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3.

RECURSOS AUDIOVISUAIS
(Notas de aula)
1. Introdução
Você acabou de estudar a importância das técnicas de comunicação para um
bom desempenho na instrução. Sem dúvida, a comunicação Instrutor-aluno é importante
e deve ser bem feita; por isto, o emprego de técnicas e recursos adicionais não deve ser
negligenciado. Assim, o estudo do emprego correto e oportuno de recursos audiovisuais
facilitará ainda mais a sua instrução.
Este capítulo apresentará a filosofia do emprego dos auxílios sensoriais, bem
como os princípios básicos que você terá de seguir. Finalmente você conhecerá as
maneiras de utilizar os diversos tipos de ajudas sensoriais para a sua instrução.

2. Canais de Percepção
Para entendermos os porquês dos recursos sensoriais – ou visuais, mais
especificamente -, precisamos entender o que os seres humanos percebem o mundo, os
estímulos de uma maneira geral, através dos sentidos. O que não é inato nós recebemos
através dos sentidos, ou seja, o aluno aprende através dos seus cinco sentidos, que nós
chamamos de canais de comunicação.
Dentro deste quadro, as pesquisas realizadas em indivíduos adultos, mental e
psicologicamente normais, indicam que os nossos sentidos são capazes de aprender
apenas uma determinada porcentagem da comunicação total: em qualquer que seja o
processo. Essas porcentagens são distribuídas pelos sentidos a seguir:
- Visão 75%
- Audição 13%
- Tato 6%
- Paladar 3%
- Olfato 3%
As pesquisas também comprovam que quando o volume de informações é
relativamente grande e o assunto é desconhecido do aluno (recebedor), a mente
funciona como um filtro, selecionando os detalhes que, ao seu ver, sejam importantes na
comunicação. Assim, somente uma pequena porcentagem é absorvida.
Como a grande massa de informações é fornecida verbalmente (13% de
apreensão pelo quadro acima) e há ainda filtro da mente a diminuir essa porcentagem,
conclui-se que há necessidade de ampliar a utilização dos outros sentidos.
Pesquisas didáticas comprovam que o emprego adequado dos recursos
sensoriais, com a combinação de dois ou mais estímulos específicos, principalmente a
audição e a visão, pode fazer com que a assimilação da mensagem seja aumentada em
até 35% e por um período de tempo maior.
Estes estudos permitem que a comunicação humana seja mais efetiva e
duradoura e justificam uma analise dos seus princípios de utilização.

3. Princípios de Utilização
Quando utilizamos apenas a voz para transmitir um idéia, corremos o risco do
nosso aluno perceber de modo diferente, em função da sua capacidade, discernimento e
experiências anteriores. O uso de mais de um sentido nesta comunicação permite uma
aprendizagem mais efetiva e mais uniforme. Assim, a utilização de um recurso
audiovisual dá à mensagem (idéia) um certo realismo.
Um recurso visual, pode por exemplo, simplificar idéias abstratas, tornando o
processo de comunicação mais objetivo e concreto, ou economizar tempo, visto que
longas explicações verbais podem ser substituídas pela simples observação de um
modelo, diagrama ou desenho.
Estamos vendo que é importante o emprego de recursos sensoriais, em especial
os audiovisuais, mas como e quando utilizá-los é o nosso principal enfoque. A resposta
a estas perguntas inicia-se com a observação dos princípios de utilização dos recursos
sensoriais a seguir:

VALIDADE
Com objetivo determinado, contendo, exclusivamente o indispensável para a
fixação da mensagem. Jamais usar um recurso audiovisual para “distrair” ou “agradar à
vista”.

ADEQUABILIDADE
Relacionado com o tema do assunto, nível e tamanho da audiência, e com o
ambiente onde serão utilizados.

SIMPLICIDADE
Evite transformar em “obras-primas”, pois a audiência trocará o interesse do
assunto pela “obra” em si.

OPORTUNIDADE
Recursos na hora oportuna. As ajudas de instrução, ou seja, os nossos recursos
audiovisuais, devem ser sempre utilizados no seu trabalho como instrutor, levando-se
em conta, é claro, a disponibilidade para a sua confecção e os recurso adequado. A sua
utilização, para maior eficiência, devem seguir as seguintes normas:
• A ajuda deve ser confeccionada para dar suporte à instrução e não ao
contrário, ou seja, o instrutor deve se servir das ajudas para dar a sua
aula.
• Expor a ajuda somente o tempo necessário, para evitar que seja a mesma
usada quando se estiver falando de outro assunto.
• Principalmente quando a ajuda for visual, como transparência, “slide”,
cartaz, etc, não conversar com a ajuda, pois perderá o contato visual,
além do que “dar as costas” demonstra desconsideração com a audiência.
• Manter sempre à mão as ajudas necessárias; evite perder tempo e
credibilidade junto à audiência ao procurar as ajudas de instrução ou até
trocá-las.
• Usar uma ponteira para mostrar detalhes nas ajudas apresentadas.
De maneira complementar, é importante observar que as ajudas visuais devem
ser, sempre que possível, empregadas, mas muito bem empregadas, pois se o canal de
visão beneficia o instrutor (75%) por um lado, por outro lado esse mesmo sentido
quando não bem utilizado tem efeito oposto. Ex.: o aluno passa a olhar aspectos do
instrutor, com a sua aparência, a sua gesticulação, etc.
Até agora mostramos os princípios da utilização das ajudas de instrução de uma
maneira genérica. No próximo tópico veremos quais as vantagens e como utilizar cada
ajuda especificadamente.

