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CARTE DE VISITE

E OUTROS FORMATOS:
retratos no acervo fotográfico do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa (1880-1920)
CARTE DE VISITE
E OUTROS FORMATOS:
retratos no acervo fotográfico do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa (1880-1920)

Catálogo 45 anos
do MuseCom
Organização
Denise Stumvoll e Welington Silva
CARTE DE VISITE
E OUTROS FORMATOS:
retratos no acervo fotográfico do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa (1880-1920)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Biblioteca Pública do Estado do RS, Brasil)

Catálogo 45 anos
do MuseCom
C322 CARTE de visite e outros formatos: relatos no acervo do Museu
da Comunicação Hipólito José da Costa (1880-1920). /
organizado por Denise Stumvoll e Welington Silva.– Porto
Alegre: Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa, 2019. Organização
92 p.; il.
Denise Stumvoll e Welington Silva
Catálogo 45 anos do MuseCom.

Contém fotografias.

1. Comunicação: Acervo museológico: Rio Grande do Sul.


2. Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa:
acervo. 3. Museu da Comunicação Social Hipólito José da
Costa: história. I. Título.

CDU: 316.77: 069 (816.5)

Bibliotecária responsável: Morganah Marcon, CRB-10/1024


Estado do Rio Grande do Sul EQUIPE MUSEU DA COMUNICAÇÃO Agradecimentos: SUMÁRIO
Governador Eduardo Figueiredo HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA Alícia Manoela dos Santos Kern
Cavalheiro Leite
  Área Técnica:
Angelita Peixoto
Angelita Silva
Apresentação 11
Secretaria de Estado da Cultura Carlos Roberto da Costa Leite Antonio Carlos Hohlfeldt
Secretária Beatriz Helena Miranda Araújo
 
Carlinda Maria Fischer Mattos
Denise Bujes Stumvoll
Amanda Misturini
Andréia Carolina Duarte Duprat
Novas Façanhas na Cultura - Beatriz Helena Miranda Araújo 13
Museu da Comunicação Social Hipólito José Kássia Thuany Silva Atiense Carmen Langaro
da Costa
Diretor Welington Ricardo Machado da Silva
Renata Kaupe Veleda
Vivian Eiko Fujisawa
Carolina Bouvie Grippa
Claus Farina
MuseCom: passado, presente e FUTURO - Welington Ricardo Machado da Silva 15
  Cláudio Jansen Ferreira
Associação de Amigos do Museu da
Comunicação Hipólito José da Costa
Estagiários:
Fernando Giovanaz
Francisca Ferreira Michelon
Gabriel Costa
Amigo MuseCom: um novo olhar - Paulo Roberto Corrêa 17
Presidente Paulo Roberto Corrêa Tiago Martinelli Nogueira Jonas Ferrigolo Melo
 
Área Administrativa:
Karina Santos
Isadora Minas Langaro Carneiro
Vida tatuada - Luiz Adolfo Lino de Souza 19
Adão Renê Magalhães de Melo Lauro Bidinoto
CATÁLOGO 45 ANOS DO MUSECOM Alessandra Ferreira de Oliveira Lívia Marília de Oliveira Bordignon Parte I - Os dilemas da comunicação
Allisson Carlos Santiago Ospitaleche Luiz Adolfo Lino de Souza
Carte de visite e outros formatos: retratos no Artenidia de Oliveira souza Luiz Reis
acervo fotográfico do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa (1880-1920)
Dalva Fernandes Madaloz
Joelci da Silveira
Mara Denise dos Santos
Maria Eduarda Siuch
Do Linótipo Ao SmartPhone - Carlinda Maria Fischer Mattos,
Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite e Denise Stumvoll
23
Welington Silva e Denise Stumvoll (Org.) Josiane Silva da Costa Marta Busnello Alves

Texto Do linotipo ao Smartphone


Kelvin Amir Pieretti Gomes
Rafael Rodriguês de Barros
Martin Müller de Souza
Pamela Assmann Christopher
Olhos no amanhã - Antônio Hohlfeldt 33
Carlinda Maria Fischer Mattos Ponta Grossa História Pública e Produções
Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite Culturais Parte II - Processos históricos fotográficos no acervo do MuseCom
Denise Stumvoll Renata Kaupe Veleda
Rita Magueta
Catálogo de Fotógrafos do MuseCom Rogério Verlindo O patrimônio cultural fotográfico do Rio Grande do Sul no
acervo do Musecom - Dra. Francisca Ferreira Michelon
37
Curadoria Denise Stumvoll Sandra Baruki
Vagner Debom Eifler
Pesquisa e textos Vanésia Zibetti Vasconcellos Rastros nas coleções fotográficas do MuseCom - Denise Stumvoll 39
Denise Stumvoll Vanessa Gomes dos Santos
Denise Ognibeni
Maria Eduarda Siuch Fotógrafos no Acervo do MuseCom:

Design gráfico
Babilônica Arte/Letícia Lau e Jéssica Jank Fotógrafos estabelecidos em outros estados brasileiros 46
Tratamento e digitalização de imagens
Denise Stumvoll
Alícia Manoela dos Santos Kern e
Fotógrafos estabelecidos em outras cidades do Rio Grande do Sul 52
69
Lívia Marília de Oliveira Bordignon
Fotógrafos de Porto Alegre
Revisão de textos
Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite

Referências 92
Alusivo aos quarenta e cinco anos do século, resultaram num salto significativo que vivenciamos uma verdadeira revolução. tratamento técnico aplicado a esta coleção
MuseCom, este catálogo busca contextualizar afetaram os processos comunicacionais. Do Agora, estamos novamente nos deparando envolve diversas etapas. Realizado um
os processos tecnológicos a partir da história linotipo ao smartphone passamos por uma com grandes desafios, para preservar a levantamento de registros históricos sobre
do seu próprio acervo. Ao ser fundado em longa jornada. Do suporte em papel, vinil, memória da comunicação. os diversos fotógrafos, responsáveis por
1974, pela então Secretaria de Educação e fitas magnéticas ao pixels, novas tecnologias A primeira parte do catálogo consta de essas imagens, após se iniciou o tratamento
Cultura do Estado, com o apoio incondicional tiveram que ser agregadas e estas atualmente renomados profissionais, em suas respectivas museológico condizente a esta tipologia
da Associação Rio-grandense de Imprensa nos levaram ao “dilema digital” em busca de áreas, para abordar estas transformações, de acervo, exigindo a substituição do
(ARI) na figura do presidente Alberto André estratégias de como preservar estes novos que já se fazem presentes em nossos meios acondicionamento e do armazenamento
(1915-2001) e do jornalista Sérgio Dillenburg, suportes da comunicação. de comunicação. No texto “Do linotipo ao que, noutra ocasião, já havia sido realizado.
coleções pertinentes à Comunicação, foram, Pensando nesta questão atual e polêmica, Smartphone”, de forma sucinta, é abordada Visando à catalogação e à digitalização
ao longo do tempo, sendo incorporadas e o MuseCom elaborou este catálogo como um as inovações tecnológicas, pelas quais os dessas imagens, esta coleção foi organizada
catalogadas ao seu patrimônio. presente à comunidade cultural, visando a meios de comunicação, vêm buscando no intuito de preservá-la e promover o seu
Constituindo-se em um dos maiores novas reflexões de como manter viva esta otimizar a interação com a sociedade. acesso à pesquisa histórica.
acervos da América Latina, a instituição memória para as futuras gerações. No campo da fotografia, este catálogo Ao longo de sua história, o MuseCom
tem sob sua guarda acervos de diferentes O mesmo impacto que a humanidade traz a público um acervo inédito de ratifica a sua importância, reafirmando
tipologias ligados à área da comunicação que sentiu com a invenção dos tipos móveis retratos, entre os anos de 1880 e 1920, que a sua missão, para a qual foi criado:
retratam as transformações tecnológicas, de Gutenberg, o homem moderno está foram sendo doados a esta instituição guardar, preservar e difundir a memória da
ocorridas desde o século 19 até a atualidade. enfrentando frente às tecnologias digitais. museológica, desde o final da década de comunicação do estado do Rio Grande
As mudanças ocorridas, neste final de Dos manuscritos antigos aos impressos, 1970, por diversas famílias gaúchas. O do Sul.

10 11
Novas façanhas na cultura

Um futuro digno para o aparato cultural galgando uma jornada árdua de preocupação
do Estado do Rio Grande do Sul perpassa e valorização desses espaços e seus agentes,
diretamente na movimentação de todo seu se esforçando em potencializar a participação
campo, passando por suas instituições, seus da sociedade civil nesses espaços, no Museu
territórios e seus agentes. Uma das instituições, da Comunicação não seria diferente. Neste
que marca fortemente a atuação da Secretaria sentido, observamos todo o potencial desta
de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, instituição que resiste, em meio a todos
é o Museu da Comunicação Hipólito José da os desafios, como um verdadeiro templo
Costa. Instituição de vanguarda, ela é fruto de democrático das mais variadas formas de
um esforço popular. Sediado em um prédio comunicação, narrativas e memórias que nos
ligado à história da nossa imprensa, trata-se de subsidiam cotidianamente em reconstruir a
um verdadeiro bastião da arquitetura do Centro trajetória do nosso Estado.
Histórico de Porto Alegre, datado de 1922. A jornada para o amanhã nunca foi
Neste ano, completou, no dia 10 de setembro, simples, sempre exigindo astúcia, preparo,
seus 45 anos, cercado por desafios complexos, seriedade e profissionalismo. É nessa linha
contudo, inundado de novas perspectivas que de atuação que o Museu da Comunicação
apontam seu olhar para o futuro. completou seus 45 anos, comprometido com
A perspectiva de atuação da Secretaria seu público e com a responsabilidade de
tem sido em conectar seus espaços junto às construir um amanhã sustentável para este
comunidades que os circundam e fortalecem, importante equipamento cultural.

Beatriz Helena Miranda Araújo


Secretária de Estado da Cultura

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MuseCom: passado, presente e FUTURO

O Museu da Comunicação Hipólito José importante acervo à pesquisa de distintas


da Costa completa seus 45 anos imerso em um ordens. Este processo contempla desde os
contexto amplo de transformação da sociedade exercícios escolares mais simples, conferindo-
e da comunicação. A conjuntura atual impõe lhes uma dimensão prática do passado, até
aos museus uma gama variada de desafios no as produções mais elaboradas no campo
campo da comunicação. Diante de uma série de acadêmico-científico. O compromisso histórico
mudanças céleres, que exige das instituições e do MuseCom evidencia a sua importância
dos seus profissionais engajamento e posição na área da pesquisa gaúcha, viabilizando, ao
firme, urge uma resposta à seguinte questão: longo da sua trajetória, milhares de acessos e
como a instituição pretende enfrentar esta pesquisas.
batalha cotidiana para sobreviver ao amanhã? Em seu histórico, as últimas duas
Para ressignificar nossa atuação, visando décadas talvez tenham sido o período mais
responder a esta questão, faz-se necessário difícil vivenciado pela instituição que, entre
analisar como o MuseCom estabeleceu sua altos e baixos, chegou a fechar as suas portas
trajetória. A instituição foi criada a partir de uma à visitação pública. O comprometimento
demanda da sociedade civil, indo ao encontro da sociedade civil, governos, direções e
de um movimento liderado, na época, por servidores para que pudéssemos chegar ao
jornalistas, que se propunha a reunir num único seu 45° aniversário, com as portas abertas ao
espaço acervos ligados à área da comunicação. público, foi fundamental. O esforço é coletivo e
Naquela ocasião, estes acervos se encontravam diário, objetivando oferecer o suporte na base
dispersos em diferentes instituições culturais operacional, que é comum a todos os museus: a
da capital gaúcha, constituindo-se em valiosas salvaguarda, a pesquisa e a comunicação.
fontes de pesquisa, para recuperar a memória da Respondendo à pergunta que encerra o
imprensa escrita do Rio Grande do Sul. primeiro parágrafo deste texto, o MuseCom
Durante as primeiras décadas, pretende ancorar-se nas práticas mais
a sua função de guarda se ampliou, modernas de gestão museológica e governança,
exponencialmente, com um denso e variado para desempenhar a nossa função de defensores
crescimento de suas coleções, aventurando- incondicionais da memória da comunicação,
se em searas diferentes, como o cinema, a requalificando nossos espaços, com
televisão, o rádio, a fotografia, a publicidade processos que incluam as novas tecnologias e
e a propaganda. Ao abrir seus braços e contribuindo, assim, para conservar e preservar
suas galerias, para receber e guardar estas os nossos acervos. Atuando, desta forma,
memórias, a instituição foi protagonista e criamos mecanismos para que este templo
pioneira no segmento museológico de âmbito das relações passado-presente – o MuseCom
nacional, tornando-se a guardiã de exemplares - permaneça vivo e atuante. A instituição deve
representativos e únicos das mais diversas atuar de forma sustentável, assegurando que
formas de fazer comunicação. suas atividades, de caráter interno ou externo,
A instituição, desde a sua fundação, estabeleçam-se de maneira ética, democrática
assumiu o compromisso com a produção e compromissada. O Museu da Comunicação
do conhecimento, disponibilizando o seu também será um museu do FUTURO.

Welington Ricardo Machado da Silva


Diretor do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

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Amigo MuseCom: um novo olhar...

Algumas culturas asiáticas, como a si. Este deve ser consequência da percepção
japonesa e a coreana, costumam valorizar mais do valor da sociedade, para engajar-se nos
o significado das palavras do que a eloquência projetos propostos. Portanto, sob este prisma,
do discurso. a Associação de Amigos do MuseCom, num
Aqui no Brasil, ultimamente, nos gesto simbólico, passa a denominar-se AMIGO
acostumamos a falar demais e não dizer quase MUSECOM com o objetivo de substituir
nada. as muitas palavras, que formavam a sigla
Durante a trajetória dos 45 anos do (A.A.M.C.H.J.C), pelo sentido daquela que mais
MuseCom, a Associação de Amigos esteve importa: AMIGOS.
ativa pela maior parte do tempo. No entanto, No alvorecer deste novo século, novos
os desafios atuais são outros e mais do que conceitos surgem para ressignificar a jornada
representatividade, ou auxílio burocrático, para humana na busca do entendimento das velozes
viabilizar recursos, a Associação necessita de transformações e mudanças em curso.
fazer amigos e criar redes. A amizade é uma via O conceito de economia criativa abraça
de mão dupla, que pressupõe troca e confiança. (como um amigo) a comunicação, a museologia,
A atual gestão traz, como propósito, dar as artes, a tecnologia e uma série de outras
o primeiro passo em direção à sociedade em atividades, promovendo algo inédito: a
busca de uma verdadeira relação de troca. colaboração e a diversidade entre atores que até
Compreendemos que primeiro devemos então não se reconheciam como pares.
oferecer os estímulos necessários para Atentos a esse movimento, a equipe
que o público reconheça a importância das AMIGO MUSECOM vai ao encontro das
instituições culturais. Sem a participação do mais variadas manifestações artísticas e
mesmo, as instituições deixam de cumprir o culturais, objetivando construir, em conjunto,
seu propósito. novas oportunidades para a participação da
O associativismo não pode ser um fim em sociedade. Parabéns MUSECOM!
Paulo Roberto Corrêa
Presidente da Associação de Amigos do Museu Hipólito da Costa

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Vida tatuada

Os museus são templos à memória. Não são teve Érico Veríssimo como fundador tinha de
cemitérios. São vida tatuada. E se exibem para ser berço para criar um acervo da nossa terra.
quem admira a arte de registrar o tempo. Alguns Diretores da ARI participaram de reuniões,
existem para quem valoriza a comunicação com emitiram correspondências e convenceram
a história. Para imortalizar palavras, imagens e autoridades para que, quarenta e cinco anos
sons. depois, celebremos uma coleção de respeito
O papel principal da comunicação é continental.
fazer com que as pessoas conheçam fatos, Batizar o Museu que nasceria com o nome
descobertas e documentos como foram e são. do patrono da imprensa brasileira, Hipólito
Não interessa se o que é apresentado é bom ou José da Costa, criador do primeiro periódico
ruim.  em tempos de censura do Brasil colônia, foi
O jornalista e escritor Alceu Amoroso mais uma adesão da ARI à convergência de
Lima ensinou, em  sua obra O Jornalismo como ideias que levou ao nascimento do museu em
Gênero Literário: “O importante é manter 1974. O então governador Euclides Triches foi
contato com o fato. Tudo mais deriva daí: a destinatário de muitos documentos da Casa
informação do fato; a formação pelo fato; a do Jornalista, assinados por Alberto André, em
atualidade do fato; o estilo determinado pelo favor da causa da preservação da comunicação
fato. O fato, o acontecimento, é a medida do do Rio Grande do Sul. Foi uma vitória em
jornalista“. momento conturbado.
Sabemos que a forma mais fácil de Neste 2019, a ARI, ao completar 85 anos,
dominar uma nação é espalhar desinformação, segue o diálogo, agora em  correspondências
ou informação manipulada. Por isso, quanto digitais, com o novo MuseCom. Ainda mais
mais fatos da história conhecermos, mais consciente que a produção cultural do Estado
independentes seremos. é enriquecida com a existência deste templo à
O jornalismo só cumpre seu papel se memória da imprensa.
for livre - e se for documentado. O mentor Mas não custa lembrar quem imortalizou
da criação de um museu dedicado aos fatos palavras em nossa história: “A imprensa é a vista
da comunicação foi o jornalista, professor e da Nação. Por ela é que a Nação acompanha
escritor Sérgio Dillenburg. o que se passa ao perto e ao longe, enxerga o
Baseado na ideia de que um museu que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e
completa a identidade de uma nação, Dillenburg tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam,
convenceu inúmeras pessoas, em tempos percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o
difíceis no Brasil dos anos 70, a criar uma casa que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe
voltada para o rico acervo da nossa imprensa.  interessa, e se acautela do que a ameaça”. (Rui
E a Associação Riograndense de Imprensa, Barbosa)
presidida pelo jornalista Alberto André, líder A Associação Riograndense de Imprensa
por três décadas da Casa do Jornalista, foi uma felicita o Museu Hipólito José da Costa
das entidades que apoiou a ideia de Dillenburg (MuseCom) nos seus 45 anos de criação e
e se engajou na preservação da memória da seguirá ao lado da cultura do Estado do Rio
imprensa rio-grandense. Uma associação que Grande do Sul.

