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Classes e Movimentos Sociais
Classes e Movimentos Sociais
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
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6 Gabarito 117
APRESENTAÇÃO
A compreensão dos elementos fundantes das lutas de classe é
imprescindível ao Serviço Social, visto que é com base nela que se fundamenta
toda a construção ético-política, teórico-metodológica e técnica-operativa da
profissão. Trata-se, portanto, de uma temática que deve ser indissociável do
processo formativo de assistentes sociais.
Nesse sentido, exaltamos a importância deste livro e a prioridade de sua
leitura, visto que nele são encontradas as principais categorias explicativas e
alguns dos principais autores (clássicos e contemporâneos) que contribuem
para o entendimento do debate das lutas de classe e sua relação com a
constituição dos movimentos sociais no Brasil e na América Latina.
Além disso, esta obra favorece o acesso a fatos e fenômenos históricos,
econômicos, culturais, territoriais e sociais que demarcaram a história das
lutas de classe, bem como aos novos elementos que permeiam o debate atual
dessa temática. Também favorece compreender de modo mais aprofundado
a relação do Serviço Social com os movimentos sociais, principalmente no
que diz respeito ao exercício da cidadania, da democracia e da efetivação do
usufruto dos direitos constitucionais.
Para que a leitura não seja exaustiva, o livro foi produzido de modo didático,
no sentido de facilitar o entendimento. Está dividido em cinco capítulos
que dialogam entre si, ampliando a perspectiva do leitor acerca de classes
e movimentos sociais. Na mesma linha, são apresentadas dicas de outros
referenciais para aprofundamento, como livros, artigos, filmes, documentários
e materiais diversos que podem contribuir com seus estudos e pesquisas.
Em suma, trata-se de um livro construído com base na perspectiva crítica,
ou seja, demarcado por uma visão de mundo que se orienta pelo projeto
ético-político do Serviço Social brasileiro. Norte que vislumbra uma prática
profissional balizada por um projeto societário de luta permanente contra a
desigualdade social. Portanto, desejamos que a leitura seja proveitosa e que
possa estimular a busca por aprofundamentos.
Bons estudos!
1
A construção sócio-histórica
dos movimentos sociais
Este capítulo reserva a você a oportunidade de compreender
os movimentos sociais e sua importância diante da criação e or-
ganização da vida em sociedade. Para tal, apresenta fatos e fenô-
menos sociais, históricos, econômicos, culturais e territoriais, bem
como conceitos e categorias explicativas que ajudarão no entendi-
mento amplo acerca dos movimentos sociais e de sua construção
sócio-histórica.
Na mesma direção, oferece elementos que contribuirão para
a desconstrução de concepções equivocadas que, porventura,
tenham como base informações simplistas ou naturalizadas. Isso
não quer dizer que somente com este capítulo você será capaz de
atingir um aprofundamento pleno sobre a temática, afinal, aden-
trar a história da Constituição e da práxis dos movimentos sociais
também envolve submergir na história da construção social das
sociedades em geral.
O capítulo enfatiza, assim, a importância da emergência e da
permanência dos movimentos sociais com relação à organização
das sociedades como conhecemos hoje. Enfatiza, também, a im-
prescindível atuação desses movimentos na criação e no exercí-
cio da cidadania, da democracia e da efetivação do usufruto dos
direitos constitucionais. Trata-se de uma introdução aos marcos
interpretativos que possibilitam, de algum modo, instituirmos a
atribuição de sentido e significado aos movimentos sociais.
dos plebeus. É uma das revoltas mais conhecidas na história da Roma Para exemplificar a questão,
observemos as Mães da Sé, que
Antiga, por se tratar de um marco na construção da cidadania romana.