4. Emprego dos Recursos Audiovisuais


A seguir veremos os principais recursos audiovisuais utilizados na instrução
aérea, tanto teórica como prática. E as vantagens e desvantagens.

4.1 Quadro de giz


É um dos mais antigos recursos sensoriais, e ainda hoje, bastante utilizado.
Apesar da sofisticação dos quadros atualmente utilizados, é um recurso bastante
simples, de fácil confecção e manutenção, econômico e durável. Apresenta, contudo,
como principais desvantagens o fato de ser sujo e de pouca dinamicidade, além de, ao
escrever, perde-se o contato visual com a audiência.

Como utilizar:
 Escrever com letras legíveis e tamanho adequado. No caso de esquema e
desenhos, convém prepará-los antecipadamente;
 Utilizá-lo apenas como recurso acessório, tendo-se o cuidado de manter a
correção, a ordem e a limpeza;
 Não se colocar em frente ao quadro, atrapalhando a visão da audiência.
 Não falar voltado para o quadro, enquanto escreve.

4.2 Flanelógrafo
Espécie de quadro de flanela que prende por aderência gravuras, letras, frases,
figuras, etc. (Com fitas de lixa presa no verso).
Os elementos que se quiser fixar no flanelógrafo podem ser recortados em
cartolina, isopor ou representados em madeira fina (contraplacado).
Para que haja real eficiência na utilização do flanelógrafo devem ser observadas
as seguintes normas:
 Planejar e não improvisar a utilização do flanelógrafo;
 Colocar o flanelógrafo ligeiramente inclinado para trás e em posição adequada à
visualização de toda audiência;
 Dispor todos os elementos de apresentação próximos da ajuda e em ordem
conveniente de modo que não sejam necessários muitos movimentos;
 Numerar cada peça do material, para facilitar a ordem da seqüência;
 Colocar o material sobre o flanelógrafo pressionando para baixo, a fim de que o
material aderente se fixe melhor à flanela;
 Apresentar o material passo a passo, obedecendo ao plano e ao ritmo necessário;
 Falara antes e depois de colocar a peça do material no flanelógrafo e ficar
sempre ao lado quando estiver discorrendo sobre o assunto;
 Usar o mínimo de peças juntas;
 Focalizar a atenção em apenas um ou poucos itens de cada vez;
 Usar cores contrastantes na confecção das peças, que devem ser atraentes,
interessantes e estar sempre em bom estado de apresentação;
 A confecção deverá ser tecnicamente correta e executada com previsão; as
figuras e letras devem ser do tamanho adequado ao local da exposição;
 As ilustrações devem transmitir a mensagem direta e claramente.
4.3 Mural
Apesar de ser um recurso estático, é de grande utilidade. Deve ser usado sempre
que for necessário mostrar algo que deva ficar exposto durante toda a sessão. Vários
quadros-murais superpostos podem ser utilizados, formando o que se chama de álbum
seriado.
No IPE, os murais serão utilizados, principalmente, para apresentação do roteiro
e objetivos dos trabalhos escolares.
Como utilizar:
• A confecção deverá ser tecnicamente correta com precisão; as figuras e
letras devem ser em tamanho
adequado ao local da exposição;
• As ilustrações devem transmitir a mensagem direta e claramente;
• Deverá estar sempre em bom estado de apresentação;
• Sublinhar sempre em cor diferente a idéia que necessite ser destacada;
• Afixar o mural ou murais com antecedência no local destinado à
exposição, planejando sua apresentação;
• Usar papel adequado;
• Sempre que for utilizado mais de um mural, saber onde esta cada um e
em que seqüência deverão ser
apresentados;
• Manter os murais sempre cobertos, ou por painéis ou por folhas de papel,
que serão retirados no
momento oportuno;
• Uma vez utilizado, recolher o mural ou cobri-lo novamente, cuidado para
não descobrir ou puxar o mural
errado;
• Fazer marcações indicativas da ordem de apresentação dos murais.

4.4 Modelo
Um modelo é uma copia real de uma peça de equipamento ou de instrumento.
Poderá ser ou não do tamanho real do objeto que está sendo representado. Quando mais
se aproximar do objetivo real, maior será o auxílio prestado pelo modelo.
Como utilizar:
 Empregar esse tipo de ajuda para grupos pequenos.
 Os modelos são muito utilizados durante os “briefings” para a
instrução aérea.