Luiz Adolfo Lino de Souza


Presidente da ARI

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Os Dilemas da
Comunicação
Do linotipo ao smartphone

Em 1968, o cineasta Stanley Kubrick No passado, comunicar-se era um desafio


(1928-1999) apresentou ao público o filme geográfico e temporal que, geralmente,
2001, uma Odisséia no Espaço. Nele, uma ocorria com atrasos ou extravios das
tribo primitiva disputa uma fonte de água. correspondências. Hoje, a comunicação se
Vencida, esta se recolhe no interior de dá num tempo real. O desdobramento de um
uma caverna. Em um novo confronto, um pensamento tecnológico, que serviu de base
hominídeo descobre que o grande osso, usado na criação de novos equipamentos, permitiu
como ferramenta, poderia ser utilizado como que nos comunicássemos, de modo rápido
arma. Ao matar o seu oponente, ele vibra de e eficaz, transformando o mundo numa
felicidade e o arremessa, fazendo-o girar e aldeia global, por meio de diferentes meios
atravessar o espaço. No compasso eterno dos de comunicação, como imprensa, fotografia,
milênios, este objeto assume o formato de cinema, publicidade, rádio, telefone,
uma caneta nas mãos de um pesquisador. fonografia e televisão.
2001, Uma Odisséia no Espaço nos fala
da relação que se estabelece a partir do
confronto entre o homem e a máquina, no A IMPRENSA
qual a criatura passa a considerar-se infalível O termo imprensa nasceu com a invenção
e superior ao próprio criador, constituindo- da prensa de tipos móveis, por volta de  1450,
se, assim, numa ameaça à integridade física pelo alemão Gutenberg (c.1400-1468), que foi
da humanidade. responsável, no período de 1452 a 1454, pela
Em nosso cotidiano, carregamos impressão do primeiro livro da história: a
aparelhos capazes de conectar-nos, em tempo Bíblia de 42 linhas.
real, a pontos distantes do planeta, a exemplo Ao invés de talhadas em pedra ou
de locais onde ocorrem confrontos bélicos, madeira e após serem pinceladas com tintas
além de possibilitar que assistamos a filmes, e, finalmente, impressas sobre o papel, na
fotografemos o panorama, ouçamos músicas técnica, criada por Gutenberg, cada tipo
e contatemos com os amigos, entre outras (letra), de maneira isolado, era talhado em
funções. Ao utilizarmos o smartphone, como madeira e depois, em alto relevo, numa liga
ferramenta, aproveitamos cada segundo de antimônio e chumbo (metal). Colocado
de nosso tempo, visando à realização das junto a outros tipos num caixilho, de trás
nossas tarefas diárias e conectando-nos com para diante, formava frases, orações e textos.
o mundo. Mergulhados em nossas redes Assim montados, os textos ganhavam uma
digitais, evitamos o contato frente a frente camada de tinta à base de óleo, para então
com o outro, ou seja, o real espelho de nossas serem prensados sobre o papel.
identidades pessoais. Empregamos novas A partir deste processo, tornou-se
“canetas”. possível imprimir quantas cópias fossem
De forma célere, neste século, a necessárias, página após página, com eficácia.
tecnologia tem aprimorado suas ferramentas, A invenção de Gutenberg revolucionou a
visando otimizar a qualidade da informação comunicação, fazendo com que as notícias
e, ao mesmo tempo, atingir um número tivessem uma maior difusão e, em pouco
expressivo da população neste processo. tempo, já era possível saber o que ocorria no

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Máquina de impressão rotativa vomag mundo até então conhecido.  M. Hoe (1812-1886, dos Estados Unidos,
Capa do jornal A Federação, Porto
– plauen i/v. - n° 1586 - 1930. Passados mais de 500 anos, a humanidade foi o responsável pela criação da rotativa. Alegre, 1897.
Constituído pela rotativa alemã
deve à genialidade do alemão Gutenberg Movida a vapor, esta invenção possibilitou Este jornal passou a ser impresso,
Vomag e equipamentos, parte do
a propagação, por meio da reprodução que, em um único dia, fossem impressos  em 1922, no prédio hoje ocupado
antigo parque gráfico da Corag, faz
impressa, do conhecimento e da cultura. milhares de cópias. Já a linotipo, criada, na pelo MuseCom.
parte do acervo tridimensional do
MuseCom. Segundo Elke Schutt-Kehm, “Gutenberg Alemanha, em 1886, por Ottmar Mergenthaler
A Vomag, criada em 1881, era uma Capa do primeiro periódico gaúcho:
democratizou o conhecimento, ele deu o (1854-1899), tratava-se de  uma máquina que Diário de Porto Alegre, POA, 1827.
empresa alemã. A partir de 1899,
começou a produzir impressoras. primeiro passo para o saber de todos.” fundia, em bloco, cada linha de caracteres
Nesta rotativa os jornais eram A tecnologia neste campo foi evoluindo... tipográficos, possuindo um teclado similar ao Capa da Revista Máscara, Porto
impressos, por meio de matrizes Com a introdução da rotativa e da linotipo, da  máquina de escrever. Alegre, 1918.
confeccionadas, em uma linotipo.
houve um aumento significativo na produção Nos impressos, a introdução da ilustração
Em formato de telhas, estas eram
colocadas nos cilindros, onde rodava de impressos num tempo reduzido e com representou uma novidade sem precedentes.
a tinta sobre o papel. A Vomag qualidade. A princípio, estas eram feitas a bico de
imprimiu o Diário Oficial do Estado Após anos de estudo, em 1843, Richard pena, passando depois a ser utilizada, pelo
entre as décadas de 1950 e 1970.
ilustrador, a técnica da litogravura. Criada,
no final do século XVIII, pelo alemão Alois
Senefelder (1771-1834), esta técnica envolve a
criação de marcas (ou desenhos) sobre uma
matriz (pedra calcária) com o auxílio de um
lápis gorduroso.  O termo litogravura, ou
litografia, é  de origem grega, formado por fotografias assumem, de forma definitiva, A PUBLICIDADE
Capa do primeiro jornal lithos (pedra) e graphein (escrever). as páginas dos impressos, dando-nos a Não demorou muito tempo para que
ilustrado A Sentinella Com o surgimento da fotografia, no impressão de que  àquele registro era, comerciantes e industriais entendessem
do Sul, Porto Alegre, século XIX, esta passou a ocupar um espaço efetivamente, uma fatia objetiva e clara da que era possível dinamizar a venda de seus
1867.
nos impressos (jornais e revistas), buscando realidade. produtos dando-os a conhecer a quem lesse
Capa do jornal Gazeta
retratar, de forma fidedigna, para o público As transformações tecnológicas, que os anúncios dos jornais. Ofereciam-se tecidos,
do Rio de Janeiro, RJ, leitor os fatos que geravam notícia. A partir foram surgindo nas primeiras décadas do vidros, remédios, joias, elixires milagrosos
1819. de 1882, com a impressão da clicheria, as século XX, marcaram a transição de uma e até mesmo escravos. Nos impressos,
imprensa artesanal para uma imprensa passaram a ocupar espaço os anúncios de
de caráter empresarial. Dentro da ótica serviços, óbitos, nascimentos e batizados,
capitalista, o jornalismo passou a ser visto além dos navios, que mensalmente, na mesma
como uma fonte de investimento. data, oriundos de outros estados e países,
A valorização dos periódicos (jornais e traziam fonógrafos, gramofones, pianos,
revistas) estava ligada à nova temporalidade revistas e artigos da moda. A publicidade,
de uma sociedade que adentrou o novo presente nos periódicos (jornais e revistas),
século, no qual o binômio, composto pelas da época, gerou e ditou comportamento,
palavras modernidade e progresso, era a novos hábitos, abrindo novos mercados de
tônica. O telégrafo, aliado a novas técnicas consumo.
de impressão, possibilitou uma maior
tiragem do jornal, mantendo a qualidade na
produção. Havia uma demanda no mercado A FOTOGRAFIA
por informação, cada vez mais rápida, A fotografia surgiu em 1836, quando
acerca dos fatos que ocorriam no Brasil e no Joseph Nicéphore Nièpce fixou uma imagem,
mundo. Hoje, diante de importantes avanços numa placa de estanho, recoberta com uma
tecnológicos, a comunicação via Web ganhou camada de um produto fotossensível, após
novas dimensões. oito horas de exposição à luz solar. Além
Tempos modernos… de Nièpce, outros pesquisadores também
almejavam obter melhores resultados neste

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campo. Diante deste fato, novos experimentos fotógrafos que chegaram à cidade portuária A imagem tem o poder de acessar
resultaram noutros processos: na França, de Rio Grande, em um período no qual a emoções e tecer um fio condutor na
em 1839, Louis Jacques Mandé Daguerre fotografia aprimorava  a sua qualidade em construção da identidade por meio da
inventou a daguerreotipia. Ainda naquele função das novas descobertas no campo  da recordação, como àquelas guardadas
mesmo ano, na Inglaterra, William Henry Química e da Física. Assim, começaram nos álbuns de família, de casamentos, de
Fox-Talbot anunciou a criação do calótipo. No a surgir novos processos e formatos batizados e mesmo de pessoas falecidas. Mas,
Brasil, Antoine Hercule Florence conseguiu, fotográficos.  será que podemos garantir que as imagens
em 1883, fixar imagens com nitrato de prata, Uma revolução no campo da imagem digitais sobreviverão, tal qual àquelas de
nominando esta técnica, após transcorrido foi ocasionada devido à industrialização das cento e oitenta anos atrás? Ou, além do seu
um ano do seu experimento, com o nome de placas secas de negativos, dos filmes em estatuto ontológico e estético, estaríamos já
fotografia. rolo e dos papéis fotográficos. O processo num momento «pós-fotográfico», segundo
Em 1840, no Brasil e na América artesanal, com negativos de vidro com Fontcuberta(2012)?
Latina, ocorreu a primeira demonstração colódio e cópias em papel albuminado,
do daguerreótipo. Amante da fotografia e tratava-se de algo muito lento e de pouca O CINEMA
colecionador de imagens, o imperador dom sensibilidade. Ao exigir do cliente uma pose Mas, ainda, outra propriedade da imagem
Pedro II, adquire em Paris um aparelho de estática, o fotógrafo visava a obter uma nos levou a criar o Cinema. Duplicado o
daguerreotipia e começa a produzir imagens, imagem nítida. Pelo fato de ser um processo mundo vivo, a exibição de imagens, em
além de conceder honrarias aos praticantes bastante moroso e cansativo, acabou, movimento contínuo, tece uma sequência que,
da nova técnica, congratulando os destacados gradativamente, sendo substituído por outro, embora se suponha verdadeira, fidedigna e
neste período com o título de “fotógrafos no qual se utilizava gelatina como emulsão e real, opera uma construção de sentidos, que
da Casa Imperial”. O imigrante italiano Luiz brometo de prata. nos ligam ao passado instantâneo, oferecendo-
Terragno (Gênova,1831 - Porto Alegre, 1891), Em uma analogia àquelas transformações nos uma história, uma coerência que, muitas
o qual ostentava este título, é o fotógrafo presentes na história da Fotografia, nestes vezes, só existe em nossas elaborações. O
Ilustração de Fotógrafo não
Publicidade do
pioneiro em oferecer, em Porto Alegre, estes 45 anos, que o MuseCom completou de desafio de registrar e recriar o mundo gerou surpreendente. A ela seguiram-se inúmeras identificado. Cine
fotógrafo Luiz Terragno serviços fotográficos, a partir do ano de 1853. sua criação, estamos transitando por novas a fascinação dos assistentes. O cinema surgiu outras apresentações, promovidas por Teatro Coliseu na
no jornal O Brado do No Rio Grande do Sul, há registros de mudanças nos processos fotográficos. Os como projeção de expectativa, por parte de um companhias de variedades, por ilusionistas, Rua Voluntários da
Sul, em 27/05/1860. antigos retratos em P&B ou coloridos, público ansioso pelo espetáculo extraordinário prestigitadores, empresários atentos ao Pátria. Porto Alegre,
c.1910. Fototeca Sioma
em negativos flexíveis, que compunham e curioso, no ano de 1895, por obra dos irmãos interesse do público pela novidade. O cinema Breitman/ Museu de
os álbuns de família, por exemplo, foram Antoine e Louis Lumière. surgia como lazer, diversão popular. Os Porto Alegre Joaquim
praticamente extintos, abrindo espaço para A exibição ocorreu, pela primeira vez, em primeiros filmes que aqui foram apresentados José felizardo.
as selfs com smartphone. Inclusive, a imagem 28 de dezembro de 1895, numa sala de cinema eram imagens de vistas panorâmicas
digital passou a  ser quase onipresente, sendo chamada Eden, localizada em La Ciotat, no que retratavam as belezas naturais, bem
utilizada, de uma forma nunca vista, nos sudeste da França. Oficialmente, porém, como registros de eventos públicos, como
meios de comunicação, pelas pessoas que considera-se a primeira projeção pública, com procissões, festejos de cunho regional ou
podem  compartilhar instantaneamente, em entradas pagas e grande publicidade, a que acontecimentos políticos, ocorridos sempre
tempo real, para quaisquer lugares do mundo. ocorreu em Paris, no Grand Café, situado no em outros lugares fora do Estado, e que já
Qual é a origem deste anseio de Boulevard des Capucines. Já no ano seguinte, chegavam prontos, bastando projetá-los.
imobilizarmos e imortalizarmos um o Rio de Janeiro conheceu o equipamento O italiano José Filippi, vindo de outros
recorte do tempo e do espaço? O medo em 8 de julho, por meio de um exibidor centros urbanos do Brasil, tendo passado por
do esquecimento, da morte, da velocidade itinerante europeu. E é também um exibidor várias cidades gaúchas a fazer exibições, com
com que os acontecimentos, que desde o itinerante, Francisco de Paola, que apresenta seu cinematógrafo, foi, contudo, o primeiro
século XIX, já se sobrepunham em nossas esta curiosidade ao público do Rio Grande a filmar vistas locais de procissões e festejos
memórias? Estes poderiam ser  reais  motivos, do Sul, em 5 de novembro de 1896, em Porto regionais.
para justificar a luta incansável de  homens Alegre. A apresentação de seu cinematógrafo Logo após a implantação da iluminação
na busca do aprimoramento tecnológico ocorreu no prédio nº 349, na Rua da Praia, e elétrica na cidade, inaugurava-se, em 21 de
da fotografia, ou seja, na arte de copiar a foi prestigiada por um grande e entusiasmado maio de 1908, a primeira sala de cinema fixa
realidade.   público, perplexo diante de atração tão de Porto Alegre, em caráter permanente

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e especializado, o Recreio Ideal, seguido um aparelho que permitia que duas pessoas, ideia de se criar uma emissora ocorreu numa vendidos em sua própria loja, localizada na
de outras quatro, ao longo desse mesmo distantes no espaço, se comunicassem por reunião que se realizou na antiga sede do Rua dos Andradas, antiga Rua da Praia, em
ano. Elas se diferenciavam das locações de meio de fios elétricos, que eram ligados jornal “A Federação”, onde hoje se encontra Porto Alegre.
itinerantes por se constituírem em espaços a um aparelho emissor/receptor em cada instalado o Museu da Comunicação Hipólito
dedicados à apresentação de uma categoria extremidade. Os cabos utilizados eram os José da Costa (MuseCom), que foi fundado A TELEVISÃO
específica e qualificada de exibição, resultado mesmos do telégrafo e por isso o teletrofone em 10 de setembro de 1974, completando, Em termos de amplitude de difusão, a
de uma prática e uma exigência já definidas ficou conhecido como o “telégrafo falante”. neste ano de 2019, seus 45 anos de atividades televisão, entretanto, imprime um grande
por parte da população. Meucci, na época, não teria tido recursos junto à sociedade gaúcha. Neste contexto, impacto na comunicação de massa. As
Em 27 de março de 1909, Dia do Cinema financeiros, para patentear a invenção, mas foram criadas a Rádio Sociedade Rio- informações visuais e sonoras capturadas
Gaúcho, era lançado o primeiro filme de Graham Bell, sim, e o fez no ano de 1876. De Grandense (1924), a Rádio Sociedade Gaúcha pelas câmeras e pelos microfones são
ficção realizado no Estado, Ranchinho do toda a forma, a telefonia se difundiu a largos (1927) e a Rádio Sociedade Pelotense (1925). convertidas em ondas eletromagnéticas. A
Sertão, de Eduardo Hirtz. A partir daí, passos e, cerca de dez anos depois, chegou descoberta inicial, chave de todo o processo,
seguiram-se várias realizações, tanto de a Porto Alegre, trazida pela Empreza União A FONOGRAFIA foi feita por Jacob Berzelius, um químico
filmes de enredo quanto de documentais. Telephonica do Brasil, sediada no Rio de Ouvir a reprodução de músicas, após sueco, que percebeu, em 1817, a capacidade
Eduardo Hirtz, Francisco Santos, Carlos Janeiro. a execução local, foi outro grande desafio. do selênio em transformar energia luminosa
Comelli, Laffayete Cunha, Emílio Guimarães Ver o ausente, assim como ouvir o não em impulsos elétricos. Ainda que antecedida
são alguns dos tantos nomes dos pioneiros O RÁDIO presente, trata-se de curiosidades que por inúmeros experimentos, a invenção do
do cinema no Rio Grande do Sul. Mas do No mesmo ano, o físico italiano superaram o interesse filosófico e científico, primeiro aparelho televisor é atribuída ao
conjunto de suas obras, quase nada restou, Guglielmo Marconi criou o primeiro aparelho para tornarem-se práticas cotidianas. O norte americano Philo Farnsworth, em 1922,
senão fragmentos extensos do filme Os Óculos de rádio do mundo, revolucionando a fonógrafo foi um equipamento desenvolvido, mas também ao russo naturalizado Vladimir
do Vovô (1913), de Francisco Santos, hoje, comunicação à distância, partindo, em 1831, em 1877, por Thomas Edison, destinado à Zworykin em 1923.
o mais antigo filme de ficção, conservado das pesquisas de caráter eletromagnética gravação e à reprodução de sons através de A necessidade de aperfeiçoamento
no Brasil, e Passeio da Sociedade Recreio desenvolvidas por Faraday e por Hertz, um cilindro. Charles Tainter e Alexander técnico, bem como a guerra de patentes só
Juvenil (1912), documentário de Eduardo no ano de 1888. A autoria, entretanto, foi Graham Bell, em 1886, aperfeiçoaram e viabilizou a comercialização da novidade, a
Hirtz, ambos encontrados pelo pesquisador e contestada por Nikola Tesla. O pioneirismo, patentearam um novo invento, o grafofone, partir de 1940, em plena 2ª Guerra Mundial
realizador Antônio Jesus Pfeil. hoje em dia, é atribuído ao padre gaúcho dando início a uma guerra pela exploração (1939-1945) No polo emissor, experiências
Como todas as invenções, o Roberto Landell de Moura, que realizou dos equipamentos. e transmissões fechadas vinham ocorrendo
cinematógrafo foi o resultado de muitos transmissões de rádio em 1893, e da primeira Os lucros eram grandes, e outros desde o ano de 1939.
esforços, muitas outras descobertas, inclusive, voz humana, em 1899. A invenção difundiu- inventores correram atrás de novos No Brasil, a primeira empresa emissora
nas áreas da fisiologia ocular e da neurologia, se mundo afora, ligando, praticamente, em processos, de forma que, em 1888, partindo foi a TV Tupi, de São Paulo, pertencente
bem como da aplicação dos princípios da tempo real, inúmeras partes do planeta, de outra ideia, Emil Berliner cria o a Francisco de Assis Chateubriand,
cinética. desempenhando um papel fundamental gramofone, e a impressão industrial de proprietário dos Diários Associados,
Nos dias de hoje, a tecnologia digital durante a Primeira Guerra Mundial (1914- discos planos de goma laca, suplantando a inaugurada em 1950. É a primeira empresa de
se coloca a serviço da arte, lançando novos 1918). Logo após esse evento, surgiram produção de cilindros, que permitia apenas Televisão da América Latina, e apenas cerca
desafios, de modo que a imaginação e a as primeiras emissoras de rádio, como um número de cópias bem reduzido de cada de 200 aparelhos importados acompanharam
fantasia consigam trazer efeitos de verdade e a Westinghouse Eléctric que, em 1920 gravação. o acontecimento histórico. Em 1951, iniciou
a promover uma reflexão intensa sobre o agir começou a transmitir notícias e música. No Brasil, o primeiro estúdio de a produção industrial, no Brasil, dos
humano. Vivíamos a “Era do Rádio”. Até a difusão gravação de cilindros foi aberto em 1902 aparelhos Invictus e, entre Rio de Janeiro
da televisão, na década de 1950, esse foi o na cidade do Rio de Janeiro, a Casa Edison, e São Paulo, já se somavam, em 1970, cerca
O TELEFONE meio de comunicação de massas com maior pelo imigrante tcheco Frederico Figner, que de 4 milhões de aparelhos nos lares. Em
Como a maior parte dos inventos, a alcance. No Brasil, a primeira transmissão trouxe para o Brasil um fonógrafo e, em 1959, foi inaugurada a TV Piratini, em Porto
paternidade desse aparelho é discutível. O ocorreu na comemoração da Independência, 1913, instala a primeira fábrica de discos do Alegre. Em 1972, ano do sesquicentenário da
nome a que nossa memória recorre mais em 7 de setembro de 1922. No ano de 1923, Brasil, a Odeon. No Rio Grande do Sul, a Independência do Brasil, no Rio Grande do
habitualmente é o de Alexander Graham Edgar Roquette-Pinto inaugurou a primeira iniciativa coube ao imigrante italiano Saverio Sul, em Caxias do Sul, ocorreu a primeira
Bell, em 1876. Contudo, em 1860, o italiano emissora de rádio, a Rádio Sociedade do Rio Leonetti que, em 1913, instalou a primeira transmissão, em cores, da Festa da Uva
Antonio Meucci já apresentava o teletrofone, de Janeiro, seguidas por outras iniciativas, empresa fonográfica do Rio Grande do Sul, ocorrida, no dia 31 de março, daquele ano.
o precurssor do telefone. Este se Tratava de em outros Estados. No Rio Grande do Sul, a A Eléctrica. Os discos eram produzidos e

