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287_REQUALIFICAÇÃO_LEVANTAMENTO Luciano
00 I 00
_HISTÓRICO_R00.DOCX Bezerra
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 6
2 MAPA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO ........................................................................ 7
3 LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA RUA JOÃO ALFREDO ............................................ 10
3.1 O BAIRRO CIDADE BAIXA: UMA INTRODUÇÃO ................................................................ 10
3.2 RUA DA MARGEM ATUAL RUA JOÃO ALFREDO: UM LEVANTAMENTO HISTÓRICO ............. 15
3.2.1 A Cidade Baixa e a Boemia................................................................................... 25
3.2.2 A Rua da Margem e sua arquitetura .................................................................... 27
3.2.3 O Solar Lopo Gonçalves........................................................................................ 27
3.2.4 O Casario .............................................................................................................. 30
4 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 31
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Planta que compreende o canto leste do Gasômetro até o canto sul dos terrenos de
Lopo Gonçalves Bastos, 1875. Autor: Manoel Correia da Silveira Neto....................................... 12
Figura 2 - Panorama aéreo do Bairro Cidade Baixa. Década de 40 do século XX. Autor
desconhecido ......................................................................................................................... 13
Figura 3 - Imagem que ilustrava o artigo da Folha da Tarde de 1977, intitulado “Cai a Cidade Baixa
para nascer bairro bonito” ....................................................................................................... 14
Figura 4 - Fotografia das obras na Ilhota, com a demolição do casario e o aterro do Arroio Dilúvio
............................................................................................................................................. 14
Figura 5 - Fotografia das obras de construção do viaduto e o largo dos açorianos. ..................... 15
Figura 6 - Mapa da localização da Rua João Alfredo .................................................................. 16
Figura 7 - Planta da Cidade de Porto Alegre, 1906. ................................................................... 18
Figura 8 - Detalhe da Planta de 1906 mostrando a Rua João Alfredo e o Riachinho. ................... 19
Figura 9 - Rua da Margem, década de 1940. Jacob Prudêncio Herrmann (atribuído) ................... 20
Figura 10 - Fotografia do fundo das casas localizadas na rua João Alfredo, com vista para o
Riacho, 1940 .......................................................................................................................... 20
Figura 11 - Fotografia da ponte de madeira sobre o Arroio Dilúvio, 1940 ................................... 21
Figura 12 - Fotografia do Arroio Dilúvio, 1940 .......................................................................... 21
Figura 13 - Fotografia da Ponte de Pedra sobre o Arroio Dilúvio, 1940. ...................................... 22
Figura 14 - A praia do Riacho, 1967 - João Faria Viana – (Nanquim) .......................................... 22
Figura 15 - “Ponte do Riacho”, 1929 – Libindo Ferraz – (aquarela) ............................................ 23
Figura 16 - Fotografia dos meninos no riacho, s/d .................................................................... 23
Figura 17 - Fotografia da Rua João Alfredo Acervo Laudelino Teixeira de Medeiros ..................... 24
Figura 18 - Fotografia do Acervo de José Abrahan com a inserção das denominações das ruas ... 24
Figura 18 - Fotografia da Fachada do Solar Lopo Gonçalves, antes da restauração ..................... 29
Figura 18 - Fotografia do pátio interno do Solar Lopo Gonçalves, antes da restauração............... 29
Figura 21 - Fotografia da fachada lateral do Solar Lopo Gonçalves, antes da restauração ............ 30
Figura 22 - Casario remanescente da antiga margem do riacho pós as intervenções segundo as
diretrizes da EPAHC. ............................................................................................................... 31
1 APRESENTAÇÃO
PROCESSO ADMINISTRATIVO:
COORDENAÇÃO GERAL:
RESPONSÁVEIS TÉCNICOS:
EQUIPE TÉCNICA:
XXI - Cidade Baixa, "ponto inicial e final: encontro da Avenida Praia de Belas
com Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto; desse ponto segue pela Avenida
Aureliano de Figueiredo Pinto até a Praça Garibaldi, por essa até a Avenida
Venâncio Aires, por essa até a Avenida João Pessoa, por essa até a Avenida
Loureiro da Silva, por essa até a Avenida Borges de Medeiros, por essa até a
Avenida Praia de Belas, por essa até a Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, ponto
inicial", conforme Anexo II, 21 (Porto Alegre (RS), 2016).
