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Carlos Barcaui
Mestre em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo ,
UNIFESP /EPM ; Doutor em Dermatologia pela Universidade de São Paulo , USP
Professor-Associado do IDPA. Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro
Juan Pineiro·Maceira
• Professor-Associado do Departamento de Patologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ ; Dermatopatologista do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho , UFRJ
Mestre em Anatomia Patológica e Doutor em Dermatologia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
Pós-Doutorado em Dermatopatologia , Armed Forces of
lnstitute of Pathology, Washington D.C., EUA
'
Sumário
9 Mapeamento Corporal
5 Critérios Dermatoscópicos, 33 Total , Acompanhamento das
Carlos Barcaui Lesões Melanocíticas e Laudo
Carlos Marcelo Martins Ferreira Dermatoscópico, 123
Juan Pifleiro-Maceira Francisco Macedo Paschoal
xi
e arJoma , 1 29 12 Outras Dermatoses de Interesse
arcelo M artins Ferreira Dermatoscópico, 189
3a aui Carlos Barcaui
::J -e1
ro-Maceira Colaboracão de: Gustavo Novaes
Martins Ferreira
xii
CAPÍTULO 1 Introdução
1
Introdução
uma parcela importante do atendimento dermato- observações clínica e dermatoscópica facilita essa
lógico e é responsável por porcentual significativo indicação. 22
das cirurgias dermatológicas. Esta obra visa divulgar a experiência de um gru-
Além disso, com o emprego da dermatoscopia, po de dermatologistas e dermatopatologistas brasi-
as lesões melanocíticas podem ser subdivididas em leiros com a aplicação clínica da dermatoscopia,
benignas, suspeitas ou altamente suspeitas de malig- enfatizando a importância do conhecimento de
nidade, de acordo com 4 principais métodos analí- seus fundamentos básicos e da correlação histo-
ticos de diagnóstico, possibilitando maior confiança patológica para o seu aprendizado adequado, e de-
na decisão pelo acompanhamento clínico ou pelo monstrando que a aproximação entre diferentes ti-
encaminhamento para a sua retirada cirúrgica. É um pos de microscopia (dermatoscopia, histopatologia
procedimento, portanto, que ajuda a definir critérios e microscopia confocal) pode resultar em grande
para a excisão dessas lesões, com o potencial de redu- benefício para a avaliação de pacientes com lesões
zir o número de cirurgias desnecessárias. pigmentadas cutâneas.
O melanoma cutâneo corresponde atualmente
a cerca de 2% de todos os tumores malignos da pele
• REFERÊNCIAS
e a sua detecção precoce é de grande importância
1. Cohen D, Sangueza O, Fass E, Stiller M. In vivo
para reduzir os índices de mortalidade por essa do- cutaneous surface microscopy: revised nomenclature.
ença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Intj D ermato/ 1993;32:257-8.
acometidos. Nesse contexto, recursos como a der- 2. MacK.ie R. An aid to the preoperative assesment
matoscopia são valiosos, pois vários estudos, em paí- of pigmented lesions o f the skin. Br J D ermatol
ses como a Austrália, onde o melanoma tem grande 1971;85:232-8.
3. Fritsch P, Pechlaner R. Differentiation ofbenign
incidência e significativa mortalidade, demon tra-
from malignant melanocytic lesion using incident
ram até 39% de incremento na sensibilidade para light microscopy. In: Ackerman A. (ed.). Pathology
o diagnóstico de melanoma, quando tanto médicos ofmalignant me/anoma. New York, Masson,
generalistas como especialistas são submetidos a 1981;301-12.
programas educativos de treinamento formal nes- 4. Braun-Falco O, Stolz W, Bilek P et al.
sa técnica diagnóstica. 10-13 Esse método permite Das Dermatoskop: eine Vereinfachung der
Aufuchtrnikroskopie von pigmentierten
reconhecer in vivo lesões cutâneas pigmentadas
Hautveranderungen. Hautarzt 1990;41:131-6.
malignas mais fácil e precocemente que quando o 5. Altamura D, Avramidis M, Menzies SW. Assessment
exame clínico é feito isoladamente, 14·15 e há estudos of the optimal interval for and sensitivity of
indicando sua utilidade na avaliação pré-operatória short-term sequential digital dermoscopy
da espessura do melanoma, 16 assim como na deli- monitoring for the diagnosis of melanoma.Arch
mitação das margens cirúrgicas 17 e na orientação de D ermato/2008; 144( 4):502-6.
6. Braun RP, Gaide O , Le Gal FA, et al.
biópsias incisionais. 18 Alguns autores recomendam
Follow-up of melanoma lesions. R ev Med Suisse
também o exame dermatoscópico de lesões insus- 2007;3(109):1119-23.
peitas com a intenção de diagnosticar o chamado 7. Scope A, Gill M, Benvenuto-Andrade C et al.
°
"melanoma incógnito". 19·2 Contudo, a dermatos- Correlation of dermoscopy with in vivo reflectance
copia não elimina completamente a possibilidade confocal microscopy of streaks in melanocytic lesions.
de algum erro, 21 ou seja, não há 100% de acurácia Arch Dermatol. 2007;143(6):727-34.
8. Branzan AL, Landthaler M, Szeimies RM. In vivo
diagnóstica, e ela não substitui o diagnóstico his-
confocal scanning laser microscopy in dermatology.
topatológico. 16 A dermatoscopia não deve ser usa- Lasers Med Sei 2007;22(2):73-82.
da como critério isolado para a recomendação da 9. MacK.ie RM, Fleming C, McMahon AD,Jarrett
excisão ou não de uma lesão, mas a integração das P. The use of the dermatoscope to identify early
2
Introdução
melanoma using the three colour test. Br j Dermatol 16. Carli P, De Giorgi V, Soyer HP, Stante M, Mannone
2002; 146:481-4. F, Giannotti B. Dermatoscopy in the diagnosis o
10. Mayer ]. Systematic review of the diagnostic accuracy pigmented skin lesion: a new semiology for the
of dermatoscopy in detecting malignant melanoma. dermatologist.} Eur Acad Dermatol Venereo/2000;
Med}Aust 1997; 167:206-10. 14(5): 353-69.
11. Binder M, Puespoeck- chwarz M, Steiner A et al. 17. Robinson JK. U e of digital epilumine cence
Epiluminescence microscopy o f small pigmented microscopy to help define the edge oflentigo
skin lesions: short-term formal training improves the maligna. Areh Dermato/2004; 140(9): 1095-100.
diagnostic performance of dermatologists. j A m Acad 18. Braun RP, Kaya G, Ma ouyé I et al. Histopathologic
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12. Westerhoff K, McCarthy WH, Menzies SW. Increase Arch Dermatof 2003;139(3):349-51.
in the sensitivity for melanoma diagnosis by primary 19. Roesch A, BurgdorfW, Stolz W et al.
care physicians using skin surface microscopy. Br j Dermatoscopy of"dyspla tic nevi": a beacon in
Dermato/2000; 143: 1016-20. diagnostic darkness. Eur J Dermatof 2006;
13. Menzies SW, Emery ], Staples Metal. Impact 16(5):479-93.
of dermoscopy and short-term sequential digital 20. Kittler H, Guitera P, Riedl E et al. Identification
dermoscopy imaging for the management of of clinically featureless incipient melanoma using
pigmented lesions in primary care: a sequential sequential dermoscopy imaging. Arch Dermatof
intervention trial. Br j Dermatof 2009 Jun 27. [Epub 2006;142(9):1113-9.
ahead of print] 21. Seiner A, Binder M, Schemper Metal. Statistical
14. Pehamberger H, Binder M, Steiner A et ai. In vivo evaluation of epiluminescence microscopic cri teria for
epiluminescence microscopy: improvement of early melanocytic skin lesionsJ Am Acad Dermato 1993; 29:
diagnosis of melanoma.j Invest Dermato/1993; 100: 581-88.
356s-62s. 22. Carli P, De Giorgi V, aldi L et al. Reliability
15. Zalaudek I, Ferrara G, Broganelli P et al. and inter-observer agreement of dermoscopic
Dermoscopy patterns of fibroepithelioma of pinkus. diagnosis of melanoma and melanocytic naevi. Eur j
Arch Dermatof 2006;142(10):1318-22. Cancer Prev 1998; 7:1-6.
3
CAPÍTULO 2 H istórico - Evolução da
Dermatoscopia
5
Histórico - Evolução da Dermatoscopia
6
Histórico- Evolução da Dermatoscopia
7
,
CAPITULO 3 Princípios Básicos da
Dermatoscopia
10
Princíp ios Básicos da Dermatoscopia
Fig . 3 .5 o Videodermatoscópio .
11
Princíp ios Básicos da Dermatoscopia
Em 1987, Cascinelli et ai. publicaram, pela pri- ou monitoramento das lesões a intervalos regula-
meira vez, os resultados de um estudo com imagem res, com grande precisão. Torna-se necessário, en-
digital para o diagnóstico do melanoma. Os pionei- tretanto, que o aparelho seja adequadamente cali-
ros da dermatoscopia digital iniciaram utilizando brado, de forma que as cores não sofram alterações
uma máquina fotográfica conectada a uma objetiva ocasionadas por diferenças às vezes discretas de
macro com flash circular, captando as imagens em iluminação ou temperatura, não compensadas pelo
filme diapositivo, escaneado com uma câmera de computador. Esses ajustes, ou procedimentos de
televisão em cores e depois digitalizado, obtendo, calibragem, consistem em um balanceamento entre
dessa forma, uma resolução aproximada de 34 p i- o preto, o branco e o sombreamento, para os quais
xelslmm (512 x 640 pixefs).9- 11 alguns aparelhos utilizam um cartão de cores.4 •7
Atualmente, as câmeras digitais consistem em
um corpo semelhante ao de uma máquina foto- Documentação fotográfica
gráfica convencional, com um conjunto de lentes
Atualmente, as máquinas digitais estão cada vez
e um dispositivo denominado CCD (charge cou-
mais acessíveis, existindo várias opções, sendo que a
pled device), que ocupa o lugar do filme. O CCD
partir de 2 megapixefs as imagens certamente terão
é um chip de silicone constituído por numerosos
resolução mais que satisfatória. Entretanto, essas
elementos individuais ou pixefs que reagem à luz
máquinas digitais convencionais necessitam de um
como os grãos de um filme tradicional. Em vez de
adaptador para captar a imagem dermatoscópica, e
uma reação química, esses elementos, uma vezes-
a dificuldade pode existir no fato de que nem sem-
timulados pela luz, emitem impulsos elétricos que
pre pode-se saber o aumento exato no qual se está
são enviados ao circuito computadorizado da câ-
trabalhando com alguns adaptadores. Dessa forma,
mera e traduzidos em dados binários. A qualidade
ao obter-se a fotografia, esse aumento não estará
da imagem obtida por determinada câmera digital
padronizado, ficando na dependência do zoam da
é, então, diretamente relacionada com a quantidade
câmera, o que poderá interferir na interpretação
de elementos sensíveis à luz (pixefs) que ela possui,
dos achados dermatoscópicos principalmente para
o que se chama resolução.
aqueles menos experientes (Fig. 3.6).
Um filme diapositivo colorido de 35 mm
As fotografias para documentação dermatos-
normal possui uma quantidade de grãos que cor-
cópica também podem ser efetuadas utilizando-se
responde aproximadamente a uma densidade de
2.500 linhas por polegada ou 4.096 x 2.736 pixefs
por imagem emoldurada (11.206.656 pixefs). Esta
é uma resolução altíssima, considerando-se que o
mínimo necessário para que o olho humano reco-
nheça detalhes relevantes de uma imagem seria de
cerca de 768 x 512 pixefs (393 .216 pixefs). O!Ian-
to maior a quantidade ou a densidade de pixels de
uma imagem, maior espaço ela ocupará no sistema
de armazenamento de dados do "computador. Con-
sidera-se que uma câmera com resolução igual ou
superior a 1.024 x 768 pixefs (786.432) possa pro-
porcionar uma imagem de qualidade satisfatória. 12
O sistema digital permite o armazenamento Fig . 3 .6 O Máquina fotográfica digital Sony Cybershot
das imagens com a possibilidade de comparação acoplada ao dermatoscópio de luz polarizada .
12
Princípios Básicos da Dermatoscopia
13
Princípios Básicos da Dermatoscopia
Damos preferência ao óleo mineral ou gel de- salentes para que possam ser colocadas em solu-
sinfetante (álcool-gel). O último pode ser de espe- ções desinfetantes.
cial utilidade, devido à sua consistência, podendo Lesões manipuladas pelo paciente ou infecta-
preencher pequenos espaços e reentrâncias das le- das secundariamente devem ser tratadas e limpas,
sões, uniformizando o meio, evitando, assim, que para que possam ser submetidas a um segundo exa-
tenhamos que comprimir demasiadamente a lesão me clínico e dermatoscópico, sem a interferência
(como no caso do óleo), alterando sua coloração, desses fatores (Fig. 3.10).
pela vitrocompressão, o que dificultaria a obser-
vação de estruturas vasculares (Fig. 3.8) . Deve-se
evitar a compressão exagerada da lesão com o apa-
relho, pois, além do motivo supracitado, torna o
exame mais desconfortável para o paciente.
Diante de lesões exsulceradas, ulceradas ou
exsudativas, após limpeza suave e umidificação
com soro fisiológico, podemos cobri-la com pelí-
cula de PVC, para evitar a contaminação da len-
te do dermatoscópio (Fig. 3. 9), recurso que pode
ser utilizado no exame das lesões genitais, quando
podemos ainda envolver a cabeça do dermatos-
cópio com a película, de forma a evitar possíveis
dobras. Em ambos os casos, óleo mineral ou gel
podem também ser utilizados, como nas lesões ul-
ceradas, entre a lente e a película, para melhorar a
transparência e evitar dobras ao movimentar-se o
aparelho. Devem-se utilizar sempre lentes sobres-
Fig. 3.8 O A. Lesão névica globosa, de coloração cas- Fig . 3 .9 o A. Lesão exulcerada no dorso do nariz. B.
tanha. no sulco nasolabial direito . B. Exame dermatos- Colocação do filme de PVC após limpeza com soro fi-
cópico da mesma lesão com álcool-gel na interface pre- siológico . C. Exame dermatoscópico evidenciando te-
enchendo os espaços, mantendo-se a nitidez dos vasos langiectasias e ninhos ovoides característicos do carci-
capilares sem excessiva compressão da lesão (10x). noma basocelular (10x).
14
Princípios Básicos da Dermatoscopia
17
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológ ica
Fig. 4 .1 O Áreas de maior suspeição e que consequentemente devem obrigatoriamente ser analisadas histopa-
tologicamente podem ser assinaladas na dermatoscopia e marcadas na peça cirúrgica com "micropunch" +-)
(melanoma, nívellll) .
18
Correlação C li n icodermatoscópica e Histopatológica
Fig. 4.2 o Padrão de múltiplos componentes- campos microscópicos próximos revelam padrões de proliferação
celular muito diferentes. A- extensa ocupação da derme por células de melanoma ; 8 - resposta inflamatória e
hiperplasia vascular sugestiva de fenômeno de regressão parcial (melanoma , nível IV).
Fig. 4.3 O Rede pigmentar- proliferação de células melanocíticas pigmentadas na face lateral de cones interpa-
pilares alongados, mais acentuada no centro da lesão e com diminuição progressiva na periferia ("esmaecimento ")
(lentigo simples) .
res, tornando-se evidente na hiperplasia lentiginosa ção de células pigmentadas adjacentes, sejam elas
(alongamento dos cones interpapilares) associada à melanócitos ou ceratinócitos. Trata-se de padrão
hiperpigmentação da camada basal da epiderme. 6•7 inespecífico que será observado com frequência
O padrão denominado pseudorrede é ob- nessa região anatômica em ceratoses seborreicas,
servado em diversas lesões pigmentadas na face e ceratoses actínicas pigmentadas (Fig. 4.5), lentigos
corresponde, à histopatologia, a óstios de estruturas solares, melanomas in situ e ceratoses benignas li-
anexiais, em especial folículos pilosos e glândulas quenoides. 6
sudoríparas, muito próximos uns dos outros, con- No nevo de Spitz pigmentado, os cones inter-
tendo ceratina, não comprometidos pela prolifera- papilares muito alongados e ocupados por células
19
Correlação Cl in icodermatoscóp ica e H istopato lógica
Área azul homogênea Área de pigmentação azulada de Densa proliferação intradérmica de células
aspecto homogêneo melanocíticas fusiformes intensamente
pigmentadas
Pontos e glóbulos Estruturas esféricas, ovais ou Coleções de melanina no estrato córneo;
redondas , de tamanho variável ninhos de melanócitos pigmentados na junção
dermoepidérmica e/ ou na derme papilar; ou
agrupados de melanófagos na derme papilar
Estrias radiadas Estrias pretas/marrons em Proliferação de células pigmentadas dispostas
disposição radial na borda da radialmente na junção dermoepidérmica/
lesão derme papilar
20
Correlação C li n icodermatoscópica e H istopatológ ica
Fig. 4 .4 D Rede pigmentar irregular- proliferação de células melanocíticas pigmentadas dispostas em ninhos de
tamanhos e formas variados , ocasionando espessamento irregular dos cones interpapilares, com zonas de fusão
entre eles (nevo de Clark) .
Fig. 4.5 D Pseudorrede- observada em diversas lesões pigmentadas na face , corresponde na histopatologia a
óstios de estruturas anexiais, em especial folículos pilosos e glândulas sudoríparas, muito próximos uns dos ou-
tros, contendo ceratina, não comprometidos pela proliferação de células pigmentadas, neste caso ceratinócitos
atípicos (ceratose actínica pigmentada] .
21
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
com pouca densidade de pigmento vão produzir A hiperpigmentação superposta de muitas cé-
uma imagem negativa da rede pigmentar, com lulas (melanócitos, ceratinócitos, células névicas,
áreas mais claras na trama da rede, em comparação células de melanoma ou melanófagos) em todos os
com os orifícios da rede que aparecem mais escu- níveis da epiderme ou da derme superior ocasiona-
ros devido à presença dos ninhos intradérmicos de rá uma pigmentação difusa regular ou irregular, que
células de aspecto epitelioide e/ou fusiforme con- aparecerá como área amorfa, ou seja, em definição
tendo pigmento melânico (Fig. 4.6). Contudo, por estrutural, à dermatoscopia. O aspecto de fundo
outros mecanismos, esse mesmo padrão pode ser pigmentado uniforme, comum a efélides e lentigos
observado em melanomas e nevos de Clark, e por- solares, resulta da hiperpigmentação da camada
tanto não tem valor diagnóstico se analisado isola- basal da epiderme, sem alongamento (efélides) ou
damente. com alongamento dos cones interpapilares (lenti-
Os nevos displásicos foram inicialmente des- go solar), neste caso resultando em rede pigmentar
critos por Wallace Clark no contexto da síndrome associada, interrompida e periférica, corresponden-
do nevo displásico familiar; posteriormente, foi te à formação de pequenos brotamentos epiteliais
proposto que lesões semelhantes que ocorrem fora irregulares e hiperpigmentados na camada basal
da síndrome fossem denominadas nevos atípicos. da epiderme, por proliferação predominante de
Mais recentemente, Bernard Ackerman e colabo- ceratinócitos, com número variável de melanócitos
radores propuseram uma nomenclatura eponími- (Fig. 4.7). Áreas de hipopigmentação obviamente
ca para essas lesões, justificada por uma boa cor- correspondem a um foco de menor concentração
relação clinicopatológica. 8 Foi a que escolhemos de pigmento melânico, em comparação com a pele
adotar neste trabalho e, por isso, os nevos ditos ou lesão adjacente.
displásicos serão aqui referidos como nevos de A área azul homogênea, imagem dermatoscópi-
Clark, ao lado dos nevos de Unna (nevos papilo- ca característica do nevo azul, é constituída por densa
matosos) e dos nevos de Miescher (lesões papulo- proliferação intradérrnica de células melanodticas fu-
sas, frequentes na face). siformes intensamente pigmentadas (Fig. 4.8).
'
Fig . 4 .6 o Rede pigmentar negativa- porção central com áreas mais claras na trama da rede em comparação
com os orifícios da rede que aparecem mais escuros devido à presença dos ninhos intradérmicos de células de
aspecto epitelioide e/ou fusiforme contendo pigmento melânico (nevo de Spitz pigmentado) .
22
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
Fig. 4. 7 D Área amorfa e rede pigmentar focal e irregular associada - hiperpigmentação da camada basal de epider-
me muito delgada com alongamento dos cones interpapilares, resultando em rede pigmentar associada, interrompi-
da, periférica, correspondente à formação de pequenos brotamentos epiteliais irregulares e hiperpigmentados, por
proliferação predominante de ceratinócitos, com número variável de melanócitos. Na dermatoscopia, esse aspecto é
observado apenas na periferia da lesão, já que na porção central predominam áreas amorfas (lentigo solar).
Fig. 4.8 O Área azul homogênea- densa proliferação intradérmica de células melanocíticas fusiformes intensa-
mente pigmentadas (nevo azul) .
Os pontos e glóbulos, que diferem apenas malignas estão presentes no centro, mas, também, e
quanto ao tamanho, representam grupamentos bem muito nitidamente, na periferia, ou ainda em distri-
definidos de células que contêm grande quantidade buição totalmente irregular (Fig. 4.10), indicando o
de pigmento (melanócitos ou melanófagos) na ca- crescimento expansivo da lesão e contribuindo para
mada córnea, no estrato de Malpighi, na junção o aspecto de transição abrupta para a pele normal
dermoepidérmica ou na derme papilar, ou ainda (borda abrupta). A coloração dos pontos e glóbu-
grumos de melanina no estrato córneo. Nas lesões los varia de acordo com sua profundidade. Qyando
benignas (Fig. 4.9), tendem a ser mais proeminen- situados na camada córnea, apresentam coloração
tes na porção central, enquanto na proliferações enegrecida e, quando localizados na interface der-
23
Correlação Clinicodermatoscóp ica e H istopatológica
Fig. 4.9 o Pontos e glóbulos- coleções de células melanocíticas pigmentadas dispostas em ninhos de tamanhos
e formas variados na junção dermoepidérmica (nevo melanocítico juncional) .
Fig. 4.1 O O Pontos e glóbulos em distribuição irregular sobre área amorfa também irregular - ninhos de células
melanocíticas de tamanho e forma heterogêneos, ocupando em alguns pontos toda a espessura da epiderme
(melanoma , tipo de disseminação superficial).
me da papilar com a reticular, são cinza-azulados; los à superfície cutânea (Fig. 4.12) . Em geral, estão
no espaço intermediário, assumem diferentes to- presentes em melanomas de nível li. Estrias/pseu-
nalidades acastanhadas. Os glóbulos vermelhos dópodes periféricos com distribuição relativamente
leito os corresponderiam a ninhos de melanócitos uniforme em toda a circunferência da lesão (padrão
desprovidos de pigmento, localizados na derme ao em "explosão de estrelas") caracterizam o nevo de
lado de neoproliferação vascular (é critério sutil, Reed, lesão com alto índice de proliferação de célu-
dito específico para melanomas, porém presente las melanocíticas em crescimento radial expansivo,
apenas ocasionalmente) (Fig. 4.11). 9 organizadas em ninhos alongados muito pigmen-
As estrias radiadas e os pseudópodes, que tados, predominando na periferia (Fig. 4.13). As
possuem características dermatoscópicas diferentes estrias também são vistas à microscopia confocal
e são, portanto, consideradas estruturas distintas, in vivo como agregados confluentes de células bri-
correspondem à histopatologia a um aspecto único lhantes e mal definidas envolvendo as papilas dér-
- ninhos alongados de células melanocíticas, apre- micas, sem contudo permitir a diferenciação entre
sentando predomínio do seu eixo horizontal sobre as estrias de um melanoma e as de um nevo mela-
o vertical, ocupando a junção dermoepidérmica e nocítico. 10
projetando-se de um cone interpapilar para outro A hiperceratose pode ocorrer como fenômeno
sobre o espaço papilar, formando túbulos parale- secundário tanto em lesões benignas como malig-
24
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
Fig. 4 .11 D Glóbulos vermelho-leitosos na periferia de melanona nodular Clark IV. Breslow 1,5 mm .
Fig. 4 .12 D Estrias periféricas - proliferação de células melanocíticas pigmentadas dispostas de forma confluen-
te , em arranjo tubular. conectando vários cones interpapilares na periferia da lesão (melanoma in situ] .
Fig. 4 .13 o Estrias e pseudópodos periféricos regulares - ninhos proeminentes de células melanocíticas hiper-
pigmentadas predominando na periferia da lesão e indicando crescimento radial expansivo (nevo de Reed) .
25
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
nas, e o aumento de ceratina sobre a lesão vai con- uma zona periférica de acantose com alongamento
ferir-lhe uma tonalidade branca ou amarelo-pálida e hiperpigmentação dos cones interpapilares (rede
quando observada ao dermatoscópio. O véu azul- periférica), ob ervada em muitos dermatofibromas
-esbranquiçado representa uma epiderme acantó- (Fig. 4.15).
tica com ortoceratose compacta e hipergranulose Os critérios histológicos sugestivos de re-
variável recobrindo uma área de grande conteúdo gressão nas lesões melanocíticas são a presença
de melanina na derme superior (p. ex., ninhos con- de fibrose e de acúmulos focais de melanófagos
fluentes de melanócitos pigmentados) (Fig. 4.14) na derme papilar. A primeira vai aparecer branca
e, à microscopia confocal, nota-se desorganização à dermatoscopia, e a segunda, azul. A combina-
das papilas dérmicas com presença de células bri- ção das 2 vai representar áreas azul-acinzentadas,
lhantes correspondendo a melanófagos. 11 Já a placa pontos cinza-azulados múltiplos (peppering) ou
branca central corresponde a uma área central de simplesmente estruturas de regressão (Figs. 4.16
hiperceratose e retificação da epiderme, com au- e 4.17). Essas imagens, contudo, não são exclusivas
sência de pigmento melânico, em contraste com de melanomas, uma vez que reação inflamatória
Fig . 4 .14 O Véu azul-esbranquiçado (porção central) - epiderme acantótica com ortoceratose e paraceratose
recobrindo uma área de proliferação confluente de melanócitos pigmentados na epiderme e na derme superior
(melanoma. tipo de disseminação superficial. nível li) .
