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ENCONTRO DE CAPACITAÇÃO DE FORMADORES


(ECFOR-MG) UNIDADE DIDÁTICA 06

NOÇÕES DE DIDÁTICA

OBJETIVO:

Expor um assunto de forma atraente, clara e objetiva

Conteúdos a serem abordados:

Técnicas de elocução
Interação com a turma
Uso dos MAE
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NOÇÕES DE DIDÁTICA

Muitas vezes, a dificuldade em se fazer compreender pelos alunos


pode ser reduzida mediante a aplicação de algumas técnicas de didática.
É importante reduzir a distância entre treinador e cursantes, e entre
estes e o conhecimento que aquele lhes apresenta. Lembre-se: seu grande
objetivo é que o treinando aprenda, e tanto quanto possível de forma
prazerosa. Para isso, vale todo recurso (que não seja ilegal, imoral ou
perigoso) que ajude a estabelecer a interação mais agradável e proveitosa
no triângulo formado por cursantes, treinador e conhecimento. Que
ajude, não que tire do foco. Não devemos deixar o acessório se tornar
mais importante que o essencial.

Despertar a atenção é algo que pode acontecer em diferentes


momentos para diversas pessoas, até dentro de uma mesma turma e
pode não acontecer no primeiro minuto da sessão. Será alguma
expressão, alguma ilustração, algum exemplo que disparará a percepção
de que aquilo é útil ou, no mínimo, interessante, curioso ou divertido.
Cada linguagem ou cada associação de ideias tem seu disparo num
momento diferente. Despertado o interesse, a manutenção também
dependerá de como o instrutor promoverá o estímulo e conduzirá ao

arte do ensino- tir de fundamentos


filosóficos e apoiar-se no conhecimento científico sobre a capacidade
humana de apreender, relacionar, agregar e aplicar saberes, de modo a
produzir mudança comportamental; e arte, por se desenvolver de formas
tão variadas quanto o são as formas das pessoas lidarem com os saberes
e sentires.
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Mapas mentais, esquemas de texto, mapas conceituais, canções,


desenhos, jogos, frases mnemônicas, são várias formas de criar
associações de ideias que facilitem a apropriação do conhecimento pelo
cursante. É preciso explorar o potencial dos diversos recursos
facilitadores de aprendizagem, cada um com sua forma criativa. A prisão
a um modelo de apresentação limita o desenvolvimento da percepção e a
capacidade de inovar.

Técnicas de Elocução

1) ESTABELECER E MANTER O CONTATO COM A TURMA (não


"discursar para" os cursantes, mas sim "falar com" eles)

Assegurar-se do conforto dos cursantes: se a turma estiver de pé,


ou sob radiação direta do sol, ou tomando chuva, ou passando frio, ou
com sono, ou se os assentos forem desconfortáveis, ninguém prestará
atenção ao que se pretende ministrar; todo mundo estará mais ocupado
com seus próprios incômodos.

Obter a atenção: há vários métodos, de maior ou menor impacto


-> um simples "ATENÇÃO!" ou vocativo, ou falar/mostrar algo estranho
ou engraçado desde que dentro do contexto daquilo que é o objeto da
sessão.

Falar olhando para os cursantes: eles sentirão que você lhes está
dando atenção e não os teme, antes deseja manter comunicação; olhar

por todo o ambiente evitando contato visual com os cursantes transmite


insegurança; em contrapartida, fixar o olhar/encarar demoradamente
um determinado treinando transmite uma mensagem de desafio ou
tentativa de intimidação.
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Falar com convicção: como você quer convencer alguém de algo


em que nem você acredita? Cabe lembrar que, como treinador, você
representa a instituição; nessa situação, suas percepções e convicções
pessoais não devem entrar em campo. Sua voz deve ser a da instituição.

Estar atento à turma: isto se liga a olhar para os cursantes; o


olhar diz muito; você pode identificar aqueles desatentos, ou sonolentos,
o olhar apavorado ou aparvalhado de quem não está entendendo, o ar
irônico dos cépticos, se o interesse caiu, se alguém está fazendo outra
coisa diferente de participar da sessão (mexendo com joguinhos ou
mensagens no celular, por exemplo)...

