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125 ANOS
DA CONFERÊNCIA DA HAIA DE
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
(HCCH)
E.BOOK
125 ANOS DA HCCH
E.BOOK
outubro 2018
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ÍNDICE
04 Apresentação
Susana Videira
Tenho, pois, o prazer de apresentar esta Por seu turno, a importância da certeza e eficácia
publicação, que traz uma coletânea de artigos dos acordos de eleição do foro e a progressiva
sobre alguns dos temas em evidência na área da autonomia conferida às partes não poderia
cooperação transfronteiriça em matéria civil e deixar de ser assinalada no seio do trabalho
comercial no âmbito da Conferência da Haia. São levado a cabo pela Conferência, justificando,
textos escritos por estudiosos das faculdades de pois, uma análise da Convenção da Haia sobre
Direito, mas também pela mão de profissionais os Acordos de eleição do foro, de 30 de junho
do Judiciário e da Administração Pública, com de 2005 que nos é trazida pela Dra. Raquel
intervenção direta nas matérias em destaque, a Correia, membro da delegação portuguesa nas
quem muito agradecemos. negociações da referida Convenção.
Margarida Paz
Magistrada do Ministério Público
Dária Segura
Jurista nos serviços centrais, Departamento de Desenvolvimento Social, IPS
Maria João Almeida
Assistente Social. Diretora da Unidade de Intervenção Social, nos serviços centrais do
IPS
Introdução
A presente convenção garante o respeito pela 2000, que, por sua vez foi aprovada para adesão
integridade, dignidade e liberdade individual pela Resolução da Assembleia da República n.º
dos adultos vulneráveis, designadamente das 52/2014, de 19 de junho.
pessoas com deficiência e incapacidade, assim
como reforça a proibição da discriminação dos
cidadãos, através de leis, políticas e programas, Houve conclusão do processo quando se
consagrando o respeito pelos princípios da procedeu ao depósito do respetivo instrumento
equiparação e da reciprocidade consagrados na de ratificação, publicado no Aviso n.º 41/2018,
Constituição da República Portuguesa. de 12 de abril, em que designa a Procuradoria
Geral da República autoridade central para os
efeitos previstos na Convenção, com entrada em
Além dos princípios referidos, acompanha os vigor das normas e procedimentos previstos na
valores do aumento do bem estar e da qualidade Convenção a 1 de julho de 2018.
de vida dos cidadãos, igualdade entre os cidadãos
dos Estados Contratantes e dos nacionais,
consagração dos direitos fundamentais e da Atualmente, para além de Portugal, são Estados
dignidade humana. contraentes a República Checa, a Estónia, a
Finlândia, a França, a Alemanha, a Letónia, a
Suíça e o Reino Unido (Escócia).
1. A Convenção de Haia 2000 relativa à
proteção internacional de adultos
São objeto da Convenção (vide art.º 1º):
Para sabermos se a decisão judicial no Estado Por fim, o artigo 7 prevê os fundamentos que os
de origem pode beneficiar desta livre circulação tribunais dos Estados requeridos podem invocar
nos demais Estados contratantes, neles valendo para recusar o reconhecimento ou execução da
enquanto ato jurisdicional verdadeiramente sentença estrangeira: entre eles, por exemplo,
equiparável aos dos tribunais locais, importará o desrespeito de regras fundamentais de
verificar se a decisão preenche qualquer um processo (p. ex., citação, notificação em tempo
dos critérios de «elegibilidade», para esse efeito, útil para preparar defesa) ou a manifesta
previstos no extenso artigo 5, que salvaguarda a incompatibilidade com a ordem pública do
existência de uma efetiva ligação entre o litígio Estado requerido. Dizemos podem, e não
(ou as partes no litígio, ou o seu objeto) e o devem, de caso pensado: pois «esta Convenção
Estado de origem. Será o caso, por exemplo, se o não impede o reconhecimento ou execução
Estado de origem for o da residência habitual da de decisões judiciais de acordo com o direito
pessoa contra quem se requer o reconhecimento nacional» (artigo 16)[13]. Isto é: num expresso
ou execução[10]; ou, noutro exemplo, o Estado do favor recognitionis, e à semelhança do que
lugar onde a obrigação contratual em litígio foi também sucede noutros contextos (pensamos
ou devia ter sido cumprida[11]. na arbitragem)[14], pretende-se com a convenção
Há casos em que, tradicionalmente, se tende a fixar um standard mínimo de reconhecimento e
execução, sem, todavia, impedir que cada Estado
9 Cfr. o art. 1 para essa delimitação do âmbito contratante avance para lá desse standard na
material de aplicação, mas também o conjunto aceitação de sentenças estrangeiras.
das exclusões previstas no art. 2.
10 No caso de pessoas coletivas considera-se haver 12 Por esse motivo se encontram ainda entre
residência habitual, para efeitos da convenção parêntesis retos, no atual draft, todas as
(e à semelhança do que já sucede na Convenção disposições da convenção que dizem respeito à
da Haia de 2005: cfr. o seu art. 4.º, n.º 2), tanto propriedade intelectual, incluindo o art. 6, (a), a
no Estado (a) do lugar da sua sede estatutária, que nos acabámos de referir em texto.
(b) sob cuja lei foi constituída, (c) do lugar da sua 13 Art. 16, em tradução nossa, não oficial,
administração central, como ainda no (d) do lugar salvaguardando-se ainda nesse preceito o citado
do seu estabelecimento principal. artigo 6.
11 Citámos as alíneas (a) e (g) do n.º 1 do art. 5, mas 14 Uma vez que encontramos uma solução análoga
este n.º 1 prossegue ainda até à alínea (m): cfr. o plasmada no artigo VII, n.º 1, da Convenção de
texto convencional preliminar para uma leitura Nova Iorque, de 1958, sobre o reconhecimento e
completa. execução de sentenças arbitrais estrangeiras.
Artigo 2.º
Artigo 1.º Liberdade de escolha
Âmbito de aplicação dos Princípios
Artigo 9.º
A escolha de lei aplicável não se encontra sujeita
Âmbito da lei aplicável
a qualquer requisito de forma, salvo acordo das
partes em contrário.
1. A lei designada pelas partes rege todos
os aspetos do contrato celebrado entre as
Artigo 6.º
partes, incluindo, sem carácter exclusivo:
Acordo sobre a escolha de lei e conflito de
a) a interpretação;
cláusulas contratuais gerais (Battle of forms)
b) os direitos e as obrigações decorrentes
do contrato;
1. Sob reserva do disposto no n.º 2:
c) o cumprimento e as consequências do
a) a lei presumivelmente escolhida pelas incumprimento, incluindo a avaliação do
partes determina a existência de acordo para dano;
a escolha de lei;
d) as diversas causas de extinção das
b) caso as partes tenham utilizado obrigações, bem como a prescrição e a
cláusulas contratuais gerais das quais caducidade;
resulte a aplicação de duas leis diferentes
e) a validade e as consequências da
que admitam ambas que tais cláusulas
invalidade do contrato;
prevalecem, a lei aplicável é a designada
como prevalente naquelas cláusulas; f) o ónus da prova e presunções legais;
entende-se não haver escolha de lei se ao
g) as obrigações pré-contratuais.
Artigo 11.º
Normas de aplicação imediata
e ordem pública
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