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RPGM
Revista Acadêmica

METODOLOGIA ATIVA: A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA NOS DIAS


ATUAIS

ACTIVE LEARNING METHODOLOGY: THE IMPORTANCE OF METHODOLOGY IN


CURRENT DAYS

Maria das Dores de Carvalho Vasconcelos1, Paulo Marcotti2

RESUMO
O presente artigo tem por objetivo refletir sobre a importância da metodologia ativa na educação
aplicada em sala de aula bem como compreender o uso das novas tecnologias nesta prática
pedagógica; analisando o papel do docente e do discente no processo de ensino aprendizagem
e na construção do conhecimento. A metodologia aplicada baseia-se em análise de pesquisa
qualitativa por meio de análise documental e revisão bibliográfica, visando como resultado um
maior embasamento teórico para a melhoria do trabalho do professor em sala de aula.

Palavras-chave: metodologia ativa; prática de ensino; construção do conhecimento.

ABSTRACT
This article aims to reflect on the importance of the active learning methodology in classroom education
as well as the use of new technologies in pedagogical practice. Analyzing the role of the teacher and the
student in the process of teaching learning and in the construction of knowledge. The applied methodology
is based on analysis of qualitative research through documentary analysis and bibliographical revision,
aiming as a result a greater theoretical foundation for the improvement of the teacher’s work in the
classroom.

Keywords: Active methodology; Teaching practice; Knowledge building

1 CEI Ângela Maria Fernandes

2 Faculdades Integradas Campos Salles, Faculdade das Américas

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 87-96, nov. 2017/fev. 2018.


ISSN 2594-4800 | e-ISSN 2594-4797 | doi: 10.22287/rpgm.v1i3.683
VASCONCELOS, DE C. M. DAS D., MARCOTTI, P.: METODOLOGIA ATIVA: A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA NOS DIAS ATUAIS
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho refletirá sobre a metodologia ativa como abordagem educacional, em que o
aluno é o protagonista do processo ensino aprendizagem; bem como sobre a evolução dos métodos
educacionais brasileiros desde o Brasil colônia até os dias atuais.

Verificar-se-á, também, sobre a influência exercida pelos autores John Dewey e Anísio Teixeira
na educação brasileira na aplicação dos métodos em sala de aula. Refletir-se-á, ainda, sobre o papel
do docente como mediador na construção do conhecimento e o que é necessário para que o docen-
te se adeque a essa nova forma de ensinar de maneira natural e correta.

A Metodologia ativa exige do docente uma ressignificação do seu método de ensino. Ele po-
derá utilizar métodos como a sala de aula invertida que altera a lógica tradicional de ensino, poderá
utilizar também, os recursos tecnológicos de forma adequada como mais uma ferramenta para o
processo de aprendizagem.

Outro método que faz parte desta abordagem educacional é o da problematização que en-
volve diferentes áreas de conhecimento em que professor e aluno estarão na mesma frequência
destacando o trabalho em grupo.

A Peer Instruction tem como pilar a aprendizagem colaborativa, possuindo entre suas caracte-
rísticas a leitura prévia do aluno com material disponibilizado pelo docente, interação entre profes-
sor e aluno, a participação ativa no seu processo de aprendizagem.

A metodologia aplicada de maneira adequada torna-se eficiente na construção do conheci-


mento do aluno que está no centro do processo. Observar-se-á, em tempo, a importância das mu-
danças que os métodos apresentam, utilizando diferentes saberes, dando autonomia para o aluno
que é um princípio importante na prática metodológica ativa. Considerando a realidade do mesmo
para garantir o sucesso do método, por meio de sondagens dos conhecimentos prévios dos alunos,
demonstrando, assim, que o conhecimento não é pronto e acabado.

2. OS MÉTODOS EDUCACIONAIS BRASILEIROS


De acordo com Ponce, Saul (2012), a educação brasileira foi iniciada pelos jesuítas que criaram
as primeiras salas de aula onde o método de ensino consistia na audição e repetição de informações.

