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Apenas um método

Não é todo o dia que temos uma placa boa para comparar com a
defeituosa do cliente, então, a pedido do Darwin Palma, elaborei um
diagrama intuitivo contendo os componentes e suas respectivas
ligações. O objetivo desse documento é apresentar COMO eu realizei o
Mapeamento de Scania, como uma forma de Engenharia reversa.
Há muitas placas eletrônicas cuja a montagem e componentes
são os mesmos, sobretudo no nosso ramo de caminhões, além disso os
defeitos também costumam ser os mesmos. No caso específico de
Scania: entra água no módulo e acaba empoçada em um canto
específico da placa.
Me chamo Henrique Dziuba (atualmente trabalho na filial de
Tijucas) e aqui vou expor de maneira sucinta o COMO eu fiz o
mapeamento (do canto suscetível a água), como um passo a passo, para
que sirva de modelo em placas futuras. Pretendo escrever este texto em
primeira pessoa, apresentando a elaboração, tudo isso em tom de
conversa instrutiva. Espero que seja útil para você, e sirva de inspiração
e ferramenta para um eventual trabalho. Atualmente, você pode
encontrar a pasta Engenharia reversa de Scania, no nosso Servidor.
De forma alguma, desejo que tome o que eu fiz como regra,
mas apenas como caminho das pedras, pois se houvesse um documento
como este para ler antes de realizar, certamente eu teria poupado tempo
e energia. E se você que está lendo realizou (ou realiza) de uma forma
melhor, tudo bem também, documente e relate para que todos
possamos trocar experiências e aprender juntos.
Obs.: Como palavras-chave coloco Acerto e Erro.
Você vai acabar errando, e é bom estar preparado
para isso. Back-ups do trabalho feito em dia, e
Ctrl+Z sempre prontos para uso. Guarde tudo em
uma pasta no computador: ao longo do processo,
pode ir se desfazendo do material que tenha certeza
que não irá usar mais.
Não pesquisei a fundo, porém deve existir algum software para
realizar este trabalho de forma mais simplificada.
Parte 1 – O início
Pois bem, “por onde eu começo??” - pensei, olhando para canto que
eventualmente molha...
Ora fiz um desenho!
Figura1
Desenhei essa “maravilha” à mão livre, sem régua, no
zoiômetro mesmo. Os componentes fiz de caneta e as conexões de
lapiseira.
Nada bonito, nem elegante... muito menos entendível. Muito
poluído e mal distribuído. Aqui já pude ter uma ideia de como poderia
fazer melhor: desenhar com auxílio de régua.
Parte 2 – Mudando a estratégia
Bom, se usar régua, as medidas serão mais precisas e será
necessário fazer em uma escala aumentada, bem melhor que trabalhar
no tamanho real. Fazendo algumas tentativas, vi que podia multiplicar
as dimensões por 2,5 e ainda iria caber em uma folha de sulfite deitada.
Ou seja, cada componente desenhado no papel ficou duas vezes e meia
maior que seu tamanho original.
Essa foi a parte mais demorada.
É trabalho de formiguinha: extrai medida, multiplica e desenha.
Grão por grão. Tijolo por tijolo. Se você tiver um conjunto de esquadros
pequenos, facilita no traço de paralelas.
Fiz as medições com um paquímetro, para ter uma precisão
maior ainda. Tomei como referência (o meu “zero”) as bordas da
esquerda e a inferior da placa, por isso as fiz de caneta no papel.
Figura2 mostra o desenho pronto.
Figura2
Sempre havia uma guia do Google aberta no computador para
multiplicar; era muito prático: deixava escrito 2,5* e completava com o
valor medido em milímetros na placa. Por exemplo 2,5*8 e Enter, dava
20mm ou 2cm, como na Figura3 abaixo. Nem sempre o valor era
redondo como 8 ou 10... foi necessário muito arredondamento, varia de
caso a caso. É importante lembrar que a espessura do grafite também
influencia, principalmente componentes pequenos. Aqui, arredondar é
como temperar: não tem certo e errado, apenas o adequado. Pode
arredondar tudo para cima, ou tudo para baixo. E, é claro que você
pode usar a calculadora de sua preferência, sem falar que a escala
também pode variar de aplicação a aplicação, podendo ser duas ou três
vezes maior que o tamanho real.
A Figura3 mostra a calculadora do Google, multipliquei usando o
asterisco (*) entre os números.
Figura3
Fiz o desenho de lapiseira, afinal, eu podia errar e apagar em
seguida. E foi o que aconteceu. Me ajudou bastante. Sem querer você
acaba reparando que várias medidas se repetem, e muitos componentes
são alinhados, isso facilita muito.
Após essa longa jornada de desenhar, é preciso conferir se
TODOS os componentes foram desenhados. Conferi bem, pois depois
seria mais difícil colocá-los no diagrama.
Me arrependi de escrever os nomes dos componentes... fica ruim
para editar. Dá pra apagar com borracha? Dá. O problema é refazer o
desenho e ficar manchado. Aprendi uma coisa: quanto mais limpo
deixar o papel, melhor fica na edição. Limpe bem as suas mãos.
Parte 3 – Do papel para a tela
Desenho feito... e agora?
Eu queria desde o início fazer algo que pudesse ser lido e
compartilhado com facilidade, e, claro, editável... pois todos estamos
suscetíveis ao erro, e mesmo certo, melhorias são sempre bem vindas.
Bom, sei editar no Paint... e foi pra lá mesmo que mandei o
desenho.
Tirei várias fotos do celular e também o Christian (filho do
Darwin) escaneou. Passei as fotos e o escaneamento para o computador
via WhatsWeb: uma a uma fiz o download.
Outra dica que dou é: editem a foto fazendo contraste entre preto
e branco. Quanto maior essa diferença, mais nítidos ficarão os traços.
Encontrei um modo de fotografia, pelo celular, para fotografar
Documentos, onde há uma mínima distorção do desenho, e dá ênfase
aos traços escuros.