Não ser irreverente: respeitar a si e aos outros para ser respeitado;


aqui se inclui o cuidado com a linguagem (gírias, palavrões e vícios de
linguagem), a evitação de gracejos ofensivos e a preservação da
instituição.

Não perder a paciência: se o cursante não entendeu, explique


quantas vezes e de quantas maneiras puder; lembre-se, o objetivo não é
você brilhar como instrutor, mas sim os cursantes aprenderem; cada um
tem sua própria maneira de aprender, e variar a linguagem ou os meios
auxiliares pode facilitar a compreensão; O SUCESSO DOS TREINANDOS
É QUE INDICA O SEU COMO INSTRUTOR.

2) CONTROLAR O NERVOSISMO

O nervosismo assalta todos os instrutores, tanto os calouros como


os que têm "milhares de quilômetros rodados"; como instrutor, você está
se expondo, e isso gera ansiedade. Isso é perfeitamente normal (quase
todas as pessoas têm, em diferentes graus, insegurança para falar a um
público).

bar evita pecados decorrentes do excesso de


confiança, dos quais o pior é a desconsideração para com os cursantes.
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Alguns recursos:

Dominar o assunto: quem tem conhecimento não tem


motivo para ficar nervoso.
Desenvolver atitude de autoconfiança (sem arrogância); o
grande Bonaparte dizia: "Não tenho receio de falar a
qualquer um de meus homens; por que, então, recearia
dirigir-me a um grupo deles?".
Considere que os cursantes
eles não são uma banca de doutorado cujo objetivo é
derrubar fragorosamente a sua tese; eles querem é que você
os acompanhe pela trilha do conhecimento.
Ter desenvolvido previamente um processo de relaxamento
(respiração, alongamento, cada um tem o seu).
Ter a introdução bem gravada na mente (o assunto, em
sequência, vai fluindo).
Rever uma instrução anterior ou relacionar sua exposição
a outro tema do curso (o que ajuda a manter a sequência
do assunto). Isso também ajuda o treinando a perceber que
o conhecimento não é estanque e uma coisa dá suporte à
outra.
Contar um caso: isso ajuda a descontrair; de preferência,
que o caso tenha conexão com as ideias da sessão. Ajuda,
também, a conectar o conteúdo com situações reais.
Cautela e controle de movimentos e de voz. A expressão
corporal também transmite informações: o nervosismo pode
ser percebido nas alterações de voz (no volume, no timbre,
ou na velocidade); a postura, movimentos e gesticulação
podem indicar arrogância, medo, enfado, raiva, confiança...

3) MANTER ATITUDE COMPATÍVEL COM A DIGNIDADE DA


FUNÇÃO DE INSTRUTOR
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Como instrutor, você é (queira ou não) um modelo para os


cursantes; sua atitude encontrará reflexo na deles. Sendo modelo (o
instrutor é um líder, no mínimo no momento da interação pedagógica), é
preciso que manifeste coerência entre o que faz e o que prega. E, de novo,
você é a voz da instituição naquele momento.

4) MOSTRAR ENTUSIASMO

O entusiasmo é contagiante, junte-se isto à convicção vista em (1);


se o instrutor não morre de amores pelo assunto, tem ao menos que
representar, ressaltando a importância de ser um ator; JAMAIS SE DEVE
PASSAR PARA OS CURSANTES UMA IMPRESSÃO DESFAVORÁVEL DO
ASSUNTO QUE SE PRETENDE MINISTRAR.

, mas é
. Transmitem justamente a falta de entusiasmo, dão a
impressão de você ter sido escalado para aquilo, e não de estar animado
em trazer à turma aquela informação.

Enquanto instrutor, você é algo como um agente de propaganda


daquele assunto que vai ministrar. Uma atitude desfavorável em relação
ao produto que se pretende vender não parece ser a melhor para
convencer o público-alvo a comprá-lo.

