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ANTIGO TESTAMENTO

LIVROS POÉTICOS- PARTE I

l I​ ntrodução

Os Livros Poéticos falam de poesia, e é importante saber que, ao ler poesia, a


Palavra tem um efeito e propósito diferente sobre nós. Alguns chamam esses
livros de ‘’ Livros da Sabedoria’’

Os Livros Poéticos abrangem o Livro de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e


Cântico dos Cânticos, então, nesses livros, temos uma estrutura muito única e
específica. Por isso, precisamos saber como olhar para eles, entendendo o que
os diferencia.

Ouvir uma poesia ou ouvir um texto mais doutrinário, nos traz relações
diferentes. Os Livros Poéticos reforçam a nossa fé e são muito importantes paras
o nosso entendimento do todo.

O objetivo aqui é fazer você pegar o gosto pelo estudo bíblico, para isso, sugiro
um canal do YouTube chamado ‘’The Bible Project’’, você pode ativar as
legendas em português e aproveitar ao máximo esse projeto. Nesse resumo, me
baseio nesse projeto.

l​ Jó

Jó era um cidadão da terra de Uz, bem distante de Israel, portanto, os


personagens desse livro não são israelitas, não existe nenhuma referência
histórica, e por isso, imagina-se que o foco da questão seja as experiências do
sofrimento. O objetivo do livro é criar anticorpos e uma reflexão mais profunda
sobre essa questão.

No prólogo, vemos que Jó era um homem justo, que honrava Deus e se desvia
do mal. A ideia é que se tinha é que Jó era o pai dos necessitados.

Após isso, temos uma segunda aparição, que é como se fosse uma ‘’corte
celestial’’ onde Deus está reunido com seus conservos e surge um acusador,
que, depois de ouvir da boca do próprio Deus que Jó é justo, temente a Deus e
que se desvia do mal, faz a famosa provocação, a razão da sua justiça e adoração
de Jó, é porque ele é cercado de bênçãos e prosperidade, então se ele sofrer, sua
justiça e honra vão embora.

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O que sustenta a justiça de Jó é estar sendo abençoado por Deus. O sofrimento
entra na história como provocação do inimigo, pensando que o sofrimento vai
entrar a justiça vai ser desmascarada e a adoração de Jó também, esse é o
objetivo do acusador.

Vamos à algumas situações centrais: Por que o justo sofre? É uma pergunta que
não possui nenhuma resposta ao certo. Todos os livros poéticos levantam
questionamentos profundos, então é importante estarmos prontos e preparados
para se deparar com questões realmente profundas acerca do ser humano.

l​ Questões

● Por que o justo sofre?


● Deus é justo?
● Deus governa o universo baseado em justiça?

Então esses três questionamentos irão aparecer ao longo do livro de Jó, da boca
da mulher de Jó sai aquela famosa frase ‘’ amaldiçoa o seu Deus e morre’’, essa
mulher empresta a boca para o acusador, que tem como objetivo fazer com que
Jó vire as cotas para a sua fé, para que fique provado que a essência da sua
justiça é baseada nas bênçãos que ele recebe, então o propósito do inimigo é,
que nesse momento de sofrimento, ele seja contra Deus e amaldiçoe à Deus.

Existe sempre essa guerra não visível, mas poderosa, em que nos dias de
sofrimento, nós criamos uma ira contra Deus e rompemos nosso
relacionamento com Deus. Isso é um dado que está sempre presente na vida do
ser humano, e Jó nos traz isso de forma especial.

l​ Amigos

Elifaz – Bildade – Zofar.

Eles também são figuras que não tem nomes de israelitas, é importante
entender que essas três pessoas representam o melhor do pensamento sobre
Deus, sobre a fé e o sofrimento, são os que mais tem a dizer para confortar
alguém, seriam as pessoas mais capacitadas. Quando eles surgem, criamos uma
expectativa de que eles irão acalmar o coração de Jó.

É interessante que, ao final do livro, Deus fala que esses três especialistas não
falam a verdade sobre Deus. E aí vem o questionamento: se eles não entendem
sobre Deus e sofrimento, quem entende? Aí fazemos a reflexão: quando o
assunto é sofrimento, não sabemos tudo o que pensamos saber sobre.

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l​ Ciclos

Temos uma estrutura de ciclos, sendo eles, três: Jó fala, o amigo responde.
Então, são ciclos de perguntas e respostas. Para ficar claro:

● Primeiro ciclo: ​de Jó capítulo 3 até Jó capítulo 14.


