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Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar e discutir algumas estratégias pedagógicas de
metodologias ativas e suas possíveis contribuições para o ensino de ciências. As metodologias ativas
são estratégias pedagógicas onde o estudante assume um papel proativo em sala de aula e o professor
assume o papel de mediador no processo de construção do conhecimento. Abordaremos nesse estudo
algumas estratégias pedagógicas, como: Sala de Aula Invertida, Instrução entre Pares – Peer Instruction,
Ensino Híbrido – Blended. Os teóricos que apoiam a discussão são: Carvalho (2013), Moran (2014),
Mazur (2015), Lorenzoni (2016), Cortella (2016), Bergmamm e Sams (2016), dentre outros. Como
procedimento metodológico, delimitamos o presente estudo como uma pesquisa qualitativa do tipo
bibliográfica, a partir de uma revisão na literatura dos autores que abordam as metodologias ativas e de
autores que versem sobre as metodologias ativas e o ensino de ciências. Como resultados obtidos no
estudo realizado, a partir dos autores citados, vemos contribuições significativas das estratégias
pedagógicas de metodologias ativas para o ensino de ciências.
Abstract: This article aims to present and discuss some pedagogical strategies of active methodologies
and their possible contributions to teaching science. Active methodologies are pedagogical strategies
where the student assumes a proactive role and the teacher, in turn, assumes the role of mediator in the
knowledge construction process. In this study, we will cover some pedagogical strategies as: Inverted
Classroom, Instruction in pairs, Hybrid Teaching. Some theorists who support the discussion: Carvalho
(2013), Moran (2014), Mazur (2015), Lorenzoni (2016), Cortella (2016), Bergmamm and Sams (2016),
among others. As to the methodological procedure the present study is a qualitative bibliographic
research, based on a review of the literature of authors who cover the active methodologies and authors
who write about active methodologies and teaching science. As a result from the authors mentioned, see
significant contributions from the pedagogical strategies of active methodologies to science teaching.
1
Docente da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas – SEDUC – Amazonas e da
Faculdade Metropolitana (Fametro) de Parintins, ataianyveloso@gmail.com.
2
Docente do Departamento de Botânica e Ecologia - UFMT, ehardoim@terra.com.br.
3
Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas/Campus Parintins,
pmarsank@hotmail.com.
-1- Revista Multidisciplinar Pey Këyo
1 INTRODUÇÃO
Inovar nos métodos pedagógicos pode trazer bons resultados, apesar de alguns
estudantes da Educação Básica, e mesmo entre os graduandos, ainda se manterem em seu estado
letárgico. É difícil, mas temos que reconhecer que encontrar sentido e meios de proporcionar
aos estudantes, um ambiente para aprendizagem motivador, pode ser um verdadeiro jogo de
quebra cabeça, que necessita para além das teorias de aprendizagem, da infraestrutura, muita
sensibilidade e afetividade no planejamento e execução das atividades pedagógicas, em
contextos favoráveis à aprendizagem.
Revendo nossa práxis pedagógica, alguns de nós tem se defrontado com um ensino
mecanicista, reducionista, conservador, repetitivo e acrítico, tendo passado, em muito, o tempo
de termos um ensino que levasse o aluno a ser: crítico, reflexivo e sujeito histórico do seu
próprio ambiente (BEHRENS, 2013). E foi para abordar um pouco sobre possibilidades
motivadoras que resolvemos organizar este estudo, que traz parte de uma revisão bibliográfica
sobre algumas estratégias pedagógicas de aprendizagem ativa. Ressaltamos que a temática está
longe de se esgotar nesse levantamento que trazemos aqui, tratando-se, portanto, de uma
compilação de métodos que têm dado bons resultados. Este artigo foi dividido nas seguintes
partes: introdução, percurso metodológico, fundamentação teórica, considerações e referências.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
-2-
Para Triviños (2008), o processo de busca e análise de material bibliográfico,
fornece ao pesquisador informações sobre o tema que está sendo investigado, métodos
empregados, dificuldades que tiveram e o que ainda pode ser investigado, além de conhecer os
resultados alcançados sobre determinada área do saber, trazendo elementos enriquecedores para
o estudo em andamento. Nesta pesquisa bibliográfica, buscamos em materiais já publicados,
como livros, artigos em periódicos, sites e vídeos, informações que agregassem maior
entendimentos sobre o tema, metodologia ativas e o ensino de ciências. Inicialmente
pesquisamos o termo metodologias ativas, no Google Acadêmico, em seguida buscamos as
principais estratégias pedagógicas citadas nesta pesquisa, na sequência procuramos os autores
mais citados nessas buscas, o que nos levou a alguns livros.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Moran (2018), um dos autores do livro Metodologias ativas para uma educação
inovadora: uma abordagem teórico-prática, também apresenta sua definição de que
“Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes
na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida” (MORAN,
2018, p. 4). As metodologias ativas que autor propõe têm como suporte o mundo digital e a
internet, junção que traz soluções para os problemas no ensino, pois oportunizam o
protagonismo do estudante e a autonomia de estudar em qualquer lugar e a qualquer momento.
