundo
a pesquisa 93,39% dos alunos alegaram ser solteiros, 5% escreveram a opção
“namorando” e apenas 01 aluna do turno da noite é casada. Dos 106 alunos
participantes de nossa coleta de dados, 18,86% trabalham em turnos que não atrapalham
os estudos.
Por fim, os alunos declararam ter dificuldade em conteúdos matemáticos tais
como: equações do 2º grau, ângulos notáveis, trigonometria e funções.
Segundo Gil (2002) o instrumento de pesquisa é aquilo que é utilizado para a
coleta de dados, neste caso, optamos por utilizar um questionário aberto destinado aos
alunos que tem por objetivo, obter o perfil dos alunos e as respostas das atividades
vinculadas à dimensão funcional.
Entretanto, acreditamos que muitos deles ao tentar responder essa atividade, não
conseguiram fazer a interpretação correta do enunciado, além de observamos que eles
não relembravam do conteúdo de função afim, o que possibilitou os erros cometidos. Já
27,36% afirmaram que a grandeza calculada foi o tempo em função da distância, como
destacamos o protocolo do aluno 17-TA.
Figura 3: Resolução da atividade 1a.
Fonte: Protocolo do Aluno 17-TA.
Além disso, a mesma questão contou com 9,43% de alunos que se equivocaram,
expondo argumentos variados tais como:
“Sim, porque ele não muda a velocidade”. (Aluno 15-TA)
Para responder a atividade 1c, era necessário que o aluno entendesse a noção de
dependência e independência da relação entre duas variáveis. Verificamos pela Tabela
06 que 54,72% não responderam, alguns no momento da resolução afirmaram não saber
o que é variável dependente e por isso, optaram por deixar a atividade 1c em branco. Já
29,24% dos alunos que acertaram, não apresentaram argumentos satisfatórios ou
deixaram de argumentar, ou seja, dos 31 alunos que responderam esta atividade, 13
afirmaram que a variável dependente é a distância, mas não disseram como estabeleceu
essa conclusão.
A maioria dos alunos, 58,49%, não tentou resolver esta atividade e acreditamos
na possibilidade deles não lembrarem a definição de função para tentar alguma
estratégia que chegasse ao resultado. Vale ressaltar que 15,09% tentaram resolver a
questão, porém se equivocaram ao manipular as equações para determinar os valores
das incógnitas.
Para tanto, de acordo com Tabela 08, verificamos que apenas 27,36% dos alunos
se apropriaram dos dados da tabela proposta na Atividade 1 para responder o item 1e.
Dessa forma, eles representaram no plano cartesiano os pares de pontos (d, t) e traçaram
uma reta inclinada por esses pontos, característica da função encontrada no item 1d, ou
seja, uma representação gráfica (RGr) da função afim, partindo do registro tabular
(RTb). Indicamos o protocolo do aluno 03-TE, pois notamos que ele mobilizou
satisfatoriamente a conversão supracitada, fez a ligação dos pontos, bem como traçou
corretamente a reta que passa por eles.
Figura 10: Resolução da atividade 1e.
Fonte: Protocolo do Aluno 03-TE.
Por mais que a atividade fosse simples, 40,57% dos alunos cometeram
equívocos, ou seja, não ligaram os pontos corretamente e a reta não passava por todos
os pontos, a exemplo do protocolo do aluno 12-TB. Isso evidencia que estes alunos não
observaram atentamente os pares de pontos que a tabela apresentava.
d)Se um cliente tem acesso por 9 horas seguidas, quanto pagará por essas horas?
Os gráficos a seguir representam duas opções de acesso à internet: opção 1: acesso por tempo
determinado e opção 2: o tempo livre, onde se paga pelo tempo de uso.
Opção1: Acesso por tempo determinado Opção 2: Acesso por tempo livre
Na Atividade 2, o aluno deve ter domínio do conteúdo de função afim, mas
ressaltamos que esta atividade também é simples, e que envolve a mobilização de vários
registros no tratamento e conversão.
No item 2a existe apenas uma estratégia de resolução, assim era esperado que os
alunos interpretassem com sucesso os dados expostos no enunciado da atividade e
realizassem a conversão do RLN→RAl. Pela Tabela 09, podemos observar que apenas
21,70% dos alunos conseguiram realizar a conversão supracitada.