5) CONTROLAR A TONALIDADE E O VOLUME DE VOZ, E A


VELOCIDADE DA FALA

Cuidar para que a voz não seja estridente, nasal ou gutural; evitar
a monotonia ou a agressão aos ouvidos; é interessante variar às vezes, de
forma brusca, a velocidade ou o volume de voz ("modular o canto"), para
acordar os sonolentos, prender a atenção pela expressividade ou destacar
pontos importantes.
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O volume deve ser suficiente para ser audível sem agredir os


ouvidos (isso se obtém mediante treinamento: projetar a voz sem gritar).
Mesmo que se use microfone e caixas acústicas, há um volume mínimo
de voz que se deve usar para conseguir ser ouvido com clareza. Se o aluno
não ouve nem entende o que se fala, ele desligará sua atenção daquilo.
Em contrapartida, fazer a exposição aos gritos ou com o volume dos alto-
falantes exageradamente alto agride a audição dos cursantes, que
acabarão por concentrar-se mais no incômodo que lhes é causado do que
no assunto que lhes é trazido. Ao usar microfone, lembre-se: fale em tom
de voz normal; se o microfone está lá para dar amplificação à sua voz,
você não precisa gritar; além disso, gritar no microfone acaba por
danificar a cápsula.

A velocidade com que se fala também deve ser alvo de cuidados:


se for muito lenta, os cursantes pegarão no sono; se for rápida demais,
eles não acompanharão. A fala lenta pode ser decorrente de uma intenção
de se fazer muito bem ouvido e compreendido; a fala acelerada pode ser

regional: o mineiro come sílabas), ou uma manifestação do desejo de


nervosismo toma conta.

importantíssima para mostrar ao treinando aquilo que está sendo


enfatizado e para quebrar a monotonia do som, que induz ao sono. Ao
falar numa sessão de instrução, devemos conduzir-

6) EXPOR COM CLAREZA

Escolher as palavras: adequar a linguagem; Winston Churchill


dizia que, ao construir seus discursos, buscava seguir duas diretrizes:
frases curtas e diretas, palavras simples e significativas.

A linguagem usada deve ser compatível com o repertório dos


cursantes; você não precisa se impor pela fala rebuscada ou pelo
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quem não quer que se


entenda o que diz); ao contrário, lembre-se de que seu objetivo é que os
cursantes compreendam; busque exemplos ilustrativos e familiares aos
cursantes.

Usar frases curtas: em períodos longos, há o risco de se perder a


ideia inicial.

Fale sem rodeios, com naturalidade e clareza.

Adaptar a velocidade de exposição à dificuldade do assunto e ao


nível da turma: seu objetivo não é sair da sala "tendo arrasado os
cursantes"; pelo contrário, é levá-los à máxima compreensão do assunto.

Pausas entre os assuntos: para dar tempo a um "assentamento


das ideias", ao surgimento de questões...

Questões levantadas pela turma: o instrutor opta entre respondê-


las ao longo da sessão, à medida que forem surgindo, ou combinando
com a turma de deixar as questões para o final da sessão; às vezes, um
cursante faz uma pergunta cuja resposta será dada mais adiante, no
próprio andamento da sessão. A abertura para perguntas obriga o
instrutor a estar muito atento ao tempo, para não deixar que uma ou
duas perguntas roubem o tempo da sessão.

Falar de maneira gramaticalmente correta não é pedantismo; é


buscar clareza e correção na expressão, o que contribui para a boa
compreensão.

Pronúncia clara, inteligível: aqui se inclui o cuidado com a dicção


e com a concordância; atenção para não suprimir fonemas (como os "SS"
e
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Falar pensando, para não perder a sequência das ideias e manter-


se coerente.

Enriqueça o vocabulário; às vezes, um sinônimo ou uma paráfrase


possibilitam melhor compreensão. Haverá ocasiões em que você

terminológica desde que seja tornada compreensível para os cursantes.

7) EVITAR ESCUSAS

Não se desculpar, demonstrando fraqueza, dúvida, insegurança,


achaques orgânicos, problemas do equipamento ou escalação de última
hora... Não dê publicidade à sua eventual falta de experiência com o
conteúdo, ou a sua não predileção por ele. Quem admira o instrutor não
precisa das desculpas; para quem não confia nele, não faz diferença ele
desculpar-se ou não.

