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COMO SABER SE A POEIRA É COMBUSTÍVEL?

A poeira combustível é um fenômeno mais comum do que se possa imaginar. A


combustibilidade de uma poeira à base de madeira é bastante óbvia, mas muitos
outros materiais orgânicos em pó – por exemplo, cacau, farinha ou açúcar - também
são potencialmente explosivos. Assim como a maioria das partículas finas de poeira de
produtos farmacêuticos, plásticos, têxteis e uma variedade de outros materiais.

Quais Os Produtos E Materiais Que Podem Causar Uma Explosão De Poeira


Combustível?
Desde maçãs até zinco; a lista de produtos que podem inflamar na forma de pó é
extensa e inclui uma ampla gama de materiais. Alguns deles, como alumínio e ferro,
não são combustíveis em partículas maiores, mas podem ser quando transformados
em pó. No site da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados
Unidos (OSHA) encontramos uma lista abrangente de materiais combustíveis.

Avaliando A Combustibilidade Da Poeira


O tipo de poeira combustível manuseado num processo produtivo não determina por
si só, o quão explosivo ele realmente é, apenas que é potencialmente explosivo.
Avaliar se uma poeira em particular apresenta risco de explosão requer um teste em
laboratório profissional, onde uma amostra da poeira é inflamada num ambiente
controlado e então analisada.
Dois elementos-chave dessa análise são o valor Kst e o valor Pmax da sua poeira. O
índice Kst representa a taxa de aumento da pressão, ou seja, a velocidade com que a
onda de explosão se propaga caso a poeira entre em combustão e de um certo modo
pode medir a gravidade relativa de uma substância em relação a outra. A forma,
tamanho e nível de humidade das partículas de poeira são apenas alguns dos fatores
que determinam o valor Kst da poeira. O valor Pmax indica a pressão máxima gerada
quando a poeira explode.

A Classificação Da Poeira Revela A Gravidade De Explosão


Os tipos de poeiras combustíveis são divididos em quatro classes: St0, St1, St2 e St3.
Um valor alto de Kst terá uma pontuação elevada na escala de classe, indicando uma
explosão potencialmente violenta. Da mesma forma, um valor Kst de 0 significa que há
risco zero de explosão de poeira combustível.

 St 0: valor de Kst 0 - sem explosão. Típico de poeiras de sílica, poeiras de fumos


de solda ou geradas termicamente (por processos de corte, por exemplo).

 St 1: valor de Kst> 0-200 - explosão fraca. Típico de carvão, leite em pó, açúcar,
enxofre, pó de madeira, zinco.

 St 2: valor de Kst> 200-300 - explosão forte. Típico de celulose, serragem,


acrilato de polimetil (PMA).
 St 3: valor de Kst> 300 - explosão muito forte. Típico de poeiras metálicas como
alumínio, magnésio ou titânio.

A manipulação e o processamento de diferentes substâncias e materiais na indústria


podem, em vários casos, envolver riscos de explosão e incêndio, que comprometem a
segurança dos trabalhadores e o patrimônio das empresas.
Normalmente associa-se estes riscos a gases inflamáveis, combustíveis, produtos
petroquímicos, solventes e similares. Porém, outra categoria de substâncias também
pode apresentar um alto grau de risco: as Poeiras Combustíveis.
É grande a diversidade de produtos e substâncias que na forma de poeiras ou fibras
apresentam características combustíveis. Uma das principais informações sobre uma
determinada poeira combustível é o KST, um índice de deflagração da poeira, ou seja,
a velocidade com que uma explosão atinge sua pressão máxima. 
POEIRAS EXPLOSIVAS: COMO SABER SE UM EQUIPAMENTO EX É SEGURO PARA O
TRABALHO?

