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Introduçã o

No capítulo 1. 1-5 somos apresentados a Jó :

1. Sua terra/2. Sua crença/3. Sua família/4.Sua riqueza;

De 1.6 a 2 a partir de uma reuniã o angelical conhecemos o maior inimigo de Deus e


dos homens (Sataná s) e a sua fú ria contra Jó :

1. Um ser espiritual/2. Um ser criado/3. Um ser dotado de personalidade

No capitulo 3, vemos a reaçã o humana diante do sofrimento em três lamentos de Jó


em meio aos eventos que marcaram sua tragédia familiar, econô mica e pessoal:

1. Por que Nasci (1 – 10). Esse questionamento sai do intimo de Jó , assim


como ocorre com a alma do salmista (130.1) da mesma forma, o profeta
Jeremias expô s os sentimentos diante de seus conflitos (Jr 20.14-18). Nesse
sentido, o patriarca nã o está sozinho em lamentar diante da dor. Jó nã o
amaldiçoou a Deus como Sataná s previra; em vez disso, amaldiçoou o dia de
seu nascimento.
2. Por que não nasci morto (11 – 19). Os interpretes observam que o
discurso de Jó a partir do versículo onze muda de amaldiçoar para reclamar.
3. Por que continuo vivo (20 – 26). Nessa terceira seçã o do capitulo três Jó faz
uma quarta pergunta (3.20): “Por que se dá luz ao miserá vel, e vida aos
amargurados de animo?”. A palavra hebraica amel , traduzida aqui como
“miserá vel”, é usada no sentido de alguém cuja vida é atribulada pela
miséria e que, por isso, torna-se incapaz de exercer suas funçõ es. Em outras
palavras, para Jó a vida havia se tornado intolerá vel.

Esse capítulo revela claramente que Jó desejou intensamente a morte. Ao deseja-lo, o


patriarca tem como objetivo dar fim ao ciclo de sofrimento que Satanás lhe impôs.
Note que apesar de ele desejar morrer, não buscou o suicídio. Nesse aspecto, a vida de
Jó nos passa uma mensagem muito importante, mostrando-nos que, mesmo diante do
mais terrível sofrimento, o patriarca não ousou entrar na “jurisdição” que pertence
somente a Deus. Ele, indiretamente, nos transmite a importante mensagem de que o
único que pode decidir acerca do inicio e do fim da vida é o Deus altíssimo.
A partir do capitulo 4 a 31 temos três ciclos de dialogo entre Jó e os seus três amigos
(Elifaz, Bildade e Zofar), nos quais estes buscam, na mente humana, respostas para o
sofrimento de Jó.
No livro de Jó encontramos grandes discursos colocados nos lábios de 5 personagens:
Jó, Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. Para efeito comparativo, os discursos de Jó somam 20
capítulos (513 versos), os discursos dos amigos estão assim distribuídos: Elifaz com 4
capítulos (113 versos); Bildade com 3 capítulos (49 versos); Sofar com 2 capítulos (49
versos) e Eliú com 6 capítulos (165 versos).
A principio os amigos de Jó demonstraram profunda empatia por Ele, mas quando
começaram a falar ainda trouxeram terríveis acusações a Jó
Ora, por que eles estavam agindo assim? Já disse antes: por causa da teologia que estava por
trás dos pensamentos deles. E qual era essa teologia? A mesma que a de Satanás:  a teologia da
prosperidade e da retribuição terrena. O inimigo disse a Deus falando acerca de Jó: “Estende,
porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face (Jó
1.11)”. Satanás cria que Jó servia Deus por causa dos bens que ele tinha, isto é teologia da
prosperidade, pois coloca em primeiro lugar a Deus como alguém que satisfaz materialmente
aos homens, com prosperidade, para que estes lhes sirvam. “Serve a Deus e ele te abençoará
(materialmente)” é o que diz alguém que acredita nesta teologia, que nada tem a ver com fé,
perseverança nas dificuldades e galardão na eternidade. Com os amigos de Jó acontecia
algo similar: Todos eles criam que Jó estava sofrendo por causa dele ter pecado
contra Deus. Eles criam na doutrina da retribuição terrena, que se resume na seguinte
proposição errada: “Se estamos bem com Deus, então não teremos sofrimentos e perdas
materiais. Portanto, se estamos em sofrimento e temos perdido coisas importantes é porque
estamos em pecado diante de Deus”. Esta proposição reina ainda hoje em muitos crentes.
Podemos ver algumas afirmações dos amigos de Jó que sintetizam estas ideias:

Bildade: “Mas, se tu buscares a Deus e ao Todo-Poderoso pedires misericórdia, se fores puro e


reto, ele, sem demora, despertará em teu favor e restaurará a justiça da tua morada.” (Jó 8.5-
6). Bildade afirma que quem estiver bem com Deus terá restaurada a sua vida “material”.