28 29
AS MIDIAS MAGNÉTICAS todas estas mídias se intercruzassem. As REFERÊNCIAS
A exibição de publicidade, a apresentação multimídias, agora, cabem num pequeno
de novelas e a transmissão de notícias eram aparelho. Estas mudanças já estão presentes em Imprensa Fotografia
feitas ao vivo. Não houve, até meados 1950, nossas mentes e em nosso cotidiano. COSTA LEITE, Carlos Roberto Saraiva da.  História da Imprensa. In: DAMASCENO, Athos. Fotógrafos em Porto Alegre no século XIX. In:
um suporte que permitisse o registro, o Tais transformações são tão estruturais que Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa - 30 anos. Colóquios com a minha cidade, Porto Alegre: Globo, 1974.
armazenamento prévio da programação, um talvez nos falte consciência de todo o processo Porto Alegre: CORAG, 2004. KOSSOY, Boris. Dicionário histórico fotográfico brasileiro. Fotó-
processamento ágil para edição e o corte de comunicacional na esfera do digital, no qual nos ERICSEN, Nestor. O Sesquicentenário da Imprensa Rio-Granden- grafos e o oficio da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo:
erros, que eram frequentes, na velocidade febril encontramos. Neste sentido, citando Marshal se. Porto Alegre: Sulina,1977. Instituto Moreira Salles, 2002.
que a televisão impusera às suas atividades Mc Luhan, “uma vez imersos nos meios, apesar FRANCO, Sérgio da Costa, ROZANO Mário (org.) Porto Alegre Ano _________. Hercules Florense - A Descoberta isolada da fotogra-
desde seus primórdios. A empresa alemã AAEG de todas suas imagens, sons e palavras, como a Ano/ Uma cronologia histórica 1732 / 1950. Porto Alegre: Letra fia no Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.
havia, já em 1935, desenvolvido a gravação conhecer os efeitos que estes têm sobre nós?” & Vida, 2012. MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e
de sons sobre uma fita plástica, emulsionada Talvez aqui resida a importância da MIRANDA, Marcia Eckert; COSTA LEITE, Carlos Roberto Saraiva da. representar no Brasil oitocentista. Revista Studium, nº15. Disponí-
com uma goma ligante, contendo partículas atuação do Museu da Comunicação diante Jornais raros do Musecom: 1808-1924. Porto Alegre: Comunica- vel em: <http://www.studium.iar.unicamp.br/15/01.html.> Acesso
metálicas magnetizadas que, ao sabor das ondas das experiências que vivenciamos como ção Impressa, 2008. em 12/4/2014
eletromagnéticas, que a atingiam, ganhavam um espaço de problematização e de reflexão RÜDIGER, Francisco. Tendências do jornalismo. Porto Alegre: MAGALHÃES, Ângela e PEREGRINO, Nadja. Fotografia no Brasil:
uma distribuição ordenada, passível de ser sobre a relação do homem com estas novas UFRGS, 2003. um olhar das origens ao contemporâneo. Rio de Janeiro: Funarte,
decodificada por um aparelho leitor. tecnologias. Como ocorre o intercruzamento RUIZ, Nicolás Gonzáles. El Periodismo - Teoria y Pratica. Barcelona 2004.
Do emprego da primeira fita magnética, o entre o humano e a máquina? Estará o homem : Noguer, 1953. RITCHIN, Fred. .Después de la Fotografia. México:Ediciones Ve
videotape, em 1955, ao VHS de uso doméstico, consciente do domínio de uma inteligência SILVA, Jandira M. M. da; CLEMENTE, Ir. Elvo; BARBOSA, Eni. Breve His- [en] coedición con Fundación Televisa, 2010.
nos anos de 1980, muitas versões foram artificial sobre sua subjetividade? tórico da Imprensa Sul- Rio- Grandense. Porto Alegre: CORAG, 1986. VASQUEZ, Pedro. D. Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janei-
lançadas no mercado. Logo, porém, tudo é Assim, não podemos achar que a revolução SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil. Rio de ro: Index, 1985.
transformado, em linguagem binária, e tem das novas mídias seja apenas o consumo Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
início a era dos suportes e processos digitais, de novas máquinas, que logo se tornam VIANNA, Lourival. Imprensa Gaúcha (1827-1852). Porto Alegre:
que revolucionaram a História da Comunicação obsolescentes. Agente de transformação, ela Museu de Comunicação Social HJC, 1977.
no mundo. muda a forma como nos relacionamos com
o mundo, com a natureza, com nós próprios. Cinema
O PROTAGONISMO Nesta trajetória tecnológica, do linotipo ao PFEIL, Antonio Jesus. O cinematógrafo no Rio Grande do Sul no

DA CULTURA DIGITAL smartphone, ultrapassamos as contingências século XIX. Canoas: edição do autor, 86p.
impostas pelo espaço e pelo tempo. ______ . Cinematógrafo e o cinema dos pioneiros. In: Becker, Tuio
Ao longo das três últimas décadas, Encontramo-nos diante de dois caminhos! (org.) . Caderno Porto & Vírgula nº 8: Cinema no Rio Grande do Sul,
observamos a incorporação das novas Um nos possibilita sermos senhores do que Porto Alegre: EU/Porto Alegre, 1995, p 17 – 29.
tecnologias em todos os meios de comunicação. criamos, com a possibilidade de desfrutarmos ______. Os caminhos que levaram Eduardo Abelim a “Um Sonho
Estas estenderam suas aplicações a tal ponto, de uma distância minimizada, pela tecnologia, Sem Fim”. Canoas: Secretaria Municipal de Educação e Cultura de
que geraram uma extrema dependência de e de um tempo expandido, dedicado ao lazer Canoas/ Departamento de Cultura, 1994.
todos os domínios: imagens (fixas ou em e à produção oriunda do espírito. Já noutra via SANTOS, Yollanda Lhullier dos; CALDAS, Pedro Henrique. Francisco
movimento), som e textos. A associação podemos sucumbir na condição de escravos da Santos: Pioneiro no Cinema do Brasil. Pelotas: Edições Semeador,
entre estas mídias é estreita e seus modos de produção de bens de consumo, que envelhecem 1995. 107p.
utilização são responsáveis por novos hábitos na mesma velocidade com que são criados, TODESCHINI, Cláudio. Exposição História do Cinema Gaúcho, reali-
culturais, como podemos ver nos processos de deixando-nos verter o tempo de nossas vidas zada no Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, em 1995.
multimídia interativa e nas novas redes que se nos fios invisíveis das redes digitais que nos ______. Idem. O Cinematógrafo Numa Ilha de Civilização. In: Beck-
estabeleceram. conduzem para bem distante do mundo er, Tuio (org.) . op cit. p 9 – 16.
Neste sentido, presenciamos as mudanças natural. Cabe a nós, portanto, esta escolha final! TRUSZ, Alice Dubina. Entre lanternas mágicas e cinematógrafos.
de tecnologias, quando o teclado da máquina As origens do espetáculo cinematográfico em Porto Alegre (1861
de escrever foi substituído pelo computador, – 1908). São Paulo: Ecofalante, 2010.
que, reduzido de tamanho, transformou-se, por Carlinda Maria Fischer Mattos ______. A Produção Cinematográfica no Rio Grande do Sul (1896
exemplo, num smartphone. Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite – 1915). In: SCHVARZMAN, Sheila; RAMOS, Fernão Pessoa. Nova
O sistema numérico possibilitou que Denise Stumvoll História do Cinema Brasileiro. Vol I – p 52 – 89.

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Olhos no amanhã

Quando fiz minha pesquisa de doutorado, que guardam este tipo de acervo. Não se trata
sobre romances-folhetim nos jornais de Porto mais apenas de guardar, mas de salvar, pela
Alegre, utilizei o acervo do Museu Hipólito digitalização, permitindo e facilitando, ao
José da Costa. Tive de montar verdadeira mesmo tempo, sua consulta.
operação de guerra, com dois computadores As tecnologias de informação e de
e um pequeno digitalizador. Cada capítulo do comunicação, no século XXI, permitiram esta
romance me exigia seis diferentes ações entre coisa extraordinária: o mais pleno diálogo
digitalizar, salvar, transferir arquivo para o entre o passado e o presente. McLuhan, de
computador, imprimir, depois colar e refazer certo modo, antecipou isso num de seus
a página original. Esse trabalho insano me primeiros livros. Se a escrita, disse ele, levou-
tomou mais de ano.  nos à articulação do passado com o futuro,
Há poucos meses, queria estudar o último graças ao documento, sempre presentificado,
livro do escritor português Almeida Garrett, as novas tecnologias permitiram a coexistência
que o publicara originalmente numa revista dos três tempos numa única dimensão. Leio o
editada pelo Antônio Feliciano de Castilhos, documento do passado enquanto documento
que o censurou. Da minha própria casa, do presente e posso guardá-lo em sua
entrei no site da Biblioteca Nacional, localizei integridade para o futuro.
a revista e lá li todo o texto que queria, Aliás, como Júlio César havia intuído na
escrevendo depois, o artigo que, aliás, já está abertura de seu admirável De bellum Gallico:
publicado.  o que se escrevia no presente tornar-se-ia o
O que mudou neste tempo? Justamente o passado a ser conhecido pela posteridade, no
que Jenkins chama de confluência midiática. futuro. 
Hoje, a tecnologia de ponta permite que Um museu, hoje, não vive só do passado
possamos acessar os documentos por mais ou do presente. Como nos antecipou a lição da
antigos que sejam, desde que já classificados Biblioteca de Alexandria, o museu deve pensar
e digitalizados. Isso democratiza a pesquisa sempre no futuro, que não existirá, se não for
e evidência a importância das instituições possibilitado no presente. 

Antônio Hohlfeldt
Professor da PUCRS e Coordenador do Projeto NUPPEC

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Processos históricos
fotográficos no acervo
do MuseCom

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O patrimônio cultural fotográfico do Rio Grande
do Sul no acervo do Musecom

Quando não estivermos mais aqui (neste desenvolvido pela analista de assuntos
lugar temporal da nossa existência), as fotos culturais da Sedac e pesquisadora Denise
que sobreviverem nos museus, arquivos, Stumvoll, que atua há 25 anos no Museu e
livros, revistas, filmes e em todos os lugares decorre da sua longa e fiel trajetória com
físicos ou virtuais de acesso amplo, privados fotografias históricas, marcada por vários
ou públicos, serão o meio pelo qual o futuro outros trabalhos com o patrimônio fotográfico
saberá de nós, sem as palavras. E imaginamos do Rio Grande do Sul, por ela desenvolvidos
o efeito que isso poderá ter, pois hoje quando ou nos quais esteve presente. Denise
olhamos àquelas imagens que chegaram até participou das primeiras ações do Centro
nós como manuscritos dentro de uma garrafa, de Preservação de Fotografias da Funarte
que navegou pelas ondas do tempo, sentimos no Estado, durante um período em que se
um eco de realidade, inspirando-nos ideias afirmava o interesse das instituições em cuidar
sobre o passado. de suas fotografias, além de acompanhar
O Museu da Comunicação Hipólito José outros trabalhos de levantamento de estúdios
da Costa escolheu comemorar os seus 45 anos e acervos e pesquisar sobre fotógrafos
com um catálogo sobre antigos fotógrafos, históricos.
cujas fotografias cruzaram os oceanos das Em 2008, publicou, juntamente com
décadas e hoje se encontram no acervo dessa a historiadora Naida Menezes, o livro que
Instituição. Em um recorte que vai de 1880 a subsidia esta publicação: Memória Visual de
1920, o projeto, no qual se origina a presente Porto Alegre 1880-1960 - Acervo fotográfico do
publicação, registra em torno de 35 fotógrafos Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
que atuaram no Rio Grande do Sul e em outros Portanto, este catálogo afirma e ilustra
Estados do Brasil e ilustra, pelo conjunto a encantadora importância do patrimônio
apresentado, a importância do acervo que o fotográfico deste Estado e o insubstituível
Museu detém. papel que as instituições de memória
Esse conjunto pertence ao trabalho desempenham sobre a sua guarda.

Dra. Francisca Ferreira Michelon


Pró-Reitora de Extensão e Cultura da UFPel
Pesquisadora e Profa. do PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural /UFPel

36 37
Rastros nas coleções fotográficas do MuseCom

As fotografias, que fazem parte deste às vistas urbanas. O querer captar o instante
catálogo, foram selecionadas conforme o resulta na saída da fotografia do estúdio,
projeto de conservação desenvolvido nesta composto por cenários, cadeiras e apetrechos,
instituição. Entre os objetivos propostos, foi para ganhar “as ruas” e as páginas das revistas
fundamental realizar o levantamento, entre os ilustradas e jornais. Cada vez mais a fotografia
anos de 1880 e 1920, dos fotógrafos presentes se torna, então, onipresente.
no acervo, e de suas práticas em torno da Quando olhamos para estes retratos,
técnica do retrato. No período posterior à o que percebemos são rastros, vestígios e
invenção do daguerreótipo, os retratos tiveram ruínas. Todo àquele cenário de um retrato
grande difusão e massificação, constituindo- posado estava fadado a desaparecer... o
se num elemento crucial na história da mundo se acelerava e a modernidade invocava
fotografia. A partir de então, ocorreu uma a celeridade do cotidiano. Diante dessa
nova fase de muitas pesquisas em torno de perspectiva acompanhamos as próprias
diversos processos fotográficos graças ao transformações ocorridas na cidade e que
desenvolvimento científico no campo da engendraram um outro modo de estar no
química e da física, ocorrido na segunda mundo e outra relação entre a cultura e a
metade do século XIX. tecnologia.
Da fabricação artesanal das placas, com O pouco, ou a padronização de imagens
colódio úmido, à busca do controle e exatidão dos “tipos negros” e mesmo quase nenhum
das condições de produção das imagens, a aparecimento de negros nas fotografias,
prática fotográfica passará por um processo evidenciam fortemente as diferenciações
gradativo de industrialização. Naquele entre as classes sociais e os relacionamentos
momento, a figura do fotógrafo passou a ser étnicos do período. Em realidade, as práticas
associada a do retratista. Na realidade à época, fotográficas aconteciam como parte das
os ateliers ofereciam retratos fotográficos a relações sociais, “orientadas por circuitos
óleo, onde fotógrafos e pintores trabalhavam públicos e privados, em que se identificam a
associados. historicidade da experiência visual, com cortes
Nos retratos, a construção da imagem está de classe, gênero e de etnicidade” (Lopes;
centrada na pose. Turazzi (1995), nos fala da Mauad; Muaze,2017).
pose, como sendo um símbolo da fotografia A pesquisa, sobre a presença das mulheres
do século XIX. “A pose é o ponto de partida na fotografia, realizada por Michelon e Beal
e de superação do aparente paradoxo que (2008) questiona sobre o trabalho desenvolvido
se estabelece nas imagens estáticas de uma por elas. As autoras partem da ideia de que,
sociedade que vive na era do movimento. embora não se tenha registros sobre mulheres
Onde os homens trilham, cada vez mais, fotógrafas, devido à falta de reconhecimento
o caminho da velocidade que impulsiona de autoria nos trabalhos fotográficos, elas
os meios de transporte, a fabricação de existiram. Será que alguma delas teria
mercadorias e as próprias relações sociais.” inventado algum processo fotográfico? Estas
Deste modo, a história da fotografia se estariam atrás das câmeras, participando de
fez presente nesse movimento, entre a pose algum trabalho em estúdios da sua família?
e o instantâneo, entre a pintura de paisagens Estamos diante de questões importantes a