As explosões são um dos principais perigos de segurança na indústria. Elas podem ser
causadas por gases presentes na atmosfera (o mais comum) ou mesmo por poeiras no
ambiente.
Apesar de mais difíceis de ocorrer, as explosões por poeira não devem ser
subestimadas. Existem muitas substâncias que, em estado “normal”, não são
combustíveis, mas na forma de poeira podem explodir.
Além disso, a poeira pode se acumular em locais fora do campo de visão, se tornando
um risco invisível. Na presença de uma fonte de ignição, a nuvem de poeira se inflama
e explode, agitando outras poeiras no ambiente e causando explosões secundárias que
são ainda mais perigosas.
Quais materiais geram poeiras explosivas?
Diversas substâncias se tornam combustíveis na forma de poeira, sendo materiais de
diferentes setores da indústria. Alguns exemplos são:
 Produtos do agronegócio (grãos, açúcar, clara de ovo, leite em pó,
batatas, farinhas, chás etc.)
 Madeira
 Carvão
 Borracha
 Plásticos
 Tecidos
 Pesticidas
 Metais como alumínio, zinco, magnésio etc.

Dessa forma, qualquer local de trabalho que processe, transporte ou lide com essas
substâncias de alguma maneira apresenta risco de explosões.
Por isso, é fundamental tomar as medidas de segurança adequadas, como
identificação de riscos, limpeza frequente e uso de equipamentos apropriados.
Qual Tipo De Equipamento De Iluminação É Seguro Para Ambientes Com Poeiras
Explosivas?
Para se iniciar um incêndio são necessários três elementos (o chamado “triângulo do
fogo”): combustível, oxigênio e uma fonte de ignição. Já no caso de uma explosão de
poeira, acrescentam-se dois elementos – o “pentágono da explosão de poeira”. Assim,
são necessários:
– Oxigênio (sempre presente na atmosfera)
– Combustível (no caso a própria poeira)
– Fonte de ignição (como faíscas de um equipamento elétrico)
– Dispersão das partículas de poeira (formando uma nuvem)
– Confinamento da nuvem de poeira
Portanto, para evitar a explosão, basta remover algum dos elementos. Como nem
sempre é possível manter o ambiente limpo o tempo todo para evitar a poeira, o mais
seguro é evitar fontes de ignição.
As lanternas, por exemplo, são equipamentos elétricos essenciais para trabalhos na
indústria, mas os modelos mais comuns geram faíscas que podem servir como ignição.
Por isso, é preciso investir em equipamentos seguros, os chamados “anti-explosão” ou
“EX”.
Existem diversos tipos de equipamento anti-explosão no mercado, e nem todos são
adequados para o risco de poeira, já que o mais comum é o risco por gases. Para saber
se o equipamento pode ser usado com segurança em locais com poeira combustível, é
necessário então observar as marcações em seu certificado.
Oficialmente, a marcação de poeiras é representada no certificado pela letra D. Assim,
os níveis de proteção seriam:

 Zona 20, 21 e 22: Da / 1D


 Zona 21 e 22: Db / 2D
 Zona 22: Dc / 3C

No entanto, são poucos os produtos que apresentam a marcação para poeira, já que,
como dito anteriormente, o mais comum são os riscos por gases. Felizmente, existe
uma forma de saber se o produto seguro para gás também é seguro para poeira.
Isso acontece porque o equipamento gera a explosão por meio de faíscas, tanto no
caso dos gases quanto das poeiras, sendo a diferença principal a temperatura
necessária para que isso ocorra.
De maneira geral, o mais recomendado são os produtos intrinsecamente seguros,
identificados pela marcação “Ex ia” no certificado. Isso pois seu método de proteção é
uma blindagem que impede seu corpo de gerar faíscas, operando em baixas
temperaturas.
Além disso, outra maneira de garantir que o equipamento é seguro é pela marcação de
temperatura. A temperatura necessária para que cada tipo de poeira exploda varia,
mas a mínima fica em 240 °C (enxofre). A maior parte dos materiais fica entre 300 e
600 °C.
Assim, basta verificar a temperatura máxima atingida pelo equipamento. Essa
informação é indicada no certificado pela letra T, da seguinte forma:

