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PARADIGMAS INOVADORES: UMA VISÃO HOLÍSTICA DA

EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI

Marisete Fontana Bolzani1 – PUCPR

Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente


Agência financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este artigo tem por objetivo abordar os paradigmas inovadores e os diferentes aspectos
relacionados ao ensino superior. Busca refletir sobre os desafios que a nova maneira de pensar
a educação apresentam aos docentes universitários, que tem nos paradigmas conservadores a
base de sua prática pedagógica. Faz uma retrospectiva histórica que se inicia com os
paradigmas conservadores, dentre eles encontra-se a abordagem tradicional, escolanovista e
tecnicista. Procura mostra o processo de evolução que passa dos paradigmas conservadores
aos inovadores, assim como as diferentes maneiras de pensar a educação até chegar aos dias
atuais. O objetivo desse artigo é contemplar a nova visão trazida pelos paradigmas
inovadores, entre eles a abordagem holística, progressista e de ensino com pesquisa, e refletir
sobre as novas propostas para a educação atual e do futuro. Por meio da análise dos
paradigmas conservadores e inovadores levantou-se o questionamento de como os paradigmas
inovadores podem influenciar positivamente a educação no ensino superior, e atender as
necessidades atuais. A metodologia utilizada foi de pesquisa-ação, qualitativa, bibliográfica e
teórico-exploratória. A pesquisa contou com a participação de 25 alunos com formação nas
áreas de magistério, letras, ciência da computação, e jornalismo, entre outras. Dentre eles
estão alunos de mestrado, doutorado e alunos cursando matérias isoladas. Durante 15
encontros, os alunos envolvidos contaram com a mediação de uma professora doutora que
coordena o projeto: Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, dentro da linha de
pesquisa Teoria e Prática pedagógica na formação de professores. A partir da pesquisa foi
possível estudar as novas concepções educacionais e entender a proposta dos paradigmas
inovadores.

Palavras-chave: Paradigmas inovadores. Complexidade. Transformação da realidade.

1
Formada em Letras pela Universidade Tuituti do Paraná, especialista em Pedagogia Escolar pela UNINTER,
Mestre em Educação Internacional pela Universidade de Framingham, USA, Diretora do Centro de Educação
Infantil na International School of Curutiba. E mail: maribolzani@yahoo.com.

ISSN 2176-1396
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Introdução

A escola e os docentes enfrentam novos desafios nos dias de hoje. Um deles é a


superação do modelo newtoniano-cartesiano, que tem influenciado a prática pedagógica nos
últimos dois séculos, por meio do uso de processos de repetição, memorização e práticas que
fragmentam a aquisição do conhecimento. A necessidade de superar esses paradigmas
conservadores é essencial para a sociedade que busca um indivíduo que tenha visão do todo, e
que crie ao invés de apenas reproduzir conhecimento, por intermédio de um modelo que traga
uma visão interdisciplinar e transdisciplinar para a universidade. O paradigma da
complexidade traz ao professor universitário novas possibilidades de trabalhar com seu aluno
num contexto holístico, e proporcionar a esse estudante possibilidades de pesquisa, criação e a
construção do seu próprio aprendizado.
A questão que se impõe nesse momento é que o professor e a universidade contribuam
para a formação de cidadãos críticos, capazes de solucionar problemas, e propor soluções para
os desafios do momento em que estamos vivendo, fazendo uso de uma metodologia criativa,
que empregue o uso de ferramentas variadas e que contribua para a construção de um futuro
mais humano, com indivíduos que se sintam responsáveis pela transformação da sociedade e
o planeta em que vivem.
O desafio que se apresenta é a tentativa de se recuperar a intuição e a razão por meio
da aproximação do sujeito e do objeto, assim como a busca de uma metodologia que
contemple a produção do conhecimento dos alunos e do professor, desafiando-os a responder
às exigências do paradigma emergente da ciência. Em grande parte buscar superar o ensino
fragmentado e contemplar o contexto, as conexões e as inter-relações. Este artigo pretende
fazer uma retrospectiva das abordagens educacionais nos últimos anos, e refletir sobre o que
ocasionou uma necessidade de mudança na educação que venha atender as demandadas das
sociedades atuais.