4.5 Projetor de slide


Um dos mais sofisticados recursos de audiovisual, devendo ser observados
certos detalhes técnicos para a sua utilização. Tem como principal vantagem o fato de
poder mostrar cenas com clareza e realismo. Vários projetores podem ser usados
simultaneamente, acoplados a um equipamento denominado “dissolver”, dando grande
movimento às cenas e tornando a apresentação bastante atraente.
Como principais desvantagens do projetor de “slides” temos:
 Necessidade de escurecimento do ambiente, podendo levar a audiência à
sonolência; o expositor perde o contato visual com a platéia;
 Os “slides” são apresentados numa ordem rígida, tornando quase impossível
a flexibilidade necessária às solicitações da audiência;
 O manuseio do aparelho não é tão simples quanto se apresenta à primeira
vista.

4.6 Retroprojetor
É provavelmente o mais útil e versátil recurso audiovisual, sendo largamente
utilizado. Apresenta inúmeras vantagens, tais como:
 Manuseio simples;
 Utilização sem necessidade de escurecimento do ambiente e as vantagens
que daí advém;
 Não há perda de tempo durante a exposição;
 As transparências podem ser executadas pelo próprio instrutor;
 Existem diversos tipos de transparências e diversas técnicas para a sua
confecção, que serão objeto de orientação específica do seu professor
durante o curso.

4.7 Projetor de multimídia e note book


Hoje é o conjunto mais versátil, permitindo inclusão de textos, fotos, gravuras,
filmes, etc. Permite fazer conexões na internet em plena aula acessando em real time
através de hiper link, informações de interesse.

4.8 Mockup
Um cockpit em escala natural para treinamento de rotina operacional e scan flow
e preparaçcão para os simuladores de voo.

4.9 Holograma & Glass Tecnology


A holografia ainda muito restrita deverá revolucionar as aulas no futuro (usada
pelas indústrias de ponta, como a Embraer e em aeronaves), e Glass Tecnology que
certamente irá revolucionar nossa vida já tão dependente da tecnologia digital.

5. Conclusão
Além dos principais recursos aqui citados, muitos outros existem e outros a
tecnologia encarregar-se-á de inventar como a Glass Tecnology. Mas o importante é que
essas informações, aliadas a um treinamento consciente, permitirão uma melhor
assimilação da sua mensagem.
O emprego correto dos recursos audiovisuais não garante uma comunicação
efetiva, pois as palavras são, ainda, por excelência, o meio de comunicação humana.
Mas, se as utilizarmos de maneira suplementar, serão poderosos reforços à motivação,
ajudando a fixar exatamente a idéia a ser transmitida para os seus alunos. Isto por si só,
já é uma vitória.
QUESTÕES
1. Na utilização de recursos audiovisuais, a preocupação de relacioná-lo com o tema do
assunto segue o princípio da:
a) validade b) adequabilidade c) simplicidade d) oportunidade

2. Quando usamos um recurso audiovisual que contém o essencial para a fixação da


mensagem estamos seguindo o princípio da:
a) validade b) adequabilidade c) simplicidade d) oportunidade

3. Uma audiência troca o interesse do assunto por um recurso audiovisual agradável a


vista. Estamos ferindo o princípio da:
a) validade b) adequabilidade c) simplicidade d) oportunidade

4. Treinar a voar em simulador de vôo, significa receber uma influência dita:


a) neutra b) negativa c) positiva d) conclusiva

5. Na utilização dos recursos audiovisuais, a preocupação de relacioná-los com a


audiência e o ambiente, segue o princípio da:
a) validade b) simplicidade c) oportunidade d) adequabilidade

6. Quais são as desvantagens do retroprojetor:


a) tamanho e peso c) custo do equipamento
b) escurecer o ambiente d) dificuldades em fazer a transparência

7. A ajuda de instrução, utilizada para pequenos grupos, ideal para o briefing da


instrução aérea, é o:
a) modelo b) flanelógrafo c) retroprojetor d) projetor de slides

8. Um instrutor preparou uma excelente aula sobre a aeronave AB-115. Vestiu um


macacão de Esquadrilha da Fumaça e foi para a sala de aula. Neste caso podemos
afirmar que:
a) o macacão de vôo foi usado como motivação
b) como conseqüência da preparação, a aula foi boa
c) foi criada uma relação de dependência instrutor/aluno
d) o canal de visão dos seus alunos não pode ser plenamente utilizado

9. Na confecção de um recurso audiovisual, é imperativo observar que este deve:


a) facilitar a aprendizagem c) ajudar o instrutor na avaliação
b) economizar o tempo da aula d) orientar o desenvolvimento do curso

10. Quais são as desvantagens do retro-projetor:


a) tamanho e peso b) escurecer o ambiente
c) custo do equipamento d) dificuldade em fazer a transparência

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