reúnem mães de filhos desapa-
Nessa linha de análise, portanto, toda ação de um grupo organizado recidos a manifestarem-se na
Praça da Sé (São Paulo/SP) e em
que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político outros cantos do mundo. Elas
é conceituado como movimento social. Com base nesse pressuposto, buscam notícias sobre o para-
um movimento social teria como propósito uma ou mais alterações no deiro de seus filhos e reclamam
contra a ineficiência do Estado
modo como a sociedade institui algum processo. A ação social em si, diante do desaparecimento de
nessa perspectiva, é considerada um movimento social, isto é, refere- crianças no Brasil. Contudo,
ainda que as Mães da Sé estejam
-se ao modo como a sociedade se movimenta (toda mobilização, ação,
organizadas e institucionali-
batalha ou revolta organizada). zadas por meio da Associação
Brasileira de Busca e Defesa a
Por outro viés de análise, manifestações, atos, protestos e marchas Crianças Desaparecidas (ABCD),
políticas configuram-se como ações sociais geradas por movimentos não se configuram enquanto
um movimento social, visto
sociais. São estratégias criadas para expressar insatisfações, articular
que não questionam a raiz da
membros e dar visibilidade às pautas de luta. Podem ser compreendi- estrutura social imposta (papéis,
das como ações políticas que geram ou não o nascimento de movimen- posições, funções, instituições,
organizações, sistemas etc.).
tos sociais, bem como resultam ou não da organização deles. Assim, o
Obtenha mais informações na
movimento social seria o grupo organizado, e não a ação desenvolvida. página oficial, disponível em:
http://www.maesdase.org.br/
Enfatizado que não existe uma única perspectiva sobre os movi- Paginas/default.aspx. Acesso
mentos sociais, que o desafio de determinar seu surgimento é perma- em: 22 jun. 2020.
nente e que esse debate está longe de ser esgotado, cabe agora expor
o que são movimentos sociais e como se organizam. Percorreremos,
para tanto, uma leitura de mundo mediada pela teoria crítica da Escola
de Frankfurt, mais precisamente sob os critérios analíticos do materia- 2
2 Entende-se como materialismo
lismo histórico-dialético de Karl Marx .
histórico-dialético a teoria
Nossas contribuições ao estudo de classes e movimentos sociais, crítica criada por Karl Marx, que
oferece um arcabouço capaz de
desse modo, estarão em consonância com o método de investigação
proporcionar análises mais apro-
da vida proposto por Karl Marx, ou seja, com o entendimento da so- fundadas e amplas acerca da
ciedade pela análise de sua totalidade, sem desconsiderar as particu- realidade social. Essa teoria rom-
pe com diversas outras, como a
laridades que constituem o seu todo (elementos culturais, históricos, funcionalista e a positivista. Para
territoriais, políticos, econômicos e sociais). Considera-se que a vida é Marx, as teorias existentes eram
limitadas e equivocadas, visto
dinâmica, contraditória e em constante movimento, transformando-se
que consideravam o mundo e o
e se materializando historicamente conforme os fenômenos sociais se sistema social estático, fatalista e
relacionam com as forças sociais que os geram. messiânico.
O sujeito consciente
do seu processo
de transformação
e construção
enquanto sujeito
político e ator social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O entendimento e a análise dos movimentos sociais perpassam his-
toricidades e contextos socioculturais em que debates importantes são
realizados sobre relações de desigualdade e igualdade, organização social
e poder popular, dominação histórica e pontual, padrões e ciclos sociais,
sistemas e instituições.
As desigualdades configuradas pelas estruturas sociais demonstram
quão injusta tem sido a humanidade no que diz respeito aos modos ins-
tituídos para a construção da vida social. Ao mesmo tempo que a huma-
nidade demonstra sua alta potencialidade para a construção de ações e
estruturas, com vistas a responder suas necessidades, apresenta imensas
dificuldades em instituir desenhos de sociedades mais sustentáveis em
todos os aspectos que compõem a vida humana no planeta.
Temos insistido na exploração como premissa para a vida em socieda-
de e, com base nessa concepção, instituímos mecanismos e processos de
dominação capazes de aniquilar grande parte de tudo o que nos constitui
humanos. Temos vivido de modos que prejudicam nossa própria evolu-
ção, tão preocupados em nos proporcionar meios e estilos de vida que
nos induzem a uma prática cotidiana robotizada, voltada à criação e ao
acúmulo de bens a qualquer custo.