Abordagens Conservadoras

Dentre os Paradigmas Conservadores destaca-se a Abordagem Tradicional,


Escolanovista e Tecnicista, todas com uma visão mecanicista da prática educativa, que tinham
por objetivo a reprodução do conhecimento, as quais têm estado presente com maior ou
menor intensidade nas salas de aulas, e persistiram através dos anos até os dias de hoje. Essas
abordagens passaram a ser norma de um ensino conservador.
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Segundo Mizukami (1986, p.8) “na abordagem tradicional o aluno é um indivíduo


passivo e receptivo. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades
exteriores.” A pouca interação do aluno com o professor e com os colegas, faz com que ele se
limite a obedecer sem questionar, ele se torna um mero receptor das informações transmitidas
pelo professor. Não cabe a ele questionar ou refletir sobre o conteúdo a ser aprendido.
O professor na abordagem tradicional é um sujeito autoritário, dono da verdade e que
possui domínio total do processo educativo. O professor conduz seus alunos em direção a
objetivos escolhidos pela escola, ou pela sociedade, numa relação predominantemente dual,
professor-aluno, sendo limitada a interação com o grupo. Fundamentando-se em Behrens
(2013b, p.41-42) que entende que “o professor tradicional apresenta o conteúdo para seus
alunos como pronto e acabado. Busca repassar e transmitir as informações de maneira que os
alunos passem a repetir e reproduzir o modelo proposto”, entende-se que o professor
disponibiliza pouco espaço para a atividade criativa e imaginativa por parte do aluno.
Baseada quase que exclusivamente em aulas expositivas, a metodologia na abordagem
tradicional segue uma sequência de conteúdos. O professor usa o método expositivo para
transmitir o conhecimento, e o aluno reproduz os conteúdos de forma automática. Entende-se
que se o professor ensina, automaticamente o aluno aprende o conteúdo. Como deixa claro
MizuKami (1986, p.16) a esse respeito: “No método expositivo como atividade normal, está
implícito o relacionamento professor-aluno: o professor é o agente, o aluno é o ouvinte”.
A avaliação busca respostas prontas, é baseada na memorização, e não leva em
consideração o entendimento, mas sim a exatidão na reprodução da informação. As notas
obtidas por meio da memorização são fator decisivo do sucesso do aluno.
A escola é um local austero, com salas de aula sem atrativos, e é vista apenas como o
local onde se realiza a educação.
No que diz respeito a Abordagem Escolanovista, que surgiu por volta de 1930, essa
abordagem dá ênfase ao indivíduo, leva em conta sua criatividade, sendo o aluno a figura
central do processo ensino-aprendizagem. O aluno é um sujeito ativo e sua participação é
incentivada.
Como explica Behrens, (2013a, p.44) ela “apresenta-se como um movimento de
reação á pedagogia tradicional e busca alicerçar-se com fundamentos da biologia e da
psicologia e dando ênfase ao indivíduo e á sua atividade criadora”.
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O professor busca facilitar a aprendizagem do aluno, buscando planejar as atividade


em conjunto com ele, além de relacionar-se com cada um de maneira democrática e
acolhedora.
Na abordagem escolanovista o aluno passa a ser a figura de maior importância no
processo ensino-aprendizagem. Ele é um sujeito ativo e tem a responsabilidade de buscar seu
aprendizado através de caminhos trilhados por ele mesmo, demonstrando iniciativa própria.
Através de experiências significativas, o aluno é levado a resolver problemas que resultem no
seu aprendizado.
A metodologia despreza padrões pré-estabelecidos, assim como estratégias
educacionais secundárias e passa a levar em consideração as exigências psicológicas do aluno.
Segundo Behrens, (2013b, p.46) a metodologia “atribui grande importância aos métodos, às
unidades de experiências e aos trabalhos em grupo, oferecendo as atividades livres que
atendam ao ritmo próprio do aluno”.
O objetivo maior da avaliação é a realização de metas pessoais, por isso privilegia a
auto avaliação e despreza a padronização, levando o aluno a assumir o controle de sua
aprendizagem.
Por apresentar uma grande demanda de equipamentos, estrutura física e materiais
variados, a Escola Nova acabou sendo mais difundida entre as escolas destinadas à elite, e sua
proposta foi incorporada na grande maioria por escolas experimentais.
A Abordagem Tecnicista surgiu no final do século XIX e início do século XX, com o
advento da revolução industrial, e seu objetivo é buscar a eficiência, a racionalidade, e a
produtividade. E como o próprio nome já deixa claro, busca um ensino técnico, que possa ser
utilizado na indústria. O sujeito deveria ser dotado de organização racional e ser livre de
interferências subjetivas, porque achava-se que elas colocariam em risco a eficiência do
indivíduo.
O professor e o aluno não são os fatores mais importantes do processo, mas agora
valoriza-se uma abordagem técnica, aliada a reprodução do conhecimento, e “o professor é
apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o sistema
instrucional previsto”. (LIBÂNEO, 1986, p.30). O professor valoriza o comportamento do
aluno, e reprime o erro com vigor.
O aluno deve aprender por meio do estímulo e reforço. Espera-se do aluno respostas
prontas e corretas, não se estimula a criatividade e nem tão pouco o espírito crítico, e passa-se
a seguir manuais de instruções.
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O ensino e a metodologia são mecânicos, e acredita-se que o aluno aprende através da