 T1 = 450 °C
 T2 = 300 °C
 T3 = 200 °C
 T4 = 135 °C
 T5 = 100 °C
 T6 = 85 °C

Portanto, equipamentos EX do T3 ao T6 são seguros para locais de trabalho com


poeiras combustíveis.
Conclusão
As poeiras combustíveis são um enorme risco de segurança em diversas indústrias,
especialmente no agronegócio. Apesar dos equipamentos anti-explosão serem
necessários, nem todos possuem a marcação explícita para poeiras.
Fontes
ABNT NBR IEC 60079-0:2013 – Atmosferas explosivas
IECEX – International Electrotechnical Commission System for Certification to
Standards Relating to Equipment for Use in Explosive Atmospheres
CCOHS (Canadian Centre For Occupational Health and Safety) – Combustible Dust
‘Dust explosions in the process industries’ – Rolf. K. Eckhoff
CERTIFICADO ANTIEXPLOSÃO: ENTENDA O SIGNIFICADO DE CADA MARCAÇÃO

Muitas empresas possuem em seu ambiente de trabalho áreas classificadas, que


requerem equipamentos com certificado anti-explosão. Entretanto, a mistura de letras
e números pode ser confusa para muitas pessoas.
Por isso, preparamos este guia explicando o significado de cada marcação do
certificado. Assim, você poderá escolher os equipamentos ideais para sua indústria,
com um olhar mais crítico sobre suas características.

O Que É Uma Atmosfera Explosiva?


De acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0:2013, atmosferas explosivas são misturas com
ar (em condições atmosféricas) de substâncias inflamáveis ou combustíveis. Essas
podem ser na forma de gás, vapor, poeira ou fibras.
Assim, com a presença do oxigênio + substâncias combustíveis, basta uma fonte de
ignição para se iniciar uma explosão nesses locais. Essa ignição pode acontecer tanto
por meio de faíscas quanto por temperatura, ao atingir o grau para inflamação do
combustível.
Equipamentos elétricos são o principal risco nesse sentido, já que podem tanto gerar
faíscas elétricas quanto ter o seu corpo aquecido com a energia. Assim, é fundamental
que qualquer dispositivo nesses ambientes tenha certificado anti-explosão, como as
lanternas, por exemplo.
Entretanto, esse tipo de equipamento se divide em diversas categorias, de acordo com
nível de proteção, temperatura e tipo de substância. Por isso, é muito importante
analisar os riscos do ambiente de trabalho, para saber qual tipo de proteção é
necessário.

Áreas Classificadas
São chamadas áreas classificadas os locais em que se detecta a presença (ou risco de
desenvolvimento) de atmosfera explosiva. Assim, se dividem em 6 “zonas”, de acordo
com os níveis de risco e tipo de sustância. São elas:
Risco por gases e vapores

 Zona 0: mais perigosa. Atmosfera inflamável contínua ou por longos


períodos.
 Zona 1: atmosfera explosiva ocasional, em condições normais de
operação.
 Zona 2: atmosfera explosiva apenas em condições anormais de
operação, por curtos períodos.
Risco por poeiras e fibras

 Zona 20: mais perigosa. Atmosfera inflamável contínua ou por longos


períodos.
 Zona 21: atmosfera explosiva ocasional, em condições normais de
operação.
 Zona 22: atmosfera explosiva apenas em condições anormais de
operação, por curtos períodos.

É importante notar que os equipamentos para Zona 0/20 também servem para Zonas
1/21 e 2/22; os para Zona 1/21 servem para 2/22; já os 2/22 só servem para sua Zona.
Por isso, a opção mais segura são os Zona 0, já que o tipo de atmosfera de trabalho
pode mudar.

Grupos de Equipamento
Os equipamentos anti-explosão também são divididos em 3 grupos, indicados nos
certificados.

 Grupo I – próprios para minas de carvão. São protegidos de ignição do


Grisu (metano) e da poeira de carvão.
 Grupo II – feitos para utilização em atmosferas explosivas de gás. Se
dividem em IIA (propano), IIB (etileno) e IIC (hidrogênio). Os IIB servem
para IIA, e os IIC servem para IIB e IIA.
 Grupo III – para atmosferas explosivas de poeira. Também se dividem
em IIIA (fibras combustíveis), IIIB (poeiras não condutoras) e IIIC
(poeiras condutoras), com os IIIB servindo para IIIA, e os IIIC para IIIB e
IIIA.
Níveis de Proteção de Equipamento (EPL)
Outra marcação no certificado anti-explosão diz respeito ao nível de proteção do
equipamento. Essa categoria é determinada a partir da probabilidade do dispositivo se
tornar uma fonte de ignição. Também se dividem de acordo com os grupos da
marcação anterior. São eles:
Grupo I (minas)