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serem levantadas por uma pesquisa que vise objetos, que faziam parte das relações e surgindo mais formatos: o victoria (12,7x 8,3
a recuperar a memória da presença feminina, alimentavam as memórias familiares e sociais, cm), o imperial(25,2 x 17,3 cm), o cartão-postal
de forma atuante, no universo fotográfico. hoje sob a guarda do Museu, compõem o nosso (9x 14 cm), as fotografias estereoscópicas
As autoras citam a fotógrafa Julia Margaret patrimônio cultural relacionado à fotografia. coladas sobre cartão (14 a 18 x 9 cm) ou sobre
Cameron (1815-1879), que se destacou como “Essas ruínas ou escombros, como fragmentos vidro, entre outros. A grande diversidade, de
fotógrafa, na Inglaterra, com seus retratos aparentemente insignificantes, se revelam tipos de papel, elementos decorativos, dizeres
de personalidades artísticas, com um estilo como vestígios, que apontam para a presença e elementos gráficos dos cartões, onde eram
próprio que abusava do foco suave. Seu do passado” (Janz, 2012). colados os retratos valorizavam o artefato
reconhecimento se deve, provavelmente, por produzido nos ateliers dos fotógrafos.
estar ligada ao campo da arte. FORMATOS CRIADOS NO SÉCULO XIX A troca de cartes de visite ou cabinet
Madame Reeckell foi uma das raras O carte de visite (cartão de visita) é foi um dos grandes modismos da segunda
mulheres fotógrafas em atividade no Brasil um formato de apresentação de fotografias metade do século XIX, dando origem a outro:
durante o século XIX (Kossoy, 2002). Em 1875, inventado, em 1854, pelo francês André os álbuns de fotografia. A febre do retrato
mantinha o estabelecimento Photographia fotográfico, por sua vez, solidificou a fotografia
Allemã. É a primeira mulher fotógrafa a atuar no Brasil e no mundo. Esses eram trocados
em Porto Alegre, depois será seguida por entre amigos, familiares e colecionadores,
Rosinha Ramos (Sanchez) e, talvez, por um que se confraternizavam, às vezes escrevendo
curto período de tempo, por Maria Luzia Gross dedicatórias nos cartões, conferindo ao
Iglesias, gerenciando o atelier Iglesias, após fotografado um status social. A fotografia
a morte de seu marido. No século XX, a filha passou então, a fazer parte da vida do homem
de Otto Shönwald, Margareth estabeleceu-se moderno (Wanderley, 2016).
como fotógrafa no estúdio do seu pai. Em São
Leopoldo há registros sobre a fotógrafa Lúcia VINHETAS
Adolfina Ganns (Duarte, 2008). Segundo Ricardo Mendes (2010), em
Collection E.H. Paris. Hoje, existem apenas vestígios deste “Pequeno Livro das Vinhetas”, a fotografia
Marines Instantanees. circuito social da fotografia (Lima, 1998), surgiu fazendo uso de um suporte material - um
Paris, 187-?.Fotografia
estereoscópica colada
que envolveu os ateliers e seus laboratórios estojo fotográfico - como o daguerreótipo. Esta
sobre cartão, albumina e utilizados para a produção dos retratos. Estes Ferrari. Retrato de mulher não identificada. Porto Alegre, estrutura foi substituída, ao longo do período,
prata, 14,5x 8cm. 189-?. Fotografia/papel, cartão cabinet, albumina. por um objeto gráfico que passou a abrigar a
fotografia: os cartões sobre os quais as imagens
eram coladas.
Adolphe-Eugène Disdéri. Apresentava uma Nos cartões de suporte do carte de visite
fotografia de 9,5 x 6 cm montada sobre um e cartão cabinet eram empregados elementos,
cartão rígido de 10 x 6,5 cm, aproximadamente. como carimbos, flâmulas, com o nome do
Disdéri criou um método de fotografia menor estúdio e/ou fotógrafo(s), indicação de
e capaz de produzir múltiplas cópias da mesma endereço do atelier, frases publicitárias, armas
imagem. Fazendo uso das técnicas já existentes, nacionais, medalhas de premiação, flores,
o negativo de vidro em colódio úmido e a cópia querubins, enfim, imagens variadas com alusão
em papel albuminado, ele desenvolveu uma à profissão, exibindo câmeras junto com paletas
câmera, com quatro lentes, capaz de produzir e pincéis, entre outras formas de vinheta.
oito retratos, cópias idênticas, com apenas uma Os cartões podiam ter formatos e contornos
chapa de vidro. Na década de 1870, surgem os decorativos diferenciados, indo desde os mais
cartões cabinet (gabinete), que eram um pouco elaborados aos mais simples, variando também
Baptista Lhullier. Menino fotografado em estúdio com maiores e mediam 16x 11,5 cm. seu preço. Nas vinhetas eram usadas fontes
arranjo floral e painel cenário. Pelotas, 1906. Fotografia/ Estes retratos se difundiram, no Brasil, a diversas de tamanhos distintos.
papel, carte de visite, albumina. partir de 1860 permanecendo por cinquenta Os putti ou anjinhos são figuras de
anos como modelo padrão. Depois foram meninos em tenra idade, nus e alados, comuns

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na iconografia ocidental. Nas cartes de visite O papel albuminado, ou albúmen, foi a comercialização, de diversos tipos de temos Maurício Brunel, com a sua Fotografía
eles aparecem associados a símbolos da apresentado por Louis-Desiré Blanquart-Evrad equipamentos e materiais, popularizou a prática Suiza, e muitos outros em diversas localidades.
fotografia como câmeras, álbuns ou trabalhando em 1850. De imediato passa a ser o processo de fotográfica, incentivando o surgimento da Muitos desses fotógrafos se dedicaram também
no processo de produção fotográfica. Os produção de cópias sobre papel predominante fotografia amadora. a obtenção de “vistas”, como era denominado
símbolos nacionais e brasões aparecem de até o final do século. Ainda que seja difícil, este estilo de fotografia, geralmente impressas
forma marcante a partir de 1880. Dentre os perceber as características visuais originais OS FOTÓGRAFOS no formato postal ou panorama.
elementos das vinhetas aparecem armas do das albuminas, dado as suas condições de No final da década de 1890, começamos
Império brasileiro e da região de origem conservação e antiguidade, elas possuem uma O circuito social da fotografia se a ter referência sobre a fotografia amadora
do fotógrafo. Os cartões e seus elementos grande amplitude tonal entre luzes e sombras, estabeleceu, em diversas cidades do Brasil, em Porto Alegre. No estado, em particular na
gráficos se modificam no início do século XX. apresentando muita definição na imagem, isso com a chegada de fotógrafos italianos, alemães, capital, dois fotoclubes se destacam: Photo Club
O papel de suporte torna-se mais espesso e devido ao aglutinante, a clara de ovo. O papel franceses, entre outros. Logo o retrato se Sploros e Helios. A prática da “photographia
tanto os formatos quanto os acabamentos são albuminado era muito fino e para ficar plano constituiria como elemento de distinção social. artística”, que seguia os parâmetros do
diversificados. Cresce o uso de elementos em tinha que ser colado em um cartão mais rígido, Os primeiros fotógrafos, que teriam aportado movimento internacional, diferenciava-se
relevo e os tons mais escuros dos cartões. Neste já o ambrótipo era feito em um vidro com pelo sul do país, chegaram, nos primeiros da fotografia realizada sob encomenda aos
momento há uma diminuição ou o fim de uma um negativo pouco denso e montado sobre anos da década de 1850, em Rio Grande, como retratistas. Destacamos o fotógrafo Lunara
estética gráfica das fontes rebuscadas e das um fundo negro, produzindo o efeito de uma Roberto Öffer, Timoleon Zalony , Dolger e como representativo da fotografia no campo
vinhetas. imagem positiva. Era acondicionado em estojo, Schimidt Carlson. Em Porto Alegre, o italiano da arte, relacionando-se com os fotoclubes e o
assim como os ferrótipos, que utilizavam uma Luiz Terragno abriu seu atelier em 1853 movimento pictorialista.
PROCESSOS FOTOGRÁFICOS chapa de metal como suporte. (Damasceno, 1974). Neste catálogo, apresentamos alguns desses
HISTÓRICOS O processo do colódio úmido e papel Há, ainda, um exemplar de carte de visite fotógrafos, entre tantos outros, que não se
albuminado, aos poucos, foi sendo substituído de Henschel &Cia, o qual foi agraciado, por encontram presentes nesta coleção, mas estão
Os retratos eram produzidos por meio pelas placas secas com Gelatina-bromuro dom Pedro II, com o título Photographo da disponíveis à pesquisa em outras instituições,
de diversos processos fotográficos como nos (emulsão de gelatina com brometo de prata), Casa Imperial, assim como, em porto Alegre, revelando a expansão deste circuito social,
mostram as publicidades dos retratistas em processo que foi criado em 1871, por Maddox e Luiz Terragno. Esse título foi uma importante gerado pela fotografia.
jornais e revistas ou impresso nos próprios revolucionou a prática fotográfica. A velocidade contribuição para o desenvolvimento da Em relação às coleções salvaguardadas em
cartões com as fotografias: são albuminas, da obtenção liberou, então, a fotografia da fotografia brasileira, no século XIX, e servia diversas instituições do estado, foi de suma
retratos a oleo, crayon ou carvão, ambrotipia, pose estática, expandindo as funções do olhar para dar destaque e credibilidade ao fotógrafo, importância, a atuação do antigo INFOTO/
ferrotipia, platinotipia, além das reproduções fotográfico e ampliando suas possibilidades. entre tantos renomados.. Ministério da Cultura e do atual Centro de
fotomecânicas – colotipias – às quais Neste contexto, os fotógrafos já podiam A partir de então, surgiram muitos outros... Conservação e Preservação Fotográfica/CCPF
proporcionaram a intensa utilização do cartão- realizar documentação social, familiar ou oficial Havia fotógrafos que atendiam a várias cidades. da Fundação Nacional de Arte/Funarte, para
postal. e passaram a ocupar os meios de comunicação Os “ambulantes”, posteriormente, conhecidos conservação dessas coleções fotográficas. As
O colódio úmido é um processo negativo impressos. A placa seca de gelatina passou, como fotógrafos lambe-lambe, de rua ou de instituições foram alvo de ações estratégicas
formulado por Frederick Scott Archer em 1851. então, a ser adotada pela maioria dos jardim, ofereciam seus trabalhos, regularmente, para preservação de diversas coleções, tais
A aderência viscosa do colódio permitiu que o profissionais, como se percebe em algumas nas mesmas praças ou locais das cidades, por como: o Museu Antropológico Diretor Pestana,
vidro fosse utilizado como suporte. Apesar da fotografias deste catálogo. Isso acarretou preços mais baixos, atingindo assim outras em Ijuí, a Universidade Federal de Pelotas
dificuldade de realizar o preparo do negativo, mudanças e adaptações nos equipamentos classes sociais. e Biblioteca Pública Pelotense e o Arquivo
pois a obtenção da imagem tinha que se dar e nas lentes, ou seja, novos investimentos Balduíno Röhrig, Iglesias, Otto Shönwald, Histórico Municipal João Spadari Adami, em
imediatamente para ser utilizado ainda úmido, nos estúdios e laboratórios. A facilidade de Ferrari, são fotógrafos do começo dos anos Caxias do Sul. Em Porto Alegre, também foram
este processo foi adotado pela maioria dos utilização do negativo de gelatina, que podia 1880, alguns deles originalmente pintores. realizadas capacitações técnicas com foco nas
profissionais. As cópias eram feitas em papel ser transportado dentro de um chassi (estojo Os nomes que os sucedem são: Virgilio novas tecnologias.
albuminado, pois permitiam nitidez e riqueza metálico) utilizado na traseira da câmera, Calegari, Jacintho Ferrari, entre muitos
de detalhes. Durante a vigência dos negativos incentivou os fotógrafos a adotarem esse outros. Geremia e Julio Calegari (Caxias do PRESERVAÇÃO DIGITAL E ACESSO À
de colódio úmido foram propostas melhorias, processo. Sul), Augusto Amoretty e Baptiste Lhullier COLEÇÃO DE RETRATOS
mas nenhum alcançou seu rendimento, tendo Em 1888, a empresa norte-americana (Pelotas) Germano Beck e Eduardo Jaussen
sido dominante até a comercialização de placas Kodak lançou câmeras que já vinham com (Ijuí), Ricardo Giovannini (Rio Grande) e José Nesta etapa do projeto foram selecionadas
(chapas) secas de gelatina, no final da década filmes em rolo, para serem processados Greco (Bagé). Em Santana do Livramento, na fotografias de diversas aquisições, dentro
de 1880. nos seus laboratórios. A partir daí, com fronteira com a cidade de Rivera, no Uruguai, do período histórico delimitado, para ações

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relativas à melhoria na guarda das coleções impossibilidade da leitura humana direta das
e para serem reproduzidas digitalmente fotografias? Ou seja, estaríamos definitivamente
visando o acesso à coleção de retratos. reféns das novas tecnologias para ter acesso às
Em uma primeira etapa foi realizado um fotografias físicas? Para Edmondson (2017), o
diagnóstico de conservação fotográfica e acesso e o reconhecimento de que as imagens
algumas ações estratégicas decorrentes desse, continuarão existindo depende da manutenção
como o acondicionamento, o armazenamento de tecnologias cada vez mais complexas,
e a digitalização, para posteriormente estar com os riscos que isso traz. “Esses riscos são
acessível em uma base de dados e imagens aceitáveis? Quanto tempo essas tecnologias
do Museu. Este processo suscita a busca de resistirão à aparentemente inexorável maré da
conhecimentos e reflexões sobre as novas obsolescência?” O autor alerta, portanto, para
tecnologias aplicadas à preservação dos a necessidade de planejamento na gestão de
acervos. acervos digitais.
Segundo Ritchin (2009), no livro Después Para finalizar esta reflexão, é muito
de la Fotografia, “entramos na era digital e a era pertinente a ideia de Ritchin (2009), expressa
digital entrou em nós”, ou seja, estabelecida anteriormente, de que vivemos intensamente
esta imersão, temos a tecnologia digital imersos nesse processo de transição, no qual
como pressuposto e isso resulta em diversas temos muitos questionamentos e poucas
alterações sobre a percepção humana, sobre respostas definitivas.
nosso sentido do tempo, sobre a noção de Denise Stumvoll
comunidade, sobre nós mesmos - como seres Analista de Assuntos Culturais da Secretaria
virtuais. de Estado da Cultura/RS, lotada na Fototeca
No momento em que a fotografia, sofre do MuseCom. Mestre em Artes Visuais na área Fotógrafos no acervo
alterações estruturais, em que há uma mudança História, Teoria e Crítica de Arte, pelo PPGAV/
no seu estatuto, sua condição de objeto físico IA/UFRGS (2014). Em 2017, foi contemplada fotográfico do
e sua capacidade de transmitir informações com uma Bolsa de Capacitação Ibermuseus,
também se alteram e sua condição ontológica
de vínculo com a realidade é interrogada.
realizando estágio profissional na Fototeca
Nacional, no México.
MuseCom
A fotografia nestes termos passa a ser “pós-
fotográfica” (Fontcuberta, 2012), devido à
desmaterialização do suporte.
Esta alteração importante, na qual “o
princípio de realidade inerente à fotografia
tradicional obedecia justamente às
características dessa gênese tecnológica,
segundo à qual a imagem nascia da projeção
de uma cena sobre a superfície fotossensível”,
(idem, 2012) coloca em xeque o uso documental
da fotografia. Nesse sentido, uma das
discussões é sobre o processo de catalogação
fotográfica e a junção dos metadados no
arquivo digital da imagem. Sobre a certificação
das informações contidas no arquivo, há uma
série de políticas e recomendações de órgãos
competentes para o gerenciamento eletrônico
de documentos criando diretrizes para um
repositório digital confiável. A migração
para o domínio digital poderia significar a

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HENSCHEL, ALBERT
(Berlim, 1827- RJ, 1882)
Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo
Atuação entre 1866-1882.