repetição de exercícios, treino e cópia. Em relação aos cursos Behrens, (2013b, p.50) descreve
que “os curso, em geral, caracterizam-se por treinamentos que são organizados de maneira a
ofertar primeiro as disciplinas teóricas e depois as práticas”.
A avaliação é composta por duas fases: a avaliação prévia e a avaliação final. Seu
objetivo é identificar se o aluno atingiu ou não os objetivos propostos, ela não mede o nível de
compreensão do aluno.

Paradigmas da Complexidade – A nova ciência

Partindo de uma preocupação crescente no meio científico pelo futuro da humanidade,


aliado a um desconforto em relação a maneira como continuava sendo conduzida a educação
no novo século, aos poucos a maneira de educar foi mudando. A visão de educação na qual o
aluno era visto como um indivíduo passivo e mero receptor de conhecimento foi dando lugar
a uma visão em que o mais importante passa a ser extrair a grandeza que existe dentro de cada
ser humano, valorizando a diversidade e novos métodos de ensino. Neste contexto explica
muito bem Moraes (2012, p.75):

Mais do que nunca precisamos estar despertos e conscientes sobre a importância da


problemática atual, lembrando que existe uma interdependência ecossistêmica entre
o ser humano, o ambiente e o pensamento, entre o ser humano e os seus processos
de desenvolvimento, entre sujeito e contexto, entre educador e educando, entre
sujeito e objeto, entre o ser, o conhecer, o fazer e o viver/conviver. Assim, tudo que
realizamos, na verdade, apresenta inúmeras consequências, estejamos conscientes ou
não disto, em função de uma ecologia da ação que nos engloba e que, ao mesmo
tempo, nos restringe. É também consequência da existência de um nó górdio que
conecta ontologia e epistemologia, que liga o ser, o conhecer, e o fazer.

Essa nova maneira de pensar afeta toda a sociedade e a educação nos mais variados
aspectos. O aluno passa a ser visto como um ser único, com características próprias, e passa a
se dar valor às diversas maneiras que cada indivíduo aprende, valorizando seus pontos fortes e
respeitando suas dificuldades.
Essa nova maneira de ver a educação vem da ruptura do modelo Newtoniano-
Cartesiano que por tanto tempo determinou a fragmentação do conhecimento. Os paradigmas
inovadores da ciência, passaram a exigir da sociedade uma visão mais abrangente, menos
fragmentada e mais inter-relacional, que aos poucos foram superando o paradigma
conservador. A visão emergente da educação abrange uma abordagem holística ou sistêmica,
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progressista, e de ensino com pesquisa. Behrens (2013a, p. 56) explica essa prática da
seguinte forma:

Para alicerçar uma prática pedagógica compatível com as mudanças paradigmáticas


da ciência, o paradigma emergente, por incluir em si e com eles relacionar-se, deve
constituir uma aliança, formando uma verdadeira teia, com a visão sistêmica, com a
abordagem progressista e com o ensino com pesquisa. Essa aliança se justifica e se
torna necessária em função das características de cada abordagem:

