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Apresentação

Programa
ABC Cerrado
Florestas Plantadas
30 horas

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2019 - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR

1a. Edição - 2019


TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui
violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

A coleção ABC Cerrado é uma iniciativa do Senar com objetivo de manter disponível
ao público rural os cursos elaborados no âmbito do Projeto ABC Cerrado e demais
tecnologias sustentáveis de produção agropecuária preconizadas no Plano ABC.

Fotos
Banco de imagens do SENAR
Banco Multimídia Embrapa
iStock
Shutterstock

Informações e contato
SENAR Administração Central
SGAN 601 – Módulo K Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar
Brasília – CEP 70830-021
Telefone: 61 2109-1300
www.senar.org.br

Presidente do Conselho Deliberativo do SENAR


João Martins da Silva Junior

Diretor Geral do SENAR


Daniel Klüppel Carrara

Diretora de Educação Profissional e Promoção Social


Andréa Barbosa Alves

Coordenadora de Programas Especiais


Janei Cristina Santos Resende

Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância


Ana Ângela de Medeiros Sousa

Coordenador Técnico do Projeto ABC Cerrado


Mateus Moraes Tavares

Equipe técnica Senar


Dyovanna Depolo de Souza Pinto
Larissa Arêa Sousa
Sumário
Apresentação.................................................................................................................. 4

Módulo 1 – As florestas plantadas brasileiras.......................................................... 16


Aula 1 – Contextualização das florestas plantadas brasileiras.............................................. 19
Aula 2 – Sistema silvicultural......................................................................................................... 29
Aula 3 – Escolha da área................................................................................................................. 37
Aula 4 – Estradas, talhões e aceiros............................................................................................. 41
Aula 5 – Escolha da espécie........................................................................................................... 46
Aula 6 – Espaçamentos................................................................................................................... 49
Aula 7 – Aquisição, transporte e armazenamento de mudas para plantio.......................... 54
Atividade de aprendizagem............................................................................................................ 56

Módulo 2 – Preparo para o plantio............................................................................. 59


Aula 1 – Preparo da área para plantio......................................................................................... 61
Aula 2 – Correção do solo............................................................................................................... 65
Aula 3 – Adubação........................................................................................................................... 67
Aula 4 – Plantio e replantio............................................................................................................ 75
Atividade de aprendizagem............................................................................................................ 85

Módulo 3 – Controle de pragas e doenças................................................................ 87


Aula 1 – Controle de pragas........................................................................................................... 89
Aula 2 – Controle de doenças........................................................................................................ 105
Aula 3 – Controle de plantas daninhas........................................................................................ 117
Aula 4 – Incêndio florestal.............................................................................................................. 126
Atividade de aprendizagem............................................................................................................ 128

Módulo 4 – Tratos e colheita........................................................................................ 130


Aula 1 – Tratos silviculturais........................................................................................................... 148
Aula 2 – Colheita florestal............................................................................................................... 104
Aula 3 – Equipamentos para colheita........................................................................................... 153
Aula 4 – Sistemas de colheita........................................................................................................ 156
Atividade de aprendizagem............................................................................................................ 168
Encerramento................................................................................................................. 171
Referências...................................................................................................................... 172
Apresentação

Apresentação
Bem-vindo(a) ao curso Florestas Plantadas!
Este curso foi criado para levar a você e aos demais produtores do bioma
cerrado a atualização das técnicas que favorecem a diminuição da emissão
de gases de efeito estufa que promovem o aquecimento global. Aproveite
ao máximo as informações fornecidas e também este curso, que foi
elaborado para complementar o seu aprendizado.
Nós passamos a vida toda aprendendo, não é mesmo? O mundo atual está
oferecendo mais informações e conhecimentos sobre todos os assuntos.
A atividade agropecuária passa por mudanças e as tecnologias chegam
para ajudar o produtor nas suas atividades produtivas e na proteção do
ambiente rural.

O curso está organizado em quatro módulos. Confira as aulas que


compõem cada um:

Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 1 – Contextualização das Florestas Plantadas Brasileiras


Aula 2 – Sistema Silvicultural
Aula 3 – Escolha da Área
Aula 4 – Estradas, Talhões e Aceiros
Aula 5 – Escolha da Espécie
Aula 6 – Espaçamento
Aula 7 – Aquisição, Transporte e Armazenamento de Mudas para Plantio

4
Apresentação

Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Aula 1 – Preparo da Área para Plantio

Aula 2 – Correção do Solo

Aula 3 – Adubação

Aula 4 – Plantio e Replantio

Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Aula 1 – Controle de Pragas

Aula 2 – Controle de Doenças

Aula 3 – Controle de Plantas Daninhas

Aula 4 – Incêndio Florestal

Módulo 4 – Tratos e Colheita

Aula 1 – Tratos Silviculturais

Aula 2 – Colheita Florestal

Aula 3 – Equipamentos para Colheita

Aula 4 – Sistemas de Colheita

Este curso faz parte da Coleção ABC Cerrado – Tecnologias Sustentáveis


de Produção Agropecuária no Bioma Cerrado. Essa coleção, que é
composta de sete cursos, é fruto do Projeto ABC Cerrado, que foi
implementado durante os anos de 2014 a 2019. Vamos conhecer um
pouco mais sobre esse projeto?

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Apresentação

O Projeto ABC Cerrado


O Brasil ocupa um lugar de destaque entre os maiores produtores de
alimentos do mundo, além de ser um dos países que mais preserva o meio
ambiente – consegue produzir em apenas 27,7% do seu território, enquanto
mantém 61% coberto com vegetação nativa.
Mesmo assim, durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15), em 2009,
o País assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito
estufa (GEE). De lá para cá, a agricultura de baixa emissão de carbono
(ABC) passou a receber uma atenção maior por parte do Governo e de
diversas instituições, que criaram programas para incentivar o produtor
rural brasileiro a adotar técnicas sustentáveis.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) participa dessas
iniciativas que contribuem com a meta nacional de redução de emissão
de gases de efeito estufa pela atividade agropecuária. É o caso do Projeto
ABC Cerrado, que dissemina práticas de agricultura de baixa emissão
de carbono e estimula o produtor a investir na sua propriedade, para
impulsionar a produtividade e a renda, ao mesmo tempo em que preserva
o meio ambiente.
Sete estados, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do
Sul, Piauí e Tocantins, mais o Distrito Federal, que fazem parte do bioma
Cerrado, participaram do Projeto.

O projeto foi desenvolvido em parceria com o Ministério


da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), com recursos do Programa de Investimento
em Florestas (FIP) e do Banco Mundial.

O SENAR atuou como responsável pela transferência de tecnologias aos


produtores rurais do bioma Cerrado por meio de capacitação e pela formação
de instrutores e de técnicos de campo, além de fornecer assistência técnica
e gerencial à atividade rural, com foco em tecnologias preconizadas pelo
Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

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Apresentação

Desde a sua criação, o SENAR levou aos agricultores e pecuaristas brasileiros


os avanços da ciência e da tecnologia. Com este curso, esperamos contribuir
para o crescimento do seu empreendimento e da produção de alimentos
com sustentabilidade.

No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você poderá


assistir ao vídeo que conta a história de sucesso do Senhor
Alcides e de sua família, que foram beneficiados pelo Projeto
ABC Cerrado.
Vale a pena conferir!

Os cursos
A coleção ABC Cerrado é composta por um conjunto de sete cursos:

Recuperação de Pastagens Degradadas


Carga horária: 20 horas

Sistema Plantio Direto


Carga horária: 30 horas

Florestas Plantadas
Carga horária: 30 horas

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Apresentação

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Carga horária: 30 horas

Tratamento de Dejetos Animais


Carga horária: 20 horas

Fixação Biológica de Nitrogênio


Carga horária: 20 horas

Mudanças Climáticas e Agricultura


Carga horária: 20 horas

Esses cursos foram desenvolvidos com o objetivo de


levar a você e aos demais produtores do bioma cerrado
a atualização das técnicas que favorecem a redução
da emissão de gases de efeito estufa que promovem
o aquecimento global, ao mesmo tempo que entregam
ao produtor maior produtividade e retorno econômico
na atividade.