Nome do estabelecimento:
Photographia Allemã
• Rua do Imperador, n° 38-Recife-1866.
Largo da Matriz de Santo Antônio, n° 2 -
1866/1877
• Rua Piedade n° 16- Salvador- 1867/1882
Photographia Imperial (filial que teve outro
nome, pois já havia outro estúdio)
• Rua Direita,1(2) -São Paulo -1882
• Rua dos Ourives, 40- Rio de Janeiro-1870/1882

Fotógrafos Exposições e Prêmios:


Participou de várias exposições
estabelecidos em outros fotográficas, destacando-se na exposição
da Academia Imperial de Belas
estados brasileiros Artes em 1872 e 1875, pela qual recebeu a
Medalha de Ouro na primeira edição. Também
participou da IV Exposição Nacional e da
Exposição Universal de Viena, na Áustria, na
qual obteve a Medalha de Mérito. retratos de pessoas de origem africana, escravas ALBERTO HENSCHEL & CIA. Casal
não identificado. Rio de Janeiro, entre
Em maio de 1866, Henschel desembarcou e livres. As fotos de Henschel diferenciam-se 1870 e 1882. Fotografia/papel, carte
no Recife, instalando-se com o alemão Karl por mostrar os negros à vontade, com altivez de visite, albumina. Aquisição por
Gutzlaff, na Rua do Imperador, número 38. e dignidade. Esses retratos seguem o mesmo doação de Tamoyo de Figueredo, n°
01071984, Porto Alegre, 1984.
Inicialmente, denominado Alberto Henschel & padrão dos carte de visite dos senhores e, neles, Frente: Imagem colada sobre cartão
Cia, o estúdio passou a chamar-se Photographia as pessoas são apresentadas como indivíduos, marrom com bordas regulares com
Allemã e mudou-se, em seguida, para não como artefatos de curiosidade ou padrões douração. Inscrição Alberto Henschel
novo endereço. No ano seguinte, voltou étnicos. Também produziam e comercializavam & Cia. Rio de Janeiro.
Verso: Rua dos Ourives, 40- RJ-
à Alemanha, onde atualizou sua técnica e retratos e paisagens, além das fotopinturas Photographia Allemã -Photographos
adquiriu novos equipamentos para o seu ateliê (Processo inventado por Disdéri em torno de da Casa Imperial.Conservão se as
de fotografia.  Retornou ao Brasil no mesmo 1863, a fotopintura é obtida a partir de uma base chapas para reproducção.Carimbo
do número de tombo do Museu.
ano, abrindo outro estabelecimento com a fotográfica em baixo contraste - que tanto pode Outras coleções: Fundação Joaquim
mesma razão social na cidade de Salvador/BA. ser uma tela quanto uma imagem sobre papel Nabuco
Ao abrir três estabelecimentos em apenas dois - sobre a qual o pintor aplica as tintas de sua
anos, Henschel já era conhecido um empresário preferência, geralmente guache, para o papel, e
de sucesso na fotografia do Brasil oitocentista. óleo, para as telas).
 No fim dos anos 1860, os ateliers de Recife, O título de Photographo da Casa Imperial
Salvador e Rio de Janeiro produzem também foi obtido, em 1874, por seu sucesso como

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fotógrafo na corte e suas evidentes qualidades GUTIÉRREZ, JUAN exposições, ateliês de impressão e laboratórios.
enquanto retratista. Além disso, possuía os (Antilhas, c. 1860-Canudos,1897) Após esta sociedade ser desfeita, no mesmo
equipamentos mais modernos anunciados nos Rio de Janeiro, atuação entre 1891-1897. endereço passou a oferecer seus serviços com o
jornais da época. Os carte de visite, produzidos nome J. Gutierrez, publicando no recém lançado
depois de 1883, já demonstram a utilização das Nome do estabelecimento: semanário O Álbum. Por ter participado do
placas secas de gelatina, denominado como Photographia União movimento pela Proclamação da República
Photographias instantâneas, processo que pode • Rua da Carioca, 114 - Rio de Janeiro, RJ - 1891 (1889) como tenente da Guarda Nacional, ele foi
prescindir da pose estática devido a maior Companhia Photographica Brasileira encarregado de fotografar em março de 1894, a
sensibilidade do negativo utilizado. • Rua de Gonçalves Dias, 40 - Rio de Janeiro, Revolta da Armada.
As fotografias de Herschel estão em várias RJ - 1892/1897
coleções brasileiras, tais como: Biblioteca
Nacional, Arquivo Nacional, Museu Histórico Em 1889, Juan Gutiérrez foi uns dos últimos CARNEIRO&GASPAR
Nacional, Instituto Moreira Salles, Arquivo que receberam o título Photographo da Caza São Paulo e Rio de Janeiro, atuação entre 1865-1875.
Público do Estado da Bahia, entre outras, além Imperial. O seu segundo estabelecimento a
de instituições internacionais como Institut für Companhia Photographica Brasileira, apesar CARNEIRO, Joaquim Feliciano Alves
Länderkunde (Kossoy, 2002). da curta duração, no ano de 1893, ocorreram (?-1887)

Endereços:
• Rua dos Latoeiros, nº 60 – Rio de Janeiro (RJ),
1858/1865.
• Rua da Cruz Preta, nº 22 – São Paulo (SP),
1862/1865.
• Rua do Rozario, nº 51 – São Paulo (RJ),
1865/1875.
• Rua Gonçalves Dias, nº 60 – Rio de Janeiro
(RJ), 1866/1888.
• Rua da Imperatriz, nº 58 – São Paulo (SP).

GUIMARÃES, Gaspar Antonio da Silva


(?-Rio de Janeiro,1874)
Endereços:
• Rua da Alfândega, nº 62 – Rio de Janeiro (RJ),
COMPANHIA PHOTOGRAPHICA
1856/1858.
BRASILEIRA. Aida Schindler. Rio • Rua de São Pedro, Sn – Rio de Janeiro (RJ),
de Janeiro, 1895. Fotografia/papel, 1859/1861.
carte de visite, albumina. Aquisição
por doação de Tamoyo de Figueredo,
• Rua da Cruz Preta, nº 22 – São Paulo (SP),
n° 01071984, Porto Alegre, 1984. 1862/1863.
Frente: Vinheta abaixo da foto com • Rua dos Latoeiros, nº 36 – Rio de Janeiro (RJ),
ornamento do brasão da República
1862/1864.
e inscrição “compa. Photogrca.
Brazileira Rio de Janeiro”. • Rua do Rozario, nº 51 – São Paulo (SP),
No verso dedicatória com tinta 1865/1873.
ferrogálica: • Rua de Gonçalves Dias, nº 60 – Rio de Janeiro
Meu idolatrado Mestre: Peço-vos
para aceitar esse insignificante (RJ), 1867/1875.
symbolo de muita gratidão e eterna
amizade, que lhe dedica sua sempre Os fotógrafos Joaquim Feliciano Alves CARNEIRO&GASPAR. Homem não identificado. São Paulo, junho de 1876. Fotografia/papel, carte de visite,
alumna, Aida Schindler. Em 1-7-95. albumina.
Carneiro e Gaspar Antonio da Silva Guimarães Frente: inscrição Carneiro&Gaspar e logotipo impresso.
foram sócios na firma Carneiro & Gaspar, com Verso: dedicatória ilegível, em junho de 1876.

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sede no Rio de Janeiro e em São Paulo. Carneiro Destacam-se, sobretudo, pela produção
participou da evolução da fotografia no Rio de de retratos, fotopinturas, fotomontagens e
Janeiro. Antes de se juntar a Gaspar, entre 1858 pelas caricaturas em seus anúncios
e 1865, Carneiro foi sócio de Smith na empresa publicitários.
Carneiro & Smith. A partir de 1865, quando
encerra a sociedade, iniciou a parceria com
Gaspar, a qual durou até a morte do mesmo em TAVARES SOBRINHO
1875. Succr. de Carneiro & Gaspar
Entre 1876 e 1883, Joaquim Feliciano Alves São Paulo e Rio de Janeiro, atuação entre 1889-1897
Carneiro foi associado a Silva e Tavares, e
posteriormente apenas com Tavares (Carneiro Endereços: RIBEIRO, MOURA & MARTINS. Retrato de Raymunda de Souza
Carmo, com painel, arranjo fooral e coluna. Fortaleza, 1918.
& Tavares). O estabelecimento do fotógrafo, na • Rua de Gonçalves Dias, nº 54 – Rio de Janeiro Fotografia/papel, cartão cabinet, gelatina/prata.
cidade do Rio de Janeiro, teve como sucessor (RJ), 1889. Frente: cartão decorado, abaixo da imagem o nome do atelier:
TAVARES SOBRINHO. Criança não
identificada. Rio de Janeiro. Fotografia/ Tavares Sobrinho, enquanto o de São Paulo teve • Rua Voluntários da Pátria, nº 177 – Rio de Ribeiro, Moura & Martins
como sucessor Militão Augusto de Azevedo. Verso: Dedicatória e carimbo do n° tombo do Museu.
papel, carte de visite, albumina. Janeiro (RJ), 1893.
Frente: Imagem com retoque A’ minha sobrinha como prova de sincera amizade off. Raymunda de
Já Gaspar Antonio da Silva Guimarães • Rua de Gonçalves Dias, nº 52 – Rio de Janeiro Souza Carmo, FORTALEZA 8-4-918.
Verso: decorado com inscrições,
desenhos de medalhas, câmera iniciou sua carreira associado a José G. S. (RJ), 1895/1897. Aquisição por doação de Flávio Teixeira Santiago n° 0103.1984,
fotográfica e carimbo do número de Peixoto (Guimarães & Peixoto), na capital Porto Alegre, 1984.
tombo do Museu. do Império. Em 1862, encontra-se em São Tavares Sobrinho foi o sucessor do
Aquisição por doação de Tamoyo de
Figueredo, n° 01071984, Porto Alegre, Paulo, onde dirigiu a filial do estabelecimento estabelecimento carioca dos fotógrafos Joaquim
1984. Carneiro & Smith. Após o fim da sociedade, Feliciano Alves Carneiro e Gaspar Antonio da
Gaspar associou-se a Carneiro em 1865. Silva Guimarães, que se tornaram sócios na firma
Carneiro & Gaspar. Após a morte de Gaspar, em
1875, Joaquim Feliciano Alves Carneiro se ligou
às figuras de Silva e Tavares, e posteriormente,
apenas com Tavares (Carneiro & Tavares). G.SCOTTI. Retrato em estúdio
Entretanto, não há registros de que Tavares de Murillo Furtado. São Paulo,
1923. Fotografia/papel, gelatina/
Sobrinho seja de fato sobrinho de Tavares. prata; 22,5x16cm,imagem
oval:12 cm. Aquisição por
doação de Raphaela Rocha
Furtado, n° 0046.1978.
RIBEIRO, MOURA & MARTINS OU Frente:Montado em cartão tipo
folder, com marca d’água do
RIBEIRO& MARTINS fotógrafo no canto inferior direito
e assinatura de Murillo Furtado.
Verso: dedicatória: Ao meu
Endereços: estimado Raul e a sua família,
• Rua Barão do Rio Branco, nº 244. Fortaleza/ com as saudades de Murillo. S.
Paulo, 30-4-923.
Ceará. Décadas de 1910 e 1920?

João Ribeiro Pessoa, ou Fotógrafo Ribeiro,


que iniciou os seus trabalhos com o atelier Norte
do Brasil, em parceira com o fotógrafo Martins,
situado à Rua Barão do Rio Branco, nº 244.

G.SCOTTI
São Paulo, atuação na década de 192-?.

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AUGUSTO AMORETTY. Mulher
negra (escrava babá? ama de leite?)
OS AMORETTY segura criança branca. Pelotas, 188-?.
Atuação em Pelotas, Rio Grande, Bagé e Porto Alegre entre 1863- Fotografia/papel, cartão cabinet,
albumina. Aquisição por doação de
1905. Paulo Gastal, Porto Alegre, 2002.
Frente: cartão com bordas retas, linha
AMORETTY, Augusto impressa em vermelho margeando a
imagem, abaixo da imagem inscrição
(Rio de Janeiro, 1842- Porto Alegre, 1906)
impressa em vermelho: Amoretty-
Pelotas.
Endereços: Verso: Inscrição e medalhas,
impressas em vermelho, do fotógrafo:
• Rua da Praia, 60 – Rio Grande (RS), 1863. Premiado na Exposição Brasileira-
• Rua Sete de Setembro – Bagé (RS), 1870. Alemã, com medalha de ouro, em
• Rua 24 de Maio, 235 – Montevidéu (Uruguai), 1881. Photographia Amoretty, Pelotas,
Rua General Netto, 46.
1872.
• Rua Sete de Setembro, 61 – Pelotas (RS),
1876/1879
• Rua General Netto, 33 – Pelotas (RS),
Fotógrafos estabelecidos 1879/1884.
• Rua General Netto, 46 – Pelotas (RS),
em outras cidades do 1881/1887.
• Rua Andrade Neves, 102 – Pelotas (RS), 1887.
Rio Grande do Sul • Rua Quinze de Novembro, 115 – Pelotas
(RS),1880/1890.
• Rua dos Andradas, 223 – Porto Alegre (RS),
1902.
• Rua Duque de Caxias, 157 – Porto Alegre (RS),
1905.

Prêmios:
• Medalha de Ouro na Exposição Brasileira- para o Rio Grande do Sul onde iniciaram suas
Alemã (1881: Porto Alegre, RS). atividades em diferentes cidades.
• Medalha de Prata na Exposição Estadual do Augusto iniciou sua carreira fotográfica em
Rio Grande do Sul (1901: Porto Alegre, RS). Rio Grande, onde manteve sociedade com o
fotógrafo norte-americano Walter S. Bradley, no
Exposições: estúdio fotográfico Galeria Franco-Americana,
• Exposição Brasileira-Alemã (1881: Porto ativo entre 1863 e 1864. Transferiu-se para Bagé,
Alegre, RS). onde atuou até 1870 e, posteriormente, retornou
• Exposição Comercial e Industrial de Porto a Rio Grande. Entre 1872 e 1874, viveu em
Alegre (1901 : Porto Alegre, RS). Montevideo, no Uruguai, atuando no estúdio
Fotografia El Globo. Após mudou-se para Pelotas
Filhos de imigrantes franceses chegaram ao e adquiriu o ateliê de Batiste Lhullier, que passou-
Rio de Janeiro no início do século XIX. Os irmãos se a chamar Nova Photographia. Atuou naquela
Affonso e Augusto Amoretty se transferiram-se cidade até 1902, radicando-se finalmente em Porto

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AUGUSTO AMORETTY. Mulher. Porto
Alegre, entre 1903 e 1905. Fotografia/
papel, cartão cabinet, albumina.
Aquisição por doação de Flávio Teixeira
Santiago n° 0103.1984, Porto Alegre,
1984.
Frente: Cartão com bordas irregulares,
abaixo da imagem inscrição: Amoretty-
Porto Alegre -Rua dos Andradas, 223.
Verso: Inscrição, impressa em vermelho,
do fotógrafo: Premiado na Exposição
Brasileira-Alemã, com medalha de ouro,
em 1881. Photographia Amoretty, Porto
Alegre, Rua dos Andradas, 223. Carimbo
com n° tombo do Museu.

Alegre, onde manteve estúdio até 1905. Participou fornece informação alguma sobre a cidade ou o
da Exposição Provincial Brasileira-Alemã do Rio endereço.
Grande do Sul, realizada em Porto Alegre, em
1881, na qual foi premiado com um medalha de Endereços:
ouro. Amoretty também trabalhou documentando • Sem identificação - Arroio Grande (RS).
a construção da estrada de ferro entre as cidades
de Rio Grande e Bagé, em 1884. Possui acervo nas
seguintes instituições: Arquivo Histórico do RS, LHULLIER, BAPTISTE
Museu Histórico Nacional e Biblioteca Nacional. ( Indre-et-Loire, 1848-Pelotas,1944)
Atuação em Pelotas entre 1875-1906.

AMORETTY, Affonso Endereços:


(Rio de Janeiro, 1847- Porto Alegre?,190-?) • Rua Sete de Setembro, 61 – Pelotas (RS), 1875.
• Rua Andrade Neves, 114 - Pelotas (RS), 187?.
Affonso Amoretty se transferiu para Arroio • Rua General Osório, 95 - Pelotas (RS), 1878. AFFONSO AMORETTY. Grupo de
Grande onde fixou seu estúdio, legando uma vasta • Rua General Osório, 35 - Pelotas (RS), 1879. Crianças. c. 1900. Fotografia/papel,
produção fotográfica. Ao contrário da maioria • Rua General Osório, 174 - Pelotas (RS), 1882. carte de visite, albumina. Aquisição por
doação de Zélia Ribeiro da Costa.
dos registros de Augusto, que foram identificados • Rua General Osório, 75 - Pelotas (RS), 1887. No verso: carimbo do fotógrafo: Affonso
na cidade de Pelotas, o carimbo de Affonso não • Rua General Osório, 115 - Pelotas (RS), 1906. Amoretty- Photographo.

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BAPTISTA LHULLIER. Menino
fotografado em estúdio com Caxias do Sul 1966, em decorrência de complicação respiratória.
arranjo floral e painel cenário.
Pelotas, 1906. Fotografia/ Seu filho, Ulysses, assumiu o Estúdio Geremia até
papel, carte de visite, albumina. GEREMIA, GIACOMO 1997. Sua extensa coleção se encontra conservada, ESTÚDIO GEREMIA. Menino e Menina
posam em estúdio. Caxias do Sul,
0103.1984 (San Martino de Lupari,1880 -Caxias do Sul, 1966) em Caxias do Sul,no Arquivo Histórico João 1923. Fotografia/papel, gelatina e
Frente: Nome do fotógrafo em
relevo e bordas irregulares com Atuação em Caxias do Sul entre 1905-1966. Spadari Adami. prata, 22x17,3 cm. Imagem circular
Em 2003, a Funarte, através do Centro de com bordas irregulares.
douração.
Estabelecimento: Frente: Marca d'água do fotógrafo: G.
Verso: carimbo do fotógrafo. Conservação e Preservação de Fotografias -CCPF, Geremia Photo Caxias.
Dedicatória: Lembrança de • Estúdio Geremia
vosso (ilegível) Theophilo.
realizou capacitação técnica e parceria para Aquisição por doação de Laís Geremia.
Endereços:
• Avenida Júlio de Castilhos – Caxias do Sul
(RS),
• Avenida Júlio de Castilhos, 1872 - Caxias do
Sul (RS), 1913.