Continuam os autores que o método de ensino usado no Brasil no século XIX teve sua origem
na Inglaterra. Os professores tinham vários monitores e os estudantes com mais experiência instruí-
am os demais; no entanto não foi funcional pelo fato das turmas serem ínfimas. Na segunda metade
do século XIX utilizou-se o método simultâneo que era uma metodologia de ensino na qual o profes-
sor trabalhava com um grupo de alunos reunidos de acordo com o tema estudado.

Em consonância com Ponce, Saul (2012), com o advento da Proclamação da República ocorre-
ram alguns debates entre os positivistas e os escolanovistas e também existiam as ideias católicas e
o anarquismo envolvidas naquele processo. A pedagogia deste período baseou-se na memorização
na qual a autoridade era fundamentada no poder do professor em prêmios e castigos aos estudan-
tes. Quando os imigrantes europeus chegaram, trouxeram a influência anarquista que proporcionou

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a fundação das escolas de operários baseadas na pedagogia libertária que tinha como projeto rea-
bilitar a humanidade para a vida coletiva, garantir o espírito crítico, preservar a igualdade de gênero
abrindo o caminho para a transformação social.

Ainda de acordo com os autores os escolanovistas cresciam e combatiam a escola restrita à


elite e ligada à religião. Com o golpe de 1964 o Brasil passou a viver momentos de repressão. As
propostas de uma educação mais democrática foram abandonadas.

De acordo com Ribeiro (2000), durante o regime militar a política educacional adotada no
Brasil se assentava em 3 pilares: educação e desenvolvimento, educação e segurança e educação e
comunidade.

Para Ghiraldelli (1986), o educador tinha a função técnica sendo o aluno um mero instrumento
que apenas executava os objetivos instrucionais; para Pellanda (1986) essa tarefa não exigia conhe-
cimento apenas habilidades práticas e manuais.

De acordo com Ponce, Saul (2012), após o término da ditadura deu-se a universalização do
ensino, passando a educação a ser um direito de todos, uma evolução que os escolanovistas haviam
propagado durante a Era Vargas.

Nas décadas de 2010/2011, com políticas governamentais vigentes que incluíram uma grande
revolução tecnológica, marcada pelo desenvolvimento da internet, ocorreu a transformação nas re-
lações sociais e de ensino. Período propício ao desenvolvimento da metodologia ativa. Embora essa
metodologia não esteja relacionada apenas as tecnologias, mas está diretamente ligada ao docente
em desenvolver novas habilidades para exercer o papel de orientador e mediador da construção do
conhecimento.

Em consonância com Ponce, Saul (2012) a metodologia ativa consiste em uma concepção
educacional em que o estudante é protagonista do aprendizado, estimulando à crítica e reflexão.
A aprendizagem nesta metodologia é baseada em uma didática ativa que enfatiza as atividades no
desenvolvimento de competências e habilidades. A aprendizagem precisa ser colaborativa e inter-
disciplinar. Segundo Behrens e José (2001), a metodologia de projetos foi proposta inicialmente por
John Dewey e chegou ao Brasil nas traduções de Anísio Teixeira na década de 1930, na origem do
movimento denominado Escola Nova. Segundo Dewey essa metodologia direciona o foco para o
aluno como experiências vivenciadas, valorizando a motivação para aprender na prática.

3. ESCOLA DEMOCRÁTICA NO BRASIL


Segundo Ponce, Saul (2012) John Dewey é certamente um dos mais influentes pensadores
na área da educação contemporânea. Ele se posicionou a favor da Escola Ativa, em que o aluno de-
veria ter a iniciativa e a originalidade de agir de forma cooperativa. Seus trabalhos iam ao encontro
do pensamento liberal norte americano e influenciaram vários países, inclusive da Escola Nova no
Brasil. Segundo Dewey (1979, p.43) “Aprender é próprio do aluno, só ele aprende e por si; portanto,
a iniciativa lhe cabe. O professor é guia; um delator pilota a embarcação, mas a energia propulsora
deve partir dos que aprendem.” Suas ideias influenciaram a elaboração do Manifesto da Educação.