Fig . 4 .15 O Placa branca central- área de hiperceratose , retificação da epiderme e ausência de pigmento me-
lânico na camada basal, contrastando com a periferia onde se observa hiperpigmentação com alongamento dos
cones interpapilares (rede periférica) (dermatofibroma).
26
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
Fig. 4.16 D Estruturas de regressão- área branca ocupando parte de lesão pigmentada de coloração heterogê-
nea e assimétrica que na histopatologia corresponde à zona de transição da proliferação m elanocítica atípica (à
esquerda na foto) para a área predominantemente inflamatória com melanófagos no infiltrado dérmico (melanoma
com área de aspecto histopatológico sugestivo de fenômeno de regressão parcial) .
Fig. 4.17 D Pontos cinza-azulados múltiplos (peppering) - correspondendo a numerosos acúmulos focais de
melanófagos na derme superior em área desprovida de proliferação melanocítica significativa . Neste campo mi-
croscópico notam-se também ninhos esparsos de células de melanoma na junção dermoepidérmica (mel anoma
com área de aspecto histopatológico sugestivo de fenômeno de regressão parcial) .
densa na derme papilar com melanófagos de per- são variantes do mesmo fenômeno - acúmulo in-
meio associada à hiperplasia epidérmica lentigino- traepidérmico de ceratina em grandes espaços (ar-
sa também pode ser observada em nevos de Clark, redondados/ cistos, cuneiformes/fissuras ou túneis,
ceratoses liquenoides benignas e ceratoses actínicas côncavos/crateras). São comumente observados em
liquenoides, produzindo aspectos dermatoscópicos ceratoses seborreicas e nevos melanocíticos, com-
semelhantes.6•12 postos ou intradérmicos, com superfície papiloma-
Pseudocistos e pseudocomedões são redon- tosa (nevos de Unna) (Figs. 4.18 e 4.19). O padrão
dos, fissuras são fendas confluentes e ramificadas, e dito cerebriforme (giros e sulcos) corresponde a
criptas correspondem a espaços crateriformes. To- papilomas e pode ser observado por exemplo em
dos têm um substrato histopatológico comum, pois ceratoses seborreicas e nevos sebáceos (Fig. 4.20).
27
-
Correlação Clinicodermatoscópica e H istopatológica
Fig. 4 .18 O Pseudocistos e pseudocomedões - globos córneos int r aepidérmicos sem conexão com a superfície
(pseudocistos) ou com abertura na superfície epidér mica (pseudocomedões).
Fig. 4.19 O Pseudocistos e pseudocomedões - podem ser observados em nevas melanocíticos, compostos ou
intradérmicos, com superfície papilomatosa (nevas de Unna) .
Fig. 4.20 O Relevo anfractuoso da epiderme, com reentrâncias preenchidas por hiperceratose e debris celula-
res , em lesão papilomatosa de nevo sebáceo .
28
Correlação Cl inicodermatoscópica e H istopato lóg ica
Fig. 4.21 D Ninhos ovoides e áreas radiadas - proliferação de maciços de células basaloides com formatos va-
riados , contendo pigmento melânico , na derme superior (carcinoma basocelular) .
Fig . 4.22 D Estruturas romboidais - obliteração das aberturas foliculares por pigmentação acentuada , em re-
giões anatômicas onde elas são muito numerosas, como na face , decorrente da proliferação de células mela-
nocíticas com discreta atipia citológica , que ocupam as camadas inferiores da epiderme e o epitélio infundibular
(melanoma in situ, tipo lentigo maligno) .
29
Correlação Clinicodermatoscópica e Histopatológica
tendo pigmento melânico, dispostas ao redor de enquanto o padrão vascular puntiforme corres-
aberturas foliculares na pele da face, sem obstruí- penderia à neovascularização na derme reticular
las (Fig. 4.23). Na maioria dos casos, esse padrão superior 13 (Fig. 4.24). Padrões vasculares atípicos
favorece o diagnóstico de melanoma tipo lentigo são de grande importância para o reconhecimen-
maligno. to de melanomas hipomelanóticos. 14 Carcinomas
Os diferentes padrões vasculares distinguí- basocelulares não pigmentados também podem
veis à dermatoscopia vão corresponder histopa- ser reconhecidos à dermatoscopia, por seu padrão
tologicamente a uma vascularização aumentada vascular e de estroma conjuntivo.15 Já os lagos
e anômala (neovascularização) na derme superior. vermelhos correspondem a espaços vasculares di-
Foi sugerido que um padrão vascular linear se latados presentes na derme superior em heman-
correlaciona com angiogênese na derme papilar, giomas e angioceratomas (Fig. 4.25).
Fig. 4 .23 D Padrão anular granuloso- grande acúmulo de melanófagos ao redor de aberturas foliculares na pele
da face sem obstruí-las ("derrame pigmentar" em área adjacente a melanoma nível IV) .
Fig. 4 .24 D Padrão vascular atípico- rede vascular aumentada e anômala (neovascularização) na derme supe-
rior (área com aspecto sugestivo de regressão parcial em melanoma).
30
Correlação Clinicodermatoscópica e H istopatológica
Fig . 4.25 D Lagos vermelhos - correspondem a espaços vasculares dilatados presentes na derme superior
(hemangioma) .
31
...
CAPÍTULO 5 Critérios
Der matoscóp icos
• CORES
As principais cores observadas ao dermatoscó-
pio são basicamente compostas por 2 pigmentos:
melanina e hemoglobina. Independentemente do Fig . 5 .1 D Representação esquemática das diversas
tipo celular (ceratinócito, melanócito, célula névica, tonalidades de cor da melanina de acordo com a sua
profundidade na pele.
células de melanoma, melanófagos, extracelular) no
qual a melanina estiver contida, o principal fator
que determinará sua tonalidade é a sua profundida-
de. mais superficial, mais enegrecida. Con-
forme o aumento de sua profundidade, ela assume
uma tonalidade marrom-escura, marrom-clara,
cinza e azul (derme reticular) (Figs. 5.1 e 5.2).
A coloração vermelha conferida pela hemoglo-
bina adquire importância tanto na identificação de
lesões vasculares, por exemplo os angiomas (lagos
vermelhos), como também na determinação do pa-
drão vascular de diversas lesões, dentre elas o eri-
tema visto nos nevas displásicos, as telangiectasias
Fig . 5 .2 D Melanoma extensivo superficial exibindo as
arboriformes dos carcinomas basocelulares, os vasos cores marrom-claro, marrom-escuro, vermelha , preta
atípicos do melanoma e outros (Figs. 5.3 e 5.4). e cinza-azulada .
33
Critérios Oermatoscópicos
• REDE PIGMENTADA
Fig . 5 .3 o Angioma rubi exibindo lagos venosos de to- É formada pela presença de pigmento na ca-
nalidade vinhosa. mada basal da epiderme, contido nos melanóci-
tos ou ceratinócitos basais. As cristas epidérmicas,
observadas verticalmente, produzem áreas de pig-
mentação densa, enquanto as áreas sobre as papilas
possuem relativamente menor quantidade de pig-
mento, formando os "furos" da rede, como os fa-
vos ou os alvéolos de uma colmeia. Portanto, sua
aparência é determinada pelo tamanho e pela con-
figuração das cristas interpapilares. Observada ao
dermatoscópio, a pele normal, principalmente nas
pessoas morenas, pode ter o aspecto de uma tênue
rede pigmentada. A rede pigmentada propriamente
dita, descrita nas lesões melanocíticas, nada mais é
,..-""]
que a exacerbação de um fenômeno normal. Cons-
Fig. 5 .4 O Carcinoma basocelular. Notam-se eritema titui a principal característica, porém não exclusiva,
periférico e telangiectasias arboriformes.
Fig. 5 .5 o Nota-se extensa área branca cicatricial que Fig. 5 .6 O Ceratose seborreica exibindo extensa área
representa a fibrose decorrente do processo de re- amorfa de coloração amarelada e diversos pseudocis-
gressão tumoral. Melanoma extensivo superficial. tos e pseudocomedões.
34
Critérios Dermatoscópicos
35
Critérios Dermatoscópicos
Pseudorrede pigmentada
Na face, devido à ausência de cristas inter-
papilares e à presença de diversos infundíbulos
foliculares, podemos observar uma pigmentação
difusa da epiderme e da derme papilar denomina-
da pseudorrede, que pode ser observada em lesões
Fig . 5 .11 D Nevo melanocítico acral em área de tran- melanocíticas e não melanocíticas. À dermatos-
sição. Padrão trabecular ou em treliça . copia, apresenta-se como uma trama de formato
36
Critérios Oermatoscópicos
Pontos e glóbulos
Fig. 5.16 O Nevo melanocítico congênito. Pontos e
São estruturas ovais, arredondadas ou angula- glóbulos angulados distribuídos regularmente por toda
das, de tamanho variável e coloração preta, marrom, a lesão .
37
Cr itérios Dermatoscóp icos
• ESTRIAS [RADIADAS,
RAMIFICADASl
São estruturas lineares, de espessura variável,
de coloração marrom-enegrecida, que não apresen-
c:::l tam relação com a rede pigmentada. Podem estar
Ftg. 5.19 O Melanoma nodular. Glóbulos vermelho-
distribuídas de forma regular ou irregular em toda
cinza-azulados e acastanhados. a lesão, mas geralmente são mais aparentes quando
38
Critérios Oermatoscópicos
• PSEUDÓPODES
São projeções nodulares encontradas nas
margens da lesão, diretamente conectadas ao cor-
Fig. 5.21 O Melanoma extensivo superficial. Em meio po tumoral através de estrias radiadas. Possuem a
às áreas amorfas enegrecidas, observam-se estrias mesma representatividade histológica das estrias,
radiadas e pseudópodes .
o que indica o crescimento radial da lesão (Figs.
5.21-5.23). 11
• ÁREAS AMORFAS
(ÁREAS SEM
ESTRUTURA OU
HOMOGÊNEAS)
São áreas sombreadas de coloração variável,
marrom, cinza ou preta, nas quais não é possível o
reconhecimento de qualquer outro critério derma-
toscópico. Podem ser classificadas em: localizadas
regulares, localizadas irregulares, difusas regulares
ou difusas irregulares. Histopatologicamente, são
resultantes da ocupação da epiderme ou da derme
Fig . 5 .22 o Nevo de Reed caracterizado pela distribui-
ção homogênea de estrias periféricas e pseudópodes. papilar pelo pigmento melânico ou devido ao fato
Padrão em "explosão de estrelas". de as cristas interpapilares serem curtas. Olrando
39
Critérios Dermatoscópicos
Fig . 5 . 24 o Nevo azul. Área amorfa homogênea cin- Fig . 5 .25 o Áreas de hipopigmentação focal em nevo
za-azulada em toda a lesão . melanocítico .
• ÁREA AZUL
HOMOGÊNEA
Área amorfa homogênea bem delimitada de co-
loração azul-acinzentada na qual não são observados
outros elementos estruturais como rede, glóbulos/
pontos ou estrias. É a principal característica derma-
toscópica do nevo azul, mas também pode ser vista
em hemangiomas, carcinomas basocelulares e me- Fig. 5 .26 o Véu azul-esbranquiçado(*) em melanoma
tástases intradérmicas de melanoma (Fig. 5.24). nodular (10x).
40
Critérios Oermatoscópicos
• ESTRUTURAS
Fig . 5.28 O Múltiplos pontos cinza-azulados [peppe- CRISÁLIDA-SÍMILES
ring) em melanoma do tipo lentiginoso na face.
São estruturas lineares octogonais brancas
reluzentes, semelhantes às crisálidas (envoltório
tadas de coloração branca, que correspondem his- da ninfa da borboleta) , que representam bandas
topatologicamente à fibrose. Os múltiplos pontos de colágeno birrefringente . São observadas ape-
cinza-azulados ou peppering correspondem a uma nas com o dermatoscópio de luz polarizada (a
área difusa pequena ou salpicada de coloração cin- luz polarizada não é recomendável para o exa-
za-azulada ou cinza e representam histopatologi- me de estrutura que e tejam situadas entre
camente melanófagos na derme papilar. Como 0,06-0,1 mm de profundidade). Podem ser vis-
a fibrose e a presença de melanófagos na derme tas em diversas le õe , como carcinoma basoce-
podem ocorrer em uma mesma lesão, a combi- lular dermatofibroma e lesões melanocíticas. No
nação de áreas brancas cicatriciais com múltiplos carcinoma basocelular, são mais encontradas no
pontos cinza-azulados também pode ocorrer em tipo e clerosante. Quando presentes em uma
uma mesma lesão. Tal combinação pode tornar-se, lesão melanocítica, são sugestivas de melanoma
do ponto de vista dermatoscópico, indistinguível (Fig. 5.30).
41
Critérios Dermatoscópicos
Fig. 5 . 30 D Carcinoma basocelular pigmentado. Es- Fig. 5 .32 D Carcinoma basocelular. Grandes ninhos
truturas crisálida-símiles que representam bandas de ovoides e pseudocistos.
colágeno birrefringentes distribuídas em formato oc-
togonal , observadas ao dermatoscópio de luz polari-
zada .
• PSEUDOCOMEDÕES OU
PSEUDOABERTURAS
FOLICULARES
Estruturas arredondadas, ovais ou de formato
irregular (criptas) de coloração marrom-amarelada
ou marrom-enegrecida. Representam as rolhas cór-
neas que alcançam a superfície cutânea. Por vezes,
podem estar entremeadas por fendas confluentes e
ramificadas, denominadas fissuras ou criptas. De-
vido à presença de melanina e bactérias, assumem
uma coloração acastanhada. São encontradas nas
ceratoses seborreicas e nos nevos intradérmicos pa-
pilomatosos (Figs. 5.31 e 5.33).
42
Critérios Dermatoscóp icos
Fig. 5.33 O Ceratose seborreica exibindo múltiplos Fig. 5.35 o Estruturas em impressão digital e bordas
pseudocomedões. em "roído de traça" e do tipo "geleia" em lentigo solarI
ceratose seborreica .
Fig. 5.34 O Ceratose seborreica com aspecto cere- Fig. 5 .36 o Nevo melanocítico intradérmico exibindo
briforme formado por giros e sulcos. estruturas papilares exofít icas cinza-azuladas .
43
Critérios Dermatoscópicos
·.·
• NINHOS OVOIDES/
ESTRUTURAS "EM
FOLHA.,
Estruturas nodulares, bem delimitadas, de co-
loração marrom-acinzentada ou cinza-enegrecida,
de tamanho variável, que tendem a crescer em dire-
ção à pele normal, formando estruturas semelhantes Fig. 5 .39 O Carcinoma basocelular. Diversas estrutu-
ras em folha distribuídas de maneira irregular por toda
ao formato dos dedos da mão ou da folha do bordo
a lesão .
(mapple leaj), as chamadas estruturas em folha. Po-
dem ser diferenciados dos glóbulos encontrados nas
lesões melanocíticas devido ao seu arranjo irregular.
Correspondem às massas de células basaloides na
derme papilar superior. São caracteristicamente en-
contrados em carcinomas basocelulares (Fi.gs. 5.32,
5.38-5.40).
• ESTRUTURAS EM RAIO
DE RODA
São estruturas com formato semelhante ao de
uma margarida, de coloração acastanhada, ene-
grecida ou cinza-azulada, encontradas em alguns
carcinomas basocelulares pigmentados. São quase Fig. 5 .40 O Carcinoma basocelular apresentando ni-
nhos ovoides, telangiectasias arboriformes e área de
exclusivamente encontradas nos carcinomas baso- ulceração .
44
Critérios Dermatoscópicos
45
Critérios Dermatoscóp icos
Vasos
puntiformes
Pontos avermelhados,
medindo 0 ,01-0,02 mm de
diâmetro
Lesões melanocíticas [VPP
de 900/o], principalmente
nevo de Spitz. Eventualmente
em lesões ceratinocíticas
•
-:---
-.....
•
.-..---
• •••
. ·--·:.
Vasos "em Alças capilares alongadas Lesões melanocíticas e
grampo" com diâmetro uniforme ceratinocíticas (envoltos por
I (0,01-0,03 mm) I halo claro)
Vasos lineares Vasos paralelos à superfície Melanomas espessos
irregulares cutânea e de formato e raramente nos nevas
irregular melanocíticos
Glóbulos Estruturas ovais bem Melanomas espessos
vermelho-leitosos delimitadas de coloração
vermelho-leitosa
46
Critérios Dermatoscópicos
Vasos em "vírgula"
São estruturas vasculares com diâmetro
;:::0,1 mm, de formato arciforme, em geral encontra-
das distribuídas irregularmente nos nevas melano-
cíticos intradérmicos ou compostos (Fig. 5.46).
47
Critérios Dermatoscóp icos
Vasos puntiformes
São vistos como pontos avermelhados, medin-
do O,Ol -ü,02 mm de diâmetro, principalmente em
lesões de linhagem celular melanocítica, com VPP
de 90%. É o padrão vascular mais encontrado no
nevo de Sptiz. Eventualmente, também pode ser
observado em lesões ceratinocíticas (Fig. 5.47) .
Fig. 5.47 O Vasos puntiformes distribuídos de manei- Fig. 5.50 O Vasos lineares irregulares encontrados
ra uniforme por toda a lesão. Nevo de Spitz. no componente amelanótico de melanoma nodular.
48
Critérios Dermatoscópicos
Glóbulos vermelho-leitosos
São estruturas ovais bem delimitadas de co-
loração vermelho-leitosa. Representam ninhos de
melanócitos pouco pigmentados na derme, que se
tornam evidentes devido ao aumento de vascula-
rização observado nessas áreas. São caracteristica-
mente encontrados nos melanomas (Fig. 5.19).
Eritema
Pode ser encontrado em lesões melanocíticas e
não melanocíticas. Pode ser secundário a exposição
Fig . 5 .51 O Melanoma hipomelanótico exibindo pa-
drão vascular atípico (vasos puntiformes e lineares ir-
solar, traumatismos ou reação inflamatória de cor-
regulares) . rente de fenômeno imunológico. C2.!Iando encon-
49
Critérios Dermatoscópicos
Fig. 5 .54 D Nevo melanocítico composto displásico. Fig. 5 .55 D Lagos vermelhos em agioma rubi delimi-
Nota-se eritema difuso por toda a lesão . tados por traves fibrosas brancas.
50
CAPITULO 6 Dermatoscopia de Lesões
Pigmentadas em Sítios
Anatômicos Peculiares
Camada ...,.1111---
córnea
11---
Epiderme ....
1---
Derme .....
51
uermatoscop1a de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Peculiares
52
Oermatoscopia de Lesões P igmentadas em S ítios Anatôm icos Pecu li ares
c
Fig. 6 .5 o A. Lesão maculosa de pigmentação hete-
rogênea e bordas mal delimitadas no quinto pododátilo
esquerdo . B. Numerosos pontos e glóbulos com ten-
dência à distribuição linear em arranjo paralelo ( 1Ox].
C. Numerosos ninhos de células melanocíticas ao lon-
c go da junção dermoepidérmica . Presença de compo-
nente névico focal na derme papilar. Nevo melanocítico
Fig . 6 .4 o A. Lesão maculosa castanho-escura na re- composto (HE, 40x).
gião plantar direita . B. Padrão paralelo em grade ou
em treliça . À disposição paralela predominante da dis-
tribuição do pigmento somam-se estruturas pigmenta- padrão em treliça está frequentemente presente em
das transversais . Notar os pequenos pontos brancos, lesões do arco plantar. 5
que representam os acrossiríngeos. Nevo melanocítico
(10x]. C. Numerosos ninhos de células melanocíticas O padrão mais sugestivo de melanoma acral é
presentes nos cones interpapilares e nas papilas dér- aquele em cristas paralelas (Fig. 6.7), que pode ser
micas. Pigmentação melânica observada também na identificado, inclusive, em fases muito iniciais do me-
camada córnea em arranjo colunar. Nevo melanocítico
composto (HE, 1OOx]. lanoma e, à histopatologia, exibe apenas hiperplasia
melanocítica atípica intraepitelial, sem critérios bem
os dermatoglifos são paralelos e regulares, e não são definidos para melanoma in situ.6 Nessa fase muito
observados no arco plantar. O padrão fibrilar tende inicial do desenvolvimento, o achado do padrão em
a ser observado nas regiões com maior pressão do cristas paralelas vem sendo corroborado pela detec-
peso corpóreo e onde a histopatologia revela orien- ção da amplificação do gene da ciclina Dl median-
tação oblíqua ou inclinada da camada córnea; já o te hibridização fluorescente in situ como indicador
53
Dermatoscopia de Lesões P igmentadas em Sítios Anatôm icos Peculiares
Padrão Definição
dermatoscópico
Padrão em sulcos Pigmentação
paralelos predominantemente nos
sulcos dos dermatoglifos
em orientação paralela
Padrão em treliça Somam-se à pigmentação
nos sulcos linhas que
cruzam as cristas de um
sulco a outro
Padrão globular Semelhante ao de lesões
melanocíticas em outras
localizações
54
Dermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Peculiares
Padrão Definição
dermatoscópico
Padrão em cristas Pigmentação marrom
paralelas predominantemente nas
cristas dos dermatoglifos
em orientação paralela
- Padrão de
multicomponentes
sulcos ou cristas
Semelhante ao de lesões
melanocíticas de outras
localizações
55
Dermatoscopia de Lesões Pigmentadas em S ítios Anatôm icos Peculiares
• FACE
Uma rede pigmentar falsamente alargada (pseu-
dorrede alargada) é variação anatômica característica
das lesões melanocíticas localizadas na face, devi-
do à presença de óstios foliculares muito próximos
e dilatados, assim como de aberturas de glândulas
sudoríparas, que formam os "furos" hipodensos da
rede, arredondados e uniformes.15 Esse aspecto pode
dispor-se sobre um fundo de pigmentação marrom
difusa, uma vez que uma particularidade da pele da
face é a grande atenuação ou praticamente ausência
de cones interpapilares (Fig. 6.9A,B).
66
Dermatoscop ia de Lesões P igmentadas em S ít ios Anatô m icos Pecu li a r es
Esse padrão básico vai se superpor a outros tada. Sua distribuição de forma desigual por toda a
achados dermatoscópicos em diversas lesões de lesão constitui, contudo, um critério adicional para
ocorrência frequente nesse sítio anatômico, como lesão maligna e deve conduzir a uma biópsia da le-
lentigos solares, ceratoses seborreicas reticuladas, são (Fig. 6.11 ).
ceratoses actínicas pigmentadas, nevos de Miescher Ao exame dermatoscópico da face, habitu-
e melanomas in situ, tipo lentigo maligno. 15 Tal su- almente as lesões pigmentadas mostram-se mais
perposição não deve desestimular o uso do derma-
toscópio, pois, devido à natureza sutil dessas lesões,
quanto mais detalhada a análise, maior será a acu-
rácia diagnóstica.
A maioria das lesões cutâneas pigmentadas
(nevos melanocíticos, carcinoma basocelular, cera-
tose seborreica e nevo azul) não será influenciada
por essas características topográficas e, portanto, os
critérios dermato cópicos para o seu diagnóstico
serão o mesmos utilizados em outras regiões ana-
tômicas. O desafio será distinguir entre lentigo solar
e melanoma, tipo lentigo maligno. A caracterização
....... dermatoscópica das lesões melanocíticas malignas
na face dependerá da identificação dos seguintes
critérios principais: 16 acentuação da pigmentação
nas bordas das aberturas foliculares (maior índice
de proliferação celular nes es locais), com pre ença
eventual de pontos/glóbulos cinza-azulados (agre-
gados de melanófagos na derme papilar); assimetria
das aberturas foliculares e formação de figuras em
círculo duplo; e, na fase mais avançada, a confluên-
cia da hiperpigmentação perifolicular originando
estruturas romboidais e a progressiva obliteração
dos ó tios e infundíbulos foliculares pela prolifera-
ção de células neoplásicas (Fig. 6.10).
A presença dos pontos/glóbulos cinza-azula-
dos não é específica de melanoma, tipo lentigo ma-
Fig. 6 .11 O A. Em meio a diversas ceratoses sebor-
ligno, pois também pode ser observada na ceratose reicas , nota-se lesão maculosa de coloração acas-
benigna liquenoide e na ceratose actínica pigmen- tanhada e bordas mal delimitadas. B. Padrão global
de multicomponentes . Nítidas aberturas foliculares
assimétricas, múltiplos pontos marrons e pretos, es-
truturas romboidais e pseudocistos. No polo inferior,
observa-se rede pigmentar típica . Lentigo solar (1 Ox].
C. Vista panorâmica de 3 lesões contíguas : melano-
ma t ipo lentigo maligno (à esquerda) ; lentigo solar (no
Fig. 6.1 O O Representação esquemática do padrão centro) ; ceratose seborreica (à direita] [HE , 40x). D.
de progressão do melanoma tipo lentiginoso na face . Detalhe do melanoma in situ, t ipo lentigo maligno, ca-
Múltiplos pontos cinza-azulados (granularidade), estru- racterizado pela proliferação contínua de melanócitos
turas romboidais e progressiva obliteração das abertu- atípicos ocupando a metade inferior de epiderme reti-
ras foliculares . ficada [HE, 1OOx].
