Guia de como modelar para

impressão

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Antes de começarmos, quem sou eu?
Me chamo Raphael Bastos, sou bacha-
rel em Design Industrial pela PUC Rio
com especialização em Manufatura
Aditiva pelo SENAI em Design
Generativo pela Autodesk.

Iniciei minha jornada na modelagem 3D

há cerca de 12 anos atrás no progra-
ma Sketchup e, desde então, atuei em
projetos na área de design de interio-
res, cenografia e mobiliários utilizando
softwares como: Solidworks, 3Ds Max,
Fusion 360 e Z-Brush.

Em 2019 ingressei no SENAI CETIQT, onde me aproximei ainda

mais da área de manufatura aditiva, e lá prestei consultorias
para empresas, com foco em produtos para aplicações
industriais e comerciais através da impressão 3D.

Atualmente sou fundador de um estúdio de design, a R3D, que

tem foco em fabricação digital, onde prestamos consultorias,
serviços e treinamentos para empresas e estudantes de todo
pais.

Sou vencedor do Desafio de Design Braskem 2020, segundo

colocado no Hackathon Petrobras 2019, finalista do IF Talent
Awards 2020, finalista Green Awards 2021(ainda em anda-
mento) e, além disso, participei como designer do Global Goals
2018 e Creative Campus Rio 2016.

Para conhecer um pouco mais do nosso trabalho acesse:

https://www.r3dsign.com.br/

Instagram: @r3dsign

Caso você tenha alguma dúvida ou queira falar comigo entre

em contato através de: raphael@r3dsign.com.br
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Introdução
Você já quis criar uma peça do zero e imprimi-la em 3D?
Então esse e-book é para você!

Neste guia, irei te orientar para que você tome as melhores

decisões na hora de modelar para a manufatura aditiva(FDM) e
ainda te mostrarei como imprimir, de forma mais efetiva, peças
decorativas e mecânicas.

Este e-book está dividido em 3 partes, sendo elas:

1 - Planejamento
Você irá entender as demandas
de uso desta peça, além de pro-
jetar manualmente como ela irá
funcionar.

2 - Peças Mecânicas
Aqui, você entenderá como tor-
nar a sua peça mais resistente
e utilizar técnicas específicas de
modelagem para a manufatura
aditiva.

3 - Peças decorativas
Ao desenhar uma peça que tem
como funcionalidade principal
a estética, são necessárias algu-
mas práticas para que a impres-
são 3D seja utilizada de forma
pensada.

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1.1 - Entendendo sua funcionalidade
Antes de começar qualquer
projeto, você precisa se ques-
tionar: qual é a função deste
objeto? Qual problema ele
resolve?
Por exemplo: cadeira

Função = sentar

Problema = dor nas pernas

e coluna, cansaço

Isso indica que o objetivo pri-

mário desta peça é mecâni-
co, portanto você deverá ga-
rantir que ela resista ao peso
de uma pessoa. Aplique este
mesmo pensamento para
qualquer objeto e você terá
uma melhor compreensão
na hora de decidir ao longo
do projeto.

É claro que um objeto possui

diversas funções, sua função
como projetista é entender
qual é a mais relevante e qual
você quer enaltecer.

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1.2 - Desenhando sua peça (sketch)

Muitas pessoas tendem a pular essa fase pois acreditam que

tudo se resolverá na modelagem 3D. Este é um dos principais
erros na hora de criar um objeto.

Antes de entrar no computador, faça diversos desenhos, isto

ajudará você a compreender a forma e simular interações de
componentes.

Desenhar tem um papel fundamental em um projeto, ajuda seu

cérebro a entender o que você está querendo criar, da mesma
forma que tocamos um objeto quando queremos experimentá-
-lo. Desenhar é ajudar seu cérebro a criar, NUNCA pule essa
fase!

Dica:
Quando houver muitos componentes, experimente fazer em vis-
tas ortogonais 2D (topo, lado ou traseira), isto limita a quantida-
de de informações que você precisa resolver, diminui possíveis
erros ao longo do projeto e acelera seu fluxo de trabalho.

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1.3 - Prototipando com rapidez

Agora que você entende a função e a forma de seu objeto no

papel, é hora de validar se fazem sentido no mundo físico.

Utilize materiais de fácil acesso como: papelão, isopor, massa de

modelar, etc. para simular o formato e a função daquele objeto.
Este processo ajudará você a identificar as escalas e tamanhos
necessários para atender aos seus objetivos. Além disso, evitará
diversos erros posteriores no projeto.

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2.1 Prevendo solicitações mecânicas

Assim que você entender que sua peça realizará um esforço

mecânico, é imprescindível que você identifique a intensidade
dele.

Desta forma, você irá otimizar

sua modelagem para que ela
suporte o esforço em questão.

Exemplo: prateleira = suporta

10 kg

Não tenha medo de simular re-

sistência em softwares, existem
diversos tutoriais explicando o
processo. Isto te dará uma se-
gurança extra na hora de projetar.

Utilize sempre o material similar pré setado nos softwares e

subtraia a resistência da peça impressa em 70% de uma peça
injetada. Isto servirá como base, pois a impressão 3D possui
diversas variáveis como: direção das camadas, temperatura,
umidade, etc.