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Apresentação

Fazenda Rio Novo


Para facilitar sua compreensão dos assuntos e das técnicas abordadas nos
sete cursos, apresentaremos o caso fictício da fazenda Rio Novo. Ela é de
propriedade da família do Sr. Antônio e da Sra. Teresa e fica no estado de
Goiás, em uma região onde predomina o bioma Cerrado.

Todos dessa família vão se empenhar em adotar práticas sustentáveis


na propriedade, que trarão maior produtividade e ainda contribuirão para
reduzir a emissão dos GEE. Cada membro será o responsável por uma
ação específica na fazenda e acompanhará os participantes dos diferentes
cursos. Conheça um pouco dessa família.

Antônio Teresa João Carmen Rogério Natália Mariana


76 anos 72 anos 49 anos 47 anos 28 anos 24 anos 20 anos

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Apresentação

Antônio
76 anos
Ensino fundamental completo

No final da década de 1960, o Sr. Antônio herdou um pedaço de terra no interior


de Goiás, região de Cerrado, e lá iniciou um discreto plantio de milho. Alguns
anos mais tarde, passou também a criar gado na mesma propriedade.
Sem muito estudo, viu sua propriedade crescer, fruto de seus esforços e de sua
esposa, Dona Teresa. No entanto, junto com o crescimento da propriedade,
também veio a degradação das pastagens pelo gado e pelo manejo incorreto
da própria pastagem.
Hoje, o Sr. Antônio quer reintegrar as áreas degradadas pela pastagem ao
processo de produção de alimentos. Com isso, quer evitar a abertura de novas
áreas para a pastagem, o que é benéfico ao meio ambiente, além de trazer
economia para o próprio bolso.
Para isso, pretende aplicar práticas que recuperem a capacidade produtiva do
solo degradado na fazenda Rio Novo.
Você pode acompanhar essa empreitada do Sr. Antônio no curso Recuperação
de Pastagens Degradadas.

Teresa
72 anos
Ensino fundamental completo

Ao lado do Sr. Antônio, Dona Teresa plantou as primeiras sementes de milho


na fazenda Rio Novo ainda na década de 1960. Juntos, trabalharam duro para
que essa propriedade crescesse e fosse produtiva.
Ela é uma pessoa muito observadora e gosta de conversar com outros
produtores da região. Sempre em contato com os vizinhos e “antenada” em
tudo que acontece por ali.
Apesar de não ter tido a oportunidade de estudar além do ensino fundamental,
viu que seus vizinhos utilizavam uma técnica muito interessante para proteger
o solo e evitar erosões. Quem sabe a técnica não daria certo na fazenda Rio
Novo? Resolveu testar e... deu certo!
Agora, Dona Teresa quer aprimorar ainda mais a aplicação da técnica para
resolver os problemas de conservação de água e solo, como a erosão na
fazenda Rio Novo. Você pode conferir mais sobre a técnica e os resultados que
ela obteve no curso Sistema Plantio Direto.

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Apresentação

João
49 anos
Técnico agrícola

João cresceu vendo seus pais, Antônio e Teresa, darem duro na fazenda Rio
Novo e presenciou o grande crescimento da propriedade.
Inspirado pela dedicação e amor dos pais pela terra, nunca passou pela sua
cabeça deixar o campo para exercer outra atividade... Queria fazer a diferença
no campo!
Assim, ao terminar o Ensino Médio, matriculou-se em um curso técnico
agrícola. Lá teve a ideia, junto com Carmen, hoje sua esposa, de plantar
árvores comerciais de rápido crescimento na fazenda, como uma alternativa
de renda para a família.
Acompanhe o João no curso Florestas Plantadas.

Carmen
47 anos
Técnica agrícola

Carmen conheceu seu marido João ainda na adolescência, no colégio onde


estudavam. Ao se casar com João, mudou-se para a fazenda Rio Novo, de
propriedade de seu sogro Antônio.
Fizeram juntos o mesmo curso técnico agrícola, onde tiveram a ideia de
plantar espécies florestais na propriedade.
Para fazer a ideia dar ainda mais certo, Carmen tem se empenhado em
integrar a lavoura e as pastagens à nova área florestal.
Sempre cuidadosa, quer aumentar a renda da propriedade, mas sem
descuidar da legislação ambiental vigente.
Você pode acompanhar o passo a passo de suas ações no curso Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta.

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Apresentação

Rogério
28 anos
Engenheiro agrônomo

Rogério é o filho mais velho do casal João e Carmen, primeiro neto de Antônio
e Teresa.
Apaixonado pela terra, formou-se engenheiro agrônomo.
Durante a graduação, percebeu que o dejeto de animais pode se tornar uma
potencial fonte de energia e até mesmo de renda.
Por isso, tem se empenhado em tratar esses dejetos da forma correta na
propriedade Rio Novo.
Você pode aprender a técnica utilizada pelo Rogério no curso Tratamento de
Dejetos Animais.

Natália
24 anos
Bióloga

Natália é filha do casal João e Carmen e neta de Antônio e Teresa. Sempre


muito curiosa, desde criança desejava ser “cientista”.
Influenciada pelo ambiente em que cresceu, e enxergando uma oportunidade
para colocar em prática toda a sua curiosidade sobre plantas e animais, tornou-
se bióloga.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre o ciclo do nitrogênio na natureza.
Com base nos amplos conhecimentos obtidos em seus estudos, tem defendido
o plantio, na fazenda Rio Novo, de propriedade da família, de espécies que
possibilitem a fixação de nitrogênio no solo. Isso permitirá uma melhora na
fertilidade do solo da propriedade.
Você também pode ter acesso a esses conhecimentos da Natália realizando o
curso Fixação Biológica de Nitrogênio.

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Apresentação

Mariana
20 anos
Estudante de Engenharia Ambiental

Filha mais nova do casal João e Carmen, Mariana defende o meio ambiente
com unhas e dentes, mas sem se descuidar do setor produtivo da fazenda!
Está no terceiro ano da faculdade de Engenharia Ambiental e deseja especializar-
se na área de sustentabilidade no campo.
Quer permanecer na propriedade da família, adaptando a produção às mudanças
climáticas e fiscalizando a adoção de práticas sustentáveis por todos!
O curso Mudanças Climáticas e Agricultura fala sobre esse assunto e apresenta
as práticas sustentáveis defendidas pela Mariana.

A família do Sr. Antônio contará com a ajuda do Marcos,


técnico do SENAR que atende à região. Você perceberá que,
em diferentes momentos dos cursos, o técnico Marcos enviará
dicas e orientações por meio de áudios.
Aqui na apostila, vamos facilitar para você e colocar a transcrição
desses áudios. Porém, ao se deparar com o ícone ao lado, não
deixe de acessar o ambiente virtual de aprendizagem e passar
por essa experiência de interação com o conteúdo. As dicas
são valiosas!

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Apresentação

Recursos educacionais e interativos


Ao longo do curso, você encontrará imagens, áudios e vídeos. O objetivo
é tornar seu aprendizado mais interessante e prazeroso. Além disso,
também se deparará com recursos interativos que ajudarão a aplicar da
melhor forma os novos conhecimentos.

No ambiente virtual de aprendizagem, sempre que você vir


um ícone com alguma animação, principalmente com setas,
significa que uma informação será exibida ao clicar sobre
ele. Não deixe de conferi-la, pois esses elementos fazem
parte de uma experiência de aprendizagem completa!