57
Oermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Peculiares
claras que a olho nu. Assim sendo, é critério de tigos, nevo melanocíticos, melanoma), da hiper-
su peição a favor de melanoma, tipo lentigo malig- produção de melanina em hiperplasia melanocíti-
no, quando as lesões mostram-se mais escuras com ca (efélides, hiperpigmentação racial, síndrome de
o dermato cópio ou quando passam a evidenciar Peutz-Jegher) ou ainda de tatuagens por amálgama
estruturas marrom-escuras ou pretas (Fig. 6.12). e erupções fixa medicamentosas. O epitélio das
Embora esse não seja um critério muito específico, muco as é fino e lubrificado de maneira constante,
pode ser útil em certas circunstâncias. as lesões e nele a camadas córnea e granulosa e as glândulas
benignas, a pigmentação, além de mais clara, tende udoríparas e tão ausentes. Assim sendo, a confi-
a ser também mais regular e homogênea, com áreas guração dos critérios dermatoscópicos é distinta da
amarelas opacas nas cerato e seborreicas e zona pele. Nevos melanocíticos em mucosas são pouco
digitiformes marrom-claras no lentigo olar. frequentes e, quando ocorrem em crianças, podem
É curio o que o melanoma, tipo lentigo ma- apresentar um padrão globular predominante (Fig.
ligno, que é uma lesão em fase de cre cimento 6.13A,B).
puramente radial, não apresente estrias ou p eu- Contudo, os aspectos dermatoscópicos da me-
dópodes. Porém, isso pode decorrer do fato de lanose genital e da mucosa oral (máculas melanóti-
que sua principal caracterí tica histopatológica é cas benignas) são ba tante característicos, revelan-
a proliferação de células de melanoma isoladas e a do pigmentação difusa e padrão peculiar de linhas
formação de pequenos grupamentos celulares ir- marrons parcialmente retas e parcialmente curvi-
regulares nas camadas inferiores da epiderme, em línea . Além disso, critérios mais específico para
contraste com os ninhos confluentes intraepidér- melanomas, como rede pigmentar atípica, pontos/
micos observados nos melanomas, tipo de disse- glóbulos irregulares e véu azul-esbranquiçado, não
minação superficial (quando a estrias e os pseu- são observado nessas lesões benignas 17 (Figs. 6.14
dópodes estão presentes). e 6.15).
A dermatoscopia pode ainda er muito útil na O melanoma das mucosas é relativamente
eleção da área a ser biopsiada nessa lesões, o que raro, representando 1-2% de todos os melanomas;
é importante para evitar resultado falsos-negativos pode originar-se de novo ou a partir de lesões pig-
em casos de melanoma, tipo lentigo maligno. E mentadas atípicas e, em geral, ocorre em pacientes
pode vir a tornar-se útil também no futuro para idosos.
o seguimento pó -tratamento do lentigo maligno Na região do mamilo, os lentigos vão mostrar
por métodos alternativos, como a imunoterapia ou concentração do pigmento melânico nos limites
a radioterapia. do tubérculos mamilares, que são revestidos por
epitélio pavimentoso estratificado hiperplasiado
• REGIÕES GENITAL. (Fig. 6.16A,B,C).
MAMILAR E MUCOSA
ORAL
Um problema prático, quando do exame de • APARELHO UNGUEAL
uma melanose vulvar, peniana ou da mucosa oral, O diagnóstico das pigmentações ungueais
é a dificuldade de sua realização com o dermatos- con titui um desafio para o dermatologista. Apre-
cópio convencional, o que pode ser uperado, em entam múltiplas etiologias e, frequentemente, as-
grande parte, com o emprego do dermatoscópio pecto clínico semelhante. Podem er de causas tu-
digital. morais (nevos melanocíticos e melanomas) ou não
As le ões pigmentadas das mucosas podem re- tumorai (origem racial, medicamentosa, hemato-
sultar da proliferação de célula melanocítica (len- ma ). Histologicamente, a pigmentação observada
58
Oermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Pecul iares
59
Dermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Peculiares
60
Dermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatôm icos Pecu liares
61
Dermatoscop ia de Lesões P igmentadas em S ít ios Anatô m icos Pec ul iares
c
Fig. 6.17 O A, C. Apresentação clínica de hematoma subungueal. B, D. Oermatoscopia : "Biood spots".
Fig. 6.18 O A. Apresentação clínica de hiperplasia melanocítica benigna . B. Oermatoscopia: fundo marrom e
linhas longitudinais regulares .
62
___ ..... c o u c::: o em ::::i it1os Anatôm icos Pecu li ares
em que a dermatoscopia do leito e da matriz não biópsia evita a produção de distrofia ungueais, e a
apre enta características suspeitas, pode-se optar lesão pode ser acompanhada posteriormente, por
por não realizar a biópsia. A não realização da meio da dermatoscopia da lâmina ungueal.
Fig. 6 .19 o A. Apresentação clínica de nevo melanocítico. 8 . Dermatoscopia : fundo marrom e linhas longitudi-
nais regulares.
Fig. 6.20 O A. Apresentação clínica de melanoma subungueal. 8. Dermatoscopia : fundo marrom e linhas longi-
tudinais irregulares.
Fig. 6.21 O A. Dermatoscopia de hiperplasia melanocítica benigna : fundo marrom com linhas longitudinais regu-
lares. 8. Dermatoscopia da borda livre da lâmina ungueal : pigmento na parte superior da lâmina ungueal.
63
Dermatoscop ia de Lesões P igmentadas em S ít ios Anatôm icos Pecul iares
Fig. 6.22 O A. Apresentação clínica de nevo mela- Fig. 6.23 o A. Apresentação clínica de hiperplasia
nocítico. B. Dermatoscopia da lâmina ungueal , fundo melanocít ica benigna . B. Oermatoscopia da lâmina un-
marrom e linhas longitudinais regulares . C. Oermatos- gueal , fundo marrom e linhas longitudinais regulares .
copia da matriz: padrão regular com glóbulos, compa- C. Dermatoscopia da matriz: padrão regular compatí-
t ível com lesão benigna . vel com lesão benigna.
64
Dermatoscop ia de Lesões Pigmentadas em S ít ios Anatôm icos Pecul iares
Fig . 6 .24 O A. Apresentação clínica de hipermelanose. B. Dermatoscopia: fundo cinza e linhas longitudinais
regulares .
Fig . 6 .25 O A. Apresentação clínica de hipermelanose . B. Dermatoscopia : fundo cinza e linhas longitudinais
regulares .
Fig . 6 .26 O A. Oermatoscopia de hipermelanose : fundo cinza com linhas longitudinais regulares . B. Dermatos-
copia da borda livre da lâmina ungueal: pigmento na parte inferior e superior da lâmina ungueal.
65
Oermatoscopia de Lesões Pigmentadas em Sítios Anatômicos Peculiares
66
CAPÍTULO 7 Abordagem
Dermatoscópica para as
Lesões Pigmentadas e
Métodos Anal ít icos
Lesão pigmentada
l
Critérios para CBC
G+?iH I
Lesão melanocítica
I
Lesão não melanocítica
l
Critérios para angioma
I
&HiH
Métodos analíticos
C. seborreica , CBC, angioma
ou dermatofibroma l
Critérios para
dermatofibroma
Fig . 7 .1 O Abordagem dermatoscópica em 2 etapas Fig. 7 .2 O Primeira etapa : diferenciação das lesões
das lesões cutâneas pigmentadas. pigmentadas melanocíticas e não melanocíticas.
67
Abordagem Dermatoscópica para as Lesões P igmentadas e Métodos Anal íticos
SB
Abordagem Dermatoscóp ica para as Lesões P igmentadas e Métodos Anal ít icos
cificidade. Para um médico com treinamento es- consideração a presença de estruturas sugestivas de
pecífico em dermatoscopia, comprovadamente, a malignidade como estrias e véu cinza-azulado. Sua
análise de padrões reflete melhor a maneira como sensibilidade para o diagnóstico do melanoma é de
o cérebro trabalha quando está categorizando ima- 100% e a especificidade é de 87, 7%. D e acordo com
gens morfológicas. 5- 6 a literatura, esse parece ser o método ideal para ser
utilizado por um dermatologista com experiência
Análise de padrões em dermatoscopia, pois nos possibilita fazer a cor-
relação clinicodermatoscópica e histopatológica,
A análise de padrões é um método analítico
além de ser o método mais confiável no ensino da
qualitativo descrito em Viena por Pehamberger,
dermatoscopia para médicos residentes.
em 1987. 7 Cada entidade nosológica é analisada
dermatoscopicamente, levando-se em consideração
o seu padrão global e seus critérios locais (Tabelas Regra do ABCD
7.2, 7.3 e 7.4A e B). A análise de padrões seria o É um método semiquantitativo descrito por
equivalente dermatoscópico à descrição micros- Stolz na Alemanha, em 1994. 8 Foi desenvolvido
cópica do laudo histopatológico. O examinador, mediante um cálculo de análise multivariada de 31
após avaliar a lesão como um todo (equivalente critérios dermatoscópicos avaliados em 157 le ões
ao pequeno aumento micro cópico) e os critérios melanocíticas benignas e malignas, com o objetivo
encontrados individualmente (maior aumento mi- de facilitar o diagnóstico precoce do melanoma.
croscópico), chega à sua conclusão diagnóstica. A Consiste na utilização de um sistema de pon-
diferença entre os padrões de crescimento benig- tuação (escore), no qual ão levados em conside-
no e maligno é determinada pelo aspecto global ração 4 parâmetros: assimetria (0-2), interrupção
da lesão e por sua análise detalhada levando em abrupta das bordas (0-8), número de cores (1-6) e
Explosão de Estrias pigmentadas em arr anjo r adial na periferia da lesão Nevo de Reed/Spitz
estrelas
69
Abordagem Dermatoscópica para as Lesões P igmentadas e M é todos Anal ít icos
Significado diagnóstico
Rede pigmentada Trama reticular de coloração castanho-clara ou escura, com Lesão melanocítica
típica orifícios pequenos e uniformes e finas linhas, distribuída benigna
de maneira mais ou menos regular por toda a lesão e
geralmente afinando na periferia
Áreas amorfas Áreas sem estruturas , de cor castanho-clara , escura ou Se simétricas, lesão
preta, e distribuição simétrica ou assimétrica na lesão melanocítica benigna ; se
assimétricas, melanoma
número de estruturas diferenciadas (1-5) presentes o TPD for superior a 5,45 a lesão é considerada
na lesão. A cada parâmetro é atribuído um peso: altamente suspeita de melanoma. Para a análise dos
1,3, 0,1, 0,5 e 0,5, respectivamente. Com a soma 4 parâmetros envolvidos na regra do ABCD, deve-
dos valores obtidos, encontra-se o total da pontua- mos levar em consideração as seguintes definições
ção dermatoscópica (TPD), que pode variar de 1 a (Tabelas 7.5 e 7.6):
8,90. Qyando o TPD estiver entre 1 e 4,75, a lesão • Assimetria- a lesão melanocítica deve ser divi-
é considerada benigna; quando o TPD estiver entre dida em 2 eixos perpendiculares, orientados de
4,8 e 5,45, a lesão é considerada suspeita e quando forma a produzir a menor assimetria possível,
70
Abordagem Dermatoscó p ica para as Lesões P ig m ent adas e Métodos Anal íticos
..
Pseudorrede típica Trama reticular com furos arredondados de Lesão melanocítica
tamanhos iguais. correspondendo às aberturas benigna
foliculares preexistentes
Padrão trabecular ou em Pigmentação distribuída ao longo dos sulcos Nevo melanocítico acral
treliça com conexões perpendiculares
Critério I
(A] Assimetria Em nenhum, 1 ou 2 eixos perpendiculares , levar em conta o
formato . as cores e estruturas
1-4,75
4,75- 5.45 Lesão melanocítica suspeita
71
Abordagem Dermatoscópica para as Lesões P igmentadas e Métodos Anal íticos
devendo-se levar em conta não apenas o forma- • Cor - 6 cores diferentes podem ser avaliadas:
to, mas também a distribuição das cores e da branco, vermelho, marrom-claro, marrom-escu-
estruturas diferenciadas. Se a lesão for simétrica, ro, azul-acinzentado e preto. O branco só deve
a pontuação será O, caso haja assimetria apenas ser levado em consideração caso a área avaliada
em um dos eixos, será igual a 1 e, se for assimé- seja mai clara que a pele normal circunjacente.
trica em ambos os eixos, a pontuação será igual a Cada cor identificada soma 1 ponto. O valor má-
2 (Figs. 7.3 e 7.4). ximo é 6 e o mínimo é 1 (Fig. 7.7).
• Estruturas diferenciadas - devemos levar em
• Bordas - a lesão melanocítica deve ser dividida
consideração apenas as seguintes estruturas: áre-
em 8 eixos e devemos analisar em quantos seg- as amorfas, rede pigmentar, estrias ramificadas,
mentos a interrupção das bordas da lesão se dá pontos e glóbulos. Sendo que as áreas amorfas
de maneira abrupta, sem que haja um esmaeci- devem ter uma área >10% do total da lesão, os
mento do pigmento em direção à periferia (Figs. pontos e as estrias devem ser mais de 2 e os gló-
7.5 e 7.6). bulos mais que 1 (Fig. 7.8).
-
Fig. 7 .3 O Exemplo de lesão simétrica : A= O. Fig. 7 .4 O Exemplo de assimetria nos 2 eixos : A= 2.
Fig . 7 . 5 o Exemplo de lesão com todas as bordas es- Fig. 7 .6 O Exemplo de lesão com todas as bordas
maecidas: B = O. abruptas: B = B.
72
Abordagem Oermatoscópica para as Lesões Pigmentadas e Métodos Analíticos
Fig. 7. 7 O Notar a presença de 5 cores distintas nesta Fig . 7.8 o Observam-se áreas amorfas, pontos,
imagem dermatoscópica: branco, vermelho, castanho- glóbulos e rede pigmentada periférica . A = Z; B = O;
-claro , castanho-escuro e preto. Melanoma com áreas C= 3; O= 4; TPO = 6 , 1 . Lesão melanocítica altamente
de regressão: A= 2 ; B = 4 ; C= 5 ; O= 4 ; TPD = 7 ,5 . suspeita .
Diversas lesões melanocíticas benignas, quando a regra do ABCD foi desenvolvida para que não
submetidas à análise pela regra do ABCD, podem experts não deixem de diagnosticar o melanoma.
apresentar resultado falso-positivo (TPD>5,45). Em 1999, Kittler et al. sugeriram que fos-
São elas: nevos melanocíticos com padrão globular, se acrescentado mais um parâmetro à regra do
nevos melanocíticos com componente papilomato- ABCD, que seria a letra E, referente a alterações
so, lentiginoso ou congênito, nevo de Sptiz / Reed, estruturais, ou seja, de tamanho, formato, cor, san-
nevo agminado, nevo recorrente e lentigo em pin- gramento e ulceração, relatadas pelo paciente. Se
go de tinta (não melanocítico). Stolz, na segunda positivo, acrescenta-se mais 1,2 no final do TPD.
edição de seu Atlas (2002), propõe que essas lesões Se negativo, subtrai-se menos 0,8 do TPD. Com o
que apresentam o que ele curiosamente chamou de acréscimo desse parâmetro, consegue-se aumentar
padrões especiais sejam identificadas pela análise a especificidade do método para 90%. Nossa opi-
de sua homogeneidade, arquitetura, cor e simetria nião é que isso representa uma correlação clinico-
(CASH), antes de aplicarmos a regra do ABCD. 3 dermatoscópica e não exatamente mais um critério
Na verdade, as lesões não são especiais. Elas a ser avaliado no exame dermatoscópico. 9
são o que sempre foram e continuarão sendo. O
erro está em tentar enquadrar todas as lesões me- Método de Menzies para o diagnóstico
lanocíticas com uma diversidade enorme de apre- do melanoma
sentações em uma regra que leva em conta apenas Foi descrito por Menzies et al., na Austrália,
4 critérios . Contudo, sem dúvida, a regra do ABCD em 1996. 10 Apresenta sensibilidade de 92% e espe-
é um excelente método, com grande reprodutibili- cificidade de 71% para o diagnóstico do melanoma.
dade e de grande auxílio, principalmente para os Para que uma lesão melanocítica seja considerada
iniciantes, com sensibilidade de 96,3o/o e especifi- maligna, ela não deve ter quaisquer dos 2 parâme-
cidade de 70,4% para o diagnóstico do melanoma. tros negativos e deve apresentar pelo menos 1 dos 9
Como em todos os algoritmos em dermatoscopia, parâmetros positivos (Tabela 7.7).
73
Abordagem Oermatoscópica para as Lesões Pigmentadas e Métodos Anal íticos
Pseudópodes
1 Estrias radiais
Despigmentação tipo cicatricial
Presença de uma única cor
Glóbulos/pontos pretos periféricos
Rede alargada
74
Abordagem Dermatoscópica para as L esõe s P igmentad a s e M étodos A nalíticos
Áreas amorfas Áreas pigmentadas de coloração preta , marrom e/ou cinza , com 1
irregulares distribuição irregular pela lesão
75
A bordagem Dermatoscóp ica para as Lesões P igmentadas e Métodos A nalíticos
Rede pigmentada atípica Rede de pigmento com orifícios irregular es e linhas espessas 1
Estruturas azul-esbr anquiçadas Qualquer t ipo de color ação azulada , branca ou ambas 1
• A presença de 2 ou 3 critér1os indica lesão suspeita.
em fase inicial, que necessitam de excisão cirúrgica, de 51% na detecção de melanomas versus nevas
de lesões pigmentadas não melanoma, que podem melanocíticos, reduzindo a excisão deles à metade
ser acompanhadas sem tratamento. 14 A proposta dos e evitando tanto uma sobrecarga de procedimentos
autores era desenvolver um método confiável que cirúrgicos de pequeno porte, como a morbidade dos
identificasse o melanoma pré-operatoriamente, eli- pacientes.
minando um grande número de pequenos procedi-
mentos cirúrgicos, realizados em lesõe benignas, e Cash (cor, arquitetura, simetria e
que nesse contexto impedem que os verdadeiros me- homogeneidade]
lanomas recebam a necessária atenção mais rapida- D escrito por Henning et a!., em 2007, esse
mente. Todos os pacientes estudados apresentavam novo algoritmo norte-americano apresenta de iné-
lesões melanocíticas que, segundo avaliação clínica dito o fa to de levar em consideração a arquitetura
dermatológica, necessitavam de retirada cirúrgica. A da lesão. Como arquitetura entendem- se a unifor-
característica mais forte na identificação de lesões midade e a distribuição da estru turas dermatoscó-
que subsequentemente mostraram ser melanomas picas e das cores (Tabela 7.10).15
ao exame histopatológico foi a presença de 3 ou mais
cores quando observadas à dermatoscopia. A idade Teste dos 1 O segundos
do paciente, as bordas irregulares e o diâmetro avan- Talvez o mais reproduzível dentre todos os
tajado da lesão contribuíram com pouco valor discri- métodos. Na verdade, é uma técnica jocosamente
minatório adicional. Com o emprego desse simples preconizada por Argenziano. "Qyando o exame
teste das 3 cores ao exame dermatoscópico, os autores dermatoscópico de uma lesão pigmentada exceder
conseguiram sensibilidade de 92% e especificidade o tempo de 10 s, opte pela biópsia."
Desordem arquitetura! Uniformidade e distribu ição das estruturas dermatoscópicas e das G-2
cores - ausente/ leve, moderada e acentuada
Simetria A lesão é dividida em 2 eixos per pendiculares , de forma a G-2
apr esentar a menor assimetria possível
76
Abordagem Dermatoscópica para as Lesões Pigmentadas e Métodos Analíticos
77
CAPÍTULO 8 Lesões
Melanocíticas
Beni gnas
79
Lesões Melanocfticas Ben ignas
.
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i
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A 8 C D E F
Fig. 8.1 D A. Abtropfung, Unna 1893. B. Masson, origem dupla 1951 . C. Cramer, Hochsteigerung , 1984. O.
2004 , migração de células pluripotentes da crista neural, durante a vida fetal. E. Krengel 2005 ,
células pluripotentes que permanecem na protuberância bulbar constituem fonte para a proliferação de células
névicas na derme. F. A localização perianexial das células precursoras pluripotentes corrobora a distribuição cefa-
locaudal dos folículos na fase embrionária e dos nevas na idade adulta. (Krengel S. Nevogenesis - New Thoughts
Regarding a Classical Problem. Am J Dermatopatho/2005 ; 27(5):456-65 .)
da derme para a epiderme, a partir de sua origem Embora em determinada lesão possa haver predo-
na crista neural, ou em uma célula pluripotente que minância de um desses padrões sobre os demais,
poderia ser perineural (1991). ocorre com maior frequência uma combinação
Células pluripotentes da crista neural localiza- entre eles.
das na protuberância de folículos pilosos embrioná- O nevos juncionais observados à dermatosco-
rios (Sieber-Blum et ai., 2004) podem representar pia caracterizam-se pela presença de rede pigmen-
fonte para a proliferação de melanócitos na derme, tada regular que esmaece na periferia, pontos e/ou
que, encontrando madura a membrana basal da pequenos glóbulos castanho-escuros de tamanho
epiderme, permaneceriam na derme e ao redor dos uniforme e regularmente dispostos, principalmente
folículos (Krengel, 2005). na área central da lesão. Áreas de concentração do
A distribuição embriológica cefalocaudal dos pigmento, em geral, situam-se no centro da lesão
folículos pilosos corrobora a distribuição dos nevos (Figs. 8.2 a 8.5).
na idade adulta. Os nevos compostos caracterizam-se frequen-
Misago (2000) e Krengel (2005) sugerem que temente pela presença de áreas sem estrutura devi-
as células névicas na derme reticular originam-se do à ocupação dos e paços da rede por aglomerados
de células precursoras dérmicas, considerando que de células na derme, pigmento regularmente dis-
a migração da junção com a epiderme possa ocorrer tribuído, com esmaecimento na periferia, glóbulos
(Fig. 8.1).3,5,6 castanhos uniformes, regularmente distribuídos,
A questão sobre a evolução da população podendo ser numerosos, predominantes, conferin-
das células névicas, se persistem ou regridem, do à lesão o padrão globular. Pode haver presen-
migram para cima ou para baixo, somente pode ça de rede regular e uniforme em algumas áreas e
ser respondida com a utilização de técnicas não também pontos de despigmentação, muitas vezes
invasivas, como a dermatoscopia e a microscopia central (Figs. 8.3 e 8.4).
confocal. 3 Maize e Foster (1979) e Burgdorf (1998) ana-
lisaram alterações histológicas de regressão e as
Nevo juncional, composto e interpretaram como sendo dependentes da idade.
intradérmico Entretanto, os nevos dérmicos, em geral, tornam-se
Os nevos melanocíticos caracterizam-se à clinicamente evidentes mais tarde no decorrer da
dermatoscopia principalmente pela presença de vida, sendo removidos em uma idade mais avan-
rede pigmentada, glóbulos e áreas sem estrutura. çada.3
ao
Lesões Melanocíticas Benignas
c
Fig . 8 .2 o A. Lesão névica plana . de coloração cas-
tanha , com discreto eritema em halo. localizada na
região dorsal. B. Concentração de pigmento na área
central , presença de pontos escuros e pequenos gló- c
bulos, principalmente no centro. esmaecimento do
pigmento na periferia. observando-se uma tênue rede Fig. 8.3 o A. Lesão castanha , papulosa . com halo
pigmentada abaixo e à direita . Nota-se ainda coloração castanho-claro , localizada no quadrante superior es-
avermelhada de permeio, correspondendo ao eritema. querdo do abdomen . em paciente jovem. B. Padrão
As pequenas áreas esbranquiçadas arredondadas cor- globular, com pigmento uniformemente distribuído, es-
respondem aos anexos cutâneos . (x 10). C. Aumento maecendo na periferia . onde observa-se delicada rede
da quantidade de pigmento na epiderme, ninhos conten- pigmentada. (x 10). C. Acantose irregular com alonga-
do células névicas pigmentadas. localizados na junção mento e espaçamento dos cones interpapilares. pre-
derme-epidérmica , nos cones interpapilares, com a pre- sença de ninhos contendo células névicas e aumento
sença de alongamento e alargamento das cristas epi- de pigmento. As papilas dérmicas encontram-se alar-
dérmicas na periferia . Na derme . notam-se um discre- gadas, repletas de células névicas . principalmente no
to infiltrado inflamatório linfocitário e vasos capilares centro da lesão. Nevo melanocítico composto do tipo
ectasiados. Nevo melanocítico juncional (H &E x 100) . nevo de Miescher (H&E x40).
81
Lesões Melanocíticas Benignas
a c
Fig. 8.4 o A. Lesão nev1ca globosa , de coloração Fig. 8 .5 o A. Lesão nev1ca globosa, de superfície
clara, levemente eritematosa, com grandes glóbulos mamilonada . coloração castanha-escura . B. Grandes
delimitados precariamente por fendas e pseudocome- glóbulos, de tamanho uniforme, coloração castanha-
dões, notando-se área de concentração de pigmento -clara azulada, constituindo a parte exofítica da le-
negro e azulado central. Nota-se a presença de pelos são , em cuja base observa-se coloração castanha ,
na lesão, bem como de pequena área castanha escura sem estrutura , com a presença de vasos em forma
excêntrica (x 1 0). B. Secção histopatológica com epi- de pontos e lineares (x1 0) . C. A epiderme adelgaça-
derme adelgada , emitindo cristas alongadas e hiper- da recobre a lesão proeminente, representada pelas
plasiadas, com ninhos juncionais, notando-se grandes
massas de células névicas, muitas delas contendo
rolhas córneas correspondendo a pseudocistos e fen-
pigmento , ocupando toda a derme papilar alargada
das. A derme papilar encontra-se alargada contendo
(porção exofítica) . Na periferia dessa porção exofítica ,
massas compactas de células névicas, com a presen-
os cones são levemente alongados e discretamente
ça de grande quantidade de pigmento na junção com a
epiderme. A proliferação de células melanocíticas né- pigmentados. Nevo melanocítico intradérmico do t ipo
vicas estende-se à derme adventícia perianexial. Nevo nevo de Unna (H&E x40) .
melanocítico composto do tipo nevo congênito (H&E
x40) .