Giacomo Geremia era filho dos italianos,


Antônio e Regina, que viviam da agricultura. Em
1892, sua família chegou no Brasil, fixando-se
na colônia italiana de Antônio Prado. Antes de
completar quatorze anos, deixou a casa dos pais
e dirigiu-se à capital gaúcha, onde se empregou
como torneador de móveis e condutor de pipas
de água potável para o abastecimento a domicílio.
Com dezoito anos, adoentado, mudou-se para
algum povoado dos Campos de Cima da Serra,
onde conheceu outro italiano ligado à fotografia.
Giacomo herdou o equipamento do mestre e iniciou
na profissão como fotógrafo itinerante.
Por volta de 1905, ele retornou para Antônio
Prado, estabelecendo-se em um pequeno estúdio; e
prosseguiu com as suas incursões fotográficas pelas
colônias italianas. Em uma de suas viagens à Vila
Santa Teresa de Caxias, foi influenciado por amigos
a residir nesta localidade.
Já casado com Angela Ida Zacchera, Giacomo
mudou-se para Caxias em 1910, ano da chegada do
trem e da elevação da próspera vila à categoria de
cidade. Em 1913, inaugurou o Estúdio Geremia, na
Avenida Júlio de Castilhos, n° 1872, endereço no qual
permaneceu até o encerramento de suas atividades.
Na década de 1930 já tinha um grande prestígio
em toda a região colonial. O Estúdio Geremia
se tornou o espaço por excelência dos retratos,
BAPTISTA LHULLIER. Mulher. utilizando os formatos cabinet portrait e carte de
Pelotas. Fotografia/papel,
albumina, formato mignon, circular viste. Ele era procurado para fotografar formaturas,
3,9 cm, suporte 6 x 6 cm. casamentos, inaugurações de obras públicas,
solenidades e festas cívicas como as Festas da Uva.
BAPTISTA LHULLIER. Homem. Pelotas, 1900. Fotografia/papel, cartão
cabinet, albumina. Giacomo Geremia faleceu, em 20 de setembro de

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realização de Projetos de Conservação da coleção entretanto, seguiu funcionando sob comando de sua
de Giacomo Geremia. esposa, Anita Zanoni, até meados de 1950.
A Coleção do fotógrafo encontra-se no Arquivo
CALEGARI, JULIO Histórico João Spadari Adami em Caxias do Sul, o
(Porto Alegre,1886- Caxias do Sul, 1938) qual editou um Boletim Cenas no ano 2000, onde
foi dado destaque a seu valioso acervo, por ocasião
Estabelecimento:
da exposição Retratos Velados no Museu Municipal.
• Atelier Calegari
No ano seguinte, a exposição desse fotógrafo
Endereços: foi exibida no MuseCom dentro do Projeto de
• Praça Dante Alighieri – Caxias do Sul (RS), Integração dos Acervos Fotográficos do RS.
1917/1920. A elite caxiense pôde se ver retratada por
GIOVANNINI&GRECO. Mulher jovem
fotografada em estúdio. Bagé, 1892. • Rua Sinimbu, nº 39 - Caxias do Sul (RS), meio do trabalho do fotógrafo, cujo atelier e estúdio
Fotografia/papel, carte de visite, 1920/1925. continha equipamentos importados da França e
albumina. • Avenida Júlio de Castilhos, nº 1604 – Caxias Alemanha. A fotopintura foi amplamente explorada,
Verso: Inscrições e ilustrações
(câmera fotográfica e paleta de tintas)
do Sul (RS), 1925/1950. pois dava distinção aos retratos como peça única.
dos fotógrafos em tinta vermelha: Julio Calegari aprendeu o ofício de fotógrafo Ele apreendeu a técnica com o pintor Vicenzo
Estabelecimento photographico de trabalhando como ajudante do irmão Virgilio. Com Cervásio, que também trabalhava, em Porto Alegre,
Giovannini&Greco. Bagé, 3 de fevereiro
nº 15. Executão-se retratos, desde a 25 anos, Júlio iniciou sua carreira independente em com Virgilio Calegari. Utilizando as nuances das
miniatura até o tamanho natural, tanto Bento Gonçalves, consolidando-a em Caxias do Sul. cores e o ambiente cênico, ele plasmava a imagem
à oléo como crayon. Em 1925, instalou seu atelier na Avenida Júlio de que o fotografado desejava aparentar. Outro efeito
Coleções: Fototeca Ricardo Giovanini,
Rio Grande(RS) e Museu Dom Diogo de
Castilhos, nº 1604, endereço no qual permaneceu muito utilizado foi o flou que desvanecia o cenário,
Souza, Bagé(RS). até 1938, quando veio a falecer. O atelier fotográfico, envolvendo o retratado em uma atmosfera lírica
(Storchi, 2016).

Bagé e Rio Grande:

GIOVANNINI&GRECCO
Atuação entre 1892-192?

GIOVANNINI, Ricardo
(Parma, 1853- Rio Grande, 1930)

Endereços:
• Rua Três Fevereiro, nº 15 – Bagé (RS), 1892.

GRECCO, José
(Parma, 1863- ?,1924)

Endereços:
• Rua Três Fevereiro, nº 15 – Bagé (RS), 1892.
• Rua Sete de Setembro, n º 199 – Bagé (RS),
1906.
Ricardo Giovannini ficou conhecido por seus
trabalhos, como pintor, ator, cantor, cenógrafo,
fotógrafo e decorador. Imigrante italiano, chegou ao
Brasil em 1882, residindo primeiramente em Porto

58 59
Alegre. Como ator e cenógrafo, ele trabalhou na um curso de desenho e pintura. Neste período,
Companhia Lírica Italiana de Óperas Bufas. Ao ser ocupando o cargo de agente consular e vice-cônsul
convidado para realizar a decoração e cenografia da Itália recebeu as insígnias de Cavaliére do
JOÃO BOSQUE. Músico com traje
do Teatro Sete de Abril, em Bagé, conheceu o José governo italiano. Sua coleção pode ser encontrada
de banda segura um instrumento Grecco, com quem se associou em um estúdio na Fototeca, que leva seu nome, em Rio Grande.
musical chamado de tuba . Alegrete? fotográfico. Além de ter sido o responsável pela O italiano José Grecco chegou, em 1889, a
Santa Maria?, 189-?.Fotografia/papel, decoração do Hotel Aliança, em Pelotas, e do Teatro Bagé. O fotógrafo ficou conhecido por retratar
albumina, 8,5 x 6 cm.
Verso: Carimbo com a inscrição João Sete de Setembro, em Rio Grande. Nessa cidade, líderes da Revolução Federalista (1893-1895) no
Bosque Photografo, em tinta vermelha. em meados de 1903, montou um atelier e inaugurou Rio Grande do Sul, no período em que houve
um confronto na cidade de Bagé. A sua coleção
de fotografias pode ser encontrada, em Bagé,
na Fototeca Túlio Lopes do Museu Dom Diogo.
Além das fotografias que se retratam a Revolução
Federalista, encontram-se outras imagens posadas HERMANN SPÖKL. Dois jovens posam
em estúdios de famílias, casais, crianças, homens no estúdio. Agudo, 190-? Fotografia/
papel, cartão cabinet, gelatina/prata.
e mulheres. Aquisição por doação de Lojas Arapuã,
n° 0033.1981. Porto Alegre, 1981.
Na frente: cartão decorado com linhas
e outros elementos em marca d'água
Alegrete/Santa Maria: e etiqueta colada abaixo da imagem:
Hermann Spökl, Photographo, Agudo.
BOSQUE, JOÃO
Endereços:
• Alegrete (RS), 1890.
• Rua do Commercio, Sn – Santa Maria (RS),
1906.
Há registros de sua passagem, em 1898, pela
cidade do Alegrete. Em Santa Maria, em 1899, ele
inaugurou seu estúdio. Em 1906, ainda exercendo
o ofício em Santa Maria.

KOEHN IRMÃOS - Grupo de homens


Santa Maria/ambulantes: não identificados. Santa Maria?, c.1900.
Fotografia/papel, gelatina/prata, 13 x 9 cm.
KOEHN IRMÃOS Aquisição por doação de Lojas Arapuã, n°
0033.1981. Porto Alegre, 1981.
Na frente inscrição impressa abaixo da
Endereços: fotografia Koehn Irmãos Photographos
• Rua do Commercio, nº 102 – Santa Maria (RS), ambulantes.
Verso: Inscrição impressa com vinheta
1900. dos fotógrafos e nome Koehn Irmãos
Photographos ambulantes. Carimbo com o
Fotógrafos itinerantes com período de sua número de tombamento do Museu.
atividade indeterminados. Existem registros de
estúdio, em Santa Maria, durante certa época.

Agudo:

SPÖKL, HERMANN
60
Cachoeira: Bonifácio). Renoardo, que era fotógrafo, utilizava São Leopoldo:
aparelhos fotográficos construídos por Albino. O
POHLMANN, RENOARDO fotográfo também aparece associado com Rigotto, STUMPF, GERMANO F.
quando passou a assinar Pohlmann &Rigotto.
Endereços:
Até o momento, as informações que
• Rua Sete de Setembro, n º 122 – Cachoeira
coletamos sobre o fotógrafo Germano são sobre
(RS), 1906.
POHLMANN &RIGOTTO os seus fotografados. A mesma imagem foi
Natural de Cachoeira do Sul, Renoardo foi encontrada também, na coleção Felipe Kuhn, com
fotógrafo e manteve sociedade com o irmão a seguinte legenda: Professor Jorge Jaeger de São
Albino Pohlmann. Albino, como era chamado, era Montenegro: Leopoldo, com a esposa Maria Weingärtner.
habilidoso e construía máquinas, vapores, lanchas,
além de ter montado as máquinas do jornal O MACHADO, ANTÔNIO M. Endereços:
Commercio (1900). Organizou uma empresa • Rua da Independência, nº 47 – São Leopoldo
cinematográfica em Rio Grande e abriu em (RS), 1900.
Cachoeira, em sociedade com o irmão Renoardo,
o Cinema Familiar, na Praça das Paineiras (José

GERMANO F. STUMPF. Jorge Jaeger e esposa Maria


Weingärter. São Leopoldo, 1905. Fotografia/papel,
cartão cabinet, gelatina/prata. Aquisição por doação de
Teniza Spinelli, n° 1997.84.9, Porto Alegre, 1997.
Verso: Dedicatória a lápis: Papai e Mamãe Jorge Jaeger
e Maria Weingärtner, (1905)? e carimbo do fotógrafo.
Encontrada também na coleção Felipe Kuhn, com
a seguinte legenda: Professor Jorge Jaeger de São
Leopoldo, com a esposa Maria Weingärtner.

RENOARDO POHLMANN. Grupo de meninas POHLMANN &RIGOTTO. Mulher não identificada. ANTÔNIO M. MACHADO. Bebê posa em estúdio sentado em cadeira,
fotografadas em estúdio. Cachoeira do Sul/RS, Cachoeira/RS, 190-?. cartão cabinet, gelatina/ fundo e cerca de madeira.. Montenegro, 1915. Fotografia/papel, carte
190-?. Fotografia/papel, cartão cabinet, albumina. prata.Aquisição por doação de Lojas Arapuã, n° de visite, gelatina/prata.
Aquisição por doação de Lojas Arapuã, n° 0033.1981. Porto Alegre, 1981. No verso: carimbo do Fotógrafo Antonio M. Machado - Photographo - S.
0033.1981. Porto Alegre, 1981. Frente: inscrição do fotógrafo em vermelho abaixo J. Montenegro
Frente: cartão em tom esverdeado, com inscrição da imagem: Photographia Pohlmann &Rigotto, Dedicatória: Offerecem como prova da amizade que lhes consagram os
em dourado:Photographia, Renoardo Pohlmann, Cachoeira. irmãos Alcides e Celina. 4 de setembro de 1915. Aquisição por doação
Cachoeira. Verso: carimbo do n° de tombo do Museu. de Teniza Spinelli, n de doação 1996.24.2.9, Porto Alegre, 1996.

62 63
Santa Cruz/Passo Fundo: Jaguarão: fotógrafo que parece ter sido muito atuante na
fronteira. A contar por suas imagens, percebemos
SCHÖNWALD, PAUL GARCIA, JOSÉ H. formas de apresentação mais elaboradas e a
qualidade das fotografias. Esta doação possui
Irmão do fotógrafo Otto estabelecido Estabelecimento: muitos exemplares deste fotógrafo. Seu nome
em Porto Alegre, publicou nas Revistas • Photographia Oriental aparece também em coleção no Museu de Porto
Máscara (1918-1928) e Kodak (1912-1923). Atuação no final do século 19, Jaguarão. Alegre Joaquim José Felizardo.
Além do irmão do fotógrafo, sua filha
Margareth Schönwald, também trabalhava Estabelecimento:
como fotógrafa, publicando regularmente Santana do Livramento/BR e Rivera/UY: • Fotografía Suiza
nas décadas de 1920. Ver Schönwald, • M.Brunel
Otto na parte sobre fotógrafos em Porto BRUNEL, MAURÍCIO Atuação em Santana do Livramento e Rivera, na
Alegre. São poucas as informações sobre este fronteira com o Uruguai (lado Oriental) .

Endereços:
• Santa Cruz e Passo Fundo

Prêmios:
• Menção honrosa na Exposição Comercial e
Industrial de 1901 (1901: Porto Alegre, RS).

Exposições: M. BRUNEL. Mulheres. Livramento.


Fotografia/papel, tamanho mignon,
• Exposição Comercial e Industrial de 1901
albumina, 7 x 4 cm.
(1901: Porto Alegre, RS). Frente: cartão com bordas irregulares.
Verso: carimbo do fotógrafo com tinta
vermelha: M.Brunel Rivera Livramento.

PAUL SCHÖNWALD. Duas meninas. Santa Cruz, 189-?. Fotografia/


papel, albumina, 9,5 x 13,5 cm. Aquisição por doação das Lojas
Arapuã S.A., n° 00331981, em 1981. JOSÉ H. GARCIA. Teófilo Costa. Jaguarão, cerca de 1900. Fotografia/papel, carte de visite, albumina. Aquisição por doação de Zélia Ribeiro
Verso: carimbo do fotógrafo com o nome dele e da cidade e carimbo da Costa.
do n° tombo do Museu. Frente: Cartão com formato ressaltando as pontas, com inscrição Teófilo Costa abaixo do nome do fotógrafo, Jaguarão.
Verso: Vinheta decorativa com o nome do estabelecimento, do fotógrafo e da cidade.

64 65
M. BRUNEL. Chininha e Tia Lida. Livramento.
Fotografia/papel, carte de visite, gelatina e ACQUAVIVA, JULIO inicialmente em Cruz Alta, começa a produzir
prata. Atuação em Livramento , 190?, 191-? fotos sobre Ijuí, em 1897. Carlos começou
Frente: nome em letras decoradas e cidade a produzir fotografias sobre o local, cujo
Rivera Y Livramento
Verso: dedicatória escrita em cima da vinheta laboratório e o estúdio ao ar livre, instalados
do fotógrafo, quando passa a assinar como, Ijuí: na propriedade, atendiam a população local
Fotografía Suiza. M. Brunel. Reproducciones. que se afirmava econômica e socialmente.
Pinturas. Ampliaciones.
BECK ,CARLOS GERMANO O fotógrafo ensinou o ofício aos filhos, que
Atuação em Ijuí de 1897-1987. deram continuidade às atividades no estúdio,
onde em 1908, a família deixou a propriedade
Estabelecimentos: rural para viver integralmente da fotografia no
• Germano Beck & Filhos núcleo urbano da colônia, ainda com o estúdio
• Foto Beck na própria residência ao ar livre e realizando
O Museu Antropológico Diretor Pestana, trabalhos itinerantes. Em 1916, Carlos abriu
de Ijuí, mantém uma acervo fotográfico de 4 o primeiro estúdio em ambiente fechado
mil fotos e mais de quatorze mil negativos, e exclusivo às atividades profissionais, na
no qual se destacam a coleção Beck e a principal rua da cidade, tornando-se referência
coleção Jaunsem. A coleção Beck, da qual no ramo e posteriormente, em 1920, o atelier
apresentamos esta imagem, que nos foi doada, foi transferido próximo à praça central da
foi iniciada por este imigrante alemão que se cidade. O nome dado ao estúdio foi “Germano
integra como fotógrafo no novo meio. Radicado Beck & Filhos”. Com aperfeiçoamento das

MAURICIO BRUNEL. Jovem não identificado.


Livramento, 189-?. Fotografia/papel, carte de
visite, albumina (viragem?).
Frente: Inscrição abaixo da imagem: Mauricio
Brunel- Rivera
Verso: Impresso Fotografía Suiza de Mauricio
Brunel- Rivera I Sant’ana do Livramento -
Trabajos de toda classe y gusto.
Aquisição por doação de Celia Corrêa, década
de 200-?.

JÚLIO ACQUAVIVA. Hugo Corrêa.


Livramento, 191-?. Fotografia/papel,
cartão cabinet, gelatina/prata.
Frente: assinatura do fotografo abaixo
da imagem.
Verso: vinheta do estúdio Athelier
de Photografia e pintura de Júlio
Acquaviva e dedicatória: Tia Luizinha
lembrança do sobrinho Hugo Corrêa.
Aquisição por doação de Celia Corrêa,
década de 200-?.

66 67
técnicas como o retoque, a coloração em pequeno agricultor, desde 1908, que atua como
negativos e imagens reveladas, confecção de um amador de fotografia.
álbuns e quadros, seu filho mais velho, Jorge Nos anos 1990, a Funarte através do
CARLOS GERMANO BECK, esposa
Alberto participou de um curso ministrado INFOTO, ao qual esteve ligado o Programa
e filhos. Ijuí, 1901. Cópia a partir de por Virgilio Calegari, um dos profissionais de Nacional de Preservação e Pesquisa (que
negativo de vidro, gelatina/prata, grande destaque no período. Ver também outra depois será conhecido como Centro de
13x18cm. Fotografia/papel, Gelatina/
prata, p&b, 30x40 cm. Aquisição
Coleção igualmente importante, que reúne a Conservação e Preservação de Fotografia)
por doação do Museu Antropológico produção do fotógrafo Eduardo Jaunsem (1896- realizou parceria com esta instituição,
Diretor Pestana na década de 1990. 1997), imigrante da Letônia, integrado como coordenada por Solange Zuñiga.

Fotógrafos
em Porto Alegre

68 69
TERRAGNO, LUIZ • Exposição de Historia do Brasil. (1881: Rio de
(Gênova,1831 - Porto Alegre, 1891) Janeiro)
O italiano Luiz Terragno foi um dos
Endereços: pioneiros da fotografia no Rio Grande do Sul,
• Rua de Bragança, nº 6 – Porto Alegre (RS), e conquistou o importante título de “Fotógrafo
1857. da Casa Imperial”. Chegou ao Brasil cerca de
• Rua do Rosario, nº 60 – Porto Alegre (RS), 1850, fixando-se em Porto Alegre. Entre 1857 e
1860. 1885, teve seis endereços na capital gaúcha e
• Rua Zallony, nº 31 – Rio Grande (RS), 1860. um em Pelotas (RS), onde atuou entre 1885 e
• Rua da Ponte, nº 182 – Porto Alegre (RS). 1887. Também trabalhou por breve período no
• Rua Riachuelo, nº 237 – Porto Alegre (RS), ano de 1866 em Desterro (atual Florianópolis
1873/1874. - SC) e teve uma passagem pelo Rio de Janeiro
• Praça Conde D’Eu, nº 58 – Porto Alegre (RS), (RJ), onde participou de exposições.
1875/1876. O conceituado pintor e desenhista,
• Rua dos Andradas, n º 295 – Porto Alegre Bernardo Grasseli, foi associado ao atelier na
(RS), 1882/1885. produção de retratos, porém esta parceria não
• Rua de São Miguel, nº 174 – Pelotas (RS), foi longa. O fotógrafo foi contemporâneo de
1885/1887. Madame Reeckell, uma das raras mulheres
• Rua General Câmara, nº 46 – Porto Alegre fotógrafas em atividade no Brasil durante o
(RS), 1887. século XIX (Kossoy, 2002). Em 1875 mantinha
o estabelecimento Photographia Allemã. Já na
Prêmios: cidade de Pelotas, ele trabalhou, na mesma
• Menção honrosa na Exposição Nacional de época, em que os fotógrafos Amoretty e
1866. Lhullier. Terragno se dedicou à pesquisa sobre
• Condecoração de Fotógrafo da Casa Imperial. os processos fotográficos. Electrotipo, sistema
de retratos à luz tangente, retratos ao carbono
Exposições: (carvão), cianotipia, fototipia, cristalografia e
• 2 ª Exposição Nacional de 1866. (1866: Rio de ambrotipia foram técnicas anunciadas no seu
Janeiro) atelier, bem como o sistema Foto metálico ou
• Exposição Comercial e Industrial do Rio Sinete Terragno, confeccionado em borracha
Grande do Sul. (1866: Porto Alegre) e semelhante a um carimbo. Damasceno
4ª Exposição Nacional de 1875. (1875: Rio de (1974) se refere a ele como “o infatigável
Janeiro) manipulador de chapas” em alusão ao preparo
• Exposição Comercial e Industrial do Rio do colódio no vidro e também na porcelana.
Grande do Sul. (1875: Porto Alegre) Além dos retratos, é autor das primeiras
• Exposição Universal da Filadélfia em 1876. vistas panorâmicas e estereoscópicas de Porto
(1876: Filadélfia) Alegre, quer se tratam de cópias em albumina
• Exposição Comercial e Industrial do Rio coladas em cartão, o qual era colocado num
Grande do Sul em 1881. (1881: Porto Alegre) visor estereoscópico, para se obter o efeito
• Exposição Brasileira-Allemã. (1881: Porto de imagem tridimensional, que, em uma
Alegre) perspectiva, era possível ver diversos planos.