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Continuam os autores que no Brasil, Anísio Teixeira foi um dos mais importantes apoiadores
das ideias de Dewey, foi o pioneiro da implantação de escolas públicas de todos os níveis no Brasil o
que demonstrava seu objetivo na oferta de educação gratuita para todos. Anísio foi aluno de John
Dewey quando fez curso de pós-graduação nos Estados Unidos, portanto muitas das suas ideias
eram inspiradas na filosofia de Dewey. Tais ideias influenciaram na elaboração do Manifesto dos Pio-
neiros da Educação, um documento que se referia a reforma Educacional no Brasil. A grande meta
dos pioneiros era uma escola democrática, com vivência dos princípios democráticos para todos.

Os conceitos de experiências, vida e crescimento, a importância de ver o aluno, como centro


da escola estão presentes na redação do Manifesto.

(...)uma nova concepção de sociedade, em que privilégios de classe, dinheiro e


herança não existissem, e o indivíduo pudesse buscar pela escola a sua posição na
vida social (...) com a criação da nova escola comum para todos, (...) a criança de to-
das as posições sociais iria formar a sua inteligência, a sua vontade e o seu caráter,
os seus hábitos de pensar, de agir e de conviver socialmente (TEIXEIRA ,1957,p 11).

Ponce, Saul (2012) afirmam que o movimento da Escola Nova no Brasil trouxe grandes contri-
buições que resultaram em algumas conquistas como a ampliação da rede escolar, o aprimoramento
nas condições das instituições escolares, a criação de novas unidades e também a estruturação de
novos órgãos de natureza técnica com o intuito de tomar aparato administrativo escolar compatível
à nova realidade educacional e serviu para o avanço do sistema educacional brasileiro, pois a partir
delas começou-se a pensar o aluno como centro no processo de ensino aprendizagem.

4. A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS NA METODOLOGIA ATIVA


De acordo com Boutinet (1990) o termo projeto significa: intenção, propósito, objetivo, pro-
blema a resolver; metodologia significa: planos, procedimentos, estratégias, desenvolvimento. Se-
gundo Dewey, ao propor uma metodologia de projetos, ele tinha a intenção de transformar o aluno
em sujeito de sua própria aprendizagem.

Compreende-se o desejo da queda de um ensino conservador e repetitivo. Não se desejava


mais ver o aluno como um simples receptor de informações. Nos dias atuais é preciso que a didática
utilizada em sala de aula esteja de acordo com as necessidades dos alunos, o aluno é o protagonis-
ta, portanto, o conhecimento precisa ter significado e ser construído a partir das experiências dos
mesmos.

Segundo Moran (2014) a educação formal está em um impasse diante de tantas mudanças na
sociedade: “como evoluir para tornar–se relevante e conseguir que todos aprendam de forma com-
petente a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais? Os processos de
organizar o currículo, as metodologias, o tempo e os espaços precisam ser revistos.”

Para Ponce, Saul (2012) para que as ideias de Moran se realizem o docente deve contribuir
para a aprendizagem significativa do seu aluno que é a conexão daquilo que o aluno já sabe com
os conhecimentos que está adquirindo; o docente necessitará revisar, ressignificar seu método de
ensino de uma maneira natural na sua prática metodológica, que será um agente de investigação; e

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proporá ao aluno o que precisa buscar, bem como as repostas dentro das informações coletadas que
farão parte de um processo constante de reconstruções possibilitando ao aluno diferentes tipos de
relações entre fatos e objetos, tendo em vista a utilização dos saberes em diferentes situações e dan-
do ao aluno, ainda, autonomia no seu processo de aprendizagem, que é um princípio importante na
prática metodológica ativa.

