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Nome: Eduardo Vilela Silva RM: 148468 Turno: Vespertino

EXERCÍCIO 2 (entrega no dia 16/5)


Responda à pergunta abaixo em no máximo duas páginas.

Sobre o que é a sua pesquisa? Na resposta, delimite o objeto de sua investigação


e procure elaborar uma justificativa adequada para o que você pretende fazer.

Esta pesquisa tem como objetivo investigar os condicionantes das tomadas de posição
dos docentes do campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) durante
as manifestações e disputas do ano de 2012 quanto à localização geográfica do prédio
universitário. Essa questão tornou-se central à época porque foi veículo de concepções
acerca da função social da universidade e, em particular, do Campus diante da população do
bairro dos Pimentas.
Os embates envolvendo a localização do Campus Guarulhos estão conectados com as
transformações do campo universitário no Brasil. A partir de 2007 teve início um processo de
reestruturação e expansão das universidades federais brasileiras (REUNI). O plano
configurou uma expansão do corpo discente e docente do ensino superior brasileiro e abriu
caminho para uma discussão do papel da universidade para além de suas lógicas internas
tradicionais.
Decorrente desse processo, a Unifesp, uma das primeiras universidades federais a
aderir ao REUNI, aproveitou para dar continuidade a um movimento interno de expansão que
se iniciou em 2005 com a criação do Campus Baixada Santista. Desse modo, a partir de 2006
se iniciou o processo de concepção de outros campi. O Campus Guarulhos, inaugurado em
2007, passou durante seus primeiros anos intenso diálogo interno concernente a várias
questões, como: a sua própria autonomia, suas condições materiais que propiciariam seu
funcionamento, a concepção de sua proposta como universidade, sua estruturação
pedagógica, sua lógica de contratação docente, a racionalidade de sua organização logística e
outros1. Desse modo, criou-se um cenário de atrito entre diversos grupos e instituições, o que
levou a certa cisão dentro da comunidade acadêmica do campus e conflitos com o corpo
central da Unifesp, que genuinamente coordenava o processo de expansão.2
Toda essa aceleração no debate levou, no ano de 2012, a um cenário de divisão
devido a discussões sobre diversas questões, no entanto, tanto como hipótese ao trabalho,
compreende-se aqui que o principal posicionamento que dirigia o movimento de constituição
de alianças e delimitava o debate central é a permanência do Campus Guarulhos no bairro
dos Pimentas3. Preliminarmente, as posições se baseavam na permanência do campus no
1
Cf. SARTI, Cynthia. De encontros e afinidades em torno de uma ideia de universidade. Revista
Limiar, [s. l.], v. 5, ed. 10, 2. Semestre 2018; NEMI, Ana et al. Unifesp 25 Anos: Histórias e Reflexões. 1. ed.
São paulo: Editora Unifesp, 2021. 432 p. ISBN 6556320021, 9786556320021.
2
Outros agentes interpretam como motivo para a cisão interferências de corpos deliberativos exteriores ao
campus que deslegitimizaram a liderança local e a comunidade como um todo. Cf. SARTI, Cynthia.
Configurando as humanidades na UNIFESP: a fundação do Campus Guarulhos. [Entrevista concedida a] Ivo da
Silva Júnior e Joana Rodrigues. IEAC UNIFESP, [S. l.], 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ZwGPKUB7iJ8. Acesso em: 13 out. 2021.
3
Porém, cabe acrescentar que esse posicionamento tem um valor representativo a outras questões e que mesmo
assim não represente um ponto de consenso geral àqueles que concordam quanto a sua questão. O que
local em que já se encontrava, no bairro dos Pimentas (zona periférica da cidade de
Guarulhos) ou na sua transferência (para uma localidade mais central na cidade de Guarulhos
ou mesmo na cidade de São Paulo). Houve uma movimentação quanto à questão, o que gerou
conflitos e manifestações diversas, tanto por parte dos discentes, com a organização de
protestos e uma paralisação, quanto por parte dos docentes, com a publicação de
manifestações públicas, cartas, condução de discussões em órgãos colegiados e uma
paralisação4. Além disso, cabe acrescentar que as propostas ao redor do tema não
encontravam um cenário consensual quanto a questões como a forma do processo ser
realizado, o local onde deveria se situar o campus, a alocação de verbas para tal e outras.
Essas questões, devidamente reconhecidas, pretendem ser abordadas e detalhadas na pesquisa
em correspondência com as posições dos grupos de docentes que ditaram em primeiro plano
as tomadas de posição relativas à problemática.
Apresentado um quadro geral da problemática de interesse, pretende-se justificar a
escolha do corpo docente no lugar do corpo discente. Essa escolha para o estudo se justifica
pois, em primeiro lugar, compreende uma posição exclusiva, de interesse e de fácil acesso,
isto é, quase todos continuam a fazer parte da vida do campus (diferente da categoria de
discentes). Em segundo lugar, porque os docentes estão vinculados profissionalmente à
Unifesp e têm seu destino associado ao futuro da EFLCH, de modo que suas tomadas de
posição têm maior peso do que as dos discentes. Em terceiro lugar, porque eles participam de
órgãos de decisão e de discussão oficiais e, portanto, possuem mais informações e acesso a
documentos. Em último lugar, as tomadas de posição dos docentes, para além de seu caráter
institucionalizado, apresenta um peso simbólico maior – empregando meios oficiais para
expressar suas opiniões, além de jornais ou manifestações públicas. Apesar da legitimidade
dos docentes, outras autoridades tomaram posição nesse episódio e com poder de decisão
(por exemplo, órgãos superiores dentro e fora da universidade), com as quais os docentes
podem ter feito alianças. Assim, trata-se aqui de estudar a relação dos docentes com o
campus mediada pelas preferências políticas e outras disposições sociais e intelectuais, de
modo a formar alianças dentro e fora da instituição.
Assim, o objeto desta pesquisa é investigar as tomadas de posição dos docentes que se
manifestaram nesse processo e associar suas manifestações às respectivas trajetórias sociais e
intelectuais, o que implica investigar suas propriedades socioeconômicas, intelectuais e
profissionais, ou seja, a posição ocupada na universidade. Para isso, pretende-se elaborar um
banco de dados com as propriedades dos agentes e proceder a uma Análise de
Correspondências Múltiplas (ACM) e a uma Análise de Redes, de modo a determinar em que
medida certos conjuntos de capitais simbólicos e materiais estão associados a certas tomadas
de posição e formação de alianças nesse momento.

genuinamente orienta a escolha dessa questão como determinante é o poder de simplificação e instrumento no
discurso que constitui as relações nesse microcosmo específico.
4
Cf. MACHADO, Leandro. Alunos da Unifesp Guarulhos entram em greve. Folha de São Paulo, [S. l.], p. 0-0,
24 mar. 2012. Disponível em: https://mural.blogfolha.uol.com.br/2012/03/24/alunos-da-unifesp-guarulhos-
entram-em-greve/. Acesso em: 7 set. 2021; AGENCIA ESTADO. Professores querem saída da Unifesp de
Guarulhos. G1, [S. l.], p. 0-0, 3 ago. 2012. Disponível em:
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/professores-querem-saida-da-unifesp-de-guarulhos.html. Acesso em:
7 set. 2021.

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