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Formação Pedagógica Inicial de Formadores

MF 3. Comunicação e dinamização de grupos em formação


3.1. Comunicação e comportamento relacional

Mod.DFRH.141/00
Não é possível não comunicar… Não existe comportamento
que não seja comunicação.
- Paul Watzlawick
OBJETIVOS DO SUBMÓDULO

No final da sessão, cada formando deve ser capaz de:


− Compreender a dinâmica formador-formandos-objeto de
aprendizagem, numa perspetiva de facilitação dos
processos de formação;
− Compreender os fenómenos psicossociais, nomeadamente o
da liderança, decorrentes nos grupos em contexto de
formação.

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CONTEÚDOS

Comunicação pedagógica
Estilos de comunicação
Barreiras e facilitadores da comunicação
Organização do espaço da formação
Motivação
Estilos de liderança
A relação pedagógica na formação
Programação neurolinguística
Comunicação pedagógica

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O QUE É A COMUNICAÇÃO?

COMUNICAÇÃO = COMMUNICARE = PARTILHA


O CICLO DA COMUNICAÇÃO

Canal
Emissor Mensagem Recetor
Código
COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO

COMUNICAÇÃO PEDAGÓGICA
Conjunto de interações entre o formador e os formandos
VERBAL E NÃO-VERBAL
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Aquilo que fazes fala tão alto que


não se consegue ouvir o que dizes.
- Ralph Waldo Emerson

NÃO É POSSÍVEL NÃO COMUNICAR


APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Antes mesmo de dizer algo, o formador já foi


observado pela audiência. Por isso, a
apresentação e vestuário constituem a nossa
primeira oportunidade de comunicar.

O que vos transmite esta imagem?

APRESENTAÇÃO E VESTUÁRIO
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

O olhar é o instrumento de comunicação mais poderoso. Um orador eficaz


preocupa-se em manter um contacto visual constante com a audiência.

Não é possível estabelecer um bom contacto visual se estiver colado ao ecrã


do seu computador ou à tela de projeção. Nem um nem outro têm alma.

CONTACTO VISUAL
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Todas as vezes que sorri para alguém é um ato de amor,


um presente para essa pessoa, uma coisa bonita.

- Madre Teresa de Calcutá

EXPRESSÕES FACIAIS
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Para evitar qualquer ação que distraia a audiência


daquilo que está a dizer, evite o seguinte:

Braços cruzados
Braços cruzados atrás das costas, ao estilo militar
Mãos nas ancas
Braços caídos à frente, dobrados abaixo da cintura
Balançar para trás e para a frente.

POSTURA
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Imagine que é um ator de teatro e aprenda a dominar o “palco”.

Não se deixe apanhar pela projeção.

Não leia voltado para a projeção.

Tenha cuidado com os saltos. Não irrite a audiência!

Se tiver espaço para se mexer, faça-o!

MOVIMENTAÇÃO
APARÊNCIA E LINGUAGEM CORPORAL

Como é que sabe se pode usar ou não as mãos? A resposta é simples: não deixe
de as usar se for natural. Mas atenção aos tiques! Evite fazer o seguinte:

Colocar as mãos nos bolsos;


Mexer nas chaves ou outros objetos no seu bolso;
Mexer nas joias, no cabelo ou na roupa;
Tirar frequentemente o cabelo da frente dos olhos ou mexer a cabeça para o fazer;
Mexer constantemente na caneta ou colocar e tirar a tampa;
Coçar a cara, a cabeça ou qualquer outra parte do corpo;
Olhar para o relógio;
Bater com os dedos na mesa.

GESTICULAÇÃO
VOZ E DICÇÃO

A voz humana é o órgão da alma.