Outro exemplo de recurso interativo são as palavras destacadas, que


exibirão sua definição ou uma explicação extra quando forem acionadas.
Veja como vai aparecer lá no AVA.

A maioria dos solos no cerrado é muito antiga, Processos químicos e físicos


bastante modificada pela ação de processos Também chamados
químicos e físicos, e possui baixa fertilidade, de intemperismo. São
exemplos: o Sol, a chuva,
com sérias limitações à produção. o vento, entre outros.

Durante todo o curso, você terá a companhia do


João. Como você já viu, ele cresceu vendo seus
pais, Antônio e Teresa, darem duro na fazenda
Rio Novo, e presenciou o grande crescimento da
propriedade. Agora, ele e sua esposa Carmen
tiveram a ideia de plantar árvores comerciais
de rápido crescimento na fazenda, como uma
alternativa de renda para a família.
Então, sempre preste muita atenção no que ele
tem a dizer!

14
Apresentação

Atividades de aprendizagem
A navegação pelo conteúdo deste curso é sequencial e linear. Isso significa
que você deve acessar o primeiro módulo e conferir todas as aulas. Ao
final, você realizará a atividade de aprendizagem para, então, liberar o
módulo seguinte.

As atividades de aprendizagem têm o objetivo


de verificar se você teve um bom aproveitamento
em relação ao conteúdo do módulo. Por isso é tão
importante acessar o AVA e responder à atividade para
liberar o módulo seguinte.

Canais de comunicação
Este é um curso autoinstrucional, ou seja, você será o responsável pelo
seu próprio ritmo de aprendizagem. Mas isso não significa que você está
sozinho nesta jornada!

Durante seus estudos, você poderá utilizar os canais de comunicação


disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para
esclarecer dúvidas técnicas com a monitoria do curso.

Os monitores dão o suporte necessário às dúvidas


de cunho mais técnico relacionadas ao AVA e às
regras de conclusão do curso.

Siga em frente e bom estudo!

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Módulo 1:
As Florestas
Plantadas
Brasileiras
A floresta plantada comercial para produção de produtos madeireiros ou
não madeireiros vem se constituindo de uma excelente aliada da agricultura
e da pecuária nacional. Ao utilizar áreas de pastagens degradadas, a
floresta plantada traz inegáveis benefícios, tornando os sistemas de
produção de carne e leite exemplares do ponto de vista da produção
pecuária, dada a sua contribuição para o bem-estar animal. Integrada
à agricultura, a silvicultura torna-a mais adequada do ponto de vista
ambiental, além de incorporar ganhos relativos ao balanço de gases de
efeito estufa – GEE tão importantes devido à sua relação com a mudança
do clima no planeta.

Fonte: CNA Brasil / Foto: Wenderson Araujo.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Neste primeiro módulo do curso, falaremos sobre a As Florestas Plantadas


Brasileiras, com foco no bioma cerrado. Confira o que preparamos para
cada uma das aulas do módulo:

Aula 1 - Contextualização das Florestas


Plantadas Brasileiras
• Benefícios do setor florestal
• Viabilidade das Florestas Plantadas

Aula 2 - Sistema Silvicultural


• Sistemas de manejo Alto Fuste
• Sistemas de talhadia
• Sistema de talhadia Composta ou talhadia com
Remanescente

Aula 3 - Escolha da Área


• Aspectos legais
• Aspectos técnicos

Aula 4 - Estradas, Talhões e Aceiros


• Tipos de Estradas
• Tamanho dos talhões
• Planejamento da estradas

Aula 5 - Escolha da Espécie


• Escolha da Espécie
• Produtores Associados
• Produtores Independentes

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 6 - Espaçamento
• Espaçamento
• Espécie a ser plantada
• Nível do melhoramento genético
• Influência do sítio
• Objetivo do plantio
• Espaçamentos mais utilizados

Aula 7 - Aquisição, Transporte e


Armazenamento de Mudas para Plantio
• Produtores Associados
• Produtores Independentes

Você pode buscar mais conhecimentos com a Embrapa!


Visite a Unidade da Embrapa mais próxima de sua
propriedade. Todas elas possuem biblioteca com muitas
publicações disponíveis para leitura, além de pesquisadores
para poder conversar.
No site da Biblioteca da Embrapa, também é possível
encontrar muitas informações. Acesse:
• https://www.embrapa.br/biblioteca
O serviço Informação Tecnológica em Agricultura
(Infoteca-e) dá acesso a informações técnicas na forma de
cartilhas, livros para transferência de tecnologia, programas
de rádio e de televisão editados com linguagem adaptada
de modo que produtores rurais, extensionistas, técnicos
agrícolas, estudantes e professores de escolas rurais,
cooperativas e outros segmentos da produção agrícola
possam assimilá-los com maior facilidade. Visite:
• https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br
Você também poderá comprar livros publicados pela
Embrapa diretamente no site de comunicação. Acesse:
• http://vendasliv.sct.embrapa.br/liv4/principal.
do?metodo=iniciar

Pronto(a) para começar a primeira aula?

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 1:
Contextualização
das Florestas
Plantadas
Brasileiras
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o
Brasil tem 9.317.327 ha de florestas plantadas com objetivo comercial.
O eucalipto é a principal espécie florestal, ocupando 74,6% da área com
florestas plantadas comerciais no Brasil. Os estados com maior destaque são
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

As florestas plantadas
comerciais representam
apenas 1,0% da área do
Brasil.
Por outro lado, o País
tem uma das maiores
produtividades mundiais
de eucalipto e pinus.
Observe o gráfico ao lado,
em que se pode verificar a
produtividade brasileira em comparação a de outros países.
O pinus vem em segundo lugar, com cerca de 22%. O restante da área
plantada com espécies florestais comerciais é ocupado com várias espécies
de importância econômica.

Ano de 2012
Amonização Nome científico Estados
(Área – ha)

Acacia mearnsii e Acacia AP, MT, PR,


Acácia 148.311
mangium RR, RS, AM

Seringueira Hevea brasiliensis SP, MS, TO 168.848

Paricá Schizolobium amazonicum PA, MA, TO 87.901

Teca Tectona grandis MT, PA, RR 67.329

PR, RS, SC,


Araucária Araucaria angustifolia 11.343
SP

Populus Populus sp PR, SC 4.216

Outras 33.183

Total 521.131

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Benefícios prestados pelo setor


florestal
As florestas plantadas geram benefícios econômicos, sociais e ambientais
tanto para grandes empresas florestais, como para médios e pequenos
produtores.

1. Benefícios econômicos

Exemplos de ganhos econômicos são:


• produção de carvão vegetal,
• madeira,
• carbono,
• lenha e
• escoras para construção civil.

2. Benefícios sociais

Entre os benefícios sociais, a contribuição da produção florestal para a geração


de trabalhos no País, em 2013, foi de mais de 660 mil empregos diretos. A
maior parte do potencial de geração de trabalho não esteve nas atividades
de campo, mas sim nas atividades de transformação e agregação de valor ao
produto florestal, ao longo da cadeia.

Entre os empregos diretos gerados na produção florestal, o setor de florestas


plantadas foi responsável por quase 90% na atividade primária florestal. A
integração dos pequenos e médios produtores agropecuários à cadeia produtiva
de árvores é outro importante benefício social.

3. Benefícios ambientais

Entre os benefícios ambientais, a certificação de áreas produtivas traz, além


dos ganhos para a natureza, o fortalecimento de nossos produtos no comércio
nacional e internacional, uma vez que os classifica como produtos obtidos a
partir do uso de boas práticas e que respeitam os limites de uso dos recursos
naturais, atestando, inclusive, um bom relacionamento com as comunidades do
entorno da área de produção.