82
Lesões Melanocíticas Benignas
83
Lesões Melanocíticas Benignas
8
Hoffmann-Wellenhof et al. propuseram, em
2001, uma classificação dermatoscópica para esses
nevas, baseada em estudos morfológicos de 829 le-
sões, em 23 pacientes, sendo separados em 6 tipos
dermatoscópicos: reticular, com predomínio da c
rede pigmentada (Fig. 8.7); globular, com numero-
sos glóbulos ou pontos (Fig. 8.8); homogêneo, com Fig. 8. 7 o Nevo Melanocítico Juncional do tipo nevo
de Clark. Padrão reticular. A. Lesão névica papulosa ,
pigmentação castanha homogênea (Fig. 8.9); reti- de coloração eritematosa, com hipercromia central ,
cular-globular, com rede pigmentada e acima de 3 localizada na região dorsal, à esquerda . B. Numerosos
glóbulos ou pontos (Fig. 8.10); reticular-homogê- glóbulos, de tamanho regular, apresentando-se mais hi-
percrômicos e aglomerados no centro da lesão . Nota-
neo, com rede pigmentada e pigmentação homo- -se ainda área amorfa de coloração castanho-escura .
gênea castanha em pelo menos 1/4 da lesão (Fig. Na periferia , observa-se área de eritema, com nume-
8.11), e globular-homogêneo, com pelo menos 3 rosos pequenos pontos vermelhos e padrão vascular
linear (x 10) TPO = 5, 3 . C. À esquerda da foto , cor-
glóbulos ou pontos e pigmentação homogênea em respondendo à parte central da lesão , observa-se epi-
pelo menos 1/4 da lesão (Fig. 8.12). Descreveram, derme retificada sob a qual se nota densa proliferação
de células melanocíticas pigmentadas (área amorfa) .
ainda, o tipo não classificado, com ausência de pa-
No centro, os cones interpapilares são proeminentes
drão específico (Fig. 8.13). A seguir, os nevas de e há ninhos de células melanocíticas de tamanho va-
Clark foram classificados quanto à pigmentação: riável na junção dermoepidérmica e derme papilar. À
direita, alguns ninhos de células melanocíticas também
hiperpigmentação central, área escura no centro podem ser observados. Nevo melanocítico composto ,
da lesão, circundada por área mais clara (Fig. 8.14); tipo nevo de Clark (H&E x40).
B4
Lesões Melanocíticas Benignas
as
Lesões Melanocíticas Benignas
c
Fig . 8 .10 o Nevo Melanocítico Composto do tipo nevo c·
de Clark. Padrão reticular-globular. A. Lesão discreta-
mente elevada , de coloração castanha , localizada na Fig. 8 .11 o Nevo Melanocítico Composto do tipo
base do hemitórax esquerdo, região dorsal. B. Glóbu- nevo de Clark. Padrão reticular-homogêneo . A. Lesão
los agrupados na área central , com rede pigmentada pigmentada castanha-escura , papulosa , no
que esmaece na periferia. A distribuição de pigmento , quadrante inferior direito do abdomen . B. Area cen-
de coloração castanha , é regular, com área mais clara tral homogênea , com alguns pontos escuros e a rede
no centro devido à hiperceratose . Notam-se também pigmentada , de coloração castanha-escura regular,
alguns pontos escuros distribuídos ao redor dos gló- esmaece na periferia (x 10) TPD = 4 ,5 . C. Epiderme
bulos (x 1 0) TPD = 5 ,0 . C. À direita , corresponden- adelgaçada com alongamento dos cones interpapilares
do ao centro da lesão , observa-se hiperceratose com e ocupação da junção dermoepidérmica e da derme
formação de pequenas rolhas córneas e acentuado papilar por densa proliferação de células melanocíti-
alongamento dos cones interpapilares em relação com cas névicas. Nevo melanocítico composto , tipo nevo de
proliferações melanocíticas juncional e intradérmica . Clark [H&E x40).
À esquerda , notam-se a persistência do componente
juncional e o desaparecimento do componente intra-
dérmico ("ombro"). Nevo melanocítico composto , t ipo
nevo de Clark [H&E x40).
as
Lesões Melanocíticas Benignas
A c
Fig. 8.12 O Nevo Melanocítico Composto do tipo nevo de Clark. Padrão globular-homogêneo . A. Lesão névica
papulosa, acastanhada , eritematosa , com hipercromia central , localizada na região anterior do tórax . 8. Nume-
rosos glóbulos distribuídos uniformemente e áreas de pigmentação castanha homogênea, eritematosa, em parte
da lesão . A área esbranquiçada periférica é compatível com regressão (x10) TPD = 6 ,6 . C. Na epiderme há
hiperceratose, alongamento e alargamento dos cones interpapilares que albergam ninhos juncionais. A derme pa-
pilar encontra-se alargada e ocupada por grandes ninhos de células névicas contendo pigmento e foco de reação
inflamatória mononuclear. Nevo melanocítico composto , tipo nevo de Clark (H&E x40).
87
Lesões Melanocíticas Ben ignas
índice deve ser o parâmentro para orientar a con- dos nevos melanocíticos adquiridos, acrescentan-
duta a ser adotada.7 do a distribuição de pigmento classificada como
Recentemente, esses mesmos autores e Zalau- uniforme, e as correlacionaram com faixas etárias
dek publicaram essa classificação dermatoscópica de ü-15, 16-30, 31-45, 46-60 e acima de 60 anos,
BB
Lesões Melanocíticas Ben ignas
Fig. 8.16 O Nevo Melanocítico padrão de hipopigmen- Fig. 8 .17 O Nevo Melanocítico Juncional do tipo nevo
tação central. A. Lesão névica plana , com área central de Clark com hipopigmentação excêntrica periférica .
hipopigmentada e hiperpigmentação periférica irregu- A. Lesão névica de coloração acastanhada na face an-
lar localizada na região dorsal. B. Área central hipo- terolateral do hemitórax direito. B. Rede pigmentada
pigmentada amorfa , circundada por rede pigmentada uniforme em toda a lesão , concentração de pigmento
proeminente, regular, que esmaece na periferia (x 1 0) excêntrica e áreas de hipocromia na periferia (x 10)
TPO = 3,3 . TPD = 3 ,3 . C. Alongamento irregular dos cones in-
terpapilares com áreas de fusionamento entre eles . A
proliferação melanocitica, assim como a pigmentação
examinando 1.268 nevo melanocíticos em 50 in- melânica , tem distribuição assimétrica na epiderme .
Há reação inflamatória com melanófagos e aumento
divíduos. Verificaram a predominância dos padrões da vascularização na derme papilar. Nevo melanocitico
globulares nas faixas mais jovens e sua diminuição juncional, tipo nevo Clark (H&E x40) .
com o aumento da idade (Fígs. 8.19 e 8.20). Opa-
drão reticular homogêneo aumentou de incidência mais jovens, sem predominância de padrões nas de-
a partir da segunda faixa etária, atingindo o máxi- mais faixas etárias. Esses estudos evidenciaram que
mo após a sexta década (Fíg. 8.21). Qyanto à pig- os nevos melanocíticos representam proliferações
mentação, observaram maior frequência dos padrões melanocíticas cutâneas dinâmicas que evoluem com
uniforme e de hiperpigmentação central nas 2 faixas transformações significativas de acordo com o tem-
89
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8 .18 O Nevo Melanocítico Composto do tipo nevo de Clark com hipopigmentação e hiperpigmentação multi-
focal. A. Lesão névica papulosa, de coloração castanha, localizada na região infraescapular esquerda . B. Padrão
global reticular, com áreas de maior concentração de pigmento distribuídas de maneira irregular, entremeadas com
áreas de hipopigmentação (x 10) TPD = 3 ,3 . C. Na epiderme há alongamento e alargamento dos cones interpapila-
res , com ninhos juncionais. À esquerda do corte , as cristas epidérmicas são menores e mais uniformes. Observam-
-se na derme papilar e reticular ninhos de células névicas, principalmente à direita do corte (H&E x40).
po. Um mesmo nevo de padrão globular pode evoluir Zalaudek, Docimo e Argenziano demons-
para reticular e/ou homogêneo (Fi.g. 8.22). Evolução traram ainda que indivíduos com pele do tipo I
do padrão globular para reticular não foi ainda do- possuem predominância de nevas castanho-claros
cumentada. Um exemplo conhecido de transformação com hipopigmentação central, enquanto indiví-
dinâmica é a fileira de glóbulos periféricos, que cons- duos com pele do tipo IV tendem a desenvolver
titui característica dermato cópica de crescimento be- nevas ca tanho-escuros com hiperpigmentação
nigno dos nevas melanocíticos, descrita por Kitler e central (Fig. 8.26). Os nevas em pele dos tipos II e
colaboradores. Esse fenômeno é raramente observado III tendem a possuir tonalidades do castanho-claro
em indivíduos acima dos 20 anos (Fi.g. 8.23). 14- 16 ao castanho-escuro, com pigmentação multifocal. 18
Hofmann-Wellenhof e colaboradores, em 2001, A classificação dos nevas melanocíticos adquiridos
e Zalaudek e colaboradores, em 2006 e 2009, de- é apresentada na Fig. 8.27.
monstraram que a maioria dos indivíduos tende a
possuir um tipo predominante de nevo melanocítico • FATORES GUE
adquirido e que este muda com a idade, representan- INFLUENCIAM O
do um processo dinâmico de evolução. Torna-se, en- DESENVOLVIMENTO
tão, importante que sejam examinadas todas as lesões OU A EVOLUÇÃO DOS
do paciente, para que se possa estabelecer o padrão NEVOS MELANOCÍTICOS
dominante (Fi.g. 8.24). Isso permite que sejam identi- ADGUIRIDOS
ficadas as lesões que se desviam desse padrão (sinal do Modificações, não relacionadas com maligni-
patinho feio ou "ugly duckling sign) (Fi.g. 8.25). 15· 1 dade, muitas vezes de natureza fisiológica, como na
90
Lesões Melanocíticas B enignas
/
... A B
Idade: 2 anos
Idade: 3 anos
D
F
Idade: 9 anos
91
Lesões Melanocíticas Benignas
B
Idade: 18 anos
Idade: 14 anos
92
Lesões Melanocíticas Benignas
A 8
Idade : 22 anos
A
8
Idade : 31 anos
Fig. 8.21 O Padrão reticular homogêneo e reticular a partir da segunda década da vida .
puberdade e na gravidez, ou de natureza iatrogêni- por torção de pedículo. Tais alterações em geral são
ca, como durante administração de corticosteroides temporárias, regredindo no período de 7-10 dias.
e a fototerapia, podem ocorrer com relativa fre- Stanganelli et a/. observaram com maior fre-
quência em nevas melanocíticos (Figs. 8.28 a 8.30). quência rede pigmentada espessa e glóbulos escu-
Podem ainda ocorrer alterações devido a fatores lo- ros em imagens dermatoscópicas de nevas melano-
cais, como doenças bolhosas, exposição solar, foli- cíticos fotografados no verão e no inverno. 38
culite, cistos epidérmicos, cistos foliculares, forma- Hofman-Wellenhof et ai. relataram, em 1997,
ção de abscesso, além de traumatismos localizados que doses suberitematosas de UVB podem ocasio-
que podem ocasionar hemorragias e escoriações, às nar alterações dermatoscópicas em nevas melano-
vezes seguidas de infecção secundária ou trombose cíticos, provavelmente por estimulação dos mela-
93
Lesões Melanocíticas Ben ignas
Fig. 8 .22 O Evolução das lesões. Padrão globular e reticular globular concomitantes .
Idade: 13 anos
B
Idade: 37 anos
94
Lesões Melanocíticas Ben ignas
, a b
b
a a
b b
Fig. 8.24 O Padrões que se repetem em um mesmo indivíduo. a. Estrias ramificadas irregulares, rede proemi-
nente , entremeadas por pontos e pequenos glóbulos, área de concentração de pigmento central ou excêntrica.
b. Área amorfa predominante, hipocromia focal múltipla , rede periférica tênue e eritema.
Fig. 8.25 o Sinal do Patinho Feio ("ugly duck/ing sign") : a lesão que se destaca das demais.
95
Lesões Melanocíticas Ben ignas
a b
Indivíduos do sexo masculino geralmente de- Fig . 8.27 Cl Classificação dermatoscópica dos nevas
melanocíticos adquir idos.
senvolvem maior número de nevos, independen-
temente de outros fatores; meninas tendem a pos-
suir mais nevos nos membros e rapazes, no tronco;
a quantidade de nevos nas crianças correlaciona-se divíduos de pele clara e cabelo vermelho, tipo I de
muitas vezes com a dos pais; crianças com pele cla- Fitzpatrick, que podem ter menor tendência a de-
ra, cabelos e olhos claros e efélides, com tendência senvolver nevos. O maior número de nevos pode ser
a queimaduras solares, possuem maior tendência a esperado em indivíduos de pele do tipo li com eféli-
maior número de nevos. Há, entretanto, alguns in- des e cujos pais possuem alto número de nevos.
96
Lesões Melanocíticas Benignas
,·
c D
Aos 35 anos
Aos 30 anos
G H
Fa
Fig. 8.28 O Evolução dos nevas melanocíticos adquiridos com a idade . A·B , E-F. O grupamento de lesões névicas
observado em (A) e a lesão observada em (8) evoluem em um período de 12 anos com aumento em número de
lesões na área de (A) evidenciada na figura (E) e com aumento da pigmentação e progressão para nevo eczemato-
so na lesão (8) mostrada novamente em (F) com detalhe abaixo (Fa). C-0, G-H . Em cinco anos, a lesão mostrada
em (C) & (0) permanece estável , apenas com diminuição na intensidade da pigmentação, evidenciada em (G) &
(H). O paciente, consciente de sua característica de possuir pele clara e múltiplos nevas atípicos, protege-se de
exposições solares.
97
Lesões Melanocíticas Ben ignas
A1 81 C1
Fig . 8 .29 o Evolução dos nevas melanocíticos adquiridos com a idade . A, A1, B, 81 e C, C1 . Evolução da
mesma lesão, dos 18 aos 35 anos, a partir do padrão globular reticular para o reticular homogêneo, com clarea-
mento da pigmentação .
ca, simples; penfigoide bolhoso da infância: nevos Em 1948, Sophie Spitz descreveu pela primei-
eruptivos; processos esclerosantes -líquen esclero- ra vez as características das lesões que denominou
so: nevos atípicos; imunossupressão sistêmica- ne- melanomas juvenis: (1) paraceratose e acantose; (2)
vos eruptivos, atípicos e acrais; doenças associadas a presença de células grandes acidofílicas pigmenta-
aumento de hormônios (hormônio do crescimento, das contendo núcleo vesiculoso ou células fusifor-
da tireoide); doença de Addison; gravidez - au- mes; (3) presença de células gigantes mono ou mul-
mento de tamanho e nevos eruptivos. Meses após o tinucleadas, com citoplasma acidofílico redondo ou
período da gravidez, as alterações dos nevos podem oval; (4) figuras de mitose ocasionais; (5) pigmento
regredir. Outras condições são a dermatite atópica, localizado principalmente na superfície da lesão;
em que há diminuição na densidade de nevos, e a (6) infiltrado inflamatório; (7) edema intersticial e
febre pós-operatória, com nevos eruptivos. 1 (8) ectasia vascular. 12·13
Helwig, em 1954, propôs a designação de nevo
Nevo de Spitz e nevo de Reed de células fusiformes, adotada por Kernen e Acker-
Em 1910, Darier e Civatte descreveram o caso man, em 1960, em conjunto com a denominação
de um bebê de 8 meses de idade com um nódu- nevo de células epitelioides. Em 1967, o Pathology
lo vermelho, de crescimento rápido, localizado no Committee of the Qyeensland Melanoma Project,
nariz, que evoluía de forma benigna, mas possuía presidido por McGovern, publicou a nomenclatura
aspectos histopatológicos semelhantes aos do me- e a classificação para nevos e melanomas, recomen-
lanoma.12 dando o nome de nevo de Spitz. Em 1978, Pania-
98
Lesões Melanocíticas Benignas
c o
Fig . 8.30 O Nevo melanocítico intradérmico do tipo nevo congênito em paciente grávida (28& semana) com
crescimento e escurecimento. A, B. Lesão névica pigmentada , globosa , no abdomen de paciente grávida com
história de crescimento (elevação) e escurecimento da lesão desde o segundo trimestre gestacional. C. Glóbulos
de tamanho médio a grande, agrupados, com pigmentação castanha-escura a cinza-azulada, e despigmentados.
Notar pseudocomedões em distribuição irregular (x 10] TPD = 5 ,9 . D. A histopatologia evidencia alongamento e
hiperplasia dos cones interpapilares no centro da lesão, com aumento da quantidade de pigmento na epiderme.
A derme papilar encontra-se alargada e ocupada por massas de células névicas contendo grande quantidade de
pigmento. As células névicas estendem-se difusamente por toda a derme reticular superior e derme adventícia
perianexial. Nevo melanocítico intradérmico, tipo nevo congênito (H&E x40).
go-Pereira, Maize e Ackerman publicaram uma Podem ser reconhecidos 5 padrõe globais der-
classificação histológica do nevo de Spitz, identifi- matoscópicos do nevo de Reed: (1) padrão globu-
cando os tipos composto, dérmico e juncional, sen- loso - o centro pode ser mais claro ou escuro, os
do ainda descrito o tipo desmoplásico. Ll,u glóbulo são uniforme , a lesão pode ter aspecto
O nevo de células fusiformes pigmentado, ou em grão de café; (2) explosão de estrelas - o cen-
nevo de Reed, descrito como variante do nevo tro pode ser claro ou escuro, glóbulos na periferia,
de Spitz, em 1975, por Reed et ai., teve suas ca- na extremidade de estrias radiadas curtas; (3) re-
racterísticas clínicas e histopatológicas analisa- ticular- rede pigmentada regular na periferia; (4)
das em extensa casuística por Sagebiel et ai., em homogêneo- emelhante a um nevo melanocítico
1984.2·13 •14 Apenas essas formas pigmentadas do intradérmico, com áreas sem estrutura, podendo ter
nevo de células fusiformes (ou nevo de Reed) glóbulos centrais ou regularmente distribuídos; (5)
podem ser adequadamente identificadas à der- atípico- associação de áreas sem estrutura, glóbu-
matoscopia. los e estrias ramificadas em seu interior. As estrias
99
Lesões Melanocíticas Benignas
o
Fig. 8.31 O A. Nevo melanocítico composto do tipo congênito após exposição solar. A lesão se destaca das
demais na região dorsal, com eritema em halo e hipercromia. 8 , C. Lesão névica localizada na região inter-
escapulovertebral direita, castanha-escura , com halo de eritema. O paciente relatava exposição solar há dois
meses. D. Observa-se concentração de pigmento na área central da lesão, de forma irregular, com aglomera-
dos de coloração cinza-azulada , glóbulos maiores no centro , bordas de coloração castanha-clara e eritematosa.
com esmaecimento periférico . Há pontos vermelhos e vasos lineares na periferia da lesão. A pele circunjacente
apresenta-se clara com telangiectasias. notando-se. ainda, lesões lentiginosas com rede pigmentada fina (lentigos
solares) (x 10) TPD = 3 ,5 . E. Epiderme parcialmente retificada, com pequeno componente de ninhos juncionais de
células melanocíticas. A derme superior é ocupada de forma difusa por grandes ninhos de células melanocíticas
dérmicas pigmentadas. Nevo melanocítico composto, tipo nevo congênito [H&E x40).
ramificadas devem ser regulares e não devem avan- -acinzentada, amorfa ou esboçando padrão reti-
çar para a pele normal, quando presentes (Figs. 8.35 cular. Nino e colaboradores, em 2009, relataram o
a 8.41).5,15 monitoramento dermatoscópico de 8 casos, a cada
Em 2007, Argenziano e colaboradores relata- 6 meses, até 7 anos, ocorrendo a evolução do pa-
ram o acompanhamento de 2 casos de nevo de Reed drão de explosão de estrelas para o reticular até a
com padrão típico globular de explosão de estrelas, regressão total.
evoluindo com remissão espontânea. Em ambos os Embora o acompanhamento clínico e derma-
casos, ocorreu desaparecimento do padrão globular, toscópico possa representar uma opção de conduta
com diminuição do número e do tamanho dos gló- para muitos autores, principalmente em crianças
bulos, permanecendo uma pigmentação castanho- com lesões estáveis, a remoção cirúrgica tem sido
100
Lesões Melanocíticas Benignas
B c
Idade: 30 anos
D E
recomendada, principalmente para as lesões clas- acrômico surge ao redor de uma lesão névica que
ificadas como "atípicas", dadas a incerteza e a di- pode ser de qualquer um dos tipos de nevas descri-
ficuldade no diagnóstico e no acompanhamento tos anteriormente, sendo que reações semelhantes,
desses casos. 19' 24 com halo leucodérmico, podem ocorrer ainda em
torno de melanomas primários ou metastáticos. 3 O
Nevo de Sutton infiltrado inflamatório é denso, da derme reticular
A formação do halo observado clinicamente é até a junção com a epiderme, predominantemen-
um fenômeno decorrente de extensa reação infla- te linfocitário. A lesão névica central pode sofrer
matória que pode ocorrer em uma lesão melanocí- eritema e descamação, evoluindo para a regressão
tica, geralmente acarretando sua regressão ou desa- em um período de meses ou anos, ocorrendo gra-
parecimento. O fenômeno é atribuído a um proces- dualmente a repigmentação do halo acrôrnico. Em
so imune em resposta a antígenos névicos. 1•25 alguns casos de nevo de Sutton, o exame histológi-
O tipo mais comum de formação de halo é re- co pode não evidenciar reação inflamatória. Nesses
presentado pelo nevo de Sutton, no qual um halo casos, em geral, o nevo não sofre regressão. Outras
101
Lesões Melanocfticas Benignas
Fig. 8.33 O Após um ano e oito meses e novas exposições solares, as mesmas lesões 8 & C da figura anterior.
A. Após um ano e oito meses e frequentes exposições solares, a paciente notou sangramento em uma das lesões
da região dorsal. Observa-se a modificação do aspecto das mesmas lesões descritas anteriormente como (A) e
(8 ), respectivamente. B. Padrão reticular homogêneo , com distribuição irregular de pigmento castanho, áreas
esbranquiçadas irregularmente distribuídas, bordas esmaecidas. Assimetria em dois eixos. TPD = 5,1 (x 10).
C. Padrão inespecífico, com áreas amorfas, notando-se área esbranquiçada em toda a periferia , área central
com ulceração, eritema e pigmento castanho iregular, com um único glóbulo castanho , centrado por. TPD = 5 ,1
(x1 0). D, E. A lesão lentiginosa protegida pela roupa persiste sem alterações significativas, com rede pigmentada
regular.
lesões podem apresentar-se sem halo hipocrômico, -se em torno de um nevo, havendo ainda uma for-
apenas com a reação inflamatória exuberante (nevo ma análoga denominada nevo em alvo ou eritema
halo sem halo).26 multiforme nevocêntrico, no qual um anel eritema-
Ao exame dermatoscópico, os nevas de Sutton toso circunda um nevo halo (Flgs. 8.42 e 8.43). 26 •27
podem apresentar-se com padrão homogêneo, cen-
tro reticulado, com pontos ou glóbulos aglomera- Nevo congênito
dos no centro da lesão. Ao redor, observa-se o halo Os nevas melanocíticos congênitos surgem
de despigmentação ou hipocrômico. no nascimento ou nos primeiros meses de vida.
Outros tipos de fenômeno halo podem ser cita- São classificados como pequenos ( <1,5 em), mé-
dos, como o nevo de Meyerson (nevo halo eczema), dios (1,5-20 em) e grandes ou gigantes (>20 em;
no qual um halo eritematoso e descamativo forma- em neonatos, >9 em na cabeça e >6 em no corpo).
102
Lesões Melanocíticas Benignas
c
b B
c E
Fig. 8.34 D As mesmas lesões B&C da figura anterior, após um ano , com exposiçoes solares frequentes. A.
Após mais um ano em relação à imagem anterior e novas exposições solares (sic), as mesmas lesões [B) e [C) na
região dorsal podem ser observadas em aparente estado de evolução com maior assimetria de forma e cores (B)
e de hipopigmentação parcial [C). B. Padrão reticular homogêneo, distribuição irregular de pigmento do castanho
ao preto, áreas hipocrômicas irregularmente distribuídas, assimetria em dois eixos. TPD = 5 ,6 [x 10). C. Padrão
reticular com rede de assimetria e área esbranquiçada irregular central , concentrações irregulares de pigmento
abaixo e à direita , bordas esmaecidas, assimetria em dois eixos. TPD = 5 ,1 (x1 0). D, E. A lesão lentiginosa pro-
tegida pela roupa permanece estável em relação à imagem anterior.
103
Lesões Melanocíticas Benignas
..
104
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8.37 O A. Lesão papulosa castanha na região umbilical, com crescimento rápido em paciente feminina de
24 anos. B. Padrão globular, com glóbulos menores na periferia , bordas esmaecidas, em distribuição centrífuga ,
configurando a "explosão de estrelas". Observam-se ainda estrias curtas ramificadas, pontos e áreas amorfas
de permeio. além de pseudocistos córneos, preservando-se ainda a simetria da lesão . TPD= 2,5 (x 10). C, D.