Mesmo tendo seu limite atual definido e modificado em 2016, a sua história é muito
mais antiga. As fontes históricas indicam que o povoamento da região teve início no fim do
século XVIII, com a abertura da Rua do Arvoredo (denominada atualmente de Rua
Fernando Machado). Já na planta da cidade de 1772 a Rua da Varzinha (Atual Demétrio
Ribeiro) aparece tracejada, indicando que seu projeto de abertura logo seria concretizado.
(MENEGOTTO, 2020).
Inicialmente essa área era escassamente povoada, existindo ali propriedades rurais
e matas. A região era marcada por muito verde, visto da parte alta da cidade, onde
dificilmente localizava-se uma construção (POSSAMAI, 2001).
Este espaço urbano era utilizado ainda neste período para, entre outros serviços, o
abate de animais. O gado que chegava à cidade de Porto Alegre era conduzido para a Praia
do Riacho até o matadouro. O percurso todo era conhecido como Caminho do Gado e ia
margeando o arroio, desde seu início na ponta do território da cidade, percorrendo a Rua
da Margem e chegando à região do matadouro, localizado próximo ao Arroio Dilúvio. Esta
área foi escolhida justamente para dar vazão ao sangue e restos de animais (REIS, 2018).
Figura 1 - Planta que compreende o canto leste do Gasômetro até o canto sul dos
terrenos de Lopo Gonçalves Bastos, 1875. Autor: Manoel Correia da Silveira Neto.
Fonte: REIS, 2018 apud Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
Outra região que fazia parte dessa área denominada de Cidade Baixa era a “Ilhota”.
Esse território recebeu essa denominação após uma intervenção realizada, em 1905, no
fluxo do Riachinho e que acabou criando uma pequena ilha. Essa região sofreu
sistematicamente com a insalubridade, ocasionada principalmente em decorrência das
inundações. Posteriormente, o Riachinho foi canalizado, e teve seu curso modificado
através de um projeto municipal, durante a administração de José Loureiro da Silva em
1941, passando a ser conhecido como Arroio Dilúvio. (PROCEMPA, p. 27).
Figura 2 - Panorama aéreo do Bairro Cidade Baixa. Década de 40 do século XX. Autor
desconhecido
Fonte: Acervo Fototeca Sioma Breitman – Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
Após 1950 a densidade demográfica do local aumenta e as propriedades rurais vão
desaparecendo, dando lugar a casas mais urbanas e estabelecimentos comerciais e
culturais. Ainda Cidade Baixa passou por modificações urbanísticas drásticas neste período
com a construção da Primeira Perimetral e a ampliação da Rua Aureliano de Figueiredo
Pinto, que acarretou a demolição de diversas edificações do lado ímpar da Rua João
Alfredo. (FRANCO, 2006).
Figura 3 - Imagem que ilustrava o artigo da Folha da Tarde de 1977, intitulado “Cai a
Cidade Baixa para nascer bairro bonito”
Como descrito anteriormente, a Cidade Baixa era utilizada como espaço de, entre
outros serviços, comercialização e abate de animais. A Importância da Rua da Margem do
Riacho era sentida no final do Século XIX pois era um dos caminhos utilizados na
condução do gado até o local de abate, localizado onde hoje encontra-se a praça Garibaldi
(MENEGOTTO, 2020).
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1
Nascido em Itamaracá (Pernambuco), filho do Tenente Coronel Manuel Correia de Oliveira e de Joana
Bezerra de Andrade viveu sua infância em Goiana e mais tarde Olinda, onde estudou Humanidades e Direito
(FRAZÃO, 2020). Bacharel Pelo Faculdade de Recife (1858), foi delegado de polícia, promotor público e juiz
municipal no Recife, foi ainda Deputado Provincial e Deputado Geral, Presidente do Pará e de São Paulo,
Senador, Ministro do Império, Presidente do Conselho, e, em 1888 organizou o Gabinete que foi responsável
pela Abolição da Escravatura. João Alfredo apresentou pessoalmente a Princesa Isabel o decreto da Abolição.
