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Resumo
Este artigo tem por objetivo abordar os paradigmas inovadores e os diferentes aspectos
relacionados ao ensino superior. Busca refletir sobre os desafios que a nova maneira de pensar
a educação apresentam aos docentes universitários, que tem nos paradigmas conservadores a
base de sua prática pedagógica. Faz uma retrospectiva histórica que se inicia com os
paradigmas conservadores, dentre eles encontra-se a abordagem tradicional, escolanovista e
tecnicista. Procura mostra o processo de evolução que passa dos paradigmas conservadores
aos inovadores, assim como as diferentes maneiras de pensar a educação até chegar aos dias
atuais. O objetivo desse artigo é contemplar a nova visão trazida pelos paradigmas
inovadores, entre eles a abordagem holística, progressista e de ensino com pesquisa, e refletir
sobre as novas propostas para a educação atual e do futuro. Por meio da análise dos
paradigmas conservadores e inovadores levantou-se o questionamento de como os paradigmas
inovadores podem influenciar positivamente a educação no ensino superior, e atender as
necessidades atuais. A metodologia utilizada foi de pesquisa-ação, qualitativa, bibliográfica e
teórico-exploratória. A pesquisa contou com a participação de 25 alunos com formação nas
áreas de magistério, letras, ciência da computação, e jornalismo, entre outras. Dentre eles
estão alunos de mestrado, doutorado e alunos cursando matérias isoladas. Durante 15
encontros, os alunos envolvidos contaram com a mediação de uma professora doutora que
coordena o projeto: Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, dentro da linha de
pesquisa Teoria e Prática pedagógica na formação de professores. A partir da pesquisa foi
possível estudar as novas concepções educacionais e entender a proposta dos paradigmas
inovadores.
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Formada em Letras pela Universidade Tuituti do Paraná, especialista em Pedagogia Escolar pela UNINTER,
Mestre em Educação Internacional pela Universidade de Framingham, USA, Diretora do Centro de Educação
Infantil na International School of Curutiba. E mail: maribolzani@yahoo.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Abordagens Conservadoras
Essa nova maneira de pensar afeta toda a sociedade e a educação nos mais variados
aspectos. O aluno passa a ser visto como um ser único, com características próprias, e passa a
se dar valor às diversas maneiras que cada indivíduo aprende, valorizando seus pontos fortes e
respeitando suas dificuldades.
Essa nova maneira de ver a educação vem da ruptura do modelo Newtoniano-
Cartesiano que por tanto tempo determinou a fragmentação do conhecimento. Os paradigmas
inovadores da ciência, passaram a exigir da sociedade uma visão mais abrangente, menos
fragmentada e mais inter-relacional, que aos poucos foram superando o paradigma
conservador. A visão emergente da educação abrange uma abordagem holística ou sistêmica,
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progressista, e de ensino com pesquisa. Behrens (2013a, p. 56) explica essa prática da
seguinte forma:
Partindo do princípio que complexidade se entende como aquilo que é tecido como
uma trama, que se entrelaça, pode-se definir a educação dentro dos paradigmas
contemporâneos, que tentam aliar a razão e a emoção. Busca-se uma aprendizagem
totalizadora, que valorize o ser humano, e a interação do homem com a natureza como um
todo não fragmentado para se superar as lacunas que existiam na educação tradicional.
Usando as palavras de Ferguson (1992, p.265) que diz que “Só se pode ter uma nova
sociedade, dizem os visionários, se for modificada a educação da geração mais jovem.
Contudo, a nova sociedade é a força necessária para a mudança na educação. ” Esse novo
paradigma, que traz inovação à prática pedagógica, é chamado paradigma emergente. Por
trazer uma visão totalizadora do ensino, que leva em consideração suas partes e suas inter-
relações, passa a ser denominada uma abordagem holística. A visão holística também pode
ser chamada de visão ecológica, se levar em conta que fazemos parte dos processos cíclicos
da natureza.
De modo geral a abordagem holística vê o aluno como um sujeito crítico, participativo
e transformador da sociedade. É visto como um indivíduo único, que apresenta múltiplas
inteligências, e que é capaz de inovar, questionar e se tornar um indivíduo autônomo. O aluno
na abordagem sistêmica, para Behrens (2013a, p.65) “ [...] caracteriza-se como um ser
complexo que vive num mundo de relações e que, por isto, vive coletivamente, mas é único,
competente e valioso”.
O professor busca respeitar a individualidade de cada pessoa, e encara a sua profissão
como uma vocação que requer uma prática cientificamente sólida assim como sensibilidade.
“Quando os professores permitem que seus sentimentos e motivações mais profundos venham
à tona, quando mergulham em seu próprio íntimo em busca da autoconsciência e da liberdade
emocional, estão começando a se mover para modificarem a estrutura social” (FERGUSON,
1992, p.296). Ele também encara a aprendizagem como sendo um processo natural, orgânico
e se coloca como um facilitador dessa aprendizagem. “Neste paradigma, a metodologia
prescreve um encontro entre os pressupostos teóricos e práticos numa interdependência direta.
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A proposta de educar pela pesquisa tem pelo menos quatro pressupostos cruciais: - a
convicção de que a educação pela pesquisa é a especificidade mais própria da
educação escolar e acadêmica, - o reconhecimento de que o questionamento
reconstrutivo com qualidade formal e política é o cerne do processo de pesquisa, - a
necessidade de fazer da pesquisa atitude cotidiana no professor e no aluno, - e a
definição de educação como processo deformação da competência histórica humana.
Cunha (1996, p. 125) resume claramente o abordagem do ensino com pesquisa quando
diz que:
Considerações Finais
da complexidade que sugere a união de todas as partes devemos superar o ensino fragmentado
e contemplar o contexto, as inter-relações e as conexões.
A ciência busca explicar e entender a realidade, e é com esse intuito que diferentes
ramos do saber, áreas de aprendizagem e disciplinas científicas se debruçam sobre os
paradigmas modernos. Conforme Khun, (1994, p.225) “o paradigma é uma constelação de
crenças, valores e técnicas partilhados pelos membros de uma comunidade científica” que
determina o modo de pensar e agir do homem em uma determinada época”.
Uma educação que vise desenvolver o aluno integralmente deve promover o
desenvolvimento da capacidade dos alunos de pensarem com criatividade e por si mesmos.
Deve desenvolver a inteligência e favorecer as aptidões individuais, lembrando que o mais
importante em educação é valorizar as qualidades dos alunos. O professor não pode desprezar
o conhecimento das partes pelo todo, ao contrário, deve conjugá-los.
REFERÊNCIAS
CUNHA. Maria Isabel & Leite, Denise. Relação Ensino e Pesquisa. IN: VEIGA, Ilma Passos
Alencastro (org.) Didática: O Ensino e suas Relações. Campinas, SP: Papirus, 1996.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.