Em meio a esse contexto, geramos processos que nos conduzem à
percepção de nossas contradições e, com isso, geramos conflitos e ten-
sões sociais que atuam como caminhos que podem nos garantir alguma
salvação. Como resultado, de tempos em tempos, chegamos a consen-
sos ou nos contra-atacamos, geramos guerras ou acordos de paz que, às
vezes, nos elevam a patamares mais evoluídos ou, em sua maioria, nos
conduzem à destruição.
Não podemos negar que historicamente “navegamos por mares” que,
apesar de conhecidos, não parecem suficientes para nossa permanência
ATIVIDADES
1. Para a implantação e a permanência do sistema capitalista, uma
instituição foi enfatizada como primordial. Por meio dela, ocorreu a
efetivação das estratégias necessárias à exploração e à dominação
da maioria dos povos do globo. Qual instituição cumpriu esse papel
determinante?
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2002.
Robert Gray (1994), Geoff Eley e Keith Nield (2013) afirmam ser ver-
dadeira a atual conjuntura de afastamento dos movimentos sociais do
debate da disputa de classes. Trata-se de movimentos que apresen-
tam uma identidade coletiva direcionada a outros focos. Estão em alta
seus silêncios, demarcações e ações, mas, em sua maioria, constituem
a mesma classe que antes fora unificada. Para esses autores, a decom-
posição da clássica disputa de classes é, em si, uma história social re-
configurada pela dinâmica das sociedades pós-industriais.
A esse respeito, cabe considerar que Karl Marx foi o autor socialista
3 alemão que criou, no século XIX, a teoria que se tornou posteriormen-
3
As ciências sociais se constituem te a primeira matriz teórica das ciências sociais – matriz que gerou
de três matrizes teóricas: Karl
tendências diversas segundo a leitura criada por cada intelectual que
Marx, Durkheim e Max Weber.
exercitou interpretá-lo. Cabe dizer também que Marx não foi apenas
um teórico, mas um militante comunista e, como tal, exerceu forte in-
fluência na organização do movimento comunista de seu tempo.
classe social; não fala das individualidades. O autor se dedicou a ler Direção: Raoul Peck. EUA: California
Filmes, 2017.
o processo histórico real, o protagonismo da classe trabalhadora
que se levantava contra suas condições exploratórias. Para isso,
trouxe a essência dos acontecimentos, o que estava oculto na apa-
rência. A influência do autor ultrapassa o campo acadêmico, visto
que suas ideias resultaram na organização efetiva dos trabalhado-
res, com vistas à revolução proletária.
Saiba mais
A organização da Comuna de Paris, por exemplo, teve forte influência
Com a queda de Napoleão III,
da teoria marxista e serve para demonstrar que diferentes grupos fa- por renúncia, as condições de
ziam diferentes interpretações de Marx. O advento da Comuna de Paris trabalho e de vida chegaram a
ocorreu na França, em 1871, após a guerra entre o Império Francês e níveis drásticos. Os trabalhadores
(apoiados pela pequena burgue-
o Reino da Prússia. Tratou-se de uma revolta armada do proletariado sia) não aceitaram a renúncia
francês, com apoio momentâneo da burguesia francesa, contra o novo de Napoleão e se mantiveram
em oposição ao novo regime
governo republicano. Desse processo, resultou a implantação de um re-
republicano. Em resposta às
gime socialista, que teve apenas 40 dias de exercício, porque os trabalha- revoltas do povo francês, o
dores foram traídos pela mesma burguesia que inicialmente os apoiara governo anunciou a elevação de
impostos para pagar as dívidas
(alguns integrantes da Comuna foram presos e outros, executados).
da Coroa e uma resposta armada
Segundo Marx, o movimento da Comuna de Paris não sairia ven- se houvesse discordância. E,
assim, travou-se a revolução.