Também como benefício ambiental, as florestas plantadas proporcionam a


proteção de áreas naturais, colabora com o projeto de atenuação das mudanças
climáticas no planeta e gera a maior parte da energia que usa. Em 2014, produziu
o equivalente a 67% de seu consumo de energia.

21
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Viabilidade das florestas plantadas


Como a produção de madeira é uma atividade de longo prazo, há outro
movimento mundial que deve ser observado e que deverá contrabalançar o
aumento de custo. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura – FAO, órgão de grande respeitabilidade, prevê que,
em 2050, a Terra deverá ter uma população de, aproximadamente, 9,5
bilhões de habitantes. Esse fato, além de exigir um esforço na produção
de alimentos, elevará muito a demanda de madeira para uso industrial e
geração de energia.

De olho nos valores


Não é fácil convencer um produtor a se tornar um
plantador de árvores comerciais em um momento
de crise, com inflação crescente e dólar em alta, é
uma tarefa que exige bastante clareza, sinceridade,
seriedade e técnica.

A FAO estima que a procura por madeira chegará a 5,2 bilhões de


metros cúbicos por ano, gerando um aumento de 40% na demanda
por essa matéria-prima nos próximos 35 anos. Isso exigirá o plantio de
mais ou menos 210 milhões de hectares de eucalipto em todo o mundo,
considerando os níveis atuais de
produtividade.
hectares de eucalipto
A Embrapa Florestas fez um trabalho Isso é uma perspectiva a ser considerada
por quem deseja entrar no mercado de
sobre a avaliação econômica do madeira para uso múltiplo, por exemplo.
eucalipto partindo da premissa
de que a colheita de madeira da
maior parte dos plantios arbóreos comerciais ocorre em torno dos sete
anos (eucalipto) ou a partir dos treze anos (pinus). Na tabela abaixo, os
economistas da Embrapa estimaram a rentabilidade de eucalipto plantado
para produção de lenha vendida em pé em diferentes situações.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

T.M.A.1 Desembolso Terra Juros Custo Renda líquida


real total anual (R$/ha/ano)
Sistema
de
produção
(R$/ (R$/ (R$/ Preço Preço
(R$/ha em
(a.ano) ha em 7 ha em 7 ha em 7 (R$/m³) (R$/m³)
7 anos)
anos) anos) anos) 45 32

1.400,00 1.298,66 8.933,48 523,79 3,79


Alta 3%
Tecnologia 2.100,00 1.364,90 9.699,73 414,32 -105,68
I.M.A.2 6.234,83
(40m³/ 1.400,00 2.283,17 9.917,99 383,14 -136,86
ha/ano) 5%
2.100,00 2.397,37 10.732,19 266,83 -253,17

700 994,24 6.853,71 370,9 -19,1


Baixa a 3%
Média 1.400,00 1.060,49 7.619,96 261,43 -128,57
Tecnologia 5.159,47
(30m³/ 700 1.745,25 7.604,72 263,61 -126,39
ha/ano) 5%
1.400,00 1.859,45 8.418,92 147,3 -242,7

Fonte: Moreira; Oliveira (2015).

1
Taxa Mínima de Atratividade (T.M.A.).
2
Incremento Médio Anual (I.M.A.).

Os resultados mostraram que plantios florestais podem ter rentabilidade


semelhante e até superior às culturas agrícolas. E vale salientar que o
sistema de produção de eucalipto escolhido, para a comparação, foi o de
produção de lenha, sendo este mais simples e com menor possibilidade de
agregação de valor à floresta.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

De olho nos valores


É bom você saber que sistemas de produção mais
longos, com foco na produção de múltiplo uso
(madeira serrada, celulose, lenha etc.), apresentam
rentabilidades superiores aos cultivos focados
em um único produto, mas exigem uma maior
profissionalização dos produtores para que possam
atender mercados mais exigentes, que pagam
melhores preços pela produção florestal.

Pontos importantes para a decisão de


potenciais investidores

De olho nos valores


Fique atento! Além do conhecimento sobre onde a
plantação florestal comercial está instalada no País,
nos estados e nos municípios e de compreender
os benefícios dessa atividade tanto para o Brasil
quanto para o produtor individual, o potencial
empreendedor florestal deve ter uma razoável ideia
dos custos de produção e dos fatores que podem
influenciar a eficiência econômica das florestas
plantadas.

Em relação ao custo de produção, a distribuição dos investimentos


nas diferentes fases de um ciclo de produção do eucalipto é muito
variável entre os sistemas adotados, uma vez que existem plantios de
vários tamanhos, em condições topográficas diferentes e com objetivos
finais também diferentes, que exigem práticas de manejo silvicultural
específicos, como é o caso da ausência de desbaste e desrama em
plantações com o objetivo de produção de matéria-prima para a geração
de energia, ao contrário dos sistemas que visam à produção de madeiras
para usos múltiplos.

24
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

O pleno conhecimento dos custos de produção da


atividade florestal, como em qualquer outra atividade
econômica, exerce grande importância no processo de
decisão do produtor.

Há alguns indicadores econômicos utilizados para auxiliar o produtor


na tomada de decisão sobre um empreendimento florestal que esteja
pretendendo fazer. Os mais comuns são o Valor Presente Líquido (VPL)
e Taxa Interna de Retorno (TIR). Existem, no entanto, outros indicadores,
como o Valor Esperado da Terra (VET), o Valor Equivalente Anual (VEA)
e a Relação Benefício-Custo (RBC). Por isso, é importante que o produtor
solicite o apoio de um técnico que lhe auxilie na escolha do indicador e na
aplicação do mesmo.

Pontos importantes para a decisão de


potenciais investidores
Um produtor que queira iniciar um plantio florestal comercial, além
de buscar conhecer onde estão concentradas as florestas plantadas
comerciais e os benefícios econômicos e sociais que a atividade florestal
traz para a sociedade e para os produtores, deve buscar conhecer onde
estão localizadas as grandes empresas, os arranjos produtivos locais.

O produtor rural deve verificar se existe mercado


para madeira em sua região, bem como quais são as
finalidades da produção de madeira mais requisitadas
ou demandadas, por exemplo, lenha, carvão, celulose,
moirões, postes, laminação e serraria.

Essas informações auxiliam no planejamento dos


plantios florestais e na tomada de decisão quanto aos
investimentos.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

As grandes empresas que utilizam matéria-prima das plantações


florestais nacionais estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil, por serem estas as regiões onde estão as facilidades para instalação
de suas indústrias, para exportação de seus produtos, para manter seus
principais funcionários, dentre outros aspectos.
Se isso é positivo para o desenvolvimento dessas regiões, para as demais
passa a ser um problema, uma vez que, estando distantes das indústrias
compradoras de matéria-prima florestal, perdem competitividade devido
ao frete elevado e terminam não se beneficiando do desenvolvimento da
indústria florestal.
Veja, a seguir, onde estão os principais mercados para consumo das
plantações florestais:

RR
AP

AM PA
MA CE RN
PI PB
AC RO TO PE
AL
MT BA SE
DF
GO MG

MS ES
SP
PR RJ
SC
RS

Localização dos principais consumidores de carvão vegetal.


Fonte: IBÁ, SECEX e POYRY (2014).

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

RR
AP

AM PA
MA CE RN
PI PB
AC RO TO PE
AL
MT BA SE
DF
GO MG
MS
ES
PR RJ
SP
SC
RS

Distribuição geográfica das empresas produtoras de


celulose e papel no Brasil.
Fonte: IBÁ, SECEX e PÖYRY (2014).