Destacamos também que, muitos alunos (71,70%) deixaram a atividade 2a em
branco, como podemos observar na tabela que segue:
TURMA A TURMA B TURMA C TURMA D TURMA E TURMA H TOTAL
CATEGORIA
(18 alunos) (20 alunos) (12 alunos) (24 alunos) (17 alunos) (15 alunos) (106 alunos)
21,70%
RLN→RAl 09 00 00 14 00 00
23
6,60%
Se equivocaram 01 01 01 03 00 01
07
71,70%
Não responderam 08 19 11 07 17 14
76
100%
Total 18 20 12 24 17 15
106
Tabela 09: Estratégias mobilizadas pelos alunos na atividade 2a.
Fonte: De nossa autoria, a partir dos dados dos protocolos dos alunos.
O aluno 12-TD mobilizou corretamente o RLN e o RAl por meio da conversão.
Ou seja, ele conseguiu determinar a expressão algébrica que representa o problema
proposto na língua natural.
Dentre os alunos que tentaram resolver a atividade 2a, 6,60% dos alunos se
equivocaram ao interpretar os dados do enunciado. Para tanto, indicamos o protocolo do
aluno 01-TB, que apresentou o modelo algébrico a seguir:
Outro equívoco que chamou nossa atenção foi a resposta apresentada pelo aluno
05-TH que não entendeu o enunciado. Ele mobilizou o RNm para determinar um valor
qualquer que não era pedido na atividade proposta.
De acordo com a Tabela 10, apenas 1,89% dos alunos justificaram corretamente
a atividade pretendida. Apresentamos a seguir, a justificativa dada pelo aluno 12-TA
que compreendeu o enunciado e realizou a conversão do RLN→RAl para encontrar a
expressão algébrica e se apropriou do RLN para justificar como determinou.
O aluno que indicamos anteriormente entendeu que R$1,50 era o valor fixo por
uma hora de acesso e que, ultrapassando somaria este valor com R$1,25 multiplicado
pelas horas de acesso a mais na lanhouse, mas como a primeira hora já estava paga,
seria necessário tirar essa hora, ou seja, ( x−1 ) .1,25, o que resulta em 1,50+ ( x−1 ) .1,25.
Já o aluno 09-TA se equivocou ao explicar no RLN como encontrou a expressão
algébrica do item 2a, ele não se atentou ao fato de que era necessário subtrair a primeira
a hora de acesso que era fixo, isto é, que deveria multiplicar R$1,25 a quantidade de
horas menos uma.
Figura 16: Resolução da atividade 2b.
Fonte: Protocolo do Aluno 09-TA.
Dessa forma, destacamos que apesar de 50,94% dos alunos terem respondido
esta atividade, 43 deles não desenvolveram os polinômios, acreditando que a atividade
se resumia apenas na obtenção da área, produto da área pela altura, para expressar a área
dos dois retângulos solicitados. Além do mais, ressaltamos que nenhum aluno expressou
corretamente a função, ou seja, era necessário que os alunos entendessem o que o
enunciado do item 3a solicitava. Neste caso, era necessário que os alunos expressassem
a área da quadra em função de x como sendo f ( x )=áreada quadra e uma
g ( x )=área do terreno .
Ainda na atividade 3a, destacamos o percentual de alunos que se equivocaram ao
ler o enunciado da questão. Para tanto, 24,53% dos alunos não conseguiram resolver
este item, pois não expressaram a área da quadra e do terreno em função de x , e sim o
perímetro. Em seguida, resolveram a equação para encontrar o valor de x , a exemplo do
aluno 15-TA.
Figura 30: Resolução da atividade 3a.
Fonte: Protocolo do Aluno 15-TA.
Também observamos que este aluno não esboçou corretamente o gráfico que
representa a área da quadra. Vale ressaltar que, a função que representa esta área é uma
função polinomial do 2º grau, a nosso ver ele esboçou o gráfico de uma função modular.
Assim como o aluno 13-TE, demais alunos cometeram outros equívocos ao
mobilizar a conversão do RTb→RNm→RGr, principalmente na do RNm→RGr, pois
não ligaram os pontos corretamente. Dessa forma, o percentual de alunos que se
equivocaram foi de 33,96%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA, Laura Santos. A dimensão equacional sob o ponto de vista dos registros
de representação semiótica em três escolas públicas estaduais do bairro Rosa
Elze/São Cristóvão/SE. Qualificação de Trabalho de Conclusão de Curso, UFS/SE,
2013.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
SITES CONSULTADOS:
Relatório do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo –
SARESP/2010. Disponível em:
<http://saresp.fde.sp.gov.br/2010/Pdf/Relat/Relat%C3%B3rio_Pedag
%C3%B3gico_Matem%C3%A1tica_2010.pdf >. Acesso em: 16 de fevereiro de 2013.
