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ÃO
da Defesa Nacional
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ISSN 2182-5327
Depósito Legal 340906/12
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ANA CLÁUDIA MANUELITO Miguel Torga definiu, admiravelmente, Portugal. adormecida que tinha ficado pela opção europeia
Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais (FCSH- Um país com fortes traços marítimos e que se foi desenvolvendo.
UNL) e mestranda em Relações Internacionais: Segurança e
Defesa (IEP-UCP). É investigadora da Linha de Investigação continentais. É sob este prisma que traçamos a Por outro lado, e mais recentemente, a aprovação
Científica Maria Scientia sobre os Assuntos do Mar. Foi hipótese que ”Portugal é um país híbrido”. No da Política Marítima Integrada, aquando da
estudante ERASMUS no Instituto de Estudos Políticos de Paris decorrer do ensaio faremos alusão às presidência portuguesa da União Europeia em
(Sciences-Po) em 2010. Estagiou no Instituto da Defesa
Nacional entre 2011 e 2012. componentes marítimas e continentais de 2007, mostra a posição híbrida de Portugal ao
Portugal, demonstrando a sua importante e condensar duas vertentes tão importantes do
benéfica complementaridade, para um país século XXI. Acrescem também outros eventos
inscrito no continente europeu mas tão próximo exemplificativos dos nossos traços marítimos,
do grande “mar-oceano”. como o recente pedido de extensão da
O objetivo deste ensaio não é, claramente, plataforma continental portuguesa, a localização
conotar negativamente Portugal pelo seu da Agência Europeia de Segurança Marítima,
hibridismo. Na realidade, este particularismo sediada em Lisboa, bem como a realização das
português deve ser realçado. São muitas as Conferências do Atlântico, que tiveram lugar
oportunidades decorrentes do carácter marítimo também em Lisboa no passado mês de
e continental, ou atlântico e europeu, pois nada dezembro de 2011.
prova que estes termos se encontrem em Quanto à nossa vocação continental/europeia,
dicotomia. Afinal, somos uma nação com muitos também ela é notória, em grande parte, na nossa
séculos de história, com um passado marcado história coletiva recente. Começou por se
por fortes tendências marítimas e continentais. desenhar, na contemporaneidade, com a adesão
Marítimas, pelas glórias da Era dos à EFTA - seguindo os passos do nosso aliado
Descobrimentos, pela consideração dada ao mar inglês -, consubstanciando-se no primeiro sinal
no período do Estado Novo, pela importância da de uma viragem em direção às potências
CPLP, pelo nosso extensíssimo território continentais europeias (s.a., 2002). De facto,
marítimo. Continentais, pela nossa posição com a adesão à CEE em 1986, Portugal redefiniu
geográfica natural inscritos no continente os seus parceiros estratégicos Alemanha, França
europeu , pelo projeto da União Europeia e por e Espanha criando-se um ambiente favorável à
tantos outros exemplos que poderíamos elencar. expansão do ideal das grandes potências
De acordo com Ruivo e Gameiro (2009), a continentais europeias, declinando,
influência do mar nas mentalidades dos simultaneamente, as relações com os
portugueses é transversal durante toda a nossa americanos e ingleses, potências com forte
existência enquanto nação. Durante o Estado pendor marítimo.
Novo, o mar era uma ideia cara ao regime Após 1976, fomos definindo e clarificando o
vigente. Mais tarde, a EXPO 98 veio dar um novo nosso unívoco posicionamento atlântico e
alento à vocação marítima portuguesa, um pouco europeu, como realidades indissociáveis uma da
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