Zofar: “Se dispuseres o coração e estenderes as mãos para Deus; se lançares para longe a
iniquidade da tua mão e não permitires habitar na tua tenda a injustiça, então, levantarás o
rosto sem mácula, estarás seguro e não temerás.” (Jó 11.13-15). Aqui Zoar parte do pressuposto
que, de fato, Jó é injusto e está em pecado.

Elifaz: “Reconcilia-te, pois, com ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem .” (Jó 22.23). O
mesmo pensamento tem Elifaz. Notem também que Elifaz tem um discurso contraditório, pois
no inicio fala da justiça anterior de Jó para com os próximos (Jó 4.3-4) e depois fala sobre a
injustiça anterior de Jó para com os próximos (Jó 22.7-10).

 Desfazendo a teologia dos amigos de Jó

A lei da semeadura distorcida pelos amigos de Jó. A lei da semeadura de fato é


um principio existente, contudo na visã o dos amigos de Jó fora deturbado, fora
sangrado por uma teologia fatalista e equivocada.  Vamos ver alguns equívocos 
manifestos por Eles com as respectivas respostas bíblicas: VEJA

 Sinceros não são destruídos e inocentes não padecem: Vemos na


bíblia que o inocente também sofre.  Desconhecia ele, por acaso, a
histó ria de Abel? (Gn 4.4-8)
 Deus trata conosco segundo os nossos próprios méritos: Por mais
perfeitas que nos sejam as obras, jamais poderemos nos justificar diante
de Deus, pois nã o passam estas de trapos de imundície (Is 64.6). Em
consonâ ncia com Isaías, pergunta Miquéias: “Com que me apresentarei ao
SEN H O R e me inclinarei ante o Deus altíssimo? virei perante ele com
holocaustos, com bezerros de um ano?” (Mq 6.6). O evangelista americano
Stanley Jones, analisando a açã o da graça divina no coraçã o humano, faz
esta belíssima confissã o: “A graça me comprou. A graça me ensinou. A
graça me prendeu. Agora a graça me possui”.
 Só pecadores sofrem: Apesar de toda esta ló gica perfeita, quando esta
visã o teó rica é levada para a prá tica, notamos que ela nã o funciona: há
justos que sofrem e pecadores que têm êxito e sucesso. Deus abençoa
tanto a justos como a injustos, como, v.g., ao fazer cair a chuva tanto para
uns quanto para outros (Mt.5:45). Essa teologia portanto, é cabalmente
desmentida pelos fatos e, como diz conhecido adá gio, “contra fatos, nã o
há argumentos”.
A Teologia da aflição.
Lemos nos Salmos que muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de
todas (SI 34.19). Cristo mesmo alerta-nos que, no mundo, teremos aflições (Jo
16.33). Escrevendo aos coríntios, afirmou Paulo: “Porque, como as aflições de Cristo
são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de
Cristo” (2 Co 1.5). Nã o queremos, com isso, lançar as bases de uma teologia da
afliçã o. O que intentamos realçar é a supremacia da graça divina; ela é mais do que
suficiente para consolar-nos em todas as agruras.

4- Eliú e a MISERICÓRDIA
O ú ltimo amigo que falou com Jó foi Eliú , que parece ter chegado depois, ou nã o foi
citado antes porque era mais jovem que os outros (Jó 32.4 e6). Eliú era educado e
esperou sua vez de falar (Jó 32.4,5), mas ficou nervoso “contra os três amigos,
porque, mesmo não achando eles o que responder, condenavam a Jó” (Jó 32.3).
Também se irritou com Jó por ter caído nas argumentaçõ es de seus três amigos
tentando se defender pela sua pró pria experiência, vaidade e legalismo (Jó 32.2),
pois isto seria auto justificar-se diante de Deus ao invés de buscar sua
misericó rdia. O longo discurso de Eliú está nos capítulos 32, 33, 34, 35,  36 e 37 do
livro de Jó .

Eliú conduz a conversa para misericó rdia:

Faça amigos verdadeiros!