Epiderme hiperceratósica com pseudocistos córneos, acantose irregular. alargamento dos cones interpapilares
pela presença de ninhos juncionais contendo células névicas pigmentadas, com retração por artefato e células
fusiformes de tamanho regular. Na derme papilar há um discreto infiltrado linfohistiocitário perivascular H&E
[C x40; D x100).
monstraram que os nevos congênitos pequenos não reram antes da puberdade. 30 Nesse trabalho, os au-
apresentavam todos os critérios referidos. Outros tores relataram que os melanomas ocorreram mais
autores, como Clemmensen e Kroon (1988) e Cri- frequentemente na periferia da lesão.
bier, Santinelli e Grosshans (1999), relataram que Em estudo recente, Fernandes e Machado
nevos melanocíticos adquiridos frequentemente concluíram que os nevos melanocíticos congêni-
possuem aspectos histológicos "congênitos", ocor- tos predominam no tronco. Nos casos estudados
rendo, assim, sobreposição de aspectos clínicos e entre 1994 e 2007, os nevos congênitos pequenos
histopatológicos. 3 •29 e médios mantiveram-se inalterados, enquanto 1
Os fatores que influenciam a evolução dos ne- grande e 2 gigantes sofreram clareamento. Ne-
vos adquiridos não estão descritos para os nevos nhum deles evoluiu para melanoma. Qyando o
congênitos, sejam eles pequenos, médios ou gran- posicionamento dos grupos estudados é invertido,
des. Illig etaf., em 1985, chamaram a atenção para como no artigo de Richardson e colaboradores,
o fato de que nevos melanocíticos pequenos podem que estudaram melanoma congênito e infantil,
ser precursores de melanoma, sendo que a incidên- todos os nevos congênitos são considerados pre-
cia não estava relacionada com a profundidade do cursores de melanoma, independentemente do
nevo e em nenhum dos casos os melanomas ocor- tamanho. 29•31
105
Lesões Melanocíticas Benignas
'106
Lesões Melanocíticas Benignas
107
Lesões Melanocíticas Benignas
108
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8.44 o A. Nevo congênito de tamanho médio (3 x 2 em), coloração castanha, superfície rugosa , pilosa ,
localizado na perna esquerda, em paciente jovem . B. Aspecto em rede hipocrômica de malhas largas, contendo
aberturas foliculares , delimitando ilhotas pigmentadas, com a presença de rede , pontos e glóbulos [x1 0).
A 8
Fig. 8.45 o A. Nevo congênito medindo 1,5 em de diâmetro, localizado na face lateral posterior da perna direita ,
de superfície rugosa, coloração castanha-escura , em paciente de 46 anos, sexo feminino . Lesão presente desde
a infância , estável há vários anos. B. Observa-se padrão de multicomponentes evidenciado pela presença de rede
pigmentada uniforme , esmaecendo na periferia, múltiplos glóbulos de coloração variada do castanho-claro ao
cinza-azulado , pequenos, de tamanho uniforme e distribuídos uniformemente pela lesão, em meio a áreas sem
estrutura , esbranquiçadas , com aberturas foliculares e pseudocomedões. TPO = 5 ,3 [x1 0).
10 mm, chegando a 30 mm ou mais. Sua superfí- O nevo combinado corresponde, em geral, à as-
cie pode ser lisa ou irregular e localiza-se frequen- sociação de aspectos histológicos de nevo azul e de
temente na região das nádegas ou sacrococcigea. 3 nevo melanocítico comum sobreposto. A associação
À histopatologia, notam-se agregados compactos pode ocorrer também com nevos de Clark ou de
de células fusiformes e outras ovoides, ocupando a Spitz. 26 Essas lesões podem simular um melanoma
derme inferior, estendendo-se à hipoderme e po- tanto do ponto de vista clínico como histopatoló-
dendo ser circundadas por áreas fibróticas conten- gico e dermatoscópico, necessitando, muitas vezes,
do melanócitos dendríticos e melanófagos. 26 de exérese cirúrgica ou acompanhamento clínico e
Os achados dermatoscópicos são semelhantes dermatoscópico rigoroso. À dermatoscopia, obser-
aos do nevo azul comum, com a maior frequência va-se um componente azul homogêneo associado
de irregularidades na superfície, ocorrendo às vezes a um componente castanho ou castanho-escuro,
presença de pontos e glóbulos (Figs. 8.52 e 8.53). com presença de rede pigmentada, pontos e gló-
109
Lesõ es Melanocít icas Ben ignas
110
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8.48 O A. Paciente do sexo masculino, aos oito meses de idade, com nevo congênito na região lombossacra
à direita. medindo 15 x 8 ,5 centímetros, notando-se pelo menos três tonalidades de coloração castanha, superfície
aveludada ao toque e uniforme. B. Dermatoscopia da região mediai da lesão, com véu esbranquiçado, óstios folicu-
lares esbranquiçados e uniformes. entremeados por pigmento castanho homogêneo e pigmento castanho-escuro
pontilhado também uniformemente distribuído, com áreas de concentração de pigmento esparsamente distribuídas
(x 10). C. Extremidade superior esquerda, próxima à linha média lombar, com áreas esbranquiçadas mescladas por
áreas de concentração de pigmentos irregulares, entremeadas por óstios foliculares , constituíndo um padrão irre-
gular que se repete no quadrante superior esquerdo do nevo (x 10). D. O mesmo paciente aos cinco anos de idade,
com clareamento do nevo, mantendo-se o mesmo aspecto morfológico e de distribuição de cores, em tonalidades
mais claras . Os mesmos pontos foram novamente examinados à dermatoscopia . E. Area correspondente a B, com
clareamento do pigmento castanho homogêneo e desaparecimento do pigmento pontilhado, permanecendo a con-
centração de pigmento em torno dos óstios foliculares, mantendo-se a uniformidade de padrão na área examinada
(x 10). F. Área correspondente a C, com clareamento uniforme, mantendo-se o mesmo padrão anterior (x10).
111
Lesões Melanocíticas Benignas
A B
112
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8.51 D A. Lesão papulosa, séssil, castanha-escura com áreas enegrecidas e áreas castanhas-claras , me-
dindo 5 ,5 x 7 milímetros, localizada na região peitoral direita, de paciente do sexo masculino de 19 anos , que
relatava aumento de volume da lesão nos últimos dois anos. O pai teve melanoma . B. No centro da lesão, o pa-
drão azul homogêneo é irregular, notando-se um pseudocomedão central correspondente a óstio folicular, áreas
castanhas-claras na periferia, inúmeros glóbulos de tamanho regular distribuem-se uniformemente por toda a
lesão, mesclando-se com as áreas azuis homogêneas. As bordas são esmaecidas e toda a lesão é recoberta
por véu esbranquiçado . TPD = 6,1 (x 10). C, D. Epiderme hiperqueratótica, com acantose e alargamento das
cores interpapilares espaçadas pelo alargamento das papilas dérmicas. Na derme , há proliferação fibroblástica e
espessamento dos feixes do colágeno , entremeados pelas células névicas melanocíticas fusiformes . A presença
de pigmento é mais evidente na porção superior da lesão. Em (0], a imagem panorãmica da lesão demonstra o
aspecto semelhante ao dermatofibroma. Nevo azul desmoplásico (x40).
113
Lesões Melanocíticas Benignas
Fig. 8.52 O A. Lesão nodular, hipercrômica, no dorso do pé esquerdo, com crescimento lento durante vários
anos. B. Padrão homogêneo cinza-azulado , com bordas esmaecidas, notando-se pequenas áreas hipopigmenta-
das na superfície da lesão , bem como pseudocomedôes. A rede pigmentada da pele normal circunjacente torna-
-se evidente na periferia. TPD = 2,0 (x 1 0). C. Na epiderme , há hiperceratose e hipergranulose , com a preser-
vação dos cones interpapilares na periferia da lesão . Na derme reticular, observa-se acentuada proliferação de
células fusiformes melanocíticas entre os feixes do colágeno , formando aglomerados, ocupando toda a extensão
da derme e estendendo-se à hipoderme. Nevo azul celular (H&E x40).
114
Lesões Melanocíticas Ben ignas
I Fig. 8.53 O A. Lesão névica desde o nascimento , localizada na região glútea direita , em paciente feminina de 11
anos de idade , com crescimento proporcional ao da criança , medindo 15 mm de diâmetro , com centro elevado
hiperqueratótico. 8 . Padrão azul homogêneo , bem delimitado , com bordas esmaecidas e centro com desenho
irregular, anfractuoso, correspondente à área de hiperqueratose , com discreto véu esbranquiçado . C. Imagem
ultrassonográfica para avaliar a profundidade da lesão, bem delimitada , em forma de sino invertido, ocupando a
derme e estendendo-se ao limite com a hipoderme. D , E e F. Imagens sequenciais da histopatologia para ilus-
trar a extensão em profundidade , com células névicas acentuadamente pigmentadas entre feixes de colágeno
estendendo-se à hipoderme superficial (H&E x40).
A B
Fig. 8.54 o A. Lesão pigmentada , discretamente papulosa, castanh&Bscura, de forma irregular, medindo 5 x 2,5
mm, localizada na região dorsal, em pele actínica. 8 . Áreas amorfas de concentração de pigmento castanho-escuro
ao negro, com estrias ramificadas alargadas irregulares que esmaecem na periferia , área amorfa cinza azulada
excêntrica e glóbulos cinza-azulados de tamanho regular, excêntricos. Assimetria em dois eixos. TPD = 6 , 1.
115
Lesões Melanocíticas Benignas
I
B
116
Lesões Melanocíticas Benignas
B
lfll ,, 1" /f/11
B c 1
c
D
Fig. 8.58 D A. Lesão névica plana , localizada na face
Fig. 8.57 D A. Paciente do sexo feminino , 23 anos de lateral da coxa esquerda , constituída por aglomerados
idade, com cicatriz no terço médio da face lateral do confluentes de aspecto lentiginoso, coloração casta-
braço esquerdo, decorrente da remoção por "shaving", nha , notando-se área hipercrômica central. B. Ilhas de
de uma lesão névica , há cerca de dois meses (sic), no padrão reticular proeminente com zonas de confluência
interior da qual se observa uma área irregular de e área de concentração de pigmento. Presença de al-
percromia . B. Áreas sem estrutura , com concentração guns pontos na porção central/inferior da lesão. TPD
irregular de pigmento castanho e castanho-escuro , es- = 5 ,1 (x 10). C. Epiderme com aumento de pigmento
trias radiadas e glóbulos, com pequenas áreas hipocrô- que se encontra presente até na camada córnea , alon-
micas entremeadas. TPD = 6 ,6 (x 1 0). C. Epiderme hi- gamento , alargamento e entrelaçamento dos cones
perceratótica e retificada , com proliferação interpapilares, evidentes à direita do corte , correspon-
ca contínua ao longo da camada basal hiperpigmentada . dendo à área central enegrecida da lesão. Á esquerda ,
Não se observa atipia citológica significativa . Na derme notam-se cones interpapilares menos hiperplasiados,
há um infiltrado inflamatório linfohistiocitário moderado, ainda proeminentes , correspondendo ao aspecto pre-
com a presença de melanófagos, além de proliferação dominante da rede pigmentada . Na derme , observam-
fibrosa (x 100). -se melanófagos de permeio a um infiltrado inflamatório
à direita , correspondendo à área central da lesão. Nevo
melanocítico juncional/lentigo ("jentigo") (H &E x 1 00).
117
Lesõ es Melanocíticas Benignas
118
Lesões Melanocíti cas Ben ign as
119
Lesões Melanocíticas Ben ignas
120
CAPÍTULO 9 Mapeamento Corporal Total,
Acompanhamento das
Lesões Melanocíticas e
Laudo Dermatoscópico
Francisco Macedo Paschoal
'
Fig. 9 .1 o Comparação de fotografias panorâmicas do tronco anterior. Paciente com 22 anos de idade na pri-
meira avaliação. O intervalo de seguimento foi de 20 meses. Notam-se aumento do tamanho de lesão pigmentada
localizada no hipocôndrio direito e o desaparecimento completo de lesão na região supramamária esquerda .
123
Mapeamento Corporal Tota l, Acompanhamento das Lesões Melanocíticas . ..
Fig. 9.2 O Comparação das imagens dermatoscópicas da lesão no hipocôndrio direito assinalada na Fig . 9.1 (au-
mento de 20x). Observam-se alterações dermatoscópicas fortemente significativas (padrão IV) . EDT = 3 ,8 na pri-
meira avaliação e 5 .6 na segunda avaliação . A lesão tornou-se assimétrica nos 2 eixos e ocorreu o aparecimento
de área de tonalidade cinza-escura . Detalhe dos glóbulos periféricos presentes na primeira avaliação . predizendo
a expansão . Diagnóstico histopatológico de nevo melanocít ico atípico .
mentação, sem alteração do tamanho e da arqui- Foi considerada como lesão inalterada do ponto
tetura, possivelmente relacionado com variações de vista dermatoscópico aquela cujo escore der-
sazonais devidas ao estímulo solar; e tipo 2, au- matoscópico manteve-se igual nas 2 avaliações
mento de tamanho e variação na arquitetura, pro- (padrão I) (Fig. 9.3). Qyando ocorreram variações
vavelmente relacionado com a progressão da lesão. no escore, porém dentro da faixa de benignidade,
O padrão de modificação observado à dermatos- foram consideradas como alterações dermatoscó-
copia poderia estar relacionado com a natureza da picas não significativas (padrão li) (Fig. 9.4) . A
lesão pigmentada. A diferença sazonal do aspecto mudança de escore da banda inferior a 4, 7 para
dermatoscópico, principalmente a associada à ex- a intermediária foi considerada como alterações
posição ao sol, pode cursar com alterações mor- dermatoscópicas significativas (padrão lii) (Fig.
fológicas, tipo alargamento e proeminência da 9.5), e as variações de escore com mudança para
rede pigmentar, aumento do número e do tama- a banda superior (>5,4), juntamente com o sur-
nho dos pontos pretos, com di tribuição irregu- gimento de estruturas dermatoscópicas sugestivas
lar e periférica, e despigmentação também peri- de melanoma, foram consideradas como alterações
fé rica.6 A observação de anel periférico form ado dermatoscópicas altamente significativas de mela-
por glóbulos marrons corresponde a um aspecto noma (padrão IV ) (Fig. 9.6). D o total de nevos
dermatoscópico comum dos nevos em expansão. 7 melanocíticos monitorados, 95% apresentaram
Em um estudo observacional, 8 não controlado e padrões I e li de alterações dermatoscópicas, 4,3%
retrospectivo de prontuários e banco de imagens foram classificados como padrão Ili de alterações
digital de 34 pacientes portadores de 460 nevos dermatoscópicas e menos de 1% apresentou alte-
melanocíticos monitorados por um intervalo de rações dermatoscópicas altamente significativas
tempo que variou de 9-94 meses, foram estabe- de melanoma (padrão IV).
lecidos 4 padrões dermatoscópicos de comporta- O s padrões de modificações observados no
mento evolutivo, tendo como referência a regra melanoma inicial 9 são: crescimento foc al asso-
do ABC D dermatoscópico (Nachbar et al., 1994). ciado à mudança na forma e o surgi mento de
124
Mapeamento Corporal Total, Acompanhamento das Lesões Melanocít icas ...
Fig. 9.3 o Lesão melanocítica cujo padrão dermatoscópico manteve-se inalterado durante intervalo de seguimen-
to de 14 meses [padrão 1) . EDT = 3 , 8 . Assimetria em um eixo [A 1) não apresenta interrupção abrupta periférica
da rede pigmentar (BO); observam-se 2 tons de cores (marrom-claro e marrom-escuro- C2) e 3 estruturas (rede
pigmentar. estrias e área amorfa- 03) .
Fig. 9.4 o Lesão melanocítica com alterações não significativas do padrão dermatoscópico (padrão 11) após um
período de seguimento de 34 meses. Destaca-se a presença de pontos periféricos na primeira avaliação (padrão
que sugere nevo em expansão) . EDT = 3 ,3 na primeira avaliação e 3 ,8 na segunda avaliação (aparecimento de
rede pigmentar).
estruturas dermatoscópicas altamente específicas ral total são os principais sinais de alerta a serem
do melanoma (pontos pretos distribuídos irregu- considerados na suspeita diagnóstica do mela-
larmente, pseudópodes, rede pigmentar irregular noma. As vantagens do monitoramento seriam
e proeminente) (Figs. 9.7 e 9.8). Todavia, o me- o aumento da especificidade diagnóstica de me-
lanoma pode vir a manifestar apenas alterações lanomas iniciais e a redução do número de bióp-
estruturais sem crescimento. A evolução derma- sias de lesões benignas. Partindo da suposição de
toscópica não uniforme e o crescimento de uma que todo melanoma irá mudar durante o período
lesão suspeita documentado na fotografia corpo- de monitoramento, a dermatoscopia digital seria
125
Mapeamento Corporal Tota l, Acompanhamento das Lesões Melanocíticas ...
Fig . 9 .5 o Lesão melanocítica com alterações significativas do padrão dermatoscópico (padrão 111) após um perío-
do de seguimento de 27 meses. Apesar da simetria , nota-se a mudança substancial das estruturas dermatoscó-
picas . EDT = 3 ,3 na primeira avaliação= 3 ,3 e 4,8 na segunda avaliação . Apesar da expansão simétrica quando
comparado ao formato da lesão na primeira avaliação, ocorreu o aparecimento de 1 tom a mais de cor e 2 novas
estruturas (estrias e pontos). Diagnóstico histopatológico de nevo melanocítico atípico .
Fig. 9 .6 O Lesão melanocítica com alterações fortemente significativas do padrão dermatoscópico (padrão IV)
após um período de seguimento de 32 meses. Acentuação da assimetria e aparecimento de estrias ramificadas
(estrutura com alta especificidade para o diagnóstico de nevo melanocítico atípico e melanoma) . EDT = 3 ,8 na
primeira avaliação e 5,6 na segunda avaliação. A lesão tornou-se assimétrica nos 2 eixos, apareceu 1 tom a mais
de cor (marrom-escuro) e 2 novas estruturas (estrias e pontos) . Diagnóstico histopatológico de nevo melanocítico
atípico .
126
Mapeamento Corporal Total, Acompanhamento das Lesões Melanocít icas .. .
Fig. 9 . 7 O Lesão pigmentada localizada no ombro direito. Paciente masculino , 50 anos de idade, portador de
múltiplos nevas, antecedente pessoal de exérese de nevo atípico e antecedente familiar (de primeiro grau)
de melanoma cutâneo . Observa-se crescimento das lesão após 5 anos da primeira avaliação.
1 27
Mapeamento Corporal Total, Acompanhamento das Lesões Melanocíticas ...
dado). Características dermatoscópicas rele- computerized acquisition and surveillance unir with a
vantes de diferenciação entre os dois maiores skin surface microscopic television camera.]AmAcad
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128
CAPÍTULO 10 Melanoma
129
Melanoma
Melanoma tipo Mesmo aspecto encontrado no lentigo maligno in sitJJ descrito Pseudocistos córneos , áreas
lentigo maligno acima, acrescido de mais áreas amorfas irregularmente castanho-claras semelhantes
pigmentadas, véu cinza-azulado , glóbulos castanho-escuros e a impressões digitais ou
cinza-azulados, pseudópodes e estrias radiadas na periferia da cerebriformes , criptas ou
lesão, áreas esbranquiçadas de regressão e áreas vermelhcr fendas , áreas amorfas
-leitosas. castanhas , corpos ovoides.
Melanoma acral Padrão em cristas paralelas, obstrução dos óstios das Padrão em sulcos paralelos ou
palmoplantar glândulas écrinas, áreas difusas de hiperpigmentação treliça , simetria da lesão
castanho-escura ou enegrecida , véu cinza-azulado , bordas
abruptas, pontos escuros na periferia de distribuição
irregular, glóbulos irregulares.
Melanoma Aparência de lentigo com rede irregular sobre área de Pseudocistos córneos .
desmoplásico aspecto esbranquiçado , fibroso .
Melanoma Ausência de rede e estruturas pigmentadas com presença Pseudocistos córneos , vasos
amelanótico de vasos puntiformes lineares irregulares ou em grampo em vírgula distribuídos de
de cabelo distribuídos irregularmente na borda da lesão , forma regular, pigmentação
vasos arboriformes curtos , áreas avermelhadas simétrica, múltiplos pontos
e/ou esbranquiçadas , glóbulos vermelhcrleitosos ou marrons.
cinza-azulados irregulares, ulceração.
Melanoma fino Presença de rede pigmentada e ausência de áreas cinza- Pseudocistos córneos , rede
-azuladas e de padrão vascular atípico . Áreas homogêneas pigmentada regular, simetria .
castanho-claras .
Melanoma Pelo menos 1 dos critérios : estrias radiadas , Pseudocistos córneos , rede
pequeno e pseudópodes, véu cinza-azulado ou esbranquiçado, regular, simetria.
micromelanoma rede espessa e irregular, glóbulo cinza-azulado , pontos
vermelhos em fundo vermelhcrleitoso .
130
Melanoma
Fino= 100%
ACAJPVA Ausentes
Fino= 81%
ACAJPVA Ausentes
M. Fino c/ Nevo Remanescente
(raro)
Melanoma
Nodular
Fino = 6%
Inter. = 44% Diâmetro < 15 mm
Esp. = 50% Não Indicativo
ACA e/ou PVA
Fino= 3%
Fig. 10.2 D ACA =Área Cinza-Azulada ; Melanoma > 0,75 mm = 97%
PVA = Padrão Vascular Atípico . Melano- Diâmetro> 15 mm
ma: Fino= < 0 ,76 mm, Inter.= 0,76 - Fino = 10%
1 ,5 mm (intermediário) , Esp .= >1 ,5 mm Inter. = 20%
(espesso). Esp. = 70%
131
Melanoma
132
Melanoma
e pessura nos casos com au ência de angiogênese na junção com a epiderme e na derme contendo
até 4,01 mm nos casos de angiogêne e proeminen- pouco pigmento. 2 •3 •20•21
te (P<0,00005). 19 Braun et a/., em 2007, chamaram a atenção
Esses dados vêm ao encontro dos achados de para a pre ença de múltipos pontos cinza-azulado ,
Argenziano, correlacionando a presença de padrão característica dermato cópica denominada granu-
vascular atípico (pontos, linhas, glóbulos vermelho laridade por esses autores. Concluíram que a pre-
leitosos) com melanomas mais espessos. 6 •7 sença de granularidade na periferia, irregularmen-
te distribuída e em as ociação à cores vermelha
e branca, foi estatisticamente significativa para o
• MELANOMA TIPO
diagnóstico de melanoma (p = <0,001). 22
OE DISSEMINAÇÃO
Lipoff et ai., em 2008, relataram que a presen-
SUPERFICIAL
ça de padrão dermatoscópico complexo, descrito
O aspecto clínico do melanoma tipo de dissemi- como sendo a associação de rede e glóbulos, com
nação superficial é bastante variado, podendo iniciar- ou sem a presença de áreas sem e trutura , foi mais
- e como uma tênue mancha acastanhada irregular, frequente em pacientes com melanoma que em
adquirindo tonalidades diferentes, do castanho ao controles (P = 0,003, OR = 2,3), enquanto a pre-
preto, avermelhado ou cinza-azulado. Apresentam ença de ponto foi inversamente associada a esse
com frequência áreas esbranquiçadas. Em geral, são resultado (P = 0,002, OR= 0,5) 23 (Fig . 10.1 e 10.3
di eretamente elevados, palpáveis, com borda arei- a 10.21).
formes irregulares, podendo ocorrer áreas de cresci-
mento vertical, com pápulas, nódulos e ulcerações. • MELANOMA NOOULAR
Dessa forma, à dermatoscopia, o melanoma
Clinicamente, possui aspecto nodular, globoso,
tipo de disseminação superficial caracteriza-se pelo
pediculado ou não. Sua coloração é negra ou aver-
polimorfismo, correspondendo ao padrão de mul- melhada, contudo pode ser amelanótico, podendo
ticomponente e assimetria: rede pigmentada irre- ser facilmente confundido com tumores globosos,
gular e proeminente (pigmento na camada basal da como granuloma piogênico, hemangioma, angio-
epiderme), com áreas de interrupção abrupta; pon- ceratoma, nevo azul, poroma écrino e basocelular
tos pretos na periferia (melanina na camada cór- pigmentado.
nea); glóbulos pretos, castanhos ou cinza-azulados Ao exame dermatoscópico, o glóbulo po-
(ninhos de células pigmentadas na camada córnea, dem ser pequeno ou grandes, castanho , cinza,
na epiderme ou na derme) de tamanhos variado cinza-azulados, azuis, preto , vermelho-leito os ou
e distribuídos aleatoriamente; áreas de coloração amelanóticos. A rede pigmentada torna- e obscu-
densa, hipercrômicas, cinza-azuladas ou pretas, recida pela pigmentação difusa escura e pode ser
irregulares (acúmulo de pigmento nas células da observada somente na periferia, em geral irregu-
epiderme e/ou derme); estrias radiadas e pseudó- lar e proeminente. Pontos pretos podem ser vi to
podes distribuídos de maneira irregular (caracte- na periferia. O!Iando pequenos, de cor uniforme,
rizam a fase de crescimento radial do melanoma), enegrecidos ou às vezes com pouco pigmento, po-
áreas irregulares de regre são, com sinal da pimen- dem ter um TPD baixo, sendo necessária atenção
ta, pontos ou linhas vermelhas. O padrão va cular a detalhes sutis de critérios dermatoscópicos e va-
atípico inclui os glóbulos vermelhos leitosos, o lorizar elementos como glóbulos cinza-azulados ou
vasos puntiformes e os vasos lineares irregulares. vermelho-leitosos e padrão vascular atípico. Áreas
O!Iando presentes, os glóbulos vermelho leitosos de regressão são menos frequentes 2 •3 •20•21 •23 (Fígs.
significam a neova cularização de ma a tumorais 10.22 a 10.26).