70 71
Outra atividade do nosso fotógrafo era
a de fazer ilustrações para jornais, revistas
e livros.
A data da nomeação de Terragno, como
Fotógrafo da Casa Imperial, é desconhecida.
Provavelmente, ocorreu, em meados de 1870,
pouco depois de 1865, quando Terragno
retratou o imperador dom Pedro II e o Conde
D`Eu em trajes típicos gaúchos.
Terragno obteve menção honrosa na 2ª
Exposição Nacional (1866) e participou da
quarta edição (1875) com o seu revelador à
base de mandioca (o “sulfomandiocato de
ferro”), ambas realizadas no Rio de Janeiro.
Em 1869, fundou a loja maçônica Luz e
Ordem. Na mesma década, introduz em Porto
Alegre a fotografia estereoscópica. Participou
da Exposição Nacional de 1875, e , em 1876, da
Exposição Universal da Filadélfia. No ano de
1888, um de seus filhos passou a ser sócio em
seu estúdio fotográfico, o qual administrou o
local após sua morte.
As instituições que detêm a guarda das
coleções do fotógrafo Terragno são : o Museu
de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, a
Biblioteca Nacional, o Arquivo Histórico
do RS e o Instituto Moreira Salles (Kossoy,
2002).

IGLESIAS, J. ANTONIO
(República Oriental do Uruguai,1854-Porto Alegre, 1906)

Estabelecimentos:
• Iglesias
• Santos & Iglesias

Endereços:
• Rua Riachuelo, nº 220 – Porto Alegre (RS),
1883/1906.
LUIZ TERRAGNO & CIA. Homem não identificado. Porto Alegre entre 1881 e 1885.
Fotografia/papel: albumina, carte de visite. João Antônio Iglesias nasceu, em 1854, na
J.ANTONIO IGLESIAS. Mulher não identificada. Porto Alegre,
Frente: Fotografia montada em cartão amarelo com contorno em vermelho, inscrição República Oriental do Uruguai. Iniciou sua década de 188-?.Fotografia/papel, cartão cabinet, gelatina/prata,
abaixo da imagem: L.Terragno&CIA- Porto Alegre. carreira, em Porto Alegre, associado a Angelo imagem oval, diam. 8 cm. Aquisição por doação de Lojas Arapuã, n°
Verso: Inscrição: L.Terragno&CIA - Fotógrafos da Casa Imperial Premiados na Exposição de 0033.1981. Porto Alegre, 1981.
1866-1876 com duas menções honrosas e medalha de mérito - Praça da Alfândega, 295. Inacio dos Santos, com o qual inaugurou,
Verso: cartão com bordas irregulares, e assinatura impressa do
em 29 de setembro de 1883, o atelier Santos fotógrafo e endereço: Iglesias Rua Riachuelo nº220 Porto Alegre.
& Iglesias, localizado na Rua Riachuelo, nº Carimbo com nº de tombo do Museu.

72 73
OTTO SCHÖNWALD. Criança
não identificada. Porto Alegre, 220. Apesar da sociedade entre Santos e pioneiros. Além disso, informa que o fotógrafo
1899. Fotografia/papel, carte Iglesias ter sido desfeita, em 1884, este último fornecia equipamentos importados e materiais
de visite, gelatina/prata. permaneceu atuando no mesmo endereço até fotográficos, que eram as últimas novidades
o final da sua carreira como fotógrafo. Após do mercado europeu. Na época da Primeira
sua morte, em 1906, sua esposa Maria Luiza Guerra Mundial, aplicou a sua experiência e
Gross Iglesias atuou como gerente do atelier seus conhecimentos à fabricação de filmes e
(Kossoy, 2002; Duarte, 2008). papéis sensibilizados (p. 50).
Com o Grande Atelier Independência,
localizado no bairro Moinhos de Vento, Otto
SCHÖNWALD, OTTO KARL ficou conhecido por atender uma clientela
(Lubeck, 1854-Porto Alegre,1941) abastadae muitos imigrantes alemães
também procuravam os seus retratos, além
Estabelecimento: de oferecer serviços diversos no atelier,
• Grande Atelier Independência como retratos ampliados e colorizados,
assim como matrizes em clichês para
Endereços: jornais. Ele já utilizava, no final do século
• Rua Vigário José Inácio, 24 – Porto Alegre XIX, a gelatina como emulsão. No entanto,
(RS) 1888/1898. também dirigiu o seu olhar à questão
• Rua Ramiro Barcelos, 229 (231) – Porto Alegre dos negros, no período da Abolição. É
(RS) 1898/1920. interessante a história de um retrato em
que parece querer documentar escoriações
Prêmios: no rosto de um ex-escravo, embora, este
• Medalha de bronze na Exposição Comercial e retrato se popularizou como sendo de
Industrial de 1901 (1901: Porto Alegre, RS). autoria de Calegari. Na realidade, este fez
uma reprodução do trabalho de Otto, pois
Exposições: podemos observar o negativo de vidro
• Exposição Comercial e Industrial de 1901 original na coleção de Ivan Cabeda, em que
(1901: Porto Alegre, RS). aparece uma marca d’água assinada pelo
fotógrafo (na imagem apresentada ao lado
Imigrantes alemães, os irmãos Otto podemos ver parte dela no canto direito).
e Paul Schönwald chegaram ao Brasil em Acerca da vida de seu irmão Paulo, há
1887, domiciliando-se, inicialmente, em São pouca informação. No registro de imigrantes,
Leopoldo. Um ano após a sua chegada, Otto arquivado no Arquivo Nacional/RJ, declarou a
OTTO SCHÖNWALD. Homem não
já havia se estabelecido , comercialmente, na profissão de “retratista”, denominação também identificado. Porto Alegre, c. 1890.
Rua Vigário José Inácio, nº 24, atuando como utilizada para fotógrafo. Imagens indicam Fototeca Sioma Breitman/Museu de
retratista. Sabe-se que antes de sua vinda para que, enquanto Otto atuou na capital, Paul Porto Alegre Joaquim José felizardo.
o Brasil, Otto já exercícia o ofício de fotógrafo teria trabalhado no interior. São identificadas
na Alemanha. Há que se destacar, ainda, o como de sua autoria fotografias em Santa Cruz
fato do fotógrafo italiano Virgílio Calegari ter e Passo Fundo. Em publicações das décadas
sido funcionário do atelier de Otto, no qual de 1910, também encontramos a assinatura de
apurava a técnica da fotografia, para depois Margareth Schönwald, filha de Otto, a qual
lançar-se ao mercado com atelier próprio. seguiu a carreira do pai
Em um ensaio na Revista do Globo de 1951, Deste fotógrafo se encontram coleções
OTTO SCHÖNWALD. Retrato duplo de adolescentes não identificadas. Porto Alegre, c.1899. Fotografia/papel, carte de visite, gelatina/prata. encontramos farto material que pretende ser no Arquivo Nacional, Museu Dom Diogo de
Aquisição por doação de Ingrid Schulze n° 1998.34.1, Porto Alegre, 1998
Frente: Foto colada sobre cartão com bordas trabalhadas e inscrição do nome do fotógrafo e da cidade. um balanço das atividades fotográficas no RS, Souza, Arquivo Histórico do Rio Grande do
Verso: inscrição: OTTO, Rua Ramiro Barcellos, 231 (Moinhos de Vento) Especialidade: Reproducções de dezenhos e retrato em ponto maior em conferindo grande destaque aos fotógrafos Sul e no Museu Histórico Visconde de São
qualquer maneira, a crayon e coloridos artificialmente, clichês para jornaes. alemães, colocando Otto Schönwald entre os Leopoldo.

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GONÇALVES, CUSTÓDIO Nascido em Porto Alegre em 1831, José
(Porto Alegre,1831-1908) Rodrigues Gonçalves da Silva atuou como
fotógrafo na capital. Mais conhecido como
Estabelecimentos: Gonçalves, estabeleceu seu primeiro atelier, em
• Photografia do Gonçalves 1869, na Rua do Rosário, atual Rua Vigário José
• Gonçalves & Irmão Inácio. Em meados de 1870, transferiu-se para
o número 272, da Rua dos Andradas, no qual
Endereços: teria se associado aos filhos. É possível que
• Rua do Rosário, nº 43 – Porto Alegre (RS), o atelier tenha sido herdado pelos filhos, em
1869/1870. 1889, ano em que o local começou a anunciar-
• Rua dos Andradas, n º 272 - Porto Alegre (RS), se com o nome Gonçalves & Irmão.
1870/1884.
PHOTOGRAPHIA CENTRAL. Meninos não identificados. Porto
• Rua dos Andradas, n º 499 - Porto Alegre Alegre. Fotografia/papel, cartão cabinet, gelatina/prata.
(RS), 1884/1889. OS FERRARI Verso: vinheta do fotógrafo com o nome do estúdio, nome do
fotógrafo e endereço (parte está ilegível).
Estabelecimentos:
• Photographia Ferrari
• Photographia Central
• Photographia Ferrari&irmão
PHOTOGRAPHIA FERRARI. Caldas Júnior (à
• Atelier Ferrari direita), fundador do jornal Correio do Povo,
no centro Luíz Manuel Gonzaga, pai de Alcides
FERRARI, Carlos Gonzaga e gerente em 1898, João Obino
(gerente), em porta-retratos sobre o toucador.
(Morano Calabro, 1932 -Porto Alegre?) Porto Alegre, 1898, Fotografia/papel/; cartão-
postal, colorizado, gelatina/prata.
Endereços: Frente: marca d’água no canto inferior direito.
• Rua Duque de Caxias, 473 (247)– Porto Alegre
(RS), 1886/1900.
• Rua dos Andradas, 254 – Porto Alegre (RS), FERRARI, Rafael
1900. (Porto Alegre, 1880-1961)
CUSTÓDIO GONÇALVES. Homem • Rua do Commercio, 27 – Santa Maria (RS),
sentado segura criança no colo, 1906. Endereços:
fotografado em estúdio com painel
cenário, cadeira e tapete. Porto Alegre, • Rua Marechal Floriano, 130 – Porto Alegre • Rua Duque de Caxias, 473 (247)– Porto Alegre
188-?. Fotografia/papel, carte de visite, (RS), 1906/1912. (RS), 1895/1901.
albumina. • Sem dados – Cuiabá (MT), 1901/1903.
No verso: Inscrição decorada Photografia
do Gonçalves, impressa em preto. FERRARI, Jacintho • Rua Delamare, 98 – Corumbá (MT),
(Morano Calabro?- Porto Alegre, 1935) 1903/1904.

Endereços: O estabelecimento fotográfico dos Ferrari


• Rua Duque de Caxias, 473 (247) – Porto tem origem em meados da década de 1870,
Alegre (RS), 1886/1900. quando o patriarca da família montou seu
• Rua dos Andradas, 254 – Porto Alegre (RS), primeiro atelier na atual Rua Riachuelo. Rafael
1900/1912. Ferrari veio da Itália com a esposa e dois
filhos, os quais, posteriormente, tornaram-se
Exposições: responsáveis pelo estabelecimento. Após um
• Exposição Comercial e Industrial de 1901. início difícil, em 1883, estabeleceram-se na Rua
(1901: Porto Alegre) Duque de Caxias, 473 (247).
Presume-se que Rafael Ferrari tenha se

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aposentado, em 1895, por conta de alguma Calegari. Para atrair a atenção da clientela, Prêmios: ATELIER CALEGARI. Mulher. Porto Alegre,
189-?. Fotografia/papel, cartão cabinet,
enfermidade, deixando o atelier fotográfico lançam uma coleção de vistas colecionáveis • Medalha de ouro na Exposição Industrial e albumina.
aos cuidados dos filhos mais velhos. Desse da cidade. O álbum dos irmãos Ferrari era Comercial, realizada em Porto Alegre, em 1901. Frente: Letras V e C entrelaçadas e Atelier
modo, surge a “Photographia Ferrari & Irmão”, vendido via assinatura, e o assinante recebia • Medalha de prata na Saint Louis Purchase Calegari-Rua dos Andradas 171.
administrada por Carlos e Jacintho, os quais, mensalmente uma vista de Porto Alegre. Exposition, nos Estados Unidos em 1904.
posteriormente, contam com o auxílio do Tratava-se de uma coleção com 25 vistas da • Medalha de ouro na Exposição Colonial Sul-
irmão caçula Rafael Ferrari Filho. capital gaúcha Porto Alegre e quatro secções Americana realizada em Paris, em 1906.
A partir de 1893, o estúdio começa a do litoral do Lago Guaíba, que formavam um • Medalha de ouro na Exposição Internacional
enfrentar a concorrência do fotógrafo Virgílio panorama da cidade. O acervo do MuseCom de Milão, em 1906.
tem uma coleção incompleta com onze • Grande prêmio na Exposição de Arte e
fotografias pertencentes a esse álbum. O Higiene de Londres, em 1907.
Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo • Grande prêmio na Exposição de Arte e
e Arquivo Histórico do RS guardam essas Manufatura Internacional de Madri, em 1907.
coleções que estão completas. • Condecoração Cavalieri della Corona d’Italia,
A produção de vistas da cidade em 1910.
proporcionou que os habitantes conhecessem • Medalha de Ouro e Grande Prêmio de Roma,
aspectos de Porto Alegre até então inéditos. 1911.
Todo este material foi produzido em papel
albuminado colado sobre cartão e assinado Exposições:
abaixo Photographia Ferrari & Irmão, onde se • Exposição Industrial e Comercial do Rio
encontra o endereço da Rua Duque de Caxias. Grande do Sul (1901: Porto Alegre).
Abaixo da imagem, aparece o título com a • Saint Louis Purchase Exposition, (1904: Saint
referência do local da cidade. Louis).
Os seus anúncios divulgam que realizavam • Exposição Colonial Sul-Americana, (1906:
VIRGÍLIO CALEGARI. Retrato da
retratos em todos os sistemas, tais como Paris). Família Cunha. Porto Alegre, 1897.
sistema Rembrant, Radio Tinte, retratos • Exposição Internacional de Milão, (1906: Fotografia/papel, cartão cabinet,
ampliados em bromuro... Portanto, após a Milão). albumina. Aquisição por doação de
Flávio Teixeira Santiago n° 0103.1984,
albumina passaram a utilizar a gelatina com • Exposição de Arte e Higiene de Londres, Porto Alegre, 1984.
brometo de prata. (1907: Londres). Frente: V. Calegari- Porto Alegre
A sociedade dos irmãos foi desfeita, em • Exposição de Arte e Manufatura Internacional Verso: com a dedicatória: Querido sogro
e amigo este grupo que lhe offerecemos
1905, sendo que eles permaneceram atuando de Madri (1907: Madri). é o símbolo da nossa família. Porto
como fotógrafos em endereços distintos. Alegre, 10 de março de 1897. Fernando
da Cunha Junior, Maria do Carmo
Cunha, Oscar Fernando da Cunha,
Um dos mais famosos fotógrafos do Rio Osvaldo Fernando da Cunha.
FERRARI. Retrato de mulher não
identificada. Porto Alegre, 189-?. CALEGARI, VIRGILIO Grande do Sul, Virgílio Calegari, chegou ao
Fotografia/papel, cartão cabinet, (Bérgamo, 1868 - Porto Alegre, 1937) Brasil na década de 1880. Seu primeiro contato
albumina. Atuação em Porto Alegre, entre 1893 e 193-?. com a fotografia decorreu dos ensinamentos
Verso: dedicatória escrita com tinta
ferrogálica: 1909
com o fotógrafo Iglesias e, posteriormente,
Estabelecimentos: como auxiliar do fotógrafo Otto Schönwald.
• Atelier Calegari Em 1893, inaugurou seu próprio atelier, situado
• Atelier Photográfico do CAV. Virgilio Calegari na Rua do Arroio, nº 40. Em 1895, transferiu-
se para a Rua dos Andradas, nº 171, onde
Endereços: permaneceu até sua morte, em 1937.
• Rua do Arroio, 40 – Porto Alegre (RS), Em 1901, apresentou uma coleção de
1893/1895. retratos de negros no concurso fotográfico da
• Rua dos Andradas, 171 - Porto Alegre (RS), Exposição Industrial e Comercial, realizada
1895/193?. em Porto Alegre, quando foi premiado com

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medalha de ouro pelo trabalho sobre “Tipos
populares”, também denominado “Galeria
Grotesca”cujo a foto do negro Germano
Manoel da Motta figurava nesta galeria, além
do retrato da Mãe Rita, famosa batuqueira da
cidade.
O fotógrafo, além de ser muito procurado
como retratista, produziu muitas paisagens,
urbanas de Porto Alegre, e rurais do estado.
Em 1912, lançou o álbum com fotografias de
CAV. CALEGARI. Menina não identificada.
Porto Alegre, intitulado “Porto Alegre Álbum” Porto Alegre, 191-? Fotografia/papel,
que retratam prédios públicos, igrejas e ruas gelatina/prata, 9x14 cm. Aquisição por
da capital, além de imagens cujos motivos são doação de Flávio Teixeira Santiago n°
0103.1984, Porto Alegre, 1984.
paisagens e “costumes riograndenses”.
Tanto Calegari, como os Irmãos Ferrari,
em relação às fotografias da paisagem urbana
tem paralelo com fotógrafos atuantes noutras
cidades do Brasil : Marc Ferrez e Augusto
Malta, no Rio de Janeiro, Militão de Azevedo,
em São Paulo, bem como outros nomes que
atuavam em cidades do interior do Estado, os
VIRGILIO CALEGARI. quais associaram seu nome à própria paisagem
Mulher não identificada da cidade.
Porto Alegre, 189-? Em 1913, quando aparecem as primeiras
Fotografia/papel, carte
de visite, gelatina/prata. revistas ilustradas na cidade, Calegari é
Frente: abaixo da convidado a colaborar com as mesmas, com
imagem em dourado fotos nas capas e internas nas revistas Máscara
está assinado em baixo
relevo, o nome do (1918-1928 ) e Kodak (1912-1923). Neste período
fotógrafo – Porto Alegre. podemos observar a utilização freqüente
Verso: vinheta do de retratos de personalidades da sociedade
fotógrafo e inscrição
Virgilio Calegari - gaúcha, nos quais a presença feminina ganha
Photographo Rua dos espaço, mas dentro dos parâmetros dos
Andradas 171 Porto fotógrafos e editores.
Alegre.
Os ateliers fotográficos, em Porto Alegre,
seguiram a oferecer diversos recursos para
o enobrecimento dos retratos fotográficos,
tais como: o retrato a óleo, aquarela e crayon,
além de serem artisticamente emoldurados.
Processos como platinotipia, viragens a
ouro ou selênio, além de fotos impressas em
madeira, linho, seda e porcelana (utilizados em
túmulos), são exemplos dos sistemas utilizados
no período, sendo que para tanto os ateliers
estiveram associados a pintores. O pintor VIRGILIO CALEGARI. Germano Manoel
da Motta. Porto Alegre, c.1900. Fotografia/
Vicente Cervasio realizava a pintura a óleo papel, gelatina/prata, 13x18cm. Acervo
sobre suas fotografias. Um exemplo é o retrato do Museu de Porto Alegre Joaquim José
de Júlio de Castilhos que faz parte da coleção Felizardo.