cedor do processo, pois, ainda que fosse realmente revolucionário,
não estava pronto para enfrentar o adversário que viria após a des-
tituição da República, ou seja, a burguesia. Faltava um planejamen-
to estratégico que pudesse derrotar a burguesia por completo, o
que, para o autor, exige a desconstrução completa da máquina do
Estado (em sua versão burguesa). Em sua advertência, Marx ressal-
tou ao movimento que o período escolhido para a revolução não
era o mais adequado. Para ele, as estratégias do movimento ainda
Figura 1
Barricada na Comuna de Paris
Wikimedia Commons
Outra crítica muito utilizada contra o autor é a de que ele não con-
siderou o debate feminista em suas análises. Marx alertou que os
capitalistas sabem que devem retirar a possibilidade de as mulheres
ocuparem espaços decisórios e, por isso, a elas designam espaços de
subalternidade e submissão. Nas análises marxistas, o “ser mulher” é
um padrão, um produto social construído em cada período da história,
e, ao feminino, tem sido empregado o pior dos papéis no capitalismo:
Por fim, cabe ressaltar que teorias são como lentes que potenciali-
zam a visão, contudo, não encerram em si mesmas a realidade concreta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo dos movimentos sociais ainda é recente, se considerada a
temporalidade histórica. Portanto, no entendimento do Serviço Social, de-
vem ser analisados sob a perspectiva crítica, dada a segurança de uma
vertente teórica estabelecida há mais de dois séculos.
É importante também ter em vista que muitos dos estudos construí-
dos aquém da influência marxista e principalmente pelos pós-modernos,
a partir da eclosão dos novos movimentos sociais, contribuíram para o
campo da teorização dos movimentos sociais. Em outras palavras, se faz
urgente dialogar com eles.
Contudo, é inegável também que os movimentos sociais nascem e se
estruturam em pleno processo de implantação das novas estratégias de
aprimoramento do sistema capitalista, portanto, novos ou não, se estrutu-
raram em meio às rédeas do capital. E dado que ninguém, sem exceção,
explicou o capital melhor do que Karl Marx, sua teoria social (mesmo que
construída em outra época) ainda pode fornecer instrumentos para que
nos seja possível identificar características/leis da sociedade atual.
A fim de instigar ao aprofundamento de leituras e pesquisas, demar-
camos a finalização deste capítulo com as seguintes questões: o capitalis-
mo reserva um “lugar específico” para determinados grupos (indígenas,
negros, mulheres, grupos LGBTTIQ+, deficientes, idosos, crianças e ado-
lescentes) ou as condições de negligência, violência, territorialidade, su-
balternidade e invisibilidade social que vivenciam nada manifestam com
relação ao sistema econômico atual? Se o capitalismo se instaura em to-
das as esferas da produção da vida, não teriam também esses novos mo-
vimentos certa marca desse processo, ou seriam eles superiores à lógica
da ideologia burguesa?
ATIVIDADES
1. Após 1960, a sociedade europeia vivenciou a eclosão de novas
configurações no campo dos movimentos sociais, o que inaugurou um
complexo debate acerca da validade da tradição marxista com relação
ao uso de suas teorias frente aos movimentos sociais desse período.
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A luta travada não foi fácil. O governo militar foi instituído em 1964,
quando os militares assumiram o poder do Brasil. Foram mais de
20 anos caracterizados por negação do direito ao debate, à ação po-
lítica e a qualquer movimento que colocasse em dúvida a ordem do
regime instituído. A banalização do autoritarismo e a indiferença aos
direitos humanos se materializavam por meio de diferentes barbáries,
como perseguição política, sequestro, tortura e assassinato.
Filme
A respeito de medidas que beneficiam grandes indústrias na exploração de recursos naturais e força de tra-
balho, podemos citar como exemplo a Vale S.A, a maior mineradora brasileira e a terceira maior companhia
do mundo na área de extração de minerais metais. A Vale é a prova de que as leis de proteção ambiental
não vêm sendo aplicadas como deveriam, visto que, além dos desastres ambientais gerados nas cidades de
Brumadinho e Mariana (MG), comumente dispersa metais pesados, altera a paisagem do solo, contamina
os corpos hídricos, causa danos à flora e à fauna, além de desmatamentos, erosão e morte de trabalhadores
(MILANEZ; LOSEKANN, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultura política é um dos mais importantes mecanismos de poder,
visto que oferece incontáveis potencialidades para ventricular a socieda-
de. É também uma das mais célebres criações da sociedade, visto que é,
em si, objeto, meio e espelho de mudança. Atualmente, a cultura política
brasileira tem sido majoritariamente influenciada pela ordem burguesa.