8) LEVAR A TURMA A PARTILHAR DÚVIDAS E SOLUÇÕES

Quando um treinando fizer uma pergunta, fazer que toda a turma


a ouça e oferecer à turma a chance de responder, aumentando a
participação e facilitando o controle da aprendizagem. Isso não deve ser

Aproveite as experiências do treinando, pois ele não chega para a


atividade formativa como tabula rasa, folha em branco na qual você
escreverá tudo. Se não naquele conhecimento específico, há situações
que ele já viveu que são exemplos ou metáforas para o tema tratado. É

OBSERVAÇÕES
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1) Chegue para a sessão com mais conhecimento do que aquele


previsto para a mesma. Os cursantes podem lançar questões ligadas ao
tema, mas que estão além do contido no texto para aquela Unidade
Didática. Pode ser alguma coisa que será alvo de instrução mais à frente
(no mesmo curso ou em nível mais elevado), ou que é relacionável a
outras circunstâncias, ou a outras unidades didáticas.

2) Procure ministrar a instrução permanecendo de pé, ou


posicionando-se de tal maneira que possa ver e ser visto por todos. Pode
acontecer de a distribuição da turma no espaço ou a técnica de ensino
empregada demandar que o instrutor também esteja sentado, mas ele
deve continuar em condições de ser visto e ver. Evite, ainda, permanecer

3) Conduza a instrução com firmeza, evitando paradas ou


digressões desnecessárias. Se começarem a haver divagações,
intervenha, de maneira educada, mas firme, conduzindo o assunto de
volta ao foco.
que você possa consultar discretamente, para manter a sequência das
ideias; ela conterá apenas palavras-chave, chamadas.

4) Circular pela sala pode ser um bom meio de aliviar a tensão


e colocar-se mais próximo dos cursantes. Ajuda a mostrar segurança e
permite uma observação mais direta. Cuidado para não atrapalhar no
emprego dos Meios Auxiliares de Ensino (MAE), e para que o seu
deslocamento não se torne mais interessante que a própria instrução
com eventos do tipo chocar-se com o suporte de parede da
televisão/projetor ou derrubar o flip-chart.

5) NÃO TENTE ENGANAR OS CURSANTES, ou eles nunca mais


o acreditarão; se não souber ou não lembrar, prometa pesquisar,
pesquise e DÊ RETORNO AOS CURSANTES COM A INFORMAÇÃO.

6)EVITE:
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Brincar com lápis, chaveiros ou outros objetos.


Tiques nervosos.
Fazer "leitura de manual", a menos que os textos sejam os
iniciadores das discussões; presume-se que o cursante seja
alfabetizado e, se for para ficar só na leitura, ele bem
poderia ter ficado em casa e feito o curso em tele-ensino.
Limitar-se à leitura do MAE; o slide deve apresentar
somente uma chamada para que VOCÊ desenvolva aquela
ideia.
3 ou ficar dando voltas na
mesma ideia, parafraseando-a de cinquenta formas.
Cruzar os braços ou ficar de mãos nos bolsos ou atrás das
costas; saber o que fazer das mãos é uma das maiores
agonias dos palestrantes.
Cobrir os MAE ou apoiar-se neles.
Ajeitar a roupa a toda hora, ou brincar com as pontas do
lenço.
Olhar para o infinito ou o teto, fugindo ao olhar da turma.
Girar o relógio (para quem usa "cebolão"), chaveiro, apito ou
qualquer outra coisa.
Usar expressões "para preencher hiatos (hããããã..., éééé...,
né?, tá?, bom... então..., aí..., etc.)"; os cursantes podem
acabar usando o tempo de aula para contar quantas vezes
você usa tal expressão (por exemplo, num curso de
metodologia de ensino, um dos cursantes, ao ministrar sua
palestra, conseguiu, em 45 minutos, dizer 15 "né?" e 44"
"tá?").
Balançar o corpo.
Deixar de incentivar a participação da turma, mantendo-a
passiva.
Gesticular excessivamente.