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

RR
AP

AM PA
MA CE RN
PI PB
AC RO PE
TO AL
MT BA SE
DF
GO
MS MG
ES
PR RJ
SP
SC
RS

Distribuição geográfica das unidades produtoras de painéis de


madeira reconstituída e pisos e laminados no Brasil.
Fonte: IBÁ, SECEX e PÖYRY (2014)

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 2:
Sistema
silvicultural
Dois sistemas silviculturais são comuns no Brasil: o Sistema de Manejo de
Alto Fuste e o Sistema de Manejo por talhadia.

Sistema de Manejo de Alto Fuste

Tradicionalmente, o Sistema de Alto Fuste (SAFu) dispensa o desbaste ou


a desrama na plantação florestal até o momento do corte final (corte raso),
conforme imagem acima.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Desrama
É o processo de queda e/ou remoção dos ramos em uma
certa porção do tronco de uma árvore, podendo ser artificial
ou natural, se, respectivamente, provocada pela interferência
direta ou não do homem.

Desbaste
É uma colheita parcial de madeira, em povoamentos
ainda imaturos, visando estimular e distribuir o potencial
de crescimento para um número menor de árvores que
permanecem plantadas após a colheita. É, portanto, uma
técnica necessária para quem tem o objetivo de produzir
toras de grande diâmetro, geralmente destinadas a serraria.

Como é um sistema que adota o corte raso, logo após essa atividade, a
empresa realiza a reforma do povoamento, podendo, nesse momento,
utilizar um material genético melhorado, superior ao anterior.
No sistema de Alto Fuste, é importante manter o resíduo da colheita sobre a
linha de tocos do plantio que foi colhido. O corte da árvore durante a colheita
deve ser feito de modo que a cepa fique o mais
linha de tocos
rente possível do solo.
Dessa forma, fica facilitado o
preparo da entrelinha para a
realização do novo plantio.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Lá na fazenda Rio Novo


Na fazenda Rio Novo tive dificuldade para escolher
entre os sistemas de Alto Fuste, pois existem vários
regimes de produção, dentre os quais quatro se
destacam:
• “madeira para polpa” (prioriza madeira para
celulose),
• “madeira para energia” (prioriza madeira para
energia),
• “madeira para uso múltiplo” (atende a vários tipos
de madeira), e
• “madeira limpa” (prioriza a madeira sem nós).
Nessas horas a ajuda de pessoal especializado é
fundamental!

Os regimes que priorizam madeira para celulose e para energia têm


como objetivo a produção de madeira de menores dimensões.
Esses sistemas de manejo
Madeiras menores
são utilizados pela maioria
Neste caso, não planejam intervenções
das grandes empresas periódicas (desrama e desbaste), realizando
florestais, que têm como o corte raso de seis a sete anos, a depender
da qualidade do sítio e da espécie.
objetivo a produção de
madeira para a produção
de celulose, painéis de madeira reconstituída, carvão e energia. Isso
acontece porque o sistema de Alto Fuste tem como prioridades a
produção de madeira de menores diâmetros e a maximização da
produção por área.

Sítio florestal
É uma área considerada segundo sua capacidade de
produzir madeira. Leva-se em consideração para a definição
de um sítio florestal fatores ecológicos, como: a combinação
de condições biológicas, climáticas e edáficas.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

O manejo no sistema de uso múltiplo estabelece desbastes periódicos


durante o ciclo de produção, podendo variar de dois a três.
A aplicação desse regime gera toras de várias dimensões, possibilitando
o atendimento dos mercados de madeira fina até os mercados de madeira
de grande dimensão. Outra característica desse sistema é o uso de um
espaçamento inicial semelhante ao regime para produção de madeira de
dimensões menores.

O manejo no sistema “madeira


limpa” propicia variadas
alternativas de mercados e opções
para o proprietário florestal. O seu
nome já define que o produto-alvo
é a produção de madeira livre de
nós, também chamada madeira
limpa ou “clear” e que, por isso,
geralmente vem acompanhado
de um manejo intensivo com
desbastes precoces e intensos. Vale
salientar que o custo de produção
é alto, pois o manejo intensivo
exige bastante intervenção no
talhão, seja para correção do solo,
seja para realização de desbastes
e desramas.

De olho nos valores


É importante saber que a produção de madeira
de qualidade superior e de maior diâmetro de
tora geralmente apresenta maior valor agregado
e, portanto, preço elevado. Isso pode aumentar o
retorno econômico dos plantios florestais.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Sistema de Manejo por talhadia

É um sistema no qual se conduz o crescimento dos brotos nas cepas da


plantação florestal colhida, iniciando-se um novo
ciclo florestal. Por isso, o manejo por talhadia
Cepas
deve ser operado somente quando são utilizadas Tocos das árvores
espécies de eucalipto cujas árvores disponham de
boa capacidade de brotar após serem cortadas.
A utilização do sistema de talhadia tem como uma das principais
justificativas a produção de madeira com um custo menor, uma vez que
dispensa o preparo do solo e a aquisição de mudas após o primeiro ciclo.
Além disso, proporciona ciclos de cortes mais curtos com antecipação
de retornos financeiros.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Lá na fazenda Rio Novo


Perguntei para o Marcos, técnico do Senar, sobre
usar o sistema de talhadia para a nossa fazenda.
Ele me disse que para adotar o sistema de talhadia,
além da exigência de uso de uma espécie com boa
capacidade de brotar, deve-se ter em conta que
vários fatores podem influenciar na produtividade
das cepas, principalmente a altura que as árvores
são cortadas durante a colheita, o tipo de solo da
área de plantio, a face de exposição do terreno ao
Sol e a época em que a colheita é feita.
Nós, da Fazenda Rio Novo, estamos pensando, pois
são muitas variáveis a se analisar.

Além dos cuidados antes da adoção do sistema de talhadia, é necessário


que o produtor cuide bem das cepas nas fases de emissão, estabelecimento
e crescimento das brotações.

Fase de emissão
É a fase principal, pois é nela que as brotações surgem
das cepas.
Nesse momento, se não forem tomados os cuidados
com ataques de formigas, sombreamento, competição
de plantas daninhas, preparo nutricional das plantas
antes do corte, resíduos da colheita anterior e falta
de água pode-se até mesmo ocasionar a morte dos
brotos.
Fase de crescimento
É a fase em que deve ser feito o acompanhamento do
crescimento e o desbaste de brotações em excesso.
Fase de estabelecimento
É a fase em que as brotações começam a se desenvolver.
Nessa fase, recomenda-se cuidados com os ataques de
formigas e cupins, quantidade de água, sombreamento,
entre outros.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Para a condução da talhadia é aconselhável realizar a adubação, da


mesma forma como se faz em um plantio normal, assim como é essencial
o combate às formigas cortadeiras.
O manejo da brotação deve ser feito com o objetivo de recompor a
população original, por isso, é preciso manejar as brotações retirando
os brotos inferiores, deixando um ou dois brotos mais vigorosos e bem
inseridos na cepa.
A retirada dos brotos pode ser feita de forma manual ou semimecanizada.
O rendimento do sistema semimecanizado é cerca de três vezes superior
ao sistema manual e com as vantagens de menor desgaste físico do
trabalhador, melhor qualidade e maior segurança, desde que sejam
tomados os devidos cuidados, além do uso dos equipamentos de proteção
individual – EPIs indicados para o caso.

• Para facilitar a brotação das cepas, a colheita anterior


deve ser feita de modo a deixar um toco (cepa) com
10 a 15 cm de altura.

• Ao contrário do sistema de Alto Fuste, no sistema


de talhadia simples, o resíduo deve ser acomodado
na entrelinha de plantio para não cobrir as cepas e
causar problema à rebrota. Há, também, a vantagem
de o resíduo servir de estrada para máquinas de
colheita, diminuindo os efeitos de compactação do
solo, evitando danos ao sistema radicular.