133
Melanoma
A A1
Fig. 10.3 O A. Lesão pigmentada plana, castanha , medindo 6 mm no seu maior eixo, localizada na região lom-
bar à esquerda, em paciente de 34 anos, do sexo feminino, com hábito de exposição solar frequente . Há sete
anos, a lesão atual não existia (A 1 ). 8 . Rede pigmentada irregular, com áreas de pigmento escuro na periferia,
áreas claras irregularmente distribuídas, área amorfa excêntrica, com pigmentos castanho-escuro e preto, de
distribuição irregular. Nota-se assimetria em dois eixos (x 1 0) . C. Proliferação melanocítica atípica, confluente nas
camadas inferiores da epiderme e ocupando difusamente os cones interpapilares. Na derme papilar, há neopro-
liferação vascular e pequeno infiltrado inflamatório linfo-histiocitário com melanófagos. Melanoma in situ, tipo de
disseminação superficial. (H&E x 100).
134
Melanoma
Fig. 10.4 O A. Lesão pigmentada plana, castanha, irregular, medindo 4 x 7 mm, em paciente do sexo masculino,
de 66 anos de idade, localizada na região escapular esquerda . B . Padrão de múltiplos componentes, notando-se
rede irregular, várias cores , do castanho-claro ao castanho-escuro e preto, com véu cinza-azulado discreto , sobre
área amorfa na parte superior esquerda da lesão e sobre a área amorfa preta no terço inferior da lesão . Áreas
esbranquiçadas irregulares, estrias ramificadas , pontos e glóbulos castanhos e escuros, irregularmente distribuí-
dos [x1 0) . C. Proliferação melanocítica atípica confluente em todas as camadas da epiderme . Na derme papilar,
há moderado infiltrado inflamatório linfo-histiocitário com melanófagos. Melanoma in situ tipo de disseminação
superficial [H&E x1 00).
B c
Fig. 10.5 O A. Lesão pigmentada plana , de cor castanho-escura , localizada na região lombar à esquerda , me-
dindo 7 x 4 mm, em paciente feminina de 67 anos. B . Padrão global multicomponentes, observando-se rede
pigmentada irregular, estrias ramificadas , irregulares, pontos e glóbulos pretos e castanhos irregularmente dis-
tribuídos , área amorfa excêntrica , estendendo-se à periferia da lesão (x1 0). C. Proliferação melanocítica atípica
ocupando a junção dermoepidérmica e a derme papilar. Melanoma tipo de disseminação superficial [nível de Clark
= 11; espessura de Breslow = 0 ,21 mm) . [H&E x40) .
135
Melanoma
Fig. 10.6 O A. Lesão pigmentada no pescoço , à direita , medindo 6 x 4 mm , com área acrômica central , em
paciente do sexo masculino, com 55 anos de idade , que relata modificação há seis meses, com "perda" da área
central da lesão. B. Área de pigmentação densa , preta , contendo glóbulos agrupados irregularmente, circun-
dando área esbranquiçada correspondente a fenômeno de regressão parcial [x1 0) . [TPO = 7 ,7) . C. Proliferação
melanocítica atípica nas camadas inferiores da epiderme , distribuídas como células isoladas e formando peque-
nos grupamentos celulares irregulares, um deles estendendo-se para a derme papilar, em que é circundado por
neoproliferação vascular e reação inflamatória mono nuclear com presença de melanófagos [H&E x1 00) . D. Área
correspondente ao fenômeno de regressão parcial, com epiderme hiperceratótica , retificada. Na derme superior,
há extensa reação inflamatória mononuclear com melanófagos de permeio . Melanoma tipo de disseminação su-
perficial, com fenômeno de regressão parcial (nível de Clark = 11 ; espessura de Breslow = 0 ,23 mm) .
Fig. 10.7 O A. Paciente do sexo feminino , 58 anos, com lesão tumoral assimétrica na região interescapular, des-
coberta em exame físico , constituída por uma porção arredondada papulosa , clara eritematosa , e logo abaixo uma
estreita faixa de coloração cinza unindo-se à parte inferior plana , castanho-escura , irregular, medindo 15 x 1O mm.
B. Na parte superior da lesão, observa-se padrão sem estrutura , hipomelanótico , castanhCH::Iaro e eritematoso, e
padrão vascular atípico com pontos e pequenos glóbulos eritematosos. Na zona intermediária , há múltiplos pontos
cinza-azulados, véu branco , em continuidade com área esbranquiçada periférica característica de fenômeno de re-
gressão . Na porção inferior da figura , observa-se padrão vascular atípico, pontos e glóbulos castanhos e vermelhos ,
eritema, zonas homogêneas de concentração de pigmento castanho e estrias ramificadas na periferia (x 10). [TPD
= 7,1 ). C. Na histopatologia , observam-se numerosos ninhos de melanocíticos atípicos na epiderme, com microinva-
são da derme papilar e extensa área de fibroplasia na derme permeada por vasos neoformados tortuosos . Nota-se
ocupação do epitélio anexial pela proliferação melanocítica . [H&E x40). Melanoma tipo de disseminação superficial
(nível de Clark = 11 ; espessura de Breslow = 0 ,25 mm).
136
Melanoma
A •
A
c
Fig . 10.8 O A. Paciente de 70 anos de idade, com
lesão castanha-escura/enegrecida , plana, medindo
25 x 19 mm , localizada junto à fúrcula esternal , as-
sintomática, evoluindo há vários anos [sic). B. Padrão
de múltiplos componentes , com véu esbranquiçado dis-
creto . acentuada variação de cores com a presença
de áreas de concentração de pigmento preto ao casta-
nho-claro. rede pigmentada irregular, estrias ramifica- Fig. 10.9 o A. Lesão pigmentada plana , enegrecida ,
das na periferia, glóbulos irregularmente distribuídos, medindo 5 mm de diâmetro, com bordas irregulares.
áreas esbranquiçadas e de aspecto cicatricial , múlti- evoluindo há cerca de um ano , na região periumbili-
plas e irregulares, áreas cinza-azuladas . Há pequenas cal , a partir do tamanho de um ponto, em paciente do
áreas ou pontos hemorrágicos em área esbranquiçada sexo feminino . de 42 anos de idade. B. Glóbulos cinza-
na região central superior e padrão vascular atípico, na -azulados de variados tamanhos, em meio a fissuras
parte inferior esquerda da figura (x 1 0) . [TPO = 7 ,9) . ou criptas , observando-se a presença de pseudocistos
C. Proliferação melanocítica atípica, hiperpigmentada . córneos e estrias ramificadas na periferia (x 1 0). C.
na epiderme com desorganização da arquitetura dos Proliferação melanocítica com formação de numero-
cones interpapilares. À direita do corte , nota-se área sos ninhos de células atípicas nas camadas inferiores
sugestiva de fenômeno de regressão com retificação da epiderme e estendendo-se à derme papilar. onde
da epiderme e, na derme. presença de melanófagos , também se observam numerosos melanófagos e capi-
fibroplasia e capilares neoformados . Melanoma tipo de lares neoformados ("melanose"). [H&E x100). Melano-
disseminação superficial (nível de Clark = 11 ; espessura ma tipo de disseminação superficial (nível de Clark = 11 ;
de Breslow = 0,23 mm). [H&E x 100). espessura de Breslow = O. 24 mm).
137
Melanoma
A B
Fig . 10.10 o A. Lesão pigmentada irregularmente na região dorsal interescapular, palpável sobre a superfície
cutãnea, em paciente feminina de 57 anos , medindo 13 x 9 mm , com aumento progressivo de tamanho e alte-
ração de coloração observados há cerca de 1 O meses (sic] . B. Padrão de múltiplos componentes, observando-se
exuberantes pseudópodes no pala superior da lesão, distribuição irregular de pigmento com variação de cores do
castanho-claro ao preto, presença de véu cinza-azulado, áreas esbranquiçadas irregulares, sugestivas de fenômeno
de regressão . Notam-se estrias ramificadas , pontos e glóbulos e áreas amorfas irregularmente distribuídos (x 10).
C. Proliferação melanocítica atípica ocupando a epiderme, a derme papilar e estendendo-se focalmente à derme
reticular. Notam-se extensa reação inflamatória mononuclear, grupos de melanófagos e vasos proeminentes e tor-
tuosos . C1 -detalhe de área sugestiva de fenômeno de regressão com adelgamento da epiderme, proliferação me-
lanocítica menos exuberante , fibrose, infiltrado inflamatório e ectasia vascular na derme [H&E- C x 100; C1 x40).
Melanoma tipo de disseminação superficial (nível de Clark = 111 ; espessura de Breslow = 0 ,32 mm).
138
Melanoma
A B
Fig. 10.11 O A. Paciente de 47 anos, com lesão preta. de centro castanho , elevado, localizada na região supraesc&
pular à direita da linha média . Relata exposição solar abusiva na faixa dos vinte aos trinta anos de vida e modificação do
nevo há cerca de cinco meses, com aparecimento de halo enegrecido (sic). 8 . Área central de pigmentação castanh&
-clara, sem estrutura, com estrias ramificadas irregulares e largas, circundada por intensa concentração de pigmento
de coloração cinz&azulada a preta, com a presença de glóbulos cinza-azulados a castanhos irregularmente distribuídos
e alguns pseudópodes na periferia . As áreas arredondadas claras irregularmente distribuídas representam aberturas
foliculares. No pala inferior da lesão há contiguidade com ceratose seborreica plana, com área castanha-clara sem
estrutura contendo pseudocomedões (x1 0). (TPO = 7,4). C. Notam-se hiperceratose, hiperplasia da epiderme com
ninhos melanocíticos atípicos, hiperpigmentados, invadindo a derme reticular. Not&se o nevo que representa a parte
elevada mais clara da lesão. Á direita, na foto , observ&se o nevo melanocítico intradérmico (porção mais elevada e
menos pigmentada da lesão) em contiguidade com ninhos de melanócitos atípicos na junção dermoepidérmica e na
derme correspondendo ao melanoma (à esquerda na foto) (H&E x40). Melanoma tipo de disseminação superficial
(nivel de Clark = IV; espessura de Breslow = 0,41 mm), associada a nevo melanocítico.
B c
Fig . 10.12 O A. Lesão pigmentada, enegrecida , irregular, papulosa , localizada na região dorsal de paciente do
sexo masculino de 32 anos de idade , com crescimento em cerca de um ano e meio. 8 . Padrão de múltiplos com-
ponentes , rede irregular e alargada , presença de pseudópodes no pala superior da lesão , coloração variada do
castanho ao preto e cinza-azulado , áreas amorfas escuras e esbranquiçada , véu esbranquiçado e cinza-azulado ,
glóbulos irregularmente distribuídos, de tamanho e coloração variada (x 1 0). C. Proliferação melanocítica atípica
ocupando a epiderme e preenchendo toda a derme papilar. À direita , nota-se a ocupação do epitélio parede fo-
licular por células melanocíticas atípicas hiperpigmentadas. Na derme reticular, há pequena reação inflamatória
mononuclear perivascular (H&E x40) .
139
Melanoma
Fig . 10.13 O A. Lesão papulosa , pigmentada irre- Fig . 10.14 O A. Lesão pigmentada papulosa, de colo-
gularmente, com área central mais escura , medindo ração castanho-escura a negra , periumbilical , medindo
10 x 7,5 mm, localizada na região poplítea esquerda , 17 x 14 mm, com vários anos de evolução ("desde a
em paciente feminina de 35 anos. B. Padrão múltiplos infância"), em paciente do sexo masculino de 69 anos.
componentes , com a presença de véu cinza-azulado, B. Véu cinza-azulado , padrão múltiplos componentes ,
pseudópodes, estrias ramificadas periféricas, áreas coloração variada do castanho ao preto e cinza-azulado ,
amorfas de coloração variada do castanho ao preto , rede pigmentada irregular e espessada, múltiplas áreas
glóbulos castanhos , pretos e cinza-azulados, assime- amorfas de coloração variada , área amorfa cinza na pe-
tria em dois eixos (x1 0) . C. Proliferação melanocíti- riferia da lesão, glóbulos pigmentados de variados tama-
ca atípica ocupando a epiderme e preenchendo toda nhos irregularmente distribuídos (x 1 0). C. Proliferação
a derme papilar, onde se observam também extensa melanocítica atípica comprometendo desde a epiderme
reação inflamatória mononuclear e numerosos mela- até a derme reticular. Entre os ninhos de células neoplá-
nófagos (H&E x40) . Melanoma tipo de disseminação sicas há numerosos melanófagos (H&E x40).
superficial (nível de Clark = 111 ; espessura de Breslow =
0,47 mm) .
140
- - -- -
Melanoma
Fig. 10.15 O A. Lesão pigmentada no hemitórax esquerdo que, em cerca de um ano , sofreu "apagamento" na
área central. permanecendo as extremidades papulosas, de coloração castanha-escura e o centro hipocrômico
levemente acinzentado , medindo 24 x 15 mm, em paciente masculino de 30 anos. 8. As extremidades possuem
padrão de múltiplos componentes , com pseudópodes, véu cinza-azulado , áreas amorfas irregulares de concen-
tração de pigmento do castanho ao preto, pontos e glóbulos, presença de sinal da pimenta na periferia interna
que esmaece em direção ao centro da área de regressão que predomina na lesão, ocupando cerca de 60% da
mesma (x 10) . C. Extensa proliferação melanocítica atípica ocupando desde a epiderme até a derme reticular. Em
C1, observa-se a área sugestiva de regressão parcial, com ausência de proliferação melanocítica na epiderme
e fibrose dérmica com neoproliferação vascular, além de infiltrado inflamatório linfo-histiocitário moderado (H&E
x40) .
hispânica e a asiática. Esse tipo de melanoma ain- Ao exame dermatoscópico, nas áreas de cresci-
da não tem sido beneficiado com maiores índices mento radial, observa-se o padrão em cristas para-
de diagnóstico precoce, devido à sua localização, lelas, encontrado em 83% dos melanomas in situ e
o que acarreta demora na procura de atendimento em 94% dos melanomas invasivos, à custa de pro-
médico. 28 -30 liferação melanocítica atípica, contendo pigmento.
141
Melanoma
A B
c
Fig. 10.1 & O A. Paciente do sexo masculino , de 38
anos, com duas lesões tumorais papulosas enegreci-
das, de superfície mamilonada , localizadas na região
peitoral direita , separadas por uma estreita faixa de
pele aparentemente normal , com micropápulas sa-
télites. medindo o conjunto 20 x 15 mm, evoluindo
há cerca de três anos (sic) . B. Padrão multicompo-
nentes, observando-se o véu cinza-azulado recobrin-
do grandes áreas amorfas cinza-azuladas e escuras, Fig. 10.17 O A. Lesão papulosa , castanha, eritema-
glóbulos cinza-azulados . alguns deles com pontos de tosa , com centro elevado castanho-escuro e periferia
erosão , área amorfa central com múltiplos pontos castanha-clara , localizada na região dorsal, à direita da
e glóbulos castanhos , sinal de pimenta e ponto de linha média, em paciente feminina de 13 anos, com
ulceração , áreas esbranquiçadas irregulares [x 1 0) . evolução de dois anos, em relação a uma lesão névica
[TPO = 7 ,9) . C. Ocupação da epiderme hiperplásica preexistente . B. Rede pigmentada alargada na periferia,
e da derme superior por extensa proliferação mela- contendo áreas focais de hipocromia, em algumas de-
nocítica atípica , circundada por grande reação infla- las notando-se a presença de glóbulos castanhos . Véu
matória mononuclear contendo numerosos melanó- cinza-azulado central , sobre área de pigmentação irre-
fagos (H&E x40) . Melanoma tipo de disseminação gular, com pontos e pequenos glóbulos cinza-azulados
superficial (nível de Clark = IV; espessura de 8reslow (x10). C. Proliferação melanocítica com formação de
= 0,83 mm) . ninhos irregulares na epiderme e na derme compos-
tos por células atípicas (H&E x40) . Melanoma tipo de
disseminação superficial (nível de Clark = 111 ; espessura
de Breslow = 0 ,91 mm) associado a nevo melanocítico
composto (não representado na figura) .
Podem ainda ocorrer bordas abruptas, pontos escuros terísticas próprias da pele acral. Observam-se áreas
periféricos e hiperpigmentação difusa. 24•3 1 Nas lesões de regressão, padrão vascular atípico, áreas vermelho-
mais evoluídas, o padrão é polimórfico,como nos mela- -leitosas, áreas hipercrômicas bizarras e glóbulos irre-
nomas tipo de disseminação superficial, com as carac- gularmente distribuídos20.24.3 1 (Fí.gs. 10.37 e 10.38).
142
Melanoma
Fig . 10.18 o A. Paciente masculino de 42 anos, há 10 anos com "mancha nas costas que era escura por inteiro ,
mas há um ano e meio apresentou "manchas brancas no meio" e que "sangram quando coça". Ao exame clínico,
lesão melanocítica assimétrica, medindo 27 x 22 mm, localizada na região interescapular, multicolorida, com área
central plana , castanha com halo hipocrômico circundado por formações periféricas irregulares enegrecidas palpá-
veis sobre a superfície da pele . Notam-se área castanha irregular e ponto cinza-azulado excêntrico (seta]. B. Padrão
de múltiplos componentes , com grandes áreas amorfas castanhas no paio superior à direita contendo glóbulos de
tamanhos irregulares, cinza-azulados . Área esbranquiçada à esquerda e acima com uma formação cinza-azulada
homogênea arredondada , sugerindo micrometástase (seta), em meio à área de regressão . Na parte inferior da
lesão há pseudópodes periféricos, irregularmente distribuídos, áreas amorfas de coloração castanha variável , véu
cinza-azulado e esbranquiçado e glóbulos irregulares cinza-azulados (x10]. C. Proliferação melanocítica na epiderme
com formação de numerosos ninhos de tamanho variado contendo células atípicas hiperpigmentadas. Extenso infil-
trado inflamatório mononuclear com presença de melanófagos (H&E x40) . D. Área de epiderme retificada , infiltrado
inflamatório mononuclear, perivascular, focal , fibrose e capilares neoformados, sugestiva de fenômeno de regressão ,
contendo agrupamento nodular na derme reticular, constituído por células melanocíticas atípicas, medindo 1 ,2 mm
de diâmetro, correspondendo a uma micrometástase (H&E x40]. E. Cortes seriados da área da micrometástase
(0) evidenciam massa tumoral composta de células melanocíticas pigmentadas. Melanoma tipo de disseminação
superficial com micrometástase satélite em área de regressão (nível de Clark = IV; espessura de Breslow = 4 ,9
mm]. (H&E x40].
143
Melanoma
144
Melanoma
145
Melanoma
..
Fig. 10.21 O A. Paciente feminina de 49 anos, com lesão evoluindo na região dorsal a partir de uma "pinta" cen-
tral, há anos, expandindo-se de forma centrífuga (sic) , até atingir o tamanho de 56 x 60 mm, com bordas irregu-
lares, formato arredondado, cor variando do castanho ao azul e ao preto , com áreas esbranquiçadas de aspecto
cicatricial (fenômeno de regressão parcial) . B. Na periferia da lesão , verificamos estrias radiadas e numerosos
pseudópodes , pontos e glóbulos castanhos e negros , véu branco com múltiplos pontos cinza-azulados , extensa
área de regressão , padrão vascular atípico com eritema , pontos e glóbulos vermelhos , zonas azuis homogêneas
e áreas de concentração de pigmento escuro (x 10). (TPO = 8 ,9). C. Área central da lesão correspondendo à
porção mais elevada, com a presença de grandes glóbulos negros e castanho-escuros, circundados por área de
regressão com padrão vascular atípico , e sinal de pimenta . Há também zonas azuis homogêneas irregularmente
distribuídas e véu branco . O. Detalhe da porção periférica da lesão ilustrando ninhos celulares fusionados e alon-
gados na junção dermoepidérmica, correspondendo às estrias/pseudópodes. Na derme , observam-se células
atípicas hiperpigmentadas, numerosos melanófagos, infiltrado inflamatório linfo-histiocitário e vasos hiperplasia-
dos. Melanoma tipo de disseminação superficial (avaliação de nível de Clark e espessura de Breslow prejudicada)
(H&E x 100).
melanoma pode ser amelanótico, sendo que mais fre- o padrão vascular atípico, com pequenos pontos
quentemente ocorrem lentigos malignos, melanoma vermelhos, aleatoriamente distribuídos ou agru-
subungueais e desmoplásicos, com cerca de 25% do pados, linhas ou glóbulos vermelhos, em meio a
primeiros e 50% dos segundos amelanótico . Metás- um fundo claro, esbranquiçado ou rosa-averme-
tases amelanóticas com frequência surgem a partir de lhado, difuso. A presença de glóbulos vermelho-
um tumor primário pigmentado. "2· 46 -leitosos, bem como esboço de rede ou resíduos
Devido ao fato de conterem muito pouco ou sutis de pigmento na periferia, pode facilitar o
nenhum pigmento em suas células, os melano- diagnóstico. 47 - 49
mas hipomelanóticos ou amelanóticos não pos- deGiorgi et ai., em 2006, chamaram a atenção
suem as características habituais, descritas ante- para a ausência de rede e outras estruturas pigmen-
riormente, à dermatoscopia. Torna-se evidente tadas e para a presença de vasos puntiformes, li-
146
Melanoma
147
Melanoma
Fig. 10.24 O A. Paciente de 81 anos, do sexo masculino , com lesão tumoral escura , exofítica, angiomatosa ,
medindo 16 x 12 milímetros, com lesão lentiginosa ao lado , localizada no hemitórax esquerdo , ao lado do mami-
lo, com sangramento ocasional e evolução relatada de meses . B . A lesão lentiginosa associada possui rede pig-
mentada irregular, múltiplos pontos periféricos irregularmente distribuídos , áreas irregulares de concentração
de pigmentos castanho-escuro e preto , pequenos glóbulos castanhos e pretos , estrias ramificadas irregulares e
eritema de permeio . Esta lesão encontra-se interligada à lesão exofítica por uma área esbranquiçada . À direita
e acima observa-se a lesão de aspecto angiomatoso , com grandes glóbulos vermelho-leitosos acima e glóbulos
vermelho-escuros predominantes nesta área , com padrão vascular atípico, incluindo telangiectasias na área
esbranquiçada periférica (x 1 0) . C. Nesta área da lesão observam-se os glóbulos vermelhos leitosos ao centro
e acima , com zonas hemorrágicas e padrão vascular atípico . Na periferia predominam os glóbulos vermelhos
escuros de tamanho variado , alguns deles com tonalidade ligeiramente acastanhada acima à esquerda e abaixo
à direita (x 10). D. Proliferação de células melanocíticas atípicas ocupando a epiderme e a derme com delimi-
tação lateral por colarete epitelial e permeada por numerosos vasos capilares ectasiados . Melanoma nodular
(nível de Clark = IV; espessura de Breslow = 4 ,63 mm) [H&E x40) .
lesão) e levemente coloridas (castanho, azul-claro melanoma: múltiplos microcistos (mais de 3); pig-
ou cinza-claro ocupando mais de 25% da lesão, sem mentação simétrica; vasos em vírgula com distri-
a presença de cores escuras). Estudaram 105 me- buição regular e múltiplos pontos marrons. Foram
lanomas, 170 lesões pigmentadas benignas e 222 considerados fatores positivos a presença de des-
lesões não pigmentadas, estabelecendo um modelo pigmentação, vasos arboriformes pequenos, áreas
para distinguir o melanoma amelanótico das lesões semelhantes a folhas, ulceração, glóbulos cinza-
benignas com pouco ou nenhum pigmento. Foram -azulados distribuídos irregularmente, cor cinza e
considerados fatores de exclusão ou negativos para vasos de grande diâmetro 52 (Figs. 10.42 e 10.43).
148
Melanorna
Fig. 10.25 o A. Lesão nodular globosa, clara , com telangiectasias na superfície lisa , pedículo largo, circundado
parcialmente por pigmento irregular castanho e preto , medindo 15 milímetros de diâmetro , localizada na região
escapular direita , em paciente do sexo masculino, de 80 anos, com evolução de cerca de um ano, sangramento há
9 meses (sic] . B. A tumoração globosa é amelanótica à dermatoscopia , com padrão vascular constituído por vasos
delicados, finos, ramificados e lineares por toda a superfície da lesão. A base pigmentada, em meia-lua, tem padrão
de múltiplos componentes , com rede irregular e áreas amorfas irregulares de concentração de pigmento variando
do castanho ao preto (x 1 0]. C. Formação tumoral pediculada constituída por massa de células predominantemente
epitelioides ou arredondadas, atípicas, de citoplasma eosinofílico, núcleo vesiculoso, nucléolo evidente, com a pre-
sença de poucas figuras de mitose e escassa quantidade de pigmento melânico (H&E x40]. D. Parte superior da
lesão recoberta por epiderme retificada , notando-se a presença de vasos capilares ectasiados de permeio à massa
tu moral de células melanocíticas predominantemente de aspecto epitelioide (H&E x 100].
149
Melanoma
c
Fig. 10.26 O A. Lesão pigmentada nodular ulcerada de fundo granuloso vegetante e bordas bem delimitadas,
localizada no ombro direito de paciente do sexo masculino de 51 anos que trabalhava ao sol. Evolução de pelo
menos um ano , com crescimento progressivo. Gânglio palpável na axila direita. B. Na área central da lesão pre-
dominavam os glóbulos vermelhos-leitosos, observados à direita na figura , de variados tamanhos, recobertos
parcialmente por véu esbranquiçado , com padrão vascular atípico constituído por vasos finos ramificados . Áreas
de hemorragia acima e à direita . Borda pigmentada à esquerda , delimitando a lesâo com interrupção abrupta de
pigmento , presença de véu cinza-azulado e esbranquiçado, áreas amorfas, fendas ou criptas expondo pigmento
preto ou castanho (x 10) . C. Proliferação de células melanocíticas atípicas ocupando a derme em toda a sua ex-
tensão, constituída por células fusiformes e epitelioides, muitas delas contendo pigmento, formando uma massa
compacta , percorrida por vasos capilares ectasiados, mais calibrosos na base da lesâo . Melanoma nodular (nível
de Clark = IV; espessura de Breslow = 5 ,12 mm). (H&E x40).
