Docente: Jacinto Godinho Discente: Constança Vieira (2023121583) Unidade Curricular: Discurso dos Media Licenciatura em Ciências da Comunicação – 1º ano Índice Introdução Contextualização Análise crítica do discurso Conclusão Bibliografia e Web grafia Intervenção de Tiago Pitta e Cunha Entrega do Prémio Pessoa
Introdução No âmbito da Unidade Curricular de Discurso dos Media,
Partindo da ideia universalmente aceite da comunicação ou do comunicar emissor
mensagem e recetor a produção do discurso e o campo do conhecimento que arrasta consigo, segundo Michel Foucault na “A Origem do Discurso” e desde os pré-socráticos até ao século dezanove com Hegel eram realidades fechadas em que o objeto do conhecimento era “mascarado” apesar de existir uma relação do discurso com a sua referência. É aqui que entra a noção de poder de Michel Foucault que se liga à noção de desejo, quer dizer que o discurso era sempre restritivo e coercivo pois o detentor do discurso/ conhecimento é o que detém o poder que leva o outro à vontade de desejo que é o de se apropriar desse mesmo campo de conhecimento. Neste sentido as regras da pronúncia de discursos são sempre submetidas aos indivíduos e aos seus rituais que os enunciam. No caso de Tiago Pitta e Cunha e refletindo as noções de Michel Foucault a “sociedade do discurso” e estrutura a mensagem/ discurso acontece num plano de nivelamento em que emissor e recetor partilham a mesma capacidade de descodificação e interpretação do discurso elaborado. A noção de “poder” de Foucault neste caso concreto pode entender-se a partir da validação do dito e enunciado pelo orador apesar de a palavra estar mascarada entre quem produz o discurso e quem o irá escutar, leva sempre à sensação e à consciência de um sentimento de exclusão. Neste discurso de Tiago Pitta e Cunha temos a exposição brilhante e objetiva, até vital, da presença do mar e dos oceanos para o futuro de Portugal. Os recetores desta mensagem assiste-lhes o desejo de descodificar e interpretar o dito e talvez validando e colocando-o em prática. Contextualização
Criado em 1987, numa iniciativa que conjunta do jornal “Expresso” e da empresa
“Unysis”, tem a intenção de realçar a importância de homenagear em vida a obra de grandes personalidades em Portugal. O Prémio Pessoa tenta contrariar os velhos costumes de apenas postumamente o devido reconhecimento ser atribuído. Tal aconteceu com o Poeta que nomeia este prémio, Fernando Pessoa. Atribuído anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que, ao longo desse tempo, tenha sido protagonista de uma intervenção especialmente importante quer nas áreas artística, literária ou científica em Portugal. Tiago Pitta e Cunha esteve ao longo de todo o seu percurso ligado ao ambiente, às ciências e ao mar. Foi conselheiro na Missão permanente de Portugal junto das Nações Unidas e representou a EU na Assembleia geral da mesma instituição. Foi conselheiro do Presidente da República para assuntos de Ambiente, Ciência e Mar, membro do Gabinete do Comissário Europeu para os Assuntos Marítimos trabalhando como Coordenador da Comissão Europeia para o desenvolvimento da nova Política Marítima Integrada da EU. Atualmente é administrador executivo da Fundação Oceano Azul, criada com o objetivo apoiar a conservação e utilização sustentável dos oceanos. Esta fundação sem fins lucrativos tenta aplicar “políticas que permitam a coexistência do desenvolvimento humano com a proteção dos oceanos”. Em 2021 foi atribuído ao administrador da Fundação Oceano Azul, fruto do seu trabalho desenvolvido nesta instituição o Prémio pessoa. Tiago Pitta e Cunha, foi considerado pelo júri “uma das personalidades mais relevantes” no pensamento e na ação sobre Mar e Oceanos. O presidente do júri, Pinto Balsemão, realçou ainda que "Os assuntos do mar e dos oceanos têm estado presentes na atividade do nosso premiado com a intensidade de uma escolha vocacionada”. Análise crítica do discurso O discurso de Tiago Pitta e Cunha está