Partindo do princípio que complexidade se entende como aquilo que é tecido como
uma trama, que se entrelaça, pode-se definir a educação dentro dos paradigmas
contemporâneos, que tentam aliar a razão e a emoção. Busca-se uma aprendizagem
totalizadora, que valorize o ser humano, e a interação do homem com a natureza como um
todo não fragmentado para se superar as lacunas que existiam na educação tradicional.
Usando as palavras de Ferguson (1992, p.265) que diz que “Só se pode ter uma nova
sociedade, dizem os visionários, se for modificada a educação da geração mais jovem.
Contudo, a nova sociedade é a força necessária para a mudança na educação. ” Esse novo
paradigma, que traz inovação à prática pedagógica, é chamado paradigma emergente. Por
trazer uma visão totalizadora do ensino, que leva em consideração suas partes e suas inter-
relações, passa a ser denominada uma abordagem holística. A visão holística também pode
ser chamada de visão ecológica, se levar em conta que fazemos parte dos processos cíclicos
da natureza.
De modo geral a abordagem holística vê o aluno como um sujeito crítico, participativo
e transformador da sociedade. É visto como um indivíduo único, que apresenta múltiplas
inteligências, e que é capaz de inovar, questionar e se tornar um indivíduo autônomo. O aluno
na abordagem sistêmica, para Behrens (2013a, p.65) “ [...] caracteriza-se como um ser
complexo que vive num mundo de relações e que, por isto, vive coletivamente, mas é único,
competente e valioso”.
O professor busca respeitar a individualidade de cada pessoa, e encara a sua profissão
como uma vocação que requer uma prática cientificamente sólida assim como sensibilidade.
“Quando os professores permitem que seus sentimentos e motivações mais profundos venham
à tona, quando mergulham em seu próprio íntimo em busca da autoconsciência e da liberdade
emocional, estão começando a se mover para modificarem a estrutura social” (FERGUSON,
1992, p.296). Ele também encara a aprendizagem como sendo um processo natural, orgânico
e se coloca como um facilitador dessa aprendizagem. “Neste paradigma, a metodologia
prescreve um encontro entre os pressupostos teóricos e práticos numa interdependência direta.
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As duas visões (teoria e prática) se completam, se interconectam, se aproximam e buscam


provocar a visão do todo”. (BEHRENS 2013b, p.67) Ela busca a interdisciplinaridade e
procura contemplar todas a áreas do conhecimento, focalizando mais no processo qualitativo
do que no quantitativo, na busca de um cidadão ético.
Neste contexto, a avaliação é feita de maneira gradual e contínua, permite a auto-
avaliação através de critérios claros, acordados com os alunos no início do processo.
Ao analisarmos o ensino com pesquisa percebe-se que ela valoriza a produção de
conhecimento, Demo (1996, p.5) explica essa abordagem da seguinte maneira:

A proposta de educar pela pesquisa tem pelo menos quatro pressupostos cruciais: - a
convicção de que a educação pela pesquisa é a especificidade mais própria da
educação escolar e acadêmica, - o reconhecimento de que o questionamento
reconstrutivo com qualidade formal e política é o cerne do processo de pesquisa, - a
necessidade de fazer da pesquisa atitude cotidiana no professor e no aluno, - e a
definição de educação como processo deformação da competência histórica humana.

Nessa abordagem, o aluno é um sujeito questionador e investigador, que deve ser


orientado a aprender a aprender, tornando-se crítico, autônomo e ético. Ele é parceiro do
professor, e ambos transformam a sala de aula em local de trabalho conjunto.
O professor instiga o aluno a prender a aprender, e os orienta a exercitar o
questionamento e a emancipação de si mesmo e dos alunos. O professor assume o papel de
mediador do conhecimento, pois

Como educador, transcende a posição de instrutor e preocupa-se em ampliar


caminhos para a emancipação de si mesmo e dos alunos, ao tornar-se dinâmico,
articulador, mediador, crítico e criativo, o docente provoca uma prática pedagógica
que instiga o posicionamento, a autonomia, a tomada de decisões, a reflexão, a
decisão e a construção do conhecimento, atuando como parceiro experiente no
processo educativo, (BEHRENS, 1996, pág. 91-92).

Cunha (1996, p. 125) resume claramente o abordagem do ensino com pesquisa quando
diz que:

Recuperar a relação entre ensino e pesquisa é partir do pressuposto de que pelo


ensino também se faz produção de conhecimento, incluindo a produção da
consciência das novas gerações, fazendo-as sujeitos da própria história, capazes de
enfrentar com independência e cidadania os desafios do mundo tecnológico que se
avizinha.