150
Melanoma
151
Melanoma
152
Melanoma
152
Melanoma
Fig. 10.32 O A. Lesão pigmentada. enegrecida, plana, sobre cicatriz de sarcoidose, na face à esquerda, medindo 2
x 5 mm, em paciente feminina de 41 anos. B. Pigmentação cinza-azulada e enegrecida irregular. com óstios foliculares
assimétricos, presença de pontos castanhos e glóbulos cinza-azulados e castanhos. Nota-se ainda padrão vascular
com pontos vermelhos e vasos lineares (x10). [TPO = 7,1 ). C. Proliferação de melanócitos atípicos distribuídos irregu-
larmente na epiderme, no infundíbulo folicular e na derme papilar. Há presença de melanófagos. acentuado infiltrado
inflamatório linfocitário e ectasia vascular. Notar hiperceratose, acantose e hipergranulose sobrepostas à área de
pigmento intradérmico [véu cinza-azulado) (x100). Melanoma tipo lentigo maligno (nível de Clark = 11; espessura de
Breslow = 0,15 mm) (x100).
melanocíticos que podem adquirir abruptamente podemos incluir ceratoses seborreicas pigmentadas,
um halo pigmentado após trauma, nevos modifica- irritadas ou não, melanoacantomas, ceratoses actí-
dos por exposição solar ou alterados por condições nicas pigmentadas, dermatofibroma aneurismático,
hormonais ou quimioterapia. No segundo grupo, tumores anexiais como o poroma ou o porocarcino-
153
Melanoma
A
A
c
Fig. 10.33 D A. Mancha lentiginosa , de pigmentação
castanho-escura e enegrecida . irregular. acometendo a
Fig. 10.34 D A. Mácula irregular. extensa . de co-
borda ciliar da pálpebra inferior e estendendo-se à con-
juntiva do tarso. com evolução de cerca de um ano e loração variando do castanho-claro ao preto. esten-
crescimento progressivo. em paciente feminina de 34 dendo-se da região temporal à zigomática esquerda,
anos. B. Rede pigmentada irregular com estrias rami- com crescimento progressivo ao longo de dois anos,
à esquerda e abaixo na ilustração . Na porção
em paciente do sexo fel'!linino de 77 anos, com pele
med1a, observa-se concentração de pigmento negro ao elastótica, actínica . B. Areas irregulares de concen-
redor e invadindo os óstios foliculares da borda ciliar, tração de pigmentos castanho e preto. entremeadas
com véu cinza-azulado e esbranquiçado . Há eritema à pela pseudorrede da face, com obliteração dos ás-
direita e padrão ramificado e linear na porção superior tios foliculares formando as estruturas romboides,
da figura, eritema difuso e sinal da pimenta em meio a presença de véu cinza-azulado na parte inferior da
pigmento granuloso grosseiro. Padrão global de múlti- figura. numerosos pontos e pequenos glóbulos cas-
plos componentes (x 10). tanhos irregularmente distribuídos por toda a lesão.
Há ainda de permeio áreas hipocrômicas irregulares,
sugestivas de regressão (x1 0). C. Corte histológico
correspondente à parte inferior da lesão, com prolife-
ma, angioceratomas, hemangioma trombosados, ração melanocítica contínua em toda a camada basal
carcinomas basocelulares pigmentados ou verrugas da epiderme. formando numerosos ninhos coalescen-
inflamadas. Embora os critérios dermatoscópicos tes de células atípicas pigmentadas e ocupando toda
a derme papilar. Na derme. há pigmento dentro e fora
tenham sido cuidadosamente descritos para orien- dos macrófagos, ectasia vascular e um moderado in-
tar a diferenciação entre lesões melanocíticas e não filtrado inflamatório, além de acentuada degeneração
basofílica do colágeno . Melanoma tipo lentigo malig-
melanocíticas, alguns aspectos podem parecer con-
no (nível de Clark = 111; espessura de Breslow = 0,25
fusos quando presentes na mesma lesão. De forma mm) . (H&E x100).
inversa, existem melanomas que podem conter ele-
154
Melanoma
A c
155
Melanoma
Fig . 10.36 D A. Mácula enegrecida lentiginosa, localizada no sulco nasolabial de paciente do sexo feminino de 74
anos, evoluindo durante quatro anos a partir de um lentigo de coloração castanha , com escurecimento e cresci-
mento progressivo , apresentando formação nodular central há cerca de dois meses (sic). B. O véu cinza-azulado
recobre toda a área de concentração de pigmento preto com obliteração intensa dos óstios foliculares, notando-se
os pseudocomedões correspondentes . Na área central , uma massa globosa uniforme, compacta de pigmento pre-
to recoberta por véu cinza-azulado . Na periferia da lesão, à esquerda, observa-se pigmento castanho irregular em
meio a óstios foliculares irregulares, alguns ainda preservados (x 10). C. Neoplasia de aspecto nodular, delimitada
por colarete epidérmico, constituída por massa compacta de células melanociticas atípicas, pigmentadas, com
vasos capilares ectasiados na base [H&E x40) . D, E. Zonas adjacentes a [C) evidenciando a extensa proliferação
melanocitica intraepidérmica , dérmica e também no infundíbulo folicular, correspondendo à imagem dermatoscópi-
ca. Melanoma tipo lentigo maligno, com área de crescimento nodular (nível de Clark = IV; espessura de Breslow =
B mm) . [H&E x40).
156
Melanoma
o
Fig. 10.37 D A. Lesão pigmentada irregular, na região plantar direita , plana, assintomática, com evolução
de anos (sic). em paciente do sexo masculino , com 68 anos. B. Padrão de múltiplos componentes , com véu
branco , perda do padrão em linhas paralelas, característico da região plantar, acentuada variabilidade de pig-
mentação , do castanho-claro ao negro , com áreas de concentração irregulares , presença de múltiplas áreas
esbranquiçadas de aspecto cicatricial , pontos e glóbulos castanhos, cinza-azulados (x 1 0) . (TPO= 8 ,1 ). C. Hi-
perceratose , hipergranulose e acantose irregular com pigmento melânico difusamente distribuído na camada
córnea . Na junção dermoepidérmica, há extensa proliferação contínua de células melanocíticas hiperpigmenta-
das . Melanoma in situ tipo acrolentiginoso [H&E x40) . D. Detalhe da figura anterior, observando-se o aspecto
dendrítico das células melanociticas proliferadas na junção dermoepidérmica [H&E x400) .
Fig. 10.38 D A. Lesão pigmentada plana , presente há vários anos, em paciente masculino de 40 anos, medindo
5 x 4 mm, apresentando crescimento há cerca de um ano. B. Área de transição entre a pele do dorso do pé e a
plantar, observando-se o padrão de treliça irregular, com áreas irregulares de concentração de pigmento, na peri-
feria, e glóbulos cinza-azulados de tamanho variado no centro e excêntricos. Presença de pseudocistos córneos e
estrias ramificadas (x10) . C. Proliferação de células melanocíticas atípicas na epiderme, como células isoladas e
formando ninhos irregulares, e também na derme papilar, focalmente, em meio a acentuado infiltrado inflamatório ,
melanófagos e ectasia vascular [H&E x40). D. Detalhe da microinvasão dérmica. Os ninhos de células melanocíticas
pigmentadas correlacionam-se com os glóbulos cinza-azulados . Melanoma tipo acrolentiginoso (nível de Clark = 11 ;
espessura de 8reslow =O, 15 mm) . [H&E x100).
157
Melanoma
...--
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B
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Fig. 10.39 O A. Paciente masculino , cor parda, 32 anos, com faixa pigmentada no terceiro dedo da mão esquer-
da, medindo 3 mm de largura, com crescimento progressivo nos últimos 4 meses (sic). Ausência da extensão do
pigmento para a dobra ungueal proximal ou para a extremidade distai do dedo afetado. B. Nota-se barramento das
linhas paralelas longitudinais, coloração castanha-escura , preta e cinza-azulada . Ausência de pigmento na dobra
ungueal proximal (sinal de Hutchinson negativo) (x1 0). C. Proliferação de células melanocíticas atípicas, predomi-
nantemente nas camadas inferiores do leito ungueal e distribuição irregular do pigmento melânico intraepitelial.
Melanoma in situ, subungueal (H&E x 100).
Fig . 10.40 O A. Faixa hiperpigmentada na lâmina ungueal do hálux direito , em paciente de 57 anos do sexo
masculino, com crescimento progressivo, medindo 3 mm de largura . Ausência de pigmento na pele da dobra
ungueal proximal e no hiponíquio. B. Coloração castanha-escura e cinza-azulada , com apagamento das linhas
paralelas longitudinais. Sinal de Hutchinson negativo (x 1O) C. Oermatoscopia peroperatória demonstrando áreas
amorfas de pigmento castanho-claro junto à dobra ungueal proximal (estrelas) e estrias longitudinais paralelas ,
com pigmento castanho de permeio, com a presença de um glóbulo na extremidade de uma das estrias (setas).
A coloração castanha indica pigmento intraepitelial. Melanoma in situ, subungueal (x1 0) . D. Proliferação intraepi-
telial de células melanocíticas atípicas , com distribuição confluente e comprometendo diferentes níveis do leito
ungueal. Melanoma in situ, subungueal (H&E x 100).
158
Melanoma
Fig. 10.42 o A, B. Paciente do sexo masculino , 30 anos de idade , com lesão ulcerada , vegetante , na borda
do terceiro dedo do pé direito evoluindo há oito meses , tratada como paroníquia , com piora progressiva . C.
A dermatoscopia evidencia apenas padrão vascular atípico e ausência de pigmento (x 10) . O. Neoplasia cons-
tituída por células melanocíticas atípicas , de aspecto epitelioide , formando massas irregulares intradérmicas ,
desprovidas de pigmento em meio a vasos sanguíneos ectasiados. Melanoma amelanótico acrolentiginoso (H&E
x100).
159
Melanoma
Fig. 10.43 D A. Lesão em placa eritematosa , clara , in- Fig. 10.44 D A. Lesão pigmentada plana , enegrecida ,
filtrada, com telangiectasias e ulceração central , medin- medindo 3 ,5 mm , com halo claro , em pele com dano
do 1 O x 12 mm, localizada na região parietal à esquer- actínico , na região anterior do tórax, em paciente femi-
da da linha média, com cerca de 6 meses de evolução , nina de 47 anos, com evolução de 6 meses. B. Rede
em paciente feminina de 51 anos. B. Na dermatoscopia pigmentada irregular, pigmento preto irregularmente
não se evidencia presença de pigmento , apenas eritema distribuído por toda a lesão, estendendo-se à periferia ,
difuso por toda a área da lesão com mais de uma tona- estrias ramificadas , pontos e pequenos glóbulos pretos ,
lidade e padrão vascular atípico representado por vasos castanhos e cinza , irregularmente distribuídos na pe-
punctiformes numerosos, irregularmente distribuídos riferia (x 10). C. Proliferação de células melanocíticas
na periferia e no centro da lesão, além de vasos em atípicas na epiderme , principalmente nas camadas in-
grampo de cabelo . Área de ulceração evidente acima e feriores , contínua e com formação esparsa de ninhos
à direita . Notam-se vasos lineares abaixo e à esquerda irregulares. Na derme superior, há melanófagos, neo-
(x10) . Obs.: todos estes elementos dermatoscópicos proliferação vascular e infiltrado inflamatório linfocitário
são indicativos de melanoma , tratando-se de lesões hipo discreto . Melanoma in situ, tipo extensivo superficial
ou amelanótlcas segundo Menzies e colaboradores (51]. [H&E x100].
C. Epiderme delgada, de aspecto necrótico , e derme
ocupada por proliferação de células atípicas, alongadas,
de citoplasma claro , desprovidas de pigmento, além de
capilares ectasiados. Foi detectada imunorreatividade
nas células neoplásicas com HMB-45 . Melanoma ame-
lanótico desmoplásico [H&E x40).
160
Melanoma
Fig. 10.45 O A. Lesão papulosa enegrecida, circundada por halo castanho , medindo 2 ,5 x 5 mm , evoluindo
a partir de uma lesão plana punctiforme , em paciente feminina melanodérmica de 6 anos de idade . Aumentou
progressivamente de tamanho , mas há cerca de dois meses "diminuiu pela metade e espalhou" (sic) . 8 . Véu
cinza-azulado por toda a lesão , interrompido por fendas ou criptas e área amorfa preta na porção central. Estrias
r amificadas irregulares na periferia e alguns pseudocistos córneos . O halo castanho evidencia rede pigmentada
fina , invadida por estrias irregulares principalmente no pala inferior da lesão . Notam-se pelos esparsos (x1 0) . C.
Grande quantidade de pigmento nas camadas espinhosa e córnea em relação à proliferação de células melano-
cíticas atípicas agrupadas em ninhos irregulares e ocupando o infundíbulo folicular. Na derme papilar, há extensa
r eação inflamatória mononuclear com presença de numerosos melanófagos e capilares neoformados, o que
sugere fenômeno de regressão parcial , fase inicial. A correlação deste quadro histopatológico com os achados
dermatoscópicos indica possível microinvasão e impõe a realização de imunoistoquímica para sua melhor carac-
t erização . Melanoma, tipo de disseminação superficial , com provável microinvasão , em associação com nevo
melanocítico juncional [H&E x100).
Fig. 10.46 O A. Lesão pigmentada plana , castanha , de coloração irregular, medindo 4 mm , evoluindo com cres-
cimento no período de um ano, localizada no dorso do pé esquerdo, próximo da borda externa , em paciente femi-
nina de 44 anos. 8 . Rede pigmentada irregular, com estrias ramificadas irregularmente distribuídas , pigmentação
castanha com áreas irregulares de concentração de pigmento e áreas de coloração cinza estendendo-se à borda
da lesão (x 10) . C. Proliferação melanocítica intraepidérmica predominantemente composta de células distribuídas
de forma isolada e comprometendo o acrossiríngio. Na derme , há células melanocíticas agrupadas em ninhos
(nevo melanocítico) e reação inflamatória linfo-histiocitária. Melanoma in situ, tipo de disseminação superficial , em
associação com nevo melanocítico [H&E x 100) .
161
Melanoma
A c
Fig. 10.47 O A. Lesão papulosa preta , medindo 3 ,5 mm, com um ano de evolução , localizada no abdomen à
direita, em paciente feminina de 32 anos. B. Área amorfa de concentração de pigmento preto com tonalidades
cinza-azulada e castanha na periferia, deixando-se perceber glóbulos cinza-azulados periféricos no pala inferior da le-
são (setas) (x 10). C. Transiluminação com flash para observar maiores detalhes obscurecidos pela intensa concen-
tração de pigmento, evidenciando a predominância do padrão globular, com glóbulos cinza-azulados irregularmente
distribuídos na periferia da lesão e também na área central , em meio a áreas amorfas de coloração castanha .
Observa-se ainda eritema periférico (x 1 0]. O. Acantose irregular e proliferação melanocítica discreta na camada
basal da epiderme, com atipia citológica . Na derme , há massas de células grandes contendo muito pigmento , com
nucléolos proeminentes e acentuado infiltrado inflamatório de permeio. Estas massas celulares localizadas nas pa-
pilas dérmicas alargadas correlacionam-se com os glóbulos cinza-azulados periféricos observados à dermatoscopia .
Melanoma tipo animal (nível de Clark = 111; espessura de Breslow = 0 ,50 mm). (H&E x 100).
Fig. 10.48 o A. Lesão pigmentada plana , de forma irregular, semelhante a um coração , com cerca de um ano e
meio de evolução, medindo 3 x 3,5 mm, na região dorsal de paciente masculino de 38 anos. B. Rede pigmentada
irregular e área de concentração de pigmento irregularmente distribuída por toda a lesão, estendendo-se à perife-
ria , com tonalidades castanho-escura, preta e cinza azulada , presença de glóbulos cinza-azulados irregulares, es-
trias ramificadas. Nota-se um discreto véu cinza-azulado no centro e à esquerda da figura (x1 0) . C. Hiperceratose
com pigmentação intracórnea focal , acantose e proliferação intraepidérmica de células melanocíticas atípicas. Na
derme, há extenso infiltrado inflamatório com presença de numerosos melanófagos e neoproliferação vascular. A
correlação dos achados histopatológicos e dermatoscópicos sugere provável microinvasão associada a fenômeno
de regressão parcial , fase inicial , o que pode ser comprovado com imunomarcação celular. Melanoma tipo de
disseminação superficial, com provável microinvasão (H&E x 100].
162
Melanoma
163
Melenome
c
Fig. 10.51 o A. Lesão pigmentada plana , castanho-
-escura, medindo 2 mm , que surgiu há cerca de um
ano sobre cicatriz hipocrômica de eletrocoagulação Fig. 10.52 o A. Lesão discretamente papulosa, cas-
antiga, em paciente masculino de 67 anos. 8 . Rede tanha , medindo 2 mm, localizada na região deltoídea
pigmentada irregular, com grande área de concentra- esquerda de paciente feminina de 53 anos. 8 . Rede
ção de pigmento estendendo-se às bordas da lesão , irregular com estrias ramificadas distribuídas irregu-
com a presença de pigmento cinza na borda superior à larmente na periferia, área de concentração de pig-
direita, notando-se pontos castanhos periféricos [x1 0) . mento excêntrica, de tonalidades que variam do preto
C. Proliferação melanocítica contínua nas camadas in- ao cinza, com presença de pequenos glóbulos negros
feriores da epiderme, com formação de agrupamentos e castanhos . Áreas amorfas castanho-claras na peri-
celulares irregulares. Na derme , há ectasia vascular feria, abaixo e à esquerda (x1 0) . C. Proliferação mela-
e melanófagos perivasculares. Melanoma in situ, tipo nocítica contínua na camada basal da epiderme, com
de disseminação superficial sobre cicatriz hipocrômica células atípicas permeando as camadas superiores.
[H&E x100]. Na derme, há presença de células melanocíticas né-
vicas e infiltrado inflamatório linfocitário de permeio.
Melanoma in situ, tipo de disseminação superficial em
associação com nevo melanocítico [H&E x100).
164
Melanorna
165
Melanoma
/
B
166
Melanoma
167
Melanoma
168
Melanoma
169
Melanoma
170
Melanoma
A B
Frg. 10.70 o A. Paciente feminina de 68 anos com eritema em halo, em torno de lesão plana, irregularmente pig-
ntada , medindo 6 mm, localizada na face posterior do pescoço. B. Área branca cicatricial central com múltiplos
oontos castanhos, circundada por pigmento castanho-escuro irregular e por acentuado eritema com padrão vas-
lar atípico representado por vasos capilares lineares, ramificados e pontos vermelhos. Padrão predominante de
"egressão, ocupando 800/o da área da lesão (x 1 O) [TPO = 7 , 1) C. Zona periférica da lesão. Epiderme, hipercerató-
e adelgaçada permeada por proliferação de células melanocíticas atípicas. Na derme, há extensa degeneração
asofílica do colágeno , reação inflamatória mononuclear extensa e capilares proeminentes ectasiados e congestos
correspondendo ao padrão vascular atípico (H&E x40). D. Zona central da lesão. Proliferação de células melanocíti-
cas atípicas na epiderme e derme papilar, onde se observam também extensa fibroplasia, neoproliferação vascular
e reação inflamatória mononuclear com melanófagos (aspecto histológico do fenômeno de regressão parcial). Me-
tipo de disseminação superficial (nível de Clark = 11; espessura de Breslow = O, 15 mm) com fenômeno de
regressão ocupando 800/o de sua área [H&E x40) .
171
Melanoma
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castanho-escuros , zonas de concentração de pigmen-
8. Carli P, DeGiorgi V, Palli D, Giannotti V, Giannotti
to negro à esquerda, com pequena área de coloração B. Preoperative assessment of melanoma thickness by
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173
CAPÍTULO 11 Lesões Pigmentadas Não
Melanocíticas
Padrão cerebriforme Aspecto de giros e sulcos semelhante ao do cérebro formado pelas criptas e
fissuras
Estruturas castanho-claras Estruturas de coloração marrom-clara constituída por finas linhas paralelas,
semelhantes à impressão semelhantes a impressões digitais
digital
177
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
A B
Fig. 11.1 O A. Ceratose seborreica . Lesão nodular exofítica enegrecida, com superfície verrucosa . Diagnóstico
diferencial com nevo intradérmico e melanoma. B. Ceratose seborreica tipo acantótico. Presença dos caracte-
rísticos pseudocistos e pseudocomedões (1 Ox) . C. Ceratose seborreica tipo acantótico . Lesão polipoide compos-
ta de epiderme acantótica contendo ceratinócitos hiperpigmentados de aspecto basaloide e globos córneos
(HE. 40x).
A B
Fig. 11.2 O A. Ceratose seborreica irritada . Lesão verrucosa de coloração marrom-clara, marrom-escura e
preta . B. Ceratose seborreica irritada . Estruturas papilares exofíticas de coloração esbranquiçada com aspecto
cerebriforme, entremeadas por criptas e fissuras contendo material ceratótico e crostas hemáticas (1 Ox). C.
Ceratose seborreica irritada . Hiperceratose com formação de túneis córneos englobando grande acantose de
caráter endofítico, circundada por reação inflamatória e capilares congestos (HE 1OOx).
Fig. 11.3 O A. Ceratose seborreica situada no tronco de paciente do sexo masculino. B. Ausência de critérios
para lesão melanocítica e múltiplos pseudocistos e psudocomedões.
178
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
Fig. 11 .4 O A. Paciente do sexo feminino com múltiplas ceratoses seborreicas disseminadas pelo tronco.
8. Lesão de tonalidade castanho-amarelada exibindo múltiplos pseudocistos e pseudoaberturas foliculares.
tam estruturas semelhantes à rede pigmentada. 2 Outros aspectos que aumentam a acurácia para
Histopatologicamente, essas estruturas corres- o diagnóstico de ceratose seborreica e que devem
pondero ao formato trabeculado da epiderme ser levados em consideração são (Tabela 11.2):
acantótica de algumas variantes de ceratose se-
• Bordas bem definidas.
borreica. Estruturas semelhantes a glóbulos po-
dem ser encontradas principalmente na variante • Bordas em roído de traça - também são encontradas
clonal de ceratose seborreica. 6 De Giorgi et al. nos lentigos solares. São bem delimitadas e encon-
descreveram a presença de estruturas semelhan- tradas principalmente nas lesões planas.
tes a estrias em 3,2% de 402 ceratoses seborrei-
cas (pseudoestrias). Histopatologicamente, ases-
truturas semelhantes a estrias corresponderiam à Tabela 11 .2 O Critérios que podem ser encontrados
proliferação das células basais nas cristas inter- nas ceratoses seborreicas
papilares vista na cera tose seborreica. 4 Critérios clássicos
• Pseudocistos - representam acúmulos de cera- Ausência de critérios para lesão melanocítica
tina intraepidérmica. Podem estar presentes em Pseudocistos
Pseudocomedões
qualquer lesão tumoral, principalmente nas que
Padrão cerebriforme
apresentarem papilomatose, como, por exemplo,
Estruturas castanhcx:laras semelhantes à
nevas intradérmicos, carcinomas basocelulares e impressão digital
melanomas. Podem estar ausentes em 15% dos
Critérios adicionais
casos.
Bordas bem definidas
• Pseudocomedões - representam as rolhas cór- Bordas em roído de traça (lesões planas)
neas que alcançam a superfície cutânea. Assim Bordas em geleia (lesões planas)
como os pseudocistos, podem estar presentes em Vasos em grampo de cabelo (lesões espessas)
Estruturas papilares exofíticas
qualquer lesão tumoral, principalmente nas que
apresentarem papilomatose, como, por exemplo, Critérios eventuais
nevas intradérmicos, carcinomas basocelulares e Estruturas semelhantes ao véu cinza-azulado
melanomas. Podem estar ausentes em 15% dos Sinal da báscula negativo
Múltiplos pontos cinza-azulados (variante liquenoide)
casos.
179
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
Fig . 11 .5 O A. Melanoma nodular situado no tronco de paciente do sexo masculino em meio a múltiplas cera-
toses seborreicas. Devido ao aspecto semelhante das lesões, o diagnóstico foi tardio . B. Apesar da ausência de
critérios que caracterizem a lesão como melanocítica , observam-se vasos lineares irregulares distribuídos princi-
palmente na periferia. Melanoma nodular.
Fig . 11 .6 O A. Melanoacantoma . Lesão papulosa enegrecida com bordas irregulares, sob base eritematosa .
Diagnóstico diferencial com melanoma. B. Melanoacantoma . Área amorfa de pigmentação azul-acinzentada e
enegrecida exuberante , mal delimitada , circundada por eritema (1 Ox) . C. Melanoacantoma . Cordões anastomo-
sados de células epidérmicas hiperpigmentadas fazendo protrusão na derme, circundados por reação inflamatória
contendo numerosos melanófagos e capilares ectasiados (HE, 1 OOx) .
• Borda tipo geleia- também encontrada em cera- O sinal da báscula (movimentação lateral da
toses seborreicas planas. O pigmento castanho- lesão quando tracionada com o dermatoscópio) é
-amarelado aparenta estar na superfície da pele, útil para diferenciação entre nevas melanocíticos
lembrando o aspecto de geleia. papilomatosos e ceratoses seborreicas, uma vez que
as ceratoses costumam ser mais sésseis.