- Henry Wadsworth Longfellow

A IMPORTÂNCIA DA VOZ
VOZ E DICÇÃO

Ritmo
Volume
LINGUAGEM E PAUSAS

Evitar erros
Evitar vícios de linguagem
Tornar a linguagem mais vívida

LINGUAGEM
LINGUAGEM E PAUSAS

A palavra correta pode ser eficaz, mas nenhuma palavra


será tão eficaz como o silêncio na hora certa.
- Mark Twain

PAUSAS
Estilos de comunicação

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Estilo agressivo
Estilo passivo
Estilo manipulador
Estilo assertivo
Barreiras e facilitadores da comunicação

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BARREIRAS

Deficiências físicas (nomeadamente auditivas e visuais);


Estados físicos e emocionais de stresse e fadiga;
Estereótipos, crenças e preconceitos;
Distração, desinteresse ou indiferença manifestados pelo interlocutor;
Preocupação apenas em fazer-se ouvir;
Resistência à mudança;
Perceção seletiva;
Efeito de halo.
BARREIRAS

Barreiras semânticas
A dificuldade em expressar-se de forma simples e clara;
Inadequação da linguagem ao universo do interlocutor;
Emprego de palavras ou expressões ambíguas;
Complexidade da mensagem;
Pertinência da mensagem;
Utilização de códigos diferentes.

Barreiras físicas
Ruído;
Condições de iluminação;
Falar com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo;
Desconhecimento do contexto.

SEMÂNTICAS E FÍSICAS
FACILITADORES

Clareza, objetividade e simplicidade;


Adaptação da linguagem ao público-alvo;
Comunicação verbal e não-verbal congruentes;
Evitar expressões de negatividade ou rejeição;
Ser convicto, confiante e inspirador;
Sempre que possível, dar e obter feedback.

SABER FALAR
FACILITADORES

Disponibilidade e interesse;
Começar a ouvir desde a primeira palavra;
Escutar atentamente todas as opiniões;
Concentrar-se no que está a ser comunicado;
Manifestar a sua atenção através de comportamentos verbais e não-verbais;
Gerir os silêncios sem impaciência ou ansiedade;
Não interromper a comunicação do interlocutor;
Colocar questões de forma a suscitar a participação e reformular.

SABER ESCUTAR
FACILITADORES

Perguntas abertas permitem a liberdade de expressão


e são um convite para falar;
Perguntas positivas são dirigidas ao que as pessoas
sabem e ao que lhes dá mais gosto.

SABER PERGUNTAR
FACILITADORES

Dar feedback neutro (de forma descritiva e não avaliativa), concreto


(objetivo e específico e não geral), oportuno (quem recebe deve
estar disponível) e direto (dirigido à pessoa envolvida);

Receber feedback: procurar não fazer julgamentos imediatos,


centrar-se na parte essencial da mensagem, estar recetivo a ouvir
até ao fim, utilizar a reformulação (técnica humanista) com o
interlocutor para confirmar a mensagem recebida.

DAR E RECEBER FEEDBACK


FACILITADORES

As pessoas com autoestima estabelecem relações humanas mais


positivas, não vivendo dependentes da aprovação ou crítica dos
outros.
A capacidade de se colocar no lugar do outro (empatia) permite
compreender os sentimentos e comportamentos de outra pessoa,
imaginando-se na mesma situação ou circunstâncias.

AUTOESTIMA E EMPATIA
Organização do espaço da formação

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FORMATO TRADICIONAL

Este tipo de organização do espaço (formato em


teatro) já não é viável, pois reconhece-se que os
formandos não são uma “tábua rasa” e assumem um
papel ativo no processo.
DISPOSIÇÃO EM U

A disposição em U é uma configuração facilitadora


da comunicação: os elementos encontram-se face
a face e estão todos ao mesmo nível, o que
promove a interação e o debate.

Uma das desvantagens prende-se com o facto de


os participantes sentados lateralmente se terem
de virar para assistir a um filme.
FORMATO EM CÍRCULO

O formato em círculo também pode ser viável


com um número pequeno de formandos.

Esta é a melhor organização para promover


debates, porque todos se podem visualizar.

