Disciplina: Exegese do Antigo Testamento II Turma: TEO 07 Professor: Dr. Roger Marcel Wanke Estudante: André Augusto Habeck Atividade: Avaliação Nº 3 – Redação teológica – O meu servo Jó: implicações para a vida pessoal e para o ministério
Jó é um personagem muito marcante na Bíblia, seu testemunho de fato
é muito impactante, visto que é alguém que passa por muito sofrimento, mas que ainda assim permanece fiel na sua fé. Com o livro de Jó é possível aprender que muitas vezes não é possível e nem cabe a nós entender tudo o que se passa na nossa vida e que isso não deve ser empecilho para nos mantermos fieis a Deus. A forma como o livro de Jó aborda o tema do sofrimento é muito interessante, pois vai quebrando toda a lógica humana que se tenta construir. Em Jó se rebate qualquer tentativa de dizer que Deus não é completamente justo e bom pelo fato de deixar seu servo sofrer. Jó também rebate a ideia de que talvez Deus não consiga livrar seu servo do sofrimento, assim questionando a soberania de Deus. O próprio Jó reconhece a soberania de Deus, isso fica evidente em falas como: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” Jó 42.2. Também é colocada abaixo a ideia de que o sofrimento na vida dos servos de Deus acontece por conta de algum pecado, até mesmo os pecados escondidos. Mas durante toda a história do livro se percebe que essa teoria não é válida. Então diante disso resta confiar na soberania de Deus e saber que mesmo em meio ao sofrimento e a adversidade é ele quem tem o controle de tudo. Nada no mundo pode sair do controle de Deus. Um aspecto interessante que se pode aprender do livro de Jó é que toda lamentação é válida, é possível lamentar para Deus e isso não significa enfraquecer na fé e muito menos deixar de ser fiel a Deus. Jó é totalmente sincero com Deus sobre o que está sentindo e por mais que não haja uma resposta, se sabe em fé que Deus acolhe esse lamento. O silêncio de Deus também é um aspecto marcante do livro. Creio que para os dias atuais isso é muito importante, pois existem muitas perguntas em torno do sofrimento que se tem na atualidade, principalmente dentro do contexto da pandemia. A abscondicidade de Deus também pode ser para nós sinal de sua presença, pois ele acolhe todas as nossas perguntas que surgem nesse contexto de crise. O próprio Cristo, na cruz do calvário morre com uma pergunta: “Meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste?” Com o livro de Jó também podemos aprender sobre amizades. Os amigos de Jó sempre tentaram achar motivos para o sofrimento de Jó, mas infelizmente eles estavam mais ligados com o espírito da época, visto que no fundo sempre acabavam acusando Jó de algum pecado que ele estaria escondendo. É importante que se cultive amizades que também conduzam a Deus, amizades que possam ser suporte nos momentos de sofrimento, mas claro que também possa exortar fraternalmente em momento que erros são cometidos. Outro aspecto interessante é que quando Deus finalmente entra em cena, através de um teofania Ele não faz nada do que é esperado, Ele não acusa Jó, como os amigos esperavam, ele não consola Jó, ele não responde a causa do sofrimento de Jó. Justamente o contrário, Deus vem com mais perguntas, com a intenção de fazer com que Jó reflita mais sobre essa situação. Dessa forma muitas situações da vida não terão respostas, mas podem ser vistas como um convite a refletir, refletir sobre a criação de Deus, refletir sobre a grandeza de Deus, sobre a pequenez do ser humano, todas essas questões devem nos acompanhar no cotidiano. Que possamos dessa maneira ter a certeza da presença de Deus em meio ao sofrimento, mesmo quando sua presença não é humanamente perceptível, que possamos nos manter fieis a Deus, mesmo quando o sofrimento vem sem explicação e que isso possa nos causar reflexão cotidiana.