● Segundo ciclo: ​de Jó capítulo 15 até Jó capítulo 21.
● Terceiro ciclo: ​de Jó capítulo 22 até Jó capítulo 28.

Nestes ciclos é onde inicia as conversas que acabam terminando em


verdadeiras batalhas com os amigos, fazendo uma analogia com a vida real.
Nesses três ciclos, percebemos os argumentos de Jó contra seus três amigos.

Um questionamento que sempre vamos nos fazer: se estou sofrendo, me


esforçando para ter uma vida melhor, como Deus será justo comigo no meio
desse sofrimento? Sempre nos perguntamos isso, pensando que Deus não está
sendo justo conosco. Não devemos responder essa pergunta de qualquer forma.

O segundo questionamento que vemos nesses ciclos de conversa é: Deus


governa um mundo baseado em justiça?

E a terceira questão é: como vou explicar o sofrimento de Jó? Como podemos


explicar nosso sofrimento e o sofrimento das pessoas?

No tempo do Livro de Jó, o ser humano já se preocupava com isso. O


pensamento da época é o mesmo pensamento da maioria de nós hoje: se eu for
justo e bom, a recompensa virá. Se eu for ímpio, a punição virá.

l​ Argumentos de Jó

‘’Eu sou inocente, não estou entendo o que está acontecendo comigo, o meu
sofrimento não pode ser explicado como justiça divina.’’ Ele afirma a inocência e
afirma que não é a justiça divina que está provocando isso.

Sabemos que essas afirmações são verdadeiras pois Deus apresenta Jó no início
do livro sendo alguém temente a Deus e esforçado. Olhando o início do livro,
sabemos que esse sofrimento não começou como uma forma de punição divina.
Ele argumenta corretamente, porém, sua conclusão está totalmente
equivocada.

Sua conclusão é a seguinte: ‘’se eu sou inocente, Deus não governa o mundo
com justiça’’, e piora, ‘’se eu sou inocente, Deus é injusto’’. Diante de Deus,
nossos argumentos podem estar corretos, mas a conclusão é errônea. O governo
de Deus não é injusto.

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Ao contrário dos seus argumentos, os amigos de Jó vão em outra direção com
seus argumentos: Deus governa o mundo de acordo com a sua justiça, então a
conclusão é que Jó está sendo injusto e Jó está em pecado.

Ao final do livro, Deus vira para Jó e fala que seus amigos não falaram a verdade
sobre Deus, ou seja, não entenderam.

Essa tentativa de responder o sofrimento se quebra no livro de Jó. Após isso, Jó


começa a ​protestar​: Por que Deus me nega justiça? Afirma sua inocência; Pede
um julgamento;

Jó 31:35: ​‘’ah! Quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu desejo é que
o Todo-Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro.’’

De qualquer forma, já existe a necessidade de um mediador, e aí, aparece um


novo personagem na história: Eliú. Ele começa dizendo que Deus é justo e seu
governo é baseado sim em justiça, e a conclusão é diferente das demais: o
sofrimento nos serve como curso preparatório para o futuro, é um construtor do
nosso caráter.

Ao invés de referências bíblicas, proponho que você procure pelos nomes dos
personagens: Eliú, Elifaz, Bildade e Zofar. Você terá um melhor entendimento da
história.

A partir de Eliú, que prepara o caminho para a resposta final de Deus, Deus
entra na história para se posicionar. Sua resposta surge: ele diz que a visão do
homem é limitada e quando olha para o governo de Deus, não compreende a
profundidade da justiça de Deus.

A segunda conclusão é de que o homem não está em posição de acusar a Deus.


Governar o mundo é algo muito complexo, com ordem, desordem, belezas e
perigos. Deus sabe governar cada coisa em seu devido lugar. Não estamos em
posição de questionar a Deus, sua resposta é: ‘’ confie, que governar o mundo é
uma questão muito mais complexa.’’ Então Jó é convidado a confiar na
sabedoria e bondade de Deus. Deus diz que apesar de Jó estar confuso, chegou
mais perto do que seus amigos.

Para concluir: quando o assunto é beleza, existem duas tendências, a dos


amigos que simplificam as coisas sem sabedoria, e a outra tendência é acusar a
Deus. Cuidado, não caia em nenhuma dessas tendências. Confie, Deus sabe
governar o universo e sabe sobre a sua vida.

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