O sistema de talhadia, há alguns anos, teve sua adoção diminuída, tanto


pela velocidade de substituição do material genético pelas empresas
florestais como pela grande oscilação da produção em segunda rotação.
Atualmente, no entanto, seja por causa da crise, seja pela melhoria
do conhecimento sobre o uso do sistema, ele está tendo razoável
aceitabilidade.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Sistema de Talhadia Composta ou


Talhadia com Remanescente
Além da Talhadia simples, há também o sistema de Talhadia com
remanescentes, no qual no momento da colheita do povoamento
anterior, são selecionadas algumas árvores que continuarão crescendo
junto com as brotações que serão conduzidas das cepas das árvores
colhidas, formando uma floresta de dois estratos, um inferior (composto
de brotações), e um superior (de árvores remanescentes que serão
conduzidas por um período mais longo para produção de madeira com
maior valor agregado).

Alto Fuste
Normalmente dispensa o
desbaste ou a desrama na
plantação florestal até o
momento do corte final. É
importante manter o resíduo
da colheita sobre a linha de
tocos do plantio que foi colhido,
facilitando novo plantio.

Talhadia
É um sistema em que se conduz o
crescimento dos brotos nas cepas
da plantação florestal colhida,
iniciando-se um novo ciclo florestal.
Tem como uma das principais
justificativas a produção de
madeira com um custo menor, uma
vez que dispensa o preparo de solo
e a aquisição de mudas após o
primeiro ciclo.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 3:
Escolha da área
Na escolha da área para plantio, o produtor deverá considerar tanto o
aspecto técnico quanto o aspecto legal. O local deve estar adequado às leis.

Aspecto legal
O produtor deverá, obrigatoriamente, ter seu imóvel já inscrito no
Cadastro Ambiental Rural (CAR) e já deve ter obtido a aprovação
da localização da Área de Reserva Legal – ARL (variável na região de
expansão – 35% se o Cerrado estiver na Amazônia Legal e 20% se estiver
no bioma Cerrado) pelo órgão estadual integrante do Sistema Nacional do
Meio Ambiente (Sisnama).
O Sisnama é composto de um órgão superior, um órgão central, alguns
órgãos seccionais e outros órgãos locais.

Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),


que assiste o Presidente da República na
Órgão superior
formulação das diretrizes da Política Nacional do
Meio Ambiente;

Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema),


a quem cabe a responsabilidade de promover,
Órgão central
disciplinar e avaliar a implantação da Política
Nacional do Meio Ambiente;

37
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Órgãos estaduais responsáveis pela execução de


Órgãos programas e projetos de controle e fiscalização
seccionais das atividades com potencial para degradar a
qualidade do meio ambiente;

Órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo


Órgãos locais controle e fiscalização dessas atividades, nas suas
respectivas áreas de jurisdição.

Os principais órgãos estaduais participantes do Sisnama,


geralmente, são os seguintes: Secretaria Estadual do
Meio Ambiente, Conselho Estadual de Política Ambiental,
Fundações Estaduais de Meio Ambiente, Institutos
Estaduais de Florestas e Institutos Estaduais de Gestão
das Águas, em alguns casos.

Se o órgão estadual não tiver aprovado ainda a


localização de sua ARL até a ocasião do plantio, o
produtor deverá insistir na aprovação oficial, sob a
pena de ter problemas no futuro. Caso o produtor tenha
de suprimir alguma vegetação nativa para plantar o
eucalipto, dependerá de uma autorização de supressão
emitida pelo órgão ambiental competente do Sisnama.

Aspecto técnico
Veja o que o Marcos, técnico do Senar, tem para dizer sobre o aspecto
técnico da escolha da área.

38
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Dica do Técnico

Olá, gostaria de falar com você sobre os aspectos técnicos da escolha


da área.

O eucalipto, fora a sua contribuição na produção de mel, não é


uma espécie produtora de alimento, e sim uma produtora de fibra
e madeira. Por isso, não deve ser plantado nos melhores solos da
propriedade. Esses solos deverão ser utilizados para o plantio das
culturas alimentares.

Uma vez selecionadas determinadas áreas potenciais na propriedade,


o produtor deverá fazer uma avaliação das mesmas quanto à
fertilidade, compactação, drenagem e declividade. Com base nessas
informações, ele estará mais seguro para definir uma entre as pré-
selecionadas.

Áreas que já não sustentam uma produtividade econômica de culturas


agrícolas de ciclo curto como arroz, feijão, milho e soja, por exemplo,
têm grandes possibilidades de, com um pouco de melhoria, serem
aproveitadas para o plantio do eucalipto ou de outra espécie florestal
de uso econômico.

Outras áreas que, normalmente, são priorizadas para o plantio de


eucalipto nas propriedades rurais são as encostas de morros que, por
terem declives acentuados – mas, dentro do que a legislação permite
para uso como florestas plantadas comerciais –, não se prestam para
produção mecanizada de grãos.

Acho que com essas dicas você pode ter uma ideia melhor de onde
planejar sua plantação.

Há casos em que o empreendedor tem terra de boa qualidade disponível


para plantar a cultura agrícola e florestal, sem prejuízo para o cultivo da
cultura alimentar. Aí, cabe a ele fazer um balanço, entre prós e contras,
considerando o valor da terra na região e uso com a plantação florestal.
Ao selecionar uma área para plantio de eucalipto, o produtor deverá
considerar a proximidade de estradas que possibilitem o tráfego de
caminhões, tratores, carretas e máquinas para colheita florestal, quando
for o caso.

39
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Escolha do local para plantio considerando a


proteção da Reserva Legal.

40
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 4:
Estradas, talhões e
aceiros
As plantações florestais comerciais necessitam de estradas que
possibilitem o trânsito dos veículos de maneira fácil e segura, para atender
às necessidades de transporte de cargas e serviços e, principalmente, para
combater incêndios.

Em locais acidentados, é fundamental considerar, no


Cuidado
Ambiental planejamento das estradas, a conservação do solo.

Tipos de estradas
Ao planejar, o produtor deverá considerar que na propriedade nem todas
as estradas deverão ter o mesmo padrão de construção. Assim, três tipos
de estradas deverão ser preparados:

Estrada permanente principal


Deve ter no mínimo 8 m de largura, com piso
reforçado, comportando velocidade entre 50
km/h e 60 km/h.

41
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Estrada permanente secundária


Deve ter cerca de 4 m de largura e piso mais ou
menos no nível da estrada principal.

Estrada temporária
Largura igual à estrada secundária, mas com
piso não revestido.

Lá na fazenda Rio Novo


Uma grande dica que o Marcos, do Senar, me
passou foi que as estradas não podem ser feitas
aleatoriamente.
As estradas principais, sempre que possível,
devem ser locadas no sentido leste-oeste, pois
secam mais rápido e diminuem os atoleiros nos
períodos mais chuvosos.
Já os talhões devem ser planejados no sentido
norte-sul, para que a extração da madeira fique
mais fácil.

42
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Tamanho dos talhões


É importante que a largura dos talhões não passe de 300 m, uma vez que
a maior distância de arraste deve ser de 150 m, e o comprimento não deve
ultrapassar 1.000 metros.

O tamanho do talhão também é importante para a


proteção da floresta em caso de incêndio.
Por exemplo, em áreas com alta declividade, a
distância de arraste não deve exceder 50 m.

Planejamento de estradas
Ao planejar a estrada, o produtor deverá considerar os seguintes fatores:
a conservação do solo, a proteção e a colheita da plantação florestal
comercial.
A maior ou menor facilidade na construção do conjunto de estradas na
propriedade vai depender do tamanho do empreendimento e das estradas
que já estão sendo utilizadas. Muitas vezes serão necessárias, apenas,
poucas melhorias nas estradas existentes.