3
Movimento de ordem unida, no qual marcha-se sem sair do lugar.
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Esquecer-se da turma, levado pelo excesso de entusiasmo.


Movimentar-se em excesso: há instrutores que aliviam sua
tensão andando de um lado para o outro no seu espaço à
frente da turma; alguns alunos podem ficar tontos com essa
movimentação, outros podem contar quantas vezes ele faz
o trajeto, outros ainda podem ter a pachorra de contar
quantos passos são dados.
Exagerar no humor: na quantidade, na qualidade e na
pertinência do gracejo.
Qualificar (ou desqualificar) perguntas: não existem
perguntas idiotas, nem perguntadores que merecem (ou
não) ser respondidos; a pergunta do treinando é um
indicador do grau de entendimento que ele conseguiu
atingir com a sua apresentação, e pode exigir de você uma
reformulação da maneira de apresentar o assunto ou
aquela parte específica.
Terrorismo: falando quão difícil é a prova, quão alto é o
índice de reprovação, ou as terríveis consequências de
cometer qualquer erro nesse conhecimento ou habilidade.
É preciso inspirar confiança nos cursantes para que eles
desenvolvam o gosto pelo assunto tratado.
Atitudes negativas ou inseguras.
Ideias negativas: falar da dificuldade daquele conteúdo, ou
usa
-
forma estimulante.

7) Se o interesse cair, tenha sempre à mão uma atividade que


atraia a atenção e que possa ser ligada ao conteúdo da sessão.
Recapturada a atenção, se for necessário, mude a abordagem, a forma de
conduzir a sessão. Isso mostra aos cursantes que você está atento e se
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interessa por eles. Na verdade, você pode usar mais de uma técnica de
ensino para um mesmo tema, ou até numa mesma sessão. Pode haver
um momento, numa sessão predominantemente de trabalho em grupo,
em que você usará uma palestra ou demonstração, por exemplo. Esteja
atento apenas para não colocar um excesso de variedades, que fariam da

instantâneos dos quais acaba não resultando retenção porque não

8) Ressaltamos aqui a importância de não fazer da instrução uma


sessão de leitura de manual, e nem do plano de sessão ou MAE cópias do
manual; isso acaba com o interesse que os cursantes possam ter sobre a
instrução; nem você, nem os cursantes
- isso já deve
ter ficado para trás lá no início do ensino fundamental; se for usar o
manual, é só como guia em alguns pontos em que seja necessário. Você
não precisa ter na cabeça tudo que pretende ensinar, mas tem de
conhecer o assunto; como é que o treinando vai aceitar como líder
(lembrando que o instrutor o é, no mínimo no momento da interação
pedagógica) alguém que mostra tanta ou maior insegurança e
desconhecimento do assunto do que ele próprio? Ah, aprender junto com
os cursantes é uma estratégia de ensino? Sem dúvida, mas como
instrutor você tem de conhecer minimamente o assunto para não ficar
perdido e fazer o treinando se perder, pois se você não vai dar a ele tudo

assunto sobre o qual vai ministrar instrução, ao menos para desenvolver

9) A distribuição de material de apoio folhetos, clippings ou


pequenos textos ou ilustrações deve acontecer de tal modo que
contribua para o andamento da sessão; esse material deve servir para
acompanhamento; do contrário, o treinando vai se preocupar em lê-lo e
deixará de prestar atenção ao instrutor. Se não for usado durante a
sessão, distribua-o no final.
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10) Como conduzir o interrogatório:

Formule a pergunta para toda a turma e depois indique


alguém para respondê-la; assim, todos ficarão atentos e
buscarão a resposta.
Utilize tom de voz natural.
Escolher entre os sonolentos ou desatentos ajuda a
despertá-los, mas é melhor perguntar também a outros
mais participativos; essa mescla evita estabelecimento de

pela eventual ausência de resposta.


As respostas devem ser dirigidas à turma.
Não faça perguntas compostas.
Considere as respostas de acordo com seu mérito.
Encoraje respostas bem apresentadas.
Valorize a participação do treinando a quem interrogou.