Mas, para que as metodologias ativas sejam efetivas no processo de ensino
aprendizagem, são necessárias mudanças no currículo, nas estratégias de ensino, na maneira de
avaliar e na utilização de tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
Uma outra sugestão dos autores para quem não tempo de produzir os vídeos é fazer
a gravação das aulas ao vivo, passar um ano gravando todas as aulas, no final do ano terá
produzido uma videoteca didática. E para enriquecer mais seus vídeos adquiriram uma câmera
de vídeo para gravar pequenos clipes sobre experimentos científicos, manifestações da ciência
no dia-a-dia ou lugares por onde viajam e encontram algo significativo para a disciplina.
Após implantar a sala de aula invertida muitos professores se perguntam, segundo
Bergmann (2016), o que fazer com o tempo livre na sala de aula? Já que boa parte do tempo
utilizado nas nossas salas é para a exposição do conteúdo. Os autores dizem que depende muito
do assunto, da localidade e do estilo didático do professor, dando preferência a atividade mais
úteis e envolventes para os alunos.
Seja
Respeite Breve
os Fale com
direitos Entusiasmo
autorais
Crie
Aumente
video
e diminua
com outro
o zoom
REGRAS professor
Acrecente Acrescente
chamadas humor
Não
Acrescente desperdice
anotações o tempo
dos alunos
Também inserida dentro das metodologias ativas, temos a Peer Instruction - PI–
Instrução entre Pares, idealizada pelo professor de física Eric Mazur da Universidade de
Harvard, no início da década de 1990. Método interativo de ensino, busca a partir da discussão
entre os alunos uma melhor aprendizagem e o envolvimento ativo na sala de aula.
A partir de testes conceituais, testes de leitura e questões conceituais de exames, o
professor Mazur objetiva a compreensão conceitual de tópicos da física, indo contra a
-7-
memorização de fórmulas e leis da disciplina. O professor afirma que “a maioria dos problemas
encontrados nos livros avalia as habilidades matemáticas – não o pensamento analítico”
(MAZUR, 2015, p. 33).
No começo de cada semestre da sua disciplina Mazur (2015):
A PI, tem como ponto forte para um bom resultado, a colaboração em sala nos
momentos de discussão dos testes conceituais, onde temos o compartilhamento do
conhecimento por parte dos alunos. E para que eles fiquem livres de qualquer pressão, o
desempenho nos testes conceituais não é computado na nota final, podendo inclusive participar
de forma anônima nesses testes. Para assegurar que as tarefas fora da sala de aula serão
realizadas, 20% da nota final é atribuída a essas atividades. Outro ponto importante a destacar,
é que no exame final, composto por 50% de questões conceituais e 50% de questões
convencionais, é atribuído o mesmo peso para cada questão, pois segundo Mazur (2015, p.41)
“uma melhor compreensão dos princípios leva também a uma melhor capacidade de resolução
dos problemas”.