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BARBEITOS, Álvaro BARBEITOS, Augusto
(Monção, 1867, Porto Alegre, 1944)
Endereços:
Endereços: • Avenida 13 de Maio, 60 – Porto Alegre (RS),
• Rua Avahy, 64 – Porto Alegre (RS), 1890/1924 1922/1923.
• Avenida da Redempção, 171 – Porto Alegre
(RS), 1924.
BARBEITOS, Innocencio
(Monção, 186-?, Porto Alegre, 194-?) Álvaro, Augusto e Inocêncio eram três
irmãos portugueses. Álvaro e Inocêncio - os PHOT. BARBEITOS. Manoel Ap. Cravo.
Endereços: mais velhos - mantiveram o atelier denominado Porto Alegre, 1926. Fotografia/papel,
gelatina/prata, 8,5 x 11,5 cm.
• Rua Avahy, 64 – Porto Alegre (RS), 1890/1900. Barbeitos & Irmão até meados de 1910. O último Frente: cartão decorado com marca
• Rua Concordia, 50 – Porto Alegre (RS), endereço do estabelecimento foi na Rua José do d’água contornando a imagem,
1900/1915. Patrocínio, nº 32. inscrição Phot. Barbeitos, Avahy 64.
Verso: Dedicatória Recordação da
• Rua José do Patrocínio, 32 – Porto Alegre (RS), A partir de 1920, Inocêncio registrou seu minha 1ª Comunhão. Manoel Ap.
1922/1924. estabelecimento como “Photographia Ideal, Cravo, 31-10-1926.

VIRGILIO CALEGARI. Cartão humorístico com VIRGILIO CALEGARI. Mulheres fantasiadas de vendedoras
fotomontagem e desenhos onde o rosto do próprio de loteria. Porto Alegre, 191-?. Fotografia/papel, cartão-postal,
fotógrafo é utilizado. Porto Alegre, 1913. Fotografia/papel, gelatina/prata.
cartão-postal, fotomontagem, gelatina/prata. Frente: marca d’água na imagem: V. Calegari P. Alegre
Frente: marca d’água na imagem: V. Calegari - P. Alegre
Verso: data 1-1-913.

do Museu, cujo nome é uma homenagem a esta Júlio de Castilhos. Os negativos de vidros, em
personalidade da nossa política. gelatina e prata, fazem parte de uma coleção
Além de Virgílio, o caçula, Julio Calegari, privada, atualmente, sem acesso público.
aprendeu o ofício de fotógrafo trabalhando
como ajudante do irmão, entre 1904 e 1911,
sendo um período de grande prosperidade para OS BARBEITOS
o atelier de Calegari, sendo que sua carreira foi Atuação em Porto Alegre, entre 1890 e 1940.
consolidada em Caxias do Sul com o mesmo
sucesso de seu irmão. Estabelecimentos:
O acervo de Calegari se encontra nos • Atelier Barbeitos
acervos do Museu de Porto Alegre Joaquim • Photographia Barbeitos
José Felizardo, Arquivo Histórico do RS, Museu • Barbeitos & Irmão

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PHOT. CUNHA. Família (casal e bebê)
Innocêncio Barbeitos”, no mesmo endereço da posando para fotografia em estúdio
Rua José do Patrocínio. Há também os registros com painel cenário, cadeira e mesa.
“Photographia Barbeitos, Rua Avahy 64” e Porto Alegre, 191-?. Fotografia/papel,
cartão cabinet, gelatina/prata.
“Photographia Barbeitos, Augusto Barbeitos”. Frente: Cartão decorado e selo
E, provavelmente, o nome Barbeitos deve ter retangular do estabelecimento
sido usado pelos irmãos com objetivo de não abaixo da imagem: Phot. Cunha Rua
Voluntários da Pátria 363 Porto Alegre
perder clientes. que já associavam os retratos aos
Barbeitos. Dedicaram-se, com exclusividade, aos
retratos e eram procurados pela comunidade em
geral, menos abastada e de diversas etnias.
No verso dos cartões, onde se estampam
as fotografias, tanto albuminas como gelatina,
aparece a inscrição do Fotógrafo: Preços sem
competência. Conservamos as chapas para
repetições. Fazem-se reproducções em ponto maior.
Garantimos durabilidade. Uma das características
ressaltada pelo atelier é que seus preços são mais
acessíveis seja na possibilidade de levar uma
grande quantidade de fotografias e em tamanho
maior que os carte de visite e cabinet.

PHOTOGRAPHIA CUNHA
Atuação em Porto Alegre, década de 190?- a 192-?
PHOT. FREITAS. Mulher não
identificada. Porto Alegre, década
Endereço: de 1920. Fotografia/papel, cartão
• Rua Voluntários da Pátria, 363, Porto Alegre/ cabinet, gelatina/prata. Aquisição
por doação Lojas Arapuã S.A., n°
RS 00331981, em 1981.
Frente: cartão decorado com
motivos florais, abaixo da foto exibe
FREITAS, ANTÔNIO DOMINGOS DE selo: Phot. Freitas Rua M. Floriano
151 Porto Alegre.
Verso: Carimbo: Photographia Freitas
Endereços: Rua Floriano Peixoto 246 Porto
Alegre. e n° tombo do Museu. Nesta
• Rua Marechal Floriano, nº 151 – Porto Alegre fotografia é exibido dois endereços,
(RS). provavelmente o fotógrafo tenha se
• Rua Floriano Peixoto nº 246 – Porto Alegre mudado, mas manteve o cartão com
(RS). o selo do endereço antigo.

Sabe-se que o mesmo atuava como


gerente-fotógrafo junto à Fotografia Ferrari
& Irmão, quando instalada na Rua Duque
ATELIER BARBEITOS OU BARBEITOS&IRMÃO. Adamastor A C Lima. Porto Alegre, 1916. Fotografia/papel, albumina, 14,5 x 10 cm.
Frente: cartão verde e abaixo da imagem inscrição: Atelier Barbeitos de Caxias, nº 247. Durante a segunda década
Verso: Oferecido ao meu Querido Tio Ismal. Lembrança de Adamastor A C Lima 16.1.1916. do século 20, estabeleceu seu atelier na
Inscrição do Fotógrafo: Barbeitos&Irmão. Avay, 64. Preços sem competência. Conservamos as chapas para repetições. Fazem-se reproducções em ponto maior. Garantimos durabilidade. Rua Marechal Floriano, nº 151. Também foi
associado à Daudt (Daudt & Freitas) no
comércio de artigos e produtos para fotografia
(Kossoy, 2002).

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Fotógrafos Amadores
FREUDENFELD, RUDOLF ORMIN Colombo era conhecida como Floresta.
A atuação do fotógrafo foi até o final dos em Porto Alegre:
Estabelecimento: anos 1950. O trabalho de Freudenfeld foi muito
• Victoria reconhecido também pelos artistas da cidade RAMOS, LUIZ DO NASCIMENTO
• Atelier Victoria que o procuravam para realizar estes registros. (LUNARA)
• Photographia Victoria É autor do Livro Manual do Fotógrafo. (Porto Alegre, 1864-1937)
Edições Melhoramentos, São Paulo, 1957.
Um dos fotógrafos preferidos dos Prêmios:
imigrantes alemães, em Porto Alegre, Endereços: • Medalha de ouro na Mostra Grupal de Artes
ATELIER VICTÓRIA. Maria Aurora
dos Santos Rocha. Porto Alegre, provavelmente, seu estabelecimento mudou • Rua Floresta nº 40, Porto Alegre (RS). 1919 Plásticas - Jornal Gazeta do Comércio (Porto
1919. Cartão postal, gelatina/prata, de endereço, ou apenas houve mudança na • Avenida Cristóvão Colombo n° 96– Porto Alegre, 1903).
colorizado manualmente. Aquisição por numeração, pois antes a Avenida Cristovão Alegre (RS). Década de 1930* -1950?
doação de Raphaela Rocha Furtado, n°
0046.1978, Porto Alegre em 1978. Exposições:
Frente: Marca d’agua: Atelier Victória • Jurado na Exposição Comercial e Industrial
Porto Alegre Floresta, 40 do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, 1901).
• Mostra Grupal de Artes Plásticas (Porto
Alegre, 1903)
Luiz do Nascimento Ramos nasceu em
1864 na cidade de Porto Alegre, e começou
trabalhando como ajudante de guarda-livros
e mais tarde tornou-se sócio da firma de
importação Franco Ramos & Cia. Participou
ativamente da vida econômica e cultural da
cidade, desde os anos de 1880, quando passou
a integrar a comissão editorial do Jornal O
Athleta (1883-1889) vinculado ao Club Caixeral
Porto Alegrense (RS). Atuou também como
escritor e cronista, publicando seus textos no
referido jornal, além de ministrar cursos e
palestras na Sociedade de Viajantes Comerciais
do Brasil. Lunara, no período que se dedicou
à narrativa escrita utilizava os pseudônimos
Sancho e Bitú, que eram conhecidos do público
leitor do referido jornal. O nome Lunara era
também um pseudônimo, utilizado por Luiz
do Nascimento Ramos, para assinar suas
fotografias.
Lunara participava de um incipiente
círculo social relacionado às artes e à fotografia.
Virgilio Calegari, Pedro Weingärtner e Luiz de
LUNARA, Aguadeira/Wasserträgerin, c.1903. Fotografia, p&b, gelatina e prata, 18x24cm. Álbum Vistas de Porto
Souza Filho (o Ziul) participam também desse Alegre – Photographias Artísticas - Porto Alegre: Editores Krahe&Cia, [anos 1900].
circuito das artes, quando há um aumento em
exposições, mostras e concursos em geral.
Em 1901, realizou a documentação fotográfica
dos pavilhões e área externa da Exposição
Comercial e Industrial o que resultou num
álbum montado com fotografias em gelatina

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(PPGAV/IA/UFRGS), de minha autoria, foi
e prata e escrito manualmente. Neste evento pesquisado o conceito de “fotografia artística”
ele participa como jurado na Mostra de Artes e as relações de Lunara com o movimento
Plásticas, juntamente com Balduíno Röhrig( internacional, conhecido como pictorialismo.
fotógrafo e pintor,um dos mais antigos na Procurou-se aprofundar a pesquisa sobre uma
cidade) e Ziul (DAMASCENO, 1971). publicação de Lunara nas revistas relacionadas
A partir do final da década de 1890 é aos fotoclubes, no movimento internacional
que encontramos referências sobre sua em diversas cidades da Europa que transcorria
atividade amadorística na fotografia. Integrou desde a segunda metade do século XIX.
a associação Sploro Photo-Club, em Porto A circulação de fotografias do autor
Alegre, um dos fotoclubes pioneiros do Brasil. publicadas em revistas ilustradas nacionais,
Conquistou medalha de ouro na Mostra como a foto O Lago na revista Illustração
Grupal de Artes Plásticas, promovida pelo Brasileira, em 1922, na qual veicula a
jornal Gazeta do Comércio, em 1903. informação sobre a premiação internacional
Nesta década de 1900 publica o álbum: pela La Revue de Photographie de Paris
Vistas de Porto Alegre - Photographias artísticas (SERRANO, 2002), nos incentiva a descobrir
com vinte fotografias em gelatina e prata, dados inéditos que mostram que já existia uma
editado por Krahe & Cia. Embora o enfoque vinculação de artistas locais ao fotoclubismo
seja em fotografias de paisagem, em suas obras internacional, estabelecendo-se, portanto, um
sempre está presente a figura humana: são diálogo com o movimento pictorialista. A
crianças, mulheres, negros, que aparecem seja referida revista estava atrelada às atividades
na documentação familiar como em outras do Photo Club de Paris, fundado em 1894 e
imagens. foi publicada no período entre 1903 e 1908.
Trata-se uma narrativa visual que o autor Estes dados foram coletados na listagem
constrói sobre Porto Alegre, a qual parece ser disponibilizada no site da Societé Française
destinada à comunidade alemã, pois trata-se de de Photographie. A publicação de imagens
uma publicação bilíngue. No percurso realizado no formato cartão-postal que circularam
pelo fotógrafo, somos conduzidos pelas bordas entre 1904 e 1906, bem como publicações
e margens da cidade, assim como os lugares em revistas da cidade de Porto Alegre, como
e as pessoas que ali vivem nos parecem elas na Revista Máscara em 1919 e 1922, chamam
mesmas como uma metáfora da marginalidade, atenção sobre a disseminação da fotografia
também social e cultural, revelando o que amadora. Contudo, um dado sobre outra
geralmente ficava à sombra na memória visual publicação, em uma revista, também francesa
da modernidade na paisagem urbana. – Photo-gazette:revue internationale illustrée
Suas imagens nos mostram as margens do de la photographie et des sciences et arts qui
lago Guaíba ou dos arroios Cascatinha e Dilúvio, s’y rattachent – amplia as informações sobre a
nos quais retratava cenas protagonizadas por circulação de suas fotografias. Lunara guardou,
negros, famílias, carreteiros, aguadeiras e com muito cuidado, uma página original desta
viajantes. publicação no tamanho de 20X15cm, que exibe
A partir, principalmente, da exposição uma de suas fotografias intitulada, Aguadeira
LUNARA, Nhô João deixa disso/ Spate Liebe, c.1903. Fotografia, p&b, gelatina e
Álbum de Photographia/Lunara, Amador, e aqui traduzido para o francês Une porteuse prata, 18x24cm. Álbum Vistas de Porto Alegre - Photographias Artísticas - Porto
1900, realizada no Museu da Comunicação d’eau e cujo crédito aparece como clichê de M. Alegre: Editores Krahe&Cia, [anos 1900].
Hipólito José da Costa, em 1979, por Eneida Lunara.
As fotos de Lunara integram o álbum Vistas de Porto Alegre - Photographias
Serrano, este fotógrafo amador passou a ser Suas fotografias integram as coleções do Artísticas - Porto Alegre: Editores Krahe&Cia, [anos 1900]. Com 20 fotografias,
reconhecido. Em 2014, com a pesquisa que Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, 18x24cm coladas em passe-partout, tamanho 28x34x3,5 cm. Aquisição por compra
resultou na dissertação de mestrado Fotografia e de Zilah Ramos, Eneida Serrano, da Filatélica da Associação de Amigos do Museu da Comunicação, em 2015.
aproximações com a arte no início do século XX: Jungues, de Miguel Duarte e do Instituto
Um olhar para as narrativas visuais de Lunara Moreira Salles.

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GASPAR MONTEIRO DA SILVA FROES, GASPAR MONTEIRO DA SILVA foram comercializados cartões estereoscópicos
FROES. Família Froes. Porto Alegre,
c.1911. Cópia digital a partir de (Porto Alegre, 188-?-19--?) com vistas de diversos locais do mundo. As
negativo de vidro: gelatina/prata, imagens desta coleção foram obtidas em
estereograma, p&b, 5 x 10,5cm. Outro fotógrafo amador encontrado no negativos de vidro e depois processadas como
acervo é Gaspar Monteiro da Silva Froes. diapositivos (imagem positiva sobre o vidro)
Contudo, o termo amador, aqui, está mais para serem vistas no visor. Froes encomendou
relacionado com desenvolver um olhar mais para um amigo em viagem, que trouxe uma
documental do que artístico. A fotografia câmera, as placas secas com gelatina e brometo
passa a ser praticada como um hobby Já que de prata da marca de Lumiére e sés fil e um
a possibilidade de obter equipamentos e visor Steroscope Breveté. Tratando-se de uma
materiais, antes da Primeira Guerra (1914-1918) documentação familiar de um percurso do
era muito mais fácil e possibilitando que as bairro Menino Deus até o centro da cidade
pessoas com recursos pudessem se iniciar na margeando o Lago e passando pelo curso
prática fotográfica. antigo do arroio Dilúvio ou Riachinho, como
A coleção de cerca de cinquenta era chamado. Nas imagens podemos ver que
estereoscópicas foi doada pela sua neta Vera a família posava junto com pessoas negras,
Conceição Froes Clausmann, em 1999. Tratam- porém o fato de aparecerem juntos nas
se de diapositivos (e negativos) de vidro para estereoscópicas não significa que a situação
serem observados em um visor especial. A era de igualdade, pois a condição social e
estereoscopia alcançou grande popularidade econômica dos afrodescendentes continuava
na Europa nas décadas de 1860 e 70, quando sendo de pobreza.
GASPAR MONTEIRO DA SILVA
FROES. Família Froes. Porto Alegre,
c.1911. Cópia digital a partir de
negativo de vidro: gelatina/prata,
estereograma, p&b, 5 x 10,5cm.

90 91
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