5. TECNOLOGIA E A METODOLOGIA ATIVA


Ponce e Saul afirmam que o uso da tecnologia transformou o contexto educacional. Alteraram
também as relações de poder dentro da educação, a informação que os jovens têm acesso, a maioria
delas vem das mídias sociais; portanto o professor deixa de ser o detentor do conhecimento, bem
como os livros didáticos deixam de ser a única fonte de informação. As mídias ensinam junto com
as instituições de ensino, são mais atrativas, efêmeras, atendendo de uma forma mais dinâmica as
necessidades dos jovens atuais.

Segundo os autores, os professores do ensino superior também fazem uso de ferramentas


virtuais para contribuir na aprendizagem significativa do aluno, essas ferramentas podem ser utiliza-
das no ensino presencial e à distância. No ambiente virtual há interação entre alunos e professores,
o que os tornam sujeitos que constroem conhecimento de forma autônoma. O professor que utiliza
as ferramentas virtuais entre outras formas tecnológicas, interage com seus alunos de forma mais
significativa. Repensar sua prática pedagógica tendo o protagonismo discente, bem como seu de-
senvolvimento intelectual em foco é o que está em jogo.

Coma utilização da mídia o aluno passa de um simples receptor de informações a construtor


de conhecimentos. O professor não leciona, ele organiza sequências didáticas que são mais interati-
vas, atendendo assim, ao novo perfil de aluno, já nascido na era digital. Essas sequências trabalharão
desenvolvendo habilidades criativas dos alunos com situações problema a serem respondidas em
grupo.

Ponce e Saul afirmam que no ensino a distância o professor também pode usar as práticas me-
todológicas ativas e assumir um papel de professor mediador, estabelecendo uma conexão para que
o ensino seja colaborativo fazendo uso das novas tecnologias. O uso da tecnologia é um facilitador
para garantir intercâmbio de saberes e compartilhamento de informações, o docente de ensino a
distância também é um mediador no processo de ensino aprendizagem e na construção de conhe-
cimento sendo a tecnologia mais um recurso a ser utilizado por ele. (o professor).

De acordo com Ponce e Saul (2012), o AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem - é um recurso
multimídia - uma plataforma virtual pedagogicamente elaborada para o desenvolvimento das ati-
vidades a distância. A internet é muito importante para essa nova modalidade de ensino, por abrir
espaço para a criação de uma comunidade virtual e expandir as possibilidades de aprendizado e
interação.

É necessário que o discente aprenda a trabalhar com as ferramentas virtuais, já que aprender
a pesquisar no mundo virtual é de suma importância, pois nem todas as informações são verídicas.

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6. UM POUCO SOBRE A SALA DE AULA INVERTIDA


Segundo Ponce e Saul (2012) a educação é um processo que ocorre ao longo da vida e os mé-
todos educacionais influenciarão na forma como os alunos se posicionarão por toda a vida. A escola
contemporânea ainda é um ambiente tradicional onde ainda predominam aulas expositivas com
pouca interação do aluno, o qual ainda fica na posição de mero receptor das informações.

Diante da demanda de tantas fontes de informações virtuais em detrimento dos livros didáti-
cos entre outros, faz-se necessário que as unidades educativas proporcionem aos seus educadores
esses ambientes virtuais, disponibilizem todos os recursos possíveis para que as aulas sejam de qua-
lidade e que haja a construção de conhecimentos na interação do grupo. Atualmente novas práticas
apresentam-se com o objetivo de colocar o aluno no papel central do ensino aprendizagem-a sala
de aula invertida é uma nova forma de ensinar dentro da abordagem escola novista em que o pro-
fessor age como mediador dos conhecimentos e a sala de aula passa a ser um lugar de reflexão, a
participação do aluno é fundamental para a construção da sua aprendizagem.