• Mobilizar minimamente o solo


(cortes e aterros);
• Evitar, sempre que possível, a
retirada de árvores isoladas ou
de vegetação nativa;
• Aproveitar, ao máximo,
o traçado de estradas já
existentes;
• Considerar que a distância
máxima do arraste de toras
deverá ser de 150 m;

43
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

• Cascalhar os leitos das estradas para que sejam trafegáveis durante


todo o ano;
• Em área plana, fazer o traçado das estradas de forma simples, seguindo
a divisão dos talhões;
• Nas regiões acidentadas, manter boas ligações entre as partes baixas
e as mais altas;
• Considerar, desde o início, os locais de cruzamentos e manobras de
veículos (caminhões) visando à melhoria do tráfego, principalmente na
colheita;
• Pensar no escoamento de água e o carreamento de partículas do solo.

A importância de aceiros bem


planejados
Os aceiros separam os talhões e servem de ligação com as estradas
principais. Estes podem ser internos (largura de 4-5m) ou de divisa
(largura de 15m). Além disso, recomenda-se que a cada quatro ou cinco
talhões sejam feitos aceiros internos com 10m de largura.

Estrada principal

15m

4,5m

4,5m
4,5m

4,5m

4,5m
10m

10m

4,5m

10m

Planejamento de estradas.

44
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Os leitos dos aceiros devem ser transitáveis em, aproximadamente,


60% de sua largura e devem ocupar cerca de 5% da área útil, quando
consideradas áreas com topografia plana ou suavemente ondulada.

Os aceiros protegem as plantações florestais contra


Cuidado
Ambiental incêndios e no Cerrado são importantíssimos.

45
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 5:
Escolha da
espécie
O sucesso de um empreendimento florestal, independentemente do avanço
da sua parte industrial, depende da espécie ou dos clones dela produzidos.
A primeira coisa a ser considerada na seleção de tal material para o plantio
é a finalidade da plantação, seguida da adaptação às condições do solo,
do clima do local e do sistema de produção a ser utilizado.
Em regiões de expansão das florestas plantadas comerciais, a escolha da
espécie ou de um clone é difícil, uma vez que inexistem testes de materiais,
o que torna a oferta insegura e restrita. O nível de dificuldade varia se o
produtor é independente ou não.

• As mudas podem ser propagadas por sementes ou por


meio da propagação vegetativa, utilizando a técnica de
estaquia.

• Clone: é um conjunto de plantas com origem única.


Clones são produzidos por estaquia ou outros métodos
diferentes do método tradicional de cruzamento, de
um pai com uma mãe, para obtenção de sementes e
formação de mudas a partir delas. Por isso, todas as
plantas produzidas a partir de um clone são iguais.

46
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Produtores associados
No caso de produtores associados a empresas (fomentados ou parceiros),
o processo de definição da espécie a ser plantada é facilitado. As empresas
têm seus materiais de plantios testados para a região e adequados para
o seu produto específico, e os repassam para fomentados ou parceiros
visando garantir a padronização de sua matéria-prima.
Alguns dos clones mais comuns em plantios no Brasil:
Alguns dos clones mais comuns em plantios no Brasil:

AEC 1528 GG 100

I 144 H 13

VM 01

47
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Produtores independentes
Nesse caso, a definição da espécie, ou do clone, é mais complicada, uma vez
que mesmo que esteja localizado próximo a uma empresa que disponha
de material testado na região, dificilmente o produtor independente terá
acesso ao mesmo.
Nesse caso, o produtor deverá recorrer a um técnico, que, por sua vez,
deverá buscar indicações nas seguintes fontes:
a. zoneamento estadual, quando existir;
b. resultados de pesquisa indicados para a região do plantio;
c. resultados de produtores já instalados com sucesso na região e que
já conseguiram resolver a questão da adaptação do material (espécie
ou clone) ao solo e ao clima onde está localizado o seu plantio.

48
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 6:
Espaçamentos
No momento da definição de um espaçamento, deve-se levar em consideração
os seguintes pontos: espécie a ser plantada; grau de melhoramento
genético do material; fertilidade do solo no local de plantio; objetivo do
plantio (celulose, lenha, carvão, serraria, usos múltiplos); e espaçamentos
mais utilizados.

Espécie a ser Plantada


O desenvolvimento das raízes, a estrutura de copa e a exigência nutricional
(adubação) variam de espécie para espécie e têm de ser considerados na
escolha do espaçamento. Espaçamentos iguais para espécies com diferentes
estruturas de copa levam a alterações significativas no fechamento das
copas.

Espécies com raízes mais expansivas podem iniciar a concorrência


entre árvores precocemente, principalmente em espaçamentos estreitos
se houver problemas com disponibilidade de água no solo. Espécies que
demandam mais nutrientes e apresentam maior taxa de crescimento
exigem espaçamentos mais amplos para que o sistema radicular possa
explorar melhor os nutrientes do solo.

Nível do Melhoramento Genético


Materiais melhorados, especialmente os clones, têm comportamento mais
homogêneo e permitem o uso de um menor número de árvores desde o
início, ou seja, espaçamentos mais abertos.

49
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Influência do Sítio
Como as plantas competem por água, luz e nutrientes, quanto maior o número
de árvores por hectare, maior será a extração de água e a necessidade de
luz e nutrientes.

Regra geral para uma mesma condição de luz: em solo


fértil e água suficiente, espaçamentos menores; solo de
baixa fertilidade e água pouca, maiores espaçamentos.

Objetivo do Plantio
Cada uso final da madeira exige um espaçamento específico. Árvores
com espaçamentos maiores crescem mais em diâmetro do que plantas
em espaçamentos estreitos, sendo mais apropriadas para a produção de
madeira para serraria, enquanto plantios para celulose e energia (lenha,
carvão) aceitam espaçamentos menores.
Quem trabalha com o objetivo de uso múltiplo provavelmente optará por
iniciar com um espaçamento mais estreito, abrindo-o por meio de desbastes
ao longo do ciclo de corte.

• Produtores de madeira para serraria e/ou laminação


não devem exagerar na abertura do espaçamento,
pois podem ter maior custo com desrama devido à
maior brotação de ramos e aos ramos mais grossos.

• Espaçamentos excessivamente largos também


levam a uma diminuição do diâmetro do tronco, da
base para a copa da árvore, prejudicando a qualidade
da madeira, além de induzirem à formação de copas
muito extensas.

• Produtores de madeira para energia ou celulose não


devem diminuir demais o espaçamento sob a pena
de haver falta de água para o povoamento.

50
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Capacidade de Brotamento
Espécies que tenham maior capacidade de brotamento necessitam de
plantio em espaçamento maior quando forem plantadas para condução
futura em regime de talhadia ou de talhadia com remanescente (talhadia
composta).

Disponibilidade Hídrica
A disponibilidade de água no local é muito importante para a escolha do
espaçamento, pois as plantas competem por água.

Ciclo de Corte
Os ciclos de corte influenciam o espaçamento. Enquanto ciclos longos
demandam espaçamentos mais amplos que permitam um desenvolvimento
individual maior, os ciclos curtos demandam espaçamentos menores que
possibilitem o aumento da produção por área, mesmo que em detrimento
da produção individual.

Encostas ou partes delas com declividade superior a


45º, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de
Cuidado maior declive, não podem ser plantadas porque são
Ambiental consideradas APPs;

Encostas com declividade entre 25º e 44º são


apropriadas para atividades agrossilvipastoris. O
produtor deve evitar também plantar em veredas,
bordas dos tabuleiros ou chapadas e matas ciliares que
também são APPs.

Espaçamentos mais utilizados


Os principais espaçamentos utilizados no Brasil estão apresentados na
Tabela a seguir.

51
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Espaçamento (m x m) Número de plantas por hectare Finalidade do Plantio

3 x 1,5 2.222 Lenha, carvão, mourões, celulose

3x2 16.667 Lenha, carvão, mourões, celulose

2,5 x 2,5 1.600 Lenha, carvão, mourões, celulose

3x3 1.111 Celulose, carvão, serraria

Fonte: Silva et al., 2008.