Morreu no Rio de janeiro, no dia 6 de março de 1919 (DI RUSSO, 2000).
Fonte: Fototeca Sioma Breitman -, Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
Figura 10 - Fotografia do fundo das casas localizadas na rua João Alfredo, com vista para
o Riacho, 1940
Mas, apesar deste contexto histórico marcado pelas dificuldades esse princípio foi
também de uma efusividade cultural e boêmia, marcadas principalmente pelos carnavais
de rua.
No início, a região ficou reconhecida como uma zona de Baixa Boemia, chegando a
ser chamada de Banda Oriental, em decorrência das frequentes desordens que ali se
instalavam corriqueiramente. Dos espaços mencionados como as ruas “mais perigosas”
podemos elencar a Rua Pesqueiro, a Rua Luiz Guaranha (a primeira paralela à Rua João
Alfredo e a segunda paralela à Rua Baronesa do Gravataí) e a Avenida Félix (REIS, 2018).
Outros locais também mal afamados desde a sua criação eram as ruas da República
(antiga Rua do Imperador) e a Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem), bem como a
zona que compreendia o Areal da Baronesa e a Colônia Africana. Essa má fama se
relacionava principalmente ao estigma direcionado aos moradores da região, vistos como
perigosos por serem, em sua quase totalidade, negros e pobres. A zona seria marcada
principalmente por estabelecimentos localizados a beira da calçada, sem estruturas e que
eram ofereciam aos passantes entretenimento, e, no princípio muitos destes
estabelecimentos eram bordéis (REIS, 2018).
espaços buscando novos principalmente por novos talentos e inspiração para suas
canções. Lupicínio também foi dono do Galpão do Lupi, um espaço efusivo da arte deste
período, localizado na Rua João Alfredo quase esquina com a Rua da República (REIS,
2018).
Na década de 1970 o movimento boêmio cresce na região e mais bares são abertos
na João Alfredo, como o Bar Estância de São Pedro. (REIS, 2018). A rua hoje é conhecida
pelos diversos bares e casas noturnas, acarretando diversos problemas com os moradores
que possuem casas na região
Após a apresentação dos aspectos gerais sobre a história da Antiga Rua da Margem
- atual Rua João Alfredo - abordaremos os aspectos arquitetônicos do espaço público,
descrevendo as características das suas edificações, e descrição do único prédio tombado
pela municipalidade localizado nesta via.
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2
Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor gaúcho, nasceu na Ilhota, filho de Francisco Rodrigues e Abigail.
Desde jovem compunha música para os blocos carnavalescos de seu bairro. Trabalhou na Carris e em 1931
entrou para o quartel, onde participou de um conjunto musical de soldados. Em 1935 dá baixa no exército e
começa a trabalhar como bedel na Faculdade de Direito, onde aposentou-se em 1947. Após a aposentadoria,
por motivo de doença, abriu uma churrascaria, a Jardim da Saudade ou Galpão do Lupi. Foi fundador e
representante da Sbacem no Rio Grande do Sul, por 28 anos. Dono de grandes sucessos de músicas como
“Se acaso você Chegasse”, “Felicidade” e “Esses Moços”, entre outras. Faleceu em Porto Alegre, a 27 de
agosto de 1974, cercado pela admiração geral (ALBIN. 2003).
Na virada do século XIX, a rua já possuía 250 prédios, em sua grande maioria
térreos, possuindo apenas três construções classificadas como sobrados e um
assobradado. (FRANCO, 2006). Essas casas e propriedades tinham seus fundos voltados
para o Riachinho (ALVES, 2001).
Como descrito anteriormente, o prédio foi construído entre os anos de 1845 e 1955,
sendo utilizado inicialmente como a casa de campo da família de Lopo Gonçalves. Uma
construção típica, caracterizada pelo seu porão alto, considerada edificação de transição
entre as casas térreas e sobrados. O Solar foi mobiliado de forma simples (POSSAMAI,
2001).