De acordo com Ponce e Saul (2012), a sala de aula invertida altera a logicidade tradicional de
ensino no qual aluno passa a ter acesso ao que será ensinado antes da realização da aula. A sala de
aula nesta forma de abordagem passa a ser um espaço de reflexão e encontra um campo favorável
para o debate transdisciplinar, dando base para o diálogo entre diferentes disciplinas e dando tam-
bém a oportunidade para os grupos trabalharem juntos. Essas atividades em grupo proporcionam
uma maior interação e enriquecem o aprendizado dos alunos a partir de diversos pontos de vista.

Continuam os autores que, como o aluno dentro dessa estratégia de ensino precisará ter con-
tato com o material da aula, é preciso que o docente coloque o material à disposição do educando
antes do início da aula. Nesta estratégia de ensino o professor é um organizador de conteúdos e a
relação entre professor e aluno fica horizontalizada proporcionando ao estudante um amplo apren-
dizado.

Na sala de aula invertida, o docente precisa preparar-se no caso de o aluno não conseguir
acompanhar e ter acesso antecipadamente ao conteúdo da aula, pois isto pode gerar desmotivação,
precisa buscar meios para que isto não influencie no processo de ensino aprendizagem do aluno.

Nesta prática metodológica, de acordo com Ponce e Saul (2012), a interação precisa ser muito
bem planejada, pois o docente não será mais o único detentor do conhecimento e o ritmo da intera-
ção dependerá de uma participação fundamental do aluno que também terá um aumento na carga
de trabalho, precisará administrar corretamente seu tempo e organizar as horas a serem estudadas.
O docente precisará ter um bom planejamento e ter seus objetivos de ensinos organizados, colocar
o material disponível em tempo hábil para que o aluno possa ter acesso, seu ritmo de aprendizagem
precisa ser respeitado e o docente mesmo não utilizando o método tradicional de ensino não pode
se comportar como se o conteúdo estivesse sido ministrado por ele.

Apesar dos obstáculos e desafios que essa abordagem traz, ela permitirá maior autonomia do
aluno que poderá administrar seus horários de estudos e aumentará seu senso de responsabilidade,
tendo um papel ativo no seu processo de construção de conhecimento.

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7. PROBLEMATIZAÇÃO E A METODOLOGIA ATIVA


Segundo Ponce e Saul (2012) a aprendizagem baseada em problemas tem influência direta
nos princípios da Escola Ativa criada por Dewey. Nesta abordagem o ensino é integrado envolvendo
diferentes áreas de conhecimento.

Continuam os autores que nos dias atuais o ensino tradicional vem sofrendo modificações e
as novas ideias vem ganhando espaço como uma nova maneira de ensinar. A problematização tem
a vantagem de transmitir o conhecimento como um método inovador em que professor e aluno
estarão na mesma frequência, o que dá mais significado ao conhecimento adquirido.

A problematização aborda teoria e prática permitindo ao discente observar a realidade. Atra-


vés da pesquisa inovará sua forma de criar soluções. Essa metodologia tem como orientação geral
o método que é dividido em etapas, onde a partir de um problema extraído da realidade, o conheci-
mento é construído na prática e não em cima somente de teorias.

De acordo com Ponce e Saul (2012), a problematização incentiva o trabalho em grupo para
que o conhecimento possa ser compartilhado entre os grupos, nas salas de aula, nos fóruns, nas re-
des sociais e laboratórios. Como um dos pilares da educação libertária que tira o aluno da ignorância,
da submissão. A interação entre docente e discente torna a aprendizagem mais ativa. Faz com que o
educando desenvolva um espírito crítico, questionador baseado na própria realidade.

Na metodologia da problematização, o professor decide como organizar os conteúdos e se-


quências didáticas, não sendo necessário modificar o ambiente de estudo. Ele mediará o processo
de construção de conhecimentos a partir da vivência dos educandos. A aprendizagem baseada em
problemas não utiliza conhecimentos prontos e acabados que não possibilitam ao aluno pensar,
raciocinar. Esta nova abordagem de ensino é diferente do modelo tradicional de ensinar e aprender,
sendo um desafio para os educadores, pois o aluno deverá saber e dominar seu conhecimento que
será construído a partir de uma pedagogia crítica em que o professor é um mediador no processo de
ensino aprendizagem, como apontam Ponce e Saul (2012).