 Ma – nível de proteção muito alto


 Mb – nível de proteção alto

Grupo II (gases)

 Ga – nível de proteção muito alto (Zona 0, 1 e 2)


 Gb – nível de proteção alto (Zona 1 e 2)
 Gc – nível de proteção moderado (Zona 2)

Grupo III (poeiras e fibras)

 Da – nível de proteção muito alto (Zona 20, 21 e 22)


 Db – nível de proteção alto (Zona 21 e 22)
 Dc – nível de proteção moderado (Zona 22)

Para o certificado ATEX, essa informação também pode aparecer como:

 M1 = Ma
 M2 = Mb
 1G = Ga
 2G = Gb
 3G = Gc
 1D = Da
 2D = Db
 3D = Dc

Classes de Temperatura
Mais uma das marcações no certificado anti-explosão é a de temperatura, que indica a
temperatura máxima que o equipamento pode atingir (em condições extremas). São
classificadas da seguinte forma:

 T1 = 450 °C
 T2 = 300 °C
 T3 = 200 °C
 T4 = 135 °C
 T5 = 100 °C
 T6 = 85 °C
Quanto maior o número mais classes ele abrange. Ou seja, o T1 serve apenas para T1,
enquanto o T6 também serve para T5/4/3/2 e 1. Assim, é necessário fazer uma análise
dos gases encontrados na atmosfera explosiva, determinando as temperaturas
apropriadas.

Modo de Proteção
A última marcação no certificado anti-explosão diz respeito ao modo de proteção do
produto. Ou seja, qual a característica desse equipamento que impede que ele seja
fonte de ignição.
São muitos os modos de proteção possíveis. Por isso, preparamos uma tabela para
facilitar sua compreensão sobre cada um:
Grau de Proteção IP
Por fim, outro certificado de proteção importante é o grau IP, que diz respeito ao nível
de resistência à água e poeira do produto. Apesar de não ser exclusivo de
equipamentos anti-explosão, também é importante conhecê-lo.
O grau IP é composto de dois números, que indicam o nível de proteção a poeira e
água, respectivamente. Quando há um X no lugar de um número (geralmente do
primeiro), quer dizer que não houve testes para aquela proteção específica. São eles:
Primeiro dígito:

 0 – Não protegido
 1 – Proteção contra objetos sólidos com 50 mm de diâmetro ou mais
 2 – Proteção contra objetos sólidos com 12,5 mm de diâmetro ou mais
 3 – Proteção contra objetos sólidos com 2,5 mm de diâmetro ou mais
 4 – Proteção contra objetos sólidos com 1,0 mm de diâmetro ou mais
 5 – Proteção contra poeira
 6 – À prova de poeira

Segundo dígito:

 0 – Não protegido
 1 – Protegido contra gotas que caiam na vertical
 2 – Protegido contra gotas que caiam na vertical com corpo inclinado a
até 15°
 3 – Protegido contra borrifo de água
 4 – Protegido contra jorro de água
 5 – Protegido contra jatos de água
 6 – Protegido contra jatos potentes de água
 7 – Protegido contra imersão temporária em água de até 1 metro por
30minutos
 8 – Protegido contra a imersão contínua em água
 9 – Protegido contra a imersão (durante 1 m) e resistente à pressão
 9K – Protegido contra água proveniente de jatos de vapor e alta
pressão

Conclusão
Verificar o certificado anti-explosão é uma das etapas mais importantes na compra de
equipamentos elétricos para indústria. Com esse guia, você já é capaz de entender os
detalhes técnicos e fazer a escolha mais adequada para as necessidades do seu
trabalho.
Fontes
ABNT NBR IEC 60079-0:2013 – Atmosferas explosivas
IECEX – International Electrotechnical Commission System for Certification to
Standards Relating to Equipment for Use in Explosive Atmospheres
ABNT NBR IEC 60529:2017 – Graus de proteção providos por invólucros (Códigos IP)

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