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Aprofundando – Prova escrita

1. O que é desconstitucionalização?

A desconstitucionalização é fenômeno inserido no contexto do advento de uma nova ordem


constitucional. Para os adeptos dessa teoria, as normas constantes da Constituição anterior, se
compatíveis com a nova Constituição, seriam por ela recepcionadas, PORÉM NA QUALIDADE DE
NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. Seguindo essa linha, conforme asseveram Vicente Paulo e
Marcelo Alexandrino: “a promulgação de uma Constituição não acarretaria, obrigatoriamente a
revogação global da Constituição passada. Seria necessário examinar cada dispositivo da
Constituição antiga, a fim de verificar quais conflitariam com a nova Constituição, e quais seriam
compatíveis com ela. Com base nessa análise, os dispositivos incompatíveis seriam considerados
revogados pela nova Constituição, e os dispositivos compatíveis seriam considerados por ela
recepcionados. Porém, o seriam na condição de leis comuns, como se fossem normas
infraconstitucionais”. Daí advém a terminologia ‘desconstitucionalização’. Ressalte-se que, para a
doutrina majoritária, tal fenômeno não é adotado, como regra, no ordenamento brasileiro. No
entanto, nada impede que o poder constituinte originário preveja a sua ocorrência, desde que o
faça de forma EXPRESSA no texto da nova constituição, tendo em vista se tratar de poder
autônomo e ilimitado.

2. A ADPF pode ter como objeto as omissões do Poder Público?

A ADPF destina-se a proteger os preceitos fundamentais. Surge, então, a questão em torno da


definição de preceito fundamental. A questão deve ser solucionada a partir de uma
compreensão de valores, pois, a priori, toda norma constitucional é fundamental. Porém, os
preceitos fundamentais são aqueles que estão ligados diretamente aos valores supremos do
Estado e da Sociedade. Preceito fundamental não significa o mesmo que a expressão princípio
fundamental. Trata-se de conceito mais amplo, abrangendo todas as prescrições que dão
sentido básico à ordem constitucional. Assim, pode-se conceituar preceito fundamental como
toda norma constitucional – norma princípio ou norma regra – que serve de fundamento básico
para a conformação e preservação da ordem política e jurídica do Estado. Apesar de o conceito
de “descumprimento” para efeito da ADPF ser consideravelmente mais amplo que o conceito de
“inconstitucionalidade”, a Lei 9.882/99 reduziu a abrangência da ADPF tão somente aos atos do
poder público, mantendo a ideia de englobar atos de qualquer natureza, sejam normativos ou
não, inclusive as omissões. Com efeito, pode-se afirmar que a ADPF pode ter como objeto
omissões. Um exemplo possível seria a recente ADPF do Partido Rede Sustentabilidade em face
da situação carcerária brasileira, que tratou diretamente da omissão estatal no trato com o
problema penitenciário nacional.

1. O que se entende pela prática do gun jumping no direito da concorrência? Quais práticas
podem caracterizar o gun jumping? 
Entende-se por gun jumping a consumação de atos de concentração econômica antes da decisão
final da autoridade antitruste. Tal instituto possui previsão no art. 88 parágrafo primeiro da Lei
12.529 de 2011 que determina exatamente o controle prévio dos atos de concentração. Ademais,
o art. 88, §3º desta Lei obriga as partes a absterem-se de concluir o ato de concentração antes de
finalizada a análise prévia do CADE, sob pena de possível declaração de nulidade da operação,
imposição de multa pecuniária em valores que variam entre R$ 60.000,00 e R$ 60.000.000,00 – a
depender da condição econômica dos envolvidos, dolo, má-fé e do potencial anticompetitivo da
operação, entre outros – e a possibilidade de abertura de processo administrativo contra as
partes envolvidas.
Assim, devem ser preservadas até a decisão final da operação as condições de concorrência
entre as empresas envolvidas (artigo 88, §4º da LDC).
Nessa toada, podem caracterizar o gun jumping a troca de informações concorrencialmente
sensíveis; a definição de cláusulas contratuais que impliquem uma integração prematura; e a
condução de certas atividades que caracterizem a efetiva consumação de ao menos parte da
operação.
No que se refere à troca de informações entre os agentes econômicos envolvidos em um
determinado ato de concentração, busca-se evitar que informações concorrencialmente
sensíveis sejam desnecessariamente transmitidas entre as partes, de forma a prejudicar a
concorrência entre elas caso o ato de concentração não seja consumado (seja por falta de
aprovação do CADE, seja por questões inerentes à própria negociação).
Por sua vez, as preocupações relacionadas com a definição de cláusulas contratuais que regem a
relação entre agentes econômicos têm seu foco no teor das regras que regerão a relação entre
os agentes econômicos antes de terminada eventual análise antitruste pelo CADE.
Por fim, em relação às atividades das partes antes e durante a implementação do ato de
concentração, essas versam principalmente sobre a consumação efetiva de ao menos parte da
operação antes da sua devida aprovação pela autoridade antitruste. 