Para melhor entendimento do processo da Peer Instruction, apresentamos a
definição de alguns termos utilizados no desenvolvimento da proposta metodológica
apresentada na figura 3:
✓ Teste de Leitura – verifica apenas se a leitura antes da aula foi feita ou não; ele não avalia a
compreensão do conteúdo;
✓ Teste Conceitual – pequenas questões conceituais abrangendo o assunto que está sendo
discutido;
✓ Classtalk – sistema interativo de resposta com o uso do computador, o sistema registra as
respostas dos estudantes aos testes conceituais juntamente com seus níveis de confiança para
cada questão, fornece um feedback mais rápido para o professor. Outro método utilizado pelo
autor para computar a resposta dos alunos é Levantar a mão conforme alternativa escolhida para
cada questão, o que não fornece um bom controle para o professor, outra possibilidade é o uso
de Flashcards, onde os estudantes possuem um conjunto de seis e mais cartões com inscrições
de A a F para sinalizar a resposta a cada questão, também vemos nessa possibilidade a
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dificuldade de controlar as respostas, uma possibilidade e ter um ajudante que estaria fazendo
esses registro.
-9-
3.1.3 Ensino Híbrido - Blended
Termo criado por Clayton Christensen, professor de Harvard. Produto ou serviço que cria um novo mercado e
desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam, como os telefones celulares, a Amazon.com, Netflix, Easy
Taxi, 99 Taxis, Google, Airbnb, etc.
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Figura 4: Principais modelos de ensino híbrido
Fonte: Horn, 2015, p.38.
• A aula expositiva e as tarefas de casa são trocadas, o aluno ainda aprende por
meio de aulas expositivas, em versões on-line ou vídeos caseiros feitos pelo
Sala de Aula professor;
Invertida • A sala de aula a partir da resolução de problemas, desenvolvimento de projetos ou
apenas discussão de um texto, passou a ser um espaço de aprendizagem ativa.
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2 - Modelo Flex – modelo criado inicialmente para atender alunos desistentes, tem
como base o ensino on-line e o apoio de professor tutor em algum espaço destinado para atendê-
los, com cronograma flexível o aluno avança nos estudos conforme seu ritmo de aprendizagem.
3 - Modelo à la Carte – proposta de ensino em que pelo menos um componente
curricular seja feito on-line e com suporte de um professor tutor também on-line, esse
componente completa a grade curricular e é escolhido pelo aluno, semelhante a disciplina
optativa no nível superior.
4 – Modelo Virtual Enriquecido – modelo que nasceu inteiramente on-line e com o
passar do tempo, sentiu-se a necessidade de incorporar uma parte presencial, sendo esta
obrigatória, mas grande parte continua on-line, raramente acontece encontros diários com o
professor, mas dependendo da necessidade do aluno esses encontros podem ser mais frequentes.
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Como professores, precisamos desenvolver nossa capacidade de absorver e nos
modificar diante das aceleradas mudanças da sociedade, rompendo paradigmas e nos
reinventando. A Educação 4.0 vem na esteira das tecnologias à nossa disposição, a partir da
Quarta Revolução Industrial, que envolve recursos da internet, a robótica, novos gadgets, a
Inteligência Artificial e a linguagem computacional. É um tipo de Educação que vem atender
aos interesses dos alunos com temas que lhes sejam mais atraentes, mais realistas, a partir de
suas vivências e experiências sem, contudo, perder de vista o currículo definido pela escola,
que vise desenvolver competências e habilidades com base na Educação Científica. De acordo
com Segura e Kahlil (2015, p.88), “dificilmente esse aluno consegue se adaptar ao modelo
tradicional de ensino, baseado apenas em aula expositiva.” Para Moran (2003, p. 56) “a escola
precisa partir de onde os alunos estão, do que eles preferem, da relação que estabelecem com
as mídias, para ajudá-los a ampliar sua visão de mundo, sua visão crítica e seu senso estético”.
A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) demanda práticas em que o
método científico é requerido, e sinaliza para a experimentação e a investigação,
(CARVALHO, 2013) para a descoberta de como a ciência funciona. Porém essa
experimentação não deve ser apenas demonstrativa, descontextualizada, sem estabelecer
conexões interdisciplinares entre os aspectos físicos, químicos, biológicos e outros, bem como
entre estes e a realidade. (LORENZIN e BIZERRA, 2016).
Nesse contexto, um dos movimentos de transformação do ensino cada vez mais
testado é o modelo STEAM, que interliga conceitos de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes
e Matemática para desenvolver projetos da cultura maker (learning by doing) (SILVA et al,
2017), da aprendizagem numa abordagem investigativa, para que os alunos resolvam problemas
reais e de seu interesse. O modelo de ensino STEAM existe desde a década de 1990,
desenvolvido como SMET e, posteriormente alterado para STEM, no intuito de formar pessoas
com capacidades para executarem as demandas do mercado de trabalho. O livro The case of
STEM education (BYBEE, 2013) mostra a dificuldade em se obter uma única definição para o
modelo.