Figura4, foto apenas em Preto e Branco

Figura5, Foto com traços destacados.

A ação seguinte foi de investigação: é importante saber os


nomes dos componentes. Com auxílio de uma lupa, podemos ler e
enumerar cada um deles. Editei a partir da Figura5 e elaborei diversas
planilhas em Excel para poder visualizar melhor, e de forma individual,
o conjunto dos Capacitores, Transistores e Resistores.
Figura6

Como exemplo, trouxe a Figura6 que nos informa onde estão os


Transistores – em lilás - e uma tabela indicando seus respectivos
nomes.
Também com auxílio de lupa, tirei foto dos componentes, a fim
de não ter dúvidas de seu nome e localização. A Figura7 na página a
seguir nos exemplifica isso.
Figura7
Tirei diversas fotos do circuito, tanto com e sem zoom. Julguei
importante para ter como referência visual. Deixei tudo na pasta
‘componentes identificados e zoom’.
Parte 4 - Conexões
Próximo passo foi tratar no Paint. E se for preciso, use o zoom no
máximo de 800%. Em muitas ocasiões é necessário tratar pixel a pixel.
Ao jogar no Paint, selecionei a imagem e fiz um Ctrl+, para ampliar. No
final, a imagem ficou com 1240 x 450 pixels, fora as legendas.

Figura8
É um trabalho minucioso, requer atenção para não deixar os
componentes com tamanho desproporcional. Também vale para colocar
os nomes, e respectivos valores aos componentes. Adeque as cores
como necessário. Pixel art é o termo que pesquisei para ter uma noção
para aonde deveria chegar.
Fiz vários back-ups. Vai que... né!?
Fiz e refiz testes de continuidade. Parece óbvio, MAS tem alguns
componentes que vão ter continuidade na outra ponta da placa. Nessa
fase, ACERTO e ERRO são colocados à prova. A continuidade estará no
lugar menos provável. Assim que achei, fotografei, marquei e guardei.
Não deixei para depois: acabaria esquecendo.
Falando sobre Pixel art, senti a necessidade de criar alguns itens
para ficar mais padronizado e com visual limpo. Dentre acertos e erros,
fiz os pinos dos CIs, os arcos amarelos, o losango marrom e a cruz
vermelha. Os arcos servem para o leitor entender que a trilha “salta”, e
não realiza contato com a trilha abaixo dela, algo intuitivo. Já o losango
e a cruz vermelha, foram criados para suprir duas necessidades,
respectivamente: eliminar trilhas no desenho – despoluindo-o, e,
apresentar com fotos à parte, as continuidades daqueles componentes
em outros trechos na placa.
Recomendo deixar vários desses desenhos pixelados espalhados ao
longo das bordas de fora do desenho, pois fica de fácil acesso. Nessa
hora, Ctrl+C e Ctrl+V são seus amigos inseparáveis.

Figura9

Diz o ditado que ‘uma imagem vale mais que mil palavras’, então
aí vai uma sequência de quatro imagens (um recorte) da evolução do
desenho. Lembrando que tudo era em preto e branco.
Figura1
0
Figura11
Parte 5 – Finalização
Conferi e reconferi se todos os componentes tinham continuidade
em algum lugar, e se estava no diagrama. Sem falar nos nomes dos
componentes. Fiz uma legenda para melhor interpretação e guardei o
pixel art, caso alguém precise em alguma edição. Tirei diversas fotos
para eventuais consultas e organizei todo o processo em pastas. Neste
momento as pastas, incluindo este texto, estão no nosso Servidor
nomeadas como Engenharia reversa de Scania.

Espero ter ajudado,

Henrique Dziuba

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