SEMPRE EM MENTE QUE O TREINANDO MERECE


RESPEITO COMO SER HUMANO, E VOCÊ JÁ ESTEVE NA
POSIÇÃO DELE (e numa situação futura, seus papéis
poderão se inverter); o treinando está fazendo o que pode;
além do mais, pode existir mais de uma abordagem para a
questão e você não ter percebido.

escolhidas.

11) Aproveite os ensaios e sua autoavaliação após a sessão para


verificar como anda sua comunicação não-verbal, ou seja, sua expressão
corporal.

12) Ao dar jogos e atividades físicas, atente para que sejam


compatíveis com a idade e aptidões dos cursantes; o exagero em jogos,
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correrias e esforços físicos é contraproducente para o aprendizado, devido


à fadiga.

13) Ao apresentar um assunto, instigue a curiosidade dos


cursantes; muitas vezes, um determinado conhecimento assume o
estereótipo de "aborrecido" simplesmente porque sua abordagem não foi
a mais adequada; por exemplo, a História vista como "decoreba" é
extremamente enfadonha; no entanto, se a encararmos como um grande
filme, poderemos ter a curiosidade de saber "o que acontece depois"; e a
Geografia, se a virmos associada à História, como situando no espaço os
acontecimentos, torna-se também muito mais aceitável. Procure trazer
uma abordagem original ao tema.

14) A instrução deve ser ministrada da forma mais viva e


entusiasmante possível, pois a aprendizagem mais eficaz é a que se dá
de maneira prazerosa. O treinando aprenderá com muito maior facilidade
se ele puder divertir-se com aquele conteúdo; para isso, costuma ser bom
recurso a utilização de jogos e simulações (aprender e executar -> lembre-
se do exercício individual). É conveniente desenvolver e estimular os
cursantes a utilizarem processos associativos ou mnemônicos, por meio
de canções, frases (por exemplo, a identificação do sal com o ácido que
lhe dá origem Isídrico do coreto viu o pernicioso mosquito morrer no
bico do pato), versos, historietas, preferencialmente engraçados. O bom
humor manifestado pelo instrutor é também um atributo de liderança,
permitindo uma melhor interação com os cursantes.

Um alerta: não confunda bom humor com irreverência e


sarcasmo, que são condutas antiéticas e não lhe possibilitarão
melhor contato com os cursantes, antes pelo contrário, minam sua
respeitabilidade. É perfeitamente possível divertir-se sem
desrespeitar pessoas ou instituições. Atividades que submetam o
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treinando ao ridículo ou o exponham a situação constrangedora


são desmotivadoras.

Maneiras de Desenvolver Técnicas de Elocução

1) ESPÍRITO CRÍTICO -> analisar criticamente para saber por que


e/ou em que a sua elocução ou a dos outros é boa ou necessita
aprimoramento.

2) ESTABELECER PADRÕES ->autoanalisar-se, identificando


seus aspectos positivos e pontos fracos nas exposições e estabelecendo
padrões para a própria elocução. Esse "feedback" pode ser também
trocado com colegas. Para isso, é interessante ter um companheiro
assistindo às suas sessões para apontar os pontos fortes e aqueles que
necessitem de ajuste.

3) PRÁTICA -> ensaie, ensaie, ensaie... E pratique, pratique,


pratique. A confiança que transparece na atitude do instrutor é resultado
não apenas do conhecimento que tem sobre o assunto, mas também de
t
Só parece; não aparece todo o estudo e trabalho de preparação, que
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sessão. Os grandes profissionais dão a impressão de fazer a coisa sem


esforço na verdade, houve muito tempo, fosfato e suor sendo gastos.

Humor no treinamento

O humor pode ser empregado com bastante eficácia em material


educacional (apostilas, livros, recursos didáticos); é um facilitador da
aprendizagem por permitir o contato com o conhecimento de uma forma
mais leve e descontraída.