CONCLUSÃO
Jó 42.10 “Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o
SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra”
A vida de Jó mudou depois que aprendeu a orar por seus amigos. Jó sabia que
precisava de amigos verdadeiros, mas que acima de tudo dependia de Deus e que
também deveria ser um amigo para seu próximo. Foi na sua angústia que Jó conheceu
a verdadeira amizade, pois “ao aflito deve o amigo mostrar compaixão” (Jó 6.14) e
mudou seu comportamento reconhecendo “eu sou irrisão para os meus amigos” (Jó
12.4).
Jó desabafou sua solidão quando viu que “todos os meus amigos íntimos me
abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim” (Jó 19.19). Somente
quando esteve completamente só é que passou a buscar a Deus como amigo, pois “os
meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de
Deus” (Jó 16.20). Então pediu a seus companheiros que reconhecessem seu
sofrimento dizendo “compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de
mim” (Jó 19.21).
Quando Jó se concertou com Deus passando a orar e ouvir a voz de Deus (Jó 38 e 39),
confessando-se pecador (Jó 40.3-5) e ouviu Deus falar com ele de maneira poderosa
(Jó 40.6-24 e 41.1-34). Por isso Jó reconhece que somente agora conhecia Deus como
um verdadeiro amigo, porque “na verdade, falei do que não entendia, coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que não conhecia... eu te conhecia só de ouvir,
mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.3b e 5). Agora Jó estava disposto a aprender a
verdade (Jó 42.4) reconhecendo-se como pecador (Jó 42.6).
Entretanto chegou a hora de Jó ajudar seus amigos, porque “tendo o SENHOR falado
estas palavras a Jó, o SENHOR disse também a Elifaz, o temanita: A minha ira se
acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era
reto, como o meu servo Jó” (Jó 42.7).  Então Jó orou por seus amigos ao invés de fazer
como eles e começar a discutir quem estava com razão.
Amigos de verdade são aqueles que oram por você e com você. Não adianta ficar
falando e argumentando. Os amigos de Jó foram sinceros enquanto ficaram em
silêncio e choraram com Jó e também quando ficaram em silêncio (Jó 2.12,13). Mas
verdadeiros amigos oram e colocam tudo diante do maior de todos os Amigos: JESUS!

A IDEOLOGIA DO FATALISMO E AS LICOES DO SOFRIMENTO:

 Na filosofia greco-romana, o fatalismo é a concepçã o que considera serem


o mundo e os acontecimentos produzidos de modo irrevogá vel. É também a
crença de que uma ordem có smica, dita Logos, preside a vida quotidiana. E
que tudo de ruim, sofrimentos que vem, sã o consequências de seus atos.
 Fatalismo: É a crença de que tudo que acontece de ruim ao homem, é
consequência de suas açõ es; E "o que será , será ", já que todos os eventos
passados, presentes e futuros já foram predeterminados por Deus ou outra
força poderosa.

1. Há propó sitos positivos do sofrimento. Se confiarmos em Deus, a dor e o


sofrimento pode servir alguns propó sitos positivos, incluindo: (a) conseguir
a nossa atençã o; (b) permitir que Deus demonstre seu poder (Jo 9.1-3); (c)
pô r à prova nossa integridade (Jó 2.1-3); (d) produzir perseverança e
cará ter (Rm 5. 3-5); (e) proporcionar disciplina (Hb 12.10,11); (f) eliminar
o orgulho egoísta (2Co 12.7) (g) desenvolver maturidade (Tg 1.2-4) (h)
edificar a fé (1Pd 1.3-7) (i) ajudar-nos a nos relacionar com Cristo e a
sermos mais parecidos com Ele (Rm 8.28-29); (j) proporcionar
oportunidade para servir e consolar outras pessoas (2Co 1.3-6); (l)
modificar nossa perspectiva das coisas terrenas para as coisas eternas (2Co
4.17,18); e por fim, (m) fazer com que os rebeldes se convertam a Deus
(1Co 5.1-5) (STAMPS, 2018, p. 629).
2. No sofrimento adquirimos maturidade. As provaçõ es nos tornam maduros e
completos (Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu cará ter
moldado pelas situaçõ es adversas que enfrentaram, a saber: (a) Abrã o
amadureceu na fé através circunstâ ncias difíceis pelas quais foi submetido
(Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18); (b) as afliçõ es que José enfrentou o
prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu (Gn 45.5-8); e, (c) o
deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a naçã o de Israel
(Dt 8.1-3). Paulo tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que
todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que sã o chamados segundo o seu propó sito” (Rm 8.28).
3. O sofrimento é passageiro. Todos os sofrimentos e dificuldades deste tempo
presente – doenças, sofrimentos, dor, desapontamentos, injustiça, maus
tratos, angú stias, perseguiçã o e dificuldades de todo tipo – devem ser
consideradas insignificantes, quando em comparaçã o com as bênçã os, os
privilégios e a gló ria que será dada aos seguidores de Cristo na eternidade:
“Porque para mim tenho por certo que as afliçõ es deste tempo presente nã o
sã o para comparar com a gló ria que em nó s há de ser revelada” (Rm 8.18).
Diante dos privilégios que teremos no céu com o Senhor, o sofrimento do
cristã o é passageiro (Mt 5.12; 2Co 4.10; 2Co 4.17; Fp 3.20).

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