Como as duas abordagens anteriores, na concepção progressista o ambiente é de


interação, onde professores e alunos tem o compromisso com a transformação política e social
do mundo em que vivem. No qual “o desenvolvimento intelectual se apresenta por meio de
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compartilhamento de ideias, informações, responsabilidades, decisões e cooperações entre os


indivíduos” (BEHRENS, 2013b p.71). O maior expoente dessa abordagem no Brasil foi Paulo
Freire, e segundo sua proposta, o homem é o sujeito da sua educação.
O aluno participa da construção do conhecimento, e é consciente da realidade à sua
volta, pois é visto como um agente de transformação e construção da sociedade. A ele é
proposto o saber sistematizado, e espera-se que sejam adultos que saibam fazer não somente a
leitura da palavra, como também a leitura do mundo.
Cabe ao professor direcionar e conduzir o processo junto com os alunos, pois educador
e aluno são os sujeitos do processo. De acordo com Behrens (2013a, p.73) “O docente por ter
mais experiência acerca das realidades sociais, assume o papel de mediador entre o saber
elaborado e o conhecimento a ser produzido”.
A metodologia privilegia a produção crítica do saber, ao mesmo tempo que promove
diálogos democráticos entre professores e alunos, de uma maneira séria, exigente e rigorosa.
Busca abordar conteúdos compatíveis com os interesses dos alunos promovendo a reflexão e
a discussão coletiva. A avaliação é mútua e grupal e contribui para a formação do aluno. Ela
minimiza a importância da nota em nome da aprendizagem.
Esse ensino centrado na realidade leva a comunidade a refletir sobre o meio social,
econômico e cultural da comunidade em que vivem e a ação conjunta em relação aos
problemas sociais.

Considerações Finais

A fragmentação, a redução e a simplificação do ensino empregados no método


cartesiano não atendem às necessidades dos alunos universitários de hoje. Há a necessidade
de substituir um ensino simplificado e compartimentalizado por uma abordagem holística, no
qual a ciência e a ética andem juntas, a razão e o sentimento façam parte do dia a dia do
aluno. Há que se fazer uma tentativa para aproximar o sujeito do objeto, e buscar recuperar a
emoção e a intuição, aliadas à razão, para atender às demandas da sociedade atual.
É necessário que os educadores estejam prontos para visualizar os paradigmas atuais e
ir além deles numa tentativa concreta de transformar a realidade. Essa atitude requer um
esforço conjunto de professores, alunos, instituições de ensino e a sociedade em geral, no
sentido de aumentar a consciência global, e aliar a teoria à prática. Tendo em mente a teoria
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da complexidade que sugere a união de todas as partes devemos superar o ensino fragmentado
e contemplar o contexto, as inter-relações e as conexões.
A ciência busca explicar e entender a realidade, e é com esse intuito que diferentes
ramos do saber, áreas de aprendizagem e disciplinas científicas se debruçam sobre os
paradigmas modernos. Conforme Khun, (1994, p.225) “o paradigma é uma constelação de
crenças, valores e técnicas partilhados pelos membros de uma comunidade científica” que
determina o modo de pensar e agir do homem em uma determinada época”.
Uma educação que vise desenvolver o aluno integralmente deve promover o
desenvolvimento da capacidade dos alunos de pensarem com criatividade e por si mesmos.
Deve desenvolver a inteligência e favorecer as aptidões individuais, lembrando que o mais
importante em educação é valorizar as qualidades dos alunos. O professor não pode desprezar
o conhecimento das partes pelo todo, ao contrário, deve conjugá-los.

REFERÊNCIAS

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Champagnat, 1996.

BEHRENS. Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 6 ed.


Petrópolis: Vozes, 2013a.

BEHRENS. Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade. Metodologia. de projetos,


contratos didáticos e portfolios. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2013b.

CUNHA. Maria Isabel & Leite, Denise. Relação Ensino e Pesquisa. IN: VEIGA, Ilma Passos
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DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.

FERGUSON, Marilin. Ver e Voar: Caminhos para o aprendizado. In: Conspiração


Aquariana. Trad. Costa, Evaristo, 7ª ed, Rio de Janeiro: Record, 1992.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. A Pedagogia Histórico-Crítico


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MIZUKAMI, Maria da Graça Nicolleti. Ensino: as abordagens do processo. São


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MORAES, Maria Cândida. Transdisciplinaridade e educação. In: MAGALHÃES, Solange


Martins Oliveira: SOUZA, Ruth Catarina Cerqueira Ribeiro de (Organizadoras). Formação
de Professores: elos da dimensão complexa e transdisciplinar. Goiânia: Ed. Da PUC Goiás,
2012.

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