Com a morte do seu primeiro proprietário, o solar passar como herança para sua
filha Maria Luiza Gonçalves Bastos e seu esposo. Após algumas ampliações e
modificações arquitetônicas a casa transforma-se na residência da família, ficando como
sua propriedade até 1916. Entre as modificações sofridas estão o fechamento da varanda,
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3
Lopo Gonçalves Bastos era um comerciante de origem portuguesa. Foi Vereador e Provedor da Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre. Possuía armazém de secos e molhados na Praça da Alfândega e loja de
fazendas da Rua da Praia, dependo muito bens, além de diversos escravizados, que trabalhavam
principalmente nos serviços domésticos, no comércio e em sua chácara. Foi um dos fundadores da Praça do
Comércio de Porto Alegre e do Banco da Província (POSSAMAI, 2002).
ENCOP ENGENHARIA L TDA.
AV. CORONEL APARÍCIO BORGES, 965 SALA 202 E 302.
CEP 90680-570 - PORTO ALEGRE/RS 27
FONE/FAX: (51) 30284799 / 33525073 - E-MAIL:ENCOP@ENCOP.COM
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE
Na justificativa pela sua inserção neste levantamento foram descritos os fatos de ser
uma das casas mais antigas da cidade, por ser uma construção com características
portuguesas e ainda por ter pertencido a Lopo Gonçalves (POSSAMAI, 2002). Então, em
1974 o Solar é inventariado e inicia-se às discussões sobre qual seria a utilização dada ao
imóvel. Em 1980 iniciam as obras de restauro do prédio, coordenadas pelo arquiteto Nestor
Torelly Martins e as mesmas são concluídas em 1982 (GELMINI, TOCCHETTO,
ZUBARAM, 2011).
Fonte: Fototeca Sioma Breitman -, Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
Figura 20 - Fotografia do pátio interno do Solar Lopo Gonçalves, antes da restauração
Fonte: Fototeca Sioma Breitman -, Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
Fonte: Fototeca Sioma Breitman - Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
3.2.4 O Casario
O casario da rua João Alfredo, se destaca pela tipologia, porta janela, que embora
recorrente no bairro Cidade Baixa e em outras regiões da cidade, devido ao traçado peculiar
da rua que quebra a quadricula urbana do bairro, mesmo após o desvio do riacho, tornando
o conjunto muito interessante. O traçado que seguia o curso do riacho fez com que as
casas se alinhassem acompanhando a margem caudalosa.
Fonte: http://construapoa.portoalegre.rs.gov.br/node/2
4 REFERÊNCIAS
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB - A História de nossa música popular
de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
ALVES, Hélio Ricardo. Porto Alegre foi assim...; Porto Alegre: editora Sangra
Luzzatto, 2001
EPACH. Conjunto Rua João Alfredo: diretrizes para intervenções. Porto Alegre,
Dirertizes de abril de 2005, revisadas em maio de 2012.
FRAZÃO, Dilva. Biografia de João Alfredo Correia de Oliveira. In: Ebiografia, Escrito
em 28 de fevereiro de 2020; Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/joao_alfredo_correia_de_oliveira/> Acesso em 24 de
novembro de 2020.
364-de-22-de-janeiro-de-2008-10-724-de-9-de-julho-de-2009-11-058-de-11-de-marco-de-
2011-e-11-787-de-23-de-janeiro-de-2015>. Acesso em 25 de novembro de 2020.
REIS, Vanessi. Da baixa boemia à Baixa Cidade: Limites do bairro Cidade Baixa
no imaginário urbano de Porto Alegre. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Planejamento Urbano e Regional como requisito para obtenção do título de
Mestre na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018 Disponível em:
< https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/194622/001094311.pdf?sequence=1>
Acesso em 25 de novembro de 2020.
https://portoimagem.wordpress.com/2012/07/17/fotos-antigas-de-porto-alegre-acervo-
laudelino-teixeira-de-medeiros/> Acesso em 25 de novembro de 2020.