APÊNDICE 01
(SEQUÊNCIA DE ENSINO APLICADA NO 9º ANO EF)
APÊNDICE 01 Ensino Fundamental: Maior parte do tempo realizado em escola:
Olá, tudo bem?
Pública Particular Ano de início: ___________
Estamos desenvolvendo uma pesquisa que objetiva identificar os
Registros de Representação Semiótica que são mobilizados pelos estudantes Caso você estudou em escola particular, quais foram as séries?
do Ensino Fundamental quando estes solucionam atividades que envolvem a
educação algébrica. Por esse motivo precisamos de sua autorização e ____________________________________
colaboração, preenchendo os dados abaixo e respondendo as atividades que
seguem. Você já reprovou em alguma série? Se sim, qual? _________________
Desde já nos comprometemos em respeitar os princípios éticos que
norteiam a pesquisa em Educação Matemática e garantimos que sua O que você pretende fazer após o Ensino Fundamental?
identidade será mantida em absoluto sigilo. _____________________________________________________________
Agradecemos sua colaboração e nos colocamos à disposição para
quaisquer esclarecimentos. _____________________________________________________________
Débora da Silva Santos ; Geane dos Santos Santana; Laura Santos Bezerra;
Jonathan Ruan de Jesus e Rita de Cássia Pistóia Mariani /DMA/UFS
UM POUCO DA SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL
UM POUCO SOBRE SUA ESCOLA: A)Você trabalha? Sim Não
Em caso afirmativo responda os itens abaixo:
Nome da escola:__________________________________________________
B)Qual é sua profissão? _________________________________________
Ano/turma: ____________ Turno: _________________________ C)Qual sua carga horária diária de trabalho?
Menos de 5 horas De 5 a 10 horas Mais de 10 horas
Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Quantidad
3 6 9 A 15 B 21 C 27 D
e
2
T =n +1 c)Qual é a variável dependente? Diga como você estabeleceu esta
Ao analisar a ilustração acima temos que ela pode ser representada por conclusão.
T =n +1. Agora represente T =2 n+1 para ( n=1 ,2 , 3 , … ).
2
c)Com R$ 8,70, quantas horas é possível acessar a internet nessa lanhouse? livre e você escolhesse a opção 1, quanto pagaria por duas horas e meia de
acesso à internet e se escolhesse a opção 2, quanto seria?
f)Qual função representa o gráfico para acesso à internet por tempo livre
(opção 2)?
b)Qual a área da quadra para x=8 m ?
8- Marcos, Carlos, Patrícia e Ana vão para uma festa que acontecerá
na Praça de Eventos da Orla da Atalaia em Aracaju/SE. Para atender
melhor os participantes da festa a prefeitura municipal realizou
reformas de ampliação acrescentando 40 metros em cada uma das
dimensões da área destinada aos eventos.
b) Sabendo que x=10 m, qual será a área do reforma depois da ampliação.
espaço1 (duas arquibancadas), espaço2 (banheiro e lanchonete) e o
espaço3 (quadra de esporte), como são mostrados na figura abaixo.
Espaço2 Espaco1
c) Qual é o perímetro da
figura acima.
Espaço1
Espaço3
d) Se antes da ampliação a
praça de eventos
adequava 80.000 mil pessoas, após a ampliação quantas pessoas cabem no
novo espaço, sabendo que x=10.
diretor liberou a quadra de futsal do colégio que está dividida em: três espaços.
b) 4 a2 +4 ab+b 2
c)Ache o zero da função, sabendo que f (x) é dada pela equação da figura
total.
c) 10 c +20−cv−2 v
d)Qual a equação que representa melhor a área da figura. Para x=4 qual é a
área total desta figura.
d) ( x +9 ) ( x+ 9 )
e)De que maneira você poderia representar estar figura usando outra forma.
d)Se um cliente tem acesso por 9 horas seguidas, quanto pagará por essas
f)Qual função representa o gráfico para acesso à internet por tempo livre
horas?
(opção 2)?
3)Anualmente, os alunos da rede estadual de Sergipe participam dos
Jogos Estudantis da Primavera. Uma das modalidades esportivas c)Esboce o gráfico da função que representa a área da quadra de vôlei.
presentes nesses jogos é o vôlei. A quadra onde as equipes disputam as
partidas mede x por 2 x em um terreno retangular medindo 2 x+3 por
4 x−5. O esquema abaixo representa a vista superior dela.