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2.2 Evitando fraturas

Evite fazer quinas e cantos a 90 graus, tente sempre utilizar can-

tos arredondados nestas áreas. Isso irá aumentar a resistência
da peça, pois diminui o estresse mecânico naquele ponto.

Formas mais orgânicas tendem a dissipar melhor a energia e

evitar rachaduras.

2.3 Projetando com pensamento no

depósito de filamento
Na hora de desenhar a Força
Sentido correto
forma, pense que existirá para o melhor
sempre um lado que a peça aproveitamento
mecânico
será mais forte perpendicu-
larmente a mesa, pois no
sentido horizontal é onde as
camadas se encontram.
Mesa
Sendo assim, é muito mais
fácil de ocorrer o descola-
mento neste sentido. Possivel descolamento
de camadas

Força

Mesa 8
2.4 Testando as espessuras

Na hora de criar peças que façam interface com outras, é preciso

testar diversas espessuras e tolerâncias para garantir um bom
funcionamento do mecanismo.
Peças que se
encaixam

Uma boa prática é recortar apenas as partes do modelo que

farão interface com outras e testar seus encaixes, a fim de evitar
o desperdício de material.
Imprimir partes
que se encaixam
Tolerância separadamente

Outra dica valiosa é ter um paquímetro para calibrar a sua

extrusora (vídeo aqui) e medir os objetos que irão entrar em
contato com o seu modelo.

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2.5 Abusando da manufatura aditiva

A impressão 3D possibilita formas que antes seriam impossíveis

nos meios de fabricação tradicionais, se aproveite disso para
criar peças que já são impressas montadas (print in place) e
com sua simulação de esforços que falamos lá no começo.

Experimente também o
design generativo
(curso gratuito dispo-
nível em meu canal).

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2.5 - Imprimindo peças mecânicas (bônus)

Aumente o infill para pelo menos 30%, podendo chegar até

100%, de acordo com a sua necessidade, e prefira temperatu-
ras mais altas, isso aumentará a adesão entre camadas.

Não se esqueça de calibrar

seus E-Steps, isso garantirá Aumente a
uma melhor precisão e evi- temperatura
tará sub extrusão, que causa + 5 a 10 graus
uma grande piora mecânica.
Aumente o infill
Lembre-se de posicionar a peça de forma 30 a 100%
que o maior esforço mecânico seja paralelo
à mesa de impressão e não perpendicular a
ela (o que acaba forçando o descolamento
das camadas). Vide o tópico 2.3

10
 3.1 Melhorando a qualidade da superfície

Pela forma como o filamento é de-

positado sempre no eixo X e Y, ao
colocar duas curvas em mais de
um eixo, você criará uma “esca-
dinha” que ficará visível em sua
peça, mesmo em qualidades de
impressão maiores.

Portanto, se possível, evite utilizar

formas orgânicas em mais de
dois planos de impressão.

Zoom no bico

Camadas depositadas
no eixo XY

“Escadinhas”
y
Eixo Z

Mesa(Plano XY)

esa
M

Uma outra forma de melhorar a qualidade da superfície é

aumentar a resolução de camada. Entretanto isso irá aumentar
consideravelmente o tempo de impressão. Sendo assim é mais
prudente levar em consideração quais curvas são realmente
necessárias para o seu projeto e posiciona-las da melhor forma.

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3.2 Conhecendo os limites

Quando desenhar sua peça, lembre-se do diâmetro do seu bico,

ele é diretamente responsável pela capacidade da impressora
entregar detalhes.

Projete sempre pensando em detalhes maiores que o diâmetro

do seu bico.

0.4mm é o tamanho mais

comum.
Quanto maior o bico mais
velocidade porém menos
detalh

Uma outra dica é: quando fizer textos ou detalhes pequenos, opte

por fazê-los para dentro do objeto, em baixo relevo (retirando
material), a impressora consegue entregar detalhes muito me-
lhor desta forma, e não como consta na imagem abaixo:

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3.3 Evitando suportes

Ao modelar uma peça com objetivo estético, é importante mini-

mizar a necessidade de suporte, pois eles irão impactar negati-
vamente a qualidade da superfície do seu objeto.

Para isso, evite ângulos maiores que 45º e partes suspensas.

Se for necessário, pense em como esta peça será impressa e

quais outras partes podem ser remodeladas para que as partes
que precisam de suporte fiquem perpendiculares à mesa.

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3.5 - Imprimindo peças decorativas(bônus)

Ao imprimir peças decorativas, é importante ter a temperatura

de extrusão bem definida. Para isso, faça uma torre de tempe-
ratura e descubra em que temperatura sua impressora entrega
a melhor qualidade de impressão (veja como fazer neste vídeo).

Depois disso, ajuste a sua retração para evitar stringing e pós-

processamento, o que piora a qualidade da superfície da sua
peça.

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Conclusão
A modelagem 3D é uma ferramenta importante na hora da cria-
ção de um produto para impressão 3D, mas não é tudo. Mais
importante do que ter domínio desta ferramenta, é entender o
processo de criação e validação de um objeto.

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