A teoria do Arco de Maguerez contribui para metodologia da problematização, pois foi cons-
truída para orientar a prática pedagógica do educador que contribui para a formação crítica, criativa
e a preparação para a atuação na política. Ela trabalha a metodologia da problematização a partir da
realidade que com diversas temáticas busca os pontos chaves que é o momento de delimitar o que
será conhecido e determinado, define formas de estudos e o que será buscado em revistas, livros. A
teorização também faz parte dessa metodologia que é o momento da investigação, esclarecimento
de dúvidas em busca de soluções para a problematização, perceber aspectos a serem mantidos ou
revistos. O levantamento de hipóteses também é muito importante dentro da teoria, pois irá estimu-
lar os questionamentos de forma criativa e por último aplicar a realidade e a realidade apresentada.
(BORDENAUVE, PEREIRA, 1997)

Segundo Ponce e Saul (2012) o ambiente acadêmico precisa estar preparado para o uso dessa
metodologia de forma adequada, pois ela é uma nova forma de ensino que apresenta vantagens
e desvantagens. A vantagem dessa forma de ensinar deixa o professor motivado com a adoção do
método em suas atividades de aprendizagem cooperativa – colaborativa. Esse método de buscar

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informações, experiências, vídeos para enriquecer o debate sobre a discussão das soluções. O pro-
cesso de formulação do problema é essencial para compreender o conteúdo abordado. Desenvolve
a capacidade de análise e decisão bem como as competências para a organização, liderança e distri-
buição de tarefas no trabalho em equipe.

As desvantagens também precisam ser analisadas e refletidas para que o docente, a luz do seu
conhecimento, possa mediar as situações que ocorrerão. Podemos apontar como algumas desvan-
tagens para essa reflexão: se as realidades em que estão envolvidos os alunos não forem levadas em
conta, a problematização provavelmente não representará os resultados esperados; a maioria dos
professores não conhece ou resiste à utilização do modelo em sala de aula; a falta de conhecimentos
prévios dos estilos de aprendizagem da turma influenciará negativamente no resultado esperado
para aprendizagem baseada em problemas; Porém essa nova forma de ensinar é uma forte tendên-
cia na educação atual e o meio educacional precisa estar pronto para cumprir seu papel no contexto
educacional contemporâneo.

8. PEER INSTRUCTION (LIVRE INSTRUÇÃO)


Segundo Ponce e Saul (2012) A Peer Instruction foi proposta pelo professor Eric Mazur , da Uni-
versidade de Harvard (EUA). Esse método de ensino leva o aluno a buscar as primeiras informações
diretas da fonte. Realiza-se a leitura e depois o encontro presencial ocorre para que haja a discussão.
A metodologia possui as seguintes características: leitura prévia do conteúdo disponibilizado pelo do-
cente, interação entre professor e aluno e a participação ativa do discente no seu processo de ensino.

Continuam os autores que o pilar teórico que norteia a Peer Instruction é o da aprendizagem
colaborativa, essa forma de aprendizagem faz com que o entendimento dos conceitos ocorra de
maneira mais rápida, pois a linguagem utilizada pelos alunos é mais simples, proporcionando enten-
dimento dos conceitos pelo grupo. A apreensão conceitual desenvolverá condições para a aplicação
das habilidades na prática, permitindo, dessa forma, que o educando possa atuar no mercado de
trabalho.