As elites políticas e econômicas apropriam-se dela como instrumen-
to que viabiliza o uso arbitrário de poder. Com base nisso, imprimem na
cultura política características conservadoras, patrimonialistas, sexistas e
meritocráticas, ou seja, todo um conjunto de elementos socioculturais a
fim de justificar a injustiça na distribuição da renda produzida socialmente.
ATIVIDADES
1. A organização social moderna que conhecemos foi construída com
base em diferentes determinantes que, além de históricos, são sociais e,
portanto, políticos. Nesse contexto, apresente quais contradições estão
presentes no processo de construção da cultura política brasileira.
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visualizacao/livros/liv101629.pdf. Acesso em: 26 jun. 2020.
Os direitos civis podem ser individuais e/ou coletivos e deles advêm os demais direitos. Eles
preveem o direito à vida sem violação, à liberdade, à igualdade e, dentre outros, o direito ao jul-
gamento justo. Os direitos sociais abarcam o leque de leis que predizem as garantias necessárias
à manutenção da vida em sociedade como o direito à educação, à saúde e à assistência social.
Já os direitos políticos são os que dão materialidade à prática democrática, ou seja, os direitos
relativos à participação cidadã e ao voto direto para escolha de representantes, bem como à
organização e à manifestação de ideais, insatisfações e projetos de sociedade.
Dado que o Estado é a instituição que, sem dúvida, ocupa lugar cen-
tral na manutenção da hegemonia burguesa, os impeditivos com vistas
ao reclame dos direitos são cada vez mais amplos, pois cabe ao Estado
a interpretação e a aplicabilidade das leis que regulam todas as esferas
da vida social. Desse modo, nas sociedades capitalistas, o poder Judiciá-
rio desempenha papéis incompatíveis com a efetivação da democracia
plena. Isso porque, quando pressionado sobre o aprofundamento das
mazelas e injustiças sociais geradas pelo sistema capitalista, o poder
Judiciário é acionado para fomentar o consenso entre as classes (por
meio das políticas públicas e sociais), passando a efetivar a criminaliza-
ção e a punição dos sujeitos. Dito de outro modo, a mesma via que de-
veria garantir aos sujeitos o exercício pleno dos direitos políticos, civis e
sociais é aquela que contraditoriamente os penaliza.
O modelo neoliberal vigente parece ter conseguido estabelecer
padrões de comportamento em que os cidadãos e as autoridades
públicas se tornam indiferentes à continuidade de um conjunto
de procedimentos que, claramente, compromete a construção
democrática efetiva no país. Um dos pontos a enfatizar é o acú-
mulo de experiências que ocorre no país e, como forma antide-
mocrática de resolução de problemas, uma vez internalizado
Artigo
https://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n47/v16n47a05.pdf
http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/180818
ATIVIDADES
1. A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil
adentrou o período sócio-histórico denominado de era dos direitos.
Esse processo ocorreu a partir de muitas lutas de diversos movimentos
sociais, que direcionaram a nação a instituir princípios fundamentais
para as organizações social, civil e política do país. Contudo, esse
processo vem sendo ofuscado em nome de intervenções econômicas
internacionais, materializadas por meio das medidas macroeconômicas
impostas pelos países imperialistas. Exercite contextualizar em
que medida essas ações de intervenção econômica prejudicam a
implantação das políticas públicas e sociais.
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Ediar, 2002.
Outro ponto que chama atenção é o fato de que grande parte das
análises sobre os movimentos sociais é influenciada pelas teorias pós-
-modernas, visto que elas carregam elementos explicativos de algumas
das peculiaridades que caracterizam os novos movimentos sociais,
principalmente com relação à pauta dos grupos identitários. Contudo,
essas teorias não estão em consonância com os pressupostos teórico-
-metodológicos e ético-políticos que dão corpo à lei que regulamenta o
exercício profissional do Serviço Social.