O conceito STEAM tem sido empregado na Educação voltada ao pensamento
científico (SILVA et al, 2017) crítico e à criatividade, e esse tipo de abordagem requer
mudanças nas concepções metodológicas e nas práticas de ensino (LOPES et al., 2017) para
tomada de decisão e futuros desafios (YAKMAN, 2019). Adotar o modelo STEAM é se
apropriar de um novo significado para a prática docente, de um novo sentido para a
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aprendizagem a partir de uma nova organização curricular, que obviamente não se limita ao
campo das Ciências Naturais, mas a um cenário inter e, até mesmo, multidisciplinar
considerando-se as múltiplas dimensões do processo educativo.
No contexto do modelo STEAM é possível desenvolvermos a Metodologia de
Projetos que oportuniza o protagonismo e a colaboração dos estudantes desde a sua idealização,
já que a eles compete problematizar sua realidade, investigar as situações reais (HERNANDEZ;
VENTURA, 1998) e, ao refletirem sobre as causas e efeitos e suas múltiplas conexões, serem
capazes de ver de forma mais ampla e integral (MORAN, 2003). Para Camillo e Mattos (2014),
o currículo de Ciências deve ser reorganizado para além de seus aspectos conteudistas e da
descrição ontológica, mas voltar o olhar às questões inter-relacionadas, aprender a resolver
problemas e a criar novas produções culturais (SOUSA; PILECKI, 2013).
Com uma proposta de testar o modelo STEAM, Hardoim et al (2019, em prep..)
em uma aula de campo organizada pelos autores e desenvolvida abril de 2019 em um dos
Pantanais de Mato Grosso, conseguiram, na perspectiva da integração, fazer os acadêmicos da
disciplina Instrumentação para o Ensino de Biologia II visualizar diferentes elementos de
disciplinas específicas e os organizar de forma a construir conhecimento sobre métodos de
aprendizagem. Os resultados dessa prática refletiram mudanças no pensamento sobre aulas
integradas e serviram de motivação aos futuros professores para a transformação do currículo
para uma forma mais globalizada.
Lorenzin e Bizerra (2016), trabalhando com uma proposta de ensino globalizador
no contexto do STEAM, com professores de Física, Química e Artes verificaram que houve
mudança nas concepções dos Professores sobre o modelo, porém ainda permaneceram
indicadores da predominância de elementos específicos das disciplinas isoladamente. O caráter
coletivo das atividades, a análise de uma proposta de reorganização do ensino de Ciências por
esse referencial possibilita compreender o significado construído sobre o STEAM no âmbito
escolar, bem como sua apropriação e as transformações dos sujeitos envolvidos no seu
desenvolvimento (Lorenzi e Bizerra, 2016).
Lopes et al (2017) também tiveram uma experiência de aula de campo em um
Parque urbano na cidade de Cuiabá, MT, com o objetivo de conjecturar possibilidades de
problematizações empregando o modelo STEAM. Foram levantadas possibilidades didáticas
para o Ensino de Ciências e Matemática a partir dos elementos naturais e construídos do parque.
O estudo mostrou ser possível utilizar a metodologia STEAM para favorecer a construção de
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conhecimentos de forma inter-relacionada. Dessa mesma aula de campo, resultou outro artigo
(SILVA et al., 2017) que discute a Educação Científica empregando o STEAM e seus autores
puderam concluir que o método aporta inovação e criatividade ao processo ensino
aprendizagem, em qualquer nível de escolaridade e espaço de aprendizagem.
5 CONSIDERAÇÕES
Vimos nesse breve estudo algumas estratégias pedagógicas de metodologias ativas, suas
características e passos para aplicação. As metodologias ativas são propostas de ensino que
reinventam as usuais práticas pedagógicas, ela vem como alternativa metodológica para a atual
realidade, dinâmica, conectada e fluida na qual estamos imersos Indo na contramão de um
ensino fragmentado, baseado na transmissão de conteúdo, descontextualizado e limitado a sala
de aula.
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