O aluno é construtor do seu próprio aprendizado nessa metodologia e para essa construção,
utiliza-se o trabalho em conjunto, o que proporciona um ambiente cooperativo, comunidade em
sala de aula. Essa forma de trabalhar não precisa ser somente em duplas, mas a presença do grupo é
muito importante para o sucesso da metodologia. Segundo Ribeiro (2005), os alunos que tem acesso
a essa metodologia, adquirem mais confiança em suas decisões e na aplicação do conhecimento em
situações práticas, melhoram o relacionamento com os colegas, aprendem a se expressar melhor
oralmente e por escrito, adquirem gosto para resolver situações problemas e vivenciam ocasiões
que requerem tomadas de decisões por conta própria, reforçando a autonomia pensante e atuante.

Em consonância com Ponce e Saul (2012), fazendo a aproximação de estudos voltados para
autonomia, ocorre um estímulo do pensamento crítico, da expressão verbal e a capacidade de inte-
ragir com outros indivíduos.

Segundo Palharini (2012), o desafio da Peer Instruction é sensibilizar os alunos para que estu-
dem constantemente de maneira autônoma. Essa metodologia proporciona ao aluno maior auto-

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nomia, fazendo da educação um ato de compromisso, solidariedade e coletividade, na busca pela


construção de conhecimentos.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando-se em consideração o que foi exposto, pode-se concluir com este trabalho biblio-
gráfico o quão é relevante a autonomia do aluno em seu processo de aprendizagem, bem como a
eficiência que essa autonomia traz para a construção do conhecimento do aluno.

É importante considerar que a interação entre os alunos permite o entendimento com maior
rapidez, o conteúdo apresentado desenvolverá a capacidade de análise, organização, liderança e
distribuição das tarefas no trabalho realizado entre os grupos. O docente precisa estar alinhado com
o corpo discente para que o processo de aprendizagem seja significativo. Considerando sempre o
conhecimento prévio do aluno e discutindo conceitos sobre várias temáticas.

O aluno também precisará se organizar, pois os métodos exigem um bom hábito de leitura,
administração do tempo e espírito de cooperação.

Enfim, a metodologia ativa auxilia o docente no desenvolvimento de um trabalho eficaz no


processo de ensino aprendizagem, podendo lançar mão de diferenciados métodos para alcançar os
objetivos propostos.

Há vários métodos disponíveis, entre os quais, pode-se destacar: a sala de aula invertida, aulas
no laboratório, trabalhos em grupo, aprendizagem baseada em problemas. Os alunos aprendem a
aprender a partir de sua vivência e funciona como uma alternativa para romper com a abordagem
tradicional. O sucesso dependerá da atuação do professor.

A metodologia ativa é baseada no diálogo com os alunos, a sondagem de conhecimentos


prévios e a percepção sobre os temas estudados em questão com incidência na problematização,
contextualização e aplicação prática dos conhecimentos.

Deve–se considerar o cotidiano, sua realidade, para que o método tenha sucesso. Cabe ao
corpo docente estar sempre atualizado, atento aos novos métodos inseridos na educação contem-
porânea, pois na atualidade, não há como desconsiderar o aluno como protagonista no seu processo
de aprendizagem.

REFERÊNCIAS
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TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. 1ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1957.

INFORMAÇÕES DOS AUTORES


Maria das Dores de Carvalho Vasconcelos é professora de Educação Infantil, formada em Pedagogia
pelo Centro Universitário Claretiano – CEUCLAR em 2008, trabalha no CEI Ângela Maria Fernandes.
maria.dcarvallho@gmail.com

Paulo Marcotti é graduado é mestre em Engenharia de Estruturas, graduado em Engenharia Civil,


pela Escola Politécnica da USP. Professor nas Faculdades Integradas Campos Salles e professor
na Faculdade das Américas, editor independente da revista Integra/Ação e avaliador das revistas
Augusto Guzzo e RPGM. Técnico em editoração. E-mail: pmarcotti@gmail.com

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 87-96, nov. 2017/fev. 2018.


ISSN 2594-4800 | e-ISSN 2594-4797 | doi: 10.22287/rpgm.v1i3.683

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