• Vasos em grampo de cabelo - correspondem a
Frequentemente nos deparamos com pacientes
alças capilares alongadas e são encontrados prin-
que apresentam múltiplas ceratoses seborreicas. As
cipalmente na periferia da lesão.
lesões melanocíticas nesses pacientes tendem a ser
• Estruturas papilares exofíticas - podem ser en- negligenciadas. A distinção entre a ceratose sebor-
contradas em lesões vegetantes, principalmente reica e o melanoma pode ser ainda mais difícil (Fig.
as que apresentam papilomatose. ll.SA e B).
Eventualmente, algumas ceratoses seborrei- A ceratose liquenoide benigna é uma variante
cas com ortoceratose compacta podem apresentar de ceratose seborreica plana irritada, com aparência
estruturas semelhantes ao véu cinza-azulado (Fig. clínica de placa eritematosa acinzentada levemente
11.6A,B,C). elevada, em geral situada na parte superior do tron-
180
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
Fig. 11.7 O A. Mácula de limites mal delimitados e coloração acinzentada no ombro de paciente feminina com 45
anos de idade. B. Áreas amorfas branco-avermelhadas e múltiplos pontos cinza-azulados . Ceratose liquenoide.
co. Devido à incontinência pigmentar que ocorre ma basocelular é a neoplasia maligna cutânea mais
nessas lesões, o aspecto dermatoscópico é de múlti- frequente. Apesar do seu crescimento lento, com
plos pontos cinza-azulados distribuídos em arranjo células de comportamento biológico pouco agres-
granuloso (Fig. 11. 7). sivo, pode levar à destruição tecidual extensa de
Uma variante menos frequente de ceratose se- áreas nobres, como o nariz, o pavilhão auricular e
borreica é o tipo clonal, caracterizado histopatolo- o globo ocular. Raramente, pode originar metás-
gicamente pela presença de grupamentos celulares tases. Aproximadamente 40% dos pacientes que
ovais em meio à epiderme. Apesar do predomínio de tiveram um CBC desenvolverão outras lesões se-
queratinócitos, esses grupamentos celulares possuem melhantes em um período de 10 anos. Nas varian-
grande quantidade de melanócitos (Fig. 11.8). tes pigmentadas, que representam cerca de 8% dos
casos, seu diagnóstico diferencial com melanoma
pode ser difícil .
• CARCINOMA Segundo Menzies, a dermatoscopia apresenta
BASOCELULAR [CBCl 89% de especificidade e 93% de sensibilidade para
Salvo para os que consideram a ceratose actí- o diagnóstico do carcinoma basocelular. 7 A lesão
nica um carcinoma espinocelular in situ, o carcino- não pode apresentar rede pigmentada e um dos
181
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
182
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
Critério Representação
dermatoscópico
Lagos vermelhos Estruturas arredondadas
ou ovais bem delimitadas,
vermelhas ou vermelho-
-azuladas. Correspondem
histopatologicamente a
dilatações vasculares na
derme média ou superior
1 83
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
A B
-
c:::::,
Fig. 11 .12 O A. Placa engrecida situada no ombro de paciente com 57 anos de idade e sinais de fotoenvelhe-
cimento . B. Notam-se estruturas em folha na periferia , ninhos ovoides, áreas amorfas e múltiplos pontos cinza-
-azulados. Carcinoma basocelular.
Fig. 11 .13 o A. Pápula eritematosa na região dorsal de paciente do sexo masculino , com 61 anos de idade. B. No-
tam-se áreas brilhosas branco-avermelhadas, telangiectasias finas e erosões. Carcinoma basocelular superficial.
Fig . 11.14 O A. Pápula eritematosa de surgimento recente na coxa de paciente do sexo masculino com 31 anos
de idade . B. Padrão global lagunar. Notam-se lagos avermelhados regulares . Angioma rubi .
184
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
membros. Clinicamente, apresenta-se como pápu- reticular anular pode ser encontrado na periferia
la, placa ou nódulo de alguns milímetros, de colo- de muitas lesões. Seu achado mais frequente é a
ração variável do amarelo ao marrom-enegrecido, presença de placa branca central circundada por
geralmente assintomática. Caracteristicamente, rede pigmentar fina periférica (Figs. 11.17). Even-
apresenta consistência endurecida e, quando palpa- tualmente (40% dos casos), estruturas semelhan-
do, apresenta uma leve depressão na pele ao redor
do tumor- "sinal da covinha". Faz diagnóstico di-
ferencial com dermatofibrossarcoma protuberante,
nevo melanocítico e melanoma.
Apesar de seu diagnóstico clínico não oferecer
grandes dificuldades, seus aspectos dermatoscópicos
são característicos, e a dermatoscopia pode ser usada
como método auxiliar no seu reconhecimento. 15 - 19
O padrão global geralmente é inespecífico, rara-
mente de multicomponentes. Porém, um padrão
A
185
Lesões Pigmentadas Não Melanocíticas
tes a glóbulos acastanhados podem ser vistas na formações anulares remanescentes da derme papi-
sua parte central, o que pode levar o examinador a lar sobre a área acometida. Outro achado que pode
interpretar erroneamente a lesão como melanocí- ser encontrado é um halo avermelhado periférico,
tica.20 À microscopia confocal, demonstrou-se que provavelmente secundário a traumatismo local. O
as estruturas emelhantes a glóbulos representam dermatofibroma representa uma exceção ao algo-
ritmo melanocítico de Stolz por se tratar de uma
lesão não melanocítica que apresenta rede.
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rede pigmentar periférica [10x) . C. Dermatofibroma .
of epiluminescence microscopy cri teria in the
Epiderme acantótica com área central deprimida em
relação à área de proliferação fusocelular dérmica . differential diagnosis of malignant melanoma and
Notam-se cones interpapilares alongados e hiperpig- pigmented basal cell carcinoma. Melanoma Res 1997
mentados na periferia da lesão [HE , 40x) . Aug; 7(4):307- 11.
186
CAPÍTULO 12 Outras Dermatoses de
Interesse Dermatoscópico
A B
Fig. 12.1 D A. Hiperplasia sebácea . Lesão papulosa de formato globoso e coloração amarelada que , devido à
presença de telangiectasias em sua superfície , faz diagnóstico diferencial com carcinoma basocelular. B. Hiperpla-
sia sebácea . Vasos em formato de coroa , de permeio a estruturas de coloração amarelada (1 Ox). C. Hiperplasia
sebácea . Glândulas sebáceas hiperplasiadas margeadas por capilares ectasiados (HE, 40x).
189
Outras Dermatoses de Interesse Oermatoscópico
190
---
Outras Dermat oses de Interesse Dermatoscópico
Fig. 12.4 D A. Ceratose actínica pigmentada. Lesão papulosa enegrecida mal delimitada no couro cabeludo . Diag-
nóstico diferencial com lesões melanocíticas. B. Ceratose actínica pigmentada . Área amorfa (asterisco) de colora-
ção enegrecida respeitando o contorno dos óstios foliculares e formando as chamadas estruturas romboides. A
coloração enegrecida do pigmento deve-se à presença de melanina na camada córnea (10x). C. Ceratose actínica
pigmentada . Extensa pigmentação melãnica na camada córnea recobrindo área de ocupação da epiderme por cera-
tinócitos atípicos e hiperpigmentados, correspondendo à área amorfa de pigmentação densa [HE , 40x).
A B
191
Outras Dermatoses de Interesse Dermatoscópico
192
Outras Dermatoses de Interesse Dermatoscópico
A
A
..
Fig. 12.8 O A. Pitiríase rósea . Lesões eritematosas Fig. 12.9 o A. Psoríase em placa acometendo a
levemente descamativas acometendo o tronco. B. Piti- região dos dígitos. B. Em meio às placas de hiper-
ríase rósea. A escama , encontrada nas bordas (colare- ceratose , notam-se pequenas estruturas puntiformes
te), tende a permanecer ligada à epiderme na periferia avermelhadas que representam capilares dilatados e
e assume um aspecto acortinado na parte interna da tortuosos.
lesão (10x).
193
Outras Dermatoses de Interesse Dermatoscópico
Líquen plano
Em lesões ativas, as características estrias de
Wickham podem ser mais bem evidenciadas à
dermatoscopia. Seu formato (arredondado, li-
near, arboriforme, reticular ou anular) e seu ta-
manho são muito variáveis . Geralmente, vasos
lineares proeminentes (capilares radiais) podem
ser observados nas bordas das estrias21 - 22 (Fig.
12.12A, B).
A
Lúpus discoide ativo
Fig. 12.10 o A. Eritema pigmentar fixo. Mácula eri-
A dermatoscopia facilita a observação dos plugs
tematoviolácea levemente acinzentada na face . B. Eri-
tema pigmentar fixo . Múltiplos pontos cinza-azulados (tampões) foliculares ceratóticos, presentes nas le-
distribuídos de maneira uniforme e simétrica em toda sões ativas de lúpus discoide. Dessa forma, permite
a superfície da lesão (1 Ox).
melhor avaliação da evolução das lesões e de sua
resposta ao tratamento 23 (Figs. 13.25 e 13.26).
.· \
.·
A 8
c
Fig. 12.11 O A. Eritema pigmentar fixo desencadeado
pelo uso de dipirona . Lesão papulosa eritematoviolácea
•
situada no pescoço . B. Eritema pigmentar fixo . Múlti- Fig. 12.12 O A. Líquen plano . Lesões distribuídas de
plos pontos cinza-azulados distribuídos de maneira uni- maneira simétrica ao longo dos membros. B. A der-
forme e simétrica em toda a superfície da lesão (10x] . matoscopia evidencia com mais clareza as estrias de
C. Eritema pigmentar fixo . Melanófagos ao redor do Wickham . Ao redor das estrias , observam-se vasos
plexo vascular superficial (HE, 1 OOx). em grampo de cabelo e lineares.
194
Outras Dermatoses de Interesse Oermatoscóp ico
Molusco contagioso
Apresenta, à dermatoscopia, estrutura amorfa
multilobular central, de coloração amarelo-esbran-
quiçada, envolta por uma coroa de vasos que não
cruzam o centro da lesão. O reconhecimento desse
padrão pode ser de grande auxílio para o diagnós-
tico do molusco contagioso, principalmente em
adultos 25 (Fíg. 12.14A, B).
Escabiose
A dermatoscopia, como método auxiliar no
diagnóstico da escabiose, assume importância prin-
cipalmente em caso atípicos ou de difícil diagnós-
I
(c
Fig . 12.13 O A. Verrugas vulgares agrupadas lem-
brando o aspecto de linfangioma circunscrito. B. Ver-
ruga vulgar. Estruturas papilares exofíticas agrupadas
contendo numerosas estruturas vasculares e alguns
vasos trombosados de coloração castanho-enegrecida
na periferia . Na parte inferior direita da lesão. pode-se
ver um véu branco, que pode ser atribuído à presença
de hiperceratose. C. Verruga vulgar. Papiloma caracte-
rizado por hiperceratose, paraceratose , hipergranulo-
se, acantose e papilomatose (HE, 1OOx) .
• DOENÇAS INFECCIOSAS
E PARASITÁRIAS
(ENTODERMATOS·
COPIA)
Fig. 12.14 O A. Pápulas brilhosas na região pubiana
Verruga vulgar de adolescente do sexo feminino . B. À dermatoscopia ,
evidencia-se estrutura amorfa multilobular central , de
Em casos de dificuldade diagnóstica, por apre- coloração amarelo-esbranquiçada, envolta por uma co-
sentarem aspecto semelhante a lesões vasculares roa de vasos que não cruzam o centro da lesão .
195
Outras Dermatoses de Interesse Dermatoscópico
-
Fig. 12.15 o A. Escabiose. Lesões eritematopapulo-
crostosas situadas na região axilar. B. Escabiose. Es-
trutura triangular enegrecida (seta) acompanhada de Fig. 12.16 O Phtirus pubis aderido ao pelo da região
um pequeno segmento linear, lembrando o aspecto de genital. Nota-se no interior do parasita o sangue em
um avião que deixa sua esteira de fumaça (10x) . seu aparelho digestivo (1 Ox).
196
Outras Dermatoses de Interesse Oermatoscópico
8
8
197
,
CAPITULO 13 Dermatoscop ia das
Alopec ias
199
Dermatoscopia das Alopecias
• ALOPECIA
ANDROGÊNICA
A alopecia androgênica (AAG) é a forma de
alopecia mais comum e afeta em torno de 80% dos
homens e 50% das mulheres. Os pacientes apre-
sentam tipicamente uma progressiva diminuição
do diâmetro e de comprimento das hastes nas re-
giões do couro cabeludo dependentes de androgê-
nio (regiões frontal, temporal e do vértice).
Fig. 1 3 .1 D Dermatoscopia do couro cabeludo de pa-
ciente normal caucasiano, em que observamos unida- As características dermatoscópicas ão descri-
des foliculares com 2-3 pelos terminais e 1 ou 2 pelos tas a seguir:
vel/us.
200
Dermatoscopia das Alopecias
201
Dermatoscopia das Alopec ias
Pontos amarelos
Os pontos amarelos são característicos, mas
não exclusivos da AA. Na AA estão frequente-
mente presentes como um conjunto de estruturas
Fig. 13.4 O Paciente com alopecia androgênica, apre-
sentando halo marrom perifolicular e evidente variação arredondadas representando os óstios foliculares
de diâmetro das hastes pilosas. dilatados, com ou sem pelos, que variam em tama-
nho e cor, do amarelo ao alaranjado (Fig. 13.5). 1•10•11
androgênica inicial, tanto em homens como em São mais bem visualizados sob a dermatoscopia
mulheres (Fig. 13.4). 8 O signiiicado do infiltrado epiluminescente, embora o modo não epilumi-
inflamatório nesses pacientes não está totalmente nescente forneça uma melhor visão de seu aspecto
estabelecido, mas acredita-se que possa estar asso- protuberante e gorduroso. O desengorduramento
ciado à dermatite seborreica do couro cabeludo. da área afetada com acetona resulta em pontos de
tamanhos reduzidos. 1 A dermatoscopia sem líqui-
Sinais secundários do de interface foi descrita como uma técnica útil
Em pacientes com alopecia androgênica avan- no diagnóstico e no acompanhamento de pacientes
çada, pontos amarelos podem ser observados no com alopecia areata. Com esse método, é possível
couro cabeludo 1 e representam a distensão do in- ver os óstios foliculares deprimidos no interior da
fundíbulo folicular com acúmulo de ceratina e sebo. placa de alopecia areata. 11 Inui et a!. observaram
A diminuição do diâmetro do pelo leva à redução que essa alteração dos óstios correspondia histo-
da drenagem de sebo do couro cabeludo e, portan-
to, à distensão da porção infundibular do folículo
piloso.
Observa-se ainda uma acentuação da rede pig-
mentada (padrão em favo de mel) no couro cabe-
ludo exposto ao sol com a progressão da calvície.
Essa pigmentação é bastante evidente quando se
compara o couro cabeludo da região parietal afe-
tada e fotoexposta com o da região occipital não
comprometido e não fotoexposto nos pacientes
com fototipos I a IV.
• ALOPECIA AREATA
Fig. 13.5 O Placa de alopecia areata. Pontos amare-
Alopecia areata (AA) é uma alopecia não ci- los localizados nos óstios foliculares e distribuídos nas
catricial de caráter autoimune. Uma vasta gama de unidades foliculares com e sem pelo .
202
Derrnatoscopia das Alopecias
logicamente a foüculos pilosos anormais contendo anágenos pode causar a malformação da haste e
cabelos incompletamente diferenciados, denomi- sua consequente fratura antes da emergência na
nados pelos "nanógenos". 11 superfície do couro cabeludo, que são representados
Ross et al. observaram a presença de pontos por pontos pretos no interior dos óstios folicula-
amarelos em cerca de 90% dos pacientes com AA, res, os denominados pelos cadavéricos (Figs. 13.7 e
enquanto Inui et al. observaram a presença desses 13.8).1,9,10
pontos em cerca de 60% dos pacientes asiáticos Qyando as hastes pilosas são fraturadas acima
estudados. 1•10 Nossa impressão é a de que, entre da sua emergência, surgem os pelos em ponto de ex-
pacientes observados no Instituto de Dermatolo- clamação, caracterizados por uma extremidade dis-
gia Prof. Rubem David Azulay, a visualização dos tai fraturada mais larga que a porção proximal. É
pontos amarelos é menos frequente que a relatada
em pacientes europeus e asiáticos. A dificuldade
de visualização pode estar relacionada com os fo-
totipos mais altos (IV e V) de nossos pacientes,
da mesma forma que ocorre com os asiáticos, que
apresentam maior pigmentação do couro cabeludo
(Fig. 13.6). Acreditamos ainda que a frequência de -·
lavagem dos cabelos também possa ser um fator
de influência. 12
Pelos distróficos
A dermatoscopia mostra de forma clara todas
as formas de pelos distróficos, sendo ainda possível
indicar o local de fratura da haste pilosa danificada. Fig. 13.7 O Placa de alopecia areata em atividade,
apresentando pelos distróficos, alguns fraturados aci-
Qyando a alopecia areata está em plena atividade
ma da emergência do couro cabeludo e cadavéricos .
inflamatória, o comprometimento dos foüculos
Fig. 13.6 O Paciente de fototipo V com alopecia area- Fig. 13.8 O Placa de alopecia areata com pelos cada-
ta. Nota-se a dificuldade da visualização do ponto ama- véricos em maior detalhe. As hastes fraturadas antes
relo pelo contraste dele com a rede pigmentada do da emergência do couro cabeludo apresentam aspecto
couro cabeludo. de pontos pretos semelhante aos comedões .
203
Dermatoscopia das Alopecias
204
Oermatoscop ia das Alopecias
Pontos amarelos
Usando a dermatoscopia epiluminescente, o
couro cabeludo demonstra os pontos amarelos re-
dondos de dimensões variadas distribuídos difusa e
uniformemente. Eles podem afetar até 70% dos fo-
lículos e representam os óstios foliculares, podendo
apresentar ou não pelos emergindo de seu centro
(Fig. 13.12B).14 Na nossa experiência, alguns ca-
sos de alopecia areata incógnita podem apresentar
menor porcentual dessas estruturas, dificultando o
diagnóstico dessa ainda discutível variante da AA.
Biópsias mostram que os pontos amarelos re-
presentam infundíbulos dilatados preenchidos por
células cornificadas e de material sebáceo, como
visto na alopecia areata clássica.
205
Oermatoscopia das Alopecias
• ALOPECIA TRIANGULAR
CONGÊNITA
A alopecia triangular congênita apresenta-se
geralmente em crianças entre 3-6 anos, como uma
placa triangular ou oval de alopecia, mais frequen-
206
Dermatoscopia das Alopecias
• ALOPECIAS
CICATRICIAIS
As alopecias cicatriciais representam a perda
de cabelos devido à destruição dos folículos pilosos.
Histologicamente, o marco dessa variante de alope-
cia é a destruição da porção permanente do folículo
- a protuberância (ou bulge), que possui células-
-tronco capazes de regenerar a porção temporária
do folículo e originar um novo pelo anágeno. Após
a destruição pelo processo inflamatório, o folículo
é substituído por tecido conjuntivo. Clinicamente,
obserya-se o apagamento (atenuação) ou mesmo
desaparecimento dos óstios foliculares dentro da
placa ou da região de alopecia.
As alopecias cicatriciais dividem-se em primá-
rias e secundárias. Nas formas primárias, o folículo
Fig . 13.16 O Paciente com placa de alopecia trian- parece ser o alvo principal do processo inflamatório.
gular congênita apresentando pelos vellus no interior Já nas alopecias cicatriciais secundárias, o folículo é
da placa . destruído em consequência de um processo infla-
matório mais extenso, não dirigido especificamente
a ele. 16
O diagnóstico diferencial das alopecias cicatri-
ciais é difícil e frequentemente é necessário realizar
biópsia do couro cabeludo. O uso de dermatoscopia
do couro cabeludo nesses casos tem se mostrado
útil, uma vez que é possível visualizar e marcar os
sítios de maior atividade de doença para a realiza-
ção de biópsias, bem como sugerir novos achados
que possam diferenciar as várias formas de alope-
cias cicatriciais.
207
Derrnatoscopia das Alopecias
Sinais dermatoscópicos
couro cabeludo mais exposto à radiação solar e,
Em todos os tipos de alopecias cicatriciais, o
consequentemente, mesmo pacientes caucasianos
exame do couro cabeludo apresenta graus variáveis
passam a desenvolver a rede nessas áreas. Consi-
de ausência de unidades e óstios foliculares, achado
derando que o LPP afeta principalmente o epitélio
mais bem observado em pacientes que apresentam
folicular e, em geral, poupa a epiderme interfolicu-
rede pigmentar semelhante a favo de mel no couro
lar responsável pela formação da rede, os autores
cabeludo.
acreditam que a presença da rede pigmentar na área
A rede pigmentar está presente no couro ca-
de alopecia seja importante na diferenciação de al-
beludo normal de indivíduos com fototipos IV,
gumas outras causas de alopecias cicatriciais que
V e VI, sendo mais intensamente desenhada em
cursam com desarranjo arquitetura! da epiderme
áreas de alopecia (Fig. 13.18). A alopecia torna o
interfolicular, como o lúpus eritematoso discoide
(ver adiante).
A dermatoscopia das placas de LPP com do-
ença ativa mostra de maneira mais precisa a des-
camação e o eritema perifolicular típicos da do-
ença, muitas vezes já evidentes clinicamente (Fig.
13.18).'7 O eritema perifolicular pode ser obser-
vado na forma de vasos arboriformes ao redor das
unidades foliculares (Fig. 13.19). 1
Pontos brancos de pequeno diâmetro (menos
de 1 mm) podem ser observados no interior da
rede pigmentar das áreas afetadas. Kossard descre-
veu inicialmente a presença dos pontos brancos em
uma paciente negra com LPP, que correspondiam
Fig . 13.18 o Paciente negra com líquen plano pilar. A histologicamente a áreas de hipocromia na epider-
dermatoscopia mostra rede pigmentada , pontos bran-
me acima de tratos fibrosos residuais da derme, re-
cos em "cabeça de alfinete" e intensa descamação pe-
rifolicular. presentantes de folículos pilosos destruídos. 18 Na
208
Dermatoscopia das Alopec ias
209
Oermatoscopia das Alopecias
Achados dermatoscópicos
No interior da placa de alopecia, observa-
se acromia importante, distribuída em pequenas
placas ou de forma difusa (Figs. 13.25 e 13.26),
achado bem observado em indivíduos de fototi-
pos mais altos que comumente perdem o padrão
de rede pigmentar observado no couro cabeludo. A
acromia observada nas placas de LED é resultado
da perda do contraste entre o maior conteúdo de
melanina das cristas epidérmicas com relação ao
das papilas dérmicas, devido à atrofia e à retificação
210
Dermatoscopia das Alopecias
211
Dermatoscop ia das Alopecias
Achados dermatoscópicos
Geralmente são observados nas áreas com eri-
tema difuso: alças capilares tortuosas e dilatadas, e
vasos arboriformes, são achados típicos, mais bem
visualizados em aumentos de 50x (Fig. 13.30).
Ausência de óstios foliculares no interior da área
alopécica e ainda politriquia ou foliculite em tufos são
característicos, apesar de não específicos (Fig. 13.31).
Escamas perifoliculares exuberantes podem ainda ser
observadas na porção proximal das hastes pilosas.
Lesões pustulosas são frequentemente visua-
lizadas.
Fig. 13.29 O Granularidade azul-acinzentada em pa-
drão salpicado, representando a incontinência pigmen-
tar interfolicular na placa de LED .
Foliculite decalvante
Foliculite decalvante (FD) é classificada como
alopecia cicatricial neutrofílica e é responsável por
cerca de 11% dos casos de alopecias cicatriciais.22
A FD acomete preferencialmente homens jovens
e de meia-idade, mais frequentemente de etnia
Fig. 13.30 o Dermatoscopia de placa de FD : emer-
negra. Clinicamente, as lesões manifestam-se gência de várias hastes de um único óstio folicular (po-
como pápulas e pústulas no vértice e na região litriquia) e eritema difuso.
occipital do couro cabeludo que, com a evolução
do processo inflamatório, são seguidas de lesões
confluentes, muitas vezes com exsudato purulen-
to associado. O marco dessa variante de alopecia
cicatricial é a extensa área de fibrose e pústulas
foliculares que se formam no couro cabeludo.
Politriquia - múltiplas hastes emergindo de um
único óstio folicular dilatado - é comumente vista
em consequência da extensão da fibrose dérmica.
Na presença de exsudato purulento, cultura e anti-
biograma são fundamentais para o tratamento do
paciente, e frequentemente o S. aureus pode ser
isolado das lesões de FD, parecendo ter papel im-
portante na gênese e na manutenção do processo Fig. 13.31 O Vasos arboriformes e intensa politriquia
inflamatório. em paciente com FD.
212
Oermatoscopia das Alopecias
213
Dermatoscop ia das Alopecias
Achados dermatoscópicos
Até o momento, não existem achados derma-
Fig . 13.36 o No interior da placa , notamos: perda
toscópicos específicos da ACCC e os achados se- de óstios foliculares, pelos terminais e vellus, além de
guem muitas vezes o padrão de LPP associado ao muitos pontos brancos.
visto na alopecia por tração.
À dermatoscopia, podemos visualizar a ausên-
cia de óstios foliculares associada à permanência
de pelos vellus e terminais no interior da placa de
alopecia, de distribuição irregular (Fi.g. 13.36). Na
periferia da placa, geralmente nota-se área de ativi-
dade da doença, com descamação perifolicular exu-
berante (Fi.g. 13.37) e, em alguns casos, politriquia.
Como a grande maioria de pacientes é de pele
negra, a rede pigmentar é achado frequente. Pon-
tos brancos em cabeça de alfinete podem ser ainda
observados, principalmente nas áreas desnudas do
couro cabeludo (Fi.g. 13.36).
214
Dermatoscopia das Alopec ias
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