Mas os formandos têm de se deslocar para ver


um vídeo ou quando o formador usa o quadro.
Motivação

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O CONCEITO

MOVERE = MOVER
Conjunto de forças que mobilizam a pessoa a atingir um objetivo como
resposta a um estado de necessidade, carência ou desequilíbrio
TEORIA DAS NECESSIDADES
Autorrealização
(ser aquilo que
se pode ser)
Estima
(autoestima,
confiança, conquista,
respeito)
Sociais
(amizade, família, intimidade
sexual)
Segurança
(segurança do corpo, do emprego, de
recursos, da moralidade, da propriedade,
da família, da saúde)
Fisiológicas
(respiração, comida, água, sono, sexo, homeostasia,
excreção)

MASLOW
Estilos de liderança

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ESTILO AUTORITÁRIO

Características
O formador concentra em si todo o poder de decisão, mantém-se
distanciado do grupo, assinala os erros e não reforça os sucessos.

Efeitos no grupo
Produção elevada em quantidade na presença do líder;
Clima negativo, com tensão, frustração e agressividade (latente);
Baixa motivação e satisfação;
Não há lugar para a espontaneidade, criatividade e iniciativa.
ESTILO “DEIXA ANDAR” OU LIBERAL

Características
O formador delega todo o poder de decisão ao grupo, exercendo
uma falsa liderança.

Efeitos no grupo
Produção muito diminuta;
Clima inicial de euforia e depois de desmotivação e insatisfação;
Excessiva comunicação;
Pouco respeito pelo líder.
ESTILO DEMOCRÁTICO

Características
O formador distribui o poder de decisão ao grupo, valorizando a
criatividade e a iniciativa.

Efeitos no grupo
Produtividade elevada;
Clima socioafetivo positivo;
Motivação e satisfação do grupo;
Noção de identidade grupal.
A relação pedagógica na formação

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CONTRATO PEDAGÓGICO

Conjunto de expectativa recíprocas entre o formador e formandos.


É influenciado à priori pela imagem de ambos da formação profissional e à
posteriori durante a formação, pela relação que se estabelece entre todos.
Pressupõe uma negociação constante e um compromisso entre a liberdade e a
responsabilidade.
O FORMADOR-ANIMADOR

Ter uma postura semidiretiva, de facilitador e mediador;


Centrar-se nas pessoas e no grupo;
Valorizar as experiências de cada formando;
Criar um clima de confiança;
Utilizar exemplos e analogias.

PAPEL
O FORMADOR-ANIMADOR

Relacionar os conteúdos e experiências


Comunicar os objetivos
Considerar os estios de aprendizagem
Criar situações-problema
Diversificar as metodologias
Promover a coesão grupal

DICAS PARA ANIMAR


Programação neurolinguística

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O QUE É A PNL?

Método que nos permite desenvolver e usar ao máximo todas as


capacidades da nossa mente, modificando a nossa forma de pensar.
O QUE É A PNL?

P Programação
N Neurologia
L Linguística
PILARES DA PNL

Perceção Orientação para o Flexibilidade


Rapport
sensorial resultado comportamental
PARA REFLETIR…

Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a


tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria
linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente no coração.
- Nelson Mandela
SÍNTESE…

Neste submódulo, analisámos os elementos


inerentes ao ciclo da comunicação, distinguimos
quatro estilos de comunicação, desvendámos
algumas barreiras e atitudes potenciadoras da
comunicação e passámos brevemente em revista
algumas áreas do saber cujo conhecimento pode
ajudar quando pretendemos comunicar em público.
BIBLIOGRAFIA…

Barros, D. M. V. (2008). A Teoria dos estilos de aprendizagem: Convergência com


as tecnologias digitais. Revista SER: Saber, Educação e Reflexão, 1(2).

Constantinidou, F., & Baker, S. (2002). Stimulus modality and verbal learning
performance in normal aging. Brain and Language, 82(3), 296-311.

Dilts, R., Grinder, J., Bandler, R., & Delozier, J. (1980). Neuro-Linguistic
Programming (Vol. 1). The Study of the Structure of Subjective Experience.
Capitola, CA: Meta Publications.

Fachada, M. O. (2003). Psicologia das Relações Interpessoais. Lisboa: Rumo.

Pina, J. A. (2011). Apresentações que Falam por Si. Lisboa: Lidel.


OBRIGADA PELA VOSSA ATENÇÃO!

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