2. A doutrina diverge e aponta três correntes acerca do conceito de Direito Econômico.


Apresente breve exposição sobre eles.  
CORRENTE MAXIMALISTA: Direito Econômico é o conjunto de direitos e normas que regem a
economia, é o direito da economia. Esse conceito não serve para se adequar à CF, porque seu
objeto seria bastante amplo, abrangendo outros direitos: direito das obrigações, direito
financeiro, direito tributário. A CF reconheceu a autonomia de outros ramos do direito (civil,
financeiro, tributário), que não podem ser arbitrariamente abrangidos pela noção de direito
econômico.
CORRENTE MÉDIA: é o conjunto de direitos e normas que regem a INTERVENÇÃO DO ESTADO
NO DOMÍNIO ECONÔMICO, continua sendo um direito da economia, mas com um campo
restrito da economia. É uma definição mais operacional. Boa parcela do direito econômico
previsto na CF (competência concorrente) corresponde à intervenção do estado no domínio
econômico. Esse conceito pressupõe que se trata de uma economia capitalista, porque quando
se fala em INTERVENÇÃO DO ESTADO, está-se dizendo que a economia é algo dos particulares,
na qual eventualmente o estado intervém. Esse conceito pode em parte ser aplicado ao Brasil.
CORRENTE MINIMALISTA: trata-se do conjunto de direitos e normas que regem o direito da
concorrência, ou seja, é o ramo do direito que regula a concorrência. É uma concepção que tem
poucos adeptos juristas, sua maioria é de economistas. Para essa corrente, o Estado somente
poderia editar lei antitruste, sem maior intromissão na economia. Muito restrita essa visão, e não
é aceitável no Brasil, que tem um direito econômico com muita intervenção do Estado na
economia. Mas dessa corrente pode-se retirar a noção de que, no Brasil, há grande regulação da
concorrência. 
Truste

_____________ é a forma de abuso do poder econômico pela qual uma grande empresa domina o
mercado e afasta seus concorrentes, ou os obriga a seguir a estratégia econômica que adota. 

O domínio abusivo dos mercados no setor econômico se apresenta sob múltiplas espécies,
dentre as quais se destacam os trustes, os cartéis e o dumping. Truste é a forma de abuso do
poder econômico pela qual uma grande empresa domina o mercado e afasta seus concorrentes,
ou os obriga a seguir a estratégia econômica que adota. É uma forma impositiva do grande sobre
o pequeno empresário. Cartel é a conjugação de interesses entre grandes empresas com o
mesmo objetivo, ou seja, o de eliminar a concorrência e aumentar arbitrariamente seus lucros. O
dumping normalmente encerra abuso de caráter internacional. Uma empresa recebe subsídio
oficial de seu país de modo a baratear excessivamente o custo do produto, eliminando, desta
forma, a concorrência, que não tem condições de competir com essas condições

O sistema econômico denominado economia de MERCADO é aquele em que quem regula a


economia é a interação entre os agentes econômicos (interação entre oferta e demanda), que
gera um sistema de preços (é a alma do sistema de mercado). É uma economia que NÃO é
baseada na racionalidade, ou revés é fundamentada no caos, já que tudo será naturalmente
ajustável, a economia se resolve sozinha. 

Tal sistema fundamenta-se na garantia das liberdades de primeira dimensão. O seu ponto fraco
reside na possibilidade de crises, porque está fundamentada no caos, está submetida a ciclos de
crescimento e de retração. Principal ponto crítico é o abandono das classes sociais menos
favorecidas que, inclusive, podem ter a sua existência comprometida.
Por economia de mando, o titular do poder político (o governo) é o agente econômico principal
da economia, ou até mesmo o único agente econômico. Há uma característica sempre presente,
que consiste no PLANEJAMENTO ou no PLANO ou na PLANIFICAÇÃO. O planejamento que é
próprio da economia de mando é o planejamento 100% compulsório, impositivo, sancionado
juridicamente pelo descumprimento (há consequências sérias para quem não se ativer ao seu
cumprimento), mas isso não ocorre no Brasil. Sua justificativa política está relacionada à sua
RACIONALIDADE, porque não deixa os acontecimentos ao acaso. O seu ponto fraco está no
comprometimento das liberdades clássicas (direitos de primeira dimensão), que ficam muito
sacrificadas pela imposição de uma economia de mando. EXEMPLO HISTÓRICO: a economia da
antiga União Soviética. O Estado centraliza o papel de agente econômico. 

A lei apoiará e estimulará o associativismo e outras formas de cooperativismo.  - ERRADO.


Há uma inversão entre associativismo e cooperativismo, senão vejamos:
Art. 174, § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.  

Ressalvados os casos previstos em lei, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só
será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo. ERRADO.
A assertiva trata do art. 173 da CF. Contudo, a ressalva prevista no referido dispositivo deve estar
prevista na própria Constituição e não na lei como afirma a questão em exame.  
A intervenção do Estado no domínio econômico caracteriza-se como um fato jurídico enquanto
traduz a decisão do Poder Econômico por atuar no campo que determina; fato político quando
institucionalizada e regulamentada pelo Direito; e fato de política econômica, juridicamente
considerado, quando disciplinado pelo direito econômico - ERRADO.
A assertiva inverte os fatos jurídico e político, razão pela qual encontra-se errada. Quem faz essas
observações é Diógenes Gasparini (Direito administrativo. São Paulo. 4. ed. Saraiva. 1995. p.
430.).

1. No âmbito das políticas públicas, o que é reserva de consistência?

ORIENTAÇÃO DE RESPOSTA:
A reserva de consistência, segundo Nagibe de Melo Jorge, significa que a intervenção da
jurisdição constitucional depende da reunião de argumentos e elementos suficientes para
demonstrar o acerto do resultado que se pretende alcançar. Assim sendo, para que seja possível
a intervenção jurisdicional sobre dada política pública, exige-se, p. ex., que o juiz apresente
argumentos substanciais de que determinada política pública é incompatível com a Constituição.
A reserva de consistência é assim mais um elemento de controle da intervenção do Judiciário
sobre as políticas públicas.

 2. Discorra sobre os órgãos que podem e não podem requerer informações bancárias
diretamente das instituições financeiras.

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