No caso das áreas de expansão dos plantios de eucalipto no Cerrado,


o produtor deve estar consciente de que os solos são, na sua maioria,
de baixa fertilidade e de acidez elevada e que, em grande parte das
situações, há deficiências de água em determinados períodos.
Assim sendo, no momento da definição do espaçamento, o produtor deverá
escolher entre os clones indicados para a região os que tiverem melhor
desenvolvimento para plantio em espaçamentos mais amplos, buscando,
para isso, aconselhamento técnico.
Na escolha do espaçamento, a avaliação econômica é importante, mas
não deve ser preponderante. O balanço entre o aspecto econômico e o
ambiental precisa ser levado em conta no momento da decisão.

O uso de espaçamento
amplo tem limites. De
uma maneira geral,
Cuidado tem-se usado, no
Ambiental Cerrado, espaçamento
de 3 m x 3 m. O ideal
é que, dependendo
da condição hídrica,
o espaçamento varie
entre 3 m x 3 m e 3,5 m
x 3,0 m para produção
de celulose ou uso
múltiplo.

Ao se trabalhar com harvester, como na imagem, o


volume médio por árvore é a variável que melhor explica
a capacidade operacional da colhedora florestal. Maior
espaçamento, maior volume individual por árvore e maior
capacidade operacional do harvester.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

De olho nos valores


O técnico do Senar me informou que, na escolha do
espaçamento, a avaliação econômica é importante,
mas não deve ser preponderante. O balanço entre
o aspecto econômico e o ambiental precisa ser
levado em conta no momento da decisão.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Aula 7:
Aquisição,
transporte e
armazenamento de
mudas para plantio

Viveiro certificado de boa qualidade.

Para adquirir mudas de espécies florestais de qualidade, o produtor deverá


buscar na página do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– MAPA (http://sistemasweb.agricultura.gov.br/renasem) e na página do
Renasem, na internet, a relação de viveiros certificados que existem em sua
região; depois os que produzem ou podem produzir o material selecionado
para o empreendimento; e, por fim, deve visitar os principais viveiros
selecionados e escolher o melhor em relação à qualidade de muda e preço.

54
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Uma muda de boa qualidade deve ter as


seguintes características:
• raízes bem desenvolvidas;
• diâmetro mínimo de 2 mm;
• três ou mais pares de folhas;
• sem “enovelamento” e sem
“pião torto”;
• livre de doenças e pragas;
• ter passado pelo processo de
rustificação;
• ter raízes ativas e que não
excedam a borda inferior dos
tubetes;
• tubete ou saquinho cheio;
• posição reta;
• ausência de sintomas de
deficiência de nutrientes;
• ausência de plantas daninhas;
• ausência de brotações;
Aspectos da muda
de boa qualidade. • substrato firme.

As mudas devem ser


transportadas com cuidado,
empacotadas em plástico
filme, formando um rolo
chamado de “rocambole”.
Quando não puderem ser
plantadas de imediato, as
mudas não devem ser armazenadas em locais sombreados. Coloque as
mudas em canteiros suspensos e provisórios feitos com “tela para pinto”,
sendo os tubetes distribuídos em alvéolos alternados. As mudas precisam
ser irrigadas diariamente e monitoradas contra pragas e doenças até o
momento de serem levadas para plantio.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos
apresentados até aqui.

As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler


e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as


questões. Você terá duas tentativas para responder cada
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:

1. acertar as questões; ou

2. usar todas as suas tentativas.

Questão 1
Antônio herdou a propriedade Fazenda Brejo das Almas de seu avô. A região
na qual a fazenda está localizada é referência em produção de eucalipto
para a produção de carvão. No entanto, Antônio não quer plantar eucalipto
porque acredita que será difícil concorrer com os grandes produtores e
também porque gostaria de uma cultura diferente. Ele, então, contrata você
para fazer um diagnóstico de mercado e das potencialidades da fazenda,
para assim poder escolher a cultura a implantar. Dentro deste contexto,
assinale a alternativa que contém informações referentes às características
de mercado que você deve levantar para apresentar para o Antônio.

a) Finalidades da produção de madeira mais requisitadas e demandadas,


existência de mercado, localização dos principais consumidores.

b) Benefícios sociais que a atividade florestal traz para a sociedade e


para os produtores.

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Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

c) Estimativa de crescimento populacional e da demanda por alimento.

d) Os principais estados e regiões produtoras de eucalipto e pinus no


Brasil.

Questão 2
João tem uma propriedade em Curvelo, com uma área de 10 hectares com
eucaliptos de 6 anos de idade, plantados no espaçamento de 3 x 2 metros,
constituindo um total de 1.666 árvores/hectare. Ele deseja fazer uma
colheita, retirando apenas parte das árvores, cerca de 80%, destinando
essa madeira à produção de mourões tratados. As árvores remanescentes
serão conduzidas à produção de madeira para a serraria. E as brotações
das cepas também serão conduzidas para mais um ciclo de cultivo. Dessa
forma, João terá uma floresta com dois estratos, um inferior formado pelas
brotações e o superior formado pelas árvores não cortadas. Dentro desse
contexto, assinale a alternativa que corresponde ao sistema de manejo
adotado por João para a sua floresta.

a) Alto fuste.

b) Talhadia simples.

c) Talhadia composta.

d) Desbaste.

Questão 3
A escolha da espécie que será utilizada na formação do povoamento
florestal é decisiva para o sucesso do empreendimento, pois a escolha
de uma espécie errada pode acarretar uma produtividade ruim ou a não
aceitação deste produto no mercado. O produtor individual, que quer
iniciar seu plantio, deve ficar atento a quais caraterísticas para a correta
seleção da espécie?

a) A primeira coisa a ser considerada na escolha da espécie é a finalidade


da madeira produzida, seguida por adaptação às condições do solo,
do clima local e do sistema de produção a ser utilizado.

57
Módulo 1 – As Florestas Plantadas Brasileiras

b) Adaptação às condições do solo e do clima são as características


que o produtor deve levar em consideração na escolha da espécie
a ser implantada.

c) O produtor deve optar por plantar o material que tenha acesso,


mesmo que este material não tenha sido testado na sua região e as
características da madeira produzida não sejam as desejadas pelo
mercado.

d) O sistema de produção utilizado que irá definir qual espécie será


implantada, pois uma espécie plantada no sistema de talhadia
simples não pode ser usada no sistema de alto fuste.

Questão 4
No momento da definição do espaçamento, algumas características devem
ser levadas em consideração, tais como: espécie a ser plantada; grau de
melhoramento genético do material; fertilidade do solo no local; e objetivo
do plantio. Determinado produtor deseja fazer o plantio florestal em uma
área de baixa fertilidade do solo, com pouca disponibilidade de água, com o
objetivo de explorar múltiplos produtos em sistema de talhadia composta.
Baseado nessas características escolha a opção correta:

a) O produtor deverá optar por um espaçamento menor, colocando


mais árvores por hectare, pois nessas condições de solo e clima as
plantas vão competir menos.

b) O produtor deverá optar por um espaçamento maior, colocando


menos indivíduos por hectare, visto que ciclos mais curtos de cultivo
demandam espaçamentos maiores que possibilitem um volume
individual superior.

c) O produtor deverá optar por um espaçamento maior, pois diminuirá


a quantidade de indivíduos por hectare, reduzindo a competição
entre as plantas. E para produção de múltiplos produtos e condução
da talhadia, o espaçamento maior tem melhores resultados.

d) O produtor deverá optar por espaçamento menor, para favorecer


o brotamento e a condução da talhadia, pois em ambientes mais
sombreados, a cepas brotam melhor.

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