É nesse contexto que o Serviço Social resiste enquanto profissão que Vídeo
se orienta pelo seu código de ética profissional, a fim de materializar Para compreender
melhor a trajetória da
seus princípios e diretrizes, de modo que possam captar, no cotidiano de profissão, indicamos
atuação, meios viáveis para efetivar os direitos sociais e ampliá-los. Cien- assistir ao vídeo Serviço
Social no Brasil – 80 anos
tes de que se trata de uma caminhada complexa, processual e permeada de história, ousadia e lutas,
de duros enfrentamentos, esses profissionais seguem no exercício de publicado pelo canal
Cortez Editora. Nele, é
apreender a realidade para além do que ela aparenta. feita uma análise crítica
a respeito das diferentes
Os movimentos sociais, nesse sentido, são grandes aliados, dado
perspectivas do Serviço
que representam os sujeitos que vivenciam cotidianamente injustiças Social.
diversas e mazelas sociais, que somente por eles podem ser explicita- Disponível em: https://
www.youtube.com/
das na sua complexidade. Vivências que historicamente os acometem,
watch?v=qExDNXsdy2A. Acesso
tornando-os, portanto, especialistas no que se refere às resultantes da em: 22 jun. 2020.
questão social. Ao Serviço Social, cabe apreender essas vivências em
sua realidade concreta para captar as reais possibilidades de mudança,
ou seja, de transformação da realidade vivida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Serviço Social é uma profissão crítica e eticamente comprometida
com a luta pelo enfrentamento da desigualdade social. Desde a sua ori-
gem, a profissão se pauta como categoria não conformada com as desi-
gualdades e, ainda que, no período do seu surgimento, não tivesse uma
postura crítica, já nasce para intervir no social.
Trata-se de uma profissão que acumula experiências centenárias e
que tem, em toda a sua trajetória constitutiva, uma estreita relação com
os movimentos sociais latino-americanos. Nesse sentido, a profissão tem
uma natureza interventiva inegável e um compromisso peculiar com a
mudança social, que são mais antigos do que os próprios instrumentos
que criou para tal.
Nesse ínterim, os movimentos sociais são, para o Serviço Social, ori-
gem, meio e fim. Não há razão de ser para a profissão se não for para
atuar no fortalecimento da organização social e política dos sujeitos, a fim
de que, cientes de seu lugar de classe, unam-se aos seus iguais e, juntos,
construam um novo projeto de sociedade, no qual, no mínimo, sejam re-
duzidas as extremas desigualdades.
Desse modo, os movimentos sociais devem encontrar no Serviço So-
cial apoio, acolhimento, fomento, suporte, orientação, capacitação e sus-
tentação para a construção dos caminhos que lhes são necessários, com
vistas à efetivação de processos emancipatórios.
2. No Serviço Social, o debate da ética também é um debate político, visto que, na visão
da categoria profissional, ambas as dimensões estão conectadas no que diz respeito
à estrutura social. Explicite ao menos três dos princípios prescritos aos assistentes
sociais em seu Código de Ética Profissional, enquanto suporte para suas atuações.
REFERÊNCIAS
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Gabarito 117
2 Movimentos sociais e perspectivas teóricas
1. Os teóricos marxistas chamam a atenção para a ausência do
debate da internacionalização do capital nas análises teóricas pós-
modernas, visto que, na visão dos autores da tradição marxista,
essa fase do capitalismo instaurou processos de insegurança que
resultaram na desmobilização e na desarticulação dos trabalhadores.
Principalmente porque alterou, de modo ofensivo, as bases de
funcionamento dos meios de produção, alocando os trabalhadores
em novas condições exploratórias.
Gabarito 119
terceirização das responsabilidades estatais. Costuram essas medidas
por meio de relações pautadas no clientelismo e no mandonismo.
Gabarito 121
CLASSES E MOVIMENTOS SOCIAIS
Neste livro são encontradas as principais categorias explicativas e al-
guns dos principais autores (clássicos e contemporâneos) que contribuem
para o entendimento do debate das lutas de classe e sua relação com a
constituição dos movimentos sociais no Brasil e na América Latina.
Esta obra favorece o acesso a fatos e fenômenos históricos, econômi-
cos, culturais, territoriais e sociais que demarcaram a história das lutas de
classe, bem como aos novos elementos que permeiam o debate atual des-
sa temática. Também favorece compreender de modo mais aprofundado
a relação do Serviço Social com os movimentos sociais, principalmente no
que diz respeito ao exercício da cidadania, da democracia e da efetivação
do usufruto dos direitos constitucionais.