estruturado em três partes. A primeira são os agradecimentos às instituições públicas e políticas que desenvolveram trabalho legislativo e científico na proteção do Mar e Oceanos. Agradece também ao júri a atribuição do prémio que o colhe de surpresa pois sendo um cidadão com os pés bem assentes na terra olha para o Mar como o futuro do nosso planeta e presente e futuro do nosso país. Na segunda parte do discurso o premiado desenvolve em dois planos a sua logacidade sobre o Mar como presença distante e próxima do desenvolvimento estrutural da Europa e de Portugal. No, plano diacrónico, o desenvolvimento económico da Humanidade, pelo menos a partir das descobertas e, já no século XIX e XX com a revolução industrial e economia de mercado, com as correspondentes revoluções tecnológicas levaram o planeta à exaustão. No plano sincrónico e no que diz respeito a Portugal defende que nunca se conseguiu adotar um modelo de desenvolvimento próspero, andando sempre a debater- se entre “estar mais atrasado e menos endividado” ou “estar menos atrasado mas mais endividado!!” (p.5). O dilema que se coloca portanto é não chegar “atrasado ao século XXI” (p.5). Continuando a análise crítica do discurso, Tiago Pitta e Cunha explana as suas conceções ideológicas sobre o Mar como equação para desenvolvimento do país pois é o nosso principal capital natural. Refere dois desastres naturais que afetaram o capital do nosso país: os incêndios na serra de Monchique que aceleraram a desertificação do Sul do país; a Universidade do Algarve com estudos sustentados demostrou que esta região perdeu nos últimos vinte anos 70% dos seus recursos piscícolas (p.7). Ainda no âmbito da análise do discurso do orador tenho a referir a sua chamada de atenção para uma explicação que nunca foi dada ao porquê de há mais de trinta anos não ser feita em Portugal Continental uma área marinha protegida (p.7). E é aqui ao afinar a análise crítica do discurso, que o orador apresenta as suas ideias para não chegarmos atrasados ao futuro e que “imagem iremos deixar para as próximas gerações” (p.8). Sendo Portugal um país com quarenta vezes mais área marítima do que terrestre, a nossa geografia é “avassaladoramente marítima” (p.8) deveremos ser grandes exportadores de energia renovável, apostando na eólica flutuante e nas algas bivalentes como fonte determinante na transição das nossas dietas carbonizadoras para as dietas verdes do futuro (p.9). Por último, o orador, porque acredita, recomenda para Portugal a aposta na biotecnologia azul, elevada à escala industrial tornando o nosso país aquilo que a Nova Zelândia é hoje para a Agritech (p.9). Conclusão Voltando, ao Michel Foucault e usando a sua disposição teórica e do conceito “partilha de um discurso” (Foucault 1997) onde todos são trazidos ao conjunto da interpretação leia-se, “os discursos validos”, Tiago Pitta e Cunha apresenta as suas propostas para o futuro de Portugal, sabendo que assistimos a uma mudança de paradigma do modelo de desenvolvimento económico, orientando a nossa sociedade para um futuro da sustentabilidade ambiental, da restauração da natureza e da descarbonização da economia. Para tal deveremos tornar-nos uma das potências marítimas do século XXI. Em suma, este discurso que analisamos obedece aos conceitos teóricos de significação, originalidade, unidade, criação (Foucault 1997). Isto pressupõe que e apesar da teoria das sistematicidades descontínuas (Foucault 1997). Se assista à validação do discurso. Bibliografia Web grafia https://expresso.pt/premio-pessoa/2017-10-01-O-que-e-o-Premio-Pessoa https://www.ffms.pt/pt-pt/autores/tiago-pitta-e-cunha https://www.oceanoazulfoundation.org/wp-content/uploads/2022/04/Discurso- Completo.pdf https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$premio-pessoa https://observador.pt/2021/12/17/tiago-pitta-e-cunha-e-o-vencedor-do-premio-pessoa/ https://www.rtp.pt/noticias/pais/premio-pessoa-2021-para-tiago-pitta-e-cunha-da- fundacao-oceano-azul_n1370945