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Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, programa de fomento à cultura do instituto, o projeto
de Itamar Vidal concebeu a montagem da peça Antinomies I, de Rogério Duprat, compositor
experimentalista e um dos primeiros a usar computador em performances musicais; no início
de junho, a obra faz a estreia mundial no Auditório Ibirapuera, como um espetáculo multimídia
Durante uma pesquisa acadêmica, o músico Ricardo Stuani recebeu vários manuscritos das
mãos da filha de Rógerio Duprat, uma das figuras fundamentais do Movimento Música Nova e
Tropicalismo. Entre eles estava a peça Antinomies I, esquecida há 54 anos dentro da gaveta e
considerada uma das primeiras experiências de escrita musical grafista no Brasil. Tornou-se um
projeto assinado pelo também músico Itamar Vidal, e, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural
2015-2016 – um dos principais programas de fomento à cultura do país –, saiu do papel e terá
estreia mundial no dia 2 de junho, no Auditório Ibirapuera.
O espetáculo amplia a intenção do compositor de acrescentar dimensão visual à obra, por isso
conta com projeções mapeadas em tempo real, além de desenhos do ex-Mutante Arnaldo
Baptista. Quem comanda o show são os músicos da OSESP, Jazz Sinfônica e Banda
Mantiqueira.
“A cópia que Stuani recebeu de Antinomies I está datada de 1966. Como o próprio Duprat
declarou à professora e autora do livro Rogério Duprat: sonoridades múltiplas (Unesp,
2001), Regiane Gaúna, ele havia perdido essa peça em um metrô em sua ida à Europa em
1962”, conta Vidal. “Deduz-se que ele a reescreveu em 1966. Isso é interessante porque foi
após 1962 que ele teve contato com John Cage e provavelmente essa influência tenha sido
contemplada nessa reescritura.” A obra é rica em texturas, climas e sonoridades que refletem
o gênio experimentalista do compositor, um dos primeiros músicos a usar computador, a
incluir a estética do Happening em performances musicais e a pulverizar as fronteiras entre a
música eletrônica, música de concerto, rock e MPB.
Na escrita criada para Antinomies I não há pentagramas e a leitura pode ser realizada de
acordo com várias possibilidades, propiciando uma infinidade de decisões quanto aos
timbres, durações e maneiras de executar as notas a serem tomadas pelos intérpretes. Foi
considerada, pelo próprio criador, uma peça quase impossível de ser executada. Para as
cores e texturas – a obra é toda em p&b – foram usados pinturas e desenhos de Arnaldo
Baptista, já que a ligação entre os dois definiu as bases do tropicalismo. Duprat chegou a
declarar que a música brasileira podia ser dividida em antes e depois de Arnaldo Baptista.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de
pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras
divulgaram os trabalhos selecionados. Na última edição (2015-2016), as propostas inscritas
foram examinadas, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 30
avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do
país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por
uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 22 profissionais que se inter-
relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição.
SERVIÇO:
Rumos Itaú Cultural 2015-2016
Antinomies I ou A Partitura Perdida de Rogério Duprat
Dia 2 de junho
Às 21h
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: livre
Lugares: 806
Ingressos:
R$20 e R$10 (meia-entrada)
Auditório Ibirapuera
Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº - Parque do Ibirapuera