Um dos melhores exemplos a citar é o trabalho de Larry Gonick,


com a História do Universo em quadrinhos e a Introdução ilustrada à
computação, em que são apresentadas informações conforme as mais
recentes descobertas da ciência, de uma forma agradável e divertida,
tornando muito mais prazeroso o contato do leitor com o conhecimento;
outros que podem ser citados são o Tao em quadrinhos e A arte da guerra
em quadrinhos, ambos de Tsai Chih Chung, apresentando de forma leve
e divertida, sem perder na correção, o texto do Tao-Te King de Lao-tsé e
da Arte da guerra de Sun Tzu, facilitando assim a compreensão da
filosofia dessas obras milenares.

A associação prazerosa é de mais fácil e duradoura assimilação.


Quadrinhos e cartuns mostram-se, assim, como um grande recurso
instrucional e informativo.

O humor ajuda a quebrar a frieza dos recursos didáticos e dos


documentos, e empresta ainda um toque pessoal do profissional ao
trabalho.

O humor é uma grande ferramenta para o agente de treinamento,


pois exerce a função de quebra-gelo numa sessão de
treinamento/integração, permite mudanças de abordagem para que se
liberte o potencial criador do elemento humano... Também em
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Recrutamento/Seleção e em Análise de Potencial e Desempenho, pela


visualização das condições do indivíduo de lidar com frustrações,
dificuldades, liderar, convencer, vender, fazer seu marketing pessoal,
defender-se, inovar...

A aplicação do humor e de jogos (o lúdico em ação) para pequenos


ou grandes grupos apresenta resultados notáveis (veja-se a eficácia dos
jogos no método educacional Escoteiro, muito antes de entrar em voga a
dinâmica de grupo). Também no on the job training e nas simulações

e com o humor como elemento de descontração (quebra do estresse) e


facilitador da assimilação.

O humor é importantíssimo como estratégia de ensino, pois


facilita o aprendizado ao permitir uma melhor integração do instrutor
com os cursantes (quebra as barreiras), sem quebrar a necessária

conhecimento mais acessível por uma maior familiarização do cursante


com seu uso em situações reais do cotidiano. O relaxamento psicológico
proporcionado pelo uso do humor estimula o pensamento lateral criativo,
desconecta do problema, permitindo assim inovar nas soluções. Malcolm
Kushner, em seu Um toque de humor, detalha circunstâncias e técnicas
para usar essa ferramenta.

Ao usar o humor, deve-se atentar para que ele não seja ofensivo
a algum treinando ou a algum grupo social. E cabe reforçar: o humor
depende do contexto; se você for usá-lo, que seja relacionável ao
treinamento sem exigir grandes contorcionismos intelectuais (até porque
formação).

Enfrentando Situações Problemáticas e Administrando


Resistências em Sala
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O treinando deve sentir-se à vontade no treinamento, sem medo


de manifestar-se para exprimir suas dúvidas ou divergências quanto ao
que está sendo apresentado.

O humor é um bom recurso para quebrar a tensão e/ou mudar a


abordagem, lembrando sempre os cuidados de manter a conduta ética e
de não ferir susceptibilidades, pois o humor, na grande maioria dos

É preciso valorizar a participação; o treinando tem de perceber


que o saber que ele traz enriquece o trabalho que ali se está
desenvolvendo. Você não precisa ser truculento e despótico para impor
aquele conteúdo, aquele ponto de vista, mas sim deve valer-se da
contribuição que o treinando está trazendo.

Pode aparecer algum treinando com tendência a polemizar. O


instrutor deve evitar a colisão
forma polida, porém firme, deve manter o foco no assunto e no
tratamento que a instituição dá a ele. O instrutor não deve abdicar da
sua condição de condutor do processo e da autoridade de que está
investido, por força da função e do conhecimento. Lembre-se: Você não
está no local de treinamento para disputar com o treinando.

Desenvolva o seu feeling, a capacidade de sentir o clima na sala,


para agir de acordo com o que a meteorologia interacional lhe mostrar.

Palavras finais

trução, seu palco; os


cursantes, sua plateia. Somente com preparação adequada e
